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2 RITO COMUM ORDINÁRIO e SUMÁRIO

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Professora Ana Paula Correia de Souza 
Direito Processual Penal II 
PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO E SUMÁRIO 
 
→ PROCESSO E PROCDIMENTO 
 “Não há processo sem procedimento e não há procedimento que não se refira a 
um processo. ” (Greco Filho) 
- Processo: Sequência de atos, vinculados entre si, tendentes a alcançar a 
finalidade de propiciar ao juiz a aplicação ao caso concreto (Instrumento). 
- Procedimento: É o modo pelo qual se desenvolve o processo, o seu aspecto 
interno (forma). 
 * Procedimentos condenatórios: adotados nas ações penais ditas 
condenatórias. 
 * Procedimentos não condenatórios: adotados nas ações autônomas, em 
que se cuida de pretensões não punitivas. Ex.: HC e revisão criminal. 
 
 * Procedimento comum: forma padrão previsto no Código de Processo 
Penal – É a regra geral. 
 - Ordinário: crimes cuja sanção máxima seja igual ou superior a 4 
anos de pena privativa de liberdade. 
ATENÇÃO: De acordo com o artigo 22 da Lei 12.850/13, os crimes 
envolvendo organização criminosa e as infrações penais conexas serão 
apurados mediante procedimento ordinário previsto no CPP. 
Obs.: Por ser o rito mais completo, o rito comum ordinário será 
aplicado subsidiariamente ao demais procedimentos –art. 394, §2º. 
 - Sumário: crimes cuja sanção máxima seja inferior a 4 anos de 
pena privativa de liberdade; 
 - Sumaríssimo: Infrações de menor potencial ofensivo (Lei 
9.099/95). 
 * Procedimentos especiais: depende de previsão expressa em lei. 
 - Previstos no CPP: Tribunal do Júri (art.394, §3º c/c art. 406 ao 
497); Crimes falimentares (art. 503 ao 512); crimes de responsabilidade dos funcionários 
públicos (art. 513 ao 518); crimes contra a honra (art. 519 ao 523); crimes contra a 
propriedade imaterial (art. 524 ao 530 - I); restauração de autos (art. 541 ao 548). 
Obs.: Os artigos 503 ao 512 foram revogados após a entrada em vigor 
da lei 11.101/2005. Além desses artigos, também foram revogados os 
artigos 549 ao 555 e 556 ao 562, os quais foram revogados pela lei 
8.659/93. 
 - Procedimentos em leis especiais: Ex.: Lei de drogas; Lei de abuso 
de autoridades; crimes de competência originária; crimes falimentares; Lei Maria da 
Penha. 
Professora Ana Paula Correia de Souza 
Direito Processual Penal II 
→ PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO 
O rito será ordinário quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada 
seja igual ou superior a 4 anos de pena privativa de liberdade. 
 1) O ajuizamento da ação penal ocorre o RECEBIMENTO da denúncia ou da 
queixa. Para tanto, o magistrado deverá, primeiramente, analisar se a peça inicial 
preenche todos os requisitos exigidos por lei, podendo rejeitá-la liminarmente nos 
seguintes casos, previstos no artigo 395/CPP: 
 a) Inicial manifestamente inepta: Caracteriza-se pela ausência dos 
requisitos da inicial (art. 41/CPP). Inepta é a acusação que diminui o exercício da ampla 
defesa, seja pela insuficiência na descrição dos fatos, seja pela ausência de identificação 
precisa de seus autores. 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, 
com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou 
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do 
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
Tornaghi, citado por Paulo Rangel, as circunstâncias em que os fatos se 
deram são resumidas nas seguintes expressões: 
a) quem: refere-se a pessoa que a gente, seus antecedentes e 
personalidade; 
b) que coisa: Diz respeito aos acidentes do evento, do acontecimento 
histórico; 
c) onde: lugar em que os fatos se deram; 
d) com que: refere-se aos instrumentos do crime; 
e) porquê: relaciona-se com as razões do crime; 
f) de que maneira: diz respeito à forma de execução do crime; 
g) quando: diz respeito ao tempo em que o crime foi cometido. 
Ausência de um desses elementos pode trazer a falsa percepção da 
realidade fática, que confrontada com o inquérito, acarreta, como consequência, a inépcia 
da inicial. 
Vale ressaltar que nem sempre a inobservância de um dos requisitos do 
artigo 41 autoriza o reconhecimento da inépcia da peça acusatória. O rol de testemunhas 
da denúncia ou a classificação incorreta do crime, por exemplo, não dão ensejo à rejeição 
da inicial acusatória. 
A ausência dos requisitos obrigatórios constantes no artigo 41 do CPP gera 
a inépcia/rejeição formal. 
 
b) faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação 
penal: Segundo Nucci (2018, p. 278), os pressupostos processuais são requisitos para 
condições da ação. Segundo ele, “os pressupostos processuais são os requisitos 
Professora Ana Paula Correia de Souza 
Direito Processual Penal II 
necessários para a existência e validade da relação processual, permitindo que o processo 
possa atingir o seu fim”. 
Existem os pressupostos processuais de existência que são: as partes 
(autor e réu), o juiz (órgão investido do poder jurisdicional) e o pedido (ou demanda). 
E existem, também, os pressupostos processuais de validade, os quais 
estão divididos em positivos (competência, capacidade processual e capacidade 
postulatória) e negativos (suspensão, impedimento, litispendência e coisa julgada). 
 
As condições poderão ser genéricas, que valerão para toda e qualquer ação 
penal, e as específicas. São três os requisitos genéricos para o ajuizamento da ação: 
 b.1) Possibilidade jurídica do Pedido: Deve ser demonstrado que o 
titular da ação penal, tem, em tese, a possibilidade de obter uma condenação do acusado, 
devendo ser imputado a esse um fato tido como criminoso. 
 b.2) Interesse de agir: Demonstra-se o interesse de agir do titular 
da ação penal quando houver necessidade (de existência de um devido processo legal), 
adequação (AP nos moldes procedimentais previstos em lei) e utilidade (AP útil para a 
pretensão punitiva do Estado) para a ação penal. 
 b.3) Legitimidade da parte: Classifica-se em ad causam (para a 
causa) e ad processum (para o processo). 
 - Legitimidade ad causam: No polo ativo será o Ministério 
Público ou o ofendido, ou seja, o titular da ação penal. No polo passivo, em face do 
princípio da instranscendência, deve estar a pessoa contra a qual pesa a acusação. 
PRESSUPOSTOS 
PROCESSUAIS
DE EXISTÊNCIA 
Demanda que exteriorize uma pretensão punitiva
Órgão investido de jurisdição
Partes que possam estar em juízo
DE VALIDADE
Negativo
Listispendência
Coisa Julgada
Suspeição
Impedimento
Incompatibilidade
Positivo
Competência
Capacidade postulatória
Capacidade processual
Professora Ana Paula Correia de Souza 
Direito Processual Penal II 
 - Legitimidade ad processum: No polo ativo deve estar o 
membro do MP ou o ofendido, devidamente representado por um advogado, se maior de 
18 anos, bem como o ofendido representado pelo seu representante legal, se menor de 18 
anos, também devidamente representado por um advogado. 
 
 
Segundo Guilherme de Souza Nucci, os pressupostos processuais não 
passam de condições da ação. 
(...) Quando se menciona ser pressuposto de existência do processo pelo 
juiz jurisdição, sejamos mais diretos, não havendo jurisdição o pedido 
é juridicamente impossível. mencionando-se constituir pressuposto de 
validade do processo a inexistência de suspeição do juiz, pode-se lançar 
o tema para o campo do interesse de agir, pois é admitir que a causa 
seja julgada por quem não pode é total falta de interesse. O que se 
busca? Um parecer? enfim, somos levados a desacreditar os 
pressupostos processuais. são meros tentáculos das condições da ação: 
se antes de ajuizada a ação, carência; se depois, carência superveniente. 
(2017, p. 278) 
c) Faltar justa causa para o exercício da ação penal: Guilherme Nucci 
(2018, p. 287) afirma que a justa causa, em verdade, configura uma síntese das condições 
da ação, logo, inexistindo uma delas, não há justa causa para a ação penal. Outros 
doutrinadores definem a justa causacomo sendo um simples interesse de agir, enquanto 
outros alegam se tratar de uma quarta condição autônoma. 
Independentemente da natureza jurídica, a justa causa é elemento mínimo que 
servirá para o convencimento sobre a materialidade e autoria delitiva para se justificar 
por parte do judiciário o recebimento da denúncia ou queixa. Assim, denúncia e queixa 
devem ser precedidas de algum procedimento, alguma documentação, alguma 
investigação devidamente formalizada que dê apoio à acusação. Esse lastro, via de regra, 
é conferido pelo inquérito policial que, porém, não se traduz em uma peça essencial para 
a oferta da denúncia e tampouco da queixa. 
 Quando não há justa causa para a ação penal, ocorrerá inépcia material. 
 
CONDIÇÕES DA AÇÃO
GENÉRICAS
Legitimidade
Interesse de agir
Possibilidade jurídica do pedido
ESPECÍFICAS (condição de 
procedibilidade)
Representação do ofendido
Requisição do Ministro da Justiça
Professora Ana Paula Correia de Souza 
Direito Processual Penal II 
Considerando a natureza jurídica da decisão que rejeitar a denúncia ou a queixa – 
Decisão interlocutória simples -, entende-se possível a repropositura da ação penal, 
caso seja superada a causa de rejeição. 
É perfeitamente possível a rejeição parcial da peça acusatória, quando, por 
exemplo, for oferecida a denúncia com imputação de 2 crimes, no entanto, o lastro 
probatório quanto a um deles é insuficiente, não havendo, portanto, justa causa para 
receber tal imputação. Nesse caso, o juiz poderá receber a denúncia quanto à imputação 
cujas condições da ação estão presentes. 
Da decisão que rejeitar a peça inicial, caberá recurso em sentido estrito, nos 
termos do artigo 581, I, do CPP. 
 
2) Não sendo o caso de rejeição liminar da inicial, o juiz a receberá e determinará a 
citação do acusado para responder à acusação em 10 dias. 
Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia 
ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará 
a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo 
de 10 (dez) dias. 
ATENÇÃO: Segundo o posicionamento doutrinário majoritário e do STJ, 
o juiz receberá a peça inicial, aplicando-se o princípio do in dubio pro societate. No 
entanto, a corrente minoritária entende que a aplicação desse princípio viola o princípio 
constitucional da presunção de inocência, a exigir o julgamento da dúvida sempre a favor 
do réu. 
Com o recebimento da inicial, interrompe-se o prazo prescricional, nos termos do 
artigo 117, inciso I, do CP. No entanto, segundo o entendimento dos tribunais superiores, 
caso o recebimento seja feito por juiz absolutamente incompetente, ainda que tenha sido 
proferida sentença condenatória, não ocorrerá a interrupção (STF Inq – QO 1544/PI e STJ 
HC 28.667/PR). 
ATENÇÃO: De acordo com o entendimento do STJ, esse é o momento 
em que ocorre o recebimento da inicial não obstante o teor do artigo 399 do CPP. 
Informativo 425/STJ - RECEBIMENTO. DENÚNCIA. ART. 396 
DO CPP. A Lei n. 11.719/2008, como consabido, reformou o CPP, mas 
também instaurou, na doutrina, polêmica a respeito do momento em que 
se dá o recebimento da denúncia oferecida pelo MP, isso porque tanto 
o art. 396 quanto o art. 399 daquele codex fazem menção àquele ato 
processual. Contudo, melhor se mostra a corrente doutrinária 
majoritária no sentido de considerar como adequado ao 
recebimento da denúncia o momento previsto no citado art. 396: 
tão logo oferecida a acusação e antes mesmo da citação do acusado. 
Por sua vez, o art. 396-A daquele mesmo diploma legal prevê a 
apresentação de revigorada defesa prévia, na qual se podem arguir 
preliminares, realizar amplas alegações, oferecer documentos e 
justificações, especificar provas e arrolar testemunhas. Diante disso, se 
Professora Ana Paula Correia de Souza 
Direito Processual Penal II 
o julgador verificar não ser caso de absolvição sumária, dará 
prosseguimento ao feito ao designar data para audiência. Contudo, 
nessa fase, toda a fundamentação referente à rejeição das teses 
defensivas apresentadas dar-se-á de forma concisa, pois o juízo deve 
limitar-se à demonstração da admissibilidade da demanda instaurada 
sob pena de indevido prejulgamento, caso acolhido o prosseguimento 
do processo-crime. Daí que, no caso, a decisão ora combatida, de 
prosseguir no processo, apesar de sucinta, está suficientemente 
fundamentada. Precedente citado: HC 119.226-PR, DJe 28/9/2009. HC 
138.089-SC, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 2/3/2010. 
Diante da análise de tal entendimento, pode-se concluir que segundo o STJ, aplica-
se, no Brasil, a chamada teoria da asserção, a qual está relaciona às condições da ação 
com a profundidade da cognição. No exame preliminar (quando do recebimento) não há 
uma análise aprofundada, mas tão-somente superficial, de modo que as condições da ação 
resultam da simples alegação do autor. Ou seja, na tentativa de distinguir as condições da 
ação do mérito, pela teoria da asserção, o exame das condições da ação deve ser feito in 
statu assertionis (à vista do que se afirmou), tendo-se por verdadeiras as afirmações feitas 
na petição inicial. Justamente para distinguir as questões que constituem as condições da 
ação, daquelas relativas ao mérito, defendem que o exame das condições da ação deve ser 
realizado segundo o afirmado na petição inicial. Isto é, o juiz deve, por hipótese, tomar 
como verdadeiros os fatos narrados na denúncia ou queixa, para apreciar a viabilidade da 
ação, e impedir que processos inúteis e inviáveis se desenvolvam. 
A decisão de recebimento dispensa fundamentação expressa do magistrado, ou 
seja, trata-se de uma fundamentação implícita. Segundo o STF, em verdade, não seria 
nem uma decisão, mas apena um despacho (RHC 87005/RJ). 
LEMBRETE: 
Sentença – A sentença é o pronunciamento por meio do qual 
o juiz “põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como 
extingue a execução”. Isso significa que, por meio da sentença, o juiz 
decide a questão trazida ao seu conhecimento, pondo fim ao processo 
na primeira instância. A sentença pode ser dada com ou sem julgamento 
do mérito, ou seja, acolhendo ou não a causa levantada pela parte. Caso 
exista recurso ao tribunal, os desembargadores podem proferir um 
acórdão. Tanto a sentença quanto o acórdão marcam o fim do processo, 
ao menos na instância em que se encontra. 
Decisões interlocutórias – As decisões são atos pelos quais o 
juiz resolve questões que surgem durante o processo, mas não são o 
julgamento dele por meio de sentença. Essas questões que precisam ser 
decididas no curso do processo são denominadas de questões incidentes 
ou questões incidentais. São exemplos de decisões interlocutórias a 
nomeação de determinado profissional como perito, aceitação ou não 
de um parecer. 
Despachos – São todos os demais pronunciamentos do juiz 
praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. Isso quer 
dizer que, nos despachos, o objetivo não é solucionar o processo, mas 
determinar medidas necessárias para o julgamento da ação em curso. 
Professora Ana Paula Correia de Souza 
Direito Processual Penal II 
Tratam-se, portanto, de meras movimentações administrativas – por 
exemplo, a citação de um réu, designação de audiência, determinação 
de intimação as partes e determinação de juntada de documentos, entre 
outros. (Fonte: http://cnj.jus.br/noticias/cnj/84528-cnj-servico-saiba-
a-diferenca-entre-sentenca-decisao-e-despacho) 
 
Obs.: Em alguns procedimentos especiais, como nos de tóxicos, 
responsabilidade dos funcionários públicos, competência originária dos tribunais 
superiores e dos tribunais regionais e estaduais, para o recebimento da denúncia, o 
magistrado deverá fundamentar sua decisão. 
A decisão que recebe a inicial é IRRECORRÍVEL, mas poderá ser combatida por 
meio da impetração de um HC para trancamento da ação penal. 
 
→ Ao ser citado, o acusadoterá o prazo de 10 dias para apresentar resposta 
à acusação, sendo esse prazo de natureza processual. Na hipótese de citação por edital, 
esse prazo de 10 dias começa a contar do comparecimento pessoal do réu ou do seu 
advogado (art. 396, parágrafo único do CPP). 
LEMBRETE: 
A citação real ou pessoal é a regra no processo penal. Essa forma de 
citação pode se concretizar por diversos instrumentos (mandado, 
precatória, rogatória, por carta de ordem). 
A citação por hora certa, nos termos do artigo 362 do CPP, atualmente 
é aceita no processo penal, sendo adotando o mesmo procedimento do 
processo civil, como previsto os 252 a 254 do CPC. 
A citação por edital é medida excepcional, que só pode ser adotada 
depois de esgotados todos os meios de localização. É também chamada 
de citação ficta. Poderá ocorrer quando o réu não for encontrado para 
citação pessoal ou quando inacessível o local em que o ele se encontra. 
Uma vez citado o réu por edital, o processo será suspenso, e bem assim o curso do 
prazo prescricional, nos termos do artigo 366 do CPP. 
A apresentação da resposta à acusação é imprescindível. Uma vez citado, se o 
acusado deixar de apresentá-la, o magistrado deverá nomear um defensor para tanto, 
concedendo-lhe vistas dos autos por 10 dias. A falta da resposta escrita consiste em 
nulidade absoluta do feito. 
Art. 396, §2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o 
acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará defensor para 
oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. 
Na resposta à acusação aplica-se o princípio da concentração das matérias de 
defesa, pois deverão ser arguidas todas as matérias processuais e de mérito (preliminares 
http://cnj.jus.br/noticias/cnj/84528-cnj-servico-saiba-a-diferenca-entre-sentenca-decisao-e-despacho
http://cnj.jus.br/noticias/cnj/84528-cnj-servico-saiba-a-diferenca-entre-sentenca-decisao-e-despacho
Professora Ana Paula Correia de Souza 
Direito Processual Penal II 
– falhas e vícios), bem como juntar documentos, requerer diligências, e arrolar 
testemunhas. 
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar 
tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, 
especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-
as e requerendo sua intimação, quando necessário. 
§1º A exceção será processada em apartado, nos termos dos arts. 95 a 
112 deste Código. 
 Eugêncio Pacelli (2019, p. 710) afirma que toda a matéria alinhada no CPP como 
exceções (arts. 95 e seguintes, e também as incompatibilidades, art. 112) poderão constar 
da resposta escrita e não em separado. 
Apesar das matérias de direito e processual, se não forem arguidas, não precluírem, 
o direito de arrolar testemunhas preclui se não for exercido neste momento. No 
procedimento comum ordinário, poderão ser arroladas até 8 testemunhas, não se 
computando as que não prestam compromisso e as referidas. 
Além da preclusão para a apresentação do rol de testemunhas, ocorrerá também 
para o requerimento de prova pericial e a apresentação de exceção de incompetência 
relativa. 
Obs.: Embora não aja previsão expressa no CPP, a doutrina entende que, 
após a apresentação da resposta escrita do acusado com a apresentação de documentos ou 
alegação de preliminares, o juiz deverá conceder vista dos autos ao autor da ação penal, 
em respeito ao princípio do contraditório. 
Dentre as possibilidades de alegações que podem ser arguidas em resposta à 
acusação, poderá ser apresentada as teses de absolvição sumária, nos termos do artigo 
297 do CPP: 
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, 
deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando 
verificar: 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do 
agente, salvo inimputabilidade; 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou 
IV - extinta a punibilidade do agente. 
 
Observa-se que todas as possibilidades de absolvição sumária envolvem o mérito 
da causa, sendo um verdadeiro julgamento antecipado da lide. Logo, se não houver um 
juízo de certeza, o juiz não poderá absolver. Havendo a absolvição sumária, a decisão 
poderá ser combatida por meio do recurso de apelação, pois entendem que faz coisa 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art95
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art95
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm#art396a
Professora Ana Paula Correia de Souza 
Direito Processual Penal II 
julgada material (entendimento majoritário). Se o juiz não entender pela absolvição 
sumária, o réu poderá impetrar HC para trancamento da ação penal. 
Aury Lopes Jr, ao analisar a as possibilidades de absolvição sumária, afirma que as 
situações previstas nos incisos I e II são meros desdobramentos da condição prevista no 
inciso III. Ele, juntamente com Guilherme de Souza Nucci, entende absolutamente 
inadequada a inserção das causas de extinção de punibilidade (IV) como argumento para 
a absolvição sumária. O entendimento desses autores é no sentido de que a decisão que 
reconhece a extinção de punibilidade é uma decisão meramente declaratória, sem 
qualquer exame do mérito para redundar em uma absolvição. Por sua vez, Paulo Rangel 
entende que ocorre uma mudança na natureza jurídica da decisão de extinção de 
punibilidade deixando de ser meramente declaratória para ser absolutória. 
 
Obs.: Em sendo apresentada a tese de absolvição sumária, reconhecendo 
ou não a tese, o juiz deverá fundamentar a sua decisão, segundo entendimento do STJ: 
Informativo 425/STJ - DIREITO PROCESSUAL PENAL. 
NECESSIDADE DE APRECIAÇÃO DAS TESES SUSCITADAS 
NA DEFESA PRELIMINAR. Após a fase de apresentação de 
resposta à acusação, o magistrado, ao proferir decisão que determina o 
prosseguimento do processo, deverá ao menos aludir àquilo que fora 
trazido na defesa preliminar, não se eximindo também da incumbência 
de enfrentar questões processuais relevantes e urgentes. De fato, na fase 
do art. 397 do CPP, nada impede que o juiz faça consignar 
fundamentação de forma não exauriente, sob pena de decidir o mérito 
da causa. Contudo, o julgador deve ao menos aludir àquilo que fora 
trazido na defesa preliminar. Incumbe-lhe, ainda, enfrentar questões 
processuais relevantes e urgentes ao confirmar o aceite da exordial 
acusatória. Com efeito, a inauguração do processo penal, por 
representar significativo gravame ao status dignitatis, deve, sim, ser 
motivada. Dessa maneira, suprimida tão importante fase procedimental, 
preciosa conquista democrática do Processo Penal pátrio, de rigor é o 
reconhecimento da nulidade. RHC 46.127-MG, Rel. Min. Maria 
Thereza de Assis Moura, julgado em 12/2/2015, DJe 25/2/2015. 
 Importante ressaltar também que o advogado poderá abordar, sem sede de resposta 
à acusação, as matérias constantes do artigo 395 – rejeição liminar. Assim, após 
apresentada a resposta à acusação, pela ausência de preclusão para o juiz, ou seja, por não 
existir a preclusão pro judicato (modificar a substância do que fora decidido) nessa fase, 
o juiz, ao fazer a análise dos novos elementos apresentados pela defesa, poderá 
desconstituir o ato do recebimento, anulando-o, para a seguir proferir a decisão de rejeição 
da denúncia anteriormente recebida. 
 
Professora Ana Paula Correia de Souza 
Direito Processual Penal II 
3) Não sendo caso de absolvição sumária, o juiz designará data para a audiência 
de instrução e julgamento e determinará a intimação das testemunhas, do MP, da defesa 
e do réu, se estiver solto, pois se ele estiver preso, ele será requisitado. 
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora 
para a audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, 
do Ministério Público e, se foro caso, do querelante e do assistente. 
§1º O acusado preso será requisitado para comparecer ao interrogatório, 
devendo o poder público providenciar sua apresentação. 
 
O §2º do artigo 399 do CPP trata do princípio da identidade física do juiz, 
admitindo-se as exceções previstas no processo civil (convocação, licenciamento, 
afastamento, promoção, aposentadoria), por analogia. 
Art. 399, §2º O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a 
sentença. 
 
A audiência deve ser realizada no prazo máximo de 60 dias. 
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no 
prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de 
declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas arroladas pela 
acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 
deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações 
e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, 
o acusado. 
No entanto, tal prazo deve ser considerado como um prazo impróprio e que deve 
ser observado ou não, conforme as peculiaridades do caso concreto. Neste sentido é a 
orientação do Superior Tribunal de Justiça: 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CRIMES DE LAVAGEM DE 
DINHEIRO E FORMAÇAO DE QUADRILHA, CONEXOS AO 
FURTO QUALIFICADO À CAIXA-FORTE DO BANCO CENTRAL 
DO BRASIL EM FORTALEZA/CE. EXCESSO DE PRAZO PARA A 
FORMAÇAO DA CULPA. INSTRUÇAO ENCERRADA. 
APLICAÇAO DA SÚMULA N.º 52 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA. FATOS QUE GERARAM GRAVE PREJUÍZO AO 
ERÁRIO. ORDEM DENEGADA. 1. O excesso de prazo 
desproporcional, desmotivado e irrazoável para a conclusão do feito, 
mormente em se tratando de réu preso, não pode, em qualquer hipótese, 
ser tolerado. 2. Na hipótese dos autos, contudo, a alegada demora no 
julgamento não extrapola os limites da proporcionalidade: os 
prazos indicados para a conclusão dos feitos criminais servem como 
necessário parâmetro geral, a fim de se evitarem situações 
abusivas. Entretanto, devem ser consideradas, a fim de se verificar 
constrangimento ilegal, as peculiaridades de cada caso concreto, 
razão pela qual a jurisprudência admite a mitigação dos referidos 
prazos, à luz do Princípio da Razoabilidade. (...) 7. Feito juízo de 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm#art222
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Professora Ana Paula Correia de Souza 
Direito Processual Penal II 
valor estabelecido entre interesses postos em conflito, sobreleva muito 
acima a necessidade de pronta resposta estatal para o resguardo da 
ordem pública, frontalmente ameaçada com prática de crimes graves, o 
que demonstra forma de agir atentatória às instituições que dão suporte 
à existência de um Estado Democrático de Direito. 8. Habeas 
corpus denegado, com recomendação de urgência na conclusão ao 
feito. (HABEAS CORPUS Nº 134.312 – CE. RELATORA: 
MINISTRA LAURITA VAZ) 
Ressalta-se que a audiência, em regra, será una, aplicando-se, portanto, o princípio 
da concentração dos atos processuais. 
Art. 400, §1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo 
o juiz indeferir as consideradas irrelevantes, impertinentes ou 
protelatórias. 
 Essa aglutinação de atos funciona bem com os processos considerados “simples”, 
em que os números de réu e testemunhas são reduzidos, mas mostra-se impraticável em 
processos mais complexos, havendo a necessidade, portanto, da realização de mais de 
uma audiência de instrução. 
No que tange à oitiva dos peritos, as partes deveram requerer a oitiva com 
antecedência mínima de 10 dias da audiência de instrução e julgamento, nos termos do 
artigo 400, §2º c/c artigo 159, §5º, I, do CPP: 
Art. 400, §2º Os esclarecimentos dos peritos dependerão de prévio 
requerimento das partes. 
Art. 159, §5º Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, 
quanto à perícia: 
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para 
responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os 
quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados 
com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as 
respostas em laudo complementar; 
Na audiência de Instrução e Julgamento, seguindo o disposto no artigo 400 do CPP, 
as oitivas ocorrerão na seguinte ordem: 
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E 
JULGAMENTO 
1º Oitiva da vítima 
2º Inquirição das testemunhas de 
acusação 
3º Inquirição das testemunhas de defesa 
4º Esclarecimento dos peritos 
5º Acareações 
6º Reconhecimento de pessoas e coisas 
7º Interrogatório do acusado 
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Importante ressaltar que, desde 2008, não se adota mais no processo penal o sistema 
presidencialista na tomada dos depoimentos. 
O artigo 212 do CPP prevê que o promotor de justiça e a defesa façam as perguntas 
para as testemunhas sem a necessidade de requerer ao juiz, sendo as perguntas elaboradas 
diretamente pelas partes às testemunhas e somente depois, e se necessário, o juiz poderá 
formular perguntas complementares (sistema cross examination). 
 
→ PONTO CONTROVERSO: A inversão da ordem da oitiva das testemunhas 
gera nulidade ao processo? 
A orientação jurisprudencial do STF é no sentido de que “a inobservância da 
ordem de inquirição de testemunhas não constitui vício capaz de inquinar de nulidade 
o ato processual ou a ação penal, razão por que a demonstração do efetivo prejuízo se faz 
necessária para a invalidação do ato” (HC 112.446), ou seja, trata-se de uma nulidade 
relativa. Em sentido contrário é Aury Lopes Junior. 
 
→ PONTO CONTROVERSO: A dispensa da testemunha é ato unilateral ou 
bilateral? 
A doutrina majoritária e os Tribunais entendem que a parte que dispensar a 
testemunha não precisa da anuência da outra parte, tratando-se, portanto, de um ato 
unilateral. 
Por outro lado, existe o entendimento de que após a indicação das testemunhas, elas 
passam a ser meios de provas do juízo e não da parte que a indicou. Logo, para garantir a 
aplicação efetivo do contraditório, o juiz deve intimar a outra parte para se manifestar 
acerca da desistência e, não havendo concordância, deverá ser produzida a prova. Nesse 
sentido Aury Lopes Junior. 
A parte que indicou a testemunha poderá dispensá-la, desistir do seu depoimento, 
nos termos do artigo 401, §2º do CPP. No entanto, vale ressaltar que o magistrado poderá, 
caso entenda ser aquela testemunha indispensável para a formação do seu convencimento, 
ouvi-la como testemunha do juízo. 
 
→ PONTO CONTROVERSO: O direito de presença e a realização da audiência 
sem a presença do acusado: 
A ampla defesa se manifesta através da defesa técnica e da autodefesa (ou defesa 
pessoal), sendo a primeira indispensável e a segunda dispensável, desde que a 
dispensabilidade dessa decorra da vontade livre e consciente do acusado. 
Em decorrência da autodefesa é garantido ao réu participar ativamente de todos atos 
do processo (Direito de presença). A garantia à autodefesa é essencialmente relevante 
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para o processo penal, posto que é por meio dela que se permite ao réu interferir 
diretamente na dinâmica processual e colaborar para que eventuais questões sejam 
questionadas oportunamente e prontamente pelo profissional responsável pela defesa 
técnica do acusado. 
Não é raro o fato do réu preso não ser conduzido à audiência de instrução, mesmo 
tendo sido requisitado pelo juiz e seu advogado comparece para o ato. Caso o magistrado 
decida proceder à oitiva das testemunhas da acusação e defesa mesmo com a ausência do 
acusado, isso, por si só, não torna o ato nulo, segundo o entendimento doutrinário 
majoritário, pois o direito de presença do réu não é absoluto, e por consequência de tal 
raciocínio prevalece o posicionamento de que se trata de nulidade relativa, cabendo a 
defesa demonstrar o prejuízodecorrente da falta do acusado. Nesse sentido é também o 
entendimento jurisprudencial: 
A doutrina minoritária, representada por Noberto Avena e Aury Lopes Jr, entende 
que tal situação gera nulidade absoluta ao feito, pois “[…] é vício que atinge normas de 
ordem pública, como tais consideradas aquelas que tutelam garantias ou matérias 
tratadas direta ou indiretamente pela Constituição Federal” (AVENA, 2017, p. 716), e 
via de regra, “os exemplos costumam conduzir à violação de princípios constitucionais, 
especialmente o direito de defesa e o contraditório” (LOPES JR, 2018, p. 755). 
 
O último ato praticado na audiência de instrução será o interrogatório do acusado. 
Decorre do direito à ampla defesa, a garantia ao acusado do exercício da defesa 
técnica e da autodefesa. Esta, por sua vez, é constituída por dois elementos: direito de 
audiência direito de presença. 
 Por meio do interrogatório, o acusado exerce o direito de audiência, ou seja, direito 
de permanecer em silêncio ou de influir diretamente no convencimento do juiz narrando-
lhe fatos, manifestando-se sobre a imputação e indicando provas. 
 
Tem como características: 
a) Ato personalíssimo: só o acusado pode ser ouvido, sem que haja a 
possibilidade de ser substituído por outrem. Na hipótese de interrogatório de 
pessoa jurídica acusada de crime ambiental, será ouvido o representante que for 
indicado pela ré, ainda que não seja seu representante legal, uma vez que este pode 
não ter conhecimento do fato. 
AMPLA 
DEFESA
DEFESA 
TÉCNICA
AUTODEFESA
Direito de 
audiência 
Interrogatório
Direito de 
presença
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b) Ato oral: Não se aplica aos casos de réu portador de necessidades 
especiais em razão da deficiência relativa à fala, audição ou ambos os sentidos. 
c) Ato bifásico: interrogatório de qualificação (sobre a pessoa do 
acusado) + interrogatório de mérito (sobre os fatos). 
ATENÇÃO! O direito ao silêncio pode ser exercido, 
apenas, no tocante ao interrogatório de mérito, já que tal 
prerrogativa não alcança as indagações relativas à sua 
qualificação, cujas respostas não têm conteúdo defensivo. 
Inclusive a falta de fornecimento de dados ou fornecimento 
de dados falsos haverá consequências jurídicas, impondo 
sanção. Se o interrogando se recusar a fornecer dados na 
fase do interrogatório de qualificação, ele incorrerá na 
contravenção penal descrita no artigo 68 do Decreto-lei 
3.688/41. 
Frise-se não há previsão no Ordenamento Jurídico 
Brasileiro do crime de perjúrio, que consiste no crime de 
falso testemunho aplicado ao acusado que falta com a 
verdade no processo. No entanto, o interrogando que 
imputar falsamente crime a terceiro responderá pelo crime 
de denunciação caluniosa (artigo 339/CP) e caso assuma a 
autoria de crime inexistente ou praticado por outrem, 
responderá pelo crime de autoacusação falsa, descrito no 
artigo 341/CP. 
d) Ato não preclusivo: pode ser praticado a qualquer tempo, mesmo 
que os autos estejam no Tribunal para julgamento de recurso, o que enseja a 
conversão do julgamento em diligência para que seja o acusado ouvido até mesmo 
pelo órgão de segundo grau (artigo 616 do CPP). 
e) Obrigatório: O caráter obrigatório do interrogatório relaciona-se a 
necessidade de o juiz ouvir o réu presente, constituindo nulidade a inobservância 
do dever em questão (artigo 564, inciso III alínea “e” do CPP). 
 
ATENÇÃO: O Artigo 206 estabelece que o acusado poderá ser conduzido 
coercitivamente para o interrogatório. 
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o 
interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, 
sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá 
mandar conduzi-lo à sua presença. 
No entanto, o STF, entendeu pela inconstitucionalidade da condução coercitiva 
para interrogatório. 
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Direito Processual Penal II 
O STF declarou que a expressão “para o interrogatório”, 
prevista no art. 260 do CPP, não foi recepcionada pela 
Constituição Federal. Assim, caso seja determinada a 
condução coercitiva de investigados ou de réus para 
interrogatório, tal conduta poderá ensejar: 
• A responsabilidade disciplinar, civil e penal do 
agente ou da autoridade; 
• A ilicitude das provas obtidas; 
• A responsabilidade civil do Estado. 
Modulação dos efeitos: o STF afirmou que o 
entendimento acima não desconstitui (não invalida) os 
interrogatórios que foram realizados até a data do 
julgamento, ainda que os interrogados tenham sido 
coercitivamente conduzidos para o referido ato processual. 
 
STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. 
Gilmar Mendes, julgados em 13 e 14/6/2018 (Info 906) 
 
 
Outro ponto que merece destaque é a possibilidade de realização do 
Interrogatório por videoconferência. Até o advento da lei nº11.900/2009, prevalecia o 
entendimento da inconstitucionalidade da medida, entre outros, por ausência de previsão 
legal. 
Após a citada lei o interrogatório por videoconferência passou a estar previsto 
expressamente no código de processo penal, em seu artigo 185, §2º: 
§2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou 
a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso 
por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de 
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja 
necessária para atender a uma das seguintes finalidades: 
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita 
de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, 
possa fugir durante o deslocamento; 
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando 
haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por 
enfermidade ou outra circunstância pessoal; 
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, 
desde que não seja possível colher o depoimento destas por 
videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; 
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. 
Mesmo após a previsão expressa no Código de Processo Penal, conforme citado 
acima, ainda existe controvérsia em torno da possibilidade, à luz dos princípios 
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constitucionais, de realização de interrogatório por meio de videoconferência, sob o 
fundamento de que a medida representa mitigação ao direito de presença do acusado, 
um dos componentes da autodefesa. 
Destacando o caráter excepcional da providência, o STJ já se manifestou pela 
validade do interrogatório por videoconferência. No entanto, o STJ tem entendido que o 
réu não tem direito subjetivo de acompanhar, por sistema de videoconferência, audiência 
de inquirição de testemunhas realizada, presencialmente, perante o Juízo natural da causa, 
por ausência de previsão legal, regulamentar e principiológica.1 
 
Terminada instrução, as partes poderão requerer diligências relacionadas às 
circunstâncias ou fatos que foram apurados na fase de instrução. 
Art. 402. Produzidas as provas, ao final da audiência, o Ministério 
Público, o querelante e o assistente e, a seguir, o acusado poderão 
requerer diligências cuja necessidade se origine de circunstâncias ou 
fatos apurados na instrução. 
 Em sendo deferida a diligência requerida, a audiência é encerrada. Depois de 
concluídas as diligências, as partes deverão apresentar as alegações finais por 
memoriais, no prazo de 5 dias e o juiz terá o prazo de 10 dias para sentenciar. 
Art. 404. Ordenado diligência considerada imprescindível, de ofício ou 
a requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações 
finais. 
Parágrafo único. Realizada, em seguida, a diligência determinada, as 
partes apresentarão, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, suas 
alegações finais, por memorial, e, no prazo de 10 (dez) dias, o juiz 
proferirá asentença. 
 Outra situação que também justifica a apresentação das alegações finais por meio 
de memoriais, devendo ser essa uma excepcionalidade, é a natureza e complexidade da 
causa. 
Art. 403, §3º O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o 
número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias 
sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o 
prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença. 
Se o Ministério Público deixar de apresentar as alegações finais, o juiz deve 
aplicar, por analogia, o disposto no artigo 28 do CPP. Na ação penal privada, se o 
querelante deixa de apresentar alegações finais ou nelas não requerer a condenação do 
querelado ocorrerá a perempção. Caso, porém, requerer a absolvição do querelado, o juiz 
 
1 Acórdãos: HC 422490/MS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, Julgado em 13/03/2018, DJE 20/03/2018. RHC 
077580/RN, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, Julgado em 02/02/2017, DJE 10/02/2017. 
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prosseguirá o feito, proferindo sentença absolutória, por ser ver ela mais favorável para 
aquele. 
 Se as Alegações finais não forem apresentadas pela defesa, o juiz deverá intimar 
o réu para que ele nomeie outro advogado e, caso não o faça, nomeará outro defensor para 
esse fim. 
 
 Inexistindo requerimento de realização de diligências, ou sendo indeferido 
qualquer pedido nesse sentido, passa-se para a fase de julgamento, com a apresentação 
das alegações finais orais. Cada parte terá 20 minutos, prorrogável por mais 10 minutos. 
Art. 403. Não havendo requerimento de diligências, ou sendo 
indeferido, serão oferecidas alegações finais orais por 20 (vinte) 
minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por 
mais 10 (dez), proferindo o juiz, a seguir, sentença. 
 Se houver mais de um réu, o tempo será computado individualmente. 
Art. 403, §1º Havendo mais de um acusado, o tempo previsto para a 
defesa de cada um será individual. 
 Se houver assistente de acusação, ele terá 10 minutos para se manifestar, sendo, 
nesse caso, deferido mais 10 minutos para a defesa. 
Art. 403, §2º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação 
desse, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorrogando-se por igual 
período o tempo de manifestação da defesa. 
 Após a apresentação das alegações finais, o juiz deverá proferir a sentença, em 
regra, oralmente, ou escrita, no prazo de 10 dias. 
Nessa fase, ainda, existe a possibilidade de o magistrado converter o julgamento 
em diligência, mesmo diante da revogação do artigo 502 do CPP, que tratava 
expressamente dessa possibilidade. No entanto, tal prática ainda encontra respaldo no 
artigo 156, inciso II, do CPP. 
 
 
 
 
 
 
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•Art. 396
Oferecimento da 
denúncia ou da 
queixa
•Art. 395
Possibilidade de 
rejeição liminar 
da inicial
•Art. 396
Recebimento 
da inicial
•Pessoal (regra)
•Por edital ou
por hora certa
(Exceções)
Citação do 
acusado
• art. 396-A
Resposta à 
acusação (10 
dias)
• Reanálise do 
artigo 395
Nova 
possibilidade e 
rejeição da inicial • Art. 397
Possibilidade de 
absolvição 
sumária
• Art. 399
Designação de 
data e hora para 
a audiência
• art. 400
Audiência de 
instrução e 
julgamento
• Art. 402
Pedido de 
diligências • Art. 403
Se não houver 
pedido de 
diligências, debates 
e sentença orais
• Art. 404
Se houve pedido de 
diligências ou em casos 
mais complexos, abre-
se prazo para Aleg. 
Finais por memoriais.
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RITO COMUM SUMÁRIO 
 
O rito comum sumário é aplicável aos casos de crimes cuja sanção máxima 
cominada seja inferior a quatro anos e superior a dois anos de pena privativa de liberdade. 
Trata-se de um rito mais simplificado e o objetivo do que o procedimento comum 
ordinário, com algumas fases sendo suprimidas. Seguem as diferenças: 
 
 PROCEDIMENTO 
ORDINÁRIO 
PROCEIDMENTO 
SUMÁRIO 
Crimes Pena máxima superior a 2 
anos e inferior a 4 anos 
Pena máxima igual ou 
superior a 4 anos 
Número de 
testemunhas 
8 (artigo 401/CPP) 5 (artigo 532/CPP) 
Prazo para 
realização 
da AIJ 
60 dias 
(Artigo 400, caput/CPP) 
30 dias 
(Artigo 531/CPP) 
Fase de 
diligências 
Existe (artigo 402/CPP) Inexiste 
Alegações 
finais 
Orais ou por memoriais 
(Artigo 403 e 404/CPP) 
Somente orais 
(Artigo 534/CPP) 
Sentença Orais ou escrita Somente Orais 
(Artigo 534/CPP)

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