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Processo e Procedimentos Criminais - STF - TV Justiça - Saber Direito

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PROCESSO E PROCEDIMENTOS CRIMINAIS
AULA 1 - TEORIA GERAL DO PROCESSO PENAL
Procedimentos criminais
Santa trindade do direito processual penal:
- Ação, jurisdição e processo
Processo e procedimento
Classificação dos procedimentos
Parâmetros para fixação o rito
Trindade, trilogia, trinômio da estrutura do processo penal (ação, jurisdição e processo).
AÇÃO – direito de requerer do Estado-Juiz a prestação da tutela jurisdicional (clássico); direito potestativo de acusar (Auri Lopes Júnior); direito de ação é abstrato, independe da (im)procedência do pedido.
JURISDIÇÃO – poder-dever do Estado prestar/realizar a justiça (Auri Lopes Júnior); função atribuída a um terceiro imparcial – e não neutro – ou seja, não tem relação com a causa (Didier). Essa função é para tutelar situações jurídicas concretamente deduzidas. A jurisdição tem a característica de ser imperativa¹ e criativa. ¹não há voluntariedade da parte em submeter-se à jurisdição do Estado, a jurisdição se impõe, é insuscetível de controle externo e apta a tornar-se imutável por meio da coisa julgada.
PROCESSO – procedimento realizado em contraditório (Plínio Gonçalves); instrumento de que se vale o Estado para exercer a tutela jurisdicional (Eugênio Pacelli de Oliveira); conjunto de situações processuais que dão origem a cargas, liberação de cargas, chances, expectativas, perspectivas, rumo a um provimento final (Auri Lopes Júnior); caminho para impor uma pena.
PROCESSO E PROCEDIMENTO – instrumento comprometido com a garantia de um projeto democrático; sequência de atos (como o processo se desenrola, como é o itinerário, o caminho).
Sistema processual brasileiro de ritos/procedimentos – binômio: polimorfo e caótico.
CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS (art. 394, CPP):
Art. 394.  O procedimento será comum ou especial.
§ 1o  O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade;
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo, na forma da lei.
Procedimento comum
ordinário (crime tem a pena máxima cominada em abstrato igual ou superior a 4 anos);
sumário (crime tem a pena máxima cominada em abstrato inferior a 4 anos e superior a 2 anos) ou
sumaríssimo (Lei 9.099/95 – infrações penais de menor potencial ofensivo – art. 61: contravenções penais/delito liliputiano/crime anão e crimes cuja pena máxima cominada igual ou inferior a 2 anos de pena privativa de liberdade).
Procedimento especial
possuem regramento próprio. Exemplo: Lei de Drogas, Tribunal de Júri.
PARÂMETROS PARA FIXAÇÃO DO RITO – Na eventualidade de concurso de crime, material, formal impróprio, soma-se as penas.
Causa de aumento e diminuição devem ser consideradas para fiação/estabelecimento do rito/procedimento?
SIM (Renato Brasileiro). Como considerar a causa de aumento e diminuição? - causa de aumento será considerada na sua fração máxima; - causa de diminuição será considerada na sua fração mínima. Lógica: a pior das hipóteses.
NÃO (Gustavo Henrique Badaró).
Disposições do art. 394, CPP:
§ 4o  As disposições dos arts. 395 a 398 deste Código aplicam-se a todos os procedimentos penais de primeiro grau, ainda que não regulados neste Código.
§ 5o  Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário.
Rito/procedimento comum ordinário – hipóteses. Oferecimento da denúncia – nas ações penais públicas (in)condicionadas ou oferecimento da queixa-crime – nas ações penais privadas. A denúncia ou queixa crime deve observar o direito do réu denunciado/querelado ser bem acusado. Acusação deve arrolar testemunhas na denúncia ou queixa (até 8).
Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
AULA 2 - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
Morfologia do rito ordinário;
Recebimento da denúncia;
Denúncia não precisa ser fundamentada;
Rejeição da denúncia;
Hipóteses de rejeição da denúncia;
Resposta à acusação.
Art. 396.  Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 399.  Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do querelante e do assistente.
Quando inicia o processo? Com o oferecimento da denúncia ou queixa. E o que sucede? Quando ocorre o recebimento da denúncia?
Divergência do art. 396 e 399, CPP:
Segundo o art. 396 – se o juiz não rejeitar a denúncia ou queixa recebe e ordena a citação do acusado para responder à acusação (defesa preliminar). Assim, o recebimento da denúncia é logo depois do oferecimento.
Oferecimento da denúncia ou queixa recebimento da denúncia citação do acusado para responder à acusação designa audiência.
Segundo o art. 399 – após o oferecimento da denúncia [dá-se a defesa preliminar, implícito] seguida do recebimento ou rejeição da denúncia, após, designa-se audiência uma de instrução e julgamento.
Acusação oferecimento denúncia ou queixa defesa se manifesta em uma resposta à acusação juiz rejeita (e absorve) ou recebe se recebe, designa audiência.
Doutrina amplamente majoritária e tribunais pátrios (entendimentos pretorianos) de forma maciça recebimento da denúncia se dá conforme o art. 396: Recebimento da denúncia logo depois que foi oferecida resposta à acusação após o recebimento da denúncia.
O recebimento da denúncia deve ser fundamentado/motivado? Art. 93, IX, CF/88.
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação.
O ato judicial que recebe a denúncia é inexoravelmente uma decisão. A CF/88 traz com clareza meridiana que sim. Ocorre que este não é o entendimento do Pretório Excelso, entende que o ato judicial que recebe a denúncia não se classifica, para fins do aludido inciso, como ato em que a fundamentação/motivação seja imprescindível – julgamento do HC 101971: 
HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DECORRENTE DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO DE RECEBIMENTO DA DENÚNCIA: IMPROCEDÊNCIA. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA. 1. É firme a jurisprudência deste Supremo Tribunal no sentido de que o ato judicial que formaliza o recebimento da denúncia oferecida pelo Ministério Público não se qualifica nem se equipara, para os fins a que se refere o art. 93, inciso IX, da Constituição, a ato de caráter decisório. O juízo positivo de admissibilidade da acusação penal, ainda que desejável e conveniente a sua motivação, não reclama, contudo, fundamentação. Precedentes. 2. Ordem denegada. (STF - HC: 101971 SP, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA, Data de Julgamento: 21/06/2011, Primeira Turma, Data de Publicação: DJe-170 DIVULG 02-09-2011 PUBLIC 05-09-2011 EMENT VOL-02580-01<span id="jusCitacao"> PP-00055</span>)
Oferecimento da denúncia recebimento ou rejeição da denúncia 
Rejeição da denúncia – art. 395, CPP:
Art. 395.  A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta¹;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal²; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal³.
¹ – manifestamente inepta,art. 41, CPP – descrever o fato criminoso com todas as suas circunstâncias, impossibilitando o exercício da ampla defesa – direito de ser bem acusado;
² - ausência de elementos mínimos quanto à autoria e materialidade - legitimidade de parte, interesse de agir e possibilidade jurídica do pedido, justa causa.
³ - embora a justa causa também seja condição de ação (portanto, prevista no inciso anterior), esta repetição não é demasiada porque em épocas de arbitrariedade é melhor que a justa causa esteja expressa no texto legal.
Cabe recurso da decisão do juiz que rejeita a denúncia ou queixa? Sim. ReSE - Recurso no sentido estrito – art. 581, CPP:
Art. 581.  Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
I - que não receber a denúncia ou a queixa;
MP oferece denúncia juiz rejeita denúncia Acusação, inconformada, interpõe ReSE (recurso no sentido estrito) da decisão que não recebeu denúncia buscando a alteração desta decisão ?
Quando uma parte interpõe um recurso (com as devidas razões de recurso, razões do seu inconformismo, por que a decisão deve ser alterada), em nome do contraditório, a outra parte deve apresentar as contrarrazões do recurso. Porém, aqui se está no limiar do procedimento (a acusação apresentou a denúncia e o juiz rejeitou) – o acusado não foi citado (comunicado de que contra ele existe uma denúncia). Então, é necessário que se intime o acusado para apresentar contrarrazões do ReSE interposto pela acusação? Sim. Súmula 707 do STF:
Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.
Oferecimento da denúncia ou queixa recebimento da denúncia ou queixa citação do acusado para apresentar resposta à acusação (artigos 396 e 396-A, CPP – Acusado deve apresentar testemunhas na resposta à acusação – até 8, sob pena de preclusão):
Art. 396.  Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
Parágrafo único.  No caso de citação por edital, o prazo para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído.
Art. 396-A.  Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.
Resposta à acusação – devendo alegar tudo o que interessa a sua defesa, não esquecendo de arrolar as testemunhas, sob pena de preclusão.
Prazo: 10 dias contados a partir do dia que o réu foi efetivamente citado pelo oficial de justiça.Se intimado no dia 10 de maio, conta o dia seguinte, assim deverá apresentar até 20 de maio.
Prazo em processo penal se conta a partir do dia que o réu tomou conhecimento da acusação e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem como no processo civil. Inteligência da Súmula 710 do STF:
No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem.
E se o acusado não apresenta resposta à acusação? Art. 396-A:
§ 2o  Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias.
Oferecimento da denúncia ou queixa recebimento da denúncia ou queixa citação do acusado resposta à acusação apresentada
Polêmica. TJ/DF: acusado tem 10 dias para apresentar resposta à acusação. E se apresenta fora do prazo? Entendimentos do TJ/DF que aduzem que se é na resposta à acusação que o acusado arrola as testemunhas, então se recebe à resposta à acusação fora do prazo, mas indefere o rol de testemunhas.
Questiona-se: se a defesa constituída não apresenta resposta à acusação no prazo de 10 dias, o juiz nomeará defensor dativo, que fará resposta arrolando testemunhas (este último rol será aceito, ainda que já se tenham decorridos os 10 dias antes da nomeação dativa). Entendimento teratológico. Se o advogado constituído, apresentar resposta fora do prazo de 10 dias, o rol de testemunhas do acusado será indeferido. Mas se o acusado não apresenta resposta à acusação, e o juiz nomeia defensor dativo para apresentar resposta a acusação, o rol de testemunhas será deferido ou indeferido?
Cuidado com alguns mitos daqueles que ignoram a práxis forense. Há um mito de que o processo penal na prática é pró-réu. Segundo a práxis jurídica brasileira hodierna é pró-acusação, a começar pela estrutura da audiência (posição das partes – não equidistantes – Magistrado no “tablado”, MP à sua destra e “lá embaixo”, no último degrau da escada, está o advogado). Ainda, prazo para apresentar alegações finais na forma de memoriais – consequência diferentes se MP e acusado ultrapassam o prazo.
Diferente e brilhantemente, decisões do TJ/RS, entendem que ou se aceita a resposta à acusação e o rol de testemunhas ou indefere o rol de testemunhas e a resposta à acusação.
Acusação oferece denúncia juiz recebe denúncia citação do acusado réu oferece resposta à acusação ?
Segundo a sequência de atos esculpidos no CPP, após a resposta à acusação, o juiz verifica se absolve sumariamente.
Celeuma/divergência. Depois que a defesa apresentou resposta à acusação, deve-se abrir prazo para ouvir o MP, antes da análise da absolvição sumária do acusado? 
AULA 3 - PROCEDIMENTOS ORDINÁRIO
Após a resposta à acusação (e antes que decida se absolve sumariamente o acusado ou designe audiência de instrução una de instrução, debates e julgamento), o juiz deve ouvir ou não o Ministério Público?
Os artigos 394/405, CPP, disciplinam o rito comum ordinário. Preconizam os artigos que após a apresentação de resposta à acusação, o juiz verifica se absolve sumariamente o acusado, e se não absolve sumariamente, designa audiência una de instrução, debates e julgamento. Mas na prática magistrados, após a resposta à acusação, determinam vista ao MP para manifestar-se sobre a defesa preliminar para tão somente decidir se absolve sumariamente, ou em não absolvendo sumariamente, designe audiência uma de instrução, debates de julgamento.
Qual a fundamentação legal que após o oferecimento da resposta à acusação o magistrado ouvirá o Ministério Público? Artigo 409, CPP.
Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre preliminares e documentos, em 5 (cinco) dias.
Ocorre que este artigo do CPP não é previsto para o rito comum ordinário (previsto nos artigos 394/405, CPP), mas para a primeira fase do rito especial do júri – “Da Acusação e da Instrução Preliminar”. O que impede de o juiz aplicar analógica e/ou subsidiariamente o art. 409, CPP para o rito ordinário? Consoante se viu, o art. 394, §5º, CPP, o rito ordinário aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos.
Rito ordinário – após a resposta à acusação ouve-se o MP, com base no rito especial do júri – art. 409, CPP. Essa oitiva do Ministério Público após a resposta à acusação é uma réplica que desequilibra a estrutura dialética do processo penal. Ampla defesa ou ampla acusação? No processo penal, a defesa tem a vantagem de manifestar-se por último. Mas na forma como o rito está sendo delineado, a acusação se manifesta por duas vezes (uma delas, por último) ao passo que a defesa apenas uma. Ausência de paridade.
Denúncia recebimento ou rejeição resposta à acusação oitiva do MP possibilidade de absolvição sumária¹ ou designação de audiência.
¹ - possibilidade de absolvição sumária, julgamento antecipado – processo ainda não foi instruído – art. 397, CPP:
Art. 397.  Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
I - a existência manifestade causa excludente da ilicitude do fato;
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade;
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou
IV - extinta a punibilidade do agente.
Processo mnemônico. Hipóteses: atipicidade, causa excludente da ilicitude, causa excludente da culpabilidade, causa extintiva da punibilidade. Para punir o agente por crime, dentro da técnica, dogmática penal, teoria do direito processual, temos o conceito analítico de crime: típico, ilícito (ou antijurídico), culpável e punível.
Portanto, o contrário de fato típico: atipicidade; o contrário de ilicitude: causa excludente da ilicitude; o contrário de culpabilidade: causa excludente da culpabilidade; o contrário de punibilidade: causa extintiva da punibilidade.
Quando absolver sumariamente?
I – atipicidade. Exemplo 1: Crime de adultério (atipicidade formal, fato da vida deve se amoldar à lei penal). Exemplo 2: furto de caneta. Conduta/fato (subtração, se amolda à descrita no art. 155, CP) não ocasiona relevante, intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Resultado, diminuição do patrimônio da vítima. Nexo causal. O fato é típico? Não. Pois além da tipicidade formal, necessária a tipicidade material. Além de se adequar à lei penal, o fato deve ocasionar relevante e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido.
II – causa excludente da ilicitude/antijuridicidade. Exemplos: legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal, exercício regular do direito, consentimento do ofendido ou causa supralegal da exclusão da ilicitude.
III – causa excludente da culpabilidade. Coação moral irresistível, inexigibilidade de conduta diversa.
IV – causa extintiva da punibilidade. Prescrição, morte do agente.
Nota. Juiz pode absolver sumariamente. A legislação ressalva que pode haver absolvição por conta de excludente da culpabilidade, salvo na hipótese de inimputabilidade (art. 397, II). Essa absolvição é pró-réu, pró-defesa. Quando a pessoa é absolvida ela comemora ou se entristece? Primeira hipótese. Porém, se se absolve sumariamente por conta da inimputabilidade, aplica-se medida de segurança. Assim, o juiz não pode absolver sumariamente quando a causa excludente for a inimputabilidade, porque se assim o fizer, não será favorável ao acusado. Seria sentença absolutória imprópria, não favorável à defesa, ao réu.
Recurso cabível da decisão de absolvição sumária do réu. Em regra, apelação. Salvo, quando a absolvição sumária se fundamenta na extinção da punibilidade, hipótese em que caberá ReSE. Por quê?
Quando o juiz diz que o fato é típico, ele está absolvendo.
Quando o juiz diz que se trata de legítima defesa, ele está absolvendo.
Quando o juiz diz que era inexigível conduta diversa, ele está absolvendo.
Mas quando o juiz diz que o crime está prescrito, a natureza dessa sentença não é absolutória, mas declaratória extintiva da punibilidade. Súmula 18 do STF:
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório
1 - oferecimento da denúncia; 2 – recebimento ou rejeição da denúncia; 3 – cita para apresentar resposta à acusação; 4 – ouve-se o MP; 5 – possibilidade de absolvição sumária; 6 – designação de audiência de instrução.
Princípios norteadores da audiência. Princípio da concentração (concentração dos atos em uma só audiência, instrução, debates e julgamento); princípio da identidade física do juiz (artigo 399 do CPP).
AULA 4 - PROCEDIMENTO ORDINÁRIO
Audiência uma de instrução, debates e julgamento
Art. 400.  Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado.
§ 1o  As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
§ 2o  Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio requerimento das partes.
1. declarações do ofendido;
2. oitiva das testemunhas de acusação e defesa, nesta ordem (poderá haver a inversão, se a defesa concorda. Porém, há uma situação, ainda que sem anuência da defesa, poderá haver inversão da ordem, qual seja, oitiva de testemunha por intermédio de carta precatória, art. 222, CPP, §§1º e 2º, CPP);
3. esclarecimento dos peritos;
4. acareação (se houver divergência nos depoimentos, oitivas e/ou interrogatório);
5. reconhecimento de pessoas e coisas (estudos da professora Elisabeth Loftus – “falsas memórias” – não é porque uma pessoa te diz algo com veemência e convencimento e até com emoção, que isso seja verdade, ou má-fé; mas está tendo o que se chama falsa memória);
6. interrogatório do acusado.
Interrogatório do acusado como último ato da instrução.
Lei 11.719/2008 só modificou o CPP e não os demais ritos.
Sistema de procedimentos criminais brasileiro: caótico (vários procedimentos).
Controvérsia. Na Lei de Drogas, qual o momento do interrogatório?
Julgamento do da Ação Penal 528/2011, STF:
E MENTA: PROCESSUAL PENAL. INTERROGATÓRIO NAS AÇÕES PENAIS ORIGINÁRIAS DO STF. ATO QUE DEVE PASSAR A SER REALIZADO AO FINAL DO PROCESSO. NOVA REDAÇÃO DO ART. 400 DO CPP. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – O art. 400 do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei 11.719/2008, fixou o interrogatório do réu como ato derradeiro da instrução penal. II – Sendo tal prática benéfica à defesa, deve prevalecer nas ações penais originárias perante o Supremo Tribunal Federal, em detrimento do previsto no art. 7º da Lei 8.038/90 nesse aspecto. Exceção apenas quanto às ações nas quais o interrogatório já se ultimou. III – Interpretação sistemática e teleológica do direito. IV – Agravo regimental a que se nega provimento. “Ora, possibilitar que o réu seja interrogado ao final da instrução, depois de ouvidas as testemunhas arroladas, bem como após a produção de outras provas, como eventuais perícias, a meu juízo, mostra-se mais benéfico à defesa, na medida em que, no mínimo, conferirá ao acusado a oportunidade para esclarecer divergências e incongruências que, não raramente, afloram durante a edificação do conjunto probatório” (STF - AP: 528 DF, Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 24/03/2011, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-109 DIVULG 07-06-2011 PUBLIC 08-06-2011 EMENT VOL-02539-01<span id="jusCitacao"> PP-00001</span>)
Noutras palavras, não existe incompatibilidade entre o art. 400 do CPP e o estatuído na Lei 8.038/90. Entendimento pode ser estendido à Lei 11.343/2006 – Lei de Drogas.
A mudança com a Lei 11.719/2008 que alterou o art. 400, CPP, colocando o interrogatório como último ato da instrução, deve ser estendida para os demais procedimentos em que o interrogatório não seja o último ato de instrução.
Necessidade de diligencias/esclarecimentos que emerge no curso da instrução. Art. 402, CPP:
Art. 402.  Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. 
Interrogatório do acusado. Concluída a instrução, segue-se os debates entre acusação e defesa. Alegações finais – a regra é que sejam apresentadas na forma oral, 20 minutos prorrogados por mais 10 minutos. Art. 403, CPP:
Art. 403.  Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença.
§ 1o  Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a defesa de cada um será individual.§ 2o  Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.
Quando diante de 1) complexidade da causa; 2) pluralidade de acusados e; 3) quando durante a instrução surge diligências deferidas pelo juiz.
§ 3o  O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.
Art. 404.  Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou a requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais.
Parágrafo único.  Realizada, em seguida, a diligência determinada, as partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz proferirá a sentença.
Se a parte não apresentar alegações finais em forma de memoriais?
Se MP, juiz remete os autos para o promotor substituto, sem prejuízo de aplicando subsidiariamente o artigo 28, CPP, remeter ao Procurador Geral de Justiça (ou da República):
Art. 28.  Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
Nas hipótese de ação penal privada (queixa-crime) personalíssima e/ou ação penal exclusivamente privada o querelante (acusação) deixar de apresentar alegações finais, ocorre a extinção da punibilidade – perempção. 
Nas hipóteses de ação penal privada subsidiária da pública, MP retoma a titularidade da ação consoante prescreve o art. 29, CPP:
Art. 29.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
Na hipótese de o advogado de defesa não apresentar alegações finais, o juiz intimará o réu para constituir nova defesa.
AULA 5 - PROCEDIMENTOS SUMÁRIO
Hipóteses de aplicação:
- pena máxima cominada em abstrato inferior a 4 anos e superior a 2 anos de pena privativa de liberdade.
- Juizado Especial Criminal (rito sumaríssimo) encaminha a Justiça Comum os autos do processo para adoção de outro procedimento (rito sumário) - art. 538, CPP c/c os artigos 66, parágrafo único e 77, §2º da Lei 9.099/95.
Art. 538.  Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, quando o juizado especial criminal encaminhar ao juízo comum as peças existentes para a adoção de outro procedimento, observar-se-á o procedimento sumário previsto neste Capítulo.
Quando o Juizado Especial Criminal encaminha o processo, o qual está tramitando sob o rito sumaríssimo, à Justiça Comum e por que faria isso?
Citação por edital e complexidade da causa.
No âmbito do Juizado Especial Criminal, rito sumaríssimo, Lei 9.099/95, os princípios que informam esse procedimento é o da informalidade, oralidade, celeridade. Assim, quando houver a necessidade de formalidade, por exemplo, encaminha-se à Justiça Comum.
Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei.
Art. 66, parágrafo único da Lei 9.099/95 – acusado não encontrado para ser citado, cita-se por edital, que não combina com os princípios informadores do Juizado Especial. Assim, remetem-se as peças para a Justiça Comum e nesta adota-se o rito sumário.
Complexidade da causa não combina com Juizado Especial. Se a causa for complexa, remete-se os autos para a Justiça Comum para adoção do procedimento sumário.
Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76 desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de diligências imprescindíveis.
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.
Morfologia, estrutura, sequência de atos do procedimento sumário:
1 - oferecimento da denúncia ou queixa;
2 – recebimento ou rejeição da denúncia ou queixa;
3 – cita para apresentar resposta à acusação;
4 – ouve-se o MP;
5 – possibilidade de absolvição sumária;
6 – designação de audiência de instrução.
1ª diferença – pena máxima cominada em abstrato: inferior a 4 anos e superior a 2 anos;
2ª diferença – quantidade de testemunhas para inquirição na audiência de instrução: até 5;
3ª diferença – prazo de realização da audiência de instrução, até 30 dias;
4ª diferença – não previsão de realização de diligências necessárias e emergidas no curso da instrução. Porém, a doutrina entende que malgrado a ausência de previsão expressa para o rito sumário, nada impede, em havendo necessidade no caso concreto, e de forma fundamentada, que as partes requeiram e o juiz autorize diligências necessárias que surgiram no curso da instrução.
5ª diferença – não previsão de alegações finais na forma escrita (memoriais), apenas na forma oral. Doutrina, no entanto, aduz que no caso concreto, em havendo necessidade, e em decisão fundamentada, nada impede de, mesmo no rito sumário, substituir-se as alegações finais orais pela forma escrita, aplicando-se subsidiariamente, as disposições do rito ordinário. Complexidade da causa, número de acusados e deferimento de diligências que sugiram no curso da instrução. Art. 394, §5º, CPP:
§ 5o  Aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário.

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