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POUCOS 
MISTERIOS 
RESISTEM A 
UMA CHAVE 
DEFENDA. 
Se ~ pensa que a Plreltl está 
apenas no pneu do seu carro, en-
gano seu! 
Pegue uma cba\'e de fenda e 
solte o painel, que você vai encontrar 
mais. 
Aqueles chicotes• de fios colori-
dos, que ligam toda a parte elétrica 
do carro, são produzldos pelo maior 
fabricante de cabos de energia do 
mundo. 
Se não estiver sallsfeito, vá sol-
tando os parafusos, que você não vai 
parar de encontrar a Plreltl. Seja 
qual for a marca do seu carro. 
E, para adiantar o futuro, já 
estamos preparados para monitorar, 
atra~ das fibras óticas, cerca de 
trezentos itens de instrumentos e 
controles de um automóvel. 
~cabos, além de energia, 
transmitem confiança. 
IAELLI 
• 
Figue sócio do mam. 
Nós abaixo assinados agradecemos. 
Melhor que ser amigo da Arte é ser sócio 
dela .. Ficando sócio do MAM você pode 
ganhar uma gravura por ano. Tem seu 
nome inserido nas dependências do 
museu. Recebe carteita de sócio com 
direito a entrada franca em todos os 
eventos. Pode descontar sua contribuição 
do imposto de Renda. 
E o mais importante: ajuda o MAM a 
. continuar sendo o MAM. 
Entre em contato com a geme: 
(011) 549.9688, falar com Lúcia 
Aldo Bonadei, Alfredo Volpi, Arnaldo Pedroso D'Horta, Aldemir Martins, 
Abelardo Zaluar, Alberto Teixeira, Aldir Mendes.de Souza, Amilcar de 
castro, Ascânio M.M.M., Antônio Bandeira, Arlindo Daibert, Arthur Luiz 
Piza, Amélia Toledo, Anita Malfatti, Alcindo Moreira Filho, Alex Fleming, 
Anna Letycia, Brecheret, Bavarelli, Bené Fonteles, Bruno Giorgi, Clóvis 
Graciano, Caciporé Torres, Carybé, carros Scliãr, Carros Vergara, Cássio 
Michallany, Cláudio Tozzi, Cléber Machado, Di Cavalcanti, Di Prete, 
Darcy Penteado, Daniel Senise, Ernesto Di Fiori, Emanuel Araújo, Edith 
Behring, Evandro Carlos Jardim, Flávio de Carvalho, Fiaminghi, Famese 
de Andrade, Fúlvio Penacchí, Franz Krajcberg, Frans Weissmann, Fayga 
Ostrower, Gerda Brentani, Guilherme Faria, Grudzinski, Oswaldo Goeldi, 
Gilberto Salvador, Geraldo de Barros, Granato, Gustavo Rosa, Henrique 
Boese, Hércules Barsotti, Hugo Adami, lone Saldanha, Iracema Arditi, 
Ivan Serpa, José Antônio da Silva, José Rezende, Jair Glass, Károly 
Pichler, Lothar Charroux, León Ferrari, Luís Saciloto, Lydia Okumura, 
Lúcia Porto, Lívio Abramo, Marcelo Grassmann, Mário Gruber, Mário 
Zanini, Maria Leontina, Maria Bonomi, Maria Guilhermina, Mário Agostinelli, 
Mário Cravo, Maria Tomaselli, Maurício Nogueira Lima, Megumi Yuasa, 
Moriconi, Martin Disler, Manfredo Souza Neto, Milton da Costa, Marcelo 
Nietsche, Norberto Nicola, Ottone Zorlini, Otávio Roth, Olney Kruse, 
Pancetti, Portinari, Pola Rezende, Rebolo, Rossi Osir, Renina Katz, Sérgio 
Milliet, Sérgio Camargo, Samico, Siron Franco, Sérvulo Esmeralda, 
Tarsila do Amaral, Tomie Ohtake, Thomaz lanelli, Tomoshigue Kusuno, 
Tuneu, Takashi Fukushima, Vlavianos, Wega Nery, Willys de Castro, 
Yolanda Mohaly. 
Fique sócio do mam. Nem só de arte vive um museu. 
Apoio OPZ. 
Revista 
SUPERJN1UESSANTE 
CAPA 
S.O.S. ozõnio 
A eamada ·de ozônj.o que 
protege a Terra da ritdiação 
ultravioleta do Sol está 
ameaçàda. Os efeitos podem 
ser dramáticos. mas o mundo 
se prepara para evitá-los 
16 
COMPORTAMENTO 
1----::::::=~~~~-~ Tudo mentira 
TECNOLOGIA 
Revolução a bordo 
Uma nova geração de 
jatos nasce com o A320. 
em que a eletrônica 
assume fi rme o comando 
32 
GEOFÍSICA 
Mente-se para escapar 
de situações diffceis, 
realizar sonhos, lesar 
o outro. A verdade é 
que todos têm um pouco 
ou muito de Pinocchio 
24 
_.)ftllt .. - . ·--- - -- ·---. ···---=- c -
Descida aos porões 
do planeta 
1"'*.1 É mais fácil ir à Lua 
do que ao centro da 
Terra. Mas, com sondas 
=~~~~:_~!i! especiais, o homem já 
começa essa pesquisa 
COSTUMES 
Quando falam as flores: chaves 
de um código 
38 
Desde os tempos antigos. as tlores comunicam 52 
mensagens que exprimem sentimentos humanos 
BIOLOGIA 
Por dentro da vida 
Extraordinária colecção de 
fotografias feitas por 
microscóp·io eletrônico, 
publicada com el(clusividade 
no Brasil, mostra o qoe 
acontece com o corpo do 
homem e da mulher no processo da fecundação. 
O colorido das imagens evidencia minúcias 60 
como a ação dos hormônios nas células 
ASTRONOMIA 
FOTOGRAFIA 
Uma gata e seus gatinhos 
Quase testemunhas 
do Big Bang 
Silo os quasares, os 
corpos celestes mais 
antigos, distantes e 
luminosos que existem 
72 
Unindo a fotografia aos raios X. obteve-se uma 78 imagem da mãe e dos filhotes ainda por nascer 
, 
HISTORIA 
Pompêia, cidade eterna 
Há q uasc 2 mil anos, Pompéia foi soterrada 
por uma erupção do Vcsúvio. Suas ruínas 
mostram o cotidiano de uma cidade romana 
SEÇÕES 
Notícias superinteressantes 
Perguntas superíntrigantes 
Telescópio 
Oito & feito 
Dois mais dois 
Grandes idéias 
Superdivertldo 
Uvros superlmportantes 
Superdivertído/soluções 
Su~graçado 
Cartas dos leitores 
Capa: ilusl13çáo Ronaldo-Ll>PIIS Teixeira ! Milton Rodrigues Alves 
SUPERINTERESSANTE N. • 7 
80 
8 
14 
30 
43 
44 
58 
86 
88 
89 
90 
91 
SUPER 5 
Hoje eu nem sei por onde começar. tantas 
são as coisas superinteressantes que temos 
para você. Por exemplo. as extraordinárias 
fotografias fei tas através do microscópio 
eletrônico pelo professor italiano Pietro 
Motta . Ele publicou um livro muito bonito, 
com imagens surpreendentes do corpo de uma 
pes oa. Nós selecionamos para você as que 
Superimag•ns do corpo mostram todo o processo de reprodução 
humana. É um trabalho que beira o fantástico 
- mas é coisa muito real. Como eu já disse aqui nesta 
carta. o mundo real revelado pela ciência é muito mais fantãstjco 
do que qualquer outro que a nossa imaginação possa inventar. 
No art igo de capa, tomos outra impressionante seqüência de 
fotos , estas feitas pela NASA. Elas mostram o estranho 
fenômeno que acontece a cada primavera , na Antártida. com a 
camada de ozônio que pro tege a Terra contra os raios 
ultravioleta emitidos pelo Sol. l-lá dez anos, cientistas 
alertam o mundo para o perigo das agressões cometidas contra 
esse escudo por a lguns produtos aparentemente muito inocentes 
da nossa civilização. como os aerossóis. O assunto é sério: 
sem a proteção do ozônio. a Terra pode se tomar inabitável 
para a espécie humana. E. exatamente por ser sério. o alarme 
começa a ser .ouvido: países desenvolvidos já negociam acordos 
para con~rolar o uso desses produtos que destroem o ozônio. 
Silvio Atanes talvez seja a pe oa mais a tarefada aqui na 
redação de SU PERI NT ERESSANTE. Ele é o nosso "carteiro··. 
encarregado de cuidar da correspondência dos leitores. 
selecionar as cartas a serem publicadas. providenciar respostas 
para todos. De uns tempo para cá. Silvio 
tem se mostrado anito: chegaram milhare 
de cobranças de leitores interel>sados 
num poste r do nos o monstrinho - e e le 
não tinha resposta a dar. A culpa ríao ! 
é dele , é minha. Fui cu quem prometeu ~ 
o poster , logo na segunda edição §~ 
de SUPERINTERESSANT E, sem saber ~ 
em que confus~10 estava me metendo. Pois 
f Silvio, enfim livre dos seus deu muito trabalho levantar a biogra ia pessdelos 
do monstrinho. surrupiar aq uela velha fo to 
do seu Mbum de família. descobrir coisas de seus 
pais, mostrar em que seu organismo é diferente do nosso. 
Enfim , está tudo fe ito: o monstrinho está aí, num poster 
magnífi co, c o Silvio. acredi to . já pode trábalhar sossegado. 
Almyr Gajardoni 
6 SUPU 
1~1 Editora Abril 
m (41t• •~•ttt YCT()Il(WfTA 
ow~ ~W~HMC:,..w ...,.........._ ,,.,.. .......... ., .. .. , ................. , .......... ..... \ ........ Jb,,. ... ~ ______ ...... 
SUPER 
INTERESSANTE 
......... Clwt• \.ltoof ... ....... ... , ...... ~--~ .....,.,.. 
~· ....... u.... ............. . ,.... .. ..,... ....,.. a. eM•• ... 
o. .. .,.. ....... Ullelfrt 
:·c· ·· - ~ ....... ~., ............ 
Cu t ms trOr.._ .......,...., , ,......_ ,...., ...... , ... , ....... .......... ~ .... 
.. • . . ... ........... a,.a.;,.,..,..,. ........ ..... ..... 
..... ...... a.. • • ~..,.,. r.--. ...... ""... l ........... ,.,.__ a...\JNI" ,. ... ....... ~ • 
............ .. ~ • .,..... Aww~ 
::',C.,....., ...... o.-.... ,..... ._.,. ..... 
"'*"""""' GMfift't~ JCtM t.v-1 ~ 1\ICt> 
C..O.eo.ti•IKN ,.,..,.,._.. a.., .... ..,.pt M VfJA 
OQI . ... ""'lf\1 . .. t,ll$ .. S..Jot 
o .. .,..,, 1\_,. Lwlt Cf tHbtl, "-JNtot+M.toMnJ O.rio tlt tio 
lhoO eis ~wdo, Ct ... """ '-' HM , ..,._ P • 01•'191'' 
M.tiot., Moo• C.lt.ellt. lw C.tt't1 Jttwrl 
...... , ... l ..... k I OleY•NW I ....,. 
Alt • l~rv,,~t Cl~d .. h~. ""'•' "'' a'l\11t1 Mt rto 
N!tonllt l11"11~ti1M,. ' •utt MMHJt .. ~ow.,. , l~lllciO Vi 
G-t.I \.MI~j,. •• .... ,,_l•' "•",. c,._., Cotf"C~ .,.... o.-."' 
o\fNIMGf f.t. Ct~M;Mato ltfro CJNNM:f Oilf'h-.1 M(l• lt 
A c..'~ nM.,...., .. o.,.lót H,MI\ .. "''".,.• r.,.., .. 
U l A.N M" " .. Oh'ttllt. , .," ..... llc~ (fiO·· R.. ..,. ,.,..,."()to.., .. , .............. "*'~ ··~ 
-~~· ~ . .. ........ ............ ..... ~ .. ow.j·· 
W,., t.,ft Metlil ..... t~ ....... o..llt ...... (~ .. .......... .-... ... .,.,.,. ... ......-. ..... ,.., ,..., ~ , .... 
~ .. Atli#I~Mii .. M O.V.,.. • (IICI!o .... t ....... 
- Oo.vtt.~t ...., .. 
OiiA!Mf .. ~ . ...... , ......... c..-o..w 
O"CU.A(*'O 
...... ...... ........ ,..., 
..._ .. v ...... .._,...., 11: ...... ....,. .. ,..,..., ... 
~·O'IoeM ..... ~ ....... ,..,. 
Coisa de homem 
Qual será realmente a diferença 
fundamental entre o homem e a mu-
lher? Geneticistas americanos acaba-
ram de encontrar a resposta que os 
humanos procuravam desde o começo 
dos tempos: a diferença é um gene, 
existente apenas nos homens. chama-
do TDF (íniciais em inglêJ; de '·fator 
determinante de testículos' '). Delide 
1950. sabia-se que o sexo com que se 
nasce é determinado por um dos 23 
pares de cromossomos do ser huma-
no: mulheres possuem o par XX e ho-
mens. XY (assim' chamados por causa 
da forma). "Agora, com essa desco-
berta.,. explica o professor Paulo Ot-
to, do Jnstituto de Biociências da 
USP, " ficamos sabendo que não é um 
cromossomo inteiro, X ou Y. mas 
apenas um único gene que determina 
o sexo ... Detalhe: um único gene en-
tre os cerca de 100 mil que formam a 
bagagem hereditária do ser humano. 
Os pCJ;quisadores encontraram o ge-
ne TDF estudando os cromossomos 
de pessoas geneticamente anormais. 
ou seja. mulheres com par XY e hQ-
mens com par XX - casos raros, na 
8 5UPlR 
proporção de 1 para cada 20 mil. e es-
sas pessoas são estéreis. Os cientistas 
notaram que faltava um pedacinho no 
cromossomo Y das mulheres; já nos 
homens. havia um pedaço de um cro-
mossomo Y preso a um cromossomo 
X. Depois de muito quel:>rar a cabeça, 
eiCJ; concluíram que essa porção de 
cromossomo a menos nas mulheres e 
a mais no homem era o gene TDF. No 
embrião do sexo masculino. o TDF 
e:tiste desde a concepção. Mas só se 
manifesta na sétima semana; <tté en-
tão, segundo os geneticistas. o em-
brião é "sexualmente indiferen te''. • 
Um mistér•o de 
11 mil anos 
A recente descoberta de ossos fos-
silizados de um rapaz de 17 anos de 
idade e pouco mais de l metro de a l-
tura . numa caverna no Sul da ltitlia. 
indica que nem só os mais aptos so-
breviviam nos ásperos tempos· logo 
em seguida às glaciações de 11 mil 
anos atrás. O rapaz, um anão com 
braços e pernas deformados. com cer-
teza não tinha corno acompanhar as 
pe.rambulações do grupo a que per-
tencia - coletores e caçadores eter-
namente em movimento ~~ procura de 
O mais antigo caso de nanismo 
!:! 
~ 
' 
alimerÍto c abrigo. Não podendo 
acompanhar os outros - nern muito 
menos contribuir para o sustento da 
coletividade - . seria de esperar que 
o deficieme físico fosse largado à pró-
pria sorte. Nesse caso, ele jamais vi-
veria até os 17 anos. 
No entanto. os restos encontrados 
na caverna ita)jana demonstram que 
o jovem - por sinal, o mais amigo 
caso de nanismo de conhecimento da 
ciência - não só não ficou à mercê 
da natureza como fo i enterrado se-
gundo um certo cerimonial. talvez 
porque tivesse uma posição especial 
no grupo. A caverna foi pintada com 
figuras de animais c seu corpo ficou 
abraçado ao de sua mãe. Nada se sa-
be. porém. das circunstâncias em 
que ambos morreram. Para alguns 
antropólogos. a descoberta provaria 
que os povos da J dade da Pedra não 
eram selvagens brutos: podiam até 
manifelitar consideraçiio para com o 
próximo. • 
Romanenko (centro) com a taml/la: 
ossos em ordem e cabeça no lugar 
Depois do recorde 
O cosmonauta soviético luri Roma-
nenko. recordista de permanência no 
Clipaço- 326 dias a bordo da estação 
orbital Mir -. anda lépido e fagueiro 
como se tivesse passado qu~e um ano 
numa CJ;tação de veraneio. E uma sur-
presa: llntes dele. outros cosmonautas 
voltavam do espaço com os ossos. 
músculos e o sistejlla cardiovascular 
enfraquecidos pela falta de gravidade. 
Mas Rórnanenk.o deixou espantados 
os médicos soviéticos ao ficar de pé 
de.sde que pisou o ohão da base de 
• 
Baikonour, na Asia Central. no finzi-
nho do ano passado. 
Sua memorável recuperação reper-
cutiu oos projetos de uma futura via-
gem tripulada aMarre, cujo principal 
obstáculo é li duração - cerca de 
dois anos entre ir c voltar (SUPER-
INTERESSANTE n ... 3. ano 2). Pa-
ra a recuperação de Romanenko. 
contribuiu o rigoroso esquema de 
ex.ercícios a que ele foi submetido a 
bordo da Mir. além do novo ti po de 
vestimenta com fibras elásticas que. ~ 
por_ oferecer mais resistência, obriga ~ 
o cosmonauta a um esforço maior dos ~ 
rnusculos em cada movinienro. Mas 
Romanenko não voltou bem só fisica-
mente: nada indica que o prolongado 
confinamento no espaço tenha dei.xa-
do nele seqüelas psicológicas. • 
É usar a voz e cruzar os braços 
quer usuário. Tel.efonar dessa cabine 
é como falar para as paredes: o 
usuário coloca urn cartão magnético 
igual ao dos cabias automáticos de 
banco e faz a chamada. Terminada a 
conversa. é só "irar as costas e I! 
embora. • 
Alô: sem as mãos 
Graças à informática. já é possível 
chamar um número de telefone sem 
discar ou teclar - basta fa lar. pausa-
damente. os algarismos. No Brasil, 
esse tipo de apare lho ainda é consi-
derado muito sofisticado para ser 
posto à venda. Mas. na França. está 
disponível aos interessados em faler 
suas chamadas sem mexer um dedo: 
o telefone. oom5) u,n computador 
que recebe comando de voz. decodi-
fjea os números falados e completa a 
ligação. O aparelho só obedece à 
voz do dono. ta l qua l está programa-
da. Isso às vezeli é um problema -
quando a pCJ;soa fica resfriada ou 
rouca. o telefone não cumpre a or-
dem de ligação. 
Em princípio. esse aparelho não 
pode ser usado em cabines públ icas. 
Mas a companhia telefônica francesa 
está fazendo uma experiência na ci-
dade de Lannion . a sudeste de Paris. 
Ali. o aparelho aceita a voz de qual-
Supercondutores 
ligam o motor 
Com menos estardalhaço do que no 
ano passado. quando renderam at~ 
um Prêmio Nabel de Física (para a 
dupla Alex Müller c Georg Bednorz, 
da lBM suíça). as pesquisas com su-
percondutores continuam produzindo 
resultados. A meta é sempre a mCJ;-
ma: tirar do forno urna cerâmica ca-
paz de conduzir eletricidade sem per-
das a temperaturas cada vez mais al-
tas. Ern 1987'. 0 profelisor Paul Chu. 
da Universidade de Houston. nos Es-
tados Unidos. obteve supercondutivi-
dade à temperatura recorde de menos 
175 graus centígrados. trabalhando 
com o composto de cobre, ítrio e bá-
rio usado por Müller e Bednorz. 
Recentemente, o mesmo Chu anuo-
ciou uma cerâmica supercondulora a 
menos 159 graus, feita de materiais 
muito comuns, como bismuw. alumi-
nio, estrôncio e c;i lcio-o que facili -
tará a sua produção em grande escala. 
Por sua vez. pesquisadores do Argon-
ne National Laboratory, também nos 
Estados Unido_s, fabdcaram o primei-
ro motor elétrico baseado nos super-
condutores de alta temperatura. T ra-
ta-se de um prato de 1\lumínio de 20 
centímetros, dotado de 24 ímãs, que 
gira sobre dois discos de cerâmica su-
percondutora graças aos seus fortíssi-
mos campos magnéticos - o mesmo 
principio do projeto Maglev, o tremjaponês que flutua no ar. O motor 
produz uma quantidade de energia ín-
(ima demais para ter algum uso práti-
co. lsso se espera a lcançar em dez 
anos. aproximadamente~ • 
Nova cerâmica funciona a -
SUPERINTERESSANTE EM ENERGIA 
As ccnti.:nas de m.ctros dos fios c cabos necessários para a monitoração dos comandos dos sofisticados vckutos do mundo moderno, e-xigem 
cada vez mais o de;senvolvimento de novas tccnotogias .. A redução do volume desses cabos em até 30% só foi ~ível através da "irradiação", 
ststema que p<:mlltC o rcarranJO molecular do matenal isolante, reduzindo espessuras, mantendo caractedstícas físicas e ctéttlcas. Além 
disso, você já conhece os cabos de vela supreSSlvos que mclboram a. ignição e cllminam as rádio-lmerferêndas no som do seu cano. Hoje 
os minicompucadorcs c as fibras óticas também fazem parte do mundo maravilhoso do automóvel. 
lAEI li 
SlGWNCAtii-DEIN!I<11 
Notici~ Supcrintcrcssotntcs rêm ó llpOio do maJoc f::tbdc:uuc de fios c c~boS do 8rMU c do mundo. 
Falsa farinha 
...... .... - - -----o 
, Com peso na consciência. algumas 
pessoas hesitam diante de uma apeti-
tosa torta, com medo de engordar. 
Esse sofrimento pode estar perto do 
fim: cientistas americanos acabam de 
desenvolver uma celulose sem calo-
rias. capaz de substituir a [arinha tra-
dicional em pães e doces. O novo in-
grediente é à base de polpa de beter-
raba ou de farelo de aveia. tratados 
com peróxido - o óxido que forma a 
água oxigenada. ··o peróxido reage 
liberando apenas as fibras da beterra-
ba ou da aveia", explica a nutricionis-
ta Midore lshii. da Faculdade de Saú-
de Pública da USP. ''Como o orga-
nismo não absorve fibras, o novo in-
grediente não engorda.·· Até agora, 
os produtos sem calorias para substi-
tuir a farinha tinham dois inconve-
nientes: o sabor desagradável e o fato 
de não deixarem a massa crescer. 
Além de não apresentar esses proble-
mas, a nova farinha tem mais fibra 
do que o f a reto de trigo e libra é 
bom para o intestino - de gordos e 
magros. • 
A luz da matéria 
O exótico mundo proposto pela 
Mecânica Quãntica talvez tenha mais 
a ver com a realidade do que se podia 
supor - ainda que essa realidade não 
esteja ao alcance da vivência humana 
de todos os dias. Segundo a teoria dos 
quanta (SUPER!NTERESSANTE n.• 
3, ano 1), tanto a luz quanto a matéria 
se comportam ora como ondas ora co-
mo partículas. Tal semelhança de con-
duta entre luz e matéria, que contraria 
as leis da Física clássica, foi observada 
em três recentes experiências separa-
das. uma nos Estados Unidos, outra 
oa França. outra na União Soviética. 
Em cada uma delas , feixes de <ítomos 
foram refletidos pela luz de forma 
muito parecida como normalmente 
um cristal ou um espelho refletem a 
luz. Ou seja. em condições muito es-
peciais de laboratório. a matéria apre-
sentou movimentos ondulatórios. co-
mo a luz. Os desdobramentos dessas 
pesquisas não de-vem tardar. • 
Limpeza de pele 
Vida nova na TV para velhos fil-
mes do cinema: técnicos ingleses de-
senvolveram um aparelho de telecine 
- projetor que transforma a imagem 
para cinema em sinais de video -
capaz de limpar as marcas do tempo 
na película, como manchas e ranhu-
ras. O aparelho tem I 024 sensores 
de luz e memória digital. Primeiro. o 
filme passa por três pranchas: cada 
uma avalia, pelo grau de luminosida-
de, que partes da imagem em branco 
10 SUPER 
e preto corrosponderiam ao azul, 
vermelho e verde. Então, a memória 
grava a combinação das tonalidades 
e as uniformiza uma por uma. de 
maneira que os sinais de vídeo sim-
plesmente não reproduzem possíveis 
manchas. Por fim, a película passa 
por uma luz infravertnelha. que só 
não a at:ravessa ali onde existem ar-
ranhões ou sujeira. Localizados esses 
pontos, a memória os apaga - c o 
Carlitos de meio século atrás chega 
novinho em folha ao dist ioto reles-
pectador. • 
\ • 
-
Para os deuses 
e os satélites 
Desde que foram descobertas em 
1939. as figuras e linhas desenhadas 
na superfície do planalto de Nazca, a 
sudoeste de Lima, no Peru, represen-
taram um desafio para os estudiosos 
das civilizações pré-colombianas. Elas 
mostram desenhos geométricos. espi-
rais e flores, além de um ·macaco, uma 
baleia, um cachorro e uma aranha. 
São enormes, por isso mesmo indeci-
fráveis ao nível do chão. embora per-
feitamente visfveis do céu. Agora, as 
imagens de dois satélites de recursos 
naturais - o americano Landsat e o 
fra_ncês Spot - ájudam a esclarecer o 
emgma. 
Pois. coto base nessas in1agens, o 
grupo de Sensoriamento remoto do 
Instituto de Pesquisas Espaciais (IN-
~ PE) de São José dos Campos, em 
Caflitos em Tempos modernos, de 1936: conjunto com instituições peruanas, 
agora sem affanhões na TV localizou pela primeira vez linhas de 
projetos particulares de pesquisa na 
ãrea de desarmamento. E ainda so-
bre novas fontes de energia. combate 
à poluição e à miséria no Terceiro 
Mundo. 
A Fundação Rockefeller ajudará a 
pagar a conta desses estudos. Com 
sedes em Washington, Moscou e Es-
tocolmo. na Suécia. o Fundo reúne 
figuras de grosso c.alibre. como o mi-
lionário americano Armand Ham-
mer, dono da Occidental Petroleum, 
o fisico paquistanês Abdus Salan, 
Prêmio Nobel de 1979, o ex-secretá-
!1' rio de Defesa dos Estados Unidos 
~ Robert McNamara e o dissidente so-- --...J ~ vi ético Andrei Sakharov, Prêmio 
Só os deuses deveriam ver Isso Nobel da Paz de 1975. " Para o Ter-
até 28 quilômetros de comprimento. 
Elas só puderam ser vistas por i.orei-
ro porque os satélites estão a 800 
quilômetros de altura. Os ufologis-
tas , que não i riam desperdiçar uma 
oportunidade dessas, apostam que 
os sinais serviam de pistas para dis-
cos voadores. Os pesquisadores, 
com os pés no chão, têm outras 
teorias para explicar essas marcas, 
criadas pelos ancestrais dos incas en-
tre os anos 200 a,C. e 600 da nossa 
era. "Provavelmente", imagina Pau-
lo Roberto Martini, geólogo do fN-
PE, "esses povos faziam os dese-
nhos como oferendas aos deuses pa-
ra que só eles, que viviam nos céus, 
pudessem vê-los.' ' • 
21 em defesa da 
humanidade 
Ô brasileiro José Goldemberg, rei-
tor da Universidade de São Paulo, é 
uma das 21 petsonalidades .de vários 
países (e o único da América Latina) 
escolhidas para dirigir o mais novo 
organismo internacional criado para 
ttabalhar pela paz e a prosperidade 
na Terra. O Fundo Inrernaciooal pe-
la Sobrevivência e Desenvolvimento 
da Humanidade, fruto das r~uniões 
mantida$ no ano passado em Moscou 
por cientistas americanos e soviéticos 
preocupados com a questão das ar-
mas nucleares, pretende financiar 
ceiro Mundo, a palavra sobrevivência 
significa combate ao subdesenvolvi-
m.eoto", diz Goldemberg. "Só aceitei 
participar da direção do Fundo por-
que ele se d.ispõe também a mexer 
com a pobreza." • 
Câmara à mão 
Mede apenas 5 centímetros e pesa 
só 50 gramas - é a mais recente gló-
ria da tecnologia francesa. Trata-se de 
uma min6scula câ.mara de vídeo para 
japonês nenhum pôr defeito. O apare-
lho não grava, somente transmite a 
imagem para um aparelho de TV. Em 
compensação, graças a sensores óti-
cos, consegue captar cenas com per-
feição, mesmo em ambientes mal ilu-
minados. Quatro mi l câmaras já fo-
ram vendidas - a maioria para servir 
como equipamento de segurança em 
edifícios. Os cientistas da Universida-
de de Paris acreditam que o aparelho 
é ainda mais útil na Medicina - para 
exames clfnicos, como os de garganta, 
permitindo observar melhor o organis-
mo nas proporções de uma tela de 
televisão. • 
Tapa nos glóbulos 
Está demonstraçlo que pessoas que 
fumam maconha adoecem com maior 
freqüência. Suspeitava-se que isso 
acontece porque a maconha afetaria o 
sistema imunológico. Agora, cientistas 
americanos parecem ter encontrado 
um ind(cio de que essa hipótese está 
correta: a substância ativa da maco-
nha, chamada tetrahidrocanabinol 
~ (THC), altera o processo de matur'<l-
~ ção dos glóbulos brancos, responsáveis 
~ pela defesa do organismo. Na presen-
iil ça do THC, os glóbulos brancosem 
~ formação passam a sintetizar certas 
protefnas que não lhes são caracterís-
ticas. Os cientistas supõem que essa 
síntese enfraquece os glóbulos. dei-
xando-os sem condições de cumprir 
plenamente sua ta.refa. • 
SUHil1 1 
... e os Idosos recordam mais 
A mente em forma 
Jovens que fazem ginástica regular· 
mente sofrem menos com o final de 
um rom;~nce - esta é a conclusão de 
uma recente pesquisa liobre os efeiws 
do exercício físico sob.re o estado 
emocional das pessoas. Psicólogos da 
Universidade da Califórnia, nos Esta-
do,s Unidos. observaram duwnte oito 
meses duzen tas adolescentes. As garo-
tas que praticavam pouco exercício. 
ao passar por situações estressanies 
como o fim de um namoro. ficavam 
muito m<tis doentes e apresentavam 
sintomas de desconforto com maior 
freqüência do que as colegas que fa-
ziam ginástrca regula rmente. Os cien-
tistas concluíram q ue os exercícios di-
minuem as alterações no sistema car-
diovascular. comuns em pessoas ner-
vosas ou deprimidas. porque elas ti-
ram o problema da cabeça. pelo me-
nos enquanto se movimentam. 
Outro traballlo. destn vez com pes-
soas mais velhas. sugere que a gínás-
tica ajuda a atividade mental. Testes 
de ,memóri<t e raciocínio lóeico. com 
~ 
dois grupos [armados por homens e 
mulheres entre 55 e 89 anos. mostra-
ram q ue o gmpo dos que praticam gi-
12 SUPER 
nástica no mínimo 75 minutos por se-
mana se saiu bem melhor do que 
aque les que só fazem alguns minu tos 
de ginástica semanalmente. A gin{lsti· 
ca. acreditam os cientistas. além tia 
sensaçito de bem-estar que proporcio-
na. retarda o envelhccimemo do sis-
tema ne rvoso central. • 
2 + 2 = bê·á·bá 
O psicólogo suíc;o Jean Piaget 
(1896-1980) provou que a intel igt!ncia 
das crianç<tS se desenvolve de forma 
parecida com a lógica da.~ operações 
ma temáticas. Com base nessa desco-
bertH. professore~ da Universidade 
Federal de Pernambuco começaram a 
testar urn projeto inovador em c:rian-
c;as de 6 a 7 anos. de quatro escolas 
públ icas do Recife - a alfabetização 
matemática antes da ·<llfabetização 
propriamente d ita. Ou seja, as crian-
ças só Hprendem a ler e a escrever 
depois de conhecer os conceitos ma-
temáticos. 
Elas começam ordenando figu ras 
pelo tamanho. depois são apresenta-
das às noções de agrupar c separar. 
somar e subtrair, multiplicar e divitlir. 
"A proposta é fnzer com que desen-
volvam o raciocínio". explica o pro-
fessor João Barbosa de Oliveira. coor-
denador do projeto. A.s aulas são da-
das com base em duas carti lhas que 
contêm exercícios e jogos. Dominan-
do os fundamen tos do mundo mate-
mático. as crianças devem compreen-
der com mais facilídade como se d ivi -
dem as sílabas e como se formam no· 
vas palavras com as sílabas obtidas e 
frases com essas palavras. • 
Re;Jtor de pesquisas de fusão 
da USP: 1,6 milhão de graus 
Fusão em equipe 
Há trinta anos cientistas do mundo 
in teiro sonham construir um reator 
nuclear de fusáo - capaz de gerar 
grandes quantidades de encrgiít c 
mui to m;t is limpa do que a resu ltante 
do~ atuais reamres de fissão (SU PER-
INTERESSANT-E n." 2. ano 2). A 
energia de fusão é liberada quando 
se a tinge a temperatura de 300 mi-
lhões ele graus ecmígrados - vinte 
vezes maio r do que a do núcleo do 
Sol. Por aí j<í vê que poucos sonhos 
são tão ambiciosos como esse. A 
temperatura máxima alcançada - c 
por frações ínfimas de tempo - foi 
de 200 milhões de graus centígradbs. 
O reator de pesquL~as de fusão dct 
Universidade de São Paulo conseguiu 
v 
J .6 mi lhão de ,::raus. 
" Para aumentar as chances dos cien-
• , . 
tistas. Estados Unidos. União Soviéti· 
ca. Japão e " Comunidade Econômica 
Européia resolverltm panir para um 
trabalho em equipe. Cieritistas desses 
países farito o p rojeto de um reator 
padrão. Em 1991. quando se espera 
que o projeto esteja pronto. s·erá de-
cidido se a construção do rcamr obe-
deceni ao mesmo esquema. Manfred 
Lciner. diretor da área de Física da 
Agência lnternacional de Energia 
Atômica (AIEA), torce para que a 
E decisão seja sim: ·'Esperemos que o 
8 clima político intern<1cional esteja 
g ameno o suficiente para uma emprei-
~ tada em comum... • 
< ... . ~· · 
11'! · - •• • • 
I I 
I I 
I 
l 
OXITI!NO 
O maior risco não é viver com a química. É viver sem ela. 
Torre 
Bafômetro 
Como funciona o bafômetro? 
(José Agostinho M. G. Barros Filho, 
Jaú, SP) 
O bafômetro baseia-se na relação 
entre o álcool diluído na corrente 
sanguínea e o que é expelido na res· 
piraçào. O aparelho compõe-se de 
um tubo transparente. semelhante a 
uma ampola, contendo ácido sulfúri-
co e dicromato de potássio, um bo-
cal c uma bolsa plástica inflável. Nu-
ma extremidade do tubo é colocado 
Com álcool, mistura muda de cor 
o bocal e na outra a _bolsa. A pessoa ~ 
sopra através do bocal até que a boi- 3 
sa fique inflada. Dessa forma, o ál-
cool exalado - se houver algum no 
organismo - reage com a mistura 
do tubo, fazendo-a mudar de cor, de 
amarelo. para verde. De acordo com 
a tonalidade, é possível estimar a 
quantidade de álcoól presente no 
sangue. • 
r 
' .. -
Por que a Torre de Pisa é Inclina· ~ .__ _ _ __.o.; 
da? (Celso Georgief, Sáo Paulo, SP) No avião em queda livre, a senssção é de l!Uséncla de gravidade 
Projetada para abrigar o sino da 
catedral de Pisa, na Itália, a t0rre 
começou a ser consrruida em 1174. 
Quando r rês dos seus oito andares 
estavam prontos, notou-se uma ligei-
ra inclinação, devido a um afunda· 
mento do terreno e ao assentamento 
irregular das fundações. Tentou-se 
compensar a inclinação fazendo os 
outros andares um pouco maiores 
no lado mais baixo. Mas a estrutura 
afundou ainda mais, por causa do 
excesso de peso. A torre acabou de 
ser erguida, ainda inclinada, na se· 
gunda metade do século XIV, com 
56 metros de altura. Hoje sua incli-
nação chega a 5,2 metros. • 
14 SUPER 
Gravidade 
Como se consegue anular a gra· 
vldade terrestre, em laboratorios 
da NASA? (Paulo Suassuna e Fred Si· 
queira Campos, Jooo Pessoa, PB) 
Não se pode "desligar" a gravidade. 
Cintos antigravitacionais só existem 
nas histórias em quadrinhos. A NASA 
e outras agêqcias aeroespaciais utili· 
zam um artifício que permite simu.lar 
a ausência de gravidade: a queda li-
vre. Imagine-se dentro de um eleva-
dor, carregando alguns livros na mão. 
Quan_do o elevador chega ao último 
andar, alguém corta os cabos e ele 
despenca. De repente, a sensação será 
de ausência de peso, os pés perderão 
o contato com o chão e os livros flu· 
tuarão no ar. Como o elevador está 
fechado, você não nora~á que caiu. 
mas pensará que flutua. E a queda li-
vre , durante a qual ·a sensação é de 
ausência de gravidé\dC. Nos experi-
mentos das agências espaciais, um 
avião a jato sobe até determinada alti-
tude~ e é posto em queda livre du-
rante certo tempo·. Na acolchoada ca-
bine de passageiros, os futuro§ astro-
nautas experimentam a simulação de 
ausência de gravidade. • 
Sabonete 
Quem inventou o sabonete? (Au-
gusto T. Vida/, Rio de Janeiro, RJ) 
O sabão foi inventado pelos fení-
cios, seiscentos anos antes de Cristo. 
Eles ferviam água com banha de ca-
bra e cinzas de madeira. obtendo um 
sabão pastoso. O sabão sólido só 
apareceu no século VIL quando os 
árabes descobriram o processo de sa-
ponificação - mistura de óleos natu-
rais. gordura animal e soda c:íustica, 
que depois de fervida e!]durece. Os 
espanhóis, tendo aprendido a lição 
com os árabes, acrescentaram-lhe 
óleo de oliva, para dar <J..O sabão um 
chei ro mais suave. Nos, séculos XV e 
XVI, enfim, várias cidades européias 
tornaram-se centros produtores de 
Semana 
Como surgiram os nomes dos 
dias da semana? (Pierre R. Weber, 
São Paulo. SP, e Tíbétio V. Joca. Forta· 
leza. CE) 
No Império Romano, a astrologia 
introduziu no uso popular a seplima-
na, isto e, sete manhãs. de origem 
babilônica. fniciatmente, os nomes 
dos deuses orientais foram substituí-
dos por equivalentes latinos. No cris-
tianismo, o dia do Sol, solis dies, foi 
substituí_do por dominica,dia do Se· 
nbor: e o satumi dies, dia de Saturno, 
por sabbatum, derivado do hebraico 
slwbbatlt, dia de descanso, consagra-
do pelo Velho Testamento. Qs outros 
Costume começou com os fenícios 
sabão - entre elas, Marselha, na 
França, e Savóna. na Itália. Foi da 
cidade de Savona que os frànceses ti-
raram a palavra savon, sabão, e o 
diminutivo savormeue, sabonete. • 
dias eram dedicados a: Lua (segun-
da); Marte (terça); Mercúrio (quar-
ta); Júpiter (qui11-ta); e Vênus (sexta· 
feira). O termo feira surgiu em ponu· 
guê.s porque, na semana da Páscoa, 
rodos os dias eram feriados - férias 
ou feiras - e, além disso. os merca-
dos funcionavam ao ar livre. 'Com o 
tempo. a Igreja baniu da liturgia os 
nomes pagãos dos dias, oficializando 
as feiras. O domingo. que seria a pri-
meira feira, conservou o mesmo no-
me por ser dedicado a Deus. fazendo 
a contagem iniciar-se na secundá fe-
ria, segunda-feira. O sábado foi man-
tido em respeito à antiga tradição he-
braica. Apesar da oposição da Igreja, 
as designações pagãs sobreviveram 
em todo o mundo cristão, menos no 
que viria a ser J>or-
tuga I, graças ao 
apostolado de São 
Martinho de Braga 
(século VI), que 
combatia o costu-
me de " dar nomes 
de demônios aos 
dias que De.us 
criou''. • 
Depois de 
Cristo, o 
dia de Vênus 
virou sexta-feira 
Teclado 
Por que as letras no teclado das 
máquinas de escrever não seguem 
a ordem alfabética? (Ricardo Barl>o· 
sa Díniz. São Paulo, SP) 
Quando a máquina de escrever foi 
inventada pelo impressor americano 
Christopher Latham Sholes, em 
1$68, as teclas foram dispostas em 
ordem alfabética. Tentand0 criar um 
mérodo mais ·'científico", Sholes pc· 
diu ajuda a seu colaborador. James 
Densmore. Em 1872. ele surgiu com 
o teclado QWE,RTY (assim chamado 
por causa das seis primeiras lelras da 
fila superior, na mão esquerda). 
Densmore estudou as letras e suas 
combinações mais freq üentes na lín, 
gua inglesa para colocá"las distantes 
umas das outras, a fim de que as has· 
tes não subissem juntas, embolando 
durante a datilografia. Em 1932. de· 
pois de vinte anos de estudos. outro 
americano, August Dvorak, criou um 
teclado que leva o ·seu nome, extre· 
mamente eficiente para a língua in-
glesa: 3 mil palavras podem ser escri-
tas CQm as letras da fila principal 
(contra cinqüenta, no teclado 
QWERTY) e a mão direita é mais 
usada. Qualquer fabricante de J!láqui-
nas de escrever nos Estados Unidos 
fornece sob en.comenda o relllado 
Dvorak. No Brasil, o teclado 
QWERTY, adaptado com a cedilha e 
os acentos, é o que foi padronizado. 
Apesar de , nele, a letra a, de gr<Ulde 
freqüência, fiear a cargo do pobre de-
do mínimo esquerdo. • 
No principio era abcdefghlfk ... 
apara ·vidas escrev S 
P8T8 tírar su~sst'PERINTAIGAN~~ . 
peRGUNTAicW FJausíno Gom~p . 
Rua Gera 75 ~o Paulo. · ceP 045 • ----_:...a 
SUPER 15 
.. . 
Perda de ozônio 
pode causar 
o efeito estufa 
de ozônio do INPE (Instituto de Pes-
quisas Espaciais). explica por quê: 
"Na atmosfera". ele diz. "tudo fun· 
ciona como um jogo de xadrez. Qual· 
quer movimento de uma das peças po· 
de abalar a posição das outras". Por 
isso. teme·se que a dimmuição de OlÔ· 
nio possa contribuir paro um futuro 
aquecimento da Terra. quando parte 
da calota polar derreter. causondo 
inundações em outras áreas do pl:1ne· 
ta . Os cientistas chamam a essa c:nás· 
trofe "efeito estufa ... 
Por enquanto, a situa~fiO é muis 
preocupante na Antártida. onde ti 
perda anual de o:zõnio parece estar 
atrasando a chegada da primavera. 
Supõe-se que inverno~ mais longos 
tendam a comprometer o ciclo binló· 
gico das espécies anhnuis e vcgctuls 
da região. Com maior segurança. os 
cientistas relacionam o déficit periódi-
co de ozônio com a quebra da cadeia 
alimentar da fauna antártica. No ano 
passado. um erro atribuído à ministra 
do Meio Ambiente da Suécia. Birgit-
ta Dahl. assustou os brasileiros. 
Clima Umita à Antártida 
a extendo do buraco 
Ela teria afirmado que o buraco nn 
camada de o..:ônio cresceu tanto <IUc 
atingiu o paralelo 16. no hembfério 
suL ou SCJ:I. o Sul da África. a mtuor 
parte da AuMrália e metade da Amé-
rica do Sul. Na \'Crdade. a mmi~tnt 
teria querido dizer paralelo 60. t1uc 
nem ulcanc;a a Argen tina. "Por \or-
te". explica o engenheiro Kirshhoft. 
"a extensão do burnco no o..:ómo 
não aumentou nos últimos dois 
anos ... !'ode ser que os seus limites 
estejam fixudos pela.~ condições pc· 
culiares do clima na Ant:írtida. De 
qualquer forma. há dez :~nos o INPE 
faz o monitoramento do ozônio so-
bre o Bm~il por meio de balôcs c 
sondas. em operaçi10 conjunta com a 
NASA americano. E até agow não 
apareceram motivos de inqUietação 
(veja quadro). 
Quanto mais os cientistas investi-
gam a cuusa da d iminuição de ozónio 
na armo fero. mai~ certos e~uio de 
que o homem. ou melhor. um com-
18 SUPIIt 
posto químico chamado clorofluorcar-
bono. produzido pelo homem. está 
por trás desse desastre. Não deixa de 
ser uma ironia. Quando foi criado pc-
los quimicos d<~ General Motors em 
1928. o clorofluorcarbono - ou 
CFC. iniciais dos três elementos que 
o compõem - parecia a mara\'ilha 
das maravilhas. l'odia ser usado com 
segurança como spmy em inseticidas. 
produtos de limpc;w e ti nta. sem o 
risco de reagir com o conteúdo d<1s 
latas. 
Até o início da década de 70. o uso 
do CFC - também conhecido como 
80 
km 
45 
11 
OZONIO == 
-
80" 
Freon. marca do produto fabricado 
peln Ou Pont - cresceu sem barrei-
ras. Dos spmys. passou para os cir-
cuitos de refrigeração de I;!Ciadciras c 
ap11relhos de ar-condicionado. De· 
pois. rornou·se um dos elementos d<~s 
fôrmas de plástico poroso usadas pam 
embalar sanduíches. comida congela-
da c ovos. nlém de servir como sol· 
vcnre na indústriA e letr(\nicu. Niio hn-
vio por que irnnginnr que uma muté· 
ria-prima tão 1i til pudes.~e ser também 
perigosa. 
O primeiro alarme foi acionado em 
1974 pelos químicos americanos Shcr-
I 
I 
I 
t 
i 
L-------------------------------------------------------__j · 
Ocu,.ndo uma fai xa de 30 mil metros, o oz6nlo fl/tra os ralos do Sol 
wood Roland e Mario Mofina. Embo-
ra inofensivo na Terra - advertiam 
eles -. o CFC podia ser um veneno 
na :umosfera. Suas moléculas passa-
vam intactas pela troposfera - a fai-
xa de ar que vai da supcrffcic até cer-
ca de 10 mil metros de altitude. onde 
ocorrem todas as mudança!> de clima 
do planeta - para desembocar na 
estratosfera. Ali. os mios ultmviolct:t 
elo Sol quebrariam as mo l~culas de 
CFC e liberarium :\tomos do gás elo· 
ro. O ozônio. uma molécula formada 
por três átomos de oxigênio (0,). 
reagiria com o cloro (CI). formando 
monóxido de cloro (CIO) e mais oxi-
gênio (0~) . 
A cadcio de reac;óes químicas não 
ficaria n1 so. O monóxido de cloro 
combmundo·~c com o oxigênio deixa 
nov11mcntc livres os átomos de cloro 
para rcag1r com o ozônio. Os cientis-
tas que goMam de fazer contas no 
computndor calculam que. por causa 
do:ssc efeito cascatn. cnda átomo de 
cloro th.:strói l ()() mil moléculas de 
ozônio do 111 mo fera. Eles ainda aler· 
tam pnrn um detalhe importante - o 
CFC tem umu vida util de pelo me-
nos 75 unos. Portanto. Jli houve des-
O ozônio mau 
Enquanto na atmosfera o ozônio 
protege a Terra dos raios ultravioleta 
do Sol. na superficie é um poluente 
prejudicial. principalmente para lb 
plantas. O ozônio mau noscc de umn 
reação da luz solar com o dióxido de 
nitrogênio das descargas do:. automó-
veis. Nesse jogo entram também os 
hidrocarbonetos não destruidos no 
prooesso de queima do óleo combus-
Queimadas: um t ipo de polulçAo 
tlvel pelas mdústrias. Esse ozônio é 
levado pelos ventos a centenas de mi-
lhares de quilômetro:> de distância. 
Med1çõcs realizadas pelo lNPE em 
Natal. no R1o Grande do None. rc-
"elam que. em cenos meses do ano. a 
concentrac;ão do ozõruo sobre o Nor-
deste chega a dobrnr. Pwvavelmen-
te. especula o engenhe1ro Volker 
K1rshhoff. o fenômeno resulta das 
queimadas dumme a estação seca no 
Brasil Central. 
Quanto maior a quantidadede 
ozônio na baixa atmosfem. maior 
também u perda agrlcola. Pesquisas 
realizadas nos Estados Unidos apon-
tam prejuizos enormes dos plantado-
res de .soja. trigo. Bll;!odâo e amen-
doim, É que o O'lônio inibe a fotos· 
sfntcse. produzindo lesões nas folhos. 
Nos animais. provoca irriwção e rcs-
secamento das mucosus do aparelho 
respiratório. além de enve!Jlecunento 
precoce. Testes J:Í mostraram que. 
em maiores conccntruçõcs. o ozónio 
destrói proteínas e enzimas. 
A radlaçáo perigosa do Sol /neide 
mais diretamente sobre a Antirtlde 
carga ~uficientc do gós na a tmosfera 
pam comer o ozõmo por quase um 
século - mesmo que nem um único 
er.1mn de CFC ro se produlldo daqu1 
j;arn a freme. 
Pelo menos no~ Estado Umdos, o 
susto com a descoberta dos cientistas 
foi gmnde - e a reação niio tardou 
Em 1978. os umcricunos tratílrnm de 
banir o CFC da maior parte d~ ae-
rossóis - a exccçflo foram os rcmé· 
dio~. como as bombinhas pnru usm:1-
tico~. Naquela época. os Estados 
Umdos usavam -170 mil toneladas de 
CFC em ;terossóis c 350 mil em ou-
t ro~ produtos. Só que desde então u 
situação se inverteu: crn 1985. os 
americ~1nos consumlnm 235 mil tone-
ladas de CFC em ncrossóis c 540 mil 
toneladas em refrigeração. embala-
gens etc .. ou seJn. o banimento ado· 
tado dez anos a tr:is n;lo resolveu 
l!runde coisa. Além disso. é claro. o~ 
Esr:~dos Unidos não são o único pai~ 
sura 19 
A mancha negra 
nos monitores 
confirmou tudo 
do mundo a usar produtos em spray. 
Em 1979. a Du Pom - uma das 
maiores fabricantes mundiais de CFC 
- divulgou um comunicado, no qu.al 
dizia que todos os dados relativos à di-
minuição da camada · de ozônio eram 
apenas pro jeçôes de computador ba-
seadas em meras suposições. Foi en-
tão que estourou a bomba. Enquanm 
trabalhavam nas madrugadas gélidas 
do pólo sul. cientistas do Instituto 
Britânico de Pesquisas Antárticas 
descobriram acidentalmente que a 
concel}tração de ozônio sobre a re· 
gião não só era muito mais baixa do 
quç em qualquer lugar da Terra, co-
mo também vinha diminuindo a cada 
a proteção do ozónlo, tomar sol seria expor-se ao risco de câncer 
ano desde 1977. 
A princípio, cientistas da NASA 
contesta ram a informação, mas de- ~ 
pois ent regaram os pontos. É que o ~ 
computador que manipulava as i n for- ~ 
mações do satéli te me!eorológico ~ 
Nimbus-7 estava programade para ~ 
não levar em consideração mudanças Usado em embalagens para o vos ... 
como as que ocorriam nos céus da 
Antártida. Repassando todas as fitas 
gravadas, dessá vez cóm uma nova 
programação do computador, os cien-
tistas amer icanos viram nos monitores 
surgir sobre o pólo sul uma acusadora 
mancha negra. Era a prova viva de 
que, de setembro a novembro, a ca-
mada de ozônio sobr'e a Antárrida so-
fria uma redução de 30 até 50 por 
cento. A partir daí. não havia mais 
dúvida sobre o que estava aconteceo-
do na atmosfera. 
Expedição tira-teima deu 
razão aos pessimista.s 
Mas, também. como diziam funcio-
nários do governo influenciados pelo 
lobby dos fabricantes de CFC, não 
havia certeza absoluta -como de Ia-. 
to não há até hoje - de que o gás 
era o principal culpado. Afinal. o que 
se convencionou chamar camada de 
ozônio é uma faixa de 30 mil metros 
de espessura. a partir de 15 mil me-
tros acima da superfície terrestre, de 
um gás tão rarefeito que. se fessc 
comprimido a pressão e temperatura 
normais da Terra, formaria uma cas-
quinha de apenas três milímetros. É 
impossível prever com exatidão o que 
20 SUPER 
acontece no seu i.nterior. Ali, qual-
quer intromissão de gases quase tão 
perigosos como o CFC - como me-
tano. dióxido de carbono. óxido nítri· 
co - provoca mudanças. Descobriu-
se. por exemplo, que o bromo. tun 
gás utilizado em extintores de incên-
dio, produz uma substância chamada 
halônio. cujo poder de destruição é 
dez vezes maior que o do CFC. 
Se não conhecem detalhes , os cien-
tistas têm uma visão bastante aproxi-
mada da vida ímirna da atmosfera. 
Correntes de' ar se deslocam dos pó: 
los para o equador a baixa altitude e 
do equador para os p61os a altitudes 
mais elevadas, espalhando poluentes 
a milhares de quilômetros do local de 
origem. Mas na Antártida isso não 
oco-rre. Durante o inverno. que co-
meça em abril, a região permanece 
no escuro e os ventos giram em circu-
les impenetráveis, que atraem massas 
de ar de outras partes da Terra com 
grandes qu~ntidades de subsrânci.as 
químicas. E o vónex poJ.ar. onde 
ocorre o buraco na camada de ozô· 
nio. Em setembro. com os primeiros 
raios ultravioleta do Sol. as moléculas 
de CFC começam a se quebrar , des-
truindo o ozônio. O buraco só se fe-
cha em novembro, com a renovação 
. .. em aparelhos de refrigeração ... 
... e sprays de Inseticidas ... 
do ar vinda de outras regiões. 
Esta pelo menos era a teoria. Res-
tava saber se isso realmente acontecia 
na prática. Uma expedição tira-íeima 
com I 50 ciem ista·s de dezenove orga-. ~ 
nizações de quatro países esteve em 
setembro último na Antártida para 
analisar a composição do vónex po-
lar. A NASA usou na pesquisa dois 
aviões; um jato DC-8 e um velho 
ER-2 adaptado dos aviões espiões 
U-2. com0 o que a União Soviética 
Tudo Igual nos 
céus do Brasil 
Uma notícia tranqüilizaqora para 
os brasileiros: a variação da cam!l· 
da de ozônio sobre o país peumane-
ce estável - no máximo, aumenta 
ou diminui apenas 5 por cento. Pe-
lo menos é o que d.izem os instru-
mentôs de medição do iNPE.. Des-
de 1~78, o instituto acompanba a 
movimentação do gás na atmosfe-
ra. Quase duzentos balões já foram 
lançados da base da Barreira do In-
ferno, em Natal. As informa_çõeS 
des balões foram complementadas 
por foguetes e instrumentos de su-
perfíeie instalados em Nfanaus. Be-
lém. Natal . Fortaleza. Cuiabá e 
São José dos Campos. 
lsso é possível graças a um convê-
nio com a NASA. que fornece os 
equipamentos, inclusive foguetes do 
tipo ~oki e Super-Loki. comparáveis 
ao Sonda-3, de fabricação nacional. 
Os americanos estão interessados no 
. .. o gás CFC é um sério poluente 
abateu em 1960. no mais célebre inci-
dente da guern\ fria. Com o que há 
de mais sofisticado em matéria de 
equipamentos. os aparelhos desafia-
ram os ventos do vórtex c, durante 
seis semanas, espionaram a quantida-
de de poluentes concemrada em seu 
interior. 
Os resultados confirmaram as ex-
pectativas mais pessimistas. A con-
centração de monóxido de cloro so-
bre a região é cem vezes maior do 
Em Natal, bslóes medem o gás 
estudo do comporta1;11ento do ozônio 
perto do equador. algo até recente-
mente pouco conhecido. Nos líltimos 
anos, o INPE tem aperfeiçoado suas 
medições. Go,meçou a observar tam-
bém o monóxitlo de carbono. que 
participa de uma série de reações quí-
micas junto com o ozônio. O objeti-
vo, diz Volker Kirshhoff. respons.'ivel 
pelas medições, é controlar os po-
luentes que podem afetar a vida na 
Terra. 
que em qualquer outro lugar do glo-
bo terrestre. Como diz VoJker Kir-
shhoff. do l NPE. um veterano de ex-
pedições cienríficas à Antártida, '"a 
pesquisa não foi a resposta fínaJ . ..rnas 
uma prova arrasadora de que real-
mente o CFC está fazendo alguma 
coisa de er.rado lá em cima··. 
A meta é controlar o 
uso do gás CFC no mundo 
A NASA prometeu divulgar este 
mês novos resultados da expediçito -
e cientistas europeus bem-informados 
receiam que a batelada completa de 
dados contenha conclusões de arre-
piar os cabelos. Além disso, a agên-
cia americana está programando uma 
análise do ar na região do pólo norte , 
onde não parece ocorrer um fenôme-
no igual ao da Antártida. 
Caracterizada a parte que cabe ao 
CFC nessa agressão à natureza, a ló-
ll;ica mandaria acabar com a produção 
~ . 
do gás. Mas nem sempre a lóg.tca dá 
a última palavra. Há. de um lado, os 
interesses da indústria. Mas, junto 
com eles. há o fato não menos real 
de que a vida das pessoas ficou mais 
confortável desde o advento dos clo-
rofluorcarbOJlOS. Afinal. ninguém 
contestará que um inseticida em 
spray é mais prático do que as vel.basbombas de ··flit" . O caso do ozônio 
ilustra exemplarmente um di lema dos 
tempos modernos -como beneficiar-
se das conquistas da tecnologia sem 
pagar o preço de prejuízos às vezes 
incalculáveis ao ambiente. 
Controlar a produção de CFC no 
mundo. portanto. não é fácil. Os tre-
ze maiores fabricantes mundiais -
com sede no Japão. Europa e Esta-
dos Unidos - assinaram um acordo 
em janeiro último comprometendo-se 
a ac.elerar os restes de identificação 
da toxicidade do produto e de even-
tuais substitutos. Mas as empresas 
não reconhecem como definitivas as 
evidências contra o CFC. 
No Brasil, o consumo do 
poluente ainda é baixo 
Para a Du Poni, por exemplo, 
"não existe nenhuma comprovação 
científica de que a camada de ozônio 
seja atingida pelo CFC" _ diz um por-
ta-voz ela companhia em São Paulo. 
Mesmo assim. segundo a fonte, a em-
presa está desenvolvendo pesquisas 
em nível mundial para estudar o as-
sunto. De seu lado, a Hoechst do 
Brasil, que fabrica o CFC sob a mar-
ca Frigen, reconhece que hí1 indícios 
de que o gás esteja afetando o ozô-
nio. Um executivo da empresa desta-
ca em todo caso que o consumo no 
Brasil ainda é baixo. De fato. en· 
quanto nos países desenvolvidos o 
consumo é de I quilo a I ,3 quilo por 
habitante por ano, no Brasil esse va-
lor cai para irrisórios 80 gramas. 
Em agosto do ano passado. ainda 
antes portanto da última safra de más 
notícias vindas da Antártida, a rede 
ele lanchonetes McDonald 's anunciou 
nos Estados Unidos a intenção de 
substi tuir as embalagens de espuma 
plástica de seus sanduíches por outras 
que não contivessem clorofluorcarbo· 
no. A idéia foi saudada com entusias-
mo. mas ainda não se concretizou -
as 9 600 lojas da rede em 46 paí.ses 
continuam a usar a embalagem polui-
dera. Enquanto isso. no Brasil. a 
Basf. que fabrica o tradicional isopor. 
usando o inofensivo gás pentano em 
vez do CFC, desistiu de entrar no 
mercado de embalagens para sanduí-
ches, aparentemente a fim de não 
agravar a polui~ão da atmosfera. 
Mas a iniciativa de restringir a pro-
dução de clorofluorcarbonos não é 
discutida só nas empresas. Exatamen-
SUPIR 21 
Pesqu 
receiam um 
grande desastre 
te ha um ano. uma confercncw em 
Genebra. na Su•c;a. reumu delc@.:•dos 
de 32 países. Eles come<;amm ali a 
discutir mecam<mos paro regular o 
U.\0 do produto Foi um pnmcml pas· 
so - e seus frut~ não tardaram. Cin· 
co meses depo1s. representante~ de 24 
pmscs. entre os qu:us EsHtdo~ Un•dos. 
Japão. Alemanha c Franc;u - os 
maiores produtores -. a~marnm em 
Montreal. no Canadá. o comprom•~ 
de reduzir a produç-Jo de 
C.mtglfdo de Instrumentos túl PH<~UI$11, o ER·2 voou sobre a Antlttlda ... 
CFC pela metade até 199'). 
Mns o documento autoriz:• 
nações em desenvolvimento a 
:aumentar o seu uso dumntc 
uma década mtcirn. O rcsul· 
tado final. a~~egumm os de· 
fcnsorcs do tratado. scra umu 
redução de 35 por cento no 
total de CFC na atmosfera 
a tê o final do século. Por ccr· 
to. isso é insuficiente parn 
afugentar de vct o problemn. 
"Sob o ponw de v1sta técni· 
co, as medida~ adotadas em 
Monrrcal foram pouco cfcti· 
vas" . critica o engenheiro 
Kirshhoff. do INPE. "Ma~ do 
ponto de "' ta diplomático 
serviram como um empurrão 
... junto Ct>m um jato OC-$ p•r• estudar o ozônio 
inicial. Ouem sabe. no futuro. essas 
medidas não ~râo ampliados'!" 
O Brasil mandou dois d1plomatas a 
Montreal. mas não assinou o protoco-
lo. Em todo caso. o ltamarut) \Cm 
promovendo consultas sobre o assunto 
a diversos órgãos do governo. como o 
INPE e a Secretaria Espec1al do Meio 
Ambiente. Ambos '\e mamlcSt!lrilm a 
favor da assinatura do protocolo. Se· 
gundo o sccretáno especial do Meio 
Ambiente. Roberto Messio~ Franco. 
"o uso do CFC nas proporc;õcs atuai~ 
realmente preocupa. mas posso ga· 
rantir que a nossa particip:1çúo ainda 
é pequena". Ele afirma que CK países 
do Terceiro Mundo são responsáveis 
por apenas 6 por cento do fnhricnçf10 
internacional - c o Brasil por openas 
I por cento. Mcssins Frauco di!lsc a 
SUPERINTERESSANTE que o Bra-
sil assinará o protocolo de Montreal 
"dentro de cinco n seis meses". 
Segundo o pres1dcnte du Associa· 
ção Brasileira de Aerossói~. Hugo 
Chaluleu. "menos de 5 por cento 
22 1UPU 
dos sprays produzidos no pais usam 
o CFC. A maior parte dos fabricao· 
tes prefere uma mistura de butano e 
propano como propelente. até por· 
que é muito ma1s barato". Na opi· 
mão de Chaluleu. "o CFC poderia 
ter ~ido abolido das latas de spray há 
muito tempo". Restariam de qual· 
quer forma os aparelhos de rcfngcra· 
çio. onde ainda não foi encontrado 
um produto adequado para substuuir 
o ~ás. 
Os cientistas mais preocupados com 
a questão insistem em que ela deve 
ser rc.~olvida - e imediatamente. "As 
mudan~as ocorridas nos últimos trinta 
n cmqilema anos na atmosfera nllo 
têm precedentes c n veloddodc em 
<luc elas acontecem está se acclcrnn· 
<o". nlcna o cientista americano Gil-
bcrt White. da Universidade do Colo-
r:u.lo. " É ~ivel que um g.rande de· 
'uMrc esteja sendo armado ... O clima 
du Terra passou por mil mudanças ao 
longo dos bilhões de anos de sua exis· 
téncin. Mas sempre conseguiu manter 
• 
Volker Klnhhott, do INPE: 
um• proVlf arraudora 
o equilíbrio - sem o qual o próprio 
planeta dcixarin de abrigar a vtda. 
Ou seja. o clima pode ser comparado 
a uma m6quina que se corrige a si 
mesma. deixando entr.lr a quantidade 
certa de energia solnr para harn10ni· 
Ulr :r temperatura c o desenvolvimen-
to da 'ida. Mas o homem vem inter· 
ferindo neste procc))(). Desde o ~ur· 
gtmento do Homo sapttlls at~ os tem· 
pos modernos. essn interferência foi 
desprczlvcl. Nas últimos cinco décn· 
dus. porém. a explosf10 das llO\IIIS tec· 
nolngin~ tornou a intromissão humn· 
na um futo cndn vez mais carregado 
de ri\COS para a natureza no sentido 
mai~ gernl. No cnso especifico do 
oz6n1o. o 11lcancc ela nmcnça nf•o po· 
de scr ~ubestilnado. • 
Marlha San Juan Fra nça 
Para saber mais 
AlmOIItHa, Rit;~rd M Ooody e JJ1mn C G 
Wll~et. EIMOta Edgll(t Bluchet, fbot»JIIIIIf • 
10 11182 
éGatin 
Capricho. 
E miau para 
as outras! 
é a 
COMPORTAMENTO 
Toda criança aprende que a mentira 
é um feio pecado. Mas os mesmos adultos 
que lhe ensinam essa verdade mentem 
mais do que aceitam confessar. Viver sem mentir 
parece tão difícil como viver sem respirar 
inguém gosw de :tdmitir es1u 
dura verdade: todo~ menh;m. 
Seja para agradar a alguém. 
escapulir de uma encrenca.~c r 
o herói de alguma aventura nunca Vt· 
vida. levar ' 'nntagem na vida. Com 
sua~ pernas curtas. a mcntiru c<tminha 
no pusso do homem desde que o mun· 
do é mundo - c não dli o menor sinal 
de perder o fôlego. muito pelo conlrtl· 
rio. Todos temos um pouco - ou 
muito - de Pinocchio. I lá milhnrC$ 
de anos. como se estivcs.o;c conforma· 
do com o fa to de que vwcr sem pregar 
uma menririnha é uio tmpossivel como 
viver sem respirar. o filósofo chinês 
Confucio (551-479 a.C.) recomend:l\'a 
- ' 
que se apelasse para esse antiqüíssimo 
recurso apenas quando a verdade prc· 
judicasse uma famnin ou a nação. É 
um conselho maroto. como sabem os 
chdc~ de clfu. c dirigentes poliricos. pa· 
ra quem nunca foi difícil fazer o que 
pregava o venerando sábio. 
Ari~tótelcs (384·322 n.C). o pcnsn· 
dor grego. só aceitava duas maneiras 
de mentir: diminuindo ou aumcmnn· 
do uma vcrdnde. O teólogo S:mto 
Ago~tinho. no ~cu lo IV. resolveu 
complicar o n~un10 dcscre,·endo seis 
tipos diferentes de mentira: a que pre· 
judic.1 alguém. mns é litil a outro: a 
que prejudica sem beneficiar nin· 
guém: a que se comete pelo prazer de 
, .. 
mentir: a que se conta para divertir ai· 
guém: a que leva ao erro religiooo: c. 
finalmente. a que ele considcravq a 
''boa" mentira. que salva u vida de 
uma pessoa. Para as modernos ctén· 
cias do componnmento. porém. ~eja 
qual Cor a hiMóri(l falsa. a realidade é 
uma só: mentira é aquilo <tllc se que-
ria que fosse verdade. 
O aco de mentir. contudo, é menos 
ou mui~ tolcrndo conforme o:. valores 
de cada povo c c<~da épocn.E nté nu· 
ma mesma sociedade podem cocxiMir 
graus c.IICercntes de :tceitaçiio (ou rc· 
plidio) da mentira. de acordo com as 
expectativas que cada grupo social po· 
de ter em relaç:io aos demais O po· 
. ' . 
Pode indirnr 
a quantas 
anda um pais 
vos antigos. de maneira geral. conde-
navam a mentira, mas podiam mudar 
de idéia a panir do contato com ou-
tras culturas. Por exemplo. os povos 
da velha fndia tinham o preceito de só 
mentir para salvar um hóspede. No 
mais. os budistas pregavam que men-
tir equivalia a matar dez homens. Em 
tempos recentes. com a chegada dos 
colonizadores ingleses, a mentira pas-
sou a ser aceita com naturalidade pe-
los indianos, que a ela recorriam até 
paro salvar a própria pele. 
Mas. ontem ou hoje. na fndia ou no 
Brasil. segundo os psicólogos. existe 
um perlodo da vida em que sempre se 
mente: a infância. Nela. a mentira é 
um modo de sarisfazer. para si mesmo 
o u perante os outros. uma necessida-
de o u alcançar um desejo. Por exem-
plo. o ga ro to que d iz q ue s~u pai. uma 
pessoa modesta, é um ''grande ho; 
mem" quer que isso seja verdade. E 
pane do desenvolvimento pslqu1co de 
cada um fazer da menti ra uma Cl>pécie 
de varinha mágica. 
Também existem as menuras por 
motivos óbvios, em que o pequeno 
mentiroso sacrifica a verdade para 
proteger-se da esperada punição por 
um mau desempenho na escola ou 
uma travessura que custou a Ylda de 
um valioso vaso em casa. A criança 
mente ainda para extravasar agresslvi-
dade o u \Íngar-se de alguém: por 
exemplo. acusa o irmão de uma falta 
imaginária para vê-lo castigado e as-
sim aplacar o próprio ciúme. Tudo is-
so, com mais refinamento, os adultos 
também fazem. Há. porém. uma dife-
rença. "Não existe uma idade exa ta 
para parar de mentir. Mas quando se 
deixa de viver mentindo é sinal de que 
já se está maduro' '. acredita a psicólo-
ga paulista Maria Helena de Brito lz-
zo. que há vinte anos trabalha com 
crianças. 
Se a mentira é tão comum. por que 
todo pai virn uma fera quundo 11 agru o 
(ilho mentindo? " Porque esse mesmo 
pai. embora também minta na sua vi-
da. niio deixa de dar o devido valor à 
verdade". responde Maria Helena. 
"Ele que r que o filho faça o ceno pelo 
mesmo motivo que deseja vê-lo o me-
lhor em tudo." A repressão fam1llar à 
mentira faz bem: sem ela. explica a 
26 SUPER 
f 
' A crlanç• mente parti C.n11 ~ Atrlçlo fatal: a merrtlr11 do adultlrl o lVIII /Izar •eu• ~Jo• 
psicóloga. não se aprende a lutar pelas 
coisas que se quer usando meios lcgíti· 
mos. nem se assume o que se faz -
enfim. nfto so cresce. No fina l das con-
tas. o adulto q ue mente constante-
mente é uma criança que só cresceu 
por fora . Pois então a mentira é prova 
de que algo vai mal na cabeça do cida-
dão- e precisa ser tratado. 
As expressões corporais 
entregam a verdade 
Por isso mesmo. a mentira é uma das 
principais manifestações analisadas no 
divã do ps1coterapeuta: os assuntos so-
bre os quais a pessoa mente fornecem 
ótimas pistas sobre as áreas mais proble-
máticas de seu temperamento. aquilo 
que ela nf10 enfrenta ou quer esconder 
-de SI mesma. para começo de conver-
sa. Niio menos impon ante. porem. é a 
influência da sociedade. Assim como a 
censuro da família é fundamental para 
conduzir a criança ao bom caminho da 
verdade. a forma como a sociedade pu-
ne a mentira também é. •· um país co-
mo o Brasil. em que a impunidade corre 
solta. mesmo um adulto pode nc'10 ver 
mal algum em mentir" . observa a p:.ic:ó-
loga Maria Helena. Aí a mentira muda 
de figura. Jtí niio se trata da necessidade 
compulsiva de enganar, tipica da pessoa 
imatur<J. nom das pequenas invcrdades 
que todos contam. seja por piedade. co-
mo dizer o um doente que sua aparência 
está ótima. seja para poupar-se de uma 
chateação. ao mandar dizer que não se 
está em casa no momento de atender um 
telefonema. 
Quando a mentira passa a fazer par-
te rotineira do jogo socml - uma téc-
nica de ataque e defesa na competição 
entre as pessoas por mais riqueza. 
prestigio ou poder, e ulnda na guerri-
l h ~ entre governados c governantes 
-. é claro sinal de que o país onde is-
so acon tece não vai bem das pernas. 
O pior é quando as pessoas mentem c 
já nem ficam vermelhas - ao contrá-
rio. até invocam justificativas para as . . . 
raste1ras que praticam. como o contn-
buinte que lesa o fisco porque se diz 
lesado pelo governo que não cumpre 
o que promete. A mentira envergo-
nhada ainda é uma prova de que se 
sabe distinguir o CC!rto do errado: as-
sim como a hipocnsm é a homenagem 
do \icio à vinude. ela e uma demons-
tração indireta do respeno pela ,·erda-
de. Mesmo o ma1s descarado dos 
mentirosos. porém, se entrega - só 
não o nota quem não quer ou não 
presta suficrente atenção. 
Descontadas as mudanças imper-
ceptíveis diretamente. aquelas capta-
das somente pelo detector de mentira 
(veja quadro). o corpo mostra um 
grande número de sinais de que a ver-
dade está passando lontte naquela ho-
r:l . Sabe-se. por exemplo. que é mais 
fãcil mentir com o rosto do que com 
as pernas e os pés. Isso mesmo: cien-
tistas descobriram que. pelo fa to de 
todos conhecerem us próprias expres-
sões faciais, de urn to vê-las no espe-
lho. é mais simples controlá-las no 
momento de mentir. Mas é quase im-
possível disciplinar pernas e pés -
que à sua maneira também ''falam". c 
às vezes bem alto. durante uma con-
\'ersaçáo. O mentiroso bate os pés. 
cruza e descruzn ns pernas. ~ por isso 
Aristóteles e Pllftlo fluram 
filosofias sobre a mentlr11 
CQ•~IIH:Io: mentir 
apen11s qu•ndo 
• tllll'dMle 
prefudlcar 
um• t.mflls 
ou a nação 
Joseph Goebbels 
ITIIbSihiiVS para 
qu11 u menllrt1S 
nazJ•t .. fou.m 
~/I .. como 
verdNH pUTIIS 
pelos slemles 
Ooando os animais mentem 
aves. As borbole-
• tas apetitosas tra-
A mentira. na 
natureza. é uma 
arma de sobrevi-
vência. Muitas 
vezes. na luta 
contra o preda-
dor, a presa só 
tem chance de es· 
capar se souber 
mentir bem. É o 
caso dos cama-
leões. que. graças 
à pigmentação 
especial da pele. 
se confundem 
com o ambiente 
O-~ "nge qu. 4 pedra ou 
folh• e uslm vai .oorevlvendo 
tavam de voar 
misturadas às ou· 
tras. Hoje ~e sa-
be que os ammrus 
memorizam cer-
tos padrões de 
aparência quando 
associam deter· 
minada presa a 
um gosto nau-
seante ou à dor. 
Ponanro. menti-
roso competente 
é aquele que con-
Ou de cenos caranguejos, que Vi-
vem com a carapaça coberta por al-
gas ou esponjas. Os insetos são es-
pecialistas em se fingir de cortiça 
ou de graveLoS no tronco de árvo-
res. Essas c muitas outras formas 
de mentira atendem por um ún1co 
e verdadeiro nome cicntíf~o - mi· 
metismo. 
O fcnómeno foi estudado pela 
primeira vez pelo naturalista inglês 
Henry Walter Bates (1825-1892). 
que observou o comporwmento 
das borboletas no vale do rio Ama-
zonas. Ele descobriu uma família 
de borboletas que conseguia csca· 
par dos pássaros tomando-se pare· 
cida na forma e na cor com outra 
família. cujo sabor não agradava às 
segue assumir uma aparência pou-
co atrativa para o predador. 
Existem. porém. casos de auto-
mimetismo: animais que imitam 
outros da própria espéc1e. Os 
zangões. por exemplo. quando es-
tão prestes 11 ser atacados. voam 
e zumbem como abelhas. que. 
como bem sabem os atucantcs. 
têm ferrões para se defender -
se a mcntim pega. os zungõcs se 
sa lvum. Nem sempre. contudo. é 
u prcsu o mentiroso. Isso aconte-
ce no caso clássico do lobo em 
pele de cordeiro. ou seja. o ani-
mul que finge ser manso. se 
aproxrma calmamente de outro 
com ar de quem não quer nada e 
sa1 ganhando uma refeição. 
que em negociações complicadas ns . . . 
pessoas ficam mconSCJentemente ma1s 
à vo ntade sentadas a mesas que escon-
dem a metade inferior do corpo. 
Numa das mais bem trabalhadas 
pesquisas sobre a mentira e o organis-
mo. cientistas americanos pediram a 
um grupo de estudantes de enferma-
gem - uma profiSSão cujos pratican-
Les são de certo modo treinados para 
mentir - que dissessem ora a verda-
de. ora a mentira sobre alguns filmes 
a que haviam assisttdo.Enquanto as 
enfermeiras falavam. uma câmara 
ocu.lta tratava de flagrar os sinais men-
tirosos. Um deles é o ato de esconder 
as mãos, que normalmente se movi· 
mcntam numa conversação para dar 
força a uma idéia. Sem perceber o que 
está fazendo. o mentiroso tende a ti-
rar as mãos de cena, afundando-as nos 
bolsos. por exemplo, para evitar que 
desmintam a mentira que sai da boca. 
No amor, é multas vezes 
confundida com a fantasia 
As enfermeiras da pesquisa omeri-
cana aumentanm a freqüência de nu· 
tocontatos com o rosto. enquanto 
mentiam sobre os filmes. Ou seja, co· 
meçaram a passar a mão pela face, ali-
sar os cabelos, apoiar a mão no quei· 
xo. Mas dois gestos se destacaram: o 
de encobrir parcialmente a boca -
nem que apenas por um momento -
e o de tocar o nariz. O primeiro. se· 
gundo os psicólogos, uaduz uma von-
tade de amordaçar-se, porque nin-
guém se sente totalmente à vontade 
ao contar mentiras. Tende a ser um 
gesto rápido porque exprime um con-
Dito: uma pane do menti roso não 
quer amordaçar-se coisa nenhuma -
e sim continuar com a sua mentira. Já 
o toque no nariz tem duas explica· 
ções: a primeira seria basicamente a 
impossibilidade de cobrir a boca -
portanto, encontra-se apoio no nariz. 
que está convenientemente próximo: 
a segunda explicação refere-se a ce rtas 
mudanças fisiológicas, nos momentos 
de tensão. que aumentam a sensibili· 
dade da mucosa nasal. Assim, ao 
mentir, o nariz coça, embora possa ser 
uma scnsaç!\o tão suave que mal se 
perceba. 
Finalmente, as enfermeiras menti-
rosas se mexiam mais nas cadeiras. co-
mo crianças que querem escapar de 
algum lugar. Na verdade. o que todos 
querem t escapar desse desconforto 
psicológico que é enganar o próximo. 
mesmo quando não se o ama. As 
sura 27 
Há quem nlinta 
• paravner 
honestamente 
crianças podem dizer "sou mentiroso 
e sou feliz: mais mentiroso é quem me 
diz". Mas não é verdade: memira ra-
ramente rima com felicidade. Princi-
palmente quando a pessoa se vé força-
da a esconder de seu parceiro a reali-
dade. Nas relações amorosas. diz o 
psicoterapcuta paulista Jacob Pinheiro 
Goldberg, a mentira costuma ser con-
fundida com a fantasia. pois ambos os 
processos servem à mesma finalidade: 
suavizar as situações de tensão. 
"Mas. na mentira". explica 
Goldberg, ' 'existe a intenção de iludir 
o outro em causa própria, e isso impli-
ca lesões e mutilações para o relacio-
name!ltO. Já a fantasia serve muitas 
vezes para sustentar a qualidade da 
relação." A mentira no jogo amoroso 
também sofre a influência dos costu-
mes da sociedade em que vivem os 
amantes. Quanto mais tabus houver. 
maior será a tendência para a hipocri-
sia e o fingimemo. Poucas coisas são 
tão complicadas como o conflito entre 
a verdade e a mentira numa relação 
afetiva. e os rios de tinta já gastos pe-
Mentirosos de 
• menttra 
"De tanto inventar histórias para 
distrair seus amigos, o alemão Karl 
Friedrich Hieronymus, barão de 
Munchhausen (1720-1 797). que ser-
viu como mercenário no exércíto 
russo na guerra contra os turcos em 
1740. acabou eptra'ndo para a His-
tória como um grande mentiroso. 
grac;.as ao livro. por sinaJ publicado 
anonim mente em L785. do escri-
tor aremão Rudolph Erich "Raspe 
( 1737-l794). De voha dos calJlpoS 
de batalha, o barão contou. por 
exemplo. como se safara de um 
pântano onde caira: puxando a sL 
mesmo pelos cabelos. Em outra pe-
ripécia. salvou-se da morte. caval-
gando balas de canhão disparadas 
pelo inimigo. Entre uma aventura e 
ourra. ;tinda achou tempo para ir à 
Lu~- duas vezes. 
28 SUPD 
Que se,. que dom Pedro disse de verdade lls margens plâcldas do lp lranfP17 
los psicólogos para explicar a questão 
não conseguem cobrir suficientemente 
toda a gama de emoções envolvidas 
nessas situações. 
I lá quem vive para mentir e há 
quem mente par!\ viver - como os 
que ganham honestamente o pão de 
cada dia graças ao fingim<?nto. em 
tempo parcial ou integral. E o caso, 
por exemplo, dos atores, que fingem 
ser personagens; dos médicos, que os-
tentam nas horas mais graves uma cal-
ma fictícia; dos diplomatas, que por 
dever do oficio blefam à mesa de ne-
gociações. Os publicitários, cansados 
de levar a fama de vender mentiras 
bem embaladas, resolveram há oito 
Plnocchlo descobriu que fa l11r a 
verdecH lhe trazfe van111gens 
Mas não há literatura que não 
tenha seus campeões da mentira 
- rcàl ou imaginária. O escritpr 
francês Alphonse Daudet 
(1840- L897) celebrizou-se graças às 
aventuras mentirosas de seu persa· 
nngem Tartarin de Tarascon. um 
burguês baixinho, com certa (en-
dência à obesidade. que se irnagi-
anos criar o Conselho Nacional de 
Auto-Regulamentação .Publicitária 
(Conar), justamente para vigiar anún-
cios caldos na tentação de vender gato 
por lebre. 
Pois bem: só nos últimos CÍIJCO me-
ses do ano passado, o Conselho sus-
pendeu sete campanhas publicitárias 
por causa das chamadas mensagens 
enganosas. Isso sem contar as campa-
nhas que sofreram pequenas correções 
porque não explicavam direito o que 
estavam vendendo. " O problern!l des-
ses tempos de crise'', comenta Alvaro 
Moura. do Conar, ·'é que aumenta o 
número de produtos. como manuais 
fantásticos para ter sucesso. figas e 
nava um valente herói e saia con-
tando peripêcias nunca vividas. No 
Brasil,, o mentiroso Macunalma • 
de Mário de Andrade, nêm fez 
questão de se üngir de herói: co-
varde como só ele e sem nenhum 
caráter. Macunaíma mentía o tem-
po inteiro para Se safar de qual-
quer 'problema -dizer a verdade. 
aliás. lhe dava preguiça. 
O mentiroso mais conhecido dQ 
mundo da ficção foi sem dúvida 
Pinocchio. o boneco de mademl 
criàdo em 1878 pelo escritor italia-
no Carlo Collodi. Numa tentativa 
de educá-lo. a fada madrinha de 
Pinocchio fe.z com que cada vez 
que ele mentisse o nariz crescesse. 
Antes que virasse um Cirano, o 
boneco acabou desistindo de sua 
vida de mentJras. Foi. talvez. o 
único mentüoso da literatura a op-
tar pela verdade - pela boa e 
simples razão de que a verdade lhe 
trazia mai.s vantagens ds> que a 
mentira. 
Retrato de um mentiroso 
Enquanto a boca mente eom a 
maior desenvoltura, a mente se 
perde entre o que conhece como 
verdade e o que está sendo afll1Da-
do mentirosamentc como verdade. 
Durante esse pequeno curto-circui-
to, ocorrem mudanças fisiológicas 
comuns a todo e qualquer mentiro-
so: a respiração se interrompe por 
um segundo e depois volta num rit-
mo acelerado; o coração também 
passa a bater rápido e a transpíra-
ção aumenta. Como nada disso po-
de ser percebido diretamente, exis-
te o po!ígra[o, ou detector de men-
tira . um aparelho que em comato 
com o peito, o pescoço e as pontas 
dos dedos registra em gráficos 
aquelas manifesta9ões fisiológicas. 
Certamente. todos os sintomas 
citados aparecem no mentiroso. A 
polêmica, porém, surge ao se le-
CÉREBRO 
Por segundos. 
descontrofa·se e provoca 
uma série de reaç688 
~'/1 fisiofógloas 
NARIZ 
A mucosa nasal fica 
sensfvel e coça 
ROSTO 
O mentiroso aumenta o 
núme10 de contatos com 
o rosto e tende 
• CObrir a boca 
comamâo 
• 
&L-~ CORAÇÃO 
Ace,lera o ritmo 
vanl:ar a possibilidade de que quaJ-
quer pessoa em estado de ansieda-
de - com problemas familiares, 
por exemplo - pode apresentar as 
mesmíssimas características. No 
Brasil, apenas a polícia de São Pau-
to usa o detector de mentira. Se-
gundo o delegado Nelson Silveira 
Guimarães, "apesar da confiança 
que temos no exame. ele não é 
ronsiderado prova judicial. mas 
apenas um indicio que pode in-
fluenciar a opinião do juiz·•. O de-
tector de mentira, diz Guimarães, 
só não é ainda mais usado porque 
apenas um em cada dez suspeitos 
consente em submeter-se ao apare-
lho. Além disso. enquanto nos Es-
tados Onidos cerca de 10 mil poli-
ciais sabem manipular o detector, 
no Brasil não bá mais de uma dúzia 
de funcionários habilitados. 
PULMÃO 
A respiração fica 
levemente entrecortada 
e. depols. se acelera 
MÃOS 
Como as mftos 
costumam reforçar as 
palavras, o mentiroso 
evita movimentá· las ou 
tenta escondê·las,com 
meelo de que entreguem 
e verdade 
DEDOS 
O suor aumente no corpo 
Inteiro. mas é na ponta 
dos dedos que are é 
medido peJo pofigraiO 
PERNAS EPÉS 
Ficam agitados. não 
param de movlmentar·se 
cruzes milagrosas, receitas para ga-
nhar na loteria. Está na cara que é 
mentira. Mas, no desespero. o brasi-
leiro pode acabar acreditando." 
As pesquisas indic.am que os brasi-
leiros menos acreditados pela popula-
ção são os poHticos. É uma revelação 
inquietante, sem dúvida, mas não é 
verdade que isso acontece só no Brasil 
-e só nos dias de hoje. Afinal. qua-
tro séculos antes de Cristo, na Grécia 
Antiga, Platão ensinava que " a menti-
ra enfeia a alma, mas é perdoável 
quando atende a imeresses de Esta-
do''. Depois. no Renascimento. o ita-
liano Maquiavel escreveria que todos 
vêem o que o polltico parece, mas 
poucos sabem o que ele é realmente. 
E assim ningu~m tanto quanto o polí-
tico profissional é uma aparência -
ainda que a aparência engane. 
Versões oficiais tendem a 
mudar a verdade dos fatos 
A mentira se infi ltra na História 
que se aprende nos livros didáticos -
e cada pais há de ter sua cota de maus 
tratos à verdade dos acontecimentos 
históricos. Dom Pedro I, por exem-
plo. jamais teria br;~dado " Indepen-
dência ou morte,. às margens do Ipi-
ranga. ao receber a carta que o inti-
mava a voltar a Portugal; teria reagido 
!soltando uns sonoros palavrões. 
Guardadas as diferenças de tempo, lu-
ear e pessoa, não se tem provas de 
que Nero tenha mandado incendiar 
Roma em 64 d.C., mas não há·quem 
não tenha sido ensinado a acreditar 
em sua culpa. 
Nos Estados Unidos. quando se en-
sina às crianças as virtudes da verdade. 
é inevitável o exemplo de George Wash-
ington: ao~ 6 anos. confe.o;sou ter der-
rubado a cerejeira favorita do pai. di-
zendo ''não posso mentir". Na verda-
de. nenhuma de suas biografias confir-
ma o episódio. O nazista Joseph Goeb-
bels. famigerado ministro da Propa-
ganda de Hitler. entrou para a Histó-
ria, entre muitas outms coisas. como 
tendo dito que ·•a mentira repetida di-
versas vezes se torna uma verdade" . 
Nunca se provou que ele tivesse de fa-
to dito isso. pelo menos com essas pa-
lavras. Mas tanto já se repetiu a frase 
·que ninguém dirá ser mentira. • 
Lúcia Helena de Oliveira 
Para saber mais 
Trocando klélu. Mw ~ dtJ BniD lzzD. 
EdiferaM-tos, SioPJWio. t984 
SUPIR 29 
Finalmente, uma anã marrom 
em carne e osso 
A nãs marrons são singulares corpos celestes que nrto são planetas nem 
chegam oo srams de estrelas. Uma anã 
marrom será sempre um astro relativa-
mente frio, com temperatura superficial 
em tomo de 1 000 graus Kelvin (mais ou 
menos 700 graus centígrados). O Sol. 
uma estrela, tem temperatura de 6 000 
grnus Kelvin (cerca de 5 700C): Júpiter. 
um phmeta. o maior de todos. tem mni~ 
ou menos 96 graus Kelvin (quase 100 
centígrados negativos). 
Subeslrelas. as anãs marrons foram 
previstas teoricamente, mas jamais 
haviam sido registradas concretamen· 
te. Tendo em vista a baixa tempera-
tura e a baixa luminosidade, não é 
fácil detectar sua presença por qual· 
quer dos métodos utilizados pela As· 
tronomia para observar os corpos ce-
lestes. Na verdade. só podem ser ob-
servadas através de telescópios ou 
sondas espaciais sensíveis às ondas 
infravermelhas. 
Dois grupos principais de estrelas 
de baixa massa t~m sido relacionados 
pelos astrônomos. O primeiro com· 
preende os sistemas de duas estrelas. 
uma das quais é a companheira da es-
trela invisível. detectada apenas pela 
perturbaçAo que provoca no movi-
mento da outra. Em virtude de sua 
temperatura muito baixa. essa compa-
nheira só emue radiação no infraver-
melho, o que toma muito difícil sua 
observaçAo. O caso mais célebre é o 
da compnnheira da estrela Van Bies-
broech 8. observada com aparente su-
cesso pelos astrônomos do Obscrvató· 
rio Naval do Arizona. em 1985. 
Denominada VB8·B. teve medidas 
a temperatura. luminosidade e mas-
sa. Durante algum tempo discutiu-se 
se seria um planeta ou uma anã 
marrom. até que. em 1987. observa· 
c;óes precisas realizadas no Observa· 
tório Europeu Austral. no Chile, 
deixaram claro que essa companhci· 
ra niío existe. O outro grupo é o 
das es trelas isoladas de baixa massa 
e luminosidade. q ue tem na 
LHS-2924 um bom representante. 
E m novembro do ano passado. 110 estudarem anãs brancas (estrelas 
de baixa luminosidade. temperatura 
de superficie relativamente alta e den· 
sidade extremamente alta). os astrõ-
nomos americanos Benjamin Zucker· 
man. do Departamento de Astrono-
mia da Universidade da Califórnia. e 
Eric Becklin. do Instituto de Astrono· 
mia da Universidade do Havaf. desco· 
briram que a estrela Giclas 29-38 pa-
rece emitir um excesso de radiação em 
infravermelho. Estimaram. e ntão. sua 
temperatura superficial em 1 200 
graus Kelvín. 
Situada a 45 anos-luz da Terra 
(mais de 400 trilhões de quilômetros). 
essa estrela tem uma massa situada 
entre .v;. e ll.-é de massa solar - a 
Nem isso, nem aquilo 
~--~------------~ 
M1111 menor que 1% 
dama111aolar 
Nto há tudo de 
hldrogtnlo 
Tempera~Ur~e belll88 
Anãs marrons 
M-adelt68% 
da maasa solar 
Queima lenta de 
hidrogênio 
Tempetllutl em tomo 
de700'C 
Estrelas 
Maa11 maior que 8% 
de massa solar 
Fulllo do hldrog6nlo 
Tempetatura em tomo 
de5700'C 
lnceneza da medida provém da impre· 
c1são dos modelos teóricos aos quais 
for.1m comparados os dados de obser-
vação. Ora. um objeto celeste com 
massa superior a I t;l: de massa solar 
deixa de ser um planeta: mas abaixo 
de W< de massa solar não chega a ser 
uma estrela propriamente dita . Um 
objeto celeste nesses limites de massa 
solar pode queimar hidrogênio lenta· 
mente. durante bilhões de anos. e ja-
mais alcançar o estado estacionário no 
qual as reações termonuclcarcs che· 
garn ao estágio terminal . 
T alvez Zuckerman e Becklin te-nham deseobeno um ponto espe· 
ela I do gráfico da evolução estelar. 
Caso se confirme a impressão de que 
o objeto detectado por eles seJa uma 
anã marrom, estaremos diante da 
possibilidade de um avanço cient[fico 
compar4vel ao que seria proporciona· 
do pela identificação de um novo sis-
tema planetário - ou talvez ainda 
mais. Essa descoberta pode comple· 
tnr a teoria sobre a origem e a evolu-
ção de estrelas e planetas no Univer-
so. Vai contribuir enormemente parn 
que se compreenda como uma estrela 
em formação se condensa a partir de 
uma nuvem de gases. Por outro lado, 
ajuda r:! também a saber quando e co-
mo a matéria interestelar é capaz de 
se aglutinar para formar outra estre-
la. um planeta ou os anéis de frag-
mentos como os cinrurôes de asterói· 
des ou. ainda. os cometas. Finalmen· 
te. a descoberta e a determinação da 
freqüêncm dessas estrelas tênues e de 
massa reduzida permitirão determinar 
n massa das galáxias e resolver. en· 
fim. o grande problema da massa fal-
tante do Universo- uma quantidade 
de massa que a teoria diz que deve 
existir. mas ninguém conseguiu ainda 
dizer onde está. • 
o llstiÓIIOmO Rot.- RogeriO de HeÍII$ _., • 
dltliiOr db-ele"-e~ A!IIS db 
~- dtl ~ ... C.Wiric:o. 
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UPER- UPER" SIGNIFICA O QUE HA DE MELHOR! 
Chegando junto 
com a tecnologia 
de ponta! 
D a mesma forma como o fiZera com o primeiro lut de televi-
são produzido no Brasil, novamen· 
te a Oceidcntal S chools se an-
tecipa no mercado, agora com o lan· 
çamemo dos· cursos na ~rca ~ 1~­
formáúca e do revolue1onáno Kn 
de Microcomputador Z-80. 
Kit digi tal - Além deste mo· 
demo equipamento, a Ocddental 
S choolst< possui t~bém .u!'" av~~­
çado Kit de Elctrõmca D1gttal, ml-
cialmcnte previsto para 50 experiên-
cias. O número de experiências po-
derá ser ampliado, de acordo com 
a capacidade de assim1laçio c cria-
ção de seu operador. 
.-1 '-·· .-· --,;.:;·...r-:;: ... •.-:.··· •. -· ..... ', .. ·, .,_.' • - •• -f • - l. ' ...... . 
·:\·- 0·\.: :~~"· ,\· ·: .. , \, ;\ ' ' , , ... . . ·_\ .· -::• l' '".:-·-.• ,· ·_, ... ' ' \ ~ ·)j. .·-.·. ;~ ·-_.:, -·, _'> \ .• 
<r, \.'"', \ '',', '• \ )• •.'I.- '• o'·' 
• )'1- ' .>• -·-'·· ..•. -· ~-- .. ·.··'· _,._. ' ·\ ... ;;. _ .. -' , . 
KIT DIQITAL AVANÇ ADO 
Este c outros kits mais, slo par-
tes integrantes dos cursos técn1cos 
intensÍ\•os., por correspondência, da 
O ecidental Sch ools •, onde teo-
ria e prática se somam, dando ao 
aluno plenas condiçõe1 de dommar 
O) circuitos elcrrõnico~ em geral, 
num curto espaço de tempo. 
Assim, por exemplo, no curso de 
televisão P&B/Corcs, enquanto o alu-
no fica familiarizado com o funcio-
namento dos circuitos -técnicas 
de ma,nutenção e reparos-, tem 
ainda a oporrunidade de montar o 
único televisor t:ransistorizado, em 
forma de kit, produzido no Brasil! 
Valor do investimento - A es· 
ta altura, você deve estar se inda· 
KIT MICROCOII""'ADOR Z·80 
gando a que pr~ sairiam ~ repas· 
se destaS tccnologll!S e eqllipamen-
tos. O ~'lllor dos mesmos, se equi-
pan aos dos modelos sim~ pro-
duzidos em escala comerc1al. Isso, 
sem considerar que ao concluir o 
curso, mais que um usuãrio, voei 
estari especialiudo numa área que 
poderá, inclusive, lhe proporcionar 
consideráveis rendimentos. Depende 
s6 de você. 
Informações detalhadas - Pa-
ra atingir o grau de credibilidade e 
a incontestável liderança no segmen-
to de cuiSos técnicos especializados, 
a O eeidenta l S c hools , sempre se 
preocupou em bem informar a seus 
alunos, antes mesmo da efetivação 
da matricula. Atinai, num curso por 
corrcspondê!ncio é importame você 
saber, antecipadamente, quem são c 
o que fazem as pessoas que prome-
tem êxito em seus estudos. 
Sendo assim, solicite pessoalmente 
maiores informações em nossos es-
critórios, por telefone ou, simples· 
mente, uulizando a nossa caixa pos-
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máximo prazer em lhe atender. Con· 
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Nome 
Endereço 
S.irro 
CfP Cid1d1 Estodo 
I 
I 
IJ111 produto 
COIIIIIIIÍIIIipla 
cidadania 
e tecnologia de voar - de fato. o 
A320 é o pioneiro da geração das 
fantásticas máquinas voadoros que es-
tarão cruzando os céus do planeta na 
virada do século. 
Terceiro filho do consórcio multi· 
nacional Airbus lndustrie, surgido em 
1970, cujos A300 e A310 transponam 
200 mil passageiros por dia com uma 
decolagem a cada 70 segundos pelo 
mundo afora. incluindo o Brasil. o 
A320 tem múltipla cidadania - é um 
pouco francês. um pouco inglês, um 
pouco alemão e ainda um pouco bel-
ga e um pouco espanhol. Ou seja. 
trata-se de um produto tipico da Eu-
ropa ~e hoje. onde os somques se 
misturam cada vez mais e as frontei-
ras imponam cada vez menos. Repre-
senta a maior revolução na aviação 
comercial oa era do jato desde o apa-
recimento do supersônico anglo-fran-
cês Concorde. na década passada. 
Mas. ao contrário deste. que já foi 
descri to como o maior fiasco indus-
trial do Ocidente, o A320 ~ o apare-
lho que mais encomendas jtí teve an· 
tes de levantar vôo. 
Os computadores avanam 
as decisões do piloto 
É um troféu da tecnologia. O pilo-
to que toma assento na cabina não li· 
dará com o manche velho de guerra, 
Em seu lugar. está à sua espera um 
simples bastão de comando - o stde 
stick comroller -. muito semelhante 
aos controles dos jogos Atari. Locali-
zado não à frente. mas ao lado do 
painel. o no,•o sistema dá ao piloto 
uma visão livre dos instrumentos. Es· 
tcs, por sua vez. também não são 
mais aqueles d:~s gemçócs anteriores 
- foram redesenhados de forma a 
e liminar as dúzias de mostradores ro-
tativos que atravancam os painéis dos 
jatos convencionais. O A32U levou 
mais longe a inovaçáo experimentada 
nos A310 fabricados de 1982 em 
diante. Assim. apresenta apenas seis 
telas. onde cada informação aparece 
de maneira clara c e1n cores vivas. 
Além disso. os refinados computa-
dores que governam a aeronave da 
decolagem ao pou~o simplificam de 
34 5UHR 
A cabine de passageiros antes do 
revestimento: um túnel prateado 
tal fo,rma o trabalho do piloto que lhe 
permitem funcionar não mais como 
operador do avião, e sim como moni-
tor do sistema de comando. Ele se 
decide, com base nas informações à 
sua frente, por determinada mano-
brn; os computadores conferem se a 
ordem é adequada e, ao cumpri-la. 
procuram ainda aperfeiçoar a mano· 
bm. No A320, se o piloto e o co-pilo· 
to perderem a cabeça. os cérebros 
eletrônicos conservarão o juízo - c o 
avião no ar. A eficiência dos sistemas 
de computação eliminou a figura do 
engenheiro de bordo. encarregado de 
controlar o funcionamento dos apare-
lhos em vôo. No comando do A320. 
três é demais. 
Dois sistemas vigiam o equipamen-
to da aeronave. de olho em qualquer 
mínima falha. E mais: registrado um 
defeito, os sistemas emitem uutomati-
camentc uma mensagem que a lcança-
rá o setor de manutenção da compa-
nhia aérea na escala mais próxima. 
para a preparação do conserto e 
eventual troca de peça.s enquanto o 
a\iiáo ainda está nas alluras. Ao pou-
sar. perde-se menos tempo no reparo 
da av~ria. o que é bom para os passa· 
gei ros I! melhor ninda paro as comas 
da empresa. Dinheiro. por sinal, era 
o que os pessimistas menos espera· 
vam ver entrar nos cofres do consór-
cio Airbus, quando este se propôs a 
desafiar os gigantes americanos da in-
dústria aeronáutica Boeing e McDon-
nell Douglas. oferecendo ao crescente 
merendo internacional um;t allernati· 
va em matéria de aviões wide-body 
para distimcias curtas e médias. silen· 
ciosos c econômicos. 
Realmente. mio se acreditava que 
um grupo europeu fosse capaz de 
derrubar a hegemonia americana. in· 
ventando um sucessor pnrn o confiá· 
vel BAC One-Eievcn inglês e o cle-
gantissimo Carovcllc fmnccs. ambos 
irremediavelmente obsoletos. A idéia 
de uma associação de vários países 
para conceber c fabricar um novo ti· 
t)uem faz o que DO A320 
e Aerospatiale 
(França) 
e M9SSefsdlmlU·Bofkow·.Btohm 
(Alemanha) 
e Brittsh Aetospace 
(tngtatetra} 
e cASA 
(Espanha) 
OBetalrbus 
(Bélgica) 
... 
Comprimento 37,6 metroa 
Altura 11,8 metros 
Envergadura 33,9 metros 
Altura da cabina 2,2 metroa 
Ll!rgura da cabina. 3, 7 metroa 
C.pecldecle mãxlma 
ele aal81'iloa 176 paa11gelroa 
Conflguraçio normel 
(clua ctasaes) 150 peaaqalroa 
Peso múlmo n11 
deeo4egem 72 tonlladaa 
Peso múlmo no poueo 13 tonelact• 
Cllpacldacle m6xlma 
de combultlvel 22,9 tonel..,._ 
Comprimento de p1ate 
,.,.. decolagem 1 433 metros 
Comprimento ele pista 
.,.... poueo 1 341 meboa 
Na cabina de comando, best6es em vez do manche e s6 u ls teles no palnel 
po de avião parecia absurda. Mas 
pesquisas competentes de mercado c 
intensivos investimentos em tccnolo· 
gia acabaram constituindo uma fumí· 
lia de aviões apta a conquistar um lu-
gar nos céus. O A320 é o fecho glo-
rioso dessa aventura. 
Ele nasceu como nascem quase to· 
dos os aviões comerciais. O primeiro 
passo foi a formação de um grupo de 
projetos integrado por executivos c 
engenheiros da empresa fabricante. 
No caso da Airbus lndustric, isso signi-
ficou a participação de represen tantes 
dos quatro membros do consórcío -
Aerospatialc (França). British Acro-
lspace (Inglaterra). MBB.(Aicmanha). 
CASA (Espanha)- c ainda da empre-
sa belga Bclairbus. que se associou ao 
projeto do A320. A tarefa do grupo 
era estabelecer as medidas vitais do 
novo produto: tamanho. peso. altura. 
envergadura e mais uma infinidade de 
dados técnicos. "Foram meses e meses 
de cálculos c debates. em que nenhumdetalhe pôde Cicar de fora". explica 
Frédéric Ríbere. diretor de produção 
do A320 na Aerospatiale. 
Moreno. baixo. dono de um olhar 
perscrutador c de uma eloqüência 
pontuada de gestos e sorrisos. Ribere 
é um dos responsáveis pelo sucesso 
do A320. Aos 45 anos. 22 dos quais 
dedicados "quase integralmente.. à 
• 
Vllocld8dlt m6xlma 
de cruzeiro 1 CIOS tanlh 
Velocld8dlt ele c:nu:elro 
em longa dlltlncta 988kmlh 
Autonomia múlma 
de VOo 5 500 qull6mllroe 
PIIIÇO I 
Acrospatiale. e le viu nascer o Cara-
velle c o Concorde e foi um dos pri-
meiros a apostar no projeto Airbus. 
A grande atração que a empreitada 
exerceu sobre ele provavelmente tem 
a ver com seu tempcrumcnto, que 
combina determinação e gosto pelo 
risco. Desde muito jovem. quando 
praticava vôo a vela e caça submari-
na. sonhava em construir carros de 
corrida. "A velocidade é meu fraco". 
confessa Ribere. que antes de entrar 
na Acrospatiale fez estágio numa fá-
brica de motores de Fórmula I. . 
Para conceber um avião cconômi· 
co. o grupo de projetos achou um ca-
minho inovador capaz de reduzir em 
18 por cento o peso (logo. também o 
consumo de combustfvel) da aeronll· 
ve: usar materiais compostos de fibra 
de carbono a fim de substituir. onde 
fosse possJvel. as tradicionais estrutu· 
ras metálicas. Mais leves. mais bara-
tos e de mais fácil manutenção. os 
compostos de fibra de carbono (mate· 
rial utilizado. por exemplo, em ra-
quetes de tilnis) permitiram cconomi· 
zar mais de 600 mil dólares em cada 
aparelho. Da mesma forma. a substi-
tuição do manche pelo sitie stick con· 
trailer, além de melhorar a vida do 
piloto, ajudou a emagrecer o avião. 
O manche, é claro. pesa pouco. O 
que pesa bastante é todo o conj~tnlo 
de alavancas. barras. polias e engre-
nagens que compõem o controle me-
cânico dos aviões - só acionado em 
casos raros de pane do sistema e létri· 
co. No A320. o apa.rato mecãnico foi 
SUFD 35 
lfm projeto 
dlridido em 
ciDco fatias 
trocado por um aliado sistema de 
conrrole eletrômco. chamado FBW. 
do inglês fly by w1r~. voo por cabo. 
ligado ao sid~ srtck por mais de 30 
mil fios. Foi outro passo revolucioná-
rio. A mudança Significou não só um 
aumento da capacidade do avião 
equivalente a mau dois passàgc1ros 
como também uma redução do espes-
sura da fuselagem central. por onde 
antes passavam as barras. 
Tanto melhor para os passageiros: 
isso permitiu alargar o corredor cen· 
trai do avião e assim eliminar um 
aborrecimento de todo começo de 
viagem: a ir ritan te presença do passa-
geiro da primeira Ola que bloqueia a 
passagem durante a eternidade que 
leva para acomodnr seus pertences 
nos bagageiros superiores. Delineado 
o projeto base. o calhamaço que o 
contém embarcou para o chamudo es-
critório de estudos - na verdade. um 
conglomerado de oficinas. laborotó-
rios e centrais de computação onde o 
projeto inteiro foi detalhado. A se-
guir. o A320 foi dividido em cinco fa-
tias principais. cada uma desenvolvi-
da por uma das cinco empresas asso-
ciadas no projeto. 
O Airbus 320 voa antes 
mesmo de ser montado 
A BritiSh Aerospace. por exemplo. 
ficou responsável pelas asas. Tecnica-
mente. não é a pane mais complica-
da. Mas é a mais importante da car-
caça do aparelho. Quando um :wiilo 
se prepara para pousar. muito) pas a-
geiros se espantam ao ver tudo o que 
sai da asas. Ficariam ainda mais sur· 
presos se soubessem qunnto coisa ain-
da ficou dentro. Os ingleses têm 20 
por cento do consórcio Airbus. A 
francesa Aerospatiulc. que tem 37.9 
por cento (assim como u nlemâ 
MBB). desenvolveu os sistemas de 
computação. produziu u unidade 
dianteira du fuselagem. montou c tes-
tou o aeronave em vóo. Ct~du grupo 
construiu uma exata mnquctc do 
avião. Adotando o método proposto 
pela primeira vez j:í em 1889 pelo en-
genheiro Horatio Philhps. um pionei-
ro da aviação inglesa, as maquetes ro-
36 SUfiiJl 
O.~ • labrlcaçAo dos componentes. •• 
ram testadas num túnel de vento. que 
reproduz as condições de vôo a gran-
de aturude. 
Nessa fase . muita coisa do projeto 
base foi alterada. Alongaram-se ligei-
ramente as asas. por exemplo. para 
ganhar maior autonomia de vôo. com 
ligeiro sacrificio do limite de veloci-
dnde. Uma infinidade de cálculos. 
ajustes e correções antecedeu o sinal 
verde para a construção do protótipo. 
a ser testado em vôo real. Tudo é fei-
to com o auxilio de ponemosos com-
putadores. num processo conhecido 
como computeraided design, mediante 
o qual, um a um ou em conjunto. os 
componentes do avião são projetados 
nté o último detalhe em questão de 
segundos. Não faz muito. na década 
de 60. os desenhos dos aviões eram 
produzidos em tamanho real. consu-
mindo centenas de me tros de pupcl e 
milhnres de horas ele trabalho. 
"Naquela época. os computadores 
eram utilizados só para grandes cálcu-
los" . lembra Jacques Herubel. 52 
anos. engenheiro-chefe do grupo de 
estudos da Aerospatiale. sediada em 
Toulouse. cidade de 500 mil habitan-
tes no Sul da França. Baixo e calvo. 
os pequenos olhos aLUI~ escondidos 
por óculos de gros~a~ lentes. Herubel 
parece viver sempre sob grande ttn-
são. No entanto. pnra os mais de cem 
engenheiros (u mruoria com menos de 
40 anos) que trabalham sob sua b:uu-
ta. ele f um chefe afá,el c paciente. 
que mnntfm com eles uma relação 
paternal. P:u de quatro filhos - o 
mais velho. com 23 ano~. tnmbém en-
genheiro aeronautico - . Hcrubel é 
igualmente um dos pais do sistema de 
controle computadorizado do A320. 
Formado pela escola do Concorde, 
cujo desastre comercial é sua maior 
frustração. Hcrubel entende de com-
putadores como poucos nn Aerospa-
tiale - c dc:testu calculadoras cletr6· 
nica~. "Em vez de cxcrcitnr 11 mente, 
a informfiticu contribui pura a trofiá-
lu". queixa-se ele. c111rc um c outro 
cálcultl na ponta do lnpis. enquanto 
nilo v(; 11 horn de.: chegar o domingo. 
dia de esfriar n cabeça c cxcrcíwr a 
voz cantando num coral. A maior di-
ficuldade nu construção do protótipo 
é o caráter artesnnnl do opcn1çiio. 
Aliás. na aviaçf•o comercial nfio $C fa-
brica um protótipo. ma~ vários. para 
tirar dos testes tudo o que podem dor 
• 
Rumo ás oficinas de Toulouse, um• parte pront• d•lusel•gem do A321J 
A central de telemetria e ... ... o chefe de escuhl lrfoncourrter 
Técuica DOm até DOS testes 
Antes de ficar livre para vonr. 
uma aeronave deve provar que tu-
do nela funciona. em centenas de 
horas de restes. em condições 
muito mais difíceis do que na vida 
real . Antes do A320. nos testes 
de aviação civil era preciso aguar-
dar a volta do avião. estudar a fi. 
ta magnética onde os resultados 
das provas são registrados. confe· 
rir o diário de bordo do enge-
nheiro de navegação - e só en-
tão analisar os parâmetros medi-
dos durante o vôo. Em Toulousc. 
isso é história antiga. A fim de 
ganhar tempo. a Aerospatiale in-
vestiu cerca de lO milhões de dó-
lares numa técnica até então só 
utilizada em testes de aviões mili-
tares: o acompanhumcnto do vOo 
por telemetriá. 
O sistema-. que trlmsmitc as 
mensagens em tempo rea I via sa-
télite. funciona de maneira seme-
lhante ao empregado pela NASA 
nos testes espaciais. Todas as in-
formac;ões reunidas pelos compu-
tadores de bordo são transmitidas 
para uma central de telemetria. 
onde são analisadas pelos seis en-
genheiros e um chefe de escuta. 
Em Toulouse. esse chefe é Jac-
ques Moncourrier. ex-navegador 
da Armada francesa, onde serviu 
por mais de vmte anos. Apaixona-
do por engenhos mecânicos c ele-
trônicos desde criança. quando 
seu brinquedo predileto era des-
montar e remontar aparelhos de 
rádio. Moncourrier não teve difi-
culdade em instalar o sistema de 
tclemctriu na Aerospatiale. Sob 
sua oricmac;!lo, (I companhia mon-
tou um equipamento de visualiza-
çGo grMlcn de medidas que pode 
ser usado mesmo por engenheiros 
nf1o rnmiliurizodos com essa forma 
de uprescntuçiio de dados. '·Gra-
ças à telemetria" . orgulha-se 
Moncourrier. "a duração dos tes-
tes do A320 foi abreviada em três 
meses. .. 
(veja quadro). Assim também se pas-
soucom o A320. E seus testes revela-
ram um consumo de combustível 62 
por cento inferior no trirreator ameri-
cano Boeing 727-200. 
Antes ainda de receber o ccnifica-
do oficial de vôo. o A320 começou a 
ser fabricado em escala - na mais 
moderna linha de montagem do mun-
do. com alto nível de automatização, 
implantada em Toulouse. Na verda-
de. ele voa antes mesmo de ser mon-
tado. As diversas partes do aparelho 
- fabricadas em lugares tão diferen-
tes como Cbester. na lng.laterra; Bre-
men. na Alemanha; e Sevilha. na Es-
panha - chegam a Toulouse a bordo 
de enormes aviões de carga. que os 
técnicos espanhóis chamam de "pás-
saros grávidas'' e os ingleses mptr 
guppies (supercomilôcs). Quem su-
pervisiona as sete etapas de monta-
gem final do avião é o diretor Jean 
Béué, funcionário da Aerospatiole 
desde 1964. 
Nem tinha saldo do chão 
e chegaram 461 pedidos 
Esse engenheiro de produção de 48 
anos já acompanhou a montagem de 
mais de mil aviões de vários tipos e 
conhece cada pedacinho do A320 co-
mo a palma da mão. Ele só não sabe 
pilotar- nem é muito chegado o Vltl· 
gens. Passa as férias na casa de cam-
po. onde se dedica de corpo e alma à 
jarómagem - um hábito um tanto 
curioso para quem pretendia ser pro-
fessor de Educação Fisica e chegou a 
integrar a equipe campeã nacional de 
rúgbi na França. O dinamiSmo com 
que Béué dinge os 150 engenheiros. 
técnicos e mecânicos do linha de 
monta~em será ainda mais necessário 
a partir do próximo ano. quando a 
Acrospatiale aumentar as mstalações 
l'ara acelerar a entrega do A320. O 
ritmo de oito aviões prontos por m~s 
- nunca antes alcançado na Europo 
- foi fixado para dar vazão às enco-
mendas vindas de muitas panes do 
mundo. (Do BrasiJ nilo chegou ne-
nhum pedido.) Pois, mesmo antes de 
sair do chão. o A320 bateu um recor-
de: 461 encomendas. • 
Cristina Medeiros, de Toulouse 
Para saber mais 
A evoi!J#o d• .vllffilo, Jc/111 W R Tlylot, Mo· 
1/Joramentos, Slo PaUlo, I 1180 
eaç.ts o jato. Mld>ael T1ylot. M I.NrO T-. 
Rio dtt JMreito. I 982 
IUFIR 37 
• 
E mais fácil ir à Lua do que chegar com uma 
No extremo norte da URSS (acima) 
equipamentos modernos (I! 11squerda) f ll 
perfuraram 13 qul/6metros da crost11 d t1 Term 
sonda ao centro da Terra. As perfurações 
são lentas, caras e complicadas. Apesar disso, 
sabe-se cada vez mais o que existe 
e o que acontece debaixo dos nossos pés 
á mais de um século. o fran-
cês Júlio Verne escreveu sua 
fantásúca Viagem ao umro 
da Terra. Nela. o professor 
Otto lindenbrok. mmeralogista ale-
mão. e seu sobrinho Axel desceram 
às profundezas do planeta perdendo-
se em uma interminável cadeia de 
labirintos e galerias. onde correm 
rios de forte correnteza e mares 
subterrâneos. Na verdade. esse ce-
nário não tem nada a ver com o 
que acomece no interior da Terra. 
Em 1864. quando Vcrne escreveu 
sua história. não se tinha ultrapassa-
do sequer mil metro~ em direção 
ao fundo do coração do planeta. a 
6 370 quilômetros da superflc1e. 
Ali. a temperatura chega aos 
4 mil graus e a press;io ultrapassa 3 
milhões de atmosferas - uma at· 
mosfera equivale à pressão exercida 
por I qu,ilo sobre I centímetro qua· 
drado. E um mundo infernal. de 
acesso q uase impossível. digno da 
imaginação de um escrítor de l'ic<;ão 
científica: a profundidades maiores 
que algumas poucas dezenas de qui-
lômetros. as altíssimas pressões c 
temperaturas pulverizariam qualquer 
sonda por mais resistente que fosse. 
Mas, afmal. o que existe mesmo lá 
embàixo? Como é mais fácil subir ao 
espaço do que descer aos porões do 
planeta. a ciência tem acumulado 
uma massa de eonhecimemos sobre o 
sistema solor talvez até maior do que 
sobre suas camadas mais fundas. 
Esse é o desafio para os ctentistas 
que têm os olhos voltados não para o 
céu. mas para o chão - ou melhor. 
para o que existe abaixo dele. Embora 
compacta , a Terra não é um bloco ho-
mogêneo: é possível compará-la a 
uma imensa cebola. onde diversas ca-
madas se sobrepõem. A pele que a re-
cobre seria a crosta terrestre. cuja pro-
fundidade varia de cerca de 10 quilô-
metros nas áreas oceilnicas até 70 qui-
lômetros nos continentes. Por ser a ca-
mada mais superficial. a crcxta natural-
mente é a mais simples de ser estudada_ 
O recorde de perfurações 
pertence aos soviéticos 
Os fragmen tos de rochas recolhi-
dos d urante as perfumções são uma 
preciosa fonte de estudo. Depois da 
crosta vem a zona de transição para 
a camada segutn te_ o manto, que al-
cança até 2 900 quilômetros de pro-
fundidade . Aba•xo do manto está o 
núcleo_ a uma profundidade de 
S 100 quilômetros. Pam perfurar os 
cinco primeiros qutiOmetros em dire-
ção ao interior da Terra existem 
equipamentos apropriados. Dai em 
diante as coisas se complicam. "É 
difícil manter a sonda na direção 
correta. as brocas quebram e qual-
quer operação para recuperar o ma-
terial leva muito tempo", explica o 
professor lgor Paccn, do Instituto 
Astronômico c GeoftSico da Univer-
sidade de São Paulo. 
Nesse tipo de exploração, o recor-
de pertence aos soviéticos. Desde 
1970. eles vém fazendo perfurações 
na peninsula d~: Kola, no extremo 
norte da URSS. Só recentemente 
chegaram à marca dos 13 quilôme-
tros de profundidade - um simples 
arranhão na casca do planeta. Se-
gundo o geofísico Pacca. o feito 
mais importante dos soviéticos até 
aqui foi não encontrar na purte infe-
rior da crosta uma zona de transição 
de rochas de grani to pnrn rochas de 
basalto. A té então, os geofísicos 
acreditavam que essa área existia. 
tanto que linharn até um norne para 
ela: descontinuidade de Conrad. 
··Atingida a profundidade que cor-
responderia a essa descontinuidade, 
não se achou basnlto". relata o pro-
fessor Pact'a. 
Da mesma forma corno os asuõ-
sura 39 
ATÉ OUINTQ 
E 
IACil PERFURAR 
nomos e os astroflsicos querem co-
nhecer melhor o que existe. por 
exemplo. em Marte. o mais ambi-
cioso objetivo dos geofísicos de todo 
o mundo é conhecer a intimidade 
do interior da Terra. Po r isso. em 
setembro do ano passado. uma equi· 
pe de cientistas miciou uma perfura-
ção na cidadezinha de \Vllldisches· 
chenbnch. no none da Alemanha 
Ocidental. que nilo vai terminar an· 
tes do ano 2000. Então. os pesquisa· 
dores esperam chegar à meta esta· 
belec1da: 14 quilômetros abaixo da 
superfície. No começo da viagem. 
vão utilizar ~ mesmos equipamentos 
usados em perfurações petrolíferas. ~ 
A panir do sexto quilômetro. no i1 
Como uma imensa cebola 
A estrutura da Tarrtt tJ torrm~da de camadas superpostas 
6370 km 
Núcleo 
interno 
sólído 
5 100 km 
Núcleo 
externo 
liquido 
2900 km 
Manto 
inferior 
700km 
Manto superior 
10·70 km 
o Crosta terrestre entanto. pretendem estrear um moto r ~'------------------------------J 
desenhado especialmente para essa ta· 
refa, cuja novidade é um dispositivo 
especial que corrig.irá automaticamen-
te a direção da sonda no menor desvio 
do e1xo de perfumção. Se tudo funcio· 
nar. os alemães poderão economizar 
tempo. Além de ~uperpreciso. esse 
instrumental t! bnsicamente capaz de 
suportar alt!ss1mas pressões e tempe· 
roturns. Quando a broca chegar ao 
décimo quano quilômetro. estará 
submetida à temperatura de 300 
grnus. Não tendo acesso direto ao in· 
terior do planetn. os cientistas sempre 
precisaram vale r-se de in formaçõe~ 
indiretos. Uma c.lus formas de saber o 
que há nas camadas in te rnas dessa 
gmnde cebola é nnalisar os fenôme· 
nos que nelas ocorrem. 
Nas ondas sismicas, uma 
preciosa fonte de dados 
Os terremoto~. por exemplo. emi· 
tem ondas sism1cas. cuJa trajetória e 
velottc.lade s;io minuciosamente estu· 
dadas ao se propagnrcm por toda a 
Terra. Combinado~ com outras infor-
mações. essas anólises trouxeram im-
plmnntes descobertas. Assim. o gcó· 
logo iugoslavo Andrija Mohorovicic 
descobriu já em 1909 que entre a cros-
ta e o manto hav1a uma descontinui· 
c.lade. Em homena[tem ao descobri· 
c.lor. ela foi batizada com o nome de 
Mohorovicic. Atei 1936. supunha-se 
que o núcleo era fluido. Naquele ano. 
40 SUHR 
porém.a sismóloga 
dinamarquesa lnge 
Lehman. hOJe com 
99 anos. revelou 
após estudos de on-
das sísmicas que o 
nücleo linha tam-
bém uma parte in-
tema ~lida . 
Para dcscobnr de 
que é feito e o que 
acontece no m1olo 
da grande ccbolo -
o inte rior tio núcleo 
-. os cientistus lc· 
voram em conta o 
efeito de um fenô-
meno natural muno 
estudado desde o l>é· 
culo XVI: o campo 
magnético terrestre. 
Atualmente. os geo-
flsicos estão conven-
cidos de que c:le é 
gerado no nucleo 
externo. medi<lntc: ~ 
um processo seme-
lhante ao de um di· 
namo. Sl~ que contf· 
nua - os dfnnmos que se conhecem 
silo dcscontrnuos -. onde a energia 
mecânica se transforma em energia 
eletromagncticn Essa é uma das ra-
zões pelas qua1s os cientistas ~u­
pócm que o matenal do núcleo in-
temo deva ser metâhco. po1s preci a 
conduzir elctric1dnue para fazer fun· 
cionor o dínamo. 
Tal teoria ~c encai;'\a na amili~e ~is­
mológ.icn: a velocidade das ondas de 
choque que os terremotos produzem 
ao atra,essar o núcleo revela uma 
dens1dade que correspondc à do ferro 
submetido a pressões como as que 
existem nas regiões cemrais do plnne· 
! 
ta . A esta evidêncm junta-sc.o fato de 
que no Universo conhecido não exis· 
te outro material com tais carncterls· 
ticas em quant1dadc suficiente pnrn 
constituir uma alternativa. Dar se 
consolidou a idéia de que o núcleo ~ 
feito essencialmente de ferro. embora 
também existam ne le elementos mais 
le,es. como sil!cio. enxofre. oxigê· 
nio. potássio. entre outros. Sabe-se 
com certeza que a prc:ssào do mate· 
rial do núcleo aumenta de acordo 
com a profundidade. 
Essa pode ser uma das razões que 
A lava ex,./lde pelos vulc&ls, quando /rrompe, 
permita conhecer melhor s neturazs do manto 
explicam por que o núcleo externo é 
líquido enquanto o interno é ~lido 
- a elevadlssima pressão impediria 
que e le se fundisse. A questiio ~~ 
pressão e da temperatu ra sempre lo1 
muito di scutida , e a cada dia que 
passa os cientistas conseguem vencer 
barreiras nas suas experiências n esse 
respeito . No início de 1987. por 
exemplo. os pesquisadores do lnsú· 
ruto de Tecnologia da Califórnia 
conseguiram determinar a tcmperaLu· 
ra do interior da Terru fazendo a se-
• f .. • • • • gumte expencnc1n: pnmc1r0. compn· 
miram uma amostra de ferro entre 
dois pequenos cones de diamantes. 
acionados por uma enorme prensa. 
até alcançar I ..I m1lhlio de atmosfe-
ras - de acordo com os cientistas. 
essa seria a pressão na fronteira en-
tre o núcleo externo e o manto. 
Temperatura no âmago do 
núcleo: 6 600 graus 
O segundo passo foi aplicar um 
raio laser na amostra para aquecer o 
fe rro a té o ponto de fusão. Vcri fi· 
cau-se então que o metal fundia a 
3 500 graus - enquanto sob a pres-
são atmosférica o ferro funde a I 500 
~m~us. A etapa seguinte foi descobrir 
ã temperntum no limite do núcleo 
sólido com o liquido. onde n pressão 
alcança 3.3 milhões de atmosferas -
algo como a injmaginável pressão 
que 3 300 carros e:~terceriam sobre 
uma superfície do tamanho de uma 
unha. Para isso. os cientistas dispara-
ram um projétil movido n hidrogênio 
contra a ílmostrn. comprimindo-a e 
aquecendo-a até que ntingisse seu 
ponto de fusão. 
Não conseguiram chegar aos 3.3 
milhões de atmosferas. mas deduzi-
mm que a temperatum. ali no limite 
entre o núcleo externo e o interno. 
estaria por volta de 6 300 graus; no 
âmago do núcleo, seria de 6 600 
graus. mais até que na superffcie ra-
IUP& 41 
118 
SE AIAB'IAM E DB 
CRESCEM 
diante do Sol. Esses novos dados au-
mentaram em 2 mil graus as estima-
tivas de temperatura que vigoravam 
até então. Entre os dados obtidos 
com essas experiências. um em espe· 
cial se destaca: o possível aumento 
da inOuência do núcleo nos proces-
sos que ocorrem no manto. que 
abrange a região que vai da divisa 
do núcleo externo até a descontinui-
dade de Mohorovicic. O que os cien-
tistas conhecem sobre o manto ba· 
seia-se no material que os vulcões 
expelem e nas cordilheiras vulcânicas 
No final de 1987. trinlll estudan-
tes freqüentavam o primeiro curso 
de graduação em Geofisica no Bra· 
si I. O curso começou em 1984. na 
Universidade de São Paulo. Dos 
vinte alunos que então se mutricu-
lamm. quatro terminaram o curso. 
Todos já têm emprego garantido: 
dois ficam no Instituto Astronômi-
co e GeofiSico e doi~ vão para 
grandes empresas. Afinal. mão· 
de-obra especializada nessa área é 
difícil. c empresas como a Petro· 
brás e a Nuclebrás sempre ti\'e· 
ram de investir alguns anos no 
treinamento desses profis~ionais. 
Eles vinham geralmente de áreas 
como a Engenharia e a Flsicu c 
depois ~e especializavam. 
Além das informuçôcs que os 
cíentistus obtêm estudando o~ fenO-
menos fisicos que ocorrem ubuixo 
da superficie. ::1~ perfuruc;õc~ ~o 
uma rica fonte de dados. Só que 
cxi~cm avançada tecnologia - e 
multo dinheiro. Por um motivo c 
por outro. é difícil ao 1;3rQ~il lun-
çnr-~c óm experiências de sond<~­
gens profu ndas. Mesmo assim. os 
brasiletros t~m participado de pro-
jetos internacionais com o objcti· 
vo de pesquisar as peculiandades 
geológicas do território. 
Eles cstào presentes nessas ope-
42 SUPIII 
do fundo oceânico. além do estudo 
de cenos meteoritos. 
Sabe-se que o manto é composto de 
silicatos. um material mais leve que a 
liga de ferro do núcleo e que não apa· 
rece de maneira uniforme. pois à me-
dida que a profundidade aumento o 
mesmo acontece com a temperatura 
e a pressão. Por isso, os cientistas 
dividiram o manto em dois níveis: o 
inferior e o superior. cada qual com-
posto de minerais diferentes. "Uma 
camada notável do manto superior é 
a astenosfera •·. diz o professor lgor 
Pacca. "situada o 250 quilõmetros del 
profundidade:· Mesmo sólida. possui 
plasticidade suficiente para permitir 
o movimento de placas que estão 
acima dela. 
Esse movimento é responsável pela 
deriva continental. que faz com que os 
oceanos cresçam e os continentes se 
Brocas uudas pelos cl~ntlstas 
sAo altamenta raslst~ntlls 
rações desde os anos 70. quando 
foi lan~ado o Programa Interno· 
cional de Geodinãmica. um por· 
tentoso prOJeto integrado por pes· 
quisadorcs de mais de cinqüenta 
pafscs. que estudou principalmen-
te os processos que modelaram a 
superfície da Terrc1.. Depois. no 
final de 1980. veio o Progrum•1 
Internacional de EStudos da Li· 
tosfcrn. que deve se estender pe· 
la década de 90. Um de seus 
coordcmrdorcs é o professor Um-
beno Cordani . diretoT" do Institu-
to de Geociências da Universida-
de de Si\6 Puulo. As infornwçôc~ 
levantadas por programas interna· 
ciomtis como esse não têm inte-
resse exclu~ivamcnte acadêmico: 
serYcm. por exemplo. pára auxi· 
li:tr prospecc;õcs de petróleo na 
' plataforma contmental, 
afastem cada vez mais uns dos outros. 
De fa to, sem o oceano n separá-las. as 
costas da África e do América do Sul 
se encaixariam perfeitamente. como 
num qucbra-cubcçn. A teoria da deri· 
va dos continentes foi proposta em 
1912 pelo meteorologista alemão AI· 
fred Wegcncr, mas até os anos 50 fi. 
cou à espera de urna explicação. Afi· 
nal. qual seria o mccMismo que fazia 
massas de terra tão imensas se deslo-
carem? Experi~nctllS realizadas já en-
tào demonstraram que os sólidos cri~· 
talinos Oufam como lfquidos quando 
se encontravam a temperaturas próxi-
mas do ponto de fusão. 
A crosta oceAnlca se 
desloca sem cessar 
Isso levou o geofísico holandês Fe· 
lix Vening-Meine~z a elaborar a teoria 
de que na astenosfera ocorriam fortes 
correntes ath•adas 
por diferenças de 
temperatura: os ma-
teriais quentes su-
biam c os frios des-
ciam. A teoria do 
gcoffsico holandês 
foi reforçada nos 
anos 60, quando se 
descobriu que a 
1 crosta oceánica se 
renovava sem cessar 
com deslocamentos 
· .~ horizontais a panir 
~ das cordilheiras vul-
'"""""-' cànicllS do Atlântico. 
esse movimento. 
elas liberam mn terral quente. do 
manto. e voltam a submergir. Isso 
ocorre. por exemplo. sob a cordi-
lheira dos Andes. Mas foi só há 
poucos anos que se comprovou defi-
nitivamente a presença dessas cor-rentes e sua inOuêncio na deriva dos 
oceanos. 
A moral da história é que. mes· 
mo não sendo possfvcl o acesso di-
reto ao intenor da Terra. os avan-
ços tecnológicos têm permitido aos 
cientistas ampliar os conhecimentos 
sobre sua estrutura, constituição e 
evolução - ul~m de compreender 
melhor os fenômenos que ocorrem 
na superffcic c nfetum a vida em to-
das as suas formas. • 
Maria lnl • Zanchetttt 
Para saber mais 
• G.ologY ~1. Víl<tor LMZ. ~ Edilota 
N~. SloPINio. 11141 
O dinheiro é 
como o esterco: 
não serve para 
nada. a não ser que seja 
espalhado. 
Franc~ B#tcon 
1561-1626 
Pollrco elil6sclo lngMs 
A palavra roi dada ao 
homem para encobrir 
seu pensamento. 
CNrr.• M. de 
T•lleyrand·Nf/gotd 
1154·1838 
Poll!ioo lrafiCés 
Costuma-se dizer que o 
tempo é um grande 
mestre. O rnaJ é que ele 
vai matando seus disci-
pulos. 
HHtor Berlloz 
IBOIJ· 1869 
Compositor lranc:és 
Com 20 anos todos 
têm o rosto que Deus 
lhes deu; com 40, o 
rosto que lhes deu a 
vida; e com 60 o ros-
to que merecem. 
-Scb~WIIar 
187Soi96S 
~,_. 
Pr6trrio No/»/ de P.z 
""' 1952 
Até depois que a 
morte os separou 
O casal Pierre e 
Marie Curie roi um 
extraordinário exemplo 
de fidelidade conjugal 
e científica. 
Eles trabalharam juntos. 
anos a fio, pesquisando 
a radiatividade-e 
em 1903 receberam 
juntos o Prêmio Nobel 
de Física. Essa 
fidelidade continuou 
mesmo depois da morte 
de Pierre, em 1906. 
atropelado por uma 
carruagem. Marie 
assumiu sua cátedra 
de Rsica na Sorbonne 
c começou a primeira 
aula exatamente no ponto 
em que ele interrompera 
Não pode ser bom por 
muito tempo quem não 
sabe por que é bom. 
Melhor é morrer de uma 
vez do que viver sempre 
temendo pela vida. 
O homem se distingue 
dos outros animais por 
ser o único que maltrata 
sua rêmea. 
JM:kl.ondc<! 
1616-1916 
E-/for~ 
a última, momentos 
antes do acidente fatal: 
"Quando consideramos 
O segredo do meu 
sucesso é pagar como 
se fosse pródigo e 
comprar como se es-
tivesse quebrado. 
HM<yFotd 
1863-1941 
~ameti:ano 
os progressos 
feitos pelas teorias da 
eletricidade ... " 
O sábio não diz o que 
sabe e o tolo não saQc o 
que diz. 
Ninguém pode ser com-
pletamente livre até que 
todos o sejam. 
Muito para o leste já é 
oeste. 
Provdrblo lnglfe 
Quem guarda sua boca 
guarda sua alma. 
S.lomlo 
S«vvoX•.C 
R.,delsnal 
SUfiR 43 
•- - . - . ·:. tir==jr/;JI''€1- E r17r, :::t:. ..... I • ' ~ ~ :. 
• I •• - - ;: - I "j !11. ;:: ;ns 1 • .. 1·n = 1; •: - •• -· "" - ~ ...._, ~ _ 1 
O piano e a tábua 
de logaritmos 
M uitos estudantes de Mú)1ca sen-tem verdade1ra a\•ersão pela 
Matemática - ou. pelo menos, pelo 
que lhes é oferecido na escola como 
ser.do Matemática. Para eles. deve 
ser uma surpresa saber que o grande 
filósofo e matemático alemão Gou-
fried Wilhelm Lcibniz (1646·1716) 
disse uma vez: '·A Música é um exer-
cício de Aritmética secreto e aquele 
que a ela se entrega às vezes ignora 
que maneja números". E <! assim: no 
acionarmos as tcclns de um piano 
moderno. por exemplo. estamo~. u ri· 
gor. teclando sobre logaritmos. 
A Música tem ligações muito for· 
tes com a Matemtltica. Uma delas 
diz respeito ao efeito produzido so· 
bre nossos ouvidos por um determi· 
nado som. O efei to depende sobretu· 
do da altura do som (ou, como pre· 
ferem os físicos. da sua freqüência. 
que é o número de vibrações. por 
segundo. do objeto que produz o 
som). Assim. fica claro que a cada 
som corresponde um número e a ca· 
da número. consequentemente. cor· 
responde um som. Outra daquelas li· 
gações aparece quando ouvimos dois 
sons simultaneamente. Isso eqwvale 
a perceber dois números. ou seja. 
uma relação. Ouvir o dó e o sol de 
uma mesma escala equivale a perce· 
ber a relação 213 (dois para três). 
que é a relação das freqüências des· 
ses dois sons. 
Admite-se que um ouvido bem 
treinado pode distinguir. dentro de 
uma oitava. até no máximo 54 sons. 
Mas usar todo esse potencial seria 
pouco prático. Pense comigo: um pia· 
no de oito oitavas teria de possuir 
432 teclas. Assim. parece que a 
questão inicial, na história da Músi· · 
ca, foi o momento em que se esco· 
lhcram alguns poucos sons, entre es· 
ses 54 que são possíveis. Foi uma res· 
ponsabilidade muito grande. a desses 
primeiros teóricos que decompuse· 
ram a oitava. Talvez nenhuma outra 
:me tenlla dependido de uma única 
decisão tão importante - e. como 
sempre. coube aos gregos tQmá·la. 
Eles desenvolveram a gama grega 
musical ao mesmo tempo em que de· 
senvolviam a Matemática. 
J á passaram 2 500 anos e a ga· ma diatõnica. ou de Pitágoras. 
continua sendo utilizada. Outras 
foram dcsenvohidas. como por 
exemplo a dos físicos. ou de Zarlino. 
e a temperada. imortalizada pelo 
compositor alemão Johann Sebastian 
Bach ( 1685 · 1750). Elas não são 
perfeitamente equivalentes. do ponto 
de vista físico. mas na prática são 
utilizadas como se fosse m. Uma mes· 
ma notação serve para todas elas. 
Tomemos a corda que produz o 
O gonlsl Johsnn 
S.bllstlsn Bsch foi 
sprender logaritmos 
sntos de começsr 
• crlsr seu pr6prlo 
sistema de 
composição musical 
I 
I 
! -
som fá. Os 213 dessa corda produ· 
zem o dó (a qumta de fá . na escala 
comum). os 113 dessa o som sol (a 
quinta de dó) e assim por diante. De 
quinta em quinta teremos fá-dó-sol· 
ré·lá·mi·si. Continuando o procesw 
teremos os sustemdos e bemóis. Nem 
todas da mesma oitava. é claro. Redu· 
zidas à oitava inicial. ela~ npnrccerão 
na ordem conhecida: dó-ré·mi·fá·sol· 
lá-si. 
O principio dn goma dos físicos. ou de Zurlino. é diferente. Dois 
sons são mais ngrudávels ao ouvido 
quanto mais hurm6nicos comuns tive-
rem. Os harmônicos de um som são 
aqueles sons que corrcspondem ao seu 
dobro. triplo. quádruplo etc. Alguns 
intervalos dessa gama coincidem com 
os da gama grega. outros estão bem 
próximos. Elas apresentam doze inter· 
valos. ligeiramente desigunis. 
Já a gama temperada tem doze in· 
tervalos igums. Nela. a potência doze 
de cada intervalo é igual a dois. Em 
outras palavras. o intervalo funda· 
mental é a rarz duodtcima de doi~ e 
as freqüências das doze notas estão 
em progressão geométrica. Os cha· 
mados graus de tonalidade da escala 
cromática não são eqilidistantes. nem 
pelo número de v1brações nem pelo 
comprimento de onda dos sons. mas 
representam os lognritmos de base 
dois dessas grandeza$. A gama tem· 
perada t. pois. uma concepção mate· 
mátka muito mais complicada. Bach 
só pôde usá-la com sucesso porque. 
já antes dele. o matemático escocês 
John Napier (1550·1617) havia criado 
os logari tmos. 
Agora, voltnndo no&. cstudnntcs do 
começo deste artigo: wlvcz eles pu· 
dessem aprender os logaritmos com 
mais focihdadé c prazer se li aula fos· 
se dada no departamento de Música, 
ao som de um piano bem nfinudo. • 
LuiZ Barco 11 ptO(essor dll E~ dll Ccmunl-
caçóes t1 Attes dll Unlversfdadtl dll S.to Peulo. 
o 
.0 o 
e " 
... 
~ 
~~ • t) .. .. 
• 
o ~ 
c. 
• 
'• \ t. .... () • .. ,.,1,\(ff 
• 
• 
Ptero por dentro 
Com base nas informações que ele próprio forneceu, nosso desenhista mostra aqui 
a estrutura do Pterocephalus. Veja que interessante: 
Apesar da aparência atarra<ad.l.. 
o e-;queleto é muito le\~ sraça$,) 
estrutura~· 8a t inci'U)t.Jd.i 
decompostosdesilici4<p'a tor· 
n.»p muito resistente. ape<ar de 
fe.-e. 
A ~ur.t do br,)ÇO é igwf .I do 
antebraço, o que lhe permite o 00. 
bro d,a rotação de uma mão hurm· 
na. MEótímoparadbrir tomeir<~>", 
explicou ele 
A ausência quase completa de 
dentes sugere uma dieca lrquid.J d4> 
C.Jidos ~ni5'os como o pl.\nc· 
ton, ou ainda ervas e fruto~ ma· 
cios. O cardápio das t.Jrt.trug3S 
tem servido esplendidamente ao 
PtCfl) em sua estada aqui na Tc:rr.t. 
A estrutura d~ membro~ infcroo-
-.:~;i------i rcs revelo~ que .1ndnr não é o forre 
do Ptem. Em seu f)laneta, de bJi· 
xa gravidade e atmos(cra dcns.., 3 
locomoção se r.u: aos ~!tos plorm· 
do~ Aqui na Terra o rná'ximo que 
ele consegue é lrOIM como um 
pingüim. 
Sobreviveu quem tinha cérebro 
Seu nomec:,ientifico é Pterocephalu~upren~ rn· 
Leressantis (do grego pt~:ro, que ~tgntfica J~. e C.t!-
phalus, cabeça, tambem do 8retJO), pois (!/e tem 
asasnacabeça,oquenãoéCQI5aCOt'num.5<'Umats 
longinquoancestralépProtopteroeephalu\lragrh\ 
que, rom suas grandes aletils de t~ .JrttcuiJçÕl>ç, 
conseguia \'Ó.Ire fazer dlgumas manobr,t~ "mpf€'~­
Com o passar do tempa, e.sa cap<Jctdade fot dtmt· 
nu{ndo, até que a espéCie ficqu CdpiJZ de ext'Cutar 
apenas breves \ÓOS pfanàdos, fJ que .1 mcmmf'n• 
taçãd das afetas extpia músculos fortes n.J mandi· 
bula. Com o crescuuento do cérebro, o~ mu~cu· 
los respon.sãveis pelo võo f9.ram <e Jtrofiandq. 
Pode-se 1Jzer que a espécie trc>cou, cQnscfente· 
mente, a capacidade de VOJr pela cupnc tdnde de• 
pensar. C:~nfe €!$perta~ não? 
A análíse dos fóssets rPvrfou qtlt.• ,1 c.wc/,, era 
preênsil, muito útil para quem vfvia na$ Arvoru:., 
Mas a pêrda progressiva da G<1pacidnd • (I C \'()111' (o,. 
.çou o Pç_otopterocept\alu ·a descer aCl çluio- c on· 
(,io a cautla tomou -e um rrombofhn. Atmpálllt!VIl 
à loco~wçâo, na posição ere1.11 e JC,1bou dcç.tptl· 
fecenao comple(amence. Convém não C$quc'CI)r 
que, quando o gênero Protopterot:ephalo\ rlt·~r<.·u 
das árvores, imediatamente (imedlatam('ntc .1qul 
:.tsnitica alguns milllões de .Jnos) diVIdw--;e em 
Do fundo do baú 
1--- .. -
ctois ramos: o Protoptçroccphalu~ sap1cn!> e o Pro-
topterocephalu~ robu!>tus,jJ extmto. 'b P. robus· 
tusa regressJodas afetas tOI mu110 VIOIMtiJ, o que 
la<Ou iJ e péçie .J uma dlt'liJ bJ>IC•llnenre C.Jrnno-
ra. Isso ex1gw força (iSICiJ, g.1rra~ e grandr~ m,l.\1· 
fas cheias ae,dente~. atur.Jimt•me, e>Y muSéu-
larura da lxxiJ im{X'Cliu o dt•'iC'IIVOII'Imenro do cé-
rebro. 
Menos esperto, o robu~tu" prefertu contmuar 
1<0ando atr.J~ do SCCJ flli!. Ma( quando o ~eu pl.me-
ta foi abalroado por um g1giJntesco meteoro, que 
os a~ttónomo~ c~maram Crvl<ldu~ mtrabih~ o clt-
ma se alterou drititiCiJmt•nu•, .1 oft!rta (le c ame caiu 
a n11eito ms1gmf1cante• e ,, e•fX•C"ie s~· danou. FOi 
exaram~me nesse periodode wM: planetdrtil que 
o P. fragillsconquistou ~ud• <~nten/Js. NiH'$Çtmdão 
cJe um mundo co/3erro de· pó, .-ó com lwmh.Js na 
te!itJ se poderia arhar ,1 p.Jrcc:tr.l CE'rta ('•lf<llJ·'"m· 
ti r a .sobreviwncliJ da csp&. 1e. 
Como ameia cont.JVJ com J~ .Jiefas, o P. fJag11is 
podia co[Jrir-grande.s diçt,111cii1!> sl!m ga'it.lf (TWi/,t 
enetyia, VoiiVit centen.1S r/v qullómetm.~. vendo t11· 
do. ~prendendo c(>i.MJ-'; p.u.1 amsli#" um f?!fllhll· 
do (/f! musga. Quànc.lo o p_[.m~J•l st· ré< upt'lou, 1111· 
/hõ.es de ;Jnos m,tf~ t11fCie, utfw OóV<t thip&lé IM via 
surgi(;/o: o Pteroçcphalu' ~aplonslntert!~santi~, ltl· 
teligellle, ~t:m CiWd,t, ereto, com .J'I;t:o t• .mtt•na~ /11· 
mino:l<~.> na cJb('Çi.l qut•lht• coniNt•m um tant.istl· 
co po<ler de comumc.t("<~O. 
• 
Entre tantas revelações, talvez n mn1s emoclonan· 
te seja essa fotogmlla que Ptero gentilmente nos 
cedeu: papal c mama<' Pt1HO no dia da despedi-
da. Observem-se as diferenças sexual~ e alguns 
costumes da espé<.ie: a~ aletas de papal PINo es-
tão reduzidas a tiras, o que é tido corno ~lnal de 
sabedoria e status; só grande~ vt.l)antcs podem os-
tentar tais afetas genuinamente gasta~. "Existem 
aqueles que por me10 de cirurgia tentam simular 
essas caraàeristicas, mas o resultado final é sem-
pre question~-cl': confidenciou Ptero. 
As fem1mstas podem ficar tranqUIIas: assuntos 
internos do planeta s.lo de competcncia das iê-
meas. Cabem aos machos os assuntos C'Ctemos. 
Obser""emos a gola da vestimenta de mamãe 
Prero: nela encontramos quatro b1cos que repre-
sentam os filhos que ela criou (sem ter necessa· 
riamente $erado>; aç afetas CUI'\'ilm-sc nc!>sa dire-
ção também como sinal de responsabilidade pe-
los cidadãos que ela colocou na SOCIC.'dade. 
Finalmente, um dos detalhes ma1s curiosos: as 
mãos. Entre os Ptero, não ter as m;tos p1ntadas com 
a violeta do deserto (uma tantura fe1ta com a seiva 
de uma planta do deseno c que sa1 da pele em 
pouco tempo) ê sanar de marginalização ~ocial. 
Explica-se :em tempos 1memoriais,a sociedade 
Prero estava dispersa pelo planeta escurecido pe-
lo efeito estufa; o contato entre os Indivíduos era 
básico para a manutençao de~ espéclc. Como é Im-
possível pintar os lindo~ desenho~ com a mesma 
qualidade nas duas maos, 6 preciso que dois Pte-
ro se encontrem e, pel<> menos. pintam-se as mãos. 
Hoje, o costume é um sfmbolo de vida t'm socie-
dade, e também um lembrete de que a amLcade 
não é apenas bonita, mas e~sencial. 
., 
''· 
. . ,. 
• 
• 
• • 
"'4"" f. ; ., 
··' 
• 
.robustus 
O dia-a-<1ia do professor 
de 2~ grau é uma corrida 
contra o relógio: dar. aqui e 
ali, as aulas de hoje. preparar as 
de manhã, corrigir as provas de 
ontem. Não sobra 
muito tempo para ~." • .!.."~~-
mais nada. --
É por isto que a 
Fundação Victor Civita 
está lançando SALA 
DE AULA, uma revista 
mensal que ajuda o 
professor de 2~ grau a se 
colocar em contato 
imediato com tudo que 
acontece a sua volta. 
Informação. Atualídades. 
Opinião. A quantas anda a 
Educação. O que vai pela 
cabeça do aluno. 
SALA DE AULA traz também 
opções de lazer e cultura para 
o professor de 2? grau esfriar 
a cabeça. se sobrar tempo. 
CRISE DE IDENTIDADE: o que 
fazer com o 2~ grau. 
NÓ NA LÍNGUA: em que pé 
está a reforma ortográfica . 
MATEMATIOU~S: ensinando 
Matemática através do 
"economês': 
CARETÕES: o novo perfil dos 
jovens de hoj e . 
E MUITOS OUTROS 
ASSUNTOS DE INTERESSE 
PAPA n POne:::r;<:cno 
Em dia com a matéria. 
Cem suas p4f11Jas que formam uma copa, e tulipa tnduz amlude e simpatia 
COSTUMES 
52 SUPR. 
A violeta era a flor 
preferida dos gregos. 
Os romanos eram 
apaixonados pelas 
rosas. Com o tempo, 
as flores tornaram-se 
símbolos por meio 
dos quais os homens . 
expnmem seus 
sentimentos. Cada 
uma tem seu 
próprio significado 
As viole tal slmbolllam o amor secreto e Inconfessável e a virgindade 
I ~ lirlos .lllguém é o 
~que diUfllr som noam '""'101'"' 
tl u mitologm que a rosa surgiu 
do Mmguc de Afrodite. deusa 
do amor. Ou ando ia em busca 
de seu amado Adõnis. monal· 
mente ferido por um javali. Afrodite 
cortou o dedo em uma planta cheia de 
espinhos - c do sangue que escorria 
nn~ccu u nor. Da mesma forma que 
aos gregos tomarnm emprestado os 
deuses. 11 mitologia e as lendas. os ro· 
manos ficuram também com o seu 
~;:osto pelas rosas - <rue se tomou a 
nor prdcrida no grande Império. 
No começo elas eram importadas 
do Egito. Como a procura era grande 
c os preços altos. cultivar rosas tor-
nou-se um negócio rendoso: os lavra-
Ror cláss1ca do-. • roa 
expressa !Khllrtllbllo e J»/Xjo 
dores preferiam plantar rosas uo trigo 
e outros vegetais. E assim aconteceu 
que. no auge do seu poder. Roma 
produzia todas as rosa~ de que preci-
sava para enfeicar suas Ccstns. mo~ ti· 
nha de importur comidu. O poeta 
Marcial (aprox. 38- 103 d.C.) até fez 
uns versos sobre essa est ranha situa-
ção: ''Vós. cgfpcios: hoje. as rosns ro-
manas são mais bclns CJUC as vossus. 
Agora. já niio mais necessltnmos de 
rosas. porém de voss<> trigo" . 
O homem moderno gosHl tnnlo das 
Oorcs quanto os gregos ou os romanos 
- talvez mais até. Hoje clus são usa-
das em codos os momentos: enfeitam 
as mesas durnnrc ns rescas, homena-
IUPIIt 53 
geiam os que nascem. os mortos c os 
que se casam. Flores também são da· 
das de presente a quem e visita e aos 
aniversariantes. Mas não se sabe ao 
certo quando o homem se deu conta 
do seu significado estético. 
Sabe·se que elos silo anteriores 11 
própri3 humanidade: folhas fósseis de 
rosas. prova\·elmente de 25 milhões de 
anos. encontradas na Europa. Estados 
Unidos e Extremo Oriente provam is· 
so. O gosto pelas flores. em todo caso. 
sempre foi coisa de gente civilizada. 
No tempo em que os romanos enchiatn 
seus campos de mudas de rosas. os vi· 
zinhos bárbaros se dedicavam exclusi· 
vamente ao cull1vo da comida - trigo 
e centeio principalmente. Paro eles. 
uma rosa era lixo. 
Um século depois de Marcial haver 
escrito aqueles versos. as rosas tiveram 
os maisvariados usos nn Roma já de· 
cadente. O imperador Heliogábnlo. 
que governou entre 218 e 222. monda· 
va encher as banheiras publicas com 
água de rosas. Em seu palácio. algu· 
mas salas eram decorodas com tapetes 
de flores. Além das rosas. o imperador 
apreciava violetas c em sua cozinho 
preparava-se um mnnjnr muito espe· 
Pétalas 
de lírio contm 
• 
de cobra 
cial: pétalas de violetas tostadas com 
rodelas de lamnja e limão. Foi Helio· 
gábalo o inventor dos almofadões per· 
fumados sobre os quais se deitavam 
seus convidados. Mas nem sempre ele 
os tratava com tanta gentileza. 
Ao contrário. o imperador costuma· 
va promover festas em que durante a 
madrugada uma chuva de pétalas de 
rosas e violetas caiu sobre os convida· 
dos. Alguns. já bebados. morriam as· 
fixiados. Mas isso era uma extrava· 
gílncia do imperador. Para os cidadãos 
comuns. as rosas serviam para de· 
monstmr todo tipo de sentimento: so· 
frlmcnto. discrição e paixão. E sorti lé· 
gios não faltavam. Quem quisesse. 
por exemplo. ter a fidelidade dn pes· 
Batida perfeita. toque macio. controle total 
são apenas algumas caracterlsticas da 
melhor bola fabricada no Brasil para seu melbor tênis. 
Chegou TRETORN XL. a bola profissional 
e macia. que dura mais porque não tem 
pressão intema, resultado da evoluçao 
tecnológica sueca. 
A nova embalagem com 4 bolas. para um 
jogo com menos interrupções. é outra 
grande caracterlstica. Esta é exclusiva da 
melhor bola de tênis. Aprovada mundialmente 
pela lntemational Tennis Federation. 
TELfFONE -'~ETO"' O a TRETORN teeom tudooa 
sou amada pela vida inteirn deveria 
pendurar um ramo de rosas ao Indo de 
uma garrafa de vinho por três dias. 
tres noites e três horas. Depois d~ 
tempo. um copo da bebida em ofere· 
cido ao amado ou amada sem que eles 
desconfiassem. 
Tudo isso os romanos foram apren· 
der com os gregos. que além das rosas 
e violetas cultivavam. tamlx!m. li rios e 
jacintos. Mas era a pequena. modesta 
violeta que tinha ma1s encantos para 
eles. Era comum na Grécia antiga co-
locar coroa de flores na. porta da casa 
dos apaixonado e naquela onde nas· 
cia uma criança. Também enfeitavam 
com ramos as mesas de banquetes c as 
ofereciam a vuitantcs ilustres. 
Até os cozinheiros merec:Uim grinal· 
das de nores quando preparavam al-
gum prato muito especial. Nos aconte· 
cimentos importantes. as ruas eram 
enfeitadas com fileiras de violetas. Na 
primavera. ns crianç-as que conse· 
guiam superar o terceiro ano de idade 
eram presenteadas com coroa~ de vio· 
letas. Isso porque na Gréclu antiga n 
taxa de mortnlidnde infantil era alta c 
dar norcs às crinnças era slmbolo de 
gratidão 11 vida. 
Os namorados se presenteavam 
com violetas. que eram também usa· 
das para cobrir a cama das noivas. 
simbolo de virgindade. De todos. 
eram os atenienses os mais apaixona· 
dos pelas violetas. A tal ponto que 
durante o inverno eles as protegiam 
colocando-as em pequeno, pálios 
cercados por muros altos cobertos 
com esteiras. 
a Idade Médía. ofertar um rama· 
lhete de violetas a alguém era símbo-
lo de um amor ~ecreto que não podia 
ser revelado. Jtl os lírios eram. por 
excelência. as Oores que Slmholi7a· 
vam sorte no amor. Por isso. as JO· 
vens costumavam colocar alguns deles 
nos chapéus dos rapazes. Em alguns 
países da Europa eram as flores do 
primeiro amor. Oferecer lírios 11 ai· 
guém significava também estar apai· 
xonado mas sem coragem de ~c de· 
clara r, por medo de ser rejeitado. 
Assim. os mnis tímidos. temeroço, de 
levar um fora. valiam-se dos lírios pn· 
ra exprimir sua pa1xão. Já os cavalei· 
ros. que andnvnm pelo mundo dcsfn· 
zcndo malfeitos c defendendo n ju~ti· 
ça. usavam ros<~s em seus bnrretc~ de 
veludo - sempre que estivessem '>U~· 
Trigo e bois 
em troca 
de um bulbo 
de tulipa 
pirando pelos favores de uma donzela 
indiferente ao seu amor. 
Nessa ~poca. a crença no poder 
curativo das flores chegou ao auge. 
Acreditava-se que as rosas eram um 
remédio que curava tudo. até mesmo 
a loucura. Aos lírios também eram 
atribuídos poderes semelhantes. 
Ouem fosse mordido por cobra de-
veria ~cr tratado com pétalas de lírio 
triturada~. l-louve mesmo quem achas; 
se que as flores C:\'lUlvam epidemias. E 
famoso o gesto de Lu rs LX. rei da 
França (1226-1270). que. no comando 
de umu cruzudn à Terr~ Santa. chegou 
a Túnis, no Norte da A f rica, c espar· 
giu crnvos sobre as pessoas. Não se 
tratava de ~tcmilcza- o rei ucredita\•a 
que assim podia combater a pc te que 
assolava o mundo medieval. 
Flor que simboliza n amizade e a 
simpatia. a tulipa provocou estragos 
na Holanda no século XVII. onde se 
tornou um negócio 1<io lucrativo que 
despertou cobiças. provocou gestos 
tresloucados e le\'OU muita gente 11 
bancarrota. Muitos holandeses vende· 
ram seus bens para comprar bulbos 
de tulipas. que eram 1mport01dos da 
Turquia. Por um ún1co deles. eram 
capazes de dar toneladas de trigo e 
centeio. ou bois. ovelhas. leitões. 
barris de cerveja. roup~ e taças de 
prata. Houve até quem trocou ~8 mil 
metros quadrados de terra - quase S 
hectares- por um un1co bulbo. • 
Hoje. a linguagem das Oores e 
universal. Elas estão nns fábricas. 
nos escritórios. nas cnsns de ricos e 
pobre~. crescem nos jordins públicos 
das grnndcs cidades. pcnduram-~e 
nos arranha-céus. Além de amor. 
alegrm. tristeza. esperança. elas ex· 
primem. também. saudade do~ bons 
tempos em que cru n natureza. por 
estar mais à mão. que oferecia sim· 
bolos pnw que o homem exprcssa~sc 
seus sentimentos. • 
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Tretorn XL, "The Best" 
COM O GUIA BRASIL QUEM VIAJA É 
Viajar com o GUIA BRASIL é uma tran· 
qOIIIdade. Antes mesmo de pegar a estrada. 
você fá sabe tudo o que vai encontrar pela 
frente. 
O GUIA BRASIL classificou mais de a!l!lQ 
hotéis e quase o mesmo número de restau· 
rantes, levando em coma o conforto. a quali· 
dade dosservicos e a tocalízação de cada um. 
Para as melhores cozinhas foram atribuld3s 
notas e estrelas. E o mais importante: as lal· 
xas de preços de cada hotel são indicadas em 
OTNs. Isto signmca que você pode planejar 
os custos de sua viagem e evitar surpresas 
desagradáveis na hora de pagar as contas. 
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O hambúrguer 
Levado aos Estados Unidos pelos imigrantes alemães 
do fim do século XIX, o bife de carne moída logo 
conquistou o público americano. Depois, já sob a 
forma de sanduíche, ganhou o mundo e virou símbolo 
O ano é 1904. 'Os E.~ados Unidos 
se transformam rapida-
mente na maior potên· 
cia industrial do plane-
ta. O novo século pro-
mete pa~ e prosperida· 
de para os americanos. 
Esse clírna de 
de terem sido os in-
ventores do futuro 
sandufche. 
anuência e otimismo 
vai-se rcnetir na Feira 
Mundial de Saint 
Louis. capital do Mis-
souri. no Meio-Oeste 
do país. Ali. multi-
dões tomam contato 
pela primeira vez com 
uma iguaria que trinta 
anos mais tarde viria 
a ser quase um verda· 
dciro sinônimo de Es· 
Produção de hambúrgueres em Sáo Paulo: como linha de montagem 
"Dize-me o que CO· 
mes e te direi quem 
és'', escreveu em 1826 
o gastrônomo francês 
Antoine Brillat-Sava-
rin (1755-1826). O 
hambúrguer. de fato, 
deve a sua popularida-
de às características da 
sociedade que o aco-
lheu. A panir do início 
do século. as massas de 
trabalhadores america-
nos necessitavam de ai· 
gum ripo de alimento 
rápido. prático e bara-
to-adequado. em su· 
ma. ao ritmo da explo-
tados Unidos: o hambúrguer.O hambúrguer descobriu a América 
na segunda metade do século xrx, tra· 
zido pelas levas de imigrantes alemfles 
embarcados no porto de Hamburgo. 
razflo pela qual seu primeiro nome no 
Novo Mundo foi hamburg sreak. Era 
uma comida rústica. Os primeiros a 
apreciá-la nos Estados Unidos foram 
os marinheiros que aproveitavam a 
carne entre dois pedac;os de pão para 
mastigar algo enquanto trabalhavam. 
Suas origens. no entanto. podem ser 
encontradas no passado remoto. Du-
rante os séculos XII e Xlll. a Europa 
conheceu as irw<•sôes dos chamados 
mongóis. Na verdade. entre os povos 
que se agrupavam sob essa denomina-
ção estavam os tártaros, tribos nõma· 
dcs guerreiras que habitavam as este· 
pes russas. Os tártarós introduziram na 
Europa a técnica de moer a carne dura 
c de má qualidade para tomá-la mais 
digerível. Diz a lenda que os cavaleiros 
tártaros costumavam levar a carne crua 
embaixo da sela quando galopavam em 
suas incursões guerreiras. Na hora de 
comer. o bife tártaro já tinha se roma-
do uma pasta. O que se sabe com cer-
teza é que os tánaros foram os que 
apresentaram o hnmb(trguer aos ham-
burgueses. Esses ficaram com a fama 
sflo industrial do país. 
Só faltava inventar uma fórmula pa· 
rn aproveitar esse mercado em expnn· 
são. Foi fácil. Antes ainda da Feira 
Mundial de Saint Louis, os americanos 
já conheciam o carrinho de sorvetes e 
hor-dogs- n versão americana da sal· 
sichn. também trazida por imigrantes 
alemães. Mas foi somente em 1921 
que surgiu :. primeira cadeia de lan· 
chonetes do pais. chamada White Cas· 
tle. Vendia-se nelas um hambúrguer 
cozido no vapor e cheio de cebola; o 
prnto wlvcz nflo fosse especialmente 
apetitoso. mas seu preço com certeza 
era: S centavos de dólar. Pelo seu 
efeito laxativo. ganharam o apelido de 
"escorregadores". 
As pequenas lanchonetes da década 
de 20 eram apenas lugares ond~ os 
fregueses sentavam ao balcão. Um ou 
dois funcionários faziam de tudo. des-
de virar os hambúrgueres na chapa até 
registrar as vendas. Muito diferentes 
foram os drive-in.r dos anos 30. Pátios 
de estacionamento grandes e de fácil 
acesso substituíam a pequena área de 
serviço na calçada. e ga~onetes em 
rempo integral serviam os esfomeados 
motoristas. A idéia prosperou - gar· 
çonetes a pé foram substituídas por 
m~ sobre patins. Logo. os clientes 
faziam pedidos usando telefones em 
cabinas nos estacionamentos. 
F oi nessa época que o cartunista americano Elzic Segar ( 1894-1938) 
acrescentou mais um personagem a suas 
tiras do Popeye. o marinheiro que gosta-
va de e-spinafre. J. Wellington Wimpy-
Pimpão. no Brasil - ficou famoso pelo 
seu insaciável apetite por hambúrgueres. 
Uma vez.. Popeye ganhou 20 mil dólares 
apostando que Wimpy níio agüentaria 
dez minutos com um hambúrguer no 
mão sem comê-lo. O esfomeado perso-
nagem segurou-o por 9 minutos e 50 
segundos. 
Em 1937. os irmãos Dick e Maurice 
Me Donald abriram um pequeno drive-
in na cidade de San Bernardino, na Ca-
lifórnia. e revolucionaram o mundo do 
jiiSt·food. Como todos os outros. eles 
serviam lanches rápidos para clientes 
apressados. O drive-i11 era também o 
ponto de encontro dos adolescentes da 
cidade. Por causa dessa clientela. os 
drive-ins eram identificados como fo-
cos de confusão. que ufugentavam as 
famnias de respeito. Para mudar essa 
imagem. em 1948, os irmãos Me Do-
nald reformularam a loja. Sem garço-
netes servindo no carro. a lanchonete 
perdeu pane do seu apelo pura os udo· 
Pímpão, amigo de Popeye: recordista 
lescentes. mas em compensação con-
quistou as famílias. Logo dezenas de 
pequenos empresários começavam a 
imitar o novo conceito de lanchonete. 
A partir dos Estados Unidos. o 
hambúrguer conquistou o mundo. A 
rodela de uns 50 gramas de carne moí-
da entre duas metades de pão redon-
do, coberta ou não de queijo. acom· 
panhada ou não de alface e tomate. 
pode ser encontrada em lugares tão 
distantes entre si como a Austrália e a 
Áustria. a Jamaica c o Japrco. É im-
possível saber quantos hambúrgueres 
são consumidos todos os dias no pla-
neta. mas a rede McDonald's calculou 
os que saem de suas cozinhas. O re-
sultado é assombroso: 12 528 000 
hambúrgueres cada vez que n Terra 
dá uma volw completa em redor de 
seu eixo. ou 145 por segundo. 
As lanchonetes começaram a chegar 
ao Brasil em 1952. quando o tenista 
americano Robert Fnlkcmburg fundou 
o primeiro Bob's em Copacabana. no 
Rio. Três anos maís tarde. o empresá-
rio Flávio Galante abria em São Paulo 
os seus Hot·Dogs. lanchonetes desti-
nadas a atrair o público dos cinemas 
da região da rua Augusta. 
Como no resto do mundo, também 
aqui o hambúrguer entrou para a li· 
nha de montagem. Com um sistema 
de licenci:lmcmto que permite a pro-
prietários de lojas usar uma marca co· 
nbecida. desde que sigam os padrões 
de qualidade da firma originaL algu-
mas lanchonetes dispõem até de com· 
puladores que programam o tempo de 
duração da fritura. De acordo com as 
regras do Departamento de Agricultu-
ra dos Estados Unidos. a carne de 
hambúrguer deve ser fresca. com até 
30 por centO de gordura. 
O s nutricionistas admirem que um hambúrguer com fritas alimenta 
bastante. "mas não deve tornar-se a 
refeição básica de uma pessoa todos 
os dias". ulertn Rosemnríe Andreaz-
za. da Escola Paulista de Medicina. 
Myrian Nnjas, da mesma escola, diz 
que o principal defeito dos sanduí· 
ches. como o hambúrguer. é o próprio 
motivo qu.: os tornaram tão popula-
res. "Nas grandes cidades. as pessoas 
não têm tempo nem dinheiro para se 
alimentar direito", afirma Myrian. 
''Em vez de com.:r num lugar tranqüi-
lo. mastigando com vagar. o consumi· 
dor de sanduíche engole tudo depres-
sa. não vê o que e nem quanto está 
comendo. É por causa disso que apa-
recem os casos de gastrlte. úlcera e 
até obesidade ... Mas. como todo mun-
do. a mesm<1 Myrinn não consegue fu-
gir à regrn. Dumntc o almoço. muitas 
vezes apela para um hambúrguer na 
lanchonete mais próxima. • 
A intimidade 
deummundo 
mtnimo 
O ltvro Vlagglo nel corpo umano, 
que documenta a Intimidade do orga· 
nismo, nasceu quase por acaso, cun· 
ta PiettO Moita. 45 anos. professor 
da Universidade La ~enz.a. de Ro-
ma. um apaixonado pelo universo 
menos que millmétrioo dos tecldos e 
células. Há vlntd anos fazendo pes· 
qulsas nessa 6rea, foi ele quem ado-
tou na ftâffa o microscópio efetrOnioo 
scanner, ou de varredura. como é 
chamado, de alcance multo maior. 
"O jornalista Plaro Angala me procu-
rou para fazer um programa de TV 
que moslrasse as proezas desse ml· 
croscóplo". lembra o professor. "Co· 
mo se trata de TV. surgiu a Idéia de 
colorir as fotos em preto e branco 
feitas através do scanner. O resulta· 
do fioou tão bonito que resolvemos 
aproveítá..fas num livro.· 
Mas néo foi essa a primeira vez 
An~la t1 Mott•: proezas na TV 
que o professor Motta viu suas fotos 
publicadas: ele tem mais de 250 tra· 
balhos divulgados em revistas, além 
de catorze l[vros editados na Itália e 
traduzidos em varlos idiomas. Nasci· 
do na Ilha da Sardenha. Motta das· 
cobriu o microscópio efelrónioo na 
Unwersidade de .Messina. na · Sicma. 
no Sul do pais. onde se formou em 
64ologia e Medlelna e viveu durante 
llintê anos Oalt ele saiu para o Ja· 
pao e para os Estados Unidos. pn· 
melro como bolsista, depois como 
professor visitante, sempre fazendo 
pesquisas com o microscópio eletrô-
nico. Hoje. além de lecionar. dirige o 
laboratório de microscopia do lnstiluto 
de Anatomia de Roma e participa de 
um projeto mulllnacional de fecunda· 
Çâo em proveta (m vfttO). 
Lamentando nao ter tempo "nem 
para esquiar". Motta. casado com 
uma médtca e pa• de uma menina 
de 7 anos. acha que o esforço com-
pensa. De fato. fazer uma dessas fo-
tos é um trabalho exigente. A amos· 
tra a ser fotografada passa primeiro 
por um "processo de fixação" - a 
retirada de toda a égua dos lecldos. 
Depois, ela é revestida com uma fi· 
nlsslma camada de ouro, para não 
ser queimada pelo feixe de luz do 
mlcroscóplo. A etapa final é colorir 
cada Imagem."com critérios lógicos 
e estélioos", E as cores reais? "Néo 
se pode saber quais são". responde 
o professor. "Os tecidos fotografados 
são porQOes tão mlnlmas de matéria 
que é lmposslvel ver a sua cor " 
ll•rl•tz. Augelll, H Rom• 
Este é o Superes1ojo s.mlelmGlle, a peço 
tp fd1uva pera voc:i ID1eôcltQ SUIS IMIIOS 
8e é bcri!D, aDio pillicD e pode oan!cJonol 
u:é 16 wucaes. 
SL't\ ~ mber 11B1 ~ S..llllal!s.1lrR. 
0 ~ ClllÍlllllt t ~ Cá 8~S.OO 0 Nm 10t ~ t pagn úS 9SO,OO 
.I\ 
~ 
,~ ·; Poro desfrutai o desm!IO o que voce tem lireílo, recooe 
e cc*l m o ~ oboixo o e~IO IJ!e lle!1lificn o seu 
~ \~lo 7 
-. 1'- ~or de ossinonte. • • 
lbne 
Endereço 
lkilo ai' 
I ,.~ 
bl;do , .. 
EsloiJ.o a seguialt lotma de pogameniO: 
o-dltqllt 1111110, OU!a6lt11011id õ 
~ Ald S.A., do lfOBonmnaL--
O Ydt·posrol (Nesre cmo, ~ 1111 
Ydt·poslol no \'Olor o se~ pago em 
walquef agindo do (Cfreio, em nome de 
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OBS. Se 1'016 r& ~ 11(0~ suo le'IISID, tCilit 
IOdos OI doilo! 0111 11tn11 foh RJliXQda e liga OI dt-
-~ 
• 
• comeca 
o gosto 
pela Ieitt••·a. 
Depois da cartilha, os quadrinhos. 
Aqui continua o processo de alfabetização. 
Aqui se desenvolve a imaginação, a fantasia e 
a capacidade de sonhar. 
Aqui se forma uma personalidade criativa, 
alegre, inteligente e saudáveL 
Daqui sairão os ávidos leitores de revistas, 
jornais e livros de amanhã. 
A Ab.ril sabe a responsabilidade que isso 
representa e produz seus quadrinhos com elevado 
padrão de qualidade artística. 
Nos estúdios da Abril - os maiores do 
"" , . . . genero no prus - autores nac10nrus cnam e 
desenvolvem temas e t'ersonagens inéditos. 
A Abril é o mruor centro mundial de 
produção de quadrinhos Disney, com histórias 
exportadas para Portugal, França, Itália, 
Dinamarca, Holanda e até para os próprios 
Estados Unidos. 
Ao todo, são cerca de 60 revistas infanto-
juvenis, num leque de publicações em permanente 
expansão, acompanhando a evolução do gosto das 
novas gerações. Um total de mais de 5 milhões de 
exemplares vendidos por mês, de forma segmentada 
para crianças, jovens e adultos. 
As histórias em quadrinhos da Abril são 
muito divertidas. Mas para nós é ~sunto sério. 
Você pode confiar nos quadrinhos da Abril. 
Editora Abril~ 
Revistas confiáveis 
, 
Os 
são de perder 
o 
O PKS 2000-330 ~ um dos 684 qua>a· 
res descobertos pelos astrofisicos em 
25 anos de pesquisa - faz pane. por· 
tanto, de um dos mais fascinantes enig· 
mas que desafiam o curiosidade do ho· 
mem. E todos os números que com· 
põem o seu dia-a.<IJa são. no mínimo. 
de perder o fôlego . 
A começar pela c:apacídade de radia-
ção. ou seja. de produzir e transmuir 
energia. Voei viu em SUPERINTE· 
RESSANTE n.• 5 a espantosa radia~o 
do nosso Sol. Pois qualquer quasar é 
c:apaz de irradiar tanto quanto 300 bi· 
lhões de sóis ao mesmo tempo. Aliás. se 
não fosse assim, nem c:onseguiriamos 
dcseobrir um deles no céu. pois os qua· 
sares. graças a esse poder portentoso. 
são os corpos celestes mais di~tantes que 
jâ conseguimos identificar. O PKS 
2000-330, por exemplo, encontra-se a 15 
bilhões de anos-luz da Terra. Se quiser. 
faça as contaS: a luz viaja à velocidade de 
300 mil quilômetros por segundo: redu· 
zir essa dist.ância a quilômetros significa 
escrever um número que tem 2J zeros. 
Força poderosa mantém as 
esbelas s 
Há quasares maJs próximos. é ceriC. 
O 3C 213 está a apenas 3 bilhões de 
anos-luz. o que ainda é muito. mas 
muito longe. Assim distantes.~ natural 
que os astrónomos nem consigam d1· 
zer. com exatidão. o que são eles. Seu 
próprio nome já é vago: fonte de rádio 
quase-este lar. do inglês quasi-srtflar 
radio source, de onde vem o acrõnimo 
quasar. Como nem todos se revelarom 
fontes de rádio tlío poderosas. foram 
chamados objetos quase estelnres 
(OSO). Alguma c:oisn. em todo caso. 
podemos saber n respeito. Estão em ga· 
láxias gigantescas. com dií1mctro em tor-
no de 500 mil anos-luz (a Via Láctea. a 
galâxia onde estão o Sol e seus plnnetns. 
tem 100 mil anos-luz de diâmetro). 
Eles fazem pane de galáxias ativas. 
relativamente jovens. Mas isso só po· 
demos perceber quando o próprio qua· 
sar envelhece. pois quando jovem ele 
brilha tão intensamente que ofusca to· 
das as estrelas da galáxia. Sendo assim. 
é até possível que nem existam mais 
quasares atualmente. Se o nosso conhe· 
74 aJMII 
lm~m radlotMsc6pl" dfl um quasar (o poquttno 
cfrculo colorido no centro) tt sua galbla 
No "nro Inferior 
dlrtl/10 .,.,_o 
primeiro quaur 
descoberto pttlo 
homem, o 3C 273, 
• 3 bllh6ea de 
anos-luz. No canto 
supttrlor nquerdo, 
outro quaur, nlo 
ldentlffcado, e 
pttlo mttna!l 15 
bllh6u de sno!l-luz 
,--_,~/ 
/ 
Esta 6 sllnha dfl radlaçio de uma 
galbla comum. Ela é qusse Igualao 
longo de toda 11 supttrlicltt do corpo 
cido PKS 200).330 tivesse dci.!(ado de 
brilhar há 15 bilhões de anos. sua ener-
gia ainda estaria chegando à Terra. Essa 
é mais ou menos a época em que os cien-
tistas supõem que ocorreu o Big Bung. 
dando origem ao Universo. Daí a idéia 
de que os quasares são corpos celestes 
dos mais antigos que conhecemos. 
Também não hã dúvida de que uma 
força muito poderosa faz com que as 
estrelas dessa galáxia se manu:nhnm 
concentradas em torno do seu núcleo, 
como um rebanho de ovelhas compor· 
tndas. Há :~proximadnmeote uns qua· 
tro anos a maioria dos cientistas que 
se dedicam ao estudo dos quasares 
chegou a um acordo: esse vigia do 
rebanho só pode ser um buraco ne-
gro - outro enigma fantástico que 
desafia a imaginação (veja quadró). 
Este 6 o gráfico das ond,. de 
rádio de uma g•t•xts com quaur: 
elss partem de um ponto único 
Se fosse posslvel olhar o quasar bem 
de perto. veríamos que do seu nú· 
c:leo extruordinariamente luminoso 
saltam longas fontes de gás. que bri· 
lham int.ensamente em tons verme· 
lho-azulados e chegam a atingir o 
comprimento de 80 milhões de anos-
luz - ou 800 vezes maior que toda 
a Via Láctea. 
A principal característica dos quasa-
res parece ser essa: a brilhnnte, inco-
mum luminosidade do seu centro. Ain· 
da assim. mesmo observado pelo mais 
potente tele~cópio ótico. um quasar fa· 
talmente J>e confundirá com uma estre· 
la comum. Suas caracterfsticns só c:o-
mec;am a ser reveladas quando passam 
pelos radiotelesc:ópios. Os maiores te-
lescópios óticos têm lentes de 3 metros 
de diâmetro: os mais modernos. com-
• 
., 
A radiação parte dos faros 
de glls que avan,_.m at6 
180 mllh6es de anos·luz 
havia seis linhas amplas que. no entan-
to. não se ajustavam a nenhum dos 92 
elementos que aparecem na nature-ta. 
Manrten pensou, entiio: e se as linhas 
espectrais não estivessc.m no lugar cer-
to, por estarem submetidas ao efeito 
Doppler - os deslocamentos para o 
' 'ennelho ou o azul? No deslocamento 
paro~ o vermelho. a luz do corpo celeste 
se toma mais vennelba do que é na 
realidade, devido à velocidade de seu 
movimento no espaço: e. no desloca· 
mento para o azul. ela se toma mais 
azul. ~ o mesmo que acontece com o 
som de uma ambulância que passa na 
rua em disparada: quando ela se apro-
xima de nós. a sirene fica ma1s aguda: 
quando ela se afasta, fica mais grave . 
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... 
• 
af 
Ele se afasta quase 
à ve locidade da luz 
O deslocamento para o azul equivale 
L------------' - à subida do som e indica que o corpo ce· 
Vtstoatntv6sdo telesc6plo teste está se aproximando da Terra;o 
61/co (ao lado), o quaSllr deslocamento para o vermelho indica 
nlfo se diferencia de outros que ele se afasta. Quase sempre a luz das 
corpos cttlestes. A obUrvliÇio 
polo l8dlotelesc6plo ofttr- estrelas apresenta deslocamento para o 
alrrllJ9~ acima. Quanto mais vennelho. pois o Universo se expande 
torta • radlliÇilo, mais pennanentemente e os corpos se distan· 
Juntss flclun as linhas. As ciam uns dos out.ros. Nas estrelas CO· 
du88 /msgens superpost.s muns. o deslocamento para o vennelho 
L-------------------J permitem ldent/1/caro quanr é de 0.1 por cento - ou seja, sun luz fica 
Esta Imagem ldttntlflca o desvio para o VIHmlllho do quaur 3C 273 
binando mais de uma lente. conse· 
guem chegar até os 50 metros. Já a on· 
tena do radiotelesc:ópio de Jodrell 
Bank. na Inglaterra. alcança 76 me· 
lCOS. 
Palpite levou à descoberta 
do primeiro quasar 
Mns há outra vnntagcm: ~ possl· 
vel combinar vários radiotelcscopios. 
mesmo que estejam localizados em di· 
versos paises ou continentes. c obter 
imagens que equivalem. por ~ua nit i· 
dez e precisão. à C'.apacidade de resolu-
ção de um tele~cópio ótico que tivesse 
uma lente de 12 mil Quilômetros. Não 
é exagero dizer que com os melhores 
radioteleseópios hoje existentes é pos· 
shel "enxergar" a mão de uma pessoa 
sobre a superficie da Lua. 
Que ta1s supenelesc:ópios são neces-
sários quando se estudam os quasares 
ficou claro na noite de 5 de revereiro 
de 1963: o astrônomo holandês Maar· 
ten Schm1dt. trabalhando no Instituto 
de Tecnologia da Califórma {Caltech), 
nos Estados Unidos. dec1diu seguir 
uma súbitn inspiração. Ele havia ob· 
servado as linhas espectrais encontra-
das no lul proveniente de uma fonte 
de radi:ac;úo. no constelac;5o de Vir· 
gcm. denominada JC 273. que ~ignifi· 
ca: insc:nç.uo número 273 no Terceiro 
Catálogo de Fontes de Rádio da Uni-
versidade de Cambridge. 
Essas linha~ espectrais revelam os 
materiais que compõem o corpo celes-
te observado - e no caso do 3C 273 
O. I por cento mais vcnnclha. Maarten 
mediu o deslocamento do 3C 273 e não 
conseguiu evitar um comentário assusta· 
do à mulher. quando voltou para easn: 
•·Hoje me aconteceu algo ancriver·. 
Incrível mesmo. O deslocamento pa-
ra o vennelho que ele medira era de 
15.8 por cento. Significa que aquele 
corpo celeste se afastava da Terra à ve-
locidade de 47 000 quilômetros por se· 
gundo. Só para ter uma idéia: a Terra 
gira ao redor do Sol à ' ·elocidade de 30 
quilômetros por segundo. Desde que o 
astrônomo americano Edwin Hubble 
(1889·1953) fixou o deslocamento para 
o vermelho como medida da velocida· 
de de afastamento de um corpo celes-
te. ficou c:laro também que essa \'Cioci· 
dade aumenta quanto mais longe da 
Terra esteja o referido corpo. 
Atualmente. deslocamentos para o 
vennelho de 15.8 por cento nfio espan· 
tam mais ninguém. Co•·rcspondcm a 
uma distilncia de apenas 3 bilhões de 
anos-luz. que é onde se encontram os 
quasares mais próximo~. O PKS 
2000-330 que estamos conhecendo tem 
350 por cento de deslocamento para o 
vemu:lho: significa que ele se afasta de 
nós à velocidade de 276 000 quilômetros 
por segundo-92 por een1o da velocida-
SUJID75 
Podem explicor 
a origem 
do Universo 
de da luz- e que está a algo em tomo 
de 15 bilhões de anos-luz de distância. 
Depois da descoberta de Maarten 
Schmidt, os quasares ganharam o seu 
nome esquisito e entraram para o rol 
das preocupações dos astrofisicos. AI· 
gumas descobertas roram feitas: eles 
estão muito longe, viajam a velocida· 
des altíssimas e são muito antigos. 
Analisando a radiação de um quasar no 
campo das ondas de rádio, cujo compri· 
mento vai dos centímetros aos quilôme· 
tros. verifica-se que ela provém de uma 
76 SUPU 
• 
fome em fonna de ponto. As galáxias 
comuns são fontes de rádio dilatadas, 
pois irradiam em toda a sua extensão. 
embora a intensidade vã aumentando 
aos poucos de fora para dentro. 
A radiação do quasar é tão forte 
quanto a da galáxia, mas está concen· 
trada num único ponto de origem. Du-
rante algum tempo imaginou-se que 
estrelas gigantescas girassem no núcleo 
cem ral dos quasares, a velocidades al-
tíssimas- e com isso criando as fortes 
ondas de rádío que eles emitem. Cál· 
culos precisos mostraram que tais es· 
trelas não podem existir: ou seriam pe· 
quenas demais, ou girariam a tamanha 
velocidade que fatalmente seriam des· 
rruídas. Pensou-se também no encon-
tro de grandes quantidades de matéria 
e antimatéria. capaz de provocar radia· 
ção tão forte. Mas esse caminho tam-
, 
f 
I t · Um palpite de Maarten 
• Schmldt (acima) levou il 
• descoberta do primeiro 
quasar. Apenas vários 
radlolelescóplos (ao lado) 
conJugados, como no dest~nho 
do alto, podem Identificar 
~ detalhes a dlstl nclas 
~ medidas em bilhões de anos·luz 
Deles nem a luZ' 
consegue escap•r 
Os buracos negros são uma en· 
genhosa criação teórica que expli-
ca muit<l coisa no Universo. mas 
nada provou. até agora. que eles 
existam de fato. Ninguém viu um 
buraco negro. pois eles têm carac-
terísticas multo peculiures. Uma 
nave. para sair de um planeta, ou 
de um corpo celeste qualquer. de-
ve ter uma velocidade suficiente 
para escapar à força de gravidade 
desse corpo. Os foguetes que le· 
vam satélites para a órbita da 
Terra devem subir a li quilôme-
tros por segundo. Para sair da 
Cua são necessários 2 quilômetros 
por segundo. Já para sair do Sol 
seriam necessários 600 quilômetros 
por segundo. 
Agora imaginemos um corpo ce-
leste que. fosse tão denso, com ma-
téria tão concentrada. que exigi~se 
mais de 300 00!) quilômetros por 
segundo. Nesse caso nad(\ poderia 
escapar dele, nem a luz. que viaja 
a essa velocidade - a maior que 
pode ser atingida. segundo as leis 
da Fisíca. Os buracos negros ,são 
assim. Não podemos vê-l9s. por· 
que eles não peonitem que a luz 
saia e chegue até nós. 
Segundo a Teoria da Rela!lvida-
de Geral, de Albert Einstein (SU-
PERINTERESSANTE n.• 2). a 
força gravitacional da matéria re-
tarda a passagem do tempo. Quem 
olhasse um corpo muito denso a 
distãncia veria que o tempo ali 
corre devagar. O efeito dessa di· 
minuição da velocidade do tempo 
será aumentar o comprimento da 
onda da luz emitida por esse cor· 
po. Se a densidade do corpo ao· 
mentar além de um certo limite, o 
tempo pára, o comprimento da on· 
da de luz torna-se infinito- o que 
significa que ela deixa de existir e 
a luz se apaga. 
Só a possante gravidade 
denuncia sua presença 
É provável que os buracos ne· 
gros se fonnem com a morte das 
estrelas maciças. As camadas exte· 
riores da estrela explodem. dando 
origem a uma ~upemova ; e as ca-
madas interiores implodem - e da 
implosão surgiria o bur.aco negro. 
Outros podem ter aparecido já na 
formação do Universo, quando 
densidades extremas marcaram a 
exP.Iosão do Big Bang. 
E o poS!;ante campo de grnvida-
de dos buracos negros que oferece 
a única possibilidade de detectar 
sua presença. No céu existem mui-
tas estrelas duplas, que giram uma 
em torno do outra. muito próxi-
mas. Descrevem uma espécie de 
círculo centrado num ponto situa-
do entre elas. Se uma dessas estre-
las fosse um buraco negro, só seria 
vista sua companheira, descreven-
do um cfrculo aparentemente sozi-
nha- mas a influência gravl tacio-
nal da outra se faria sentir. Alguns 
casos desse tipo são conhecidos. 
Outra hipótese para explicar a 
origem dos buracos negros são os 
quasares, potentes emissores de 
radiação. A origem dessa radiação 
concentra-se num ponto minúscu-
lo, no centro da galáxia. Parece 
paradoxa I invocar a presença de 
um buraco negro para explicar um 
corpo que irradia tanto. É possí-
vel, pois o buraco negro atrai e 
devora tudo que está por perto: 
nuvens interestelares, planetas. es-
trelas. Graças à sua poderosa atra· 
~ão, es.~es corpos caem nele a uma 
velocidade prodigiosa - e nesse 
instante se aquecem e brilham in-
tensamente. até atrave.ssarem uma 
linha imaginária chamada horizon-
te db aromecimento. O que passar 
dessa linha não volta, nem mesmo 
a luz. 
bém nãoé o correto. Por que haveria 
tanta antimatéria nos quasares se não 
se encontra quase nada dela em ne-
nhum outro ponto do Universo? 
Galáxias comuns são planas; 
os quasares, pontudos 
A verdade é que é difícil imaginar 
como pode ser liberada tanta energia 
num ponto relativamente pequeno, de 
forma que o fenômeno possa ser regis· 
trado por nossos aparelhos. aqui na 
Terra, a uma distância descomunal co-
mo os 15 bilhões de anos-luz. As ima-
gens obtidas através dos sinais de rádio 
mostram que as galáxias comuns têm , 
na parte externa, braços de espiral re-
lativamente planos, e no centro uma 
parte mais larga, em forma de disco. 
Nos quasares, falta esse disco: a ponta 
de irradiação parece saltar diretamente 
de uma esfera. A explicação mais plau· 
sivel para sua intensa luminosidade é a 
concentração de grande número de es-
trela,s na parte centra[, apertadas como 
sardmhas em lata. E claro que essa 
ccmparação é forçada - ainda quando 
muito pró>:imas. as estrelas estão a 
considerável distância umas das ou-
rras. Outra hipótese, mais recente, é 
que os quasares e sua extraordinária 
capacidade de radiação seriam fruto do 
choque ou encontro de duas ou mais ga-
láxias. lsso p.rovocaria o desvio das órbi-
tas das estrelas e dos movimentos das 
nuvens de gás interestelar, e tudo seria 
então engolido pelo buraco negro. 
Como se vê, há muito ainda quepes-
quisar e descobrir sobre esses fantásticos 
corpos celestes. Em janeiro passado. 
uma centena de cientistas reuniu-se em 
Tucson. Arizona, EUA, o.um congresso 
internacional destinado exclusivamente 
a discutir os quasares e as inúmeras teo-
rias construfdas em t.orno deles. As con-
clusões começarão a ser conhecidas nos 
próximos meses. Esses cientistas estão 
certos de que estão nos quasares as pis· 
tas mais promissoras para confirmar (ou 
retificar) a teoria do Big Bang (SUPER-
INTERESSANTE número 2) e par<~ 
que cheguemos. enfim, à compreensão 
da origem do Universo. • 
Almyr Gajardoni! 
Joseph Scheppach 
Para saber mais 
Um poUCII fN15 de BZlll, HJI»tt ~ Ed-
IOnl Matltn5 Fontes. 1986, Slo P•ulo 
De Tem1 •• g.làxiH, Rollaldo Rogério de 
Ftllitt1s Mourlo. Edilota Voz-.s. 1984 
Burocot Mgroa: un/tiSt$0$ em col•plo, Ro-
naldc Rog6tlo de Freitas MoutiJo. Editota Vo-
zes, 1981 
SUPU n 
oi a maior crup<;ilo du Vcsü-
vio de tiUC ~c 1cm nollcia. 
Na mnnhà de 24 de :t.gosw 
do uno 79. uma chuvn de cin-
zas c pi:dr:ts que '>llla da cra1era do 
vulcão ap•mhou de \urprcsn os mo· 
radores das ctdndc~ de Pompéta. 
Herculano c Slabta. Localizada~ no 
golfo de ápolc:s. no Sul da hália. 
as lrés foram lOlalmcmc: solc:rrada\. 
PomP,:ia. a 23 qu1lôme1ros de :ipo· 
les. com umu população esumada 
cn1rc 10 c 15 mil habi lanlcs. era a 
maior dela!.. Dim. anlC\ da caláqro-
fc. os pompciano' ouviram ruídos 
que vinht1m do ~olo c para os t1unis 
não cncomravam explicação. 
Provavclmemc. n julgar pela au-
so!ncia de precauções. eles nem se-
quer ~~pcuavnm de que a monla· 
nha onde planwvam vinhas nbrigava 
um pcngo>o \Uiciio. A<. pcdrns. cha· 
madas lapih (do itnliano fapilli. pc· 
drinhas). que a cratera expelia. ai· 
canc;avam quilômclros de ahura c 
algumas linham cspcs.sura slc 8 me· 
1ros. Normahncnlc. o~ lapili sào do 
tamanho de umu nvcm. Quem con-
$Cguiu sobreviver bs pcdntdll> Hcu· 
bou morrendo por asfixia: o Vcsü-
vio solwvu um gós :lltamcnlc tóxico 
c lclal. No dia 27. as cidades esw-
vam sepulladas debaixo das cinzas c 
pedras. 0!. sob r.:' ivcmcs que rclor-
namm c:rn buscu de: \CU~ pertence~ 
não encontraram mo1s nada. 
Algun~ •éculo~ mais !arde. nem 
era po"'ível precisar o local cxaw 
ao su"a 
HISTORIA 
Há quase 2 mil anos, 
uma erupção vulcânica 
soterrou Pompéia. 
Suas ruínas permitem 
conhecer o dia-a-dia 
de uma cidade 
romana - como se ela 
continuasse 
existindo para sempre 
Porcsusade 
esculturss 
como ests, 
lmsglnou·so 
quo os 
hebltenres 
ds Pomptfle 
1/nhom sito 
nfvel 
culturlll 
onde se ergueram. Só no século XVI 
é que fmam desc(lbcrlOs vc,tfgios 
dn~ ruínn~ de Pompéia. quundo o ar-
lfUilclU ilaliano Domenico Fnnllllla 
temou abnr um 1úncl sob 11 momc 
La Ci\•ila; ele prelcndia con\lruir um 
cnnnl que IC\1l~sc a água do no Sar· 
no para a Cidade vizinha de lorre 
Annunz1a1a. Pa'iSaram-~c m:us do" 
sc:culos ale que ·" pcsqu1:.o~' n.t ;~reil 
comcça..cm Em 1731<. por ordem 
do re1 C01rlo\ 111 de E\p<~nha - cu-
JOS dommio~ mcluíam N:iiJOic' • '' 
·cngcnhc1ro Rocco Giacchino de J\ 1-
cublcrre iniciou esc<~vaçõcs \iMcm:'all· 
c:l\ onde anlc' 'c erguer<~ llcrculano. 
a 8 qu1lômelro. de Nápolc\ 
De1 anos depms. passaram '' .;..c;t· 
var em muro local. que st> em 1763. 
por me10 de uma mscnção. fo1 tdenll· 
ficado ..:orno Pompéla. 0\ arqueólo-
go' conlrntadu, por Alcuhicrrc en-
contraram l:.unbem o pnmciro cadti· 
\'e r c tfUilnlo ma1s J\llnç-a' .tm no lra-
halho oulrtl!> uparcciam. Todo~ tran'-
formados em ~'SIUl uas de ped rru.. Süo 
famoso~ as de umu miic que amnmcn-
wva o filho. a de um cito pruso u C\lr-
rcrHC> (: as de trê~ joven~ mulhcrc~ 
surpreendidas nn fuga da Viln dos 
Mislérios. como ~c chamava o lcmplo 
onde se celebravam o' cullO\ ao deu' 
Dioní~o. A p<lsiç;iu em c1ue foram cn-
colllmdos o~ corpos indic;~ a luHI ((Ul' 
lr:l\:tr.lm parn ..c livrar da morte. 
E~sc:~ llChlldo~ cau~rnrn gmnde 1111-
paclo - c mio era para menu~. Pclil 
pnme1rn vez ' 'mha a publico a 1ma· 
Nocentrods 
cldsde, o fórum, 
/1 esquerdo, o o 
beslllcs, 11 
dlre/le. AbDIKO, 
/1 esquerds, o 
srcods via 
Cslfguls e. 11 
dlrel ts, s 
tlntun~rls e o 
fomo ds psdsrl• 
• 
gem concreta de uma cidade romana 
que não sofrera as mudanças que o 
tempo e as gerações teriam nela pro· 
duzido. A p.rincípio e por um bom 
tempo pensou-se que seus habitantes 
tinham alto nível cultural e artlstico 
devido às esculturas de bronze e már· 
more e aos objetos de prata e vidro 
ali encontrados. Mas no decorrer das 
investigações 6cou provado, ao con-
tr".uio, que os cidndãos de Pompéiu 
eram provincianos encerrados nos 
muros da pequena cidade. de onde só 
saiam para razer negócios. 
Uma inscrição na casa de Vedio Si-
rico. um rico comerciante local. dizia: 
"Salve o lucro''. Para a aristocracia 
romana - o patriciado - lucro signi· 
ficava aumento de patrimônio - uma 
verdadeira obsessão na época. Os ha· 
bitaotes de Pompéia eram uma mistu· 
ra de sanitas - povo itálico que ocu-
pou a região no século V a.C. -. ve-
teranos das regiões romanas - isto é. 
soldados que recebiam lotes de terra 
como recompensa - e ricos uriSlO· 
cratas· interessados em especulação 
imobiliária e em construir casas de 
veraneio. As cidades e vilas da região 
da Campânia. Pompéin entre elas, 
POMPÉIA VIVIA 
BASICAMENTE 
DO COMÉRCIO DE 
AZEITE E VINHO 
eram inicialmente aliadas de Roma, 
mas no século L a.C. rebelaram-se 
porque queriam ter representação po-
lhica junto ao Império romano. Der· 
rotadas. foram transformadas em co· 
16nias e o latim passou a ser a língua 
oficial em substituição ao asco. idio-
ma falado at..é emão em Pompéia. 
As pesquisas arqueológicas revela-
ram que. a sociedade pompeiana, co· 
mo qualquer outra do Império roma· 
no, apresemava grandes contrastes e 
diferenças de classe: os escravos c 
plebeus traba lhavam para os patdcios 
e o sonho dos cativos. quando conse· 
guiam a liberd.àde, era ganhar dinhei-
ro suficiente para comprar seu pró· 
prio escravo. Pompéia vivia basica-
mente do comércio de azeite e do vi· 
nho que produzia. Sua localizaçéio es-
tratégica, entre o mar e a foz do rio 
Samo. facilitava a exportaçáo desses 
produtos para cidades do Mediterrâ-
neo. No século Il a.C . • o comércio 
ganhou impulso e isso se refletiu de 
imediato nas construções, que au-
mentaram em número e em luxo. 
As escavações mostraram também 
que os moradores de Pompéiu vene· 
ravam os deuses oficiais romanos, 
tanto que havia templos em homena-
gem a Apolo. Júpiter e Vênus, a 
quem oferrovam orações e bens. Em 
troca. eles aqeditaVllm receber paz 
de espírito. As drvmdades cabia a 
responsabilidade de dingir a vida das 
pessoas e cuidar paraque os costu-
mes não se tomassem demasiada· 
mente devassos. A idéia mui to co· 
mum de que Pompéia era o paraiso 
do ócio e das bacanais do l mpério é 
hoje contestada. 
Ela nasceu da descoberta de dese-
nhos obscenos. slmbolos fáticos e ce-
nas eróticas pintados nas paredes de 
bordéis, que aguc;;ar.ám a imaginação 
dos escritores. A partir dai, eles 
constwiram toda uma história na 
qual os habitantes de Pompéia upa· 
recem como pessoas dissolutas. Na 
E/e vira as quatro rodas. 
Hondo Preluda um carro superinteresson· 
te que também viro os rodos de trás: es· 
tobllidode nos curvas, m01ez<;J nos mono-
bras. Um carro poro barbeiro' nenhum bo-
tordefelta 
verdade. bordéis também rit.eram 
parte de sociedades conservadoras e 
Pompéia nada mais foi que uma ci· 
dade representativa da sociedade ro-
mana da Antiguidade. Seja como 
for. as paredes dos bordéis são uma 
das atrações que levam mais de I 
milhão de turistas <tnualmente às rui· 
nas da cidade. A outra grande mra· 
ção fica por conta das casas. em sun 
maioria luxuosas e espa§Osas. todas 
com um jardim no meio. Por meio 
delas. pode-se reconstruir a tlpicu cu· 
sa romana da classe média abastada 
ou rica. 
No romance Smvricon, o escntor • 
romano Pctrõnio. que morreu no 
ano 66. retrata bem os usos e costu· 
mes característicos dos novos- ricos 
que moravam em Pompéia poucos 
anos antes da erupção do Vesúvio. 
Estudiosos modernos concordam. 
"Ali. fortunas se faziam da noite pa· 
ra o dia e da mesma forma oconte· 
ciam as falências. Isso talvez expli· 
que por que os pompcianos tinham 
como doutrina ''iver intensamente o 
momento presente" , afirma o ar-
queólogo Norberto Luiz Guaraniello. 
29 anos. professor da Universidade 
INSCRIÇÕES 
COBRIAM 
OS MUROS DA 
CIDADE 
de Sito p,,ulo. que realizou pesquisas 
arqueológicas em Pompéia no ano 
pass.1d0. 
As descobertas dos pe!!uisadon ~s 
desvendaram mullos aspecos do o o-
tidiano de Pompéia e rec•nst:ituíra m 
o~ seus derradeiros dias Naque la 
manhã de 2-1 de agosto de-~. as pa· 
dilrias. por exemplo. estavam em 
plenn atividade. Moinhos. máquinas 
de misturnr farinha. fornos e até 
pãe$ carbonizados testemunham isso. 
A cidade. que mal tinha se recupera· 
do da dcstruiçAo cau~ada por um ter-
remoto dezesse te anos antes. possuía 
também numerosas oficinas de rerrei· 
ros. o que provA · o grande domínio 
de técnicas de artesanato. As ofici· 
nus dO$ escultores. joalheiros. as lo· 
jas que vendiam alimentos, o merca-
Ele está em 
J A NAS BANCAS 
do. as fábricas de lã mpadas n óleo 
ilustram outros aspectos da vida dos 
cidadãos locais. Também foi possível 
saber que uma das termas da cidade 
ficava aberta à noite e era iluminada 
por cerca de mil lâmpadas n óleo. 
Tanto para homens quanto para mu-
lheres. as termas funcionavam como 
uma espécie de clube onde as pes-
soas se encontravam. 
Outra descoberta importante dos 
arqueólogos foram os graritos que se 
espalhavam por toda a cidade - de 
dar água na boca aos melhores grafi· 
teiros da.s metrópoles do século XX. 
Havia inscrições para 1odos os gos· 
tos: desde os que anunciavam a tro-
ca de um amante por outro até cita· 
ções. nem sempre exatas porque es-
critas de memória. de poetas como 
Virgílio. Além disso. nos muros das 
casas. ediflcios públicos e até nas se-
pulturas gravavam-se anúncios de 
combates de gladiadores c muita 
propaganda eleitoral. Todos os anos 
a população e legiu os duúnviros -
as duus autoridades mais importantes 
da cidade. equivalentes aos cônsules 
romanos - c dois cdis - espécie de 
vereadores que cuidavam da inspc-
Rodas. 
PL(NIO O JOVEM 
DESCREVEU 
A TRAGEDIA EM 
DUAS CARTAS 
ção e conservação dos edifieios 
públicos. 
Por isso. um oom número de pes· 
soas trabalhava à noue fazendo pro-
paganda de candidatos. "Eles traba-
lhavam em grupos". afirma o profes· 
sor Guaraniello. "Um segurava a es· 
cada, outro a lanterna, um tcreelro 
escrevia frases e hnvia os que depois 
das eleições limpavam os muros", ex-
plica ele. Mas. além de bons grafi tei· 
ros. ao que parece 
os pompeianos 
eram também 
bons de briga. Pe-
lo menos é o que 
se deduz de u 111 
episódio narrado 
pelo historiador 
romano Cornélio 
Tácito (56-120). 
Uma luta ent re 
gladiadores de 
Pompéia e da ci-
dade próxima de 
Nocera. no ano 
59. acabou em tu· 
multo generalizado 
das duas torcidas. 
Cu • " -
Aome e 
- o ,30 
Entre monos e 
feridos , as b:lixas 
foram maiores do 
lado dos nocera· 
nos. Por isso. o 
anfiteatro de Pom· 
péia. palco das lu· 
tas. ficou fechado 
por um bom tem-
po. A cidade unha 
ainda dois teatros: 
um com capacida· 
de para 5 mil pes-
soas. onde se re-
Pompll11, Herculano o St11bla, no Sul da Itália 
presentavam comédias, c outro me· 
no r. o odeon, que abrigava I 500 
pes.~oas, onde aconteciam os espetá· 
culos musicais. No que er11 conside-
rado o centro pulsnntc do eidndc, fi· 
cavam o fórum. os ediffcios públícos. 
o mercado, o banheiro público c os 
templos, além de urna grande lavan· 
deria e tinturaria. Comandada por 
uma mulher. coisa raro na época. de 
nome Eumachia. supõe-se que ali 
era tingida toda o lã de carneiro que 
a cidade produzia. 
84 SUHR 
Com base nas reconstituições que 
as pesquisas arqueológicas proporcio· 
naram, o cinema produziu a partir da 
década de 20 muitos filmes épicos 
que retrataram com fidelidade os 
usos e costumes da história romana 
da época c a tragédia que soterrou 
Pompéia. Os tíltimos dias de Pompéia 
é um filme que jâ teve quatro ver· 
sõcs: a primeira em 1926 e a última 
em 1983. esta uma minissérie para a 
televisão. Se. de um lado. as produ· 
çóes cinematográficas eram grandio· 
sas. de outro a vasta literatura deixa 
a desejar. Assim, o documento consi· 
deradO de maior ViliOr hiStÓriCO roi 
escrito por Phmo. o Jovem. 25 anos 
depois da 1 ragédia 
Em duas cano!> que env1ou ao his-
toriador Tácno. Plin1o descreve a 
morte de seu uo. Plfmo. o Velho 
Ambos se encontravam na c1dade de 
Miseno. numa das pontas da baia de 
Nãpoles. quase em rrente a Pom~ia. 
quando virnm a t:rupção. Pllmo. o 
Velho. que além de comandar a rrota 
romana foi autor de uma cncic:lo~­
dica llist6rio No111ro/, rcsol\·cu ver de 
perto o que :~contccia e ncabou mor· 
rendo na praia de Stabin. ;1sfixiado 
por gases tóxicos. As carta~ sito con· 
sideradas urna reportogem fiel do que 
se passou em Pompéia naqueles dias. 
Depois dn erupçno de 79. o Vesúvio 
irrompeu ainda nadn menos que trin· 
tn vezes - o episódio mnis recente 
ocorreu em 1944. Mas nunca com a 
violência que sepultou Pompéia. • 
Para saber mais 
Hf•r6rt. de Rom~~, M ~.ti. Ed.tola Gua· 
,_,._R.,~J~tM;ro 19113 
-----,---~----------------------------------------
"'' · . " . . 'I! . . . - • I p "';' ,:.~ ·· .'il:u_..~ ... : ...... . "I .. , - • - •• '! : , -· ••:· : ~ , .. :::;:Sj:i,. :1:....: - : 
-J.# - J ·} Q .. - ., - ... • ... • • 1111 ·--··~~· ... - li .... ... 
Cruzamento 
Utn trem sai às 13 horas da 
estação A ell) direçãe à estação B 
a uma velocidade de 50 
quilômetros por hora. Outm 
trem sai às 16lloras·da 
estação Bem direção à esta~ão 
A a uma velociâade de·25 
quilómetros por.hora. 
A que horas eles vão se 
encontrar, sabendo que en.t.re 
AeBexistem~ 
quilôme.tros? 
Luvas e 
• me1as 
Numa gave.ta há lO pares de 
meias 15rancas e lO pares 
tle meias pretas. Em outra 
gaveta b·á 10 pares de luvas 
brancas e lO pares de 
luvas pretas. 
Quantas peças, no mínimo, 
e necessário. tirar de cada 
gaveta, sem olhar, para se 
obter um par de meias e um 
par de' luvas da mes!n.a coi'? 
86 SUPER 
CUBIGRAMA 
Por Liliana lacocca 
A; Símbolo qui-
mico do tãntalo 
- Famoso líder 
revoJ uciooário 
chinê·S -- Uma 
"estrela~ ' nos 
EUA - ·Iniciais 
do cantor .. . A:ssumpi;ão. 8 : 
}\grupamento de pessoas mal-
afamadas - Gresce deQtto da 
terra. e: Ciência de aplicação 
da Mecânica celeste a várias 
atividàdes,' principalmente à 
Astropáutíca e à Geofísica 
(Astron.). D: O parceiro do 
cantor Guarabira - A po~ção 
distai do intestino delgado -
Corda com que uma embarca· 
~áo reboo<\ ot•tra - l niciais deAlig!lieri. E: .. . Ch.ai Cbih, es-
critor chinês, compilador de 
contos fantásticos - Nome dos 
ovos dos piolho~ que agarrâm 
na ba)ie dos pêlos (pl.). F: Pa-
trão - Scrisuàl, camal. G: Jo· 
go carteado, semelhante ao pi-
fe-pafe - Planta euwpéia, o 
me.~mo que b<lcarija. 
1: Quem rende 
culto d iyi no a 
um homem (pl.) 
Sigla do 
Amapá. 0: Ca,-
da um.a das 
grandes artérias 
que. da aorta, levam o san· 
g11e à eabeSca - Cada um 
dos 150 poemas lírícos do 
Anti,g9 Tesramenio. UI: Ál-
cool - Iniciais da atriz .. . 
'T'emple - Àgrupameoto de 
átomos com falta ou excesso 
de <:arga elétrica negativa. 
IV: Escapada. fugida - La-
rnent!l&iio , choraaeira. _V: 
GrandQ lago salgado da Asia 
- Serra do Estado de· Minas 
Gerais. 'VI: Nota musical -
Que rem dupla guarnis-ao 
cromossômica nos núcleos ce-
lulares (Biol. ) - fniciais do 
inventor da dinamite. VO: 
Lima ' 'ilha" oa Fninça 
Despida -- Camareiro 
·símbolo químiCQ do tórie. 
1: IniciaiS> do 
vérdadeirQ 
nome d·e 
George Sand 
- Rei fabu-
loso da M~u­
ritãnia, fil ho 
de Júpiter - NP!llC de ho-
mem. 2: ~ais imaginário do r<r 
maoce Vit1ge11S de 6ulliver, no 
qual os habitantés tinham ape-
nas 6 polegadas de altura -
Deter. reter. 3: Prefixo = ore-
lha - Falta de harmonia. 4: 
Nome do presidente dos EUA 
- Com l'iSCli$, me.<claiJa~. 5: 
Aparelho que os navios ocea-
nográficas arrástam na fundo 
do mar para obter amostras de 
material geQiógioo oo biológico 
(~.ceao. ) - 99 ern algarismos 
romanos - Q pronome da mu· 
lher. 6: Esfrangeif.a que perde 
a nacionalidade- de origem e 
passa 11 .desfrutar os. à ireitos 
que desfrutam os.. cidudãos de 
um país. 7: Ausência cong.ênita 
de cabeç<l- Aver5;i9, nojo. 
Seqüência 
A B c D E F G 
1 3 8 48 112 256-
2 5 12 64 144 
. 
3 7 16 80 
4 9 20 
5 11 24 
1--t---1--......1 Realizando de mo-
6 13 do seqüencial uma 
I'J1esma opel'ação arit-
7 mé.ti~a com os números d.a 
coluJla A, formo'U~se a colu-
na B. A partir da coluná 
B, da mesma maneira, formou-se a 
C, e assim por diante. Descub_ra 
quais são os números que compõçm 
a éoluna D. 
Quem é quem? 
Ambrósio não usa coleira, anda na 
mesma direção que Pafúncio, que 
rem o pêlo igllal aq de Jeremias. 
Jeremias anda na 111esma direçãq 
que Anacleto, que tem o pêlo igual 
ao de Felisberto. Descubra qual é 
cada um dos cachorros. 
Formas e somas iguais 
Divida a figura em' oito partes igyais n9 formato e na 
dimensão, de maileiia que os algarismos .contidos em cada .parte 
somem sempre o mesmo total. 
3 2 
1 2 4 
4 3 1 
2 3 
6 1 2 
4 
2· 4 3-
4 
1 
4 
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f 4?ne l031),_l1S·22$S 
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Fone: (061).22~96) 
FJ:ORIANÓPOLIS 
0.\\ 8:006> 12-:00 c da$ lõi:OOt s 18.:00 
fone: (<>182) .,..1980 
GOIÂNIA 
Oas9:00iu ll:OOedas l4:00â' 17:00 
fone: (062)261-3311 
Jato cósmico 
Bancos brancos. Jolm Gnbbm. Fron· 
cisco All't!S Eduora. Rto de Jonttro. 
1985 
Há cerca de 
meio século. os as-
trônomos soube-
ram pela primeira 
vez com segurança 
que as estrela~ da 
Via Láctea são 
apenas uma parte 
do vasto cenário 
cósmico. E que 
existem inúmeras • 
outras galáxias de rormns c tnmunhos 
variados . . cada umn Ulo cspetnculnr c 
importante pnra seus eventuais habi· 
tantes como u Via Lnctca é puna nós. 
Agora os astrônomos especulam sobre 
os buracos brQIICQs (a própria origem 
do Universo). algo como o contrário 
dos buracos negros. objetos que pos· 
suem uma influência gra~itacional tão 
Corte que nem mesmo a luz consegue 
escapar dela. Assim como a matéria 
pode "sumir" num buraco negro. ela 
também poderia ser despejada no 
Un1verso auavés de um jato cósmico 
de um buraoo semelhante. 
John Gribbin. doutor em Astrofi· 
stca pela Universidade de Cambrid-
ge ( Inglaterra). é um dos melhores 
cicerones para nos guiar nessas es· 
peculações. Trabalhando atualmente 
nu Universidade de Sussex, ele es· 
crcvc regularmente para o , semaná· 
rio inglês New Sciemist. As vezes 
c~ustico. mas sempre bein·humora· 
do. Gribbin argum~nta que o pro· 
blemn com o Universo é explicar de 
Tudo começou com um caldo 
O que é a vida?, A . Oparm, Edtto· 
ria/ Estampa. Lisboa. 1977 
Neste ~culo. 
ninguém causou 
tanto polemica 
com uma teonn 
l>Obre a ongem 
da vida qu:lntO o 
bioqulm1co sovié· 
tico Aleksandr 
lvanovich Oparin 
(1894-1980) Nn 
pnmaveru de 
1922, durante um encontro da So· 
ciedade Sovi~tica de Bot!lmca. pro· 
cur<~ndo integrar os rundamentos 
da Química com o teoria do evolu· 
ção de Darwin. Oparin declarou 
que os compostos orgânicos já exis· 
riam na Terra antes do apnrccimen· 
to da vida e que estu surgiu exata· 
mente dessa espécie de caldo orgll· 
nico -e não o contr(iri<>. como S4.! 
supunha. 
No seu livro. Opnrin explica 
que as substâncias orgânicas são a 
parte essencial e indispcn~ável da 
vida. "A$ mais simples são os hi· 
88 SUPIR 
drocarbonetos (compostos de car· 
bono e hidrogênio)'·. escreve. 
" Podemos considerar os bidrocar· 
bonetos como ponto de partida da 
cadeia de uaosformaçóe$ que, a 
partir dos compostos de carbono. 
chega ao aparecimento da vida ... 
A contribuição exemplar de Opa· 
rin roi a de retomar o enfoque 
materialista da questão de como a 
v1du apareceu. 
Ele concebeu a evolução como 
um processo único onde campos· 
tos inorgânicos geram compostos 
orgânicos. e estes. formas de vida. 
primeiro primitivas e. depoi.s, com 
o passar dos milênios. cada vez 
mais complexas. As reações contra 
essa teoria foram imensas. até por· 
que a química orgânica necessária 
para apoiá-la só viria a ser sufi· 
cientemente desenvolvida bem 
muis tarde. Base das modernas 
teorias sobre a origem da vida, es-
te livro de pouco mais de LOO pági· 
na~ é um clássico que não deve 
faltar numa boa biblioteca de di-
vulgação científica. 
A.C. 
onde vêm ns galúxtns. não para on· 
de estão mdo. "Não temos e'idên· 
cins dneta~ e inequ1vocas da eXJstén· 
cia dos buracos negros". diz ele. 
"Mas sabemos com ceneza que. se 
nossas 1déias cosmológ~cas estão cor-
retas. então e:uste pelo menos um 
buraco branco. e estornos v1vendo 
na sua consequêncw - o próprio 
Big Bang (n explosão in1c1al que te· 
ria originado o Universo) ... Pela 
complexidade do <bsunto. é bom ler 
o livro com calma. bem dcvognr. 
Vale a paciência. • 
Anthony de Chrl•to 
Cheiros da nova era 
Saberes e odore~ • o olfoto e o lmagi· 
nário socinl nos séculos dezoito e de· 
zenovc, Alain CoriJill, Companhia tias 
L~:tras, St10 Ptwlo, 1987 
De todos os st:n· 
ridos. o olfa to é o 
que historicamente 
menos atenção re· 
cebeu da ciênc1n 
Mas. por se trotar 
de um ~ntido es· 
sencial à lo0brev1· 
vência. va1 orientar 
os franceses. du- -
rante os séculos 
XVlll e XIX. nn rmplantaçtlo dos 
mais pnmáno<> principi~ de h1g~ene 
pessoal e de saneamento pubhco. até 
então desconhecidos. 
Alam Corbrn. h1stonador franccs. 
reconstitui o~ passos dessa d~oberta 
- na ve rdade uma red~obc:rta. pois 
os gregos já haviam valori.wdo o~ 
cheiro~. Ao analisar o que chama de 
"emanoçõcs nuuseabundus". Corbin 
mostru como a sociedade encontra a 
formo de lidor com a induwializac;ão. 
que fnz inchar ;rs cidades desprovidas 
de estruturn5 parn remover ou tratar o 
lixo. 
A batalha peln desudorizaçúo que 
se segue !I dcscobcr111 dos odores co-
mo indicadores das mazelas sociais é 
também um dos primeiros episódios 
da luta entre as classes nascentes. já 
que o redor é associado aos pobres. 
enquanto a burguesiase esmera na 
criação de essêncins que di&rarecm os 
odores do corpo. 
A mesma de Corbm. em quem 
Patrick Suskind teria se mspirado 
para escrever o best·seller O ptrfll· 
me. está em retratar o surgimento 
do novo estilo de vida em lingua-
gem ao mesmo tempo erudita e 
atraente. sem receio de abnr us por· 
tas de casas. fábricas. alcovas. pri· 
sões. hospitais e túmulos de seu~ 
antepassados. • 
Rachei Régl• 
De olhos abertos 
Os astrônomos pré-históricos do Jngá, 
Francisco C. Pessoa Faria, lbra.va. Silo 
Paulo, 1987 
Este livro é um gesto de nmor. 
Ao longo de trinta anos. o autor , 
sempre q ue pôde roubar algum tem· 
po ao seu 1rabalho profissional , foi 
pesquisar alguma coisa que ajudasse 
a decifrar o mistério da itaquatlara 
Cubigrama 
Luvas e meias 
Três pés d~ m eia são suficientes para 
formar um par da mesma cor. Já com 
as luvas é necessário tirar pelo menos 
21 peças, porque. se tirarmos apenas 
20. poderão sair 10 brancas da mão di-
reita e 10 pretas da mão direita, não 
formando. assim. par nenhum. 
do lngá. que gucr dizer pedra lavra-
da do logá E um longo painel ta-
lhado na rocha. no 1nterior da Pa-
ra1ba. obrn. provavelmente. dos in-
dígenas pré-co-
lombiano\. Faria. 
autodidata em Ar· 
queoastronomra 
- uma disoplina 
que estuda a cul· 
tura :mron6mica 
dos povos primiti· 
vos nos objetos e 
desenho~ que pro· 
duzm1m -. calcu-
la que c~scs desenhos foram feitos 
entre 4300 c 2150 u.C. 
Ele sugere que os desenhos do 
lngtí. uté hoíc não decifrados, se· 
riam umu representação do céu, e 
sustenta sua opinião com numerosas 
rcfcrêncios o obras semelhantes de 
outros povos primitivos. Dos índios 
bmsile1ros ele nos conta que já na 
Quem é quem? 
1 - Pafúncto 
2 • Anacle to 
3 • Felisberto 
4 · Jeremias 
5 · Ambrósio 
época do descobrimento sab1am que 
a Terra se mo"e em tomo do Sol 
- detalhe tanto mais notá,·el se nos 
lembrarmos que naquele mc~mo 
tempo. na Itália. a lnqu1siçlio perse-
guia Galileu por tentar difundir essa 
verdade. 
Faria está sempre atento o sua 
condição de amador - não d11n re· 
gras, não impõe conclusões. apeno' 
sugere. No fundo. o objetivo do h· 
vro é apenas tentar abrir os olhos 
da comunidade acadêmica pura a 
necessidade de estudar e discuur o~ 
itaquatiaras e dos governante~ porn 
a necessidade de defcndê·lns contrn 
os vândalos que as est11o destruindo . 
N inguém pense que lhe folt11 compe· 
tência profissionnl paro isso: quando 
não está !ls voltas com o amor de 
sua vida, Faria se ocupn atendendo 
a uma vasta clientc ln no seu consul· 
tório de oftalmologista.em São t>nulo. • 
Almyr OeJ•rdonl 
Seqüência 
De cima para baixo: 20 • 28 • 36 . 
44. Da soma do I. c 2. números 
da coluna A resulta o I. dn coluna 
B. rujo 2." número é o resultado do 
2." e 3.• da coluna A, e :bs1m con-
secutivamente. 
I CnRamento As 17h20 
Fonnas e somas 
• • 
IgUaiS 
3 2 
1 2 4 
4 3 .1 
L 2 _a_ 
16 1 2 
4 
·-:-
4 -
2 4 3 
I 4 
'- .! 
"· . , ., , . , . ...... ,_ ,. ,_ 
-: ::::::::1 •:t•• l 4 11 : • • .....:::: ~==: : t ::=:: : :: 
"" ~- ~ - .. 
90 SUHR 
:r,. r.:: ........ . 
; · ~·· · '' - .., I I I ! I • )I . . . . .. ... , , , . ' ... , . . . . .. . -
- -• • • .. . "" . . - . . -. . - . I • • • t • 
• • • . -
• : : t : •• • • "" ' !I I • ' • • • • ' : . . I ,J.. • 
Él~38NJTUéJ 
AIJ8f8 
~~Pl 
seu invento não terá muito ?tu~ 
Discos voadores 
Foi r"éalmente superinteressant~ a 
matéria sobre discos voadores (Sl n.• 
1, ano 2). Que continue o sucesso da 
revista. 
Ulisses S. Munhoz 
Curitiba, PR 
Fa~o votos para que SU.PERJ:NTE-
RESSANTE continue trazendo repor-
tagens dinâmicas .e de linguagem aces· 
síveJ. como a sobre discos voadores, . . 
que aborda um tema sério mas que é 
envolto por uma série de superstições 
e fraudes. 
Jesus 
Sílvio Tanabe 
São Paulo, SP 
Na matéria "Esse homem chamado 
Jesus" (SI n.• 1, ano 2) está escrito 
que Jesus nasceu antes de Cristo. En-
táo Jesus não é mesmo o Cristo? 
José Lucas Rose 
Monte Carmelo, MG 
'É. Mas, como está explicado ali, cá/· 
cuJos dos liistoriadMes índica.m que Je· 
sus IJasceu :mies do que se con~encio· 
nou ser o :mo 1 da era cristã. 
Causou-me desagFadãvel. surpresa a 
reportagem sobre Nosso Senhor eSal-
vador Jesus Cristo. Acbeí extrema-
mente leviano tratar um personagem 
de tão grancle impo.rtãneia históric.a 
em meras quatro pá~inas, com afirma-
~ões passíveis de ser tachadas de ab-
surdas. parecendo, em alguns pontos. 
intencio,nalmente maldosa.s. 
Cezárlo Marine/11 Jr. 
Maringá, ·PR 
Ciência e religião 
Quero pa.rabenizar a Editora Abril 
p.elo lançamento de SUPERINTE· 
RESSA:.NTE, revista cieniífica editada 
de forma acessível a públicos de varia-
dos níveis de escolaridade'. Contudo, 
àssuntos como a origem de Universo e 
da vida são extremame11te complexos 
e polêmicos. nãe podendo ser aborda-
dos apenas do ponto de vista científi-
co. Há de se considerar a ótica filesó-
fica e teológica que envolvem esses as-
suntos. 
Jos<í Antônio M. Freitas 
Trés Corações, MG 
Ciência e guerra 
Fico a pensar se é grande o saldo 
das grandes descobertas científicas. 
uma vez que todas as inovações tecno-
lógicas logo são requisiladas pelos doiS' 
grandes terrorista.s (EUA e URSS) 
para fins béliCos. É incrível a naturali-
dade oom que Q homem vem tratando 
a guerra, como na narrativa do pro-
grama "Guerra nas estrelas" , na re-
portagem " Doutor robô" (SI n.• I, 
ano2) 
Fabfano Agu/lar Satter 
Muniz Freire, ES 
Superconcurso 
E.~tou com dor-de..cotovelo. Senti 
muiio por uma :revista do l)Grte da ,SU-
PER ter dado prêmios a slogans rão pQ-
bres como "A professora sem óculos" e 
" O Big Bang editorial" . Por que o Big 
Bang? Em que país estamos? O segundo 
co!ocado não sabe que a língua oficial do 
B,easil é o português? Por favor, não 
usem esses slogans. Paraliéos pelo ter-
ceiro lugar. Reitero meu despeito. Pesa-
rosamente. 
Clarice de Andrade S. Castro . 
Mogl das Cruzes, SP 
Gosto não se· disc11te, Cla~ice. N6s 
11slimos Bfg. Bang porque t o nome uni-
,versaiiJlente con.~agrado de uma teoria 
científica. Se escre.vê$semos Grande Ex· 
plosão ninguém saberia do que se trata, 
da mesma fórma que se escrevermos SI· 
DA niriguem sabeiá que falamos da ter-
ri>'el AIDS, do inglês Acquired lmmune 
D eficiepcy Syndrome (5índrome de Jmu-
nodeficiiincia ;idquirida). Mas saiba que 
a paltwra inglesa slogan, que você usa 
em sua carta, tem perfeita tradução em 
português: divisa. Mas também é esqui-
sito, mlo? 
Curtição 
Sou amante t.!a ciência ~ fiquei liga-
do ao descobrir SUPER!NTERES-
SANTE. Os artigos e as fotos são fas-
cinantes. Todos os assuntos são trata-
dos de maneira simples e· acessíveL 
Are quem não se' liga muito pocle 
acompanhar e C\1rtir. 
Jacinto da Costa S)/va Neto 
Garanhuns, PE 
Quero paFabenizá-los pelo alto ní· 
vel da revista e pela maneira simple.$ e 
objetiva com que assuntos diffceis e 
importantes são abo.rdados. Nós preci-
sávamos de. uma revista ass.im! 
Joel Nogueira de Sá Jr. 
Campinas, SP 
Quero dizer·ll:ies que nunca gostei 
tanto de umà revista come essa que 
vocês publicam. Sou i"ã o. • 1 da SU-
PER. Espero que continuem assim 
por muitos e muitos anos. 
Díego Veronese Saldanha 
Caxias do Sul, RS 
Superinsatisfeíto 
Tenho co'mp.rado sempre essa revis-
ta, ainda que achapdo - CGmo qual-
quer .outra pessoa - que o título é 
idiota, de um mau gosto incifvel e 
mesmo ... presun.çoso e bobo. Vamos 
mudar? Sugiro um plebiscito. SUPE-
RINTERESSANTE é. uma besteira. 
Falha nossa 
R. Rodrigues 
Rio de Janeiro, RJ 
• No [JQSier PBS$Rtelilpos de verão (51 n: • 
1, ano 2) o resultado do problema "SOmas 
~ maluquices'' é 9 6()9. O ret"lllfildli da so-
ma ,fntfirsda na legenda 5 + 7 é ~ tal co-
mo está no texto. 
• O nome do aiador do jeBllS é Levi 
Strauss (SI n. • 2. /l/lo 2). Oilude Lérf-
Sfrauss é um ootável antrop61ogo belga, ra· 
dirsdo na Flll/ISB. 
• A legenda da foto da nota "Chabu TIOS 
testes amam~ programa" (51 n . • Z, ano 2) 
é: Nom propnlsor não passa nos testes. 
SUPERINTERESSANTE. 
Cartas P~~/do Flausine Go.rnes, 61 . 
Ru~~~04575.São Paulo. SP. 
. pa"e as cartas 
por moiJVO de es " · ·da mente. 
p<:!derão ser pt~blicaaas resumi 
SUPER 91 
O Brasil visto 
pelo satélite 
Poros feiras n 832 km mostram 
detalhes surpreendentes de 
cidades (acima, o Rio). 
campos, OorestAs e subsolo. 
A televisão da aJde. 
Modemasaruenas . . . lél global 
assistic a p~bóll~ Já ~rmirem 
Estamos a caminho transmitidos VIa snrélire de r 
tanro se falou temposdaa:;!~visaC. o m~ndial. de qucqua quer pafs. 
:::;~~ã:--~~~~7-u;;~·~O~m:o~l~~;~u~~~~ a ... nossas vidas? 
,.,__~ -
Pele para 
toda obra 
~-pe.le defende 0 corpo dos 
101m1gos, controla a · 
temperatura e a pressão 
e até produz hormônios. 
O presente: 
isso existe? 
Thdo que aconteoe, aconreoe 
no presc_nre. Mesmo assim. 
~UJtos Cientistas dizem que 
nao há o "momento presente". 
::::::az • 
JAPAN AIR LI~ES. 
A ~MPRESA A~REA QUE MUDOU. 
ATE NA APARENCIA. 
Estes são os novo-; uniíormes do JX>s~oal d~ )AL. apresentação, até o serviço e o sabor. A pontualidade 
Ele> refletem não apenas uma mud.1nç.1 de ettlo no é umc1 constante dos 747 da )Al no mundo iniE'iro, e as 
vestir, mas mostram um renasc•menlo de alitudl'!; suas reservas são feitas com a maior rapidez e scgumnça. 
A panir do momento em que voe(! cmb.uc.l num vOo Os mec3nícos, engenheiros e pilotos da JAL nao sao 
da JAL, começa a sua viagem de d<"'Colx•rt,, detc apenas os melhores na tecnologia: eles incorporam 
renascimento e desta mudança. A hospit;~lldadc, un1<1 o esplrito da JAL. 
heran.ça da dedicação japonesil de ma1s de mil ~nos, No mundo todo, m~is de 20 mil pessoas estiio prontas 
é o primeiro indicio. Depois, você pcr<w(w que r.ada e preparadas para atenclê-lo bem. Mais ainda: da melhor 
refeição é preparada para agradá-lo dcstlc> a .--. forma que existe. 
JAPAN A/R LINES 
Mudando fMr.t melhor Mudando para você. 
filiaiSio-lrliOin2S9-5~44 ~JM ldoiielo\lt1.opoit "' S)o~" ., ~p, ,. r-..a.o. I.....,.. !r 011•221-W.i) Zl!_,.,.·AodlioBr""" 1011-19'"<1" J;,odf)lrwoJO 
A união de dois dos tnaiores símbolos do mundo 
fmanceiro gerou utn investimento acessível a você. 
Agora com o Citiouro, vendido exclusivamente nas filiais 
Citibank, ficou muito mais fá!il você ter acesso ao 
investimento mais sólido e cobiçado de todos os tempos. 
DESCOMPLICAÇÃO - Urna caneta, um simples 
formulário, 5 minutos, o equivalente a :?5 gramas de 
ouro e a sua assinatura é tudo que você precisa para 
ser um investidor Citiouro. 
DUPLA SEGURANÇA -Além da garantia e da solidez 
que o ouro significa no mundo fmanceiro, você 
ainda tem a segurança do Citibank na compra, guarda 
e revenda do ouro. 
LIQUIDEZ IMEDIATA -Você vende quanto e quando 
quiser. Não há prazos de carência nem intervalos mínimos 
entre as vendas, que são processadas em 24 horas. 
FLEXIBILIDADE DE INVESTIMENTO - Citiouro 
é as~im: é ouro em conta. Você investe de acordo com 
as suas possibilidades, determinando a importância em 
dinheiro que quer aplicar. E o Citiouro faz tudo por você: 
transforma essa quantia em gramas de ouro. 
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