Buscar

Revista Galileu - Agosto de 2016.

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Com salários baixos
e treinamento violento,
policiais reproduzem
a lógica de guerra herdada
da ditadura militar
p. 40
galileu.globo.com
EDIçÃO
R$ 14,00
bolsas não sustentam
alunos de pós-graduaçãoP. 70
poluição chega até o
ponto mais fundo do marP. 60
P. 07 os casos de racismo emaplicativos como airbnb
dossiê
alimentação
e saúde
p. 66entrevista: editar dna ficou tão fÁcil Quanto corrigir umteXto
301
AGO. 16
Consumoelevadode
AçúcAr éumdosmaiores
problemasnopaís • p.31
limite diário
Média do
brasileiro
16,710 colheresde chá
301CAPA.indd 1 14/07/2016 17:05:20
edição de ipad
Em 2016, todos os olhos estarão voltados para os Jogos Olímpicos, no Rio de 
Janeiro. Serão mais de 10 mil atletas, de 206 países, acolhidos pela alma carioca 
para projetar os valores do movimento Olímpico: respeito, amizade, excelência.
Faça parte deste momento ao lado da seleção de jornalistas da Editora Globo. 
Corra, mergulhe e salte ao nosso lado, com cobertura completa e conteúdos 
inovadores que vão mostrar tudo o que acontece na frente e atrás das câmeras. 
Entre no maior evento esportivo do mundo
com a delegação da Editora Globo
TM
Rio
20
16
|T
od
os
os
dir
eit
os
re
se
rv
ad
os
.
carregando...
Em agosto,
umanova forma
dE lEr sEus
contEúdos favoritos
na palmada
suamão.
acesse app.revistagalileu.globo.com e fique por dentro!
ANTIMATÉRIA
P.24
P.10 7
agosto2016
of
im
da
fa
lt
ad
ea
r
i n f o m a n i a
P.19
racismo
MINoRITy RepoRT
suMáRIo de RepoRTAgeNs
P.21
P.39
P.1
1
P. 30
galáxias amigas
gasolina
ElE-
mEn-
tar
dentro da caixa
P.28
P.
P.80
Panorâmica
cor horrível contra o
cigarro
p.11
brasil
líder em
mortes de
ambientalistas
P.14
P.1
7
DiretoraDeGrupoCasaeComiDa,
Casae JarDim, CresCereGalileu: Paula Perim
reDaÇÃo
eDitora-CHeFe:Cristine Kist
eDitoraDearte: Fernanda Didini
eDitores:Giuliana de Toledo, Nathan Fernandes e Thiago Tanji
repórteres:André Jorge de Oliveira e IsabelaMoreira
DesiGners: Felipe Eugênio (Feu) e João Pedro Brito
estaGiários: Bruno Vaiano (texto) eMayraMartins (arte)
assistenteDereDaÇÃo:Gabriela Nogueira
ColaboraDoresDestaeDiÇÃo:
Cartola Conteúdo, Guilherme Brendler, Leandro Saionetti, TatianaMerlino,
Túlio Custódio (texto); Beatriz Liranço, Carlo Giovani, Estúdio Barca,
GuilhermeHenrique, Julia Rodrigues, Mariana Salimena, Roberto
Seba, Tomás Arthuzzi (arte); MoniqueMurad Velloso (revisão).
e-mailDareDaÇÃo: galileu@edglobo.com.br
Diretor-Geral: Frederic Zoghaib Kachar
DiretorDeauDiênCia: Luciano Touguinha de Castro
DiretoraDemerCaDoanunCiante:Virginia Any
OBureauVeritas Certification, combase nos processos e procedimentos descritos no seu
Relatório deVerificação, adotando umnível de confiança razoável, declara que o Inventário
deGases de Efeito Estufa—Ano 2012 da Editora Globo S.A. é preciso, confiável e livre de
erro ou distorção e é uma representação equitativa dos dados e informações deGEE sobre
o período de referência para o escopo definido; foi elaborado emconformidade coma
NBR ISO 14064-1:2007 e as Especificações doProgramaBrasileiro GHGProtocol.
inovaÇÃoDiGital
DiretorDe inovaÇÃoDiGital:AlexandreMaron
GerenteDeestratéGiaDeConteúDoDiGital:Silvia Balieiro
teCnoloGia
DiretorDeteCnoloGiaDe inFormaÇÃo:Rodrigo José Gosling;
DesenvolveDores: Everton Ribeiro, Fabio AlessandroMarciano, Jeferson
Mendonça, Leandro Paixão, Leonardo Turbiani, Marcelo Amendola, Marcio Costa,
Murilo Amendola e Victor Hugo Oliveira da Silva;opeConline:Rodrigo Santana
Oliveira, Danilo Panzarini, Higor Daniel Chabes, Rodrigo Pecoschi, Thiago Previero
GerenteDeeventos:Daniela Valente
CoorDenaDorDeopeCoFFline: José Soares
merCaDoanunCiante
seGmentos—FinanCeiro, imobiliário, ti, ComérCio evareJoDiretor
denegóciosmultiplataforma: EmilianoMorad Hansenn; Gerente de negócios
multiplataforma:Ciro Horta Hashimoto; executivosmultiplataforma: SelmaMaria
de Pina, Cristiane de Barros Paggi Succi, Christian Lopes Hamburg, Milton Luiz
Abrantes e Taly CzeresniaWakrat;moDa,belezaeHiGienepessoal
Diretor de negóciosmultiplataforma: Cesar Bergamo; executivosmultiplataforma:
Adriana Pinesi Martins, Eliana Lima Fagundes, Juliana Vieira, Selma Teixeira da
Costa e SorayaMazerino Sobral; Casa, ConstruÇÃo,alimentosebebiDas,
HiGieneDoméstiCaesaúDeDiretora denegóciosmultiplataforma:Marilia
Guiti Hindi; executivosmultiplataforma:Giovanna Sellan Perez, Keila Ferrini,
Lucia Helena LopesMessias, Rodrigo Girodo Andrade, Valeria Glanzmann;
mobiliDaDe, serviÇospúbliCosesoCiais, aGroe inDústriaDiretor denegócios
multiplataforma:Renato Augusto Cassis Siniscalco; executivosmultiplataforma:
Andressa Aguiar, Diego Fabiano, Cristiane Soares Nogueira, João CarlosMeyer
e Priscila Ferreira da Silva; eDuCaÇÃo, Cultura, lazer, esporte, turismo,
míDia, teleComeoutrosDiretora denegóciosmultiplataforma: Sandra Regina
deMelo Pepe; executivosmultiplataforma:Ana Silvia Costa, Guilherme Iegawa
Sugio, Lilian deMarche Noffs e Dominique Petroni de Freitas; DiGital Diretora de
negócios digitais: Renata Simões Alves de Oliveira; esCritóriosreGionaisGerente
multiplataforma: Larissa Ortiz; executivamultiplataforma: Babila Garcia Chagas
Arantes; uniDaDeDeneGóCios—rioDe JaneiroGerentemultiplataforma:Rogerio
Pereira Ponce de Leon; executivosmultiplataforma:AndréaManhãesMuniz, Daniela
Nunes, Lopes Chahim, Juliane Ribeiro Silva, Maria CristinaMachado e Pedro Paulo
Rios Vieira dos Santos;uniDaDeDeneGóCios—brasília Gerentemultiplataforma:
Barbara Costa Freitas Silva; executivosmultiplataforma: Camila Amaral da Silva e
Jorge Bicalho Felix Junior; estúDioGlobo:Roberta Ristow; Coordenador de
projetos especiais: Renan Abdalla; estratégia comercial:Renata Dias Gomes; Criação:
Vera Ligia Rangel Cavalieri;arte:Rodolpho Vasconcellos
auDiênCia
Diretor demarketing: Cristiano Augusto Soares Santos
Diretor de clientes e planejamento:Ednei Zampese
Gerente de vendasde assinaturas:ReginaldoMoreira da Silva
Gerente de criação:Valter Bicudo Silva Neto
Gerente de inteligência demercado:Wilma ConceiçãoMontilha
Coordenadores demarketing: Eduardo Roccato Almeida e Patricia Aparecida Fachetti
GAlIlEu é umapublicação da EDITORAGlOBOS.A.—Av. Nove de Julho, 5.229, 8º andar,
CEP01406-200, São Paulo/SP. Tel. (11) 3767-7000. Distribuidor exclusivo para todo oBrasil:
Dinap—DistribuidoraNacional de Publicações. Impressão: Plural Indústria Gráfica ltda.—Av.Marcos
Penteado deulhoaRodrigues, 700, Tamboré, Santana deParnaíba/SP, CEP06543-001
AtendimentoAoAssinAnte
Disponível de segunda a sexta-feira, das 8às 21 horas; sábados, das 8às 15horas.
internet:www.sacglobo.com.br
sÃopaulo: (11) 3362-2000
Demais loCaliDaDes:4003-9393*
Fax: (11) 3766-3755
*Custo de ligação local. serviço nãodisponível em todoobrasil.
para saber dadisponibilidadedo serviço emsua cidade, consulte suaoperadora local.
paraanunCiarliGue: sp: (11) 3767-7700/3767-7500
rJ: (21) 3380-5924 e-mail:publigalileu@edglobo.com.br
paraseCorresponDerComareDaÇÃo: endereçar cartas ao Diretor de redação,
GALILEU. Caixa postal 66011, CEP 05315-999, São Paulo/SP. Fax: (11) 3767-7707
e-mail:galileu@edglobo.com.br
as cartas devemser encaminhadas comassinatura, endereço e telefonedo remetente.
Galileu reserva-se odireito de selecioná-las e resumi-las para publicação.
eDiÇõesanteriores: o pedido será atendido pormeio do jornaleiro pelo preço da
edição atual, desde que haja disponibilidade de estoque.
Faça seu pedido na bancamais próxima.
no airbnb
meninas
deouro
P.18
barracas
a ficha criminal do
esquadrão
suicida
DaVIDaREaL
aPertemoscintos
a grana sumiu
composição
301Composicao.indd 3 13/07/2016 19:30:05
fizemos
pormerecer?
Edição julho/2016
“Matéria muito bem
escrita e traz dados
relevantes para entender
mais sobre o urbanismo
e seus desdobramentos.”
Lucas martins costa
Teresina,
PI
Dossiê
“A pauta tem uma questão
histórica e, ao mesmo
tempo, atual. Achei
ótimo que duas grandes
referências, como Gregório
Duvivier e Lobão,
aparecem. Só senti falta
de entrevistas com artistas
contrários à ditadura
e que, agora, lutam
contra o impeachment.”
camiLa oLiveira
Porto Alegre, RS
paLco/paLanque?
“Confesso que sou
suspeito pra falar
porque sempre
fico apaixonado
pelas matérias de
astronomia, mas
amei! Escrita realista
e sem muito alarde
e um design muito
bom também.”
João victor ravaneDa
Rio de Janeiro, RJ
expresso
interestreLar
Médias
dasMatérias
Em julho, nossos implacáveis conselheiros
refletiramsobremeritocracia eoutros
mitos enosconcederamseuparecer
sobreessaediçãocheia deméritos
“É importante prestigiar
feitos de uma área tão
apavorante para alguns
como a matemática.
As perguntas foram
ótimas, pois conduziram
o entrevistado a
exemplificar o assunto
de uma maneira
mais simples.”
DanieLa morais
Campinas, SP
papo cabeça:
teoria Do caos
91%
9%
Gostei, entendi a bagunça
Não gostei, achei uma zona
eLementar:
Lubrificante
77%
8%
15%
Gostei, sexy sem ser vulgar
Não gostei, vulgar sem ser sexy
Não sou capaz de opinar
86%
7%
7%
Gostei, achei necessária
Não gostei, achei tendenciosa
Não sou capaz de opinar
85%
15%
Gostei, onde compro o bilhete?
Não sou capaz de opinar
capa
Matéria incrível.
A parte sobre gratidão,
reconhecimento e sorte foi
espetacular, me ofereceu
uma nova perspectiva
sobre o funcionamento
do sistema capitalista.
JuLiano De azeveDo santanna
Rio de Janeiro, RJ
100% Gostei, mérito dequem fez a matéria
Capa
9,2
Dossiê
Cidades
8,7
Você pode
substituir...
8,2
As crônicas
do gelo
8,5
Papo cabeça:
Teoria do caos
8,4
Expresso
Interestelar
9,2
Palco/
Palanque
8,6
06
con -
se-
lho
PORn
a
t
h
a
n
f
e
r
n
a
n
d
e
s
con -
se-
lho PORnat
h
a
n
f
e
r
n
a
n
d
e
s
301Conselho.indd 6 13/07/2016 19:24:14
inovação no
PREConCEiTo
CasosderacismonoAirbnbrevelamque
aeconomiacompartilhadanãoestá imunea
velhosproblemassociais POR Tulio CusTódio
08 . 20 16 1 MarianasaliMena (Ms)2 Carlogiovani (Cg)
3 esTúdioBarCa (eB)
ilustRAdORes COnvidAdOs
desiGnfeue
fernandadidini
Fig. 01 -(MS)
Pg.0708.2016
ANTI-
MATÉ-
RIA
ediÇÃOTHiagoTanJi
301AMabre.indd 7 13/07/2016 19:33:52
oraci
smop
ersist
e
emnúmeros
Dados do
IBGE de 2014
indicam
que 76% da
população mais
pobre do Brasil
corresponde a
pessoas negras
AGERENTEDEHOTELARIA
Daniela Vasconcelos apro-
veitou o feriado do Réveillon
de 2016 para visitar o Rio de
Janeiro ao lado de seu namora-
do, o designer gráfico Silvestre
Rodrigues. Para escapar dos
preços proibitivos dos hotéis
durante a alta temporada, ela
pesquisou casas e apartamen-
tos disponíveis no Airbnb. Ao
contatar o dono da residência
selecionada, recebeu a respos-
ta de que o espaço já estava
reservado — no site, o imóvel
continuava vago. Ela, então,
pediu ao namorado para fazer
a mesma consulta com o anfi-
trião. O dono da casa afirmou
que o aluguel estava disponí-
vel. Daniela é negra e Silvestre
é branco. “Minha reação foi de
tristeza por saber que uma pes-
soa me definiu pela cor da mi-
nha pele, pelo meu cabelo, por
meus traços”, diz a jovem de 26
anos. “Meu namorado e eu ga-
nhávamos praticamente o mes-
mo salário, e pensei: meu di-
nheiro é diferente do dele por
ele ser branco e eu, negra?”
Esse não é um exemplo iso-
lado. Nos Estados Unidos,
casos de racismo no Airbnb
levaram à criação da hash-
tag #AirbnbWhileBlack, cam-
panha promovida pela ONG
ShareBetter que denunciava
como a experiência de negros
ao utilizar o serviço de hospe-
dagem era diferente daquela
experimentada por brancos.
O caso mais famoso é o de
Glen Selden, um publicitário
negro norte-americano que
teve seu perfil negado ao ten-
Pg.08 08.2016
301AMabre.indd 8 13/07/2016 19:33:53
tar alugar um quarto pelo site.
Logo depois, ao criar uma con-
ta em que fingia ser um homem
branco, foi aceito no mesmo
lugar. Em pesquisa conduzida
pela Harvard Business School
em 2015, usuários que possuem
nomes “reconhecidos” como
da comunidade afro-america-
na têm uma chance 16% me-
nor de conseguir aprovação de
um pedido de reserva no servi-
ço. Símbolo de um capitalismo
mais humanizado, a economia
compartilhada mostra que não
está imune às discriminações
baseadas em preconceitos de
raça, classe e gênero. Casos
como o de Daniela Vasconcelos
e Glen Selden não são proble-
mas isolados e fazem parte de
uma estrutura social historica-
mente racista e excludente.
A reputação é justa?
Casos de racismo não estão
restritos ao Airbnb. O em-
presário Ian Black afirma
que, ao solicitar um carro por
meio do Uber, são muitas as
ocasiões em que o motorista
fica à procura de um usuário
“mais branco” no local solici-
tado para iniciar a viagem. Ele
também relembra um caso que
aconteceu neste ano e ilustra
as contradições da economia
colaborativa: “Entrei em um
Uber Black [versão do apli-
cativo que oferece carros de
luxo], e o motorista era negro.
Passaram poucos minutos do
início da viagem e ele me disse:
— Posso fazer um comentário?
— Claro, amigo.
— Já fiz mais de 170 corridas
no Uber e você é o primeiro
negro que transporto...”
Apesar de ser uma indús-
tria que mobiliza cerca de
US$ 3,5 bilhões, segundo da-
dos da revista norte-ameri-
cana Forbes, a utilização de
serviços de transporte como
o Uber ainda é pouco fre-
quente entre usuários mais
pobres no Brasil. Para os ne-
gros, que representam 53%
da população, o abismo eco-
nômico é ainda maior: da-
dos divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) informam
que o rendimento médio de
pessoas negras e pardas em
regiões metropolitanas é de
R$ 1.374, enquanto o de uma
pessoa branca é de R$ 2.396.
Ainda que o acesso econô-
mico seja uma barreira para a
utilização desses serviços, as
práticas discriminatórias re-
presentam o maior problema.
Afinal, as empresas de econo-
mia compartilhada fundamen-
tam o funcionamento de suas
plataformas na reputação dos
usuários: as avaliações qualita-
tivas são fornecidas com base
na experiência de quem oferece
um serviço ou de quem o con-
trata. O problema é que, nos
casos de racismo, a “reputa-
ção” é formalizada antes mes-
mo de a experiência começar.
Depois da mobilização de
usuários contra os casos dis-
criminatórios no Airbnb, a em-
presa afirmou publicamente
que resolverá essas questões
para tornar seu atendimento
mais inclusivo e aberto à di-
versidade. Enquanto isso, ou-
tros serviços vão ganhando es-
paço, como o Travel Noire, o
Innclusive e o Noirbnb. Essas
iniciativas prometem a possi-
bilidade de acesso aos negros
sem os problemas decorren-
tes da percepção preconcei-
tuosa. Outra possibilidade es-
tudada para a diminuição de
casos de discriminação envol-
veria mudanças na maneira
de apresentar os usuários nas
plataformas dos aplicativos,
prevenindo o olhar preconcei-
tuoso e prejulgamentos de an-
fitriões ou motoristas.
Obviamente, o racismo não
é uma característica exclusiva
do capitalismo. Esse sistema
econômico, no entanto, foi
beneficiado pelas característi-
cas desiguais criadas pela ex-
ploração do trabalho ao longo
dos séculos. No Brasil, essa
realidade é ainda mais per-
ceptível, já que basicamente
todo o capital aplicado e in-
vestido na industrialização e
modernização do país tinha
relação direta com os ganhos
gerados pelo sistema escra-
vista, existente por mais de
300 anos por aqui. No anoi-
tecer do século 19, em 1888,
o Brasil foi a última nação a
declarar a abolição da escra-
vatura — o que ainda produz
consequências profundas em
relação ao desenvolvimento da
sociedade e, principalmente, à
percepção de direitos
e privi-
légios. Não é de surpreender,
portanto, que novas iniciativas
econômicas ainda encarem
velhos problemas sociais.
po
pu
la
çã
ob
ra
si
le
ir
a
mé
di
co
s
pr
of
es
so
re
s
un
iv
er
si
tá
ri
os
di
pl
om
at
as
di
re
to
re
sd
as
50
0
ma
io
re
s
em
pr
es
as
do
pa
ís
ge
re
nt
es
da
s
50
0
ma
io
re
s
em
pr
es
as
do
pa
ís
53,6%
Negros
e pardos
46,4%
Outros
17,6%
Negros
e pardos
82,4%
Outros
30%
Negros
e pardos
5,3%
Negros
e pardos
13,2%
Negros
e pardos
5,9%
Negros
e pardos
70%
Outros
94,1%
Outros
94,7%
Outros
86,8%
Outros
Fontes: IBGE, UFRJ e Instituto Ethos
Pg.0908.2016
301AMabre.indd 9 13/07/2016 19:33:53
APAGOUALUZ
Sem repasses do governo federal,
Laboratório Nacional de Computa-
ção Científica não tem dinheiro para
manter em funcionamento o maior
computador da América Latina
porBRUNOVAIANO
O PRÉDIO do Laboratório Nacional de Com-
putação Científica (LNCC) fica em Petrópolis,
no Rio de Janeiro. Lá, em uma sala com piso
de metal e grossos cabos pretos correndo em
canaletas no teto, lê-se, em uma placa sobre a
porta, “O homem há de voar”. A citação é do in-
ventor brasileiro Alberto Santos Dumont, que
batiza omais potente computador já instalado
na América Latina. A máquina foi comprada
no final de 2015 e colocada em operação no
início deste ano. Ninguém discordaria de que
ela é mesmo capaz de levantar voo: é um su-
percomputador petaflópico, ou seja, faz 1015
operações por segundo. Daria para resolver
o exame do Enem em um piscar de olhos.
Faz semanas, no entanto, que o Santos Du-
montestáemmododedescanso, jáquemantê-lo
ligado é caro demais para o orçamento do LNCC.
Ele émesmocomilão: operandoempotênciamá-
xima, sua conta de energia elétrica é orçada em
R$500milmensais. “O governo nos dá recursos
para comprar os equipamentos,mas se esquece
dequeháumcustoparamantê-los funcionando”,
afirmaWagnerVieira Léo, pesquisadordoLNCC.
Comoomecanismode resfriamentodo super-
computador é delicado, deixar o equipamento
parado é uma medida arriscada. Para garantir
a integridade de seus sistemas, ele fica ligado
apenas algumas horas pordia, rodandoprojetos
mais simples, demeteorologia e desenvolvimen-
to de fármacos. Entre novembro de 2015 emaio
deste ano, o LNCC recebeu 75 propostas de uso
porpesquisadores. Dessas, 32 foramanalisadas,
das quais 27 foramaprovadas. Os pesquisadores
enviaram todos os dados necessários para que
a máquina ficasse pronta para uso. Agora falta
o dinheiro. “Tenho convicção de que os cortes
feitos em todo o sistema nacional de ciência e
tecnologia terão um impacto significativo node-
senvolvimento do país”, afirmaAntônio Gomes,
também do laboratório. “O Santos Dumont é
apenas um dos projetos afetados.”
DENGUE, ZIKA, síndromes respira-
tórias causadas por vírus e outras
doenças com potencial para se
transformar em epidemias estão na
mira do Instituto Butantan, de São
Paulo. Em junho, o centro de pesqui-
sa biomédica anunciou a criação do
Grupo deAção Rápida para Doenças
Emergentes (Garde - IB), reunindo 30
cientistas de diferentes especialida-
des da saúde que ocuparão omesmo
espaço físico para o desenvolvimento
de pesquisas. “Existemviroses tanto
naÁfrica quanto possivelmente na
Amazônia de que ainda não temos
conhecimento”, afirma o professor
Jorge Kalil, diretor do Butantan.
“Por isso, é necessário contar
rapidamente com plataformas para
propor novos tipos de vacinas e de
tratamentos com anticorpos.”
O Garde - IB será instalado no espaço
anteriormente ocupado pelo Paço
dasArtes, área de produção artística
que será deslocada para a região
central de São Paulo. O Butatan
investirá R$ 25milhões na reforma
do prédio — o início da operação do
centro de pesquisas está estimado
para o segundo semestre de 2017.
contra
orelógio
Instituto Butantan cria departamento
para combater doenças com rapidez
porthIAgO tANjI
Fig. 02 -MS
32%
doshomens
apresentam
dificuldades
emter
umaereção
durante o sexo*
*O estudo foi coordenado por
Carmita Abdo, psiquiatra da USP
pg. 10 08.2016
301AMbrasilOXIGENIO.indd 10 13/07/2016 19:40:12
espire fundo. O ar que acaba de
invadir seus pulmões é com-
posto de várias moléculas, mas
21%dessamistura corresponde
a oxigênio. Se a concentração fosse menor,
não estaríamos aqui para contar a história.
“O oxigênio é absolutamente necessário
para a evolução de vida complexa”, diz o geobiólogo
Roger Summons, do MIT, destacando a importância
do elemento para a respiração celular. Mas os cien-
tistas sabem que nem sempre foi assim: análises do
solo e das rochas indicam que o oxigênio pratica-
mente não existia na atmosfera da Terra primitiva. O
momento em que ele começou a se tornar relevante
é chamado de Grande Evento de Oxigenação (GEO),
investigado por Summons em um estudo publicado
na revista Science Advances.
Os pesquisadores determinaram com precisão iné-
dita quando o oxigênio conseguiu seu lugar ao sol: foi
há 2,33 bilhões de anos, no início da era proterozoi-
ca. Descobriram também que o acúmulo foi peque-
no, mas se tornou irreversível em até 10 milhões de
anos — um piscar de olhos, em termos geológicos.
Para realizar os cálculos, os cientistas coletaram ro-
chas desse período que ainda existem na África do
Sul. A causa do GEO não é bem compreendida, mas
tem a ver com a produção de oxigênio a partir da fo-
tossíntese de algas e cianobactérias, além de altera-
ções sofridas nos sumidouros, nome dado a reações
químicas que “sequestravam” o oxigênio. “Penso que
foi um declínio nos sumidouros que causou o GEO,
porque a fotossíntese provavelmente existia há muito
tempo, e o processo todo caminhou em uma única
direção”, diz Summons. O acúmulo de oxigênio foi
uma catástrofe para a vida simplória do proterozoico:
provocou extinção em massa de organismos, como
bactérias e algas. Mas isso permitiu que seres com-
plexos, como os humanos, pudessem respirar fundo.
pesquisa de fôlego
oxigênio se acumulou na atmosfera terrestre
há 2,3 bilhões de anos - por ANdRé jORge
Fig. 04 - Cg
Fig. 03 - eb
Feiura É FunDamental
Para diminuir número de fumantes, países europeus estampam
carteiras de cigarro com a cor mais repugnante do mundo
porgIULIANAde tOLedO
DE UM LADO, um pé gangre-
nado, um olho cego, uma boca
desdentada, um bebê doente. Do
outro, a cor mais feia que existe, o
marrom esverdeado conhecido
como opaque couché, o código
448 C na escala de cores Pantone.
O tom foi constatado em estudos
científicos comoomais repugnante
que existe aos olhos humanos.
É com essa combinação intra-
gável que França e Reino Unido
esperam combater o tabagismo
entre os seus cidadãos. As cartei-
ras de cigarro que passaram a ser
fabricadas por lá desde maio não
podemconternada alémdisso e do
nomedoproduto—pequeno e com
letra padronizada. Em2017, a feiura
se espalhará: o governo da Irlanda
afirmou que também implantará
essa norma. O modelo é inspirado
na Austrália, que conseguiu redu-
zir em 12%ao ano o seu número de
fumantes depois de adotaressa ro-
tulagem, em dezembro de 2012.
R
pg. 1108.2016
301AMbrasilOXIGENIO.indd 11 13/07/2016 19:40:15
foram assassinados pela Polícia Militar do
Pará, em abril de 1996, o Brasil continua
a ser um território perigoso para os de-
fensores do meio ambiente e dos direitos
dos povos nativos. Dados divulgados pela
organização não governamental Global
Witness revelam que, em 2015, o país foi
o que teve o maior número de ativistas as-
sassinados por questões ambientais: fo-
ram 50 crimes cometidos principalmente
nas regiões Norte e Nordeste (veja mapa
acima). De acordo com a organização, as
vítimas estavam envolvidas em iniciativas
contra atividades de mineração, agrone-
gócio, exploração madeireira e projetos
de usinas hidrelétricas em matas nativas.
Para Adriana Ramos, coordenadora
do Instituto Socioambiental, órgão bra-
sileiro de defesa dos direitos sociais e
do meio ambiente, a falta de ação mais
rigorosa do Estado permite a
escalada da violência. “Há al-
gum tempo o governo brasi-
leiro abriu mão de realizar a
reforma agrária e atender aos direitos
territoriais que estão na lei”, destaca. “Ao
não garantir isso, as disputas continuam
e dão espaço para que aconteçam casos
em que há a utilização da violência.”
Com mais de 8 milhões de quilômetros quadrados, o Brasil é o
quinto maior país do mundo. Mas, para mineradoras, latifundiá-
rios e madeireiros, tanto território não é o bastante para a expan-
são dos negócios. Vinte anos depois do massacre de Eldorado dos
Carajás, quando 19 militantes de movimentos de luta pela terra
tanta terra,
tanta violência
Vinte anos após o massacre de Eldorado dos Carajás, relatório
de organização internacional afirma que Brasil é o país onde há
o maior número de assassinatos de ativistas do meio ambiente
As Forças Armadas estão
prestes a ter acesso à capa de
invisibilidade que tanto dese-
jam para surpreender os ini-
migos comuma camuflagem
perfeita. Pesquisado por Ag-
nieszka Maule, do Instituto
de Química da USP de São
Carlos, o dispositivo lembra
a técnica utilizada pelos ca-
maleões para se camuflar:
composto de um vidro es-
pecial e de células eletroquí-
micas, o material chamado
de eletrocrômico processa
uma variação nas cores de
acordo com a intensidade da
corrente elétrica emitida por
dois eletrodos. Um sistema
de reconhecimento digital
identifica as cores do am-
biente e calcula a voltagem
necessária para obter a cor
específica, cujas tonalidades
podem variar entre verde,
amarelo, palha, marrom e
branco. Se um tanque de
guerra for revestido com
a tecnologia, o motorista
poderia apertar um botão
e camuflar o veículo tanto
em um deserto como em
uma floresta. “O dispositi-
vo que criamos é inédito no
mundo”, afirma Maule, que
desenvolve o trabalho desde
2012 com a colega Anna Sa-
moc, física da Universidade
Nacional da Austrália.
deonde
veiootiro?
Fig. 05 -MS
Pesquisadora brasileira
desenvolve tecnologia
para deixar tanques de
guerra invisíveis
porANDRÉ JORGE
loCais ondE
oCorrEram
alguns dos
assassinatos dE
amBiEntalistas
Fonte: Global Witness
pg. 14 08.2016
301AMambientalCARROnotaveis.indd 14 13/07/2016 19:39:53
Jonathan Felipe da Silva nasceu
e cresceu em Araçatuba, interior
de São Paulo. Acompanhado de
amigos, foi abordado pela polícia
em sua casa enquanto desmonta-
va umamoto roubada para repas-
sar as peças. Os policiais também
encontraram drogas com um de
seus colegas. O rapaz afirma que
não sabia da origem ilegal do veí-
culo quando o comprou.
Foram sete meses de inter-
nação na Fundação Casa e, en-
quanto cursava o Ensino Médio
na instituição, conheceu a profes-
sora Andréa Chiarioni. “Quando
a laranjeira está em solo ácido, a
fruta nasce pequena, murcha, e
há alterações na folhagem”, ex-
plica o estudante. “A professora
mencionou, em sala, que o giz
era capaz de reduzir a acidez.”
Esse foi o ponto de partida para
o projeto que rendeu o prêmio de
revelação na Feira de Ciências da
Secretaria da Educação do Esta-
do de São Paulo deste ano. No
composto, além do pó de giz, há
outras substâncias que aceleram a
reação química no
solo. “Tenho inte-
resse em ciência
desde pequeno”,
diz o jovem. “Mas
nunca pensei que
realizaria essas
experiências. Eu
queria incentivar
as pessoas a mu-
dar o caminho de
suas vidas”, afirma.
“Agora, vou termi-
nar meus estudos
e fazer o exame do
Enem. Quero cur-
sar veterinária.”
Ex-detento ganha prêmio por
composto que reduz acidez
do solo usando giz de lousa
garoto
problema?
porbRuNOvAiANO
notáveis
vivendodoque
anaturezadá
povoadosnaAmazôniatêm
economiabaseadaem trocas
porthiAGO tANJi
iadas infames à parte, a re-
gião do extremo oeste do
Acre permanece como um
território ainda pouco inte-
grado ao restante do Brasil. Para conhecer
seus habitantes, que vivem distantes dos
grandes centros econômicos do país, o
antropólogo Roberto Rezende morou du-
rante seis meses na reserva extrativista de
Alto Juruá, próximo à fronteira com o Peru
e a 560 quilômetros de Rio Branco, a ca-
pital acreana. Lá, o pesquisador conviveu
com comunidades que baseavam sua sub-
sistência na cooperação entre familiares.
Realizadoa
cadadez anos
pelo Instituto
Brasileiro deGeografia
eEstatística (IBGE),
o censodemográfico
faz a contagemda
populaçãobrasileira
emtodooterritório
nacional. De acordo com
o instituto governamen-
tal, a pesquisa também
contabilizamoradores
de “domicílios impro-
visados ocupados”,
comotendas, galpões,
grutas, barracas em
acampamentos e ha-
bitações improvisadas
sobpontes.Moradores
de ruaque se recolhem
emalbergues no
períodonoturnoou
possuem famílias em
outras cidades e regiões
periféricas tambémsão
recenseados.Os únicos
locais quenãoentram
napesquisa são embai-
xadas e consulados, já
que representamum
território conside-
rado estrangeiro.
r:moradores
de rua estão
no censo?
Marina Carvalho, via e-mail
sem
dúvida
“São relações de troca e ajuda: no período
da colheita do roçado, por exemplo, um
irmão solicita o auxílio do outro, e assim
se estabelece uma espécie de dívida”, diz
Rezende, que defendeu uma tese de dou-
torado na Unicamp com base no trabalho
de campo. “Eles têm controle dessas rela-
ções de ajuda e mobilizam outras pessoas
na realização dessas tarefas.”
Segundo o pesquisador, os moradores
das comunidades dividem o tempo de
acordo com suas prioridades: quem dese-
ja ter maior conforto material e uma vida
com “padrão de novela” trabalha na agri-
cultura para vender o produto no merca-
do da cidade. “Mas há pessoas que dese-
jam comer bem, e dedicam o tempo à caça
de aves, pacas, porcos do mato, veados e
jabutis.” A visão romantizada desse estilo
de vida, no entanto, não escapa da existên-
cia de interesses políticos de candidatos
a vereadores e prefeitos da região. “Essa
relação de troca segue a mesma lógica: se
o político lhe dá aquilo que prometeu, ele
é bom”, afirma Rezende. “Do ponto de vis-
ta do Estado, isso tem uma relação com o
assistencialismo e o paternalismo.”
Nome
Jonathan
Felipe da silva
NacioNalidade
Brasileira
idade
18 anos
Profissão
Estudante
feito
ganhou prêmio
estadual por
desenvolver
um projeto
científico
Fig. 07 - EB
Fig. 06 - CG
p
pg. 1508.2016
301AMambientalCARROnotaveis.indd 15 13/07/2016 19:39:55
grupo local
Hubblecurtiu isso
Galáxia de Andrômeda
O ASTROFÍSICO norte-ameri-
cano Adam Riess ficou atônito
quando sua equipe concluiu
que o Universo está se expan-
dindo até 9% mais rápido do
que a comunidade científica
imaginava. “Eu me senti preo-
cupado por se tratar de algo
que não entendemos”, afirma o
ganhador do Nobel de Física de
2011. “Mas fiquei esperançoso,
pois talvez seja uma pista sobre
outras coisas que também não
entendemos.” Entre os misté-
rios estudados estão questões
como energia, matéria e radia-
ção escura, que formam 95%
do cosmos e podem ser a causa
do fenômeno de crescimento.
Para calcular a taxa de expan-
são cósmica, o time estudou
galáxias muito distantes com
fotos do telescópio Hubble.
“Medimos o brilho de certas es-
trelas, explodindo e pulsando,
para determinar as distâncias”,
diz o astrônomo. Avelocidade é
obtida por meio da comparação
desses dados com a frequência
dos raios de luz, alteradapela ex-
pansãodoUniverso: é o chamado
desvio para o vermelho. Os cál-
culos indicaram que a distância
entre dois pontos dobra a cada
9,8 bilhões de anos. Num futuro
distante, as galáxias ficarão iso-
ladas, como ilhas na escuridão.
por que
a pressa?
Sextante B
Evolução do nível
de incerteza:
Sextante A Leão A
NGC 3109
Anã de Antlia Leão I Leão II
Anã da Ursa Maior I
Anã da Ursa Menor
Anã de Draco
Via Láctea
Anã de Boötes
Anã de Sextante
Anã do
Cão Maior
Anã Elíptica de Sagitário
Grande Nuvem de Magalhães
Pequena Nuvem de Magalhães
Anã de Carina
Anã do Escultor
Anã de Fornax
Galáxia de Barnard (NGC 6822)
NGC 185
NGC 147
Andrômeda I
Andrômeda II
Andrômeda III
Anã Pisces
Anã de Aquário
Anã Irregular
de Sagitário
IC 1613
WLM
Anã de CetusAnã de Tucana
Anã de Pegasus
M110
M32
Galáxia do Triângulo (M33)
IC 10
Anã da Fênix
ouniversoestáse
expandindorápido
demais— eos
astrônomosquerem
entenderomotivo
Taxa de expansão do
Universo ficou mais precisa
nos últimos 15 anos
2001
10%
5%
3,3%3,3% 2,4% 1%
2009 2011 2016 Meta
pg. 16 08.2016
porandréjorgedeoliveira
lu-
ne-
ta
301AMluneta.indd 16 13/07/2016 19:50:50
AGENDA
- 1
7
14
21
28
3
10 11
17
24
31
8
15
22
29
4
18
25
-
2
9
16
23
30
5
12
19
26
-
6
13
20
27
-
Agosto 2016
ssd s t q q
Via láctea
luaemercúrio
marcamencontro
conjunções entre a
lua e o pálidomercúrio não são
tão frequentes. mas será difícil
avistá-los: estarão próximos do
horizonte na direção oeste, por
volta demeia hora depois do
pôr do sol. o ideal é observar o
planeta combinóculos, de um
lugar alto e escuro.assim, o
horizonte fica desobstruído.
4
alerta de
meteoros
Pico da chuvade
meteorosPerseidas, causadapor
restos do cometaswift-tuttle.
observadores aonorte doBrasil
são privilegiados.o radiante, de
onde surgemosmeteoros, é na
constelaçãodePerseu.olhe na
direção nordeste a partirdas 3 da
manhã até o sol nascer: podem
surgir 50meteoros porhora.
12
vênus flertacomo
PoderosojúPiter
os dois planetas são
os astrosmais brilhantes no céu,
perdendo apenas para o sol e a
lua. nesse dia, darão um show:
estarão grudados umno outro.
Para vê-los, será preciso olhar
para a direção oeste, pouco
acima da linha do horizonte.a
dupla fica visível apenas durante
uma hora após o anoitecer.
27
as galáxias passeiam juntas pelo
Universo em uma espécie de ciranda.
e parecem adorar uma interação com
as amigas de roda: grandes galáxias
espirais, como a Via láctea, desempe-
nham papel fundamental na evolução de
seus pequenos satélites. “são animais
sociais”, diz laerte sodré Júnior, do
Departamento de astronomia da Usp.
para entender melhor a relação, ele e o
astrônomo marcus Costa-Duarte estu-
daram 80 tripletos galácticos, distantes
até 1,3 bilhão de anos-luz. Conversamos
sobre a pesquisa com Costa-Duarte.
Como exatamente a Via LáCtea
infLuenCia as gaLáxias satéLites?
A interação com as Nuvens de Magalhães,
por exemplo, se dá de modo gravitacional,
basicamente por meio de forças de maré.
Em uma perturbação gravitacional entre
uma galáxia do porte da Via Láctea e seus
satélites, o menor sempre sai perdendo.
No cenário que observamos, esses satélites
apresentam modificações referentes às
formas, além de estímulo ou repressão no
processo de formação de estrelas. E, em
casos mais extremos, podem até mesmo
ser “engolidos” pela galáxia maior.
se as gaLáxias fossem pessoas,
eLas seriammuito soCiáVeis?
Dificilmente observamos galáxias isoladas
no Universo. Elas estão quase sempre
“socializando”, em interação umas com as
outras. E é assim que elas evoluem, em
conjunto, quase nunca de modo solitário.
Como surgiu o interesse em
estudar tripLetos gaLáCtiCos?
Amaioria das galáxias evolui em grupos,
filamentos e aglomerados. Os tripletos de
galáxias representam uma ponte entre
pares e estruturas mais complexas, como
aglomerados de galáxias. Foi pensando
neste ponto especificamente que de-
cidimos estudar tripletos isolados.
entre os trios estudados, houVe
aLguma grande surpresa?
Um resultado interessante foi a dominân-
cia da galáxia mais brilhante dos tripletos
sobre as demais. As propriedades globais
dos tripletos estão correlacionadas com as
propriedades das galáxias mais brilhantes.
Mais especificamente, a história de como
essas galáxias formaram estrelas no passado
está correlacionada com as propriedades do
sistema. Esse resultado não foi verificado
com relação às galáxias de menor hierarquia.
Quais foramos Critérios para
a esCoLha desses tripLetos?
Para entender como acontece a interação de
galáxias em tripletos, precisávamos buscar
objetos sem nenhuma influência externa.
Utilizamos um algoritmo de computa-
dor para identificar tripletos isolados de
galáxias, sem nenhuma outra galáxia num
raio de 1 megaparsec — unidade de medida
que equivale a 3,26 milhões de anos-luz.
o Que podemos esperar para o
futuro das gaLáxias no uniVerso?
Esse processo em que as galáxias estão
sempre em interação umas com as outras no
Universo pode induzir a formação de estrelas
e modificar suas formas. No futuro distante,
esperamos galáxias com estrelas velhas,
uma vez que terão esgotado todo o gás e
a poeira que são convertidos em estrelas.
Serão objetos com grandes massas e forma
elíptica, resultado de muitos processos de
fusão. A forma de disco que observamos hoje
em algumas galáxias provavelmente será
destruída devido às interações entre elas.
Pesquisadores brasileiros investigaram comportamento de 80 trios
de galáxias e viram que, assim como nós, elas adoram socializar
vida de galáxia
15Luneta LiveAs principais notícias espaciais da semana são comentadas em transmissão ao vivo.às sextas, às 16 horas, nanossa fanpage. assista!
existem aomenos
para cada terráqueo
no universo observável
GAláxiAs
ENDErEço
cósmico
Nosso lar no Universo é
o Grupo Local , que fica no
superaglomerado Laniakea
a expansão cósmica afasta as
galáxias, enquanto a gravidade as
atrai. se ainda se mantêm aglomera-
das, é sinal de que, por enquanto, a
gravidade está vencendo a briga. os
astrônomos chamam a Via láctea e
as mais de 50 galáxias que intera-
gem com ela de grupo local. Daqui
a alguns bilhões de anos, todas elas
vão se fundir e formar uma única
galáxia gigante de forma elíptica.
nossa vizinhança fica na periferia
de um dos incontáveis filamentos
do superaglomerado laniakea, que
reúne cerca de 100 mil galáxias.
pg. 1708.2016
301AMluneta.indd 17 13/07/2016 19:50:50
Pressionados a conquistar bons re-
sultados em um período curto de
tempo, os técnicos brasileiros sabem
que não têm vida fácil. Mas se o trei-
nador for negro ou não tiver nascido
nas regiões Sul e Sudeste, a situa-
ção fica ainda mais complicada: até a
14ª rodadadoCampeonatoBrasileirode
2016, os únicos negros a comandar as
equipesdaelite do futebol eramRoger,
doGrêmio, eCristóvãoBorges, doCorin-
thians. Por sinal, Borges é o único trei-
nador da Série A que nasceu na região
Nordeste—opernambucanoGivanildo
Oliveira, campeãomineiro pelo Améri-
ca, foi demitido depois de apenas cinco
rodadas e disse que o preconceito era
um dosmotivos de sua saída.
“Nadécadade 1950, otreinadorGen-
til Cardosoafirmouà imprensaquenão
assumiu a Seleção porque era negro”,
revelaopesquisadorMarcelTonini, cuja
pesquisa de doutorado abordou a his-
tória dos negros no futebol brasileiro.
“Bastaolharparaaestruturados clubes
paranotarquequasenãohádirigentes
e diretores de futebol negros.”
preconceito
nobanco
dereservas
No Campeonato Brasileiro da Série A,
apenas dois treinadores são negros
porTHIAGO TANJI
Esporte não é coisa de mulher. Pelo me-
nos é assim que se sentem as jovens brasi-
leiras: segundo a Pesquisa de Confiança e
Puberdade, realizada pela marca de absor-
ventes Always, mais dametade dasmeninas
deixa de praticar esportes até o fim da pu-
berdade. E a sociedade tem boa parcela de
culpa nisso. De acordo com o levantamento,
que ouviu mais de mil garotas, sete entre
dez que abandonam os esportes o fazem
porque sentem que não é lugar para elas, e
74% delas afirmam que não se sentem in-
centivadas à prática
esportiva. “Existe uma
crença de que as meninas possuem um de-
sempenho inferior ao dos meninos”, diz a
psicóloga Patrícia Alencar, que participou
do estudo. Esse tipo de mito faz com que
partidas disputadas por mulheres não re-
cebam tanta atenção e que eventos como a
Copa do Mundo de Futebol Feminino, por
exemplo, não sejam exibidos mundialmen-
te, como acontece com o futebol masculino.
A pesquisa mostra que praticar esportes
aumenta a autoconfiança das meninas e as
incentiva a trabalhar em equipe. “A ado-
lescência é uma fase cheia de mudanças,
em que buscamos maneiras de fortalecer
a autoestima e a autoconfiança”, afirma
Alencar. “É por isso que a participação nos
esportes é tão importante nesse momento
da vida.” De acordo com o estudo, garotas
que praticam esportes têm duas vezes mais
chances de se sentirem confiantes em rela-
ção àquelas que não participam de nenhu-
ma atividade. Ao destacar atletas mulheres
e dar atenção para as competições espor-
tivas femininas, a sociedade proporciona
às meninas a oportunidade de verem que
o lugar delas é onde elas quiserem.
jogue
como uma
menina
Jovens brasileiras sentemque não há
espaço para elas no esporte, diz estudo
por IsAbelAmOreIrA
Fig. 08 -MS
53%
dasmeninasbrasileiras
abandonarão
o esporte
até o fim da puberdade
álbumdesigual
Região de origem do treinador
Treinador negro; 1POR (Portugal); 2ARG (Argentina)
Locais de origem dos 20 treinadores da
primeira divisão do Campeonato Brasileiro
Sudeste Outros paísesSul Nordeste
Sp
rJ
por1
pr
Sp
rJ
por1
SC
Sp
MG
ArG2
rS
MG
pr
rS
Sp rJ
BA
pr
rS
pg. 18 08.2016
301AMinfomaniaMENINASbrasil.indd 18 13/07/2016 19:48:06
virandoojogo
Ranking reordena os recordistas demedalhas emJogos Olímpicos
pelo número de conquistas em relação ao total de habitantes do país
Fonte: Medals Per Capita
FINLÂNDIA, SUÉCIA e HUNGRIA
são asmaiores potências olímpicas
do mundo — dependendo, claro,
do ângulo pelo qual se olham os
resultados de toda a história dos
Jogos Olímpicos da era moderna.
O topo da lista ganha esses nomes
inesperados quando se pensa em
quem tem mais vencedores em
relação ao total da população. Ou
seja, quem tem mais medalhas
per capita. É justamente esse o
título do projeto do neozelandês
Craig Nevill-Manning, que man-
tém o site medalspercapita.com
atualizado com os dados. O autor
é cientista da computação e um
dos diretores seniores do Google.
Na página, é possível comparar
também o número de vitórias dos
países com o seu Produto Interno
Bruto — a Jamaica lidera a lista.
Já o Brasil fica bem para baixo em
todas: 101º pelo PIB, 93º per capi-
ta e 32º em números absolutos.
1° ESTADoS UNIDoS
2° UNIÃo SoVIÉTICA
5° ALEMANHA
6° ITÁLIA
7° SUÉCIA
8° HUNGrIA
9° CHINA
10° AUSTrÁLIA
11° ALEMANHA orIENTAL
12° rÚSSIA
13° JApÃo
14° FINLÂNDIA
15° roMÊNIA
16° CANADÁ
17° poLÔNIA
18° HoLANDA
19° CorEIA Do SUL
20° BULGÁrIA
21° CUBA
32° BrASIL
3° GrÃ-BrETANHA
4° FrANÇA
posição no ranking
por total demedalhas
2.401
1.010
573
550
483
475
473
467
409
406
398
302
301
278
271
266
243
214
208
108
781
670
total de
medalhas
1° FINLÂNDIA
2° SUÉCIA
5° BAHAMAS
6°NorUEGA
7° BULGÁrIA
9° ESTÔNIA
10° JAMAICA
11° SUÍÇA
12°NoVA ZELÂNDIA
13° AUSTrÁLIA
14° CUBA
15° HoLANDA
16° roMÊNIA
17° BErMUDAS
18° TCHECoSLoVÁQUIA
19° TrINIDAD E ToBAGo
20° BÉLGICA
21° GrÃ-BrETANHA
93° BrASIL
3°HUNGrIA
4° DINAMArCA
posição no ranking
de aproveitamento
64.237
17.904
19.649
32.150
33.595
34.413
39.391
39.939
40.385
42.772
44.773
48.994
54.044
62.901
63.265
72.153
73.206
77.121
79.720
1.781.263
20.972
31.176
população
pormedalha
No ranking de medalhas
per capita, os dois países
recordistas aparecem em:
habitantes pormedalha
habitantes pormedalha
37° ESTADoS UNIDoS
49° UNIÃo SoVIÉTICA
130.521
269.306
8° ALEMANHA orIENTAL
pg. 1908.2016
INFO
MANIA
porGIulIANAdeTOledO
301AMinfomaniaMENINASbrasil.indd 19 13/07/2016 19:48:08
bo
ta
sc
on
ta
mi
na
da
s
ca
ne
ta
en
ve
ne
na
da
ch
ar
ut
os
ex
pl
os
ivo
s
es
piõ
es
fr
an
co
-at
ira
do
re
s
bo
la
sd
eb
eis
eb
ol
ex
pl
os
iva
s
UMA SOLUÇÃO PARA desmantelar grupos
terroristas está nas fórmulas da matemá-
tica. Neil Johnson, físico da Universidade
de Miami, desenvolveu com sua equipe um
modelo estatístico para prever atentados.
O estudo levantou mensagens pró-Esta-
do Islâmico na rede social Vkontakte, de
origem russa, que não bane as postagens
com a mesma agilidade que o concorren-
te mais famoso, o Facebook. Em cerca de
um ano, eles descobriram 196 grupos, que
somariam mais de 100 mil simpatizantes
do terrorismo. A conclusão dos pesquisa-
dores é que acompanhar as atividades de
células menores e latentes é mais eficiente
em relação à investigação de grupos gran-
des, que são mais facilmente excluídos pelo
próprio sistema das redes sociais. Os pe-
quenos grupos morrem e renascem rapida-
mente, e é lá que os chamados lobos soli-
tários — terroristas que atuam sozinhos
— buscam companhia para seus ataques.
cálculoscontraoterror
Físico cria algoritmo para vasculharweb e prevenir ataques
porgiulianade toledo
Fig. 09 - CG
Desde que o presidente Barack Obama
levantou a discussão sobre comercialização
de armas para civis, bem como sua posse,
foi registrado um aumento nas vendas des-
ses produtos (veja gráfico à esquerda). Para
piorar, cada vez mais norte-americanos
decidem fabricar pistolas e fuzis em casa
mesmo. Embora qualquer cidadão maior
de idade, sem antecedentes criminais ou
doençasmentais possa comprar uma arma,
grupos de cunho liberal radical defendem a
fabricação caseira dos equipamentos para
burlar qualquer forma de regulação estatal.
No caso do AR-15, é possível usar
uma fresadora mecânica, equipamen-
to que faz cortes com
precisão, para fabricar o
corpo da arma em casa.
Basta, então, comprar
os itens restantes em
lojas convencionais
para concluir a mon-
tagem do fuzil. A úni-
ca peça do AR-15 que tem algum tipo de
regulamentação é o lower receiver, que
possui onúmerode sériedo fuzil. Agora, uma
organização chamada Defense Distributed
desenvolveu uma máquina eletrônica de
US$ 1,5 mil operada por um software de
código aberto. Sua única função? Permitir
que qualquer um fabrique o lower receiver
ao toque de um botão. Para a organização,
não basta que o governo autorize a compra
de armas: ele nem sequer pode saber se os
cidadãos têm umaAR-15 em casa. Enquanto
isso, os EUA presenciaram, apenas em
2015, 355 tiroteios em massa, com pelo
menos quatro feridos em cada incidente.
Pouco menos de US$ 600 é o preço que
um norte-americano precisa pagar se qui-
ser ter um fuzil AR-15 para chamar de seu.
O modelo é o mesmo que foi utilizado no
massacre da boate gay Pulse, em Orlando,
que deixou 50 mortos e foi o maior aten-
tado cometido no país depois do 11 de se-
tembro. Hoje, a arma está indisponível no
mercado, mas não porque sua venda seja
proibida. “Devido ao atentado recente e
à discussão sobre regulação de armas,
recebemos um grande número de enco-
mendas. Nossas vendas ficarão suspensas
temporariamente”, dizia um aviso na pági-
na inicial da loja virtual Atlantic Firearms.
fuzil baratinho
Debate nos Estados Unidos sobre regulação aumenta a
fabricação caseira de armas —porBRunoVaiano
fuzil baratinho
NúMERO DE PESSOAS
qUE tENtARAM
cOMPRAR ARMAS
NOS EUA
Fonte: FBI
2010
20
11
2014
2012
2015
2013
14.409.616
21.093.273
16.454.951 20.968.547
19.
59
2.3
03
23
.141
.97
0
fuz
is
com
pra
do
s
Duro
Dematar
FIDEL cAStRO, líder da Revolução
cubana, sofreu 638 tentativas de
assassinato encomendadas pelo
governo norte-americano e por
dissidentes cubanos. Prestes a
completar 90 anos, em agosto,
castro entrou no Guinness, o livro
dos recordes, como a pessoa que
mais vezes foi alvo de atentados.
Entre as centenas de planos, não
faltaram ideias inusitadas:
pg.20 08.2016
301AMstartupARMAalgoritimo.indd 20 13/07/2016 19:54:26
nos olhos
de quem vê Em TheMinority Report, conto de Philip K.Dick escrito em 1956, uma sociedade utó-
pica se livra da violência com a utilização
de um método questionável: três mutan-
tes capazes de prever o futuro apontam os
criminosos antes que os delitos ocorram.
Sessenta anos após a publicação da histó-
ria, a startup israelense Faception promete
identificar terroristas por meio de um sof-
tware de análise facial. E isso é perigoso.
“Nós herdamos, sim, um pouco da
nossa aparência facial e das nossas características psicológicas”, explica
o psicólogo Alexander Todorov, pesquisador da universidade norte-ame-
ricana de Princeton. “Mas afirmar que nossa personalidade está escrita
na testa é uma falácia lógica.” A ideia é uma versão repaginada de uma
pseudociência chamada fisiognomia, popular entre filósofos da Grécia Antiga.
O poeta suíço Johann Lavater ressuscitou esse método de análise facial no
século 18, mas a ideia logo foi descartada pelos cientistas. “Há poucas evi-
dências de que a análise facial gere resultados precisos”, diz Todorov. “Ao
mesmo tempo, há fortes evidências de que estereótipos faciais nos levam
a inferir uma série de traços de personalidade com base na aparência.”
Ou seja, nós julgamos o livro pela capa, tiramos conclusões com base
nas primeiras impressões obtidas. E, ao contrário do que afirma a startup
israelense, não há nada na ciência capaz de indicar que isso seja o suficiente
para iniciar uma investigação policial. “É muito provável que para algumas
aplicações — como, presumivelmente, a identificação de terroristas — o
método se baseie em discriminação racial”, afirma o psicólogo. “Na média,
ele gerará um alto número de falsos positivos e acusará pessoas inocentes.”
Startup promete realizar
a identificação de
terroristas por meio de
reconhecimento facial,
mas a psicologia discorda
porB.V.
APESAR DO qUE DIz FRANk UNDERwOOD,
de House of Cards, a democracia nem sempre
é um jogode cartasmarcadas. contrariando as
expectativas dos maiores partidos britânicos,
17,4 milhões de eleitores votaram pelo Brexit,
a saída do Reino Unido da União Europeia. “Há
umsentimento dedesilusão capitalizadopelos
partidos ultraconservadores”, afirma Giuliano
Oliveira, professor do Instituto de Economia
da Unicamp. “E isso aconteceu porque a crise
econômica acentuou todas essas tensões.”
Sustentada por um discurso pautado pelo
nacionalismo e pelo endurecimento às leis de
imigração, avitória doBrexit nãodeixade reve-
lar contradições. Oito horas depois do encerra-
mentodasvotações, pesquisasnoGoogle coma
frase “Oqueacontece se sairmosdaUniãoEuro-
peia”maisquetriplicaram.Semcontaro fatode
queoReinoUnidoéanaçãocomomaiornúmero
decidadãosvivendoemoutrospaíseseuropeus:
quase 5milhões de pessoas serão afetadas por
contadoBrexit.Definitivamente, ademocraciae
opoderdovotonuncadevemsersubestimados,
especialmente pelos cidadãos...
SaíDa à
britânica
Desencanto com a política e crise econômica
levam o Reino Unido a um futuro incerto
porthiago tanji
FiG. 11 - EB
“Meusegundo livro
seráumromance.
não seráuma
biografia,mas terá
elementospessoais”
Michel Temer, presidente
interino e aspirante a imortal da
Academia Brasileira de Letras
Fig. 10 -MS
pg.2108.2016
301AMstartupARMAalgoritimo.indd 21 13/07/2016 19:54:27
1
2
O mundO passa pOr grandes transfOrmações periOdicamente,
evivemosumaagoraquevaimudara formapelaqualvocê trabalhaeproduz. inovaçõesnasáreasde
inteligência artificial, computação cognitiva, robótica, nanotecnologia, impressão3debiotecnologia,
apontadas comoaQuartarevolução industrial ou indústria 4.0, têmalteradodrasticamenteonosso
mododeviver, trabalharenos relacionarcomosoutros.pesquisadoresdauniversidadedephoenix, nos
estadosunidos, fizeramumrelatóriodecompetênciasqueotrabalhovai exigirno futuro.O resultado?
Já não basta seguir fórmulas. novos paradigmas e modelos de negócio surgem, e ummundo de
oportunidades se apresenta para aqueles que se prepararem damaneira correta.
O fora da caixa
será o novo
dentro da caixa
Quem simplesmente der “ctrl c + ctrl v”
em processos antigos perderá o lugar
Vagas para profissionais burocratas,
com atividades rotineiras e administra-
tivas, serão cada vez mais raras. Mas o
que não faltará será trabalho para quem
estiver disposto a aprender e inovar.
Estudo realizado em2013 pela consultoria
Booz & Companymostrou que umaumen-
to de 10% nos investimentos dos países
em digitalização de processos resulta em
queda de 1% na taxa de desemprego. Se-
gundo o relatório, a incorporação dessas
tecnologias nos últimos anos já gerou 400
mil empregos altamente qualificados na
Europa e nos EstadosUnidos e 3,5milhões
de empregos na região da Ásia-Pacífico.
Semmedo de errar
A evolução tecnológica permitirá
simular cenários antes de tomar
uma decisão que implique em perdas
financeiras caso algo dê errado
Os erros serão vistos não mais como fra-
casso, mas como fontes de informações
valiosas para que um projeto dê certo.
“Nesse sentido, destaca-se o profissional
curioso, que gosta de se aprofundar e que
assume riscos e realiza testes para aper-
feiçoar o processo”, diz Adriana Prates,
presidente da Dasein Executive Search,
consultoria de recrutamento situada em
Belo Horizonte. Errar é humano, e isso
serámais tolerado. Porém, insistir no erro
continuará sendo visto como burrice — a
maior tolerância existirá desde que o pro-
fissional demonstre que se empenhou com
o planejamento e aprendeu com a falha. ilu
st
ra
çõ
es
:B
ár
ba
ra
M
al
ag
ol
i
5 coisas que você precisa saber
para ter um emprego no futuro
apresenta
As máquinas farão o trabalho pesado e repetitivo, enquanto
as pessoas ficarão livres para abusar da criatividade
301AMpubliSIEMENS.indd 22 13/07/2016 23:18:30
3 4 5
Mexeu com um,
mexeu com todos
Tudo estará conectado — por isso
mesmo, ter conhecimento sobre outras
áreas que não a sua será imprescindível
Uma tecnologia desenvolvida para ajudar
na corrida espacial poderá também ser
a resposta para aumentar a produtivi-
dade de uma fábrica. Com baixos custos
de produção, abundante fluxo de infor-
mação e expansão das redes de contato,
ficou mais fácil ter boas ideias e execu-
tá-las. “Conhecer de tudo um pouco será
fundamental. Estaremos na era dos supe-
respecialistas, que se unirão em equipes
multidisciplinares e precisarão apren-
der a ouvir, aprender a trocar, a dar e a
receber”, destaca a recrutadora e presi-
dente da Dasein, Adriana Prates.
Continuará
impossível ser
feliz sozinho
Habilidades sociais serão mais impor-
tantes do que programar um sistema
“Um dos benefícios de estarmos conec-
tados em rede é o compartilhamento de
conhecimento. Já é possível ter uma ideia
e compartilhá-la para que outras pesso-
as auxiliem no seu desenvolvimento”, diz
PauloMoraes, diretorda consultoria de re-
crutamento executivo Talenses. Dados de
2013 indicam que 67% dos trabalhadores
no mundo diziam realizar trabalhos cola-
borativos. O emprego do futuro deve ser
marcado por contratos mais flexíveis, es-
tabelecidos porprojeto. Cumprida a tarefa,
cada um irá para um lado. Será preciso ter
a habilidadede trabalharprodutivamente,
de preferência em uma equipe virtual.
O robô será seu
melhor amigo
Alémde fonte de informações valiosas,
ele será umgrande parceiro na hora de
executar tarefas chatas e perigosas
A altíssima especialização e a inteligência
artificial tornarão obsoleta a maior parte
dostrabalhadorestradicionais,masháuma
coisa que os robôs não conseguirão fazer:
ter ideias comonóstemos.Atividadesserão
aceleradasporcomputadores,masaorien-
taçãocontinuarásendo feitapelohomem(a
não serque seu robô seja autoritário como
oC-3PO,deStarWars). “Arelaçãoentreho-
mememáquinaédeparceria. Commais in-
formação,oprofissional terátempodecriar
e se aprimorar”, afirma Prates. Como diz
Kevin Kelly, um dos fundadores da revista
Wired, “no futuro,vocêserápagocombase
emquão bemvocê trabalha com robôs.”
301AMpubliSIEMENS.indd 23 13/07/2016 23:18:31
por LeandroSaioneti e nathan FernandeS
GALILEU teve acesso às fichas criminais dos vilões de Esquadrão Suicida, que chega às
telas brasileiras no dia 4 de agosto, e conversou comalguns dos bandidos que já amamos
omundonãoprecisadeheróis
KArEnFUKUhArA
Katana
The Brave and the Bold #200
1ª ApArIção
nomE rEAL
crImEs
Tatsu Yamashiro
Ao contrário do
resto do grupo,
nunca cometeu
grandes delitos.
Lutou contra o
Batman uma vez
podErEs
motIvAção
Após combater os
membros da máfia
japonesa, voluntariou-
-se para o Esquadrão
É dona de uma espada
que absorve a alma
de suas vítimas
Batman #1
jArEdLEto
coringa
1ª ApArIção
nomE rEAL
Desconhecido
crImEs
Entre os piores
estão o tiro à
queima-roupa
na Batgirl
Bárbara Gordon,
que a deixou
paraplégica, e o
assassinato de
Jason Todd, o
segundo Robin
motIvAção
Arquiteto do
caos na cidade
de Gotham, ele
deseja provar
que qualquer
pessoa pode
enlouquecer se
tiver um dia ruim
podErEs
Facilidade em
manipular
as pessoas,
torturá-las e
desestabilizá-
-lasmentalmente
The Batman Adventures #12
mArGotrobbIE
arlequina
1ª ApArIção
nomE rEAL
Harleen Frances
Quinzel
crImEs
Basicamente,
é acusada de
colaborar com
o Coringa em
seus planos
maquiavélicos
(tudo em nome
do amor)
motIvAção
Apaixonada pelo
Coringa,
é tão mau-
-caráter quanto
o palhaço. Ela é
leal aos ideais
criminosos de
seu amor, e faz
de tudo para
satisfazê-lo
podErEs
A rainha do
filme é uma
ótima lutadora
e tem agilidade
excepcional
“No filme, você
eNteNderá as
motivações dele e
verá uma graNde
virada — mas
sem spoilers”
hErnAndEz
“eles são vilões,
mas Não são
maligNos. essa é
a difereNça eNtre
o esquadrão e as
forças coNtra as
quais eles lutam”
coUrtnEy
“passei um tempo observaNdo crocodilos
e iNcorporei isso em técNicas de luta”
AKInnUoyE-AGbAjE
joELKInnAmAn
ricK Flag
The Brave and the Bold #25
1ª ApArIção
nomE rEAL
crImEs
Rick Flag Jr.
Responsável
pelo controle
do bando, não
há registros
de crimes em
sua conta
podErEs
motIvAção
Militar experiente, foi
chamado para liderar
a equipe e colocar
os vilões na linha
Estrategista, foi treinado
para combates com
armas brancas e de fogo
jAyhErnAndEz
el Diablo
El Diablo #1
1ª ApArIção
nomE rEAL
crImEs
Chato Santana
Já participou
de assassinatos
e, claro, foi
responsável
por uma série
de incêndios
podErEs
motIvAção
Hospedeiro de um
demônio, é o terceiro
El Diablo a assumir
a identidade
O supervilão é um
especialista em produzir
e manipular o fogo
AdEwALEAKInnUoyE-AGbAjE
crocoDilo
Detective Comics #523
1ª ApArIção
nomE rEAL
crImEs
Waylon Jones
Participação
no crime
organizado
de Gotham e
ataques ao
Batman
podErEs
motIvAção
Portador de uma
condição genética que
lhe deu características
físicas reptilianas
Força sobre-humana,
poder de cura, agilidade
e pele rígida
cArAdELEvInGnE
magia
Strange Adventures #187
1ª ApArIção
nomE rEAL
crImEs
June Moone
Usou seus
poderes
sobrenaturais
para provocar
muita destruição
mundo afora
podErEs
motIvAção
Tem uma sensibilidade
oculta e contato com
o sobrenatural
Possuída porumaentidade
mágica,Moone desenvolveu
umapersonalidade que
deseja conquistaro poder
jAIcoUrtnEy
capitão
bumerangue
The Flash #117
1ª ApArIção
nomE rEAL
crImEs
George Harkness
Apenas uma
série de roubos
envolvendo
tanto dinheiro
quanto objetos
valiosos
podErEs
motIvAção
Antigo garoto-propaganda
de bumerangues, entrou
nomundo do crime
só para se dar bem
Habilidade em utilizar
bumerangues com
poderes especiais
AdAmbEAch
amarra
Fury of Firestorm #28
1ª ApArIção
nomE rEAL
crImEs
ChristopherWeiss
Podem ser
considerados
“leves”: tentativa
de assassinato e
participação em
um sequestro
podErEs
motIvAção
Usa o conhecimento
que adquiriu quando
trabalhava como químico
para levar vantagem
Especialista em cordas
que apresentam alta
resistência em combate
wILLsmIth
pistoleiro
Batman #59
1ª ApArIção
nomE rEAL
crImEs
Floyd Lawton
Assassinatos
— a maior
parte deles,
de membros
do crime
organizado
podErEs
motIvAção
Assassino de aluguel
em Gotham, o vilão quer
ser alçado ao posto
de chefão do crime
É especialista no uso
de armas e traz uma
mira biônica no olho
pg.24 08.2016
301AMcultura.indd 24 13/07/2016 20:01:51
umcontodechina
no livro, encontramos seres que
vivem sob um sistema autoritário e
corrupto. muitos podemrelacionar
esse universo aomundo real...
A literatura tem ressonâncias com a nossa
realidade. Mas o problema com esse tipo
de interpretação é que ela simplifica sua
compreensão da metáfora e é inadequada
no sentido do literalismo da ficção. Um
dragão, em um romance fantástico, pode ser
uma metáfora para todo tipo de coisa. Mas
ele também é — pelo menos nos melhores
livros — um lagarto flamejante gigante.
você já foi comparado a franz KafKa
e philip K. dicK. comodescreveria o
seu processo criativo e de escrita?
Fico absurdamente lisonjeado com essas com-
parações. Diria que omeu processo de escrita
é confuso, incoerente, agitado, esperançoso
e frustrante. E não sei se voumelhorar, mas
ainda sonho com isso. Minha relação com a
literatura é de fascinação, intenso amor e
comprometimento com as leituras que faço.
você é umrespeitado professor de
escrita criativa. qual é o desafio
ao escrever umnovo livro?
Talvez, a melhor coisa seja refazer, recombinar
e misturar as ideias em novas combinações.
Para ser honesto, creio que muitos de nós têm
ideias melhores do que realmente achamos.
Um dos grandes problemas que encaramos
é que as pessoas são treinadas a escutar
que suas ideias são ridículas, desaniman-
do rapidamente. O maior problema que
enfrentam não é a falta de ideias, e sim o
desencorajamento para seguir firme com elas.
Estação Perdido, livro de ficção científica do escritor inglês ChinaMiéville, é lançado
no Brasil pela Editora Boitempo 16 anos depois de ser escrito. Em entrevista, o autor
comenta os desafios de produzir literatura fantástica na atualidade— por L.S.
Filmescultbrasileirossãobonsemcaptarrecursos,masestão longe
defazersucessocomoascomédias—porLucaS aLencar
Entre os filmes
nacionais quemais
arrecadaram dinhei-
ro nas bilheterias há
pouca variação de
gênero: sete comé-
dias, uma biografia,
um religioso e um
fenômeno chamado
Tropa de Elite 2.
bons dE cAptAção Asproduções quemais conseguiram recursos porfinanciamentos
Xi
ng
u(
20
12
)
40
%
92
8%
82
6%
1.0
34
%
1.0
76
%
1.1
38
%
69
0%
89
0%
1.1
08
%
1.0
16
%
88
5%
R$
9,7
mi
lhõ
es
R$
3,8
mi
lhõ
es
Cid
ad
ed
eD
eu
s(
20
02
)
25
1%
R$
7,5
mi
lhõ
es
R$
19
mi
lhõ
es
Flo
re
sR
ar
as
(20
13
)
Se
Eu
Fo
ss
e
Vo
cê
2(
20
09
)
36
%
R$
9,6
mi
lhõ
es
R$
3,4
mi
lhõ
es
OX
an
gô
de
Ba
ke
rS
tre
et
(20
01
)
De
Pe
rn
as
pr
o
Ar
2(
20
12
)
24
%
R$
9,3
mi
lhõ
es
R$
2,2
mi
lhõ
es
Be
so
ur
o
(20
09
)
At
éq
ue
aS
or
te
no
sS
ep
ar
e2
(20
13
)
43
%
R$
8,8
mi
lhõ
es
R$
3,8
mi
lhõ
es
Co
ra
çã
o
Ilu
mi
na
do
(19
98
)
Mi
nh
aM
ãe
Éu
ma
Pe
ça
(20
13
)
1%
R$
9,2
mi
lhõ
es
R$
92
,8
mi
l
OT
em
po
eo
Ve
nt
o(
20
13
)
Do
is
Fil
ho
s
de
Fr
an
cis
co
(20
05
)
91
%
R$
8,4
mi
lhõ
es
R$
7,7
mi
lhõ
es
Ga
ijin
II-
Am
a-
me
Co
mo
So
u(
20
05
)
No
ss
oL
ar
(20
10
)
5%
R$
7,6
mi
lhõ
es
R$
38
8m
il
OC
or
on
el
eo
Lo
bis
om
em
(20
05
)
Me
uP
as
sa
do
me
Co
nd
en
a
(20
13
)
62
%
R$
7,5
mi
lhõ
es
R$
4,6
mi
lhõ
es
Co
ra
çõ
es
Su
jos
(20
11)
De
Pe
rn
as
pr
oA
r(2
01
0)
At
éq
ue
a
So
rte
no
s
Se
pa
re
(20
12
)
6%
R$
7,3
mi
lhõ
es
R$
45
2m
il
Valor arrecadado
Valor total captado
Entre os filmes
que mais capta-
ram recursos para
viabilizar suas
produções,
apenas Cidade de
Deus arrecadou
nas bilheterias
mais dinheiro
do que gastou
para ser feito.
Valor arrecadado
com bilheteria
Valor total captado
bons dE bILhEtErIA Os sucessosdepúblico do cinemanacional têmpoucadiversidade temática
piadinha milionária
Tr
op
ad
eE
lit
e2
*(2
01
0)
R$
10
3m
ilh
õe
s
R$
6m
ilh
õe
s
R$
4,8
mi
lhõ
es
R$
4,6
mi
lhõ
es
R$
3,9
mi
lhõ
es
R$
5,3
mi
lhõ
es
R$
4m
ilh
õe
s
R$
3m
ilh
õe
s
R$
3,4
mi
lhõ
es
R$
3,5
mi
lhõ
es
R$
50
mi
lhõ
es
R$
50
mi
lhõ
es
R$
49
,6
mi
lhõ
es
R$
45
mi
lhõ
es
R$
36
mi
lhõ
es
R$
36
mi
lhõ
es
R$
34
,8
mi
lhõ
es
R$
34
mi
lhõ
es
R$
31
mi
lhõ
es
R$
11
mi
lhõ
es
* Filme campeão em captação de recursos e bilheteria
pg.2508.2016
301AMcultura.indd 25 13/07/2016 20:01:52
ED. 06 - AGOSTO 2016
Nova tecnologia desenvolvida no Inpe
melhora estimativas sobre queimadas
C ientistas do Instituto Nacional dePesquisas Espaciais (Inpe) contam comuma nova tecnologia para monitorar
com precisão incêndios e queimadas no Brasil.
Um algoritmo (ou comandos computacionais)
desenvolvido no Inpe permite o mapeamento das
áreas destruídas pelo fogo a partir de dados de
sensoriamento remoto obtidos da Nasa, a Agência
Espacial Norte-Americana. A nova ferramenta
já foi adotada pelo Grupo de Monitoramento de
Queimadas e Incêndios para gerar estimativas
mais confiáveis, inclusive, retroativamente.
Com base nas imagens de satélites, os pesquisadores
conseguiam acompanhar os focos de incêndio, ou seja, o local
da chama. Agora, é possível dimensionar a área tomada pelo
fogo ano a ano desde 2005 em cada bioma. Isso porque
o algoritmo desenvolvido tem resolução espacial de 1
quilômetro quadrado.
Segundo a pesquisadora Renata Libonati, que
desenvolveu a ferramenta durante pós-graduação
no Inpe, o Brasil usava tecnologia desenvolvida pela
Nasa para todo o planeta. A desvantagem é que
o sensoriamento em escala global, feito de forma
generalizada, não considera as características de cada
bioma, como tipo de vegetação, solo e clima. “Com esse
algoritmo, nós conseguimos refinar as informações
sobre as queimadas no Brasil”, diz Libonati.
A ferramenta abre uma nova perspectiva para as ações de
monitoramento e fiscalização do país.Além disso, permite que o
Brasil avance nas políticas de controle de emissão de poluentes.
Estudo prevê “clima caótico” até 2100
Oclima tende a ficar com longos períodos secos e extremos de chuva intensa, com menor grau deprevisibilidade, até 2100. O alerta foi feito pelo coordenador do INCT de Mudanças Climáticas,Carlos Nobre, durante lançamento do livro “Modelagem Climática e Vulnerabilidades Setoriais à
Mudança do Clima no Brasil”, na 68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC), em julho deste ano, em Porto Seguro (BA).
“Os impactos e os riscos são tão grandes que, na minha opinião, não existe outra possibilidade que
não seja a mais rápida redução de gases de efeito estufa, como a COP 21 [21ª Conferência do Clima]
preconizou: zerar as emissões até 2050 ou 2060 e chegar a emissões negativas, ou seja, tirar CO2
[dióxido de carbono] da atmosfera”, afirmou o pesquisador. “Esse é um enorme desafio, mas é um
problema do qual não temos como fugir se nós não quisermos entregar aos nossos netos e bisnetos um
mundo muito difícil de viver.”
INFORME PUBLICITÁRIO
Siga as ações do Ministério e as contribuições da ciência e da tecnologia para o 
desenvolvimento do Brasil. Acesse nosso site e nossas páginas nas redes sociais.site
www.mcti.gov.brtwitter.com/MCTIC facebook.com/MCTIC
Lançamento de fi bra óptica de 240 km leva 
internet para interior da Amazônia
Conexões de 100 Gb/s entre Brasil e 
Estados Unidos entram em operação
D uas novas conexões de 100 Gb/s entre São Paulo e Miamiforam ativadas, ampliando a saída internacional da redeacadêmica brasileira,a Ipê.As novas conexões,emoperação
por meio de cabos submarinos nos oceanos Atlântico e Pacífico,
fazem parte do projeto Amlight Express and Protect, financiado pela
National Science Foundation (NSF), pela Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Rede Nacional de
Ensino e Pesquisa (RNP), organização social ligada ao Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O consórcio Amlight
gerencia as conexões entre Estados Unidos e América Latina para
ensino e pesquisa.
“Em 2017, outros seis links com a mesma capacidade entre Miami e
U m dos maiores projetos de fibra óptica subaquática domundo, o programa Amazônia Conectada, completouum ano em julho com o primeiro trecho de 242,5
quilômetros concluído.A fibra interliga os municípios de Coari a Tefé
via leito do Rio Solimões. A expectativa é que a infraestrutura de
telecomunicações beneficie 144 mil pessoas nos dois municípios.
Atualmente, a internet que chega às duas cidades é via satélite e
tem custo elevado. E a rede de fibra óptica atende apenas Manaus.
“É um projeto absolutamente estratégico. Nesse trecho, vai atender
institutos como o Mamirauá, Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) e a Universidade Federal do Amazonas,
por exemplo. Os custos das conexões de satélites, que hoje sai
por algo entre R$ 3 mil e R$ 5 mil o preço do megabyte, passarão,
com o cabo óptico, a aproximadamente R$ 50 por mês. Teremos
Sem conexão
Na região amazônica, a internet não chega a todos
os municípios, o que prejudica os serviços públicos.
Quando há conexão, a velocidade é lenta e o serviço, caro. Comas
fibras subfluviais, o objetivo éoferecer 100gigabytes por segundo,
oqueviabilizaumasériedeserviçosderedededadoscomamesma
qualidade encontrada em outras regiões do país: internet banda
larga, telemedicina, ensino a distância, instituições de educação e
pesquisa, e interconexão entre saúde. Além disso, o programa vai
contribuir tambémpara aperfeiçoar as comunicaçõesmilitaresna
fronteira, trazendo ganhos para a defesa nacional.
a América Latina devem entrar em operação”, informou o engenheiro
de redes da Universidade Internacional da Flórida (FIU, em inglês)
Jerônimo Bezerra. Segundo ele, as conexões internacionais de
100 Gb/s estabelecem novos parâmetros em conectividade de
alto desempenho nas Américas e possibilitam oportunidades de
colaboração científica.
Uma das iniciativas beneficiadas será o projeto internacional de
Astronomia Large Synoptic Survey Telescope (LSST), que conta com a
participação de 50 pesquisadores brasileiros. O LSST é um telescópio
em construção em Cerro Pachón, no Chile, previsto para entrar em
operação em 2022 e que terá capacidade para fazer o mapeamento
de quase metade do céu por um período de dez anos.
aumento da velocidade e mais qualidade na comunicação por
preços menores. É uma ideia estruturante para aquela região”,
afirma o diretor-geral da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP),
Nelson Simões, organização social vinculada ao Ministério da
Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), parceira
no desenvolvimento do programa, ao lado do Ministério da Defesa.
O cabo subfluvial de 390 toneladas ligando os municípios faz
parte da infovia do Rio Solimões, uma das cinco que serão
construídas pelo governo federal por meio dos leitos dos rios
que cortam a Amazônia. Somente no Solimões, 15 municípios
serão atendidos. Mas a meta do programa é fazer mais. Redes
subfluviais ópticas serão estendidas por aproximadamente 7,8
mil quilômetros dos principais rios, beneficiando 3,8 milhões de
habitantes em 52 municípios.
Umhotel
Combarracas práticas e confortáveis, acampar
deixou de ser sinônimo de passar perrengue
b
arracas são abrigos
temporários no meio
do mato. Há 40 mil
anos, eram de madeira e pele
de mamute; hoje, são de fibra
de vidro e nylon. Oferecem con-
forto tanto ao trilheiro hardco-
re quanto à família — há mo-
delos com dois quartos e “sala
de estar”. Os fãs da praticidade
contam com uma opção que se
arma sozinha. E não é somente
no exterior que são feitos bons
produtos: desde 1985, a curiti-
bana Manaslu produz barracas
de qualidade só com material
nacional. “Somos mais um ate-
liê do que uma indústria”, afir-
ma Júlia Romão, que toca o ne-
gócio ao lado do marido. As
varetas são de alumínio, mais
difíceis de quebrar, e o nylon
é ripstop, que evita rasgos. As
barracas da marca podem du-
rar décadas, já as de certas fa-
bricantes são pensadas para es-
tragar em dois anos. “Não nos
encaixamos nessa lógica.”
Fuja para as colinas
Evite apertos com essas dicas
para acampar sem dor de cabeça
não semolhe
Se chover, estique
um barbante acima
da barraca e cubra
com lona em forma
de pirâmide. Sobre-
tetos podem ajudar.
zero rasgos
Limpe o terreno
antes demontar a
barraca: remova
pedras, galhos ou
coisas que possam
rasgar o piso.
luz do sol
Arme acampamen-
to onde o sol dama-
nhã bate, para que
ele seque o orvalho
da noite e deixe a
barraca quentinha.
barraca certa
Lugares abafados
pedem o tipo 3
estações, mais ven-
tilado; na neve, use
o tipo 4 estações,
mais reforçado.
sem zum-zum
Mantenha sempre
as telas deportas e
janelas fechadas—
assim, insetos inde-
sejáveisvãoficardo
ladode fora.
discoverymountain
MAnASLu R$ 735
1
ve 25
the noRth fAce R$ 3.490
2
mesa dobrável
quechuA R$ 399
3
Prata da casa
Produzida artesanalmente,
abriga duas pessoas. Suporta
baixas temperaturas e, por pesar
só 3 quilos, é boa para trilhas
1
4
5
odiosomoFo
nunca guarde a
barraca molhada: a
umidade é propícia
para omofo e
reduz a vida útil
dos materiais.
28
textoandréjorgedeoliveira
dentro
da caixa
301CONSUMObarracasVA.indd 28 13/07/2016 20:04:47
trêsmil estrelas
Paramuita gente, o campismoébemmais que umaopção
barata de hospedagem—chega a ser umestilo de vida
h
lenha na Fogueira
Nada como uma boa história ao redor do fogo,
e acendê-lo não é tão difícil quanto parece
ospedar-se em um
resort custa caro. Já
uma diária em um
camping sai por menos de
R$ 30, o que permite viajar gas-
tando pouco. Mas o fascínio
vem da conexão com a natu-
reza. No céu noturno acima de
hotéis cinco-estrelas, não apare-
cemmuitomais que cinco estre-
las — culpa das luzes urbanas.
Já a noite em um acampamento
afastado pode exibir até 3 mil
delas. São essas coisas que os
campistas buscam. “O campis-
mo deixou de ser só um hobby e
virou um estilo de vida tranqui-
lo”, diz Romão. Ela tem clientes
que viajam omundo acampando
e, graças à internet, trabalham
remotamente. Nos EUA, estima-
-se que cerca de 15% da popu-
lação acampe. Não émais preci-
so ser um aventureiro para esca-
par da rotina e passar uns dias
no meio do mato. As barracas
continuam sendo abrigos, mas
também se tornaram refúgios.
1. Limpebem
oterreno, não
deixe nada
inflamável
emumraio
de 3metros.
faça umcírcu-
lo depedras
e cave alguns
dedos na
área interna.
2. Juntepeda-
ços depapel,
folhagens,
cascas de
árvore, grave-
tinhos, galhos
finos,médios
e grossos. É
importante
que tudoes-
teja bemseco.
3. coloque
na terra um
punhadode
folhagem.
Acima, faça
umapirâmide
degraveti-
nhos e cerque
comduplas
cruzadasde
galhosmédios.
4.nãoamon-
toe: deixe a
fogueira res-
pirar.Acenda
as folhagens
com fósforo e
vá acrescen-
tandogalhos
mais grossos
de forma
cruzada.
air pump 70
quechuA R$ 449
4
Forclaz 60
quechuA R$ 399
sleepin’bed
quechuA R$ 349
5
6
Quase um iglu
Modelo best-seller da empresa
californiana, feito para
expedições rigorosas. Protege
três pessoas de nevascas
2
3
6
29
fora
da caixa
fototomásarthuzzi
301CONSUMObarracasVA.indd 29 13/07/2016 20:04:53
Fo
to
:T
om
ás
Ar
th
uz
zi
/E
di
to
ra
Gl
ob
o
*C
ar
to
la
—
Ag
ên
ci
a
de
Co
nt
eú
do
A gasolina C pode
conter ainda resíduos
como compostos de
enxofre, de nitrogênio
e metálicos, além de
corantes e antioxidantes
E AÍ, PODE
COMPLETAR?
Agasolinacomuméuma
grandefestadederivadosdo
petróleo—PORSAMUEL LIMA*
ense no barril de petróleo
como uma cesta cheia de peças
de um quebra-cabeça. Todas
elas são feitas do mesmo material (mo-
léculas de carbono e hidrogênio), mas
têm tamanhos e formas diferentes. E é
justamente o tamanho e a forma de cada
uma que determinam se essas peças vão
ser usadas para formar gás de cozinha,
asfalto para pavimentar as ruas da cida-
de ou litros de gasolina ou óleo diesel.
Tudo começa com a separação física
das peças do quebra-cabeça por meio do
aquecimento do petróleo na refinaria, em
um processo chamado destilação atmos-
férica. Como o tamanho dos hidrocarbo-
netos é diferente, os pontos de ebulição
de cada material também não são iguais.
A técnica consiste em fazer o petróleo
virar vapor e, depois, resfriá-lo gradati-
vamente. Quando cada parte atinge no-
vamente seu ponto de ebulição, ela con-
densa. Aí está a sacada: a substância com
maior ponto de ebulição fica líquida pri-
meiro, e a de menor cadeia só condensa
no ponto mais alto da coluna. Placas em
diferentes alturas recolhem cada um dos
produtos separadamente. O mais famoso
deles é justamente a gasolina.
Mas nenhum carro no país é abaste-
cido apenas com essa gasolina que sai
da refinaria, denominada “gasolina A”. O
combustível que chega aos postos con-
tém 27% de etanol anidro, volume obri-
gatório por lei para as gasolinas comuns.
O material passa, então, a ser chamado
de “gasolina C”. Mais do que estimular
o uso de energias renováveis, a adição
de álcool à gasolina é feita para garantir
que a mistura de ar e combustível
no motor não exploda.
HIDROCARBONETOS
São compostos
químicos
constituídos de
átomos de carbono
e de hidrogênio.
As cadeias mais
frequentes
encontradas na
gasolina são as
que têm de sete a
nove carbonos.
ETANOLANIDRO
O álcool etílico
é produzido em
usinas e tem como
principal matéria-
-prima a cana-
-de-açúcar. Pode
ser processado
também com o
amido do milho
ou da beterraba,
ainda que seja
bemmenos
comum no Brasil.
CHUMBO
(NÃO ÉMAIS
USADO)
Durante décadas,
a substância foi
adicionada à
gasolina para fazer
omesmo papel do
álcool. O chumbo,
no entanto, é
tóxico. O Brasil foi
um dos primeiros
países a abolir
o composto.
P
H
1
C
6
C3 H8
H
1
O
8
C
6
C2 H5OH
C
6
H
1
Pb
82
Pb (C2H5)4
30
ELEMENTAR
H
N OC
Ti Fe Zn
GASOLINA
301ELEMENTARgasolinaVA.indd 30 13/07/2016 20:33:40
Mais dametadedapopulaçãobrasileira estádemal comabalança.
Passamosdeumpaís dedesnutridosaumquegastaR$488milhões
poranopara

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando