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Com salários baixos e treinamento violento, policiais reproduzem a lógica de guerra herdada da ditadura militar p. 40 galileu.globo.com EDIçÃO R$ 14,00 bolsas não sustentam alunos de pós-graduaçãoP. 70 poluição chega até o ponto mais fundo do marP. 60 P. 07 os casos de racismo emaplicativos como airbnb dossiê alimentação e saúde p. 66entrevista: editar dna ficou tão fÁcil Quanto corrigir umteXto 301 AGO. 16 Consumoelevadode AçúcAr éumdosmaiores problemasnopaís • p.31 limite diário Média do brasileiro 16,710 colheresde chá 301CAPA.indd 1 14/07/2016 17:05:20 edição de ipad Em 2016, todos os olhos estarão voltados para os Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro. Serão mais de 10 mil atletas, de 206 países, acolhidos pela alma carioca para projetar os valores do movimento Olímpico: respeito, amizade, excelência. Faça parte deste momento ao lado da seleção de jornalistas da Editora Globo. Corra, mergulhe e salte ao nosso lado, com cobertura completa e conteúdos inovadores que vão mostrar tudo o que acontece na frente e atrás das câmeras. Entre no maior evento esportivo do mundo com a delegação da Editora Globo TM Rio 20 16 |T od os os dir eit os re se rv ad os . carregando... Em agosto, umanova forma dE lEr sEus contEúdos favoritos na palmada suamão. acesse app.revistagalileu.globo.com e fique por dentro! ANTIMATÉRIA P.24 P.10 7 agosto2016 of im da fa lt ad ea r i n f o m a n i a P.19 racismo MINoRITy RepoRT suMáRIo de RepoRTAgeNs P.21 P.39 P.1 1 P. 30 galáxias amigas gasolina ElE- mEn- tar dentro da caixa P.28 P. P.80 Panorâmica cor horrível contra o cigarro p.11 brasil líder em mortes de ambientalistas P.14 P.1 7 DiretoraDeGrupoCasaeComiDa, Casae JarDim, CresCereGalileu: Paula Perim reDaÇÃo eDitora-CHeFe:Cristine Kist eDitoraDearte: Fernanda Didini eDitores:Giuliana de Toledo, Nathan Fernandes e Thiago Tanji repórteres:André Jorge de Oliveira e IsabelaMoreira DesiGners: Felipe Eugênio (Feu) e João Pedro Brito estaGiários: Bruno Vaiano (texto) eMayraMartins (arte) assistenteDereDaÇÃo:Gabriela Nogueira ColaboraDoresDestaeDiÇÃo: Cartola Conteúdo, Guilherme Brendler, Leandro Saionetti, TatianaMerlino, Túlio Custódio (texto); Beatriz Liranço, Carlo Giovani, Estúdio Barca, GuilhermeHenrique, Julia Rodrigues, Mariana Salimena, Roberto Seba, Tomás Arthuzzi (arte); MoniqueMurad Velloso (revisão). e-mailDareDaÇÃo: galileu@edglobo.com.br Diretor-Geral: Frederic Zoghaib Kachar DiretorDeauDiênCia: Luciano Touguinha de Castro DiretoraDemerCaDoanunCiante:Virginia Any OBureauVeritas Certification, combase nos processos e procedimentos descritos no seu Relatório deVerificação, adotando umnível de confiança razoável, declara que o Inventário deGases de Efeito Estufa—Ano 2012 da Editora Globo S.A. é preciso, confiável e livre de erro ou distorção e é uma representação equitativa dos dados e informações deGEE sobre o período de referência para o escopo definido; foi elaborado emconformidade coma NBR ISO 14064-1:2007 e as Especificações doProgramaBrasileiro GHGProtocol. inovaÇÃoDiGital DiretorDe inovaÇÃoDiGital:AlexandreMaron GerenteDeestratéGiaDeConteúDoDiGital:Silvia Balieiro teCnoloGia DiretorDeteCnoloGiaDe inFormaÇÃo:Rodrigo José Gosling; DesenvolveDores: Everton Ribeiro, Fabio AlessandroMarciano, Jeferson Mendonça, Leandro Paixão, Leonardo Turbiani, Marcelo Amendola, Marcio Costa, Murilo Amendola e Victor Hugo Oliveira da Silva;opeConline:Rodrigo Santana Oliveira, Danilo Panzarini, Higor Daniel Chabes, Rodrigo Pecoschi, Thiago Previero GerenteDeeventos:Daniela Valente CoorDenaDorDeopeCoFFline: José Soares merCaDoanunCiante seGmentos—FinanCeiro, imobiliário, ti, ComérCio evareJoDiretor denegóciosmultiplataforma: EmilianoMorad Hansenn; Gerente de negócios multiplataforma:Ciro Horta Hashimoto; executivosmultiplataforma: SelmaMaria de Pina, Cristiane de Barros Paggi Succi, Christian Lopes Hamburg, Milton Luiz Abrantes e Taly CzeresniaWakrat;moDa,belezaeHiGienepessoal Diretor de negóciosmultiplataforma: Cesar Bergamo; executivosmultiplataforma: Adriana Pinesi Martins, Eliana Lima Fagundes, Juliana Vieira, Selma Teixeira da Costa e SorayaMazerino Sobral; Casa, ConstruÇÃo,alimentosebebiDas, HiGieneDoméstiCaesaúDeDiretora denegóciosmultiplataforma:Marilia Guiti Hindi; executivosmultiplataforma:Giovanna Sellan Perez, Keila Ferrini, Lucia Helena LopesMessias, Rodrigo Girodo Andrade, Valeria Glanzmann; mobiliDaDe, serviÇospúbliCosesoCiais, aGroe inDústriaDiretor denegócios multiplataforma:Renato Augusto Cassis Siniscalco; executivosmultiplataforma: Andressa Aguiar, Diego Fabiano, Cristiane Soares Nogueira, João CarlosMeyer e Priscila Ferreira da Silva; eDuCaÇÃo, Cultura, lazer, esporte, turismo, míDia, teleComeoutrosDiretora denegóciosmultiplataforma: Sandra Regina deMelo Pepe; executivosmultiplataforma:Ana Silvia Costa, Guilherme Iegawa Sugio, Lilian deMarche Noffs e Dominique Petroni de Freitas; DiGital Diretora de negócios digitais: Renata Simões Alves de Oliveira; esCritóriosreGionaisGerente multiplataforma: Larissa Ortiz; executivamultiplataforma: Babila Garcia Chagas Arantes; uniDaDeDeneGóCios—rioDe JaneiroGerentemultiplataforma:Rogerio Pereira Ponce de Leon; executivosmultiplataforma:AndréaManhãesMuniz, Daniela Nunes, Lopes Chahim, Juliane Ribeiro Silva, Maria CristinaMachado e Pedro Paulo Rios Vieira dos Santos;uniDaDeDeneGóCios—brasília Gerentemultiplataforma: Barbara Costa Freitas Silva; executivosmultiplataforma: Camila Amaral da Silva e Jorge Bicalho Felix Junior; estúDioGlobo:Roberta Ristow; Coordenador de projetos especiais: Renan Abdalla; estratégia comercial:Renata Dias Gomes; Criação: Vera Ligia Rangel Cavalieri;arte:Rodolpho Vasconcellos auDiênCia Diretor demarketing: Cristiano Augusto Soares Santos Diretor de clientes e planejamento:Ednei Zampese Gerente de vendasde assinaturas:ReginaldoMoreira da Silva Gerente de criação:Valter Bicudo Silva Neto Gerente de inteligência demercado:Wilma ConceiçãoMontilha Coordenadores demarketing: Eduardo Roccato Almeida e Patricia Aparecida Fachetti GAlIlEu é umapublicação da EDITORAGlOBOS.A.—Av. 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Fax: (11) 3767-7707 e-mail:galileu@edglobo.com.br as cartas devemser encaminhadas comassinatura, endereço e telefonedo remetente. Galileu reserva-se odireito de selecioná-las e resumi-las para publicação. eDiÇõesanteriores: o pedido será atendido pormeio do jornaleiro pelo preço da edição atual, desde que haja disponibilidade de estoque. Faça seu pedido na bancamais próxima. no airbnb meninas deouro P.18 barracas a ficha criminal do esquadrão suicida DaVIDaREaL aPertemoscintos a grana sumiu composição 301Composicao.indd 3 13/07/2016 19:30:05 fizemos pormerecer? Edição julho/2016 “Matéria muito bem escrita e traz dados relevantes para entender mais sobre o urbanismo e seus desdobramentos.” Lucas martins costa Teresina, PI Dossiê “A pauta tem uma questão histórica e, ao mesmo tempo, atual. Achei ótimo que duas grandes referências, como Gregório Duvivier e Lobão, aparecem. Só senti falta de entrevistas com artistas contrários à ditadura e que, agora, lutam contra o impeachment.” camiLa oLiveira Porto Alegre, RS paLco/paLanque? “Confesso que sou suspeito pra falar porque sempre fico apaixonado pelas matérias de astronomia, mas amei! Escrita realista e sem muito alarde e um design muito bom também.” João victor ravaneDa Rio de Janeiro, RJ expresso interestreLar Médias dasMatérias Em julho, nossos implacáveis conselheiros refletiramsobremeritocracia eoutros mitos enosconcederamseuparecer sobreessaediçãocheia deméritos “É importante prestigiar feitos de uma área tão apavorante para alguns como a matemática. As perguntas foram ótimas, pois conduziram o entrevistado a exemplificar o assunto de uma maneira mais simples.” DanieLa morais Campinas, SP papo cabeça: teoria Do caos 91% 9% Gostei, entendi a bagunça Não gostei, achei uma zona eLementar: Lubrificante 77% 8% 15% Gostei, sexy sem ser vulgar Não gostei, vulgar sem ser sexy Não sou capaz de opinar 86% 7% 7% Gostei, achei necessária Não gostei, achei tendenciosa Não sou capaz de opinar 85% 15% Gostei, onde compro o bilhete? Não sou capaz de opinar capa Matéria incrível. A parte sobre gratidão, reconhecimento e sorte foi espetacular, me ofereceu uma nova perspectiva sobre o funcionamento do sistema capitalista. JuLiano De azeveDo santanna Rio de Janeiro, RJ 100% Gostei, mérito dequem fez a matéria Capa 9,2 Dossiê Cidades 8,7 Você pode substituir... 8,2 As crônicas do gelo 8,5 Papo cabeça: Teoria do caos 8,4 Expresso Interestelar 9,2 Palco/ Palanque 8,6 06 con - se- lho PORn a t h a n f e r n a n d e s con - se- lho PORnat h a n f e r n a n d e s 301Conselho.indd 6 13/07/2016 19:24:14 inovação no PREConCEiTo CasosderacismonoAirbnbrevelamque aeconomiacompartilhadanãoestá imunea velhosproblemassociais POR Tulio CusTódio 08 . 20 16 1 MarianasaliMena (Ms)2 Carlogiovani (Cg) 3 esTúdioBarCa (eB) ilustRAdORes COnvidAdOs desiGnfeue fernandadidini Fig. 01 -(MS) Pg.0708.2016 ANTI- MATÉ- RIA ediÇÃOTHiagoTanJi 301AMabre.indd 7 13/07/2016 19:33:52 oraci smop ersist e emnúmeros Dados do IBGE de 2014 indicam que 76% da população mais pobre do Brasil corresponde a pessoas negras AGERENTEDEHOTELARIA Daniela Vasconcelos apro- veitou o feriado do Réveillon de 2016 para visitar o Rio de Janeiro ao lado de seu namora- do, o designer gráfico Silvestre Rodrigues. Para escapar dos preços proibitivos dos hotéis durante a alta temporada, ela pesquisou casas e apartamen- tos disponíveis no Airbnb. Ao contatar o dono da residência selecionada, recebeu a respos- ta de que o espaço já estava reservado — no site, o imóvel continuava vago. Ela, então, pediu ao namorado para fazer a mesma consulta com o anfi- trião. O dono da casa afirmou que o aluguel estava disponí- vel. Daniela é negra e Silvestre é branco. “Minha reação foi de tristeza por saber que uma pes- soa me definiu pela cor da mi- nha pele, pelo meu cabelo, por meus traços”, diz a jovem de 26 anos. “Meu namorado e eu ga- nhávamos praticamente o mes- mo salário, e pensei: meu di- nheiro é diferente do dele por ele ser branco e eu, negra?” Esse não é um exemplo iso- lado. Nos Estados Unidos, casos de racismo no Airbnb levaram à criação da hash- tag #AirbnbWhileBlack, cam- panha promovida pela ONG ShareBetter que denunciava como a experiência de negros ao utilizar o serviço de hospe- dagem era diferente daquela experimentada por brancos. O caso mais famoso é o de Glen Selden, um publicitário negro norte-americano que teve seu perfil negado ao ten- Pg.08 08.2016 301AMabre.indd 8 13/07/2016 19:33:53 tar alugar um quarto pelo site. Logo depois, ao criar uma con- ta em que fingia ser um homem branco, foi aceito no mesmo lugar. Em pesquisa conduzida pela Harvard Business School em 2015, usuários que possuem nomes “reconhecidos” como da comunidade afro-america- na têm uma chance 16% me- nor de conseguir aprovação de um pedido de reserva no servi- ço. Símbolo de um capitalismo mais humanizado, a economia compartilhada mostra que não está imune às discriminações baseadas em preconceitos de raça, classe e gênero. Casos como o de Daniela Vasconcelos e Glen Selden não são proble- mas isolados e fazem parte de uma estrutura social historica- mente racista e excludente. A reputação é justa? Casos de racismo não estão restritos ao Airbnb. O em- presário Ian Black afirma que, ao solicitar um carro por meio do Uber, são muitas as ocasiões em que o motorista fica à procura de um usuário “mais branco” no local solici- tado para iniciar a viagem. Ele também relembra um caso que aconteceu neste ano e ilustra as contradições da economia colaborativa: “Entrei em um Uber Black [versão do apli- cativo que oferece carros de luxo], e o motorista era negro. Passaram poucos minutos do início da viagem e ele me disse: — Posso fazer um comentário? — Claro, amigo. — Já fiz mais de 170 corridas no Uber e você é o primeiro negro que transporto...” Apesar de ser uma indús- tria que mobiliza cerca de US$ 3,5 bilhões, segundo da- dos da revista norte-ameri- cana Forbes, a utilização de serviços de transporte como o Uber ainda é pouco fre- quente entre usuários mais pobres no Brasil. Para os ne- gros, que representam 53% da população, o abismo eco- nômico é ainda maior: da- dos divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informam que o rendimento médio de pessoas negras e pardas em regiões metropolitanas é de R$ 1.374, enquanto o de uma pessoa branca é de R$ 2.396. Ainda que o acesso econô- mico seja uma barreira para a utilização desses serviços, as práticas discriminatórias re- presentam o maior problema. Afinal, as empresas de econo- mia compartilhada fundamen- tam o funcionamento de suas plataformas na reputação dos usuários: as avaliações qualita- tivas são fornecidas com base na experiência de quem oferece um serviço ou de quem o con- trata. O problema é que, nos casos de racismo, a “reputa- ção” é formalizada antes mes- mo de a experiência começar. Depois da mobilização de usuários contra os casos dis- criminatórios no Airbnb, a em- presa afirmou publicamente que resolverá essas questões para tornar seu atendimento mais inclusivo e aberto à di- versidade. Enquanto isso, ou- tros serviços vão ganhando es- paço, como o Travel Noire, o Innclusive e o Noirbnb. Essas iniciativas prometem a possi- bilidade de acesso aos negros sem os problemas decorren- tes da percepção preconcei- tuosa. Outra possibilidade es- tudada para a diminuição de casos de discriminação envol- veria mudanças na maneira de apresentar os usuários nas plataformas dos aplicativos, prevenindo o olhar preconcei- tuoso e prejulgamentos de an- fitriões ou motoristas. Obviamente, o racismo não é uma característica exclusiva do capitalismo. Esse sistema econômico, no entanto, foi beneficiado pelas característi- cas desiguais criadas pela ex- ploração do trabalho ao longo dos séculos. No Brasil, essa realidade é ainda mais per- ceptível, já que basicamente todo o capital aplicado e in- vestido na industrialização e modernização do país tinha relação direta com os ganhos gerados pelo sistema escra- vista, existente por mais de 300 anos por aqui. No anoi- tecer do século 19, em 1888, o Brasil foi a última nação a declarar a abolição da escra- vatura — o que ainda produz consequências profundas em relação ao desenvolvimento da sociedade e, principalmente, à percepção de direitos e privi- légios. Não é de surpreender, portanto, que novas iniciativas econômicas ainda encarem velhos problemas sociais. po pu la çã ob ra si le ir a mé di co s pr of es so re s un iv er si tá ri os di pl om at as di re to re sd as 50 0 ma io re s em pr es as do pa ís ge re nt es da s 50 0 ma io re s em pr es as do pa ís 53,6% Negros e pardos 46,4% Outros 17,6% Negros e pardos 82,4% Outros 30% Negros e pardos 5,3% Negros e pardos 13,2% Negros e pardos 5,9% Negros e pardos 70% Outros 94,1% Outros 94,7% Outros 86,8% Outros Fontes: IBGE, UFRJ e Instituto Ethos Pg.0908.2016 301AMabre.indd 9 13/07/2016 19:33:53 APAGOUALUZ Sem repasses do governo federal, Laboratório Nacional de Computa- ção Científica não tem dinheiro para manter em funcionamento o maior computador da América Latina porBRUNOVAIANO O PRÉDIO do Laboratório Nacional de Com- putação Científica (LNCC) fica em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Lá, em uma sala com piso de metal e grossos cabos pretos correndo em canaletas no teto, lê-se, em uma placa sobre a porta, “O homem há de voar”. A citação é do in- ventor brasileiro Alberto Santos Dumont, que batiza omais potente computador já instalado na América Latina. A máquina foi comprada no final de 2015 e colocada em operação no início deste ano. Ninguém discordaria de que ela é mesmo capaz de levantar voo: é um su- percomputador petaflópico, ou seja, faz 1015 operações por segundo. Daria para resolver o exame do Enem em um piscar de olhos. Faz semanas, no entanto, que o Santos Du- montestáemmododedescanso, jáquemantê-lo ligado é caro demais para o orçamento do LNCC. Ele émesmocomilão: operandoempotênciamá- xima, sua conta de energia elétrica é orçada em R$500milmensais. “O governo nos dá recursos para comprar os equipamentos,mas se esquece dequeháumcustoparamantê-los funcionando”, afirmaWagnerVieira Léo, pesquisadordoLNCC. Comoomecanismode resfriamentodo super- computador é delicado, deixar o equipamento parado é uma medida arriscada. Para garantir a integridade de seus sistemas, ele fica ligado apenas algumas horas pordia, rodandoprojetos mais simples, demeteorologia e desenvolvimen- to de fármacos. Entre novembro de 2015 emaio deste ano, o LNCC recebeu 75 propostas de uso porpesquisadores. Dessas, 32 foramanalisadas, das quais 27 foramaprovadas. Os pesquisadores enviaram todos os dados necessários para que a máquina ficasse pronta para uso. Agora falta o dinheiro. “Tenho convicção de que os cortes feitos em todo o sistema nacional de ciência e tecnologia terão um impacto significativo node- senvolvimento do país”, afirmaAntônio Gomes, também do laboratório. “O Santos Dumont é apenas um dos projetos afetados.” DENGUE, ZIKA, síndromes respira- tórias causadas por vírus e outras doenças com potencial para se transformar em epidemias estão na mira do Instituto Butantan, de São Paulo. Em junho, o centro de pesqui- sa biomédica anunciou a criação do Grupo deAção Rápida para Doenças Emergentes (Garde - IB), reunindo 30 cientistas de diferentes especialida- des da saúde que ocuparão omesmo espaço físico para o desenvolvimento de pesquisas. “Existemviroses tanto naÁfrica quanto possivelmente na Amazônia de que ainda não temos conhecimento”, afirma o professor Jorge Kalil, diretor do Butantan. “Por isso, é necessário contar rapidamente com plataformas para propor novos tipos de vacinas e de tratamentos com anticorpos.” O Garde - IB será instalado no espaço anteriormente ocupado pelo Paço dasArtes, área de produção artística que será deslocada para a região central de São Paulo. O Butatan investirá R$ 25milhões na reforma do prédio — o início da operação do centro de pesquisas está estimado para o segundo semestre de 2017. contra orelógio Instituto Butantan cria departamento para combater doenças com rapidez porthIAgO tANjI Fig. 02 -MS 32% doshomens apresentam dificuldades emter umaereção durante o sexo* *O estudo foi coordenado por Carmita Abdo, psiquiatra da USP pg. 10 08.2016 301AMbrasilOXIGENIO.indd 10 13/07/2016 19:40:12 espire fundo. O ar que acaba de invadir seus pulmões é com- posto de várias moléculas, mas 21%dessamistura corresponde a oxigênio. Se a concentração fosse menor, não estaríamos aqui para contar a história. “O oxigênio é absolutamente necessário para a evolução de vida complexa”, diz o geobiólogo Roger Summons, do MIT, destacando a importância do elemento para a respiração celular. Mas os cien- tistas sabem que nem sempre foi assim: análises do solo e das rochas indicam que o oxigênio pratica- mente não existia na atmosfera da Terra primitiva. O momento em que ele começou a se tornar relevante é chamado de Grande Evento de Oxigenação (GEO), investigado por Summons em um estudo publicado na revista Science Advances. Os pesquisadores determinaram com precisão iné- dita quando o oxigênio conseguiu seu lugar ao sol: foi há 2,33 bilhões de anos, no início da era proterozoi- ca. Descobriram também que o acúmulo foi peque- no, mas se tornou irreversível em até 10 milhões de anos — um piscar de olhos, em termos geológicos. Para realizar os cálculos, os cientistas coletaram ro- chas desse período que ainda existem na África do Sul. A causa do GEO não é bem compreendida, mas tem a ver com a produção de oxigênio a partir da fo- tossíntese de algas e cianobactérias, além de altera- ções sofridas nos sumidouros, nome dado a reações químicas que “sequestravam” o oxigênio. “Penso que foi um declínio nos sumidouros que causou o GEO, porque a fotossíntese provavelmente existia há muito tempo, e o processo todo caminhou em uma única direção”, diz Summons. O acúmulo de oxigênio foi uma catástrofe para a vida simplória do proterozoico: provocou extinção em massa de organismos, como bactérias e algas. Mas isso permitiu que seres com- plexos, como os humanos, pudessem respirar fundo. pesquisa de fôlego oxigênio se acumulou na atmosfera terrestre há 2,3 bilhões de anos - por ANdRé jORge Fig. 04 - Cg Fig. 03 - eb Feiura É FunDamental Para diminuir número de fumantes, países europeus estampam carteiras de cigarro com a cor mais repugnante do mundo porgIULIANAde tOLedO DE UM LADO, um pé gangre- nado, um olho cego, uma boca desdentada, um bebê doente. Do outro, a cor mais feia que existe, o marrom esverdeado conhecido como opaque couché, o código 448 C na escala de cores Pantone. O tom foi constatado em estudos científicos comoomais repugnante que existe aos olhos humanos. É com essa combinação intra- gável que França e Reino Unido esperam combater o tabagismo entre os seus cidadãos. As cartei- ras de cigarro que passaram a ser fabricadas por lá desde maio não podemconternada alémdisso e do nomedoproduto—pequeno e com letra padronizada. Em2017, a feiura se espalhará: o governo da Irlanda afirmou que também implantará essa norma. O modelo é inspirado na Austrália, que conseguiu redu- zir em 12%ao ano o seu número de fumantes depois de adotaressa ro- tulagem, em dezembro de 2012. R pg. 1108.2016 301AMbrasilOXIGENIO.indd 11 13/07/2016 19:40:15 foram assassinados pela Polícia Militar do Pará, em abril de 1996, o Brasil continua a ser um território perigoso para os de- fensores do meio ambiente e dos direitos dos povos nativos. Dados divulgados pela organização não governamental Global Witness revelam que, em 2015, o país foi o que teve o maior número de ativistas as- sassinados por questões ambientais: fo- ram 50 crimes cometidos principalmente nas regiões Norte e Nordeste (veja mapa acima). De acordo com a organização, as vítimas estavam envolvidas em iniciativas contra atividades de mineração, agrone- gócio, exploração madeireira e projetos de usinas hidrelétricas em matas nativas. Para Adriana Ramos, coordenadora do Instituto Socioambiental, órgão bra- sileiro de defesa dos direitos sociais e do meio ambiente, a falta de ação mais rigorosa do Estado permite a escalada da violência. “Há al- gum tempo o governo brasi- leiro abriu mão de realizar a reforma agrária e atender aos direitos territoriais que estão na lei”, destaca. “Ao não garantir isso, as disputas continuam e dão espaço para que aconteçam casos em que há a utilização da violência.” Com mais de 8 milhões de quilômetros quadrados, o Brasil é o quinto maior país do mundo. Mas, para mineradoras, latifundiá- rios e madeireiros, tanto território não é o bastante para a expan- são dos negócios. Vinte anos depois do massacre de Eldorado dos Carajás, quando 19 militantes de movimentos de luta pela terra tanta terra, tanta violência Vinte anos após o massacre de Eldorado dos Carajás, relatório de organização internacional afirma que Brasil é o país onde há o maior número de assassinatos de ativistas do meio ambiente As Forças Armadas estão prestes a ter acesso à capa de invisibilidade que tanto dese- jam para surpreender os ini- migos comuma camuflagem perfeita. Pesquisado por Ag- nieszka Maule, do Instituto de Química da USP de São Carlos, o dispositivo lembra a técnica utilizada pelos ca- maleões para se camuflar: composto de um vidro es- pecial e de células eletroquí- micas, o material chamado de eletrocrômico processa uma variação nas cores de acordo com a intensidade da corrente elétrica emitida por dois eletrodos. Um sistema de reconhecimento digital identifica as cores do am- biente e calcula a voltagem necessária para obter a cor específica, cujas tonalidades podem variar entre verde, amarelo, palha, marrom e branco. Se um tanque de guerra for revestido com a tecnologia, o motorista poderia apertar um botão e camuflar o veículo tanto em um deserto como em uma floresta. “O dispositi- vo que criamos é inédito no mundo”, afirma Maule, que desenvolve o trabalho desde 2012 com a colega Anna Sa- moc, física da Universidade Nacional da Austrália. deonde veiootiro? Fig. 05 -MS Pesquisadora brasileira desenvolve tecnologia para deixar tanques de guerra invisíveis porANDRÉ JORGE loCais ondE oCorrEram alguns dos assassinatos dE amBiEntalistas Fonte: Global Witness pg. 14 08.2016 301AMambientalCARROnotaveis.indd 14 13/07/2016 19:39:53 Jonathan Felipe da Silva nasceu e cresceu em Araçatuba, interior de São Paulo. Acompanhado de amigos, foi abordado pela polícia em sua casa enquanto desmonta- va umamoto roubada para repas- sar as peças. Os policiais também encontraram drogas com um de seus colegas. O rapaz afirma que não sabia da origem ilegal do veí- culo quando o comprou. Foram sete meses de inter- nação na Fundação Casa e, en- quanto cursava o Ensino Médio na instituição, conheceu a profes- sora Andréa Chiarioni. “Quando a laranjeira está em solo ácido, a fruta nasce pequena, murcha, e há alterações na folhagem”, ex- plica o estudante. “A professora mencionou, em sala, que o giz era capaz de reduzir a acidez.” Esse foi o ponto de partida para o projeto que rendeu o prêmio de revelação na Feira de Ciências da Secretaria da Educação do Esta- do de São Paulo deste ano. No composto, além do pó de giz, há outras substâncias que aceleram a reação química no solo. “Tenho inte- resse em ciência desde pequeno”, diz o jovem. “Mas nunca pensei que realizaria essas experiências. Eu queria incentivar as pessoas a mu- dar o caminho de suas vidas”, afirma. “Agora, vou termi- nar meus estudos e fazer o exame do Enem. Quero cur- sar veterinária.” Ex-detento ganha prêmio por composto que reduz acidez do solo usando giz de lousa garoto problema? porbRuNOvAiANO notáveis vivendodoque anaturezadá povoadosnaAmazôniatêm economiabaseadaem trocas porthiAGO tANJi iadas infames à parte, a re- gião do extremo oeste do Acre permanece como um território ainda pouco inte- grado ao restante do Brasil. Para conhecer seus habitantes, que vivem distantes dos grandes centros econômicos do país, o antropólogo Roberto Rezende morou du- rante seis meses na reserva extrativista de Alto Juruá, próximo à fronteira com o Peru e a 560 quilômetros de Rio Branco, a ca- pital acreana. Lá, o pesquisador conviveu com comunidades que baseavam sua sub- sistência na cooperação entre familiares. Realizadoa cadadez anos pelo Instituto Brasileiro deGeografia eEstatística (IBGE), o censodemográfico faz a contagemda populaçãobrasileira emtodooterritório nacional. De acordo com o instituto governamen- tal, a pesquisa também contabilizamoradores de “domicílios impro- visados ocupados”, comotendas, galpões, grutas, barracas em acampamentos e ha- bitações improvisadas sobpontes.Moradores de ruaque se recolhem emalbergues no períodonoturnoou possuem famílias em outras cidades e regiões periféricas tambémsão recenseados.Os únicos locais quenãoentram napesquisa são embai- xadas e consulados, já que representamum território conside- rado estrangeiro. r:moradores de rua estão no censo? Marina Carvalho, via e-mail sem dúvida “São relações de troca e ajuda: no período da colheita do roçado, por exemplo, um irmão solicita o auxílio do outro, e assim se estabelece uma espécie de dívida”, diz Rezende, que defendeu uma tese de dou- torado na Unicamp com base no trabalho de campo. “Eles têm controle dessas rela- ções de ajuda e mobilizam outras pessoas na realização dessas tarefas.” Segundo o pesquisador, os moradores das comunidades dividem o tempo de acordo com suas prioridades: quem dese- ja ter maior conforto material e uma vida com “padrão de novela” trabalha na agri- cultura para vender o produto no merca- do da cidade. “Mas há pessoas que dese- jam comer bem, e dedicam o tempo à caça de aves, pacas, porcos do mato, veados e jabutis.” A visão romantizada desse estilo de vida, no entanto, não escapa da existên- cia de interesses políticos de candidatos a vereadores e prefeitos da região. “Essa relação de troca segue a mesma lógica: se o político lhe dá aquilo que prometeu, ele é bom”, afirma Rezende. “Do ponto de vis- ta do Estado, isso tem uma relação com o assistencialismo e o paternalismo.” Nome Jonathan Felipe da silva NacioNalidade Brasileira idade 18 anos Profissão Estudante feito ganhou prêmio estadual por desenvolver um projeto científico Fig. 07 - EB Fig. 06 - CG p pg. 1508.2016 301AMambientalCARROnotaveis.indd 15 13/07/2016 19:39:55 grupo local Hubblecurtiu isso Galáxia de Andrômeda O ASTROFÍSICO norte-ameri- cano Adam Riess ficou atônito quando sua equipe concluiu que o Universo está se expan- dindo até 9% mais rápido do que a comunidade científica imaginava. “Eu me senti preo- cupado por se tratar de algo que não entendemos”, afirma o ganhador do Nobel de Física de 2011. “Mas fiquei esperançoso, pois talvez seja uma pista sobre outras coisas que também não entendemos.” Entre os misté- rios estudados estão questões como energia, matéria e radia- ção escura, que formam 95% do cosmos e podem ser a causa do fenômeno de crescimento. Para calcular a taxa de expan- são cósmica, o time estudou galáxias muito distantes com fotos do telescópio Hubble. “Medimos o brilho de certas es- trelas, explodindo e pulsando, para determinar as distâncias”, diz o astrônomo. Avelocidade é obtida por meio da comparação desses dados com a frequência dos raios de luz, alteradapela ex- pansãodoUniverso: é o chamado desvio para o vermelho. Os cál- culos indicaram que a distância entre dois pontos dobra a cada 9,8 bilhões de anos. Num futuro distante, as galáxias ficarão iso- ladas, como ilhas na escuridão. por que a pressa? Sextante B Evolução do nível de incerteza: Sextante A Leão A NGC 3109 Anã de Antlia Leão I Leão II Anã da Ursa Maior I Anã da Ursa Menor Anã de Draco Via Láctea Anã de Boötes Anã de Sextante Anã do Cão Maior Anã Elíptica de Sagitário Grande Nuvem de Magalhães Pequena Nuvem de Magalhães Anã de Carina Anã do Escultor Anã de Fornax Galáxia de Barnard (NGC 6822) NGC 185 NGC 147 Andrômeda I Andrômeda II Andrômeda III Anã Pisces Anã de Aquário Anã Irregular de Sagitário IC 1613 WLM Anã de CetusAnã de Tucana Anã de Pegasus M110 M32 Galáxia do Triângulo (M33) IC 10 Anã da Fênix ouniversoestáse expandindorápido demais— eos astrônomosquerem entenderomotivo Taxa de expansão do Universo ficou mais precisa nos últimos 15 anos 2001 10% 5% 3,3%3,3% 2,4% 1% 2009 2011 2016 Meta pg. 16 08.2016 porandréjorgedeoliveira lu- ne- ta 301AMluneta.indd 16 13/07/2016 19:50:50 AGENDA - 1 7 14 21 28 3 10 11 17 24 31 8 15 22 29 4 18 25 - 2 9 16 23 30 5 12 19 26 - 6 13 20 27 - Agosto 2016 ssd s t q q Via láctea luaemercúrio marcamencontro conjunções entre a lua e o pálidomercúrio não são tão frequentes. mas será difícil avistá-los: estarão próximos do horizonte na direção oeste, por volta demeia hora depois do pôr do sol. o ideal é observar o planeta combinóculos, de um lugar alto e escuro.assim, o horizonte fica desobstruído. 4 alerta de meteoros Pico da chuvade meteorosPerseidas, causadapor restos do cometaswift-tuttle. observadores aonorte doBrasil são privilegiados.o radiante, de onde surgemosmeteoros, é na constelaçãodePerseu.olhe na direção nordeste a partirdas 3 da manhã até o sol nascer: podem surgir 50meteoros porhora. 12 vênus flertacomo PoderosojúPiter os dois planetas são os astrosmais brilhantes no céu, perdendo apenas para o sol e a lua. nesse dia, darão um show: estarão grudados umno outro. Para vê-los, será preciso olhar para a direção oeste, pouco acima da linha do horizonte.a dupla fica visível apenas durante uma hora após o anoitecer. 27 as galáxias passeiam juntas pelo Universo em uma espécie de ciranda. e parecem adorar uma interação com as amigas de roda: grandes galáxias espirais, como a Via láctea, desempe- nham papel fundamental na evolução de seus pequenos satélites. “são animais sociais”, diz laerte sodré Júnior, do Departamento de astronomia da Usp. para entender melhor a relação, ele e o astrônomo marcus Costa-Duarte estu- daram 80 tripletos galácticos, distantes até 1,3 bilhão de anos-luz. Conversamos sobre a pesquisa com Costa-Duarte. Como exatamente a Via LáCtea infLuenCia as gaLáxias satéLites? A interação com as Nuvens de Magalhães, por exemplo, se dá de modo gravitacional, basicamente por meio de forças de maré. Em uma perturbação gravitacional entre uma galáxia do porte da Via Láctea e seus satélites, o menor sempre sai perdendo. No cenário que observamos, esses satélites apresentam modificações referentes às formas, além de estímulo ou repressão no processo de formação de estrelas. E, em casos mais extremos, podem até mesmo ser “engolidos” pela galáxia maior. se as gaLáxias fossem pessoas, eLas seriammuito soCiáVeis? Dificilmente observamos galáxias isoladas no Universo. Elas estão quase sempre “socializando”, em interação umas com as outras. E é assim que elas evoluem, em conjunto, quase nunca de modo solitário. Como surgiu o interesse em estudar tripLetos gaLáCtiCos? Amaioria das galáxias evolui em grupos, filamentos e aglomerados. Os tripletos de galáxias representam uma ponte entre pares e estruturas mais complexas, como aglomerados de galáxias. Foi pensando neste ponto especificamente que de- cidimos estudar tripletos isolados. entre os trios estudados, houVe aLguma grande surpresa? Um resultado interessante foi a dominân- cia da galáxia mais brilhante dos tripletos sobre as demais. As propriedades globais dos tripletos estão correlacionadas com as propriedades das galáxias mais brilhantes. Mais especificamente, a história de como essas galáxias formaram estrelas no passado está correlacionada com as propriedades do sistema. Esse resultado não foi verificado com relação às galáxias de menor hierarquia. Quais foramos Critérios para a esCoLha desses tripLetos? Para entender como acontece a interação de galáxias em tripletos, precisávamos buscar objetos sem nenhuma influência externa. Utilizamos um algoritmo de computa- dor para identificar tripletos isolados de galáxias, sem nenhuma outra galáxia num raio de 1 megaparsec — unidade de medida que equivale a 3,26 milhões de anos-luz. o Que podemos esperar para o futuro das gaLáxias no uniVerso? Esse processo em que as galáxias estão sempre em interação umas com as outras no Universo pode induzir a formação de estrelas e modificar suas formas. No futuro distante, esperamos galáxias com estrelas velhas, uma vez que terão esgotado todo o gás e a poeira que são convertidos em estrelas. Serão objetos com grandes massas e forma elíptica, resultado de muitos processos de fusão. A forma de disco que observamos hoje em algumas galáxias provavelmente será destruída devido às interações entre elas. Pesquisadores brasileiros investigaram comportamento de 80 trios de galáxias e viram que, assim como nós, elas adoram socializar vida de galáxia 15Luneta LiveAs principais notícias espaciais da semana são comentadas em transmissão ao vivo.às sextas, às 16 horas, nanossa fanpage. assista! existem aomenos para cada terráqueo no universo observável GAláxiAs ENDErEço cósmico Nosso lar no Universo é o Grupo Local , que fica no superaglomerado Laniakea a expansão cósmica afasta as galáxias, enquanto a gravidade as atrai. se ainda se mantêm aglomera- das, é sinal de que, por enquanto, a gravidade está vencendo a briga. os astrônomos chamam a Via láctea e as mais de 50 galáxias que intera- gem com ela de grupo local. Daqui a alguns bilhões de anos, todas elas vão se fundir e formar uma única galáxia gigante de forma elíptica. nossa vizinhança fica na periferia de um dos incontáveis filamentos do superaglomerado laniakea, que reúne cerca de 100 mil galáxias. pg. 1708.2016 301AMluneta.indd 17 13/07/2016 19:50:50 Pressionados a conquistar bons re- sultados em um período curto de tempo, os técnicos brasileiros sabem que não têm vida fácil. Mas se o trei- nador for negro ou não tiver nascido nas regiões Sul e Sudeste, a situa- ção fica ainda mais complicada: até a 14ª rodadadoCampeonatoBrasileirode 2016, os únicos negros a comandar as equipesdaelite do futebol eramRoger, doGrêmio, eCristóvãoBorges, doCorin- thians. Por sinal, Borges é o único trei- nador da Série A que nasceu na região Nordeste—opernambucanoGivanildo Oliveira, campeãomineiro pelo Améri- ca, foi demitido depois de apenas cinco rodadas e disse que o preconceito era um dosmotivos de sua saída. “Nadécadade 1950, otreinadorGen- til Cardosoafirmouà imprensaquenão assumiu a Seleção porque era negro”, revelaopesquisadorMarcelTonini, cuja pesquisa de doutorado abordou a his- tória dos negros no futebol brasileiro. “Bastaolharparaaestruturados clubes paranotarquequasenãohádirigentes e diretores de futebol negros.” preconceito nobanco dereservas No Campeonato Brasileiro da Série A, apenas dois treinadores são negros porTHIAGO TANJI Esporte não é coisa de mulher. Pelo me- nos é assim que se sentem as jovens brasi- leiras: segundo a Pesquisa de Confiança e Puberdade, realizada pela marca de absor- ventes Always, mais dametade dasmeninas deixa de praticar esportes até o fim da pu- berdade. E a sociedade tem boa parcela de culpa nisso. De acordo com o levantamento, que ouviu mais de mil garotas, sete entre dez que abandonam os esportes o fazem porque sentem que não é lugar para elas, e 74% delas afirmam que não se sentem in- centivadas à prática esportiva. “Existe uma crença de que as meninas possuem um de- sempenho inferior ao dos meninos”, diz a psicóloga Patrícia Alencar, que participou do estudo. Esse tipo de mito faz com que partidas disputadas por mulheres não re- cebam tanta atenção e que eventos como a Copa do Mundo de Futebol Feminino, por exemplo, não sejam exibidos mundialmen- te, como acontece com o futebol masculino. A pesquisa mostra que praticar esportes aumenta a autoconfiança das meninas e as incentiva a trabalhar em equipe. “A ado- lescência é uma fase cheia de mudanças, em que buscamos maneiras de fortalecer a autoestima e a autoconfiança”, afirma Alencar. “É por isso que a participação nos esportes é tão importante nesse momento da vida.” De acordo com o estudo, garotas que praticam esportes têm duas vezes mais chances de se sentirem confiantes em rela- ção àquelas que não participam de nenhu- ma atividade. Ao destacar atletas mulheres e dar atenção para as competições espor- tivas femininas, a sociedade proporciona às meninas a oportunidade de verem que o lugar delas é onde elas quiserem. jogue como uma menina Jovens brasileiras sentemque não há espaço para elas no esporte, diz estudo por IsAbelAmOreIrA Fig. 08 -MS 53% dasmeninasbrasileiras abandonarão o esporte até o fim da puberdade álbumdesigual Região de origem do treinador Treinador negro; 1POR (Portugal); 2ARG (Argentina) Locais de origem dos 20 treinadores da primeira divisão do Campeonato Brasileiro Sudeste Outros paísesSul Nordeste Sp rJ por1 pr Sp rJ por1 SC Sp MG ArG2 rS MG pr rS Sp rJ BA pr rS pg. 18 08.2016 301AMinfomaniaMENINASbrasil.indd 18 13/07/2016 19:48:06 virandoojogo Ranking reordena os recordistas demedalhas emJogos Olímpicos pelo número de conquistas em relação ao total de habitantes do país Fonte: Medals Per Capita FINLÂNDIA, SUÉCIA e HUNGRIA são asmaiores potências olímpicas do mundo — dependendo, claro, do ângulo pelo qual se olham os resultados de toda a história dos Jogos Olímpicos da era moderna. O topo da lista ganha esses nomes inesperados quando se pensa em quem tem mais vencedores em relação ao total da população. Ou seja, quem tem mais medalhas per capita. É justamente esse o título do projeto do neozelandês Craig Nevill-Manning, que man- tém o site medalspercapita.com atualizado com os dados. O autor é cientista da computação e um dos diretores seniores do Google. Na página, é possível comparar também o número de vitórias dos países com o seu Produto Interno Bruto — a Jamaica lidera a lista. Já o Brasil fica bem para baixo em todas: 101º pelo PIB, 93º per capi- ta e 32º em números absolutos. 1° ESTADoS UNIDoS 2° UNIÃo SoVIÉTICA 5° ALEMANHA 6° ITÁLIA 7° SUÉCIA 8° HUNGrIA 9° CHINA 10° AUSTrÁLIA 11° ALEMANHA orIENTAL 12° rÚSSIA 13° JApÃo 14° FINLÂNDIA 15° roMÊNIA 16° CANADÁ 17° poLÔNIA 18° HoLANDA 19° CorEIA Do SUL 20° BULGÁrIA 21° CUBA 32° BrASIL 3° GrÃ-BrETANHA 4° FrANÇA posição no ranking por total demedalhas 2.401 1.010 573 550 483 475 473 467 409 406 398 302 301 278 271 266 243 214 208 108 781 670 total de medalhas 1° FINLÂNDIA 2° SUÉCIA 5° BAHAMAS 6°NorUEGA 7° BULGÁrIA 9° ESTÔNIA 10° JAMAICA 11° SUÍÇA 12°NoVA ZELÂNDIA 13° AUSTrÁLIA 14° CUBA 15° HoLANDA 16° roMÊNIA 17° BErMUDAS 18° TCHECoSLoVÁQUIA 19° TrINIDAD E ToBAGo 20° BÉLGICA 21° GrÃ-BrETANHA 93° BrASIL 3°HUNGrIA 4° DINAMArCA posição no ranking de aproveitamento 64.237 17.904 19.649 32.150 33.595 34.413 39.391 39.939 40.385 42.772 44.773 48.994 54.044 62.901 63.265 72.153 73.206 77.121 79.720 1.781.263 20.972 31.176 população pormedalha No ranking de medalhas per capita, os dois países recordistas aparecem em: habitantes pormedalha habitantes pormedalha 37° ESTADoS UNIDoS 49° UNIÃo SoVIÉTICA 130.521 269.306 8° ALEMANHA orIENTAL pg. 1908.2016 INFO MANIA porGIulIANAdeTOledO 301AMinfomaniaMENINASbrasil.indd 19 13/07/2016 19:48:08 bo ta sc on ta mi na da s ca ne ta en ve ne na da ch ar ut os ex pl os ivo s es piõ es fr an co -at ira do re s bo la sd eb eis eb ol ex pl os iva s UMA SOLUÇÃO PARA desmantelar grupos terroristas está nas fórmulas da matemá- tica. Neil Johnson, físico da Universidade de Miami, desenvolveu com sua equipe um modelo estatístico para prever atentados. O estudo levantou mensagens pró-Esta- do Islâmico na rede social Vkontakte, de origem russa, que não bane as postagens com a mesma agilidade que o concorren- te mais famoso, o Facebook. Em cerca de um ano, eles descobriram 196 grupos, que somariam mais de 100 mil simpatizantes do terrorismo. A conclusão dos pesquisa- dores é que acompanhar as atividades de células menores e latentes é mais eficiente em relação à investigação de grupos gran- des, que são mais facilmente excluídos pelo próprio sistema das redes sociais. Os pe- quenos grupos morrem e renascem rapida- mente, e é lá que os chamados lobos soli- tários — terroristas que atuam sozinhos — buscam companhia para seus ataques. cálculoscontraoterror Físico cria algoritmo para vasculharweb e prevenir ataques porgiulianade toledo Fig. 09 - CG Desde que o presidente Barack Obama levantou a discussão sobre comercialização de armas para civis, bem como sua posse, foi registrado um aumento nas vendas des- ses produtos (veja gráfico à esquerda). Para piorar, cada vez mais norte-americanos decidem fabricar pistolas e fuzis em casa mesmo. Embora qualquer cidadão maior de idade, sem antecedentes criminais ou doençasmentais possa comprar uma arma, grupos de cunho liberal radical defendem a fabricação caseira dos equipamentos para burlar qualquer forma de regulação estatal. No caso do AR-15, é possível usar uma fresadora mecânica, equipamen- to que faz cortes com precisão, para fabricar o corpo da arma em casa. Basta, então, comprar os itens restantes em lojas convencionais para concluir a mon- tagem do fuzil. A úni- ca peça do AR-15 que tem algum tipo de regulamentação é o lower receiver, que possui onúmerode sériedo fuzil. Agora, uma organização chamada Defense Distributed desenvolveu uma máquina eletrônica de US$ 1,5 mil operada por um software de código aberto. Sua única função? Permitir que qualquer um fabrique o lower receiver ao toque de um botão. Para a organização, não basta que o governo autorize a compra de armas: ele nem sequer pode saber se os cidadãos têm umaAR-15 em casa. Enquanto isso, os EUA presenciaram, apenas em 2015, 355 tiroteios em massa, com pelo menos quatro feridos em cada incidente. Pouco menos de US$ 600 é o preço que um norte-americano precisa pagar se qui- ser ter um fuzil AR-15 para chamar de seu. O modelo é o mesmo que foi utilizado no massacre da boate gay Pulse, em Orlando, que deixou 50 mortos e foi o maior aten- tado cometido no país depois do 11 de se- tembro. Hoje, a arma está indisponível no mercado, mas não porque sua venda seja proibida. “Devido ao atentado recente e à discussão sobre regulação de armas, recebemos um grande número de enco- mendas. Nossas vendas ficarão suspensas temporariamente”, dizia um aviso na pági- na inicial da loja virtual Atlantic Firearms. fuzil baratinho Debate nos Estados Unidos sobre regulação aumenta a fabricação caseira de armas —porBRunoVaiano fuzil baratinho NúMERO DE PESSOAS qUE tENtARAM cOMPRAR ARMAS NOS EUA Fonte: FBI 2010 20 11 2014 2012 2015 2013 14.409.616 21.093.273 16.454.951 20.968.547 19. 59 2.3 03 23 .141 .97 0 fuz is com pra do s Duro Dematar FIDEL cAStRO, líder da Revolução cubana, sofreu 638 tentativas de assassinato encomendadas pelo governo norte-americano e por dissidentes cubanos. Prestes a completar 90 anos, em agosto, castro entrou no Guinness, o livro dos recordes, como a pessoa que mais vezes foi alvo de atentados. Entre as centenas de planos, não faltaram ideias inusitadas: pg.20 08.2016 301AMstartupARMAalgoritimo.indd 20 13/07/2016 19:54:26 nos olhos de quem vê Em TheMinority Report, conto de Philip K.Dick escrito em 1956, uma sociedade utó- pica se livra da violência com a utilização de um método questionável: três mutan- tes capazes de prever o futuro apontam os criminosos antes que os delitos ocorram. Sessenta anos após a publicação da histó- ria, a startup israelense Faception promete identificar terroristas por meio de um sof- tware de análise facial. E isso é perigoso. “Nós herdamos, sim, um pouco da nossa aparência facial e das nossas características psicológicas”, explica o psicólogo Alexander Todorov, pesquisador da universidade norte-ame- ricana de Princeton. “Mas afirmar que nossa personalidade está escrita na testa é uma falácia lógica.” A ideia é uma versão repaginada de uma pseudociência chamada fisiognomia, popular entre filósofos da Grécia Antiga. O poeta suíço Johann Lavater ressuscitou esse método de análise facial no século 18, mas a ideia logo foi descartada pelos cientistas. “Há poucas evi- dências de que a análise facial gere resultados precisos”, diz Todorov. “Ao mesmo tempo, há fortes evidências de que estereótipos faciais nos levam a inferir uma série de traços de personalidade com base na aparência.” Ou seja, nós julgamos o livro pela capa, tiramos conclusões com base nas primeiras impressões obtidas. E, ao contrário do que afirma a startup israelense, não há nada na ciência capaz de indicar que isso seja o suficiente para iniciar uma investigação policial. “É muito provável que para algumas aplicações — como, presumivelmente, a identificação de terroristas — o método se baseie em discriminação racial”, afirma o psicólogo. “Na média, ele gerará um alto número de falsos positivos e acusará pessoas inocentes.” Startup promete realizar a identificação de terroristas por meio de reconhecimento facial, mas a psicologia discorda porB.V. APESAR DO qUE DIz FRANk UNDERwOOD, de House of Cards, a democracia nem sempre é um jogode cartasmarcadas. contrariando as expectativas dos maiores partidos britânicos, 17,4 milhões de eleitores votaram pelo Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia. “Há umsentimento dedesilusão capitalizadopelos partidos ultraconservadores”, afirma Giuliano Oliveira, professor do Instituto de Economia da Unicamp. “E isso aconteceu porque a crise econômica acentuou todas essas tensões.” Sustentada por um discurso pautado pelo nacionalismo e pelo endurecimento às leis de imigração, avitória doBrexit nãodeixade reve- lar contradições. Oito horas depois do encerra- mentodasvotações, pesquisasnoGoogle coma frase “Oqueacontece se sairmosdaUniãoEuro- peia”maisquetriplicaram.Semcontaro fatode queoReinoUnidoéanaçãocomomaiornúmero decidadãosvivendoemoutrospaíseseuropeus: quase 5milhões de pessoas serão afetadas por contadoBrexit.Definitivamente, ademocraciae opoderdovotonuncadevemsersubestimados, especialmente pelos cidadãos... SaíDa à britânica Desencanto com a política e crise econômica levam o Reino Unido a um futuro incerto porthiago tanji FiG. 11 - EB “Meusegundo livro seráumromance. não seráuma biografia,mas terá elementospessoais” Michel Temer, presidente interino e aspirante a imortal da Academia Brasileira de Letras Fig. 10 -MS pg.2108.2016 301AMstartupARMAalgoritimo.indd 21 13/07/2016 19:54:27 1 2 O mundO passa pOr grandes transfOrmações periOdicamente, evivemosumaagoraquevaimudara formapelaqualvocê trabalhaeproduz. inovaçõesnasáreasde inteligência artificial, computação cognitiva, robótica, nanotecnologia, impressão3debiotecnologia, apontadas comoaQuartarevolução industrial ou indústria 4.0, têmalteradodrasticamenteonosso mododeviver, trabalharenos relacionarcomosoutros.pesquisadoresdauniversidadedephoenix, nos estadosunidos, fizeramumrelatóriodecompetênciasqueotrabalhovai exigirno futuro.O resultado? Já não basta seguir fórmulas. novos paradigmas e modelos de negócio surgem, e ummundo de oportunidades se apresenta para aqueles que se prepararem damaneira correta. O fora da caixa será o novo dentro da caixa Quem simplesmente der “ctrl c + ctrl v” em processos antigos perderá o lugar Vagas para profissionais burocratas, com atividades rotineiras e administra- tivas, serão cada vez mais raras. Mas o que não faltará será trabalho para quem estiver disposto a aprender e inovar. Estudo realizado em2013 pela consultoria Booz & Companymostrou que umaumen- to de 10% nos investimentos dos países em digitalização de processos resulta em queda de 1% na taxa de desemprego. Se- gundo o relatório, a incorporação dessas tecnologias nos últimos anos já gerou 400 mil empregos altamente qualificados na Europa e nos EstadosUnidos e 3,5milhões de empregos na região da Ásia-Pacífico. Semmedo de errar A evolução tecnológica permitirá simular cenários antes de tomar uma decisão que implique em perdas financeiras caso algo dê errado Os erros serão vistos não mais como fra- casso, mas como fontes de informações valiosas para que um projeto dê certo. “Nesse sentido, destaca-se o profissional curioso, que gosta de se aprofundar e que assume riscos e realiza testes para aper- feiçoar o processo”, diz Adriana Prates, presidente da Dasein Executive Search, consultoria de recrutamento situada em Belo Horizonte. Errar é humano, e isso serámais tolerado. Porém, insistir no erro continuará sendo visto como burrice — a maior tolerância existirá desde que o pro- fissional demonstre que se empenhou com o planejamento e aprendeu com a falha. ilu st ra çõ es :B ár ba ra M al ag ol i 5 coisas que você precisa saber para ter um emprego no futuro apresenta As máquinas farão o trabalho pesado e repetitivo, enquanto as pessoas ficarão livres para abusar da criatividade 301AMpubliSIEMENS.indd 22 13/07/2016 23:18:30 3 4 5 Mexeu com um, mexeu com todos Tudo estará conectado — por isso mesmo, ter conhecimento sobre outras áreas que não a sua será imprescindível Uma tecnologia desenvolvida para ajudar na corrida espacial poderá também ser a resposta para aumentar a produtivi- dade de uma fábrica. Com baixos custos de produção, abundante fluxo de infor- mação e expansão das redes de contato, ficou mais fácil ter boas ideias e execu- tá-las. “Conhecer de tudo um pouco será fundamental. Estaremos na era dos supe- respecialistas, que se unirão em equipes multidisciplinares e precisarão apren- der a ouvir, aprender a trocar, a dar e a receber”, destaca a recrutadora e presi- dente da Dasein, Adriana Prates. Continuará impossível ser feliz sozinho Habilidades sociais serão mais impor- tantes do que programar um sistema “Um dos benefícios de estarmos conec- tados em rede é o compartilhamento de conhecimento. Já é possível ter uma ideia e compartilhá-la para que outras pesso- as auxiliem no seu desenvolvimento”, diz PauloMoraes, diretorda consultoria de re- crutamento executivo Talenses. Dados de 2013 indicam que 67% dos trabalhadores no mundo diziam realizar trabalhos cola- borativos. O emprego do futuro deve ser marcado por contratos mais flexíveis, es- tabelecidos porprojeto. Cumprida a tarefa, cada um irá para um lado. Será preciso ter a habilidadede trabalharprodutivamente, de preferência em uma equipe virtual. O robô será seu melhor amigo Alémde fonte de informações valiosas, ele será umgrande parceiro na hora de executar tarefas chatas e perigosas A altíssima especialização e a inteligência artificial tornarão obsoleta a maior parte dostrabalhadorestradicionais,masháuma coisa que os robôs não conseguirão fazer: ter ideias comonóstemos.Atividadesserão aceleradasporcomputadores,masaorien- taçãocontinuarásendo feitapelohomem(a não serque seu robô seja autoritário como oC-3PO,deStarWars). “Arelaçãoentreho- mememáquinaédeparceria. Commais in- formação,oprofissional terátempodecriar e se aprimorar”, afirma Prates. Como diz Kevin Kelly, um dos fundadores da revista Wired, “no futuro,vocêserápagocombase emquão bemvocê trabalha com robôs.” 301AMpubliSIEMENS.indd 23 13/07/2016 23:18:31 por LeandroSaioneti e nathan FernandeS GALILEU teve acesso às fichas criminais dos vilões de Esquadrão Suicida, que chega às telas brasileiras no dia 4 de agosto, e conversou comalguns dos bandidos que já amamos omundonãoprecisadeheróis KArEnFUKUhArA Katana The Brave and the Bold #200 1ª ApArIção nomE rEAL crImEs Tatsu Yamashiro Ao contrário do resto do grupo, nunca cometeu grandes delitos. Lutou contra o Batman uma vez podErEs motIvAção Após combater os membros da máfia japonesa, voluntariou- -se para o Esquadrão É dona de uma espada que absorve a alma de suas vítimas Batman #1 jArEdLEto coringa 1ª ApArIção nomE rEAL Desconhecido crImEs Entre os piores estão o tiro à queima-roupa na Batgirl Bárbara Gordon, que a deixou paraplégica, e o assassinato de Jason Todd, o segundo Robin motIvAção Arquiteto do caos na cidade de Gotham, ele deseja provar que qualquer pessoa pode enlouquecer se tiver um dia ruim podErEs Facilidade em manipular as pessoas, torturá-las e desestabilizá- -lasmentalmente The Batman Adventures #12 mArGotrobbIE arlequina 1ª ApArIção nomE rEAL Harleen Frances Quinzel crImEs Basicamente, é acusada de colaborar com o Coringa em seus planos maquiavélicos (tudo em nome do amor) motIvAção Apaixonada pelo Coringa, é tão mau- -caráter quanto o palhaço. Ela é leal aos ideais criminosos de seu amor, e faz de tudo para satisfazê-lo podErEs A rainha do filme é uma ótima lutadora e tem agilidade excepcional “No filme, você eNteNderá as motivações dele e verá uma graNde virada — mas sem spoilers” hErnAndEz “eles são vilões, mas Não são maligNos. essa é a difereNça eNtre o esquadrão e as forças coNtra as quais eles lutam” coUrtnEy “passei um tempo observaNdo crocodilos e iNcorporei isso em técNicas de luta” AKInnUoyE-AGbAjE joELKInnAmAn ricK Flag The Brave and the Bold #25 1ª ApArIção nomE rEAL crImEs Rick Flag Jr. Responsável pelo controle do bando, não há registros de crimes em sua conta podErEs motIvAção Militar experiente, foi chamado para liderar a equipe e colocar os vilões na linha Estrategista, foi treinado para combates com armas brancas e de fogo jAyhErnAndEz el Diablo El Diablo #1 1ª ApArIção nomE rEAL crImEs Chato Santana Já participou de assassinatos e, claro, foi responsável por uma série de incêndios podErEs motIvAção Hospedeiro de um demônio, é o terceiro El Diablo a assumir a identidade O supervilão é um especialista em produzir e manipular o fogo AdEwALEAKInnUoyE-AGbAjE crocoDilo Detective Comics #523 1ª ApArIção nomE rEAL crImEs Waylon Jones Participação no crime organizado de Gotham e ataques ao Batman podErEs motIvAção Portador de uma condição genética que lhe deu características físicas reptilianas Força sobre-humana, poder de cura, agilidade e pele rígida cArAdELEvInGnE magia Strange Adventures #187 1ª ApArIção nomE rEAL crImEs June Moone Usou seus poderes sobrenaturais para provocar muita destruição mundo afora podErEs motIvAção Tem uma sensibilidade oculta e contato com o sobrenatural Possuída porumaentidade mágica,Moone desenvolveu umapersonalidade que deseja conquistaro poder jAIcoUrtnEy capitão bumerangue The Flash #117 1ª ApArIção nomE rEAL crImEs George Harkness Apenas uma série de roubos envolvendo tanto dinheiro quanto objetos valiosos podErEs motIvAção Antigo garoto-propaganda de bumerangues, entrou nomundo do crime só para se dar bem Habilidade em utilizar bumerangues com poderes especiais AdAmbEAch amarra Fury of Firestorm #28 1ª ApArIção nomE rEAL crImEs ChristopherWeiss Podem ser considerados “leves”: tentativa de assassinato e participação em um sequestro podErEs motIvAção Usa o conhecimento que adquiriu quando trabalhava como químico para levar vantagem Especialista em cordas que apresentam alta resistência em combate wILLsmIth pistoleiro Batman #59 1ª ApArIção nomE rEAL crImEs Floyd Lawton Assassinatos — a maior parte deles, de membros do crime organizado podErEs motIvAção Assassino de aluguel em Gotham, o vilão quer ser alçado ao posto de chefão do crime É especialista no uso de armas e traz uma mira biônica no olho pg.24 08.2016 301AMcultura.indd 24 13/07/2016 20:01:51 umcontodechina no livro, encontramos seres que vivem sob um sistema autoritário e corrupto. muitos podemrelacionar esse universo aomundo real... A literatura tem ressonâncias com a nossa realidade. Mas o problema com esse tipo de interpretação é que ela simplifica sua compreensão da metáfora e é inadequada no sentido do literalismo da ficção. Um dragão, em um romance fantástico, pode ser uma metáfora para todo tipo de coisa. Mas ele também é — pelo menos nos melhores livros — um lagarto flamejante gigante. você já foi comparado a franz KafKa e philip K. dicK. comodescreveria o seu processo criativo e de escrita? Fico absurdamente lisonjeado com essas com- parações. Diria que omeu processo de escrita é confuso, incoerente, agitado, esperançoso e frustrante. E não sei se voumelhorar, mas ainda sonho com isso. Minha relação com a literatura é de fascinação, intenso amor e comprometimento com as leituras que faço. você é umrespeitado professor de escrita criativa. qual é o desafio ao escrever umnovo livro? Talvez, a melhor coisa seja refazer, recombinar e misturar as ideias em novas combinações. Para ser honesto, creio que muitos de nós têm ideias melhores do que realmente achamos. Um dos grandes problemas que encaramos é que as pessoas são treinadas a escutar que suas ideias são ridículas, desaniman- do rapidamente. O maior problema que enfrentam não é a falta de ideias, e sim o desencorajamento para seguir firme com elas. Estação Perdido, livro de ficção científica do escritor inglês ChinaMiéville, é lançado no Brasil pela Editora Boitempo 16 anos depois de ser escrito. Em entrevista, o autor comenta os desafios de produzir literatura fantástica na atualidade— por L.S. Filmescultbrasileirossãobonsemcaptarrecursos,masestão longe defazersucessocomoascomédias—porLucaS aLencar Entre os filmes nacionais quemais arrecadaram dinhei- ro nas bilheterias há pouca variação de gênero: sete comé- dias, uma biografia, um religioso e um fenômeno chamado Tropa de Elite 2. bons dE cAptAção Asproduções quemais conseguiram recursos porfinanciamentos Xi ng u( 20 12 ) 40 % 92 8% 82 6% 1.0 34 % 1.0 76 % 1.1 38 % 69 0% 89 0% 1.1 08 % 1.0 16 % 88 5% R$ 9,7 mi lhõ es R$ 3,8 mi lhõ es Cid ad ed eD eu s( 20 02 ) 25 1% R$ 7,5 mi lhõ es R$ 19 mi lhõ es Flo re sR ar as (20 13 ) Se Eu Fo ss e Vo cê 2( 20 09 ) 36 % R$ 9,6 mi lhõ es R$ 3,4 mi lhõ es OX an gô de Ba ke rS tre et (20 01 ) De Pe rn as pr o Ar 2( 20 12 ) 24 % R$ 9,3 mi lhõ es R$ 2,2 mi lhõ es Be so ur o (20 09 ) At éq ue aS or te no sS ep ar e2 (20 13 ) 43 % R$ 8,8 mi lhõ es R$ 3,8 mi lhõ es Co ra çã o Ilu mi na do (19 98 ) Mi nh aM ãe Éu ma Pe ça (20 13 ) 1% R$ 9,2 mi lhõ es R$ 92 ,8 mi l OT em po eo Ve nt o( 20 13 ) Do is Fil ho s de Fr an cis co (20 05 ) 91 % R$ 8,4 mi lhõ es R$ 7,7 mi lhõ es Ga ijin II- Am a- me Co mo So u( 20 05 ) No ss oL ar (20 10 ) 5% R$ 7,6 mi lhõ es R$ 38 8m il OC or on el eo Lo bis om em (20 05 ) Me uP as sa do me Co nd en a (20 13 ) 62 % R$ 7,5 mi lhõ es R$ 4,6 mi lhõ es Co ra çõ es Su jos (20 11) De Pe rn as pr oA r(2 01 0) At éq ue a So rte no s Se pa re (20 12 ) 6% R$ 7,3 mi lhõ es R$ 45 2m il Valor arrecadado Valor total captado Entre os filmes que mais capta- ram recursos para viabilizar suas produções, apenas Cidade de Deus arrecadou nas bilheterias mais dinheiro do que gastou para ser feito. Valor arrecadado com bilheteria Valor total captado bons dE bILhEtErIA Os sucessosdepúblico do cinemanacional têmpoucadiversidade temática piadinha milionária Tr op ad eE lit e2 *(2 01 0) R$ 10 3m ilh õe s R$ 6m ilh õe s R$ 4,8 mi lhõ es R$ 4,6 mi lhõ es R$ 3,9 mi lhõ es R$ 5,3 mi lhõ es R$ 4m ilh õe s R$ 3m ilh õe s R$ 3,4 mi lhõ es R$ 3,5 mi lhõ es R$ 50 mi lhõ es R$ 50 mi lhõ es R$ 49 ,6 mi lhõ es R$ 45 mi lhõ es R$ 36 mi lhõ es R$ 36 mi lhõ es R$ 34 ,8 mi lhõ es R$ 34 mi lhõ es R$ 31 mi lhõ es R$ 11 mi lhõ es * Filme campeão em captação de recursos e bilheteria pg.2508.2016 301AMcultura.indd 25 13/07/2016 20:01:52 ED. 06 - AGOSTO 2016 Nova tecnologia desenvolvida no Inpe melhora estimativas sobre queimadas C ientistas do Instituto Nacional dePesquisas Espaciais (Inpe) contam comuma nova tecnologia para monitorar com precisão incêndios e queimadas no Brasil. Um algoritmo (ou comandos computacionais) desenvolvido no Inpe permite o mapeamento das áreas destruídas pelo fogo a partir de dados de sensoriamento remoto obtidos da Nasa, a Agência Espacial Norte-Americana. A nova ferramenta já foi adotada pelo Grupo de Monitoramento de Queimadas e Incêndios para gerar estimativas mais confiáveis, inclusive, retroativamente. Com base nas imagens de satélites, os pesquisadores conseguiam acompanhar os focos de incêndio, ou seja, o local da chama. Agora, é possível dimensionar a área tomada pelo fogo ano a ano desde 2005 em cada bioma. Isso porque o algoritmo desenvolvido tem resolução espacial de 1 quilômetro quadrado. Segundo a pesquisadora Renata Libonati, que desenvolveu a ferramenta durante pós-graduação no Inpe, o Brasil usava tecnologia desenvolvida pela Nasa para todo o planeta. A desvantagem é que o sensoriamento em escala global, feito de forma generalizada, não considera as características de cada bioma, como tipo de vegetação, solo e clima. “Com esse algoritmo, nós conseguimos refinar as informações sobre as queimadas no Brasil”, diz Libonati. A ferramenta abre uma nova perspectiva para as ações de monitoramento e fiscalização do país.Além disso, permite que o Brasil avance nas políticas de controle de emissão de poluentes. Estudo prevê “clima caótico” até 2100 Oclima tende a ficar com longos períodos secos e extremos de chuva intensa, com menor grau deprevisibilidade, até 2100. O alerta foi feito pelo coordenador do INCT de Mudanças Climáticas,Carlos Nobre, durante lançamento do livro “Modelagem Climática e Vulnerabilidades Setoriais à Mudança do Clima no Brasil”, na 68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em julho deste ano, em Porto Seguro (BA). “Os impactos e os riscos são tão grandes que, na minha opinião, não existe outra possibilidade que não seja a mais rápida redução de gases de efeito estufa, como a COP 21 [21ª Conferência do Clima] preconizou: zerar as emissões até 2050 ou 2060 e chegar a emissões negativas, ou seja, tirar CO2 [dióxido de carbono] da atmosfera”, afirmou o pesquisador. “Esse é um enorme desafio, mas é um problema do qual não temos como fugir se nós não quisermos entregar aos nossos netos e bisnetos um mundo muito difícil de viver.” INFORME PUBLICITÁRIO Siga as ações do Ministério e as contribuições da ciência e da tecnologia para o desenvolvimento do Brasil. Acesse nosso site e nossas páginas nas redes sociais.site www.mcti.gov.brtwitter.com/MCTIC facebook.com/MCTIC Lançamento de fi bra óptica de 240 km leva internet para interior da Amazônia Conexões de 100 Gb/s entre Brasil e Estados Unidos entram em operação D uas novas conexões de 100 Gb/s entre São Paulo e Miamiforam ativadas, ampliando a saída internacional da redeacadêmica brasileira,a Ipê.As novas conexões,emoperação por meio de cabos submarinos nos oceanos Atlântico e Pacífico, fazem parte do projeto Amlight Express and Protect, financiado pela National Science Foundation (NSF), pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), organização social ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O consórcio Amlight gerencia as conexões entre Estados Unidos e América Latina para ensino e pesquisa. “Em 2017, outros seis links com a mesma capacidade entre Miami e U m dos maiores projetos de fibra óptica subaquática domundo, o programa Amazônia Conectada, completouum ano em julho com o primeiro trecho de 242,5 quilômetros concluído.A fibra interliga os municípios de Coari a Tefé via leito do Rio Solimões. A expectativa é que a infraestrutura de telecomunicações beneficie 144 mil pessoas nos dois municípios. Atualmente, a internet que chega às duas cidades é via satélite e tem custo elevado. E a rede de fibra óptica atende apenas Manaus. “É um projeto absolutamente estratégico. Nesse trecho, vai atender institutos como o Mamirauá, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Universidade Federal do Amazonas, por exemplo. Os custos das conexões de satélites, que hoje sai por algo entre R$ 3 mil e R$ 5 mil o preço do megabyte, passarão, com o cabo óptico, a aproximadamente R$ 50 por mês. Teremos Sem conexão Na região amazônica, a internet não chega a todos os municípios, o que prejudica os serviços públicos. Quando há conexão, a velocidade é lenta e o serviço, caro. Comas fibras subfluviais, o objetivo éoferecer 100gigabytes por segundo, oqueviabilizaumasériedeserviçosderedededadoscomamesma qualidade encontrada em outras regiões do país: internet banda larga, telemedicina, ensino a distância, instituições de educação e pesquisa, e interconexão entre saúde. Além disso, o programa vai contribuir tambémpara aperfeiçoar as comunicaçõesmilitaresna fronteira, trazendo ganhos para a defesa nacional. a América Latina devem entrar em operação”, informou o engenheiro de redes da Universidade Internacional da Flórida (FIU, em inglês) Jerônimo Bezerra. Segundo ele, as conexões internacionais de 100 Gb/s estabelecem novos parâmetros em conectividade de alto desempenho nas Américas e possibilitam oportunidades de colaboração científica. Uma das iniciativas beneficiadas será o projeto internacional de Astronomia Large Synoptic Survey Telescope (LSST), que conta com a participação de 50 pesquisadores brasileiros. O LSST é um telescópio em construção em Cerro Pachón, no Chile, previsto para entrar em operação em 2022 e que terá capacidade para fazer o mapeamento de quase metade do céu por um período de dez anos. aumento da velocidade e mais qualidade na comunicação por preços menores. É uma ideia estruturante para aquela região”, afirma o diretor-geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), Nelson Simões, organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), parceira no desenvolvimento do programa, ao lado do Ministério da Defesa. O cabo subfluvial de 390 toneladas ligando os municípios faz parte da infovia do Rio Solimões, uma das cinco que serão construídas pelo governo federal por meio dos leitos dos rios que cortam a Amazônia. Somente no Solimões, 15 municípios serão atendidos. Mas a meta do programa é fazer mais. Redes subfluviais ópticas serão estendidas por aproximadamente 7,8 mil quilômetros dos principais rios, beneficiando 3,8 milhões de habitantes em 52 municípios. Umhotel Combarracas práticas e confortáveis, acampar deixou de ser sinônimo de passar perrengue b arracas são abrigos temporários no meio do mato. Há 40 mil anos, eram de madeira e pele de mamute; hoje, são de fibra de vidro e nylon. Oferecem con- forto tanto ao trilheiro hardco- re quanto à família — há mo- delos com dois quartos e “sala de estar”. Os fãs da praticidade contam com uma opção que se arma sozinha. E não é somente no exterior que são feitos bons produtos: desde 1985, a curiti- bana Manaslu produz barracas de qualidade só com material nacional. “Somos mais um ate- liê do que uma indústria”, afir- ma Júlia Romão, que toca o ne- gócio ao lado do marido. As varetas são de alumínio, mais difíceis de quebrar, e o nylon é ripstop, que evita rasgos. As barracas da marca podem du- rar décadas, já as de certas fa- bricantes são pensadas para es- tragar em dois anos. “Não nos encaixamos nessa lógica.” Fuja para as colinas Evite apertos com essas dicas para acampar sem dor de cabeça não semolhe Se chover, estique um barbante acima da barraca e cubra com lona em forma de pirâmide. Sobre- tetos podem ajudar. zero rasgos Limpe o terreno antes demontar a barraca: remova pedras, galhos ou coisas que possam rasgar o piso. luz do sol Arme acampamen- to onde o sol dama- nhã bate, para que ele seque o orvalho da noite e deixe a barraca quentinha. barraca certa Lugares abafados pedem o tipo 3 estações, mais ven- tilado; na neve, use o tipo 4 estações, mais reforçado. sem zum-zum Mantenha sempre as telas deportas e janelas fechadas— assim, insetos inde- sejáveisvãoficardo ladode fora. discoverymountain MAnASLu R$ 735 1 ve 25 the noRth fAce R$ 3.490 2 mesa dobrável quechuA R$ 399 3 Prata da casa Produzida artesanalmente, abriga duas pessoas. Suporta baixas temperaturas e, por pesar só 3 quilos, é boa para trilhas 1 4 5 odiosomoFo nunca guarde a barraca molhada: a umidade é propícia para omofo e reduz a vida útil dos materiais. 28 textoandréjorgedeoliveira dentro da caixa 301CONSUMObarracasVA.indd 28 13/07/2016 20:04:47 trêsmil estrelas Paramuita gente, o campismoébemmais que umaopção barata de hospedagem—chega a ser umestilo de vida h lenha na Fogueira Nada como uma boa história ao redor do fogo, e acendê-lo não é tão difícil quanto parece ospedar-se em um resort custa caro. Já uma diária em um camping sai por menos de R$ 30, o que permite viajar gas- tando pouco. Mas o fascínio vem da conexão com a natu- reza. No céu noturno acima de hotéis cinco-estrelas, não apare- cemmuitomais que cinco estre- las — culpa das luzes urbanas. Já a noite em um acampamento afastado pode exibir até 3 mil delas. São essas coisas que os campistas buscam. “O campis- mo deixou de ser só um hobby e virou um estilo de vida tranqui- lo”, diz Romão. Ela tem clientes que viajam omundo acampando e, graças à internet, trabalham remotamente. Nos EUA, estima- -se que cerca de 15% da popu- lação acampe. Não émais preci- so ser um aventureiro para esca- par da rotina e passar uns dias no meio do mato. As barracas continuam sendo abrigos, mas também se tornaram refúgios. 1. Limpebem oterreno, não deixe nada inflamável emumraio de 3metros. faça umcírcu- lo depedras e cave alguns dedos na área interna. 2. Juntepeda- ços depapel, folhagens, cascas de árvore, grave- tinhos, galhos finos,médios e grossos. É importante que tudoes- teja bemseco. 3. coloque na terra um punhadode folhagem. Acima, faça umapirâmide degraveti- nhos e cerque comduplas cruzadasde galhosmédios. 4.nãoamon- toe: deixe a fogueira res- pirar.Acenda as folhagens com fósforo e vá acrescen- tandogalhos mais grossos de forma cruzada. air pump 70 quechuA R$ 449 4 Forclaz 60 quechuA R$ 399 sleepin’bed quechuA R$ 349 5 6 Quase um iglu Modelo best-seller da empresa californiana, feito para expedições rigorosas. Protege três pessoas de nevascas 2 3 6 29 fora da caixa fototomásarthuzzi 301CONSUMObarracasVA.indd 29 13/07/2016 20:04:53 Fo to :T om ás Ar th uz zi /E di to ra Gl ob o *C ar to la — Ag ên ci a de Co nt eú do A gasolina C pode conter ainda resíduos como compostos de enxofre, de nitrogênio e metálicos, além de corantes e antioxidantes E AÍ, PODE COMPLETAR? Agasolinacomuméuma grandefestadederivadosdo petróleo—PORSAMUEL LIMA* ense no barril de petróleo como uma cesta cheia de peças de um quebra-cabeça. Todas elas são feitas do mesmo material (mo- léculas de carbono e hidrogênio), mas têm tamanhos e formas diferentes. E é justamente o tamanho e a forma de cada uma que determinam se essas peças vão ser usadas para formar gás de cozinha, asfalto para pavimentar as ruas da cida- de ou litros de gasolina ou óleo diesel. Tudo começa com a separação física das peças do quebra-cabeça por meio do aquecimento do petróleo na refinaria, em um processo chamado destilação atmos- férica. Como o tamanho dos hidrocarbo- netos é diferente, os pontos de ebulição de cada material também não são iguais. A técnica consiste em fazer o petróleo virar vapor e, depois, resfriá-lo gradati- vamente. Quando cada parte atinge no- vamente seu ponto de ebulição, ela con- densa. Aí está a sacada: a substância com maior ponto de ebulição fica líquida pri- meiro, e a de menor cadeia só condensa no ponto mais alto da coluna. Placas em diferentes alturas recolhem cada um dos produtos separadamente. O mais famoso deles é justamente a gasolina. Mas nenhum carro no país é abaste- cido apenas com essa gasolina que sai da refinaria, denominada “gasolina A”. O combustível que chega aos postos con- tém 27% de etanol anidro, volume obri- gatório por lei para as gasolinas comuns. O material passa, então, a ser chamado de “gasolina C”. Mais do que estimular o uso de energias renováveis, a adição de álcool à gasolina é feita para garantir que a mistura de ar e combustível no motor não exploda. HIDROCARBONETOS São compostos químicos constituídos de átomos de carbono e de hidrogênio. As cadeias mais frequentes encontradas na gasolina são as que têm de sete a nove carbonos. ETANOLANIDRO O álcool etílico é produzido em usinas e tem como principal matéria- -prima a cana- -de-açúcar. Pode ser processado também com o amido do milho ou da beterraba, ainda que seja bemmenos comum no Brasil. CHUMBO (NÃO ÉMAIS USADO) Durante décadas, a substância foi adicionada à gasolina para fazer omesmo papel do álcool. O chumbo, no entanto, é tóxico. O Brasil foi um dos primeiros países a abolir o composto. P H 1 C 6 C3 H8 H 1 O 8 C 6 C2 H5OH C 6 H 1 Pb 82 Pb (C2H5)4 30 ELEMENTAR H N OC Ti Fe Zn GASOLINA 301ELEMENTARgasolinaVA.indd 30 13/07/2016 20:33:40 Mais dametadedapopulaçãobrasileira estádemal comabalança. Passamosdeumpaís dedesnutridosaumquegastaR$488milhões poranopara
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