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FILHO, FERNANDO VIEIRA. PSICOPATOLOGIA Apresentada de forma simples e objetiva

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FERNANDO VIEIRA FILHO 
PSICOPATOLOGIA 
1 
 
 
FERNANDO VIEIRA FILHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOPATOLOGIA 
Apresentada de forma simples e objetiva. 
Incluindo psicopatologias infantis 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: 
Este trabalho foi organizado para apoio didático. 
A aplicação, prescrição e medicação, de que qualquer medicamento apresentado neste livro é 
ato médico. 
 
RIO DE JANEIRO 
2008 
2 
 
 
ÍNDICE 
Introdução........................................................................04 
Agorafobia........................................................................05 
Alcoolismo........................................................................06 
Anorexia...........................................................................18 
Ansiedade.........................................................................20 
Ansiedade Generalizada..................................................21 
Ansiedade Social..............................................................24 
Autismo..............................................................................29 
Bipolar................................................................................29 
Bulimia................................................................................33 
Ciclotimia............................................................................35 
Cleptomania.......................................................................35 
Cocaína..............................................................................36 
Crack..................................................................................37 
Déficit de Atenção..............................................................38 
Delirante.............................................................................42 
Demências...........................................................................42 
Depressão ..........................................................................45 
Depressão Pós-Parto .........................................................48 
Dissociativo..........................................................................49 
Distimia................................................................................52 
Ecstasy.................................................................................54 
Esquizoafetivo......................................................................57 
Esquizofrenia........................................................................58 
Esquizofreniforme.................................................................69 
Estresse Pós-Traumático.....................................................69 
Fobia Social..........................................................................71 
Fobia Específica...................................................................74 
Maconha...............................................................................75 
Obsessivo Compulsivo........................................................78 
Pânico...................................................................................80 
3 
 
Personalidade Patológica e seus 08 transtornos: ...........87 
Transtorno de Personalidade Antissocial........................87 
Transtorno de Personalidade Borderline..........................88 
Transtorno de Personalidade Paranóide..........................88 
Transtorno de Personalidade Dependente......................89 
Transtorno de Personalidade Esquizóide........................89 
Transtorno de Personalidade Ansiosa..............................90 
Transtorno de Personalidade Histriônica.........................90 
Transtorno de Personalidade Obsessiva.........................91 
Piromania.............................................................................91 
Psicose.................................................................................92 
Psicose Puerperal................................................................93 
Psicose Transitória...............................................................94 
Somatoforme........................................................................95 
Sono.....................................................................................96 
Suicídio.................................................................................98 
Tensão Pré-Menstrual..........................................................102 
Tricotilomania........................................................................104 
Criança..................................................................................106 
Ansiedade na Infância..........................................................106 
Ansiedade Generalizada na Infância..................................106 
Ansiedade de Separação dos Pais.....................................107 
Autismo.................................................................................108 
Transtornos de Conduta na Infância..................................111 
Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)................112 
Depressão Infantil.................................................................116 
Fobias na Infância................................................................117 
Ansiedade Social na Infância..............................................117 
Transtornos Infantis..............................................................118 
Transtorno Obsessivo-Compulsivo Infantil........................118 
Retardo Mental na Infância..................................................119 
Dismorfofobia / Transtorno Dismórfico Corporal (TDC)....120 
Fontes pesquisadas.............................................................123 
 
4 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Fiz este trabalho de pesquisa para meu uso pessoal, o qual, agora compartilho com 
vocês. Este texto é direcionado para estudantes de graduação, pós-graduação e mestrado 
na área de saúde mental. E foi estruturado de forma simples e descomplicada, para uma 
consulta rápida e precisadas principais psicopatologias conhecidas. 
 A psicopatologia pode ser definida como um estudo descritivo dos fenômenos 
psíquicos de cunho anormal. Estudando os gestos, o comportamento e as expressões dos 
enfermos além dos relatos e autodescrições feitas por estes. Lembrando que: A aplicação, 
prescrição e medicação, de que qualquer medicamento apresentado neste livro é 
matéria médica, de uso exclusivo do profissional habilitado em medicina. 
 O termo Psicopatologia é de origem grega; psykhé significando alma e, patologia, 
implicando em morbidade. Portanto, podemos considerar que a Psicopatologia é um termo 
que se refere tanto ao estudo dos estados mentais patológicos, quanto à manifestação de 
comportamentos e experiências que podem indicar um estado mental ou psicológico 
anormal, que leva a pessoa a um transtorno e sofrimento mental. 
 
Fernando Vieira Filho é psicoterapeuta/clínico, especialista em psicologia sistêmica, especialista 
em Psicossomática, Terapia com Florais de Bach e Homeopatia, especialista em 
psicossomática, palestrante na área comportamental e autor do livro “Cure Suas Mágoas e Seja 
Feliz!” 2ª edição, Barany Editora, 2012 e, coautor do livro "Dieta dos Símbolos" 6ª edição, 
Melhoramentos, 2004. 
Para saber mais http://clubedovendedor.com.br/149/ 
 
 
5 
 
 
 
 
AGORAFOBIA 
A agorafobia é o comportamento de evitação provocados por lugares ou situações onde o 
escape seria difícil ou embaraçoso caso se tenha uma crise de pânico ou algum mal estar. 
Características: 
A relação entre a agorafobia e o pânico é muito próxima. Existe transtorno do pânico semagorafobia, mas a agorafobia sem pânico é rara, havendo até mesmo quem afirme que não 
existe agorafobia isoladamente. De 1/3 a 1/2 dos pacientes com pânico apresentam 
agorafobia. As crises de pânico são bastante desagradáveis, mas não afetam o ritmo de vida 
como a agorafobia faz: torna os pacientes dependentes de outras pessoas para sair de casa 
e fazer as coisas mais elementares como comprar um pão na padaria. A agorafobia pode 
impedir o paciente de ir ao trabalho, ao médico, de ajudar quem dele precisa. Pode até 
impedir o paciente de comparecer a ocasiões especiais como o casamento do próprio filho. 
A agorafobia pode tanto se manifestar de forma específica ou generalizada como sair de 
casa. Os lugares específicos mais frequentemente atingidos pela a agorafobia são os túneis, 
passarelas, pontes, avenidas largas ou rodovias; pode se manifestar pelo medo de 
multidões como nos shopping, restaurantes, filas, cinemas, teatros, elevadores. A limitação 
eventual incomoda pouco, mas quando atingem locais essenciais como ônibus, carros, 
metrô ou trens a vida do paciente fica bem mais comprometida. Toda essa dificuldade 
sempre é superada pela companhia de alguém: às vezes basta uma criança como 
companhia para o agorafóbico sentir-se tranquilo. Por causa da necessidade de companhia, 
a agorafobia interfere na dinâmica da família. Há pacientes que não toleram ficar sozinhos 
em casa, precisando ou exigindo a presença de alguém. Este tipo de problema provoca 
irritação nos parentes que quando não conhecem o problema passam a hostilizar ou 
ridicularizar o paciente que sofre com sua ansiedade e com a incompreensão. Quando o 
tratamento não é feito ou não é conhecido, o paciente realmente depende da presença de 
outras pessoas, e surge com isso um sentimento de culpa por estar interferindo na vida dos 
outros e ao mesmo tempo uma inconformidade com essa situação incontrolável é 
incompreensível para o próprio paciente. A impossibilidade de solucionar o problema leva o 
paciente a pensar em suicídio e a desenvolver um quadro depressivo. 
Diagnóstico 
Para a realização do diagnóstico basta a existência do comportamento marcante de evitação 
de determinados locais (que são sempre os mesmos) por medo de passar mal, ter um 
ataque de pânico (quando o paciente sofre de pânico também) ou de ter os sintomas 
parecidos a um ataque de pânico, sem que nada de errado tenha acontecido nesse local 
com esse paciente. Ter medo de passar em túneis porque uma vez acidentou-se no seu 
interior não pode ser classificado como agorafobia: trata-se mais provavelmente de estresse 
pós-traumático. Um ataque de pânico não pode ser considerado um trauma ainda que os 
ataques sejam fortes. A agorafobia pode resultar de uma crise de pânico ocorrida dentro de 
6 
 
um túnel, mas nem todas as crises dentro de túneis provocam medo de passar por eles, e 
nem todas as agorafobias por túneis são devido a crises de pânico dentro de túneis. Um 
paciente pode ter crises em casa, na rua e nunca ter tido dentro de um túnel, mas por 
acreditar que poderá ter uma crise no túnel fazemos o diagnóstico de agorafobia. 
Tratamento 
A agorafobia é um transtorno resistente às medicações: ou ela remite espontaneamente ao 
longo do tempo, paralelamente ao tratamento dos transtornos relacionados com o pânico 
como a depressão, ou ela permanece. A terapia cognitiva comportamental é a única técnica 
eficaz conhecida para tratar a agorafobia. 
 
ALCOOLISMO 
O alcoolismo é o conjunto de problemas relacionado ao consumo excessivo e prolongado do 
álcool; é entendido como o vício de ingestão excessiva e regular de bebidas alcoólicas, e 
todas as consequências decorrentes. O alcoolismo é, portanto, um conjunto de diagnósticos. 
Dentro do alcoolismo existe a dependência, a abstinência, o abuso (uso excessivo, porém 
não continuado), intoxicação por álcool (embriaguez). Síndromes amnésicas (perdas 
restritas de memória), demencial, alucinatória, delirante, de humor. Distúrbios de ansiedade, 
sexuais, do sono e distúrbios inespecíficos. Por fim o delirium tremens, que pode ser fatal. 
Assim o alcoolismo é um termo genérico que indica algum problema, mas medicamente para 
maior precisão é necessário apontar qual ou quais distúrbios estão presentes, pois 
geralmente há mais de um. 
A Dependência (Submissão) 
O comportamento de repetição obedece a dois mecanismos básicos não patológicos: o 
reforço positivo e o reforço negativo. O reforço positivo refere-se ao comportamento de 
busca do prazer: quando algo é agradável à pessoa busca os mesmos estímulos para obter 
a mesma satisfação. O reforço negativo refere-se ao comportamento de evitação de dor ou 
desprazer. Quando algo é desagradável à pessoa procura os mesmos meios para evitar a 
dor ou desprazer, causados numa dada circunstância. A fixação de uma pessoa no 
comportamento de busca do álcool obedece a esses dois mecanismos acima apresentados. 
No começo a busca é pelo prazer que a bebida proporciona. Depois de um período, quando 
a pessoa não alcança mais o prazer anteriormente obtido, não consegue mais parar porque 
sempre que isso é tentado surgem os sintomas desagradáveis da abstinência, e para evitá-
los a pessoa mantém o uso do álcool. O reforço positivo e negativo são mecanismos ou 
recursos normais que permitem às pessoas se adaptarem ao seu ambiente. 
As medicações hoje em uso atuam sobre essas fases: a naltrexona inibe o prazer dado pelo 
álcool, inibindo o reforço positivo; o acamprosato diminui o mal estar causado pela 
abstinência, inibindo o reforço negativo. Provavelmente, dentro de pouco tempo, teremos 
estudos avaliando o benefício trazido pela combinação dessas duas medicações para os 
dependentes de álcool que não obtiveram resultados satisfatórios com cada uma 
isoladamente. 
7 
 
Tolerância e Dependência: 
A tolerância e a dependência ao álcool são dois eventos distintos e indissociáveis. A 
tolerância é a necessidade de doses maiores de álcool para a manutenção do efeito de 
embriaguez obtido nas primeiras doses. Se no começo uma dose de uísque era suficiente 
para uma leve sensação de tranquilidade, depois de duas semanas (por exemplo) são 
necessárias duas doses para o mesmo efeito. Nessa situação se diz que o indivíduo está 
desenvolvendo tolerância ao álcool. Normalmente, à medida que se eleva a dose da bebida 
alcoólica para se contornar a tolerância, ela volta em doses cada vez mais altas. Aos 
poucos, cinco doses de uísque podem se tornar inócuas para o indivíduo que antes se 
embriagava com uma dose. Na prática não se observa uma total tolerância, mas de forma 
parcial. Um indivíduo que antes se embriagava com uma dose de uísque e passa a ter uma 
leve embriaguez com três doses está tolerante apesar de ter algum grau de embriaguez. O 
alcoólatra não pode dizer que não está tolerante ao álcool por apresentar sistematicamente 
certo grau de embriaguez. O critério não é a ausência ou presença de embriaguez, mas a 
perda relativa do efeito da bebida. A tolerância ocorre antes da dependência. Os primeiros 
indícios de tolerância não significam, necessariamente, dependência, mas é o sinal claro de 
que a dependência não está longe. A dependência é simultânea à tolerância. A dependência 
será tanto mais intensa quanto mais intenso for o grau de tolerância ao álcool. Dizemos que 
a pessoa tornou-se dependente do álcool quando ela não tem mais forças por si própria de 
interromper ou diminuir o uso do álcool. 
O alcoólatra iniciante sempre tem a impressão de que pode parar quando quiser e afirma: 
"quando eu quiser, eu paro". Essa frase geralmente encobre o alcoolismo incipiente e 
resistente; resistente porque o paciente nega qualquer problema relacionado ao álcool, 
mesmo que osoutros não acreditem, ele próprio acredita na ilusão que criou. A negação do 
próprio alcoolismo, quando ele não é evidente ou está começando, é uma forma de defesa 
da autoimagem (aquilo que a pessoa pensa de si mesma). O alcoolismo, como qualquer 
diagnóstico psiquiátrico, é estigmatizante. Fazer com que uma pessoa reconheça o próprio 
estado de dependência alcoólica, é exigir dela uma forte quebra da autoimagem e 
consequentemente da autoestima. Com a autoestima enfraquecida a pessoa já não tem a 
mesma disposição para viver e, portanto, lutar contra a própria doença. É uma situação 
paradoxal para a qual não se obteve uma solução satisfatória. Dependerá da arte de 
conduzir cada caso particularmente, dependerá da habilidade de cada psiquiatra. 
Aspectos Gerais da doença: 
A identificação precoce do alcoolismo geralmente é prejudicada pela negação dos pacientes 
quanto a sua condição de alcoólatras. Além disso, nos estágios iniciais é mais difícil fazer o 
diagnóstico, pois os limites entre o uso "social" e a dependência nem sempre são claros. 
Quando o diagnóstico é evidente e o paciente concorda em se tratar é porque já se passou 
muito tempo, e diversos prejuízos foram sofridos. É mais difícil de reverter o processo. Como 
a maioria dos diagnósticos mentais, o alcoolismo possui um forte estigma social, e os 
usuários tendem a evitar esse estigma. Esta defesa natural para a preservação da 
autoestima acaba trazendo atrasos na intervenção terapêutica. Para se iniciar um tratamento 
para o alcoolismo é necessário que o paciente preserve em níveis elevados sua autoestima 
sem, contudo, negar sua condição de alcoólatra, fato muito difícil de conseguir na prática. O 
profissional deve estar atento a qualquer modificação do comportamento dos pacientes no 
8 
 
seguinte sentido: falta de diálogo com o cônjuge, frequentes explosões temperamentais com 
manifestação de raiva, atitudes hostis, perda do interesse na relação conjugal. O Álcool 
pode ser procurado tanto para ficar sexualmente desinibido como para evitar a vida sexual. 
No trabalho os colegas podem notar um comportamento mais irritável do que o habitual, 
atrasos e mesmo faltas. Acidentes de carro passam a acontecer. Quando essas situações 
acontecem é sinal de que o indivíduo já perdeu o controle da bebida: pode estar travando 
uma luta solitária para diminuir o consumo do álcool, mas geralmente as iniciativas pessoais 
resultam em fracassos. As manifestações corporais costumam começar por vômitos pela 
manhã, dores abdominais, diarreia, gastrites, aumento do tamanho do fígado. Pequenos 
acidentes que provocam contusões, e outros tipos de ferimentos se tornam mais frequentes, 
bem como esquecimentos mais intensos do que os lapsos que ocorrem naturalmente com 
qualquer um, envolvendo obrigações e deveres sociais e trabalhistas. A susceptibilidade a 
infecções aumenta e dependendo da predisposição de cada um, podem surgir crises 
convulsivas. Nos casos de dúvidas quanto ao diagnóstico, deve-se sempre avaliar 
incidências familiares de alcoolismo porque se sabe que a carga genética predispõe ao 
alcoolismo. É muito mais comum do que se imagina a coexistência de alcoolismo com outros 
problemas psiquiátricos prévios ou mesmo precipitante. Os transtornos de ansiedade, 
depressão e insônia podem levar ao alcoolismo. Tratando-se a base do problema muitas 
vezes se resolve o alcoolismo. Já os transtornos de personalidade tornam o tratamento mais 
difícil e prejudicam a obtenção de sucesso. 
Tratamento 
O alcoolismo, essencialmente, é o desejo incontrolável de consumir bebidas alcoólicas numa 
quantidade prejudicial ao bebedor. O núcleo da doença é o desejo pelo álcool; há tempos 
isto é aceito, mas nunca se obteve uma substância psicoativa que inibisse tal desejo. Como 
prova de que inúmeros fracassos não desanimaram os pesquisadores, temos hoje já 
comprovadas, ou em fase avançada de testes, três substâncias eficazes na supressão do 
desejo pelo álcool, três remédios que atingem a essência do problema, que cortam o mal 
pela raiz. Estamos falando naltrexona, do acamprosato e da ondansetrona. O tratamento do 
alcoolismo não deve ser confundido com o tratamento da abstinência alcoólica. Como o 
organismo incorpora literalmente o álcool ao seu metabolismo, a interrupção da ingestão de 
álcool faz com que o corpo se ressinta: a isto chamamos abstinência que, dependendo, do 
tempo e da quantidade de álcool consumidos pode causar sérios problemas e até a morte 
nos casos não tratados. As medicações acima citadas não têm finalidade de atuar nessa 
fase. A abstinência já tem suas alternativas de tratamento bem estabelecidas e 
relativamente satisfatórias. O Dissulfiram é uma substância que força o paciente a não 
beber sob a pena de intenso mal estar: se isso for feito, não suprime o desejo e deixa o 
paciente num conflito psicológico amargo. Muitos alcoólatras morreram por não conseguirem 
conter o desejo pelo álcool enquanto estavam sob efeito do Dissulfiram. Mesmo sabendo o 
que poderia acontecer, não conseguiram evitar a combinação do álcool com o Dissulfiram, 
não conseguiram sequer esperar a eliminação do Dissulfiram. Fatos como esses servem 
para que os clínicos e os não alcoólatras saibam o quanto é forte a inclinação para o álcool 
sofrido pelos alcoólatras, mais forte que a própria ameaça de morte. Serve também para 
medir o grau de benefício trazido pelas medicações que suprimem o desejo pelo álcool, 
atualmente disponíveis. Podemos fazer uma analogia para entender essa evolução. Com o 
Dissulfiram o paciente tem que fazer um esforço semelhante ao motorista que tenta segurar 
9 
 
um veículo ladeira abaixo, pondo-se à frente deste, tentando impedir que o automóvel 
deslanche, atropelando o próprio motorista. Com as novas medicações o motorista está 
dentro do carro apertando o pedal do freio até que o carro chegue ao fim da ladeira. Em 
ambos os casos, é possível chegar ao fim da ladeira (controle do alcoolismo). Numa o 
esforço é enorme causando grande percentagem de fracassos; noutro o esforço é pequeno, 
permitindo grande adesão ao tratamento. Vejamos agora algumas informações sobre as 
novas medicações. 
Naltrexona 
A naltrexona é uma substância conhecida há vários anos; seu uso restringia-se ao bloqueio 
da atividade dos opióides. É uma espécie de antídoto para a intoxicação de heroína, morfina 
e similares. Recentemente verificou-se que a naltrexona possui um efeito bloqueador do 
prazer proporcionado pelo álcool, cortando o ciclo de reforço positivo que leva e mantém o 
alcoolismo. A naltrexona foi à primeira substância a atingir a essência do alcoolismo: o 
desejo pelo consumo de álcool. Como era uma medicação conhecida quanto aos efeitos 
benéficos e colaterais, sua utilização para o alcoolismo foi relativamente rápida, pois já se 
encontrava no mercado há muitos anos: bastou que se acrescentasse na bula uma nova 
indicação, o tratamento do alcoolismo. Os principais efeitos colaterais da naltrexona, o enjôo 
e o vômito não são intensos o suficiente para impedir o seu uso. Os principais efeitos da 
naltrexona são inibir o desejo pelo álcool e mesmo que se beba o prazer da sensação de 
estar "alto" é abolido. Assim, a bebida para o alcoólatra em uso de naltrexona se torna sem 
graça. Como não há uma interação danosa entre Álcool e naltrexona, a naltrexona exerce 
uma real atividade terapêutica. Os estudos mostram que a recaída do alcoolismo é menor 
entre as pessoas que fazem uso de naltrexona em relação ao placebo; o baixo índice de 
efeitos colaterais da naltrexona permite que os pacientes se comprometam ao tratamento 
prolongado. Agora ficou mais fácil diferenciar o alcoólatra impotente perante seu vício 
daquele que simplesmente não quer abandonaro prazer da embriaguez. O paciente que se 
nega a tratar-se por perceber que a naltrexona abole o prazer é o alcoólatra por opção; 
aquele que adere ao tratamento era a vítima do vício. Por fim, não podemos esquecer que 
nem todos os pacientes se beneficiam da naltrexona, ou seja, há uma parcela da população 
que mesmo em uso da naltrexona mantém o prazer da bebida e nesses o tratamento é 
ineficaz. A naltrexona foi o primeiro e grande passo para o tratamento do alcoolismo, mas 
não resolveu todo o problema sozinho. 
Acamprosato 
Essa substância ao contrário da naltrexona é nova e foi criada especificamente para o 
tratamento do alcoolismo. Está sendo introduzida no mercado brasileiro pela Merck, mas já é 
usada na Europa há alguns anos. O mecanismo do acamprosato é distinto da naltrexona 
embora também diminua o desejo pelo álcool. O acamprosato atua mais na abstinência, 
reduzindo o reforço negativo deixados pela supressão do álcool naqueles que se tornaram 
dependentes. Podemos dizer que há basicamente dois mecanismos de manutenção da 
dependência química ao álcool: inicialmente há o reforço pelo estímulo positivo, pela busca 
de gratificação e prazer dada pelo álcool. À medida que o indivíduo se torna tolerante às 
primeiras doses passa a ser necessária sua elevação para voltar a ter o mesmo prazer das 
primeiras doses. Nessa fase o indivíduo já é dependente e está em aprofundamento e 
agravamento da dependência. A bebida não dá mais prazer algum e por outro lado trouxe 
10 
 
uma série de problemas pessoais e sociais; o alcoólatra está preso ao vício porque ao tentar 
interromper o consumo de álcool surgem os efeitos da abstinência. Nessa fase o alcoolista 
bebe não mais por prazer, mas para não sofrer os efeitos da abstinência alcoólica. É nesta 
fase que o acamprosato atua. Além de inibir os efeitos agudos da abstinência como os 
benzodiazepínicos fazem, o acamprosato inibe o desejo pelo álcool nessa fase, diminuindo 
as taxas de recaída para os pacientes que interromperam o consumo de álcool. A principal 
atividade do acamprosato é sobre os neurotransmissores gabaérgicos, taurinérgicos e 
glutamatérgicos, envolvidos no mecanismo da abstinência alcoólica. O acamprosato tem 
poucos efeitos colaterais: os principais indicados foram confusão mental leve, dificuldade de 
concentração, alterações das sensações nos membros inferiores, dores musculares, 
vertigens. 
Ondansetrona 
Esta medicação vem sendo usada e aprovada como inibidor de vômitos, principalmente nos 
pacientes que fazem uso de medicações que provocam fortes enjoos como alguns 
quimioterápicos. Está em estudo a utilização na bulimia nervosa para conter os vômitos 
induzidos por esses pacientes. Mais recentemente vem sendo estudado seu efeito no 
tratamento do álcool. Esses estudos ainda estão em fase preliminar; uma possível 
aprovação para o alcoolismo deverá levar talvez alguns anos. Essa medicação tem um 
efeito específico como antagonista do receptor serotoninégico 5-HT3. Por enquanto há 
poucos estudos da eficácia da Ondansetrona no alcoolismo, o que se obteve, por enquanto, 
é uma maior eficácia no tratamento do alcoolismo nas fases iniciais. Alcoolistas de longa 
data e doses altas não apresentaram resultado muito superior ao placebo. Se aprovada 
hoje, sua utilização recairia sobre os pacientes alcoólatras há pouco tempo. A forma de ação 
é parecida a da naltrexona, inibindo o reforço positivo, o prazer que o álcool dá nas fases 
iniciais do alcoolismo. Os pacientes que tomam Ondansetrona tendem a beber menos que o 
habitual. Os autores de um recente trabalho com a Ondansetrona (JAMA. 2000; 284:963-
971) consideraram-se frustrados com o resultado clínico obtido. 
Problemas: 
Diversos são os problemas causados pela bebida alcoólica pesada e prolongada. Fugiria ao 
nosso objetivo entrar em detalhes a esse respeito, por isso abordaremos o tema 
superficialmente. 
Sistema Nervoso - Amnésias nos períodos de embriaguez acontecem em 30 a 40% das 
pessoas no fim da adolescência e início da terceira década de vida: provavelmente o álcool 
inibe algum dos sistemas de memória impedindo que a pessoa se recorde de fatos ocorridos 
durante o período de embriaguez. Induz a sonolência, mas o sono sob efeito do álcool não é 
natural, tendo sua estrutura registrada no eletro-encefalograma alterado. Entre 5 e 15% dos 
alcoólatras apresentam neuropatia periférica. Este problema consiste num permanente 
estado de hipersensibilidade, dormência, formigamento nas mãos, pés ou ambos. Nas 
síndromes alcoólicas podem-se encontrar quase todas as patologias psiquiátricas: estados 
de euforia patológica, depressões, estados de ansiedade na abstinência, delírios e 
alucinações, perda de memória e comportamento desajustado. 
Sistema Gastrintestinal - Grande quantidade de álcool ingerida de uma vez pode levar a 
inflamação no esôfago e estômago o que pode levar a sangramentos além de enjoo, vômitos 
11 
 
e perda de peso. Esses problemas costumam ser reversíveis, mas as varizes decorrentes de 
cirrose hepática além de irreversíveis são potencialmente fatais devido ao sangramento de 
grande volume que pode acarretar. Pancreatites agudas e crônicas são comuns nos 
alcoólatras constituindo-se uma emergência à parte. A cirrose hepática é um dos problemas 
mais falados dos alcoólatras; é um problema irreversível e incompatível com a vida, levando 
o alcoólatra lentamente à morte. 
Câncer - Os alcoólatras estão 10 vezes mais sujeitos a qualquer forma de câncer que a 
população em geral. 
Sistema Cardiovascular - Doses elevadas por muito tempo provocam lesões no coração 
provocando arritmias e outros problemas como trombos e derrames consequentes. É 
relativamente comum a ocorrência de um acidente vascular cerebral após a ingestão de 
grande quantidade de bebida. 
Hormônios Sexuais - O metabolismo do álcool afeta o balanço dos hormônios reprodutivos 
no homem e na mulher. No homem o álcool contribui para lesões testiculares o que 
prejudica a produção de testosterona e a síntese de esperma. Já com cinco dias de uso 
contínuo de 220 gramas de álcool os efeitos acima mencionados começam a se manifestar 
e continua a se aprofundar com a permanência do álcool. Essa deficiência contribui para a 
feminilização dos homens, com o surgimento, por exemplo, de ginecomastia (presença de 
mamas no homem). 
Hormônios Tireoidianos - Não há evidências de que o alcoolismo afete diretamente os 
níveis dos hormônios tireoidianos. Há pacientes alcoólatras que apresentam alterações tanto 
para mais como para menos nos níveis desses hormônios; presume-se que quando isso 
ocorre seja de forma indireta por afetar outros sistemas do corpo. 
Hormônio do crescimento - Alterações são observadas em indivíduos que abusam de 
álcool, mas essas alterações não provocam problemas detectáveis como inibição do 
crescimento ou baixa estatura, pelo menos até o momento. 
Hormônio Antidiurético - Esse hormônio inibe a perda de água pelos rins, o álcool inibe 
esse hormônio: como resultado a pessoa perde mais água que o habitual, urina mais, o que 
pode levar a desidratação. 
Ocitocina - Esse hormônio é responsável pelas contrações do útero no parto. O álcool tanto 
pode inibir um parto prematuro como atrapalhar um parto a termo, podendo tanto ser 
terapêutico como danoso. 
Insulina - O álcool não afeta diretamente os níveis de insulina: quando isso acontece é por 
causa de uma possível pancreatite que é outro processo distinto. A diminuição do açúcar no 
sangue não se deve a ação do álcool sobre a insulina ou sobre o glucagon (outro hormônio 
envolvido no metabolismo do açúcar). 
Gastrina - Este hormônio estimula a secreção de ácido no estômago preparando-o para a 
digestão. O principalestímulo para a secreção de gastrina é a presença de alimentos no 
estômago, principalmente as proteínas. É controverso o efeito do álcool sobre a gastrina, 
alguns pesquisadores dizem que o álcool não provoca sua liberação, outros dizem que 
12 
 
provoca o que levaria ao aumento da acidez estomacal. Podem provocar úlceras no 
aparelho digestivo. 
 
Recaída (Reincidência) 
A taxa de recaída (voltar a beber depois de ter se tornado dependente e parado com o uso 
de álcool) é muito alta: aproximadamente 90% dos alcoólatras voltam a beber nos 4 anos 
seguintes a interrupção, quando nenhum tratamento é feito. A semelhança com outras 
formas de dependência como a nicotina, tranquilizantes, estimulantes, etc., levam a crer que 
um há um mecanismo psicológico (cognitivo) em comum. O dependente que consiga 
manter-se longe do primeiro gole terá mais chances de contornar a recaída. O aspecto 
central da recaída é o chamado "craving", palavra sem tradução para o português que 
significa uma intensa vontade de voltar a consumir uma droga pelo prazer que ela causa. O 
craving é a dependência psicológica propriamente dita. 
As mulheres são mais vulneráveis ao álcool que os homens? 
Aparentemente as mulheres são mais vulneráveis sim. Elas atingem concentrações 
sanguíneas de álcool mais altas com as mesmas doses quando comparadas aos homens. 
Parece também que sob a mesma carga de álcool os órgãos das mulheres são mais 
prejudicados do que o dos homens. A idade onde se encontra a maior incidência de 
alcoolismo feminino está entre 26e 34 anos, principalmente entre mulheres separadas. Se a 
separação foi causa ou efeito do alcoolismo isto ainda não está claro. As consequências do 
alcoolismo sobre os órgãos são diferentes nas mulheres: elas estão mais sujeitas a cirrose 
hepática do que o homem. Alguns estudos mostram que o consumo moderado de álcool 
diário aumenta as chances de câncer de mama. Uma dose de bebida por dia não afeta a 
incidência desse câncer. 
Filhos de Alcoólatras 
Milhões de crianças e adolescentes convivem com algum parente alcoólatra no Brasil. As 
estatísticas mostram que eles estarão mais sujeitos a problemas emocionais e psiquiátricos 
do que a população desta faixa etária não exposta ao problema, o que de forma alguma 
significa que todos eles serão afetados. Na verdade 59% não desenvolvem nenhum 
problema. O primeiro problema que podemos citar é a baixa autoestima e autoimagem com 
consequentes repercussões negativas sobre o rendimento escolar e demais áreas do 
funcionamento mental, inclusive em testes de QI. Esses adolescentes e crianças tendem 
quando examinados a subestimarem suas próprias capacidades e qualidades. Outros 
problemas comuns em filhos e parentes de alcoólatras são persistência em mentiras, roubo, 
conflitos e brigas com colegas, vadiagem e problemas com o colégio. 
O alcoolismo e a genética 
Esta pergunta bastante antiga vem sendo mais bem estudada nas últimas décadas através 
de estudos com gêmeos, e será mais aprofundada com o projeto genoma. A influência 
familiar do alcoolismo é um fato já conhecido e aceito. O que se pergunta é se o alcoolismo 
ocorre por influência do convívio ou por influência genética. Para responder a essa pergunta 
a melhor maneira é a verificação prática da influência, o que pode ser feito estudando os 
13 
 
filhos dos alcoólatras. Estudos como esses podem investigar os gêmeos monozigóticos 
(idênticos) e os dizigóticos. Constatou-se que quando um dos gêmeos idênticos se torna 
alcoólatra o irmão se torna mais frequentemente alcoólatra do que os irmãos gêmeos não 
idênticos. Essa constatação mostra a influência genética real, mas não explica porque, 
mesmo tendo os "genes do alcoolismo," uma pessoa não se torna alcoólatra. Os estudos 
familiares mostraram que a participação genética é inegável, mas apenas parcial, os demais 
fatores que levam ao desenvolvimento do alcoolismo não estão suficientemente claros. 
Problemas Causados pelo Alcoolismo: 
Abuso 
A pessoa que abusa de álcool não é necessariamente alcoólatra, ou seja, dependente e faz 
uso continuado. O critério de abuso existe para caracterizar as pessoas que eventualmente, 
mas recorrentemente têm problemas por causa dos exagerados consumos de álcool em 
curtos períodos de tempo. Critérios: para se fazer esse diagnóstico é preciso que o paciente 
esteja tendo problemas com álcool durante pelo menos 12 meses e ter pelo menos uma das 
seguintes situações: 
 a) prejuízos significativos no trabalho, escola ou família como faltas ou negligências nos 
cuidados com os filhos. 
b) exposição a situações potencialmente perigosas como dirigir ou manipular máquinas 
perigosas embriagado. 
c) problemas legais como desacato a autoridades ou superiores. 
d) persistência no uso de álcool apesar do apelo das pessoas próximas em que se 
interrompa o uso. 
Dependência 
Para se fazer o diagnóstico de dependência alcoólica é necessário que o usuário venha 
tendo problemas decorrentes do uso de álcool durante 12 meses seguidos e preencher pelo 
menos 3 dos seguintes critérios: 
 a) apresentar tolerância ao álcool -- marcante aumento da quantidade ingerida para 
produção do mesmo efeito obtido no início ou marcante diminuição dos sintomas de 
embriaguez ou outros resultantes do consumo de álcool apesar da continua ingestão de 
álcool. 
 b) sinais de abstinência -- após a interrupção do consumo de álcool a pessoa passa a 
apresentar os seguintes sinais: sudorese excessiva, aceleração do pulso (acima de 100), 
tremores nas mãos, insônia, náuseas e vômitos, agitação psicomotora, ansiedade, 
convulsões, alucinações táteis. A reversão desses sinais com a reintrodução do álcool 
comprova a abstinência. Apesar do álcool "tratar" a abstinência o tratamento de fato é feito 
com Diazepam ou clordiazepóxido dentre outras medicações. 
c) o dependente de álcool geralmente bebe mais do que planejava beber d) persistente 
desejo de voltar a beber ou incapacidade de interromper o uso. e) emprego de muito tempo 
14 
 
para obtenção de bebida ou recuperando-se do efeito. f) persistência na bebida apesar dos 
problemas e prejuízos gerados como perda do emprego e das relações familiares. 
 
 
Abstinência 
A síndrome de abstinência constitui-se no conjunto de sinais e sintomas observado nas 
pessoas que interrompem o uso de álcool após longo e intenso uso. As formas mais leves 
de abstinência se apresentam com tremores, aumento da sudorese, aceleração do pulso, 
insônia, náuseas e vômitos, ansiedade depois de 6 a 48 horas desde a última bebida. A 
síndrome de abstinência leve não precisa necessariamente surgir com todos esses 
sintomas, na maioria das vezes, inclusive, limita-se aos tremores, insônia e irritabilidade. A 
síndrome de abstinência torna-se mais perigosa com o surgimento do delirium tremens. 
Nesse estado o paciente apresenta confusão mental, alucinações, convulsões. Geralmente 
começa dentro de 48 a 96 horas a partir da ultima dose de bebida. Dada a potencial 
gravidade dos casos é recomendável tratar preventivamente todos os pacientes 
dependentes de álcool para se evitar que tais síndromes surjam. Para se fazer o diagnóstico 
de abstinência, é necessário que o paciente tenha pelo menos diminuído o volume de 
ingestão alcoólica, ou seja, mesmo não interrompendo completamente é possível surgir a 
abstinência. Alguns pesquisadores afirmam que as abstinências tornam-se mais graves na 
medida em que se repetem, ou seja, um dependente que esteja passando pela quinta ou 
sexta abstinência estará sofrendo os sintomas mencionados com mais intensidade, até que 
surja um quadro convulsivo ou de delirium tremens. As primeiras abstinências são menos 
intensas e perigosas. 
DeliriumTremens 
O Delirium Tremens é uma forma mais intensa e complicada da abstinência. Delírio é um 
diagnóstico inespecífico em psiquiatria que designa estado de confusão mental: a pessoa 
não sabe onde está em que dia está não consegue prestar atenção em nada, tem um 
comportamento desorganizado, sua fala é desorganizada ou ininteligível, a noite pode ficar 
mais agitado do que de dia. A abstinência e várias outras condições médicas não 
relacionadas ao alcoolismo podem causar esse problema. Como dentro do estado de delírio 
da abstinência alcoólica são comuns os tremores intensos ou mesmo convulsão, o nome 
ficou como Delirium Tremens. Um traço comum no delírio, mas nem sempre presente são as 
alucinações táteis e visuais em que o paciente "vê" insetos ou animais asquerosos próximos 
ou pelo seu corpo. Esse tipo de alucinação pode levar o paciente a um estado de agitação 
violenta para tentar livrar-se dos animais que o atacam. Pode ocorrer também uma forma de 
alucinação induzida, por exemplo, o entrevistador pergunta ao paciente se está vendo as 
formigas andando em cima da mesa sem que nada exista e o paciente passa a ver os 
insetos sugeridos. O Delirium Tremens é uma condição potencialmente fatal, principalmente 
nos dias quentes e nos pacientes debilitados. A fatalidade quando ocorre é devida ao 
desequilíbrio hidro-eletrolítico do corpo. 
Intoxicação 
15 
 
O estado de intoxicação é simplesmente a conhecida embriaguez, que normalmente é 
obtida voluntariamente. No estado de intoxicação a pessoa tem alteração da fala (fala 
arrastada), descoordenação motora, instabilidade no andar, nistagmo (ficar com olhos 
oscilando no plano horizontal como se estivesse lendo muito rápido), prejuízos na memória e 
na atenção, estupor ou coma nos casos mais extremos. Normalmente junto a essas 
alterações neurológicas apresenta-se um comportamento inadequado ou impróprio da 
pessoa que está intoxicada. Uma pessoa muito embriagada geralmente encontra-se nessa 
situação porque quis, uma leve intoxicação em alguém que não está habituado é aceitável 
por inexperiência, mas não no caso de alguém que conhece seus limites. 
Síndrome amnésica 
Os alcoólatras "pesados" em parte (10%) desenvolvem algum problema grave de memória. 
Há dois desses tipos: a primeira é a chamada Síndrome Wernicke-Korsakoff (SWK) e a 
outra a demência alcoólica. A SWK é caracterizada por descoordenação motora, 
movimentos oculares rítmicos como se estivesse lendo (nistagmo) e paralisia de certos 
músculos oculares, provocando algo parecido ao estrabismo para quem antes não tinha 
nada. Além desses sinais neurológicos o paciente pode estar em confusão mental, ou se 
com a consciência clara, pode apresentar prejuízos evidentes na memória recente (não 
consegue gravar o que o examinador falou 5 minutos antes) e muitas vezes para preencher 
as lacunas da memória o paciente inventa histórias, a isto chamamos fabulações. Este 
quadro deve ser considerado uma emergência, pois requer imediata reposição da vitamina 
B1(tiamina) para evitar um agravamento do quadro. Os sintomas neurológicos acima citados 
são rapidamente revertidos com a reposição da tiamina, mas o déficit da memória pode se 
tornar permanente. Quando isso acontece o paciente apesar de ter a mente clara e várias 
outras funções mentais preservadas, torna-se uma pessoa incapaz de manter suas funções 
sociais e pessoais. Muitos autores referem-se à SWK como uma forma de demência, o que 
não está errado, mas a demência é um quadro mais abrangente, por isso preferimos o 
modelo americano que diferencia a SWK da demência alcoólica. 
Síndrome Demencial Alcoólica 
Esta é semelhante à demência propriamente dita como a de Alzheimer. No uso pesado e 
prolongado do álcool, mesmo sem a síndrome de Wernick-Korsakoff, o álcool pode provocar 
lesões difusas no cérebro prejudicando além da memória a capacidade de julgamento, de 
abstração de conceitos; a personalidade pode se alterar, o comportamento como um todo 
fica prejudicado. A pessoa torna-se incapaz de sustentar-se. 
Síndrome de abstinência fetal 
A Síndrome de Abstinência Fetal descrita pela primeira vez em 1973 era considerada 
inicialmente uma consequência da desnutrição da mãe, posteriormente viu-se que os bebês 
das mães alcoólatras apresentavam problemas distintos dos bebês das mães desnutridas, 
além de outros problemas que esses não tinham. Constatou-se assim que os recém-natos 
das mães alcoólatras apresentam um problema específico, sendo então denominada 
Síndrome de Abstinência Fetal (SAF). As características da SAF são: baixo peso ao nascer, 
atraso no crescimento e no desenvolvimento, anormalidades neurológicas, prejuízos 
intelectuais, más formações do esqueleto e sistema nervoso, comportamento perturbado, 
modificações na pálpebra deixando os olhos mais abertos que o comum, lábio superior fino 
16 
 
e alongado. O retardo mental e a hiperatividade são os problemas mais significativos da 
SAF. Mesmo não havendo retardo é comum ainda o prejuízo no aprendizado, na atenção e 
na memória; e também descoordenação motora, impulsividade, problemas para falar e ouvir. 
O déficit de aprendizado pode persistir até a idade adulta. 
 
 
 
O estresse pode provocar alcoolismo? 
O estresse não determina o alcoolismo, mas estudos mostraram que pessoas submetidas a 
situações estressantes para as quais não encontra alternativa, tornam-se mais 
frequentemente alcoólatras. O álcool possui efeito relaxante e tranquilizante semelhante 
ao dos ansiolíticos. O problema é que o álcool tem muito mais efeitos colaterais que os 
ansiolíticos. Numa situação dessas o uso de ansiolíticos poderia prevenir o surgimento de 
alcoolismo. Na verdade o que se encontra é a vontade de abolir as preocupações com a 
embriaguez e isso os ansiolíticos não proporcionam, ou o fazem em doses que levariam ao 
sono. O homem quando submetido a estresse tende a procurar não a tranquilidade, mas o 
prazer. Daí que a vida sexualmente promíscua muitas vezes é acompanhada de abuso de 
álcool e drogas. O fato de uma pessoa não encontrar uma solução para seu estresse não 
significa que a solução não exista. A logoterapia, por exemplo, ajuda o paciente a encontrar 
um significado na sua angústia. Não suprime a fonte da angústia, mas a torna mais 
suportável. Quando uma dor adquire um sentido, torna-se possível contorná-la, continuar a 
vida com um sorriso, desde que ela não seja incapacitante. Sob esse aspecto a logoterapia 
pode ajudar a vencer o alcoolismo nas suas etapas iniciais, quando ainda não surgiu 
dependência química. Uma situação de estresse real que passamos atualmente é o 
desemprego. Este problema social é de difícil resolução e geralmente faz com que as 
pessoas se ajustem à custa de elevação da tensão emocional prolongada, que é a mesma 
coisa de estresse. 
Alcoolismo e desnutrição: 
As principais funções do processo alimentar são a manutenção da estrutura corporal e das 
necessidades energéticas diárias. Uma alimentação equilibrada proporciona o que 
precisamos. O álcool é uma substância bastante energética, em épocas passadas, chegou a 
ser usado em pacientes após cirurgias para uma reposição mais rápida da energia perdida 
na cirurgia. Apesar de altamente calórico o álcool não é armazenável. Não fossem os efeitos 
prejudiciais ao longo do tempo, o álcool seria um excelente meio de perder peso. Para que 
se possa entender como o álcool fornece energia e ao mesmo tempo não é armazenável é 
necessário entender seu mecanismo metabólico o que não será abordado aqui. Pelo fato do 
usuário de álcool possuir suas necessidades energéticas supridas ele não sente muita ou 
nenhuma fome, assim não há vontade de comer. A diminuição da oferta das substâncias(proteínas, açucares, gorduras, vitaminas e minerais) usadas na constante reconstrução dos 
tecidos, não interrompe o processo de destruição natural das células que estão sendo 
substituídas constantemente. Assim o corpo do alcoólatra começa a se consumir. Esse 
processo leva a desnutrição. 
17 
 
Testes 
Os pacientes alcoólatras confirmados ao se submeterem a testes de inteligência apresentam 
45 a 70% normais. Contudo, esses mesmos ao fazerem testes mais específicos em 
determinadas áreas do funcionamento mental, como a capacidade de resolver problemas, 
pensamento abstrato, desempenho psicomotor, memória e capacidade de lidar com 
novidades, costumam apresentar problemas. Os testes normalmente representam atividades 
desempenhadas diariamente e não situações especiais ou raras. Este resultado mostra que 
os testes superficiais deixam passar comprometimentos significativos. Os testes 
neuropsicológicos são mais adequados e precisos na medição de capacidades mentais 
comprometidas pelo álcool. Tem sido observado também que no cérebro dos alcoólatras 
ocorrem modificações na estrutura apresentada nos exames de tomografia ou ressonância, 
além de comprometimento na vascularização e nos padrões elétricos. Como esses achados 
são recentes, não houve tempo para se estudar a relação entre essas alterações 
laboratoriais e os prejuízos psicológicos que eles representam. 
Efeitos do Álcool sobre o Cérebro 
Os resultados de exames post-mortem (necropsia) mostram que pacientes com história de 
consumo prolongado e excessivo de álcool têm o cérebro menor, mais leve e encolhido do 
que o cérebro de pessoas sem história de alcoolismo. Esses achados continuam sendo 
confirmados pelos exames de imagem como a tomografia, a ressonância magnética e a 
tomografia por emissão de fótons. O dano físico direto do álcool sobre o cérebro é um fato já 
inquestionavelmente confirmado. As partes do cérebro mais afetadas costumam ser o córtex 
pré-frontal, a região responsável pelas funções intelectuais superiores como o raciocínio, 
capacidade de abstração de conceitos e lógica. Os mesmos estudos que investigam as 
imagens do cérebro identificam uma correspondência linear entre a quantidade de álcool 
consumida ao longo do tempo e a extensão do dano cortical. Quanto mais álcool mais dano. 
Depois do córtex, regiões profundas seguem na lista de mais acometidas pelo álcool: as 
áreas envolvidas com a memória e o cerebelo que é a parte responsável pela coordenação 
motora. 
Metabolismo do Álcool 
Quando o álcool é consumido passa pelo estômago e começa a ser absorvido no intestino 
caindo na corrente sanguínea. Ao passar pelo fígado começa a ser metabolizado, ou seja, a 
ser transformado em substâncias diferentes do álcool e que não possuem os seus efeitos. A 
primeira substancia formada pelo álcool chama-se acetaldeído, que é depois convertido em 
acetato por outras enzimas, essas substâncias assim com o álcool excedente são 
eliminados pelos rins; as que eventualmente voltam ao fígado acabam sendo transformadas 
em água e gás carbônico expelido pelos pulmões. A passagem do intestino para o sangue 
se dá de acordo com a velocidade com que o álcool é ingerido, já o processo de degradação 
do álcool pelo fígado obedece a um ritmo fixo podendo ser ultrapassado pela quantidade 
consumida. Quando isso acontece temos a intoxicação pelo álcool, o estado de embriaguez. 
Isto significa que há muito álcool circulando e agindo sobre o sistema nervoso além dos 
outros órgãos. Como a quantidade de enzimas é regulável, um indivíduo com uso contínuo 
de álcool acima das necessidades estará produzindo mais enzimas metabolizadoras do 
álcool, tornando-se assim mais "resistente" ao álcool. A presença de alimentos no intestino 
18 
 
lentifica a absorção do álcool. Quanto mais gordura houver no intestino mais lento se tornará 
a absorção do álcool. Apesar de o álcool ser altamente calórico (um grama de álcool tem 7,1 
calorias; o açúcar tem 4,5), ele não fornece material estocável; assim a energia oferecida 
pelo álcool é utilizada enquanto ele circula ou é perdida. A famosa "barriga de chope" é dada 
mais pelos aperitivos que acompanham a bebida. 
 
 
Consequências corporais 
À medida que o alcoolismo avança, as repercussões sobre o corpo se agravam. Os órgãos 
mais atingidos são: o cérebro, trato digestivo, coração, músculos, sangue, glândulas 
hormonais. Como o álcool dissolve o muco do trato digestivo, provoca irritação na camada 
externa de revestimento que pode acabar provocando sangramentos. A maioria dos casos 
de pancreatite aguda (75%) é provocada por alcoolismo. As afecções sobre o fígado podem 
ir de uma simples degeneração gordurosa à cirrose que é um processo irreversível e 
incompatível com a vida. O desenvolvimento de patologias cardíacas pode levar 10 anos por 
abusos de álcool e ao contrário da cirrose pode ser revertida com a interrupção do vício. Os 
alcoólatras tornam-se mais susceptíveis a infecções porque suas células de defesas são em 
menor número. O álcool interfere diretamente com a função sexual masculina, com 
infertilidade por atrofia das células produtoras de testosterona, e diminuição dos hormônios 
masculinos. O predomínio dos hormônios femininos nos alcoólatras do sexo masculino leva 
ao surgimento de características físicas femininas como o aumento da mama 
(ginecomastia). O álcool pode afetar o desejo sexual e levar a impotência por danos 
causados nos nervos ligados a ereção. Nas mulheres o álcool pode afetar a produção 
hormonal feminina, levando diminuição da menstruação, infertilidade e afetando as 
características sexuais femininas. 
 
ANOREXIA 
Essencialmente é o comportamento persistente que uma pessoa apresenta em manter seu 
peso corporal abaixo dos níveis esperados para sua estatura, juntamente a uma percepção 
distorcida quanto ao seu próprio corpo, que leva o paciente a ver-se como "gordo". Apesar 
das pessoas em volta notarem que o paciente está abaixo do peso, que está magro ou muito 
magro, o paciente insiste em negar, em emagrecer e perder mais peso. O funcionamento 
mental de uma forma geral está preservado, exceto quanto à imagem que tem de si mesmo 
e o comportamento irracional de emagrecimento. 
O paciente anorético costuma usar meios pouco usuais para emagrecer. Além da dieta é 
capaz de submeter-se a exercícios físicos intensos, induzir o vômito, jejuar, tomar diuréticos 
e usar laxantes. 
Aos olhos de quem não conhece o problema é estranho como alguém "normal" pode 
considerar-se acima do peso estando muito abaixo. Não há explicação para o fenômeno, 
mas deve ser levado muito a sério, pois 10% dos casos que requerem internação para 
19 
 
tratamento (em hospitais) morrem por inanição, suicídio ou desequilíbrio dos componentes 
sanguíneos. 
Como é o doente com anorexia? 
O paciente anorético só se destaca pelo seu baixo peso. Isto significa que no seu próprio 
ambiente as pessoas não notam que um determinado colega está doente, pelo seu 
comportamento. Mas se forem juntos ao restaurante ficará evidente que algo está errado. O 
paciente com anorexia não considera seu comportamento errado, até recusa-se a ir ao 
especialista ou tomar medicações. Como não se considera doente é capaz de falar 
desembaraçadamente e convictamente para os amigos, colegas e familiares que deve 
perder peso apesar de sua magreza. No começo as pessoas podem até achar que é uma 
brincadeira, mas a contínua perda de peso apesar da insistência dos outros em convencer o 
paciente do contrário, faz soar o alarme. Aí os parentes se assustam e recorrem ao 
profissional da saúde mental. 
Os doentes com anorexia podem desenvolver um paladar estranho ou estabelecer rituais 
para a alimentação.Algumas vezes podem ser flagrados comendo escondidos. Isto não 
invalida necessariamente o diagnóstico embora seja uma atitude suspeita. 
Depois de recuperado o próprio paciente, já com seu peso restabelecido e com a recordação 
de tudo que se passou não sabe explicar porque insistia em perder peso. Na maioria das 
vezes prefere não tocar no assunto, mas o fato é que nem ele mesmo concorda com a 
conduta insistente de emagrecer. Essa constatação, no entanto não garante que o episódio 
não volte a acontecer. Depois de recuperados esses pacientes retornam a sua rotina 
podendo inclusive ficar acima do peso. 
Há dois tipos de pacientes com anorexia. Aqueles que restringem a alimentação e 
emagrecem e aqueles que têm episódios denominados binge. Nesses episódios os 
pacientes comem descontroladamente até não aguentarem mais e depois vomitam o que 
comeram. Às vezes a quantidade ingerida foi tão grande que nem é necessário induzir o 
próprio vômito: o próprio corpo se encarrega de eliminar o conteúdo gástrico. Há casos raros 
de pacientes que rompem o estômago de tanto comerem. 
O curso dessa doença 
A idade média em que surge o problema são 17 anos. Encontramos muitos primeiros 
episódios entre os 14 e os 18 anos. Dificilmente começa depois dos 40 anos. Muitas vezes 
eventos negativos da vida da pessoa desencadeiam a anorexia, como perda de emprego, 
mudança de cidade, etc. Não podemos afirmar que os eventos negativos causem a doença, 
no máximo só podemos dizer que o precipitam. Muitos pacientes têm apenas um único 
episódio de anorexia na vida, outros apresentam mais do que isso. Não temos por enquanto 
meios de saber se o problema voltará ou não para cada paciente: sua recidiva é 
imprevisível. Alguns podem passar anos em anorexia, numa forma que não seja 
incompatível com a vida, mas também sem restabelecer o peso ideal. Mantendo-se inclusive 
a autoimagem distorcida. A internação para a reposição de nutrientes é recomendada 
quando os pacientes atingem um nível crítico de risco para a própria saúde. 
Sobre quem a anorexia costuma incidir? 
20 
 
As mulheres são largamente mais acometidas pela anorexia, entre 90 e 95% dos casos são 
mulheres. A faixa etária mais comum é a dos adultos jovens e adolescentes podendo atingir 
até a infância, o que é bem menos comum. A anorexia é especialmente mais grave na fase 
de crescimento porque pode comprometer o ganho esperado para a pessoa, resultando 
numa estatura menor do que a que seria alcançada caso não houvesse anorexia. Na fase de 
crescimento há uma necessidade maior de ganho calórico: se isso não é obtido a pessoa 
cresce menos do que cresceria com a alimentação normal. Caso o episódio dure poucos 
meses o crescimento pode ser compensado. Sendo muito prolongado impedirá o alcance da 
altura geneticamente determinada. Na população geral a anorexia atinge aproximadamente 
0,5%, mas suspeita-se que nos últimos anos o número de casos de anorexia venha 
aumentando. Ainda é cedo para se afirmar que isto se deva ao modelo de mulher magra 
como o mais atraente, divulgado pela mídia, esta hipótese está sendo extensivamente 
pesquisada. Para se confirmar se a incidência está crescendo são necessários anos de 
estudo e acompanhamento da incidência, o que significa um procedimento caro e demorado. 
Só depois de se confirmar que o índice de anorexia está aumentando é que se poderá 
pesquisar as possíveis causas envolvidas. Até bem pouco tempo acreditava-se que a 
anorexia acontecia mais nas sociedades industrializadas. Na verdade houve falta de estudos 
nas sociedades em desenvolvimento. Os primeiros estudos nesse sentido começaram a ser 
feitos recentemente e constatou-se que a anorexia está presente também nas populações 
desfavorecidas e isoladas das propagandas do corpo magro. 
Tratamento 
O tratamento da anorexia continua sendo difícil. Não há medicamentos específicos que 
restabeleçam a correta percepção da imagem corporal ou desejo de perder peso. Por 
enquanto as medicações têm sido paliativos. As mais recomendadas são os antidepressivos 
tricíclicos (possuem como efeito colateral o ganho de peso). Os antidepressivos inibidores 
da recaptação da serotonina têm sido estudados, mas devem ser usados com cuidado uma 
vez que podem contribuir com a redução do apetite. É bom ressaltar que os pacientes com 
anorexia têm o apetite normal, ou seja, sentem a mesma fome que qualquer pessoa. O 
problema é que apesar da fome se recusam a comer. As psicoterapias podem e devem ser 
usadas, tanto individuais como em grupo ou em família. A indicação dependerá do 
profissional responsável. Por enquanto não há uma técnica especialmente eficaz. Forçar a 
alimentação não deve ser feita de forma rotineira. Só quando o nível de desnutrição é 
ameaçador. Forçar alimentação significa internar o paciente e fornecer alimentos líquidos 
através de sonda naso-gástrica. Geralmente quando se chega a isso se torna necessário 
também conter (amarrar) o paciente no leito para que ele não retire a sonda. 
 
ANSIEDADE 
A ansiedade é um sentimento de apreensão desagradável, vago, acompanhado de 
sensações físicas como vazio (ou frio) no estômago (ou na espinha), opressão no peito, 
palpitações, transpiração, dor de cabeça, ou falta de ar, dentre várias outras. 
A ansiedade é um sinal de alerta, que adverte sobre perigos iminentes e capacita o indivíduo 
a tomar medidas para enfrentar ameaças. O medo é a resposta a uma ameaça conhecida, 
definida; ansiedade é uma resposta a uma ameaça desconhecida, vaga. 
21 
 
A ansiedade prepara o indivíduo para lidar com situações potencialmente danosas, como 
punições ou privações, ou qualquer ameaça a unidade ou integridade pessoal, tanto física 
como moral. Desta forma, a ansiedade prepara o organismo a tomar as medidas 
necessárias para impedir a concretização desses possíveis prejuízos, ou pelo menos 
diminuir suas consequências. Portanto a ansiedade é uma reação natural e necessária para 
a auto-preservação. Não é um estado normal, mas é uma reação normal, assim como a 
febre não é um estado normal, mas uma reação normal a uma infecção. As reações de 
ansiedade normais não precisam ser tratadas por serem naturais e autolimitadas. Os 
estados de ansiedade anormais, que constituem síndromes de ansiedade são patológicas e 
requerem tratamento específico. Os animais também experimentam ansiedade. Neles a 
ansiedade prepara para fuga ou para a luta, pois estes são os meios de se preservarem. 
A ansiedade é normal para o bebê que se sente ameaçado se for separado de sua mãe, 
para a criança que se sente desprotegida e desamparada longe de seus pais, para o 
adolescente no primeiro encontro com sua pretendente, para o adulto quando contempla a 
velhice e a morte, e para qualquer pessoa que enfrente uma doença. A tensão oriunda do 
estado de ansiedade pode gerar comportamento agressivo sem com isso se tratar de uma 
ansiedade patológica. A ansiedade é um acompanhamento normal do crescimento, da 
mudança, de experiência de algo novo e nunca tentado, e do encontro da nossa própria 
identidade e do significado da vida. A ansiedade patológica, por outro lado caracteriza-se 
pela excessiva intensidade e prolongada duração proporcionalmente à situação precipitante. 
Ao invés de contribuir com o enfrentamento do objeto de origem da ansiedade, atrapalha, 
dificulta ou impossibilita a adaptação. 
 
ANSIEDADE GENERALIZADA 
O transtorno de ansiedade generalizada é basicamente uma preocupação ou ansiedade 
excessiva, ou com motivos injustificáveis ou desproporcionais ao nível de ansiedade 
observada. Para que se faça o diagnóstico de ansiedade generalizada é preciso que outros 
transtornos de ansiedade como o pânico e a fobia social, por exemplo, tenham sido 
descartadas.É preciso que essa ansiedade excessiva dure por mais de seis meses 
continuamente e precisa ser diferenciada da ansiedade normal. 
Preocupar-se e ficar ansioso não é apenas uma reação normal, mas necessária para a boa 
adaptação individual à sociedade e ao ambiente. Como o estado de ansiedade perturba a 
visão que a pessoa tem a respeito de si mesma e a respeito do que acontece no ambiente é 
necessário que esse diagnóstico seja sempre feito por um especialista. No caso do paciente 
ser um profissional da saúde mental, por outro especialista que não ele próprio. A 
informação das características da ansiedade generalizada não é suficiente para que uma 
pessoa se autodiagnostique. Mesmo um psiquiatra não teria condições de realizar esse 
diagnóstico a respeito de si mesmo porque ele não teria imparcialidade para julgar o que 
tem. 
Diagnóstico 
Uma das maneiras de diferenciar a ansiedade generalizada da ansiedade normal é através 
do tempo de duração dos sintomas. A ansiedade normal se restringe a uma determinada 
22 
 
situação, e mesmo que uma situação problemática causadora de ansiedade não mude, a 
pessoa tende a adaptar-se e tolerar melhor a tensão diminuindo o grau de desconforto com 
o tempo, ainda que a situação permaneça desfavorável. Assim uma pessoa que permaneça 
apreensiva, tensa, nervosa por um período superior a seis meses, ainda que tenha um 
motivo para estar ansiosa, começa a ter critérios para diagnóstico de ansiedade 
generalizada. Uma vez eliminada a ocorrência de outros transtornos mentais assim como 
eliminada a possibilidade do estado estar sendo causado por alguma substância ou doença 
física, podemos admitir o diagnóstico de ansiedade generalizada. Respeitadas essas 
condições os sintomas que precisam estar presentes são: 
1. Dificuldade para relaxar ou a sensação de que está a ponto de estourar, está no limite do 
nervosismo. 
2. Cansa-se com facilidade. 
3. Dificuldade de concentração e frequentes esquecimentos 
4. Irritabilidade 
5. Tensão muscular 
6. Dificuldade para adormecer ou sono insatisfatório 
Por fim, um critério presente em todos os transtornos mentais é o prejuízo no funcionamento 
pessoal ou marcante sofrimento. Não podemos considerar os sintomas como suficientes 
para dar o diagnóstico caso o paciente não tenha seu desempenho pessoal, social e familiar 
afetados. 
Características Associadas 
A ansiedade patológica se manifesta da mesma forma como a ansiedade normal, ou seja, 
de múltiplas maneiras, tanto fisicamente como mentalmente. Além de amplamente variáveis 
os sintomas mudam ao longo do tempo e oscilam permitindo que a pessoa se sinta 
completamente bem em algumas ocasiões e pior noutras. Nos períodos que os pacientes 
estão livres dos sintomas, o que pode durar de horas a dias, os pacientes acreditam que 
ficaram recuperados. 
Antes de procurar um médico praticamente todos os pacientes tentaram algo para melhorar 
seu mal estar, seja através de coisas simples como mudar a cor das roupas que veste, seja 
por meios mais complexos como medicações naturais ou florais. A aparente melhora que 
muitas vezes obtêm, só faz confundir o paciente pela coincidência que aconteceu entre uma 
melhora espontânea e temporária da ansiedade. Depois de alguns dias, quando a ansiedade 
volta, o paciente fica confuso, pois a tentativa inicialmente havia funcionado e depois perdeu 
a eficácia. As mesmas tentativas são reforçadas ou modificadas e a ausência de resultado 
ou a falta de correlação entre novas tentativas com o resultado vão deixando o paciente 
embaraçado, nos casos dessas tentativas de "autotratamento". Geralmente após alguns 
meses as pessoas se cansam e procuram um especialista. Não sabemos por enquanto se 
este atraso no início do tratamento prejudica o tratamento posterior, tornando-o mais difícil 
de ser solucionado. 
Os Sintomas 
23 
 
A preocupação com a possibilidade de vir a adoecer com algo grave ou sofrer um acidente 
embora não existam indicativos de que essas coisas possam vir a acontecer é o foco mais 
comum das preocupações das pessoas com ansiedade generalizada. Algumas pessoas 
temem mais que os entes queridos sofram algum desses males, como os pais, ou filhos. 
Estes pacientes estão sempre imaginando situações como essas e frequentemente se 
consideram incapazes de lidar com elas caso realmente venham a acontecer. 
As variedades dos sintomas de ansiedade são enormes e muitas vezes pessoais. Ganho de 
peso, por exemplo, tanto pode não ter nenhuma relação com ansiedade como pode, para 
determinadas pessoas, ser a manifestação mais frequente. Os sintomas mais comuns então 
são: boca seca, mãos ou pés úmidos, enjoos ou diarreia, aumento da frequência urinária, 
sudorese excessiva, dificuldade de engolir ou sensação de um bolo na garganta, assustar-se 
com facilidade e de forma mais intensa, sintomas depressivos são comuns desde que não 
sejam mais exuberantes que os de ansiedade, pois isso mudaria o diagnóstico. O fato 
desses sintomas citados se parecerem com os sintomas do transtorno do pânico exigem um 
procedimento para distinção deste porque no pânico, o surgimento de agorafobia é mais 
comum e requer a indicação de terapia cognitiva. Na ansiedade generalizada não há crises 
mas estados permanentes e prolongados de desconforto ansioso. Os pacientes com pânico 
podem experimentar estados de ansiedade prolongada entre uma crise e outra, mas as 
crises de pânico diferenciam um transtorno do outro. 
Grupo de Risco 
As mulheres são duas vezes mais acometidas pela ansiedade generalizada do que os 
homens. A prevalência desse transtorno na população é relativamente alta, em torno de 3% 
da população geral sendo também o tipo de transtorno de ansiedade mais frequente do 
grupo dos transtornos de ansiedade. Nos períodos naturais de estresse os sintomas tendem 
a piorar, ainda que o estresse seja bom, como o próprio casamento ou um novo emprego. 
As mulheres abaixo de 20 anos são as mais acometidas, podendo, contudo, começar antes 
disso, desde a infância, ou pelo contrário, em idades mais avançadas, apesar da idade 
avançada diminuir as chances do surgimento de transtornos de ansiedade. 
Transtornos Associados 
Os problemas clínicos como feocromocitoma e alterações dos hormônios tireoidianos, por 
exemplo, devem sempre ser descartados porque a manifestação clínica dessas doenças é 
semelhante ao transtorno de pânico. Os demais transtornos de ansiedade também podem 
confundir o diagnóstico da ansiedade generalizada. A sistemática eliminação de sintomas 
serve como procedimento para eliminar transtornos de ansiedade que se parece com a 
ansiedade generalizada. A eliminação de crises de ansiedade descarta o transtorno do 
pânico. A eliminação do comportamento de evitação por lugares específicos descarta a 
agorafobia; a evitação por submeter-se a avaliação dos outros revela a fobia social; o medo 
de objetos como sangue ou animais revela a fobia específica; a recorrência de pensamentos 
revela o transtorno Obsessivo-Compulsivo e a ausência de acontecimentos traumáticos 
descarta o estresse pós-traumático. 
Na verdade a quantidade de transtornos psiquiátricos ou clínicos é numerosa. Portanto o 
psiquiatra deve estar sempre atento a sinais ou sintomas que surgem. Há sempre a 
possibilidade de se tratar de outra doença que provoca os sintomas semelhantes à 
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ansiedade generalizada. Geralmente os outros problemas médicos apresentam sintomas 
inexistentes na ansiedade generalizada, o que deve motivar uma investigação mais 
detalhada com auxílio de exames de laboratório. 
 
 
Curso 
O transtorno de ansiedade generalizada costuma ser crônico duradouro com pequenos 
períodos de remissão dos sintomas, mas geralmente leva opaciente a sofrer com o estado 
de ansiedade elevado durante anos. Pode vir a ceder espontaneamente em alguns casos e 
não há meios de se prever quando isso acontecerá. 
Tratamento 
As medicações como os tranquilizantes benzodiazepínicos ou a buspirona são eficazes 
assim como os antidepressivos. É curioso que os antidepressivos sejam eficazes porem 
empiricamente observamos esse fato: alguns antidepressivos com mais eficácia do que 
outros. Além das medicações, terapias também proporcionam bons resultados sendo muitas 
vezes recomendada a combinação de ambas às técnicas. A terapia cognitivo-
comportamental é a que mais vem sendo estudados e apresentados bons resultados. 
 
ANSIEDADE SOCIAL 
O transtorno de ansiedade generalizada é basicamente uma preocupação ou ansiedade 
excessiva, ou com motivos injustificáveis ou desproporcionais ao nível de ansiedade 
observada. Para que se faça o diagnóstico de ansiedade generalizada é preciso que outros 
transtornos de ansiedade como o pânico e a fobia social, por exemplo, tenham sido 
descartadas. É preciso que essa ansiedade excessiva dure por mais de seis meses 
continuamente e precisa ser diferenciada da ansiedade normal. 
Preocupar-se e ficar ansioso não é apenas uma reação normal, mas necessária para a boa 
adaptação individual à sociedade e ao ambiente. Como o estado de ansiedade perturba a 
visão que a pessoa tem a respeito de si mesma e a respeito do que acontece no ambiente é 
necessário que esse diagnóstico seja sempre feito por um especialista. No caso do paciente 
ser um profissional da saúde mental, por outro especialista que não ele próprio. A 
informação das características da ansiedade generalizada não é suficiente para que uma 
pessoa se autodiagnostique. Mesmo um psiquiatra não teria condições de realizar esse 
diagnóstico a respeito de si mesmo porque ele não teria imparcialidade para julgar o que 
tem. 
Diagnóstico 
Uma das maneiras de diferenciar a ansiedade generalizada da ansiedade normal é através 
do tempo de duração dos sintomas. A ansiedade normal se restringe a uma determinada 
situação, e mesmo que uma situação problemática causadora de ansiedade não mude, a 
pessoa tende a adaptar-se e tolerar melhor a tensão diminuindo o grau de desconforto com 
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o tempo, ainda que a situação permaneça desfavorável. Assim uma pessoa que permaneça 
apreensiva, tensa, nervosa por um período superior a seis meses, ainda que tenha um 
motivo para estar ansiosa, começa a ter critérios para diagnóstico de ansiedade 
generalizada. Uma vez eliminada a ocorrência de outros transtornos mentais assim como 
eliminada a possibilidade do estado estar sendo causado por alguma substância ou doença 
física, podemos admitir o diagnóstico de ansiedade generalizada. Respeitadas essas 
condições os sintomas que precisam estar presentes são: 
1. Dificuldade para relaxar ou a sensação de que está a ponto de estourar, está no limite do 
nervosismo. 
2. Cansa-se com facilidade 
3. Dificuldade de concentração e frequentes esquecimentos 
4. Irritabilidade 
5. Tensão muscular 
6. Dificuldade para adormecer ou sono insatisfatório 
Por fim, um critério presente em todos os transtornos mentais é o prejuízo no funcionamento 
pessoal ou marcante sofrimento. Não podemos considerar os sintomas como suficientes 
para dar o diagnóstico caso o paciente não tenha seu desempenho pessoal, social e familiar 
afetados. 
Características Associadas 
A ansiedade patológica se manifesta da mesma forma como a ansiedade normal, ou seja, 
de múltiplas maneiras, tanto fisicamente como mentalmente. Além de amplamente variáveis 
os sintomas mudam ao longo do tempo e oscilam permitindo que a pessoa se sinta 
completamente bem em algumas ocasiões e pior noutras. Nos períodos que os pacientes 
estão livres dos sintomas, o que pode durar de horas a dias, os pacientes acreditam que 
ficaram recuperados. 
Antes de procurar um médico praticamente todos os pacientes tentaram algo para melhorar 
seu mal estar, seja através de coisas simples como mudar a cor das roupas que veste, seja 
por meios mais complexos como medicações naturais ou florais. A aparente melhora que 
muitas vezes obtêm, só faz confundir o paciente pela coincidência que aconteceu entre uma 
melhora espontânea e temporária da ansiedade. Depois de alguns dias, quando a ansiedade 
volta, o paciente fica confuso, pois a tentativa inicialmente havia funcionado e depois perdeu 
a eficácia. As mesmas tentativas são reforçadas ou modificadas e a ausência de resultado 
ou a falta de correlação entre novas tentativas com o resultado vão deixando o paciente 
embaraçado, nos casos dessas tentativas de "autotratamento". Geralmente após alguns 
meses as pessoas se cansam e procuram um especialista. Não sabemos por enquanto se 
este atraso no início do tratamento prejudica o tratamento posterior, tornando-o mais difícil 
de ser solucionado. 
Os Sintomas 
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A preocupação com a possibilidade de vir a adoecer com algo grave ou sofrer um acidente 
embora não existam indicativos de que essas coisas possam vir a acontecer é o foco mais 
comum das preocupações das pessoas com ansiedade generalizada. Algumas pessoas 
temem mais que os entes queridos sofram algum desses males, como os pais, ou filhos. 
Estes pacientes estão sempre imaginando situações como essas e frequentemente se 
consideram incapazes de lidar com elas caso realmente venham a acontecer. 
As variedades dos sintomas de ansiedade são enormes e muitas vezes pessoais. Ganho de 
peso, por exemplo, tanto pode não ter nenhuma relação com ansiedade como pode, para 
determinadas pessoas, ser a manifestação mais frequente. Os sintomas mais comuns então 
são: boca seca, mãos ou pés úmidos, enjoos ou diarreia, aumento da frequência urinária, 
sudorese excessiva, dificuldade de engolir ou sensação de um bolo na garganta, assustar-se 
com facilidade e de forma mais intensa, sintomas depressivos são comuns desde que não 
sejam mais exuberantes que os de ansiedade, pois isso mudaria o diagnóstico.O fato 
desses sintomas citados se parecerem com os sintomas do transtorno do pânico exigem um 
procedimento para distinção deste porque no pânico, o surgimento de agorafobia é mais 
comum e requer a indicação de terapia cognitiva. Na ansiedade generalizada não há crises 
mas estados permanentes e prolongados de desconforto ansioso. Os pacientes com pânico 
podem experimentar estados de ansiedade prolongada entre uma crise e outra, mas as 
crises de pânico diferenciam um transtorno do outro. 
Grupo de Risco 
As mulheres são duas vezes mais acometidas pela ansiedade generalizada do que os 
homens. A prevalência desse transtorno na população é relativamente alta, em torno de 3% 
da população geral sendo também o tipo de transtorno de ansiedade mais freqüente do 
grupo dos transtornos de ansiedade. Nos períodos naturais de estresse os sintomas tendem 
a piorar, ainda que o estresse seja bom, como o próprio casamento ou um novo emprego. 
As mulheres abaixo de 20 anos são as mais acometidas, podendo, contudo, começar antes 
disso, desde a infância, ou pelo contrário, em idades mais avançadas, apesar da idade 
avançada diminuir as chances do surgimento de transtornos de ansiedade. 
Transtornos Associados 
Os problemas clínicos como feocromocitoma e alterações dos hormônios tireoidianos, por 
exemplo, devem sempre ser descartados porque a manifestação clínica dessas doenças é 
semelhante ao transtorno de pânico. Os demais transtornos de ansiedade também podem 
confundir o diagnóstico da ansiedade generalizada. A sistemática eliminação de sintomas 
serve como procedimento para eliminar transtornos de ansiedade que se parecem com a 
ansiedade generalizada. A eliminação de crises de ansiedade

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