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3. Princípios administrativos

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PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS
Princípios são ideias centrais de um sistema, os quais estabelecem diretrizes e raciocínio lógico para a adequada compreensão da lei, fazendo um balizamento da interpretação e da produção normativa.
Princípios administrativos são os postulados fundamentais que inspiram todo o modo de agir da Administração Pública. Representam cânones pré-normativos, norteando a conduta do Estado quando no exercício de atividades administrativas.
Por ter a Constituição Federal enunciado alguns princípios básicos para a Administração (art. 37), vamos considerá-los expressos para distingui-los daqueles outros que, não o sendo, são aceitos pelos publicistas, oriundos da Doutrina e da Jurisprudência, e que denominaremos de reconhecidos.
1. PRINCÍPIOS EXPRESSOS
1.1. Princípio da legalidade
Implica subordinação completa do administrador à Lei. A Administração Pública não pode conceder direitos, criar obrigações ou impor vedações aos administrados senão em virtude de lei. Diferentemente da administração privada, que pode praticar tudo o que não for contrário à Lei, a Administração Pública só pode agir quando a Lei expressamente autorizar.
Bloco da legalidade (lei em sentido amplo):
a) lei ordinária;
b) lei complementar;
c) lei delegada;
d) portaria;
e) instrução normativa;
f) instrução regimental;
g) decreto.
1.2. Princípio da impessoalidade
Em consonância com tal princípio, toda atuação da Administração deve ter como finalidade a satisfação do interesse público. Decorre do princípio da isonomia, asseverando a igualdade de tratamento a todos os administrados que se encontrem em idêntica situação.
Assim, portanto, deve ser encarado o princípio da impessoalidade: a Administração há de ser impessoal, sem ter em mira este ou aquele indivíduo de forma especial. Sob outro prisma: o administrador não pode se valer do serviço público para promoção pessoal.
1.3. Princípio da moralidade
O princípio da moralidade impõe que o administrador público não dispense os preceitos éticos, que devem estar presentes em sua conduta. Quando a imoralidade consiste em atos de improbidade, que, como regra, causam prejuízos ao erário, o diploma regulador é a Lei 8.429/92, bem como o § 4º do artigo 37 da CR/88.
A moral administrativa liga-se à ideia de probidade e boa fé e é requisito de validade do ato; uma vez não observada, o ato é considerado nulo.
1.3.1. Nepotismo
Súmula Vinculante 13 do STF
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o 3º grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.
1.3.2. Meios de repressão aos atos contrários à moralidade administrativa
a) Ação popular – contemplada no art. 5º, LXXIII, da vigente Constituição. Pela ação popular, regulamentada pela Lei nº 4.717/65, qualquer cidadão acima de 16 anos de idade, em gozo de seus direitos políticos, pode deduzir a pretensão de anular atos do Poder Público contaminados de imoralidade administrativa.
b) Ação civil pública – prevista no art. 129, III, da CF, como uma das funções institucionais do Ministério Público, e regulamentada pela Lei nº 7.347/85, como outro dos instrumentos de proteção à moralidade administrativa. A ação civil pública pode ser proposta contra qualquer pessoa física ou jurídica que cause lesão ao patrimônio público (legitimidade passiva), pelos legitimados elencados no § 5º da lei supracitada.
1.4. Princípio da publicidade
Indica que os atos da Administração devem merecer a mais ampla divulgação possível entre os administrados para propiciar-lhes a possibilidade de controlar a legitimidade da conduta dos agentes administrativos. É para observar esse princípio que os atos administrativos são publicados em órgãos de imprensa, afixados em determinado local das repartições administrativas ou divulgados na Internet.
Artigo 5º, XXXIII, da CRFB/88
Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
O princípio da publicidade pode ser concretizado por alguns instrumentos jurídicos específicos, citando-se entre eles:
a) o direito de petição – pelo qual os indivíduos podem dirigir-se aos órgãos administrativos para formular qualquer tipo de postulação (art. 5º, XXXIV, “a”, CF);
b) as certidões – que, expedidas por tais órgãos, registram a verdade de fatos administrativos (art. 5º, XXXIV, “b”, CF);
c) a ação administrativa ex officio de divulgação de informações de interesse público.
Negado o exercício de tais direitos, ou ainda não veiculada a informação, ou veiculada incorretamente, o prejudicado poderá se socorrer dos instrumentos constitucionais para garantir a restauração da legalidade, quais sejam:
a) o mandado de segurança (art. 5º, LXIX, CF);
b) o habeas data (art. 5º, LXXII, CF).
Lei 12.527/11 (Lei de Acesso à Informação)
Artigo 5º
É dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão.
Artigo 12
O serviço de busca e fornecimento da informação é gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos pelo órgão ou entidade pública consultada, situação em que poderá ser cobrado exclusivamente o valor necessário ao ressarcimento do custo dos serviços e dos materiais utilizados.
Artigo 15
No caso de indeferimento de acesso a informações ou às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 dias a contar da sua ciência.
Parágrafo único - O recurso será dirigido à autoridade hierarquicamente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se manifestar no prazo de 5 dias.
Artigo 16
Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 dias.
§ 1º - O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria-Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 dias.
§ 3º - Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral da União, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a que se refere o art. 35.
Artigo 24
A informação em poder dos órgãos e entidades públicas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como ultrassecreta, secreta ou reservada.
§ 1º - Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data de sua produção e são os seguintes:
I - ultrassecreta: 25 anos;
II - secreta: 15 anos;
III - reservada: 5 anos.
1.5. Princípio da eficiência
O núcleo do princípio é a procura de produtividade e economicidade e, o que é mais importante, a exigência de reduzir os desperdícios de dinheiro público, o que impõe a execução dos serviços públicos com presteza, perfeição e rendimento funcional.
A Administração deve recorrer à moderna tecnologia e aos métodos hoje adotados para obter a qualidade total da execução das atividades a seu cargo, criando novo organograma em que se destaquem as funções gerenciais e a competência dos agentes que devem exercê-las. Tais objetivos é que ensejaram as recentes ideias a respeito da Administraçãopública gerencial, que consiste na delegação de funções com poder decisório. Exemplo: o prefeito delega funções aos secretários, dando-lhes autonomia administrativa.
A EC 45/04, denominada de “Reforma do Judiciário”, acrescentou o inciso LXXVIII ao art. 5º da Constituição, estabelecendo que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
2. PRINCÍPIOS RECONHECIDOS
Além dos princípios expressos, a Administração Pública ainda se orienta por outras diretrizes que também se incluem em sua principiologia, e que por isso são da mesma relevância que aqueles. Doutrina e jurisprudência usualmente a elas se referem, o que revela a sua aceitação geral como regras de proceder da Administração.
2.1. Princípio da supremacia do interesse público
Consiste na prevalência da vontade estatal em relação às demais, haja vista que as atividades administrativas são desenvolvidas pelo Estado para benefício da coletividade. Mesmo quando age em vista de algum interesse estatal imediato, o fim último da atuação do Estado deve ser voltado para o interesse público. E se não estiver presente esse objetivo, a atuação estará inquinada de desvio de finalidade.
Esse princípio tem incidência direta, sobretudo, nos “atos de império”, que são aqueles impostos coercitivamente pela Administração aos administrados, não sendo de obediência facultativa pelo particular, praticados sem que hajam sido requeridos ou solicitados pelo administrado. Exemplos: procedimentos de desapropriação, de interdição de atividade, de apreensão de mercadorias.
2.2. Princípio da autotutela
A Administração Pública comete equívocos no exercício de sua atividade, no entanto, pode ela mesma revê-los para restaurar a situação de regularidade. Não se trata apenas de uma faculdade, mas também de um dever. Na verdade, só restaurando a situação de regularidade é que a Administração observa o princípio da legalidade, do qual a autotutela é um dos mais importantes corolários.
A autotutela envolve dois aspectos quanto à atuação administrativa:
a) aspectos de legalidade, em relação aos quais a Administração, de ofício, procede à revisão de atos ilegais;
b) aspectos de mérito, em que reexamina atos anteriores quanto à conveniência e oportunidade de sua manutenção ou desfazimento.
Consoante Súmula 473 do STF: “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
2.3. Princípio da indisponibilidade do interesse público
Os bens e interesses públicos não pertencem à Administração nem a seus agentes. Cabe-lhes apenas geri-los, conservá-los e por eles velar em prol da coletividade, esta sim a verdadeira titular dos direitos e interesses públicos.
A Administração não tem a livre disposição dos bens e interesses públicos, porque atua em nome de terceiros. Por essa razão é que os bens públicos só podem ser alienados na forma em que a lei dispuser. Da mesma forma, os contratos administrativos reclamam que se realize licitação para encontrar quem possa executar obras e serviços de modo mais vantajoso para a Administração.
A autoridade administrativa não pode deixar de agir, devendo sempre atender ao interesse público. Exemplo: a autoridade não pode deixar de cobrar débitos para com a Fazenda Pública, nem deixar de apurar responsabilidade por irregularidades cometidas.
2.4. Princípio da continuidade dos serviços públicos
Os serviços públicos constituem, muitas das vezes, necessidades prementes e inadiáveis da sociedade. A consequência lógica desse fato é a de que não podem ser interrompidos, devendo, ao contrário, ter normal continuidade, não podendo haver greve sem que os serviços essenciais sejam mantidos.
No que tange aos contratos administrativos, para evitar a paralisação das obras e serviços, é vedado ao particular contratado, dentro de certos limites, opor em face da Administração a exceção de contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus).
2.5. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
Constituem instrumentos de controle dos atos estatais abusivos, seja qual for a sua natureza. É necessário que os meios empregados pela Administração sejam adequados à consecução do fim almejado e que sua utilização, especialmente quando se trate de medidas restritivas ou punitivas, seja realmente necessária. Sempre que a autoridade administrativa tiver à sua disposição mais de um meio para a consecução do mesmo fim, deverá utilizar aquele menos gravoso aos administrados e menos restritivo dos direitos destes.
Razoabilidade tem por escopo a compatibilidade entre os meios empregados e os fins desejados, e proporcionalidade impede que a Administração restrinja direitos além do que caberia.

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