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POUCOS MISTERIOS RESISTEM A UMA CHAVE DEFENDA. Se ~ pensa que a Plreltl está apenas no pneu do seu carro, en- gano seu! Pegue uma cba\'e de fenda e solte o painel, que você vai encontrar mais. Aqueles chicotes• de fios colori- dos, que ligam toda a parte elétrica do carro, são produzldos pelo maior fabricante de cabos de energia do mundo. Se não estiver sallsfeito, vá sol- tando os parafusos, que você não vai parar de encontrar a Plreltl. Seja qual for a marca do seu carro. E, para adiantar o futuro, já estamos preparados para monitorar, atra~ das fibras óticas, cerca de trezentos itens de instrumentos e controles de um automóvel. ~cabos, além de energia, transmitem confiança. IAELLI • Figue sócio do mam. Nós abaixo assinados agradecemos. Melhor que ser amigo da Arte é ser sócio dela .. Ficando sócio do MAM você pode ganhar uma gravura por ano. Tem seu nome inserido nas dependências do museu. Recebe carteita de sócio com direito a entrada franca em todos os eventos. Pode descontar sua contribuição do imposto de Renda. E o mais importante: ajuda o MAM a . continuar sendo o MAM. Entre em contato com a geme: (011) 549.9688, falar com Lúcia Aldo Bonadei, Alfredo Volpi, Arnaldo Pedroso D'Horta, Aldemir Martins, Abelardo Zaluar, Alberto Teixeira, Aldir Mendes.de Souza, Amilcar de castro, Ascânio M.M.M., Antônio Bandeira, Arlindo Daibert, Arthur Luiz Piza, Amélia Toledo, Anita Malfatti, Alcindo Moreira Filho, Alex Fleming, Anna Letycia, Brecheret, Bavarelli, Bené Fonteles, Bruno Giorgi, Clóvis Graciano, Caciporé Torres, Carybé, carros Scliãr, Carros Vergara, Cássio Michallany, Cláudio Tozzi, Cléber Machado, Di Cavalcanti, Di Prete, Darcy Penteado, Daniel Senise, Ernesto Di Fiori, Emanuel Araújo, Edith Behring, Evandro Carlos Jardim, Flávio de Carvalho, Fiaminghi, Famese de Andrade, Fúlvio Penacchí, Franz Krajcberg, Frans Weissmann, Fayga Ostrower, Gerda Brentani, Guilherme Faria, Grudzinski, Oswaldo Goeldi, Gilberto Salvador, Geraldo de Barros, Granato, Gustavo Rosa, Henrique Boese, Hércules Barsotti, Hugo Adami, lone Saldanha, Iracema Arditi, Ivan Serpa, José Antônio da Silva, José Rezende, Jair Glass, Károly Pichler, Lothar Charroux, León Ferrari, Luís Saciloto, Lydia Okumura, Lúcia Porto, Lívio Abramo, Marcelo Grassmann, Mário Gruber, Mário Zanini, Maria Leontina, Maria Bonomi, Maria Guilhermina, Mário Agostinelli, Mário Cravo, Maria Tomaselli, Maurício Nogueira Lima, Megumi Yuasa, Moriconi, Martin Disler, Manfredo Souza Neto, Milton da Costa, Marcelo Nietsche, Norberto Nicola, Ottone Zorlini, Otávio Roth, Olney Kruse, Pancetti, Portinari, Pola Rezende, Rebolo, Rossi Osir, Renina Katz, Sérgio Milliet, Sérgio Camargo, Samico, Siron Franco, Sérvulo Esmeralda, Tarsila do Amaral, Tomie Ohtake, Thomaz lanelli, Tomoshigue Kusuno, Tuneu, Takashi Fukushima, Vlavianos, Wega Nery, Willys de Castro, Yolanda Mohaly. Fique sócio do mam. Nem só de arte vive um museu. Apoio OPZ. Revista SUPERJN1UESSANTE CAPA S.O.S. ozõnio A eamada ·de ozônj.o que protege a Terra da ritdiação ultravioleta do Sol está ameaçàda. Os efeitos podem ser dramáticos. mas o mundo se prepara para evitá-los 16 COMPORTAMENTO 1----::::::=~~~~-~ Tudo mentira TECNOLOGIA Revolução a bordo Uma nova geração de jatos nasce com o A320. em que a eletrônica assume fi rme o comando 32 GEOFÍSICA Mente-se para escapar de situações diffceis, realizar sonhos, lesar o outro. A verdade é que todos têm um pouco ou muito de Pinocchio 24 _.)ftllt .. - . ·--- - -- ·---. ···---=- c - Descida aos porões do planeta 1"'*.1 É mais fácil ir à Lua do que ao centro da Terra. Mas, com sondas =~~~~:_~!i! especiais, o homem já começa essa pesquisa COSTUMES Quando falam as flores: chaves de um código 38 Desde os tempos antigos. as tlores comunicam 52 mensagens que exprimem sentimentos humanos BIOLOGIA Por dentro da vida Extraordinária colecção de fotografias feitas por microscóp·io eletrônico, publicada com el(clusividade no Brasil, mostra o qoe acontece com o corpo do homem e da mulher no processo da fecundação. O colorido das imagens evidencia minúcias 60 como a ação dos hormônios nas células ASTRONOMIA FOTOGRAFIA Uma gata e seus gatinhos Quase testemunhas do Big Bang Silo os quasares, os corpos celestes mais antigos, distantes e luminosos que existem 72 Unindo a fotografia aos raios X. obteve-se uma 78 imagem da mãe e dos filhotes ainda por nascer , HISTORIA Pompêia, cidade eterna Há q uasc 2 mil anos, Pompéia foi soterrada por uma erupção do Vcsúvio. Suas ruínas mostram o cotidiano de uma cidade romana SEÇÕES Notícias superinteressantes Perguntas superíntrigantes Telescópio Oito & feito Dois mais dois Grandes idéias Superdivertldo Uvros superlmportantes Superdivertído/soluções Su~graçado Cartas dos leitores Capa: ilusl13çáo Ronaldo-Ll>PIIS Teixeira ! Milton Rodrigues Alves SUPERINTERESSANTE N. • 7 80 8 14 30 43 44 58 86 88 89 90 91 SUPER 5 Hoje eu nem sei por onde começar. tantas são as coisas superinteressantes que temos para você. Por exemplo. as extraordinárias fotografias fei tas através do microscópio eletrônico pelo professor italiano Pietro Motta . Ele publicou um livro muito bonito, com imagens surpreendentes do corpo de uma pes oa. Nós selecionamos para você as que Superimag•ns do corpo mostram todo o processo de reprodução humana. É um trabalho que beira o fantástico - mas é coisa muito real. Como eu já disse aqui nesta carta. o mundo real revelado pela ciência é muito mais fantãstjco do que qualquer outro que a nossa imaginação possa inventar. No art igo de capa, tomos outra impressionante seqüência de fotos , estas feitas pela NASA. Elas mostram o estranho fenômeno que acontece a cada primavera , na Antártida. com a camada de ozônio que pro tege a Terra contra os raios ultravioleta emitidos pelo Sol. l-lá dez anos, cientistas alertam o mundo para o perigo das agressões cometidas contra esse escudo por a lguns produtos aparentemente muito inocentes da nossa civilização. como os aerossóis. O assunto é sério: sem a proteção do ozônio. a Terra pode se tomar inabitável para a espécie humana. E. exatamente por ser sério. o alarme começa a ser .ouvido: países desenvolvidos já negociam acordos para con~rolar o uso desses produtos que destroem o ozônio. Silvio Atanes talvez seja a pe oa mais a tarefada aqui na redação de SU PERI NT ERESSANTE. Ele é o nosso "carteiro··. encarregado de cuidar da correspondência dos leitores. selecionar as cartas a serem publicadas. providenciar respostas para todos. De uns tempo para cá. Silvio tem se mostrado anito: chegaram milhare de cobranças de leitores interel>sados num poste r do nos o monstrinho - e e le não tinha resposta a dar. A culpa ríao ! é dele , é minha. Fui cu quem prometeu ~ o poster , logo na segunda edição §~ de SUPERINTERESSANT E, sem saber ~ em que confus~10 estava me metendo. Pois f Silvio, enfim livre dos seus deu muito trabalho levantar a biogra ia pessdelos do monstrinho. surrupiar aq uela velha fo to do seu Mbum de família. descobrir coisas de seus pais, mostrar em que seu organismo é diferente do nosso. Enfim , está tudo fe ito: o monstrinho está aí, num poster magnífi co, c o Silvio. acredi to . já pode trábalhar sossegado. Almyr Gajardoni 6 SUPU 1~1 Editora Abril m (41t• •~•ttt YCT()Il(WfTA ow~ ~W~HMC:,..w ...,.........._ ,,.,.. .......... ., .. .. , ................. , .......... ..... \ ........ Jb,,. ... ~ ______ ...... SUPER INTERESSANTE ......... Clwt• \.ltoof ... ....... ... , ...... ~--~ .....,.,.. ~· ....... u.... ............. . ,.... .. ..,... ....,.. a. eM•• ... o. .. .,.. ....... Ullelfrt :·c· ·· - ~ ....... ~., ............ Cu t ms trOr.._ .......,...., , ,......_ ,...., ...... , ... , ....... .......... ~ .... .. • . . ... ........... a,.a.;,.,..,..,. ........ ..... ..... ..... ...... a.. • • ~..,.,. r.--. ...... ""... l ........... ,.,.__ a...\JNI" ,. ... ....... ~ • ............ .. ~ • .,..... Aww~ ::',C.,....., ...... o.-.... ,..... ._.,. ..... "'*"""""' GMfift't~ JCtM t.v-1 ~ 1\ICt> C..O.eo.ti•IKN ,.,..,.,._.. a.., .... ..,.pt M VfJA OQI . ... ""'lf\1 . .. t,ll$ .. S..Jot o .. .,..,, 1\_,. Lwlt Cf tHbtl, "-JNtot+M.toMnJ O.rio tlt tio lhoO eis ~wdo, Ct ... """ '-' HM , ..,._ P • 01•'191'' M.tiot., Moo• C.lt.ellt. lw C.tt't1 Jttwrl ...... , ... l ..... k I OleY•NW I ....,. Alt • l~rv,,~t Cl~d .. h~. ""'•' "'' a'l\11t1 Mt rto N!tonllt l11"11~ti1M,. ' •utt MMHJt .. ~ow.,. , l~lllciO Vi G-t.I \.MI~j,. •• .... ,,_l•' "•",. c,._., Cotf"C~ .,.... o.-."' o\fNIMGf f.t. Ct~M;Mato ltfro CJNNM:f Oilf'h-.1 M(l• lt A c..'~ nM.,...., .. o.,.lót H,MI\ .. "''".,.• r.,.., .. U l A.N M" " .. Oh'ttllt. , .," ..... llc~ (fiO·· R.. ..,. ,.,..,."()to.., .. , .............. "*'~ ··~ -~~· ~ . .. ........ ............ ..... ~ .. ow.j·· W,., t.,ft Metlil ..... t~ ....... o..llt ...... (~ .. .......... .-... ... .,.,.,. ... ......-. ..... ,.., ,..., ~ , .... ~ .. Atli#I~Mii .. M O.V.,.. • (IICI!o .... t ....... - Oo.vtt.~t ...., .. OiiA!Mf .. ~ . ...... , ......... c..-o..w O"CU.A(*'O ...... ...... ........ ,..., ..._ .. v ...... .._,...., 11: ...... ....,. .. ,..,..., ... ~·O'IoeM ..... ~ ....... ,..,. Coisa de homem Qual será realmente a diferença fundamental entre o homem e a mu- lher? Geneticistas americanos acaba- ram de encontrar a resposta que os humanos procuravam desde o começo dos tempos: a diferença é um gene, existente apenas nos homens. chama- do TDF (íniciais em inglêJ; de '·fator determinante de testículos' '). Delide 1950. sabia-se que o sexo com que se nasce é determinado por um dos 23 pares de cromossomos do ser huma- no: mulheres possuem o par XX e ho- mens. XY (assim' chamados por causa da forma). "Agora, com essa desco- berta.,. explica o professor Paulo Ot- to, do Jnstituto de Biociências da USP, " ficamos sabendo que não é um cromossomo inteiro, X ou Y. mas apenas um único gene que determina o sexo ... Detalhe: um único gene en- tre os cerca de 100 mil que formam a bagagem hereditária do ser humano. Os pCJ;quisadores encontraram o ge- ne TDF estudando os cromossomos de pessoas geneticamente anormais. ou seja. mulheres com par XY e hQ- mens com par XX - casos raros, na 8 5UPlR proporção de 1 para cada 20 mil. e es- sas pessoas são estéreis. Os cientistas notaram que faltava um pedacinho no cromossomo Y das mulheres; já nos homens. havia um pedaço de um cro- mossomo Y preso a um cromossomo X. Depois de muito quel:>rar a cabeça, eiCJ; concluíram que essa porção de cromossomo a menos nas mulheres e a mais no homem era o gene TDF. No embrião do sexo masculino. o TDF e:tiste desde a concepção. Mas só se manifesta na sétima semana; <tté en- tão, segundo os geneticistas. o em- brião é "sexualmente indiferen te''. • Um mistér•o de 11 mil anos A recente descoberta de ossos fos- silizados de um rapaz de 17 anos de idade e pouco mais de l metro de a l- tura . numa caverna no Sul da ltitlia. indica que nem só os mais aptos so- breviviam nos ásperos tempos· logo em seguida às glaciações de 11 mil anos atrás. O rapaz, um anão com braços e pernas deformados. com cer- teza não tinha corno acompanhar as pe.rambulações do grupo a que per- tencia - coletores e caçadores eter- namente em movimento ~~ procura de O mais antigo caso de nanismo !:! ~ ' alimerÍto c abrigo. Não podendo acompanhar os outros - nern muito menos contribuir para o sustento da coletividade - . seria de esperar que o deficieme físico fosse largado à pró- pria sorte. Nesse caso, ele jamais vi- veria até os 17 anos. No entanto. os restos encontrados na caverna ita)jana demonstram que o jovem - por sinal, o mais amigo caso de nanismo de conhecimento da ciência - não só não ficou à mercê da natureza como fo i enterrado se- gundo um certo cerimonial. talvez porque tivesse uma posição especial no grupo. A caverna foi pintada com figuras de animais c seu corpo ficou abraçado ao de sua mãe. Nada se sa- be. porém. das circunstâncias em que ambos morreram. Para alguns antropólogos. a descoberta provaria que os povos da J dade da Pedra não eram selvagens brutos: podiam até manifelitar consideraçiio para com o próximo. • Romanenko (centro) com a taml/la: ossos em ordem e cabeça no lugar Depois do recorde O cosmonauta soviético luri Roma- nenko. recordista de permanência no Clipaço- 326 dias a bordo da estação orbital Mir -. anda lépido e fagueiro como se tivesse passado qu~e um ano numa CJ;tação de veraneio. E uma sur- presa: llntes dele. outros cosmonautas voltavam do espaço com os ossos. músculos e o sistejlla cardiovascular enfraquecidos pela falta de gravidade. Mas Rórnanenk.o deixou espantados os médicos soviéticos ao ficar de pé de.sde que pisou o ohão da base de • Baikonour, na Asia Central. no finzi- nho do ano passado. Sua memorável recuperação reper- cutiu oos projetos de uma futura via- gem tripulada aMarre, cujo principal obstáculo é li duração - cerca de dois anos entre ir c voltar (SUPER- INTERESSANTE n ... 3. ano 2). Pa- ra a recuperação de Romanenko. contribuiu o rigoroso esquema de ex.ercícios a que ele foi submetido a bordo da Mir. além do novo ti po de vestimenta com fibras elásticas que. ~ por_ oferecer mais resistência, obriga ~ o cosmonauta a um esforço maior dos ~ rnusculos em cada movinienro. Mas Romanenko não voltou bem só fisica- mente: nada indica que o prolongado confinamento no espaço tenha dei.xa- do nele seqüelas psicológicas. • É usar a voz e cruzar os braços quer usuário. Tel.efonar dessa cabine é como falar para as paredes: o usuário coloca urn cartão magnético igual ao dos cabias automáticos de banco e faz a chamada. Terminada a conversa. é só "irar as costas e I! embora. • Alô: sem as mãos Graças à informática. já é possível chamar um número de telefone sem discar ou teclar - basta fa lar. pausa- damente. os algarismos. No Brasil, esse tipo de apare lho ainda é consi- derado muito sofisticado para ser posto à venda. Mas. na França. está disponível aos interessados em faler suas chamadas sem mexer um dedo: o telefone. oom5) u,n computador que recebe comando de voz. decodi- fjea os números falados e completa a ligação. O aparelho só obedece à voz do dono. ta l qua l está programa- da. Isso às vezeli é um problema - quando a pCJ;soa fica resfriada ou rouca. o telefone não cumpre a or- dem de ligação. Em princípio. esse aparelho não pode ser usado em cabines públ icas. Mas a companhia telefônica francesa está fazendo uma experiência na ci- dade de Lannion . a sudeste de Paris. Ali. o aparelho aceita a voz de qual- Supercondutores ligam o motor Com menos estardalhaço do que no ano passado. quando renderam at~ um Prêmio Nabel de Física (para a dupla Alex Müller c Georg Bednorz, da lBM suíça). as pesquisas com su- percondutores continuam produzindo resultados. A meta é sempre a mCJ;- ma: tirar do forno urna cerâmica ca- paz de conduzir eletricidade sem per- das a temperaturas cada vez mais al- tas. Ern 1987'. 0 profelisor Paul Chu. da Universidade de Houston. nos Es- tados Unidos. obteve supercondutivi- dade à temperatura recorde de menos 175 graus centígrados. trabalhando com o composto de cobre, ítrio e bá- rio usado por Müller e Bednorz. Recentemente, o mesmo Chu anuo- ciou uma cerâmica supercondulora a menos 159 graus, feita de materiais muito comuns, como bismuw. alumi- nio, estrôncio e c;i lcio-o que facili - tará a sua produção em grande escala. Por sua vez. pesquisadores do Argon- ne National Laboratory, também nos Estados Unido_s, fabdcaram o primei- ro motor elétrico baseado nos super- condutores de alta temperatura. T ra- ta-se de um prato de 1\lumínio de 20 centímetros, dotado de 24 ímãs, que gira sobre dois discos de cerâmica su- percondutora graças aos seus fortíssi- mos campos magnéticos - o mesmo principio do projeto Maglev, o tremjaponês que flutua no ar. O motor produz uma quantidade de energia ín- (ima demais para ter algum uso práti- co. lsso se espera a lcançar em dez anos. aproximadamente~ • Nova cerâmica funciona a - SUPERINTERESSANTE EM ENERGIA As ccnti.:nas de m.ctros dos fios c cabos necessários para a monitoração dos comandos dos sofisticados vckutos do mundo moderno, e-xigem cada vez mais o de;senvolvimento de novas tccnotogias .. A redução do volume desses cabos em até 30% só foi ~ível através da "irradiação", ststema que p<:mlltC o rcarranJO molecular do matenal isolante, reduzindo espessuras, mantendo caractedstícas físicas e ctéttlcas. Além disso, você já conhece os cabos de vela supreSSlvos que mclboram a. ignição e cllminam as rádio-lmerferêndas no som do seu cano. Hoje os minicompucadorcs c as fibras óticas também fazem parte do mundo maravilhoso do automóvel. lAEI li SlGWNCAtii-DEIN!I<11 Notici~ Supcrintcrcssotntcs rêm ó llpOio do maJoc f::tbdc:uuc de fios c c~boS do 8rMU c do mundo. Falsa farinha ...... .... - - -----o , Com peso na consciência. algumas pessoas hesitam diante de uma apeti- tosa torta, com medo de engordar. Esse sofrimento pode estar perto do fim: cientistas americanos acabam de desenvolver uma celulose sem calo- rias. capaz de substituir a [arinha tra- dicional em pães e doces. O novo in- grediente é à base de polpa de beter- raba ou de farelo de aveia. tratados com peróxido - o óxido que forma a água oxigenada. ··o peróxido reage liberando apenas as fibras da beterra- ba ou da aveia", explica a nutricionis- ta Midore lshii. da Faculdade de Saú- de Pública da USP. ''Como o orga- nismo não absorve fibras, o novo in- grediente não engorda.·· Até agora, os produtos sem calorias para substi- tuir a farinha tinham dois inconve- nientes: o sabor desagradável e o fato de não deixarem a massa crescer. Além de não apresentar esses proble- mas, a nova farinha tem mais fibra do que o f a reto de trigo e libra é bom para o intestino - de gordos e magros. • A luz da matéria O exótico mundo proposto pela Mecânica Quãntica talvez tenha mais a ver com a realidade do que se podia supor - ainda que essa realidade não esteja ao alcance da vivência humana de todos os dias. Segundo a teoria dos quanta (SUPER!NTERESSANTE n.• 3, ano 1), tanto a luz quanto a matéria se comportam ora como ondas ora co- mo partículas. Tal semelhança de con- duta entre luz e matéria, que contraria as leis da Física clássica, foi observada em três recentes experiências separa- das. uma nos Estados Unidos, outra oa França. outra na União Soviética. Em cada uma delas , feixes de <ítomos foram refletidos pela luz de forma muito parecida como normalmente um cristal ou um espelho refletem a luz. Ou seja. em condições muito es- peciais de laboratório. a matéria apre- sentou movimentos ondulatórios. co- mo a luz. Os desdobramentos dessas pesquisas não de-vem tardar. • Limpeza de pele Vida nova na TV para velhos fil- mes do cinema: técnicos ingleses de- senvolveram um aparelho de telecine - projetor que transforma a imagem para cinema em sinais de video - capaz de limpar as marcas do tempo na película, como manchas e ranhu- ras. O aparelho tem I 024 sensores de luz e memória digital. Primeiro. o filme passa por três pranchas: cada uma avalia, pelo grau de luminosida- de, que partes da imagem em branco 10 SUPER e preto corrosponderiam ao azul, vermelho e verde. Então, a memória grava a combinação das tonalidades e as uniformiza uma por uma. de maneira que os sinais de vídeo sim- plesmente não reproduzem possíveis manchas. Por fim, a película passa por uma luz infravertnelha. que só não a at:ravessa ali onde existem ar- ranhões ou sujeira. Localizados esses pontos, a memória os apaga - c o Carlitos de meio século atrás chega novinho em folha ao dist ioto reles- pectador. • \ • - Para os deuses e os satélites Desde que foram descobertas em 1939. as figuras e linhas desenhadas na superfície do planalto de Nazca, a sudoeste de Lima, no Peru, represen- taram um desafio para os estudiosos das civilizações pré-colombianas. Elas mostram desenhos geométricos. espi- rais e flores, além de um ·macaco, uma baleia, um cachorro e uma aranha. São enormes, por isso mesmo indeci- fráveis ao nível do chão. embora per- feitamente visfveis do céu. Agora, as imagens de dois satélites de recursos naturais - o americano Landsat e o fra_ncês Spot - ájudam a esclarecer o emgma. Pois. coto base nessas in1agens, o grupo de Sensoriamento remoto do Instituto de Pesquisas Espaciais (IN- ~ PE) de São José dos Campos, em Caflitos em Tempos modernos, de 1936: conjunto com instituições peruanas, agora sem affanhões na TV localizou pela primeira vez linhas de projetos particulares de pesquisa na ãrea de desarmamento. E ainda so- bre novas fontes de energia. combate à poluição e à miséria no Terceiro Mundo. A Fundação Rockefeller ajudará a pagar a conta desses estudos. Com sedes em Washington, Moscou e Es- tocolmo. na Suécia. o Fundo reúne figuras de grosso c.alibre. como o mi- lionário americano Armand Ham- mer, dono da Occidental Petroleum, o fisico paquistanês Abdus Salan, Prêmio Nobel de 1979, o ex-secretá- !1' rio de Defesa dos Estados Unidos ~ Robert McNamara e o dissidente so-- --...J ~ vi ético Andrei Sakharov, Prêmio Só os deuses deveriam ver Isso Nobel da Paz de 1975. " Para o Ter- até 28 quilômetros de comprimento. Elas só puderam ser vistas por i.orei- ro porque os satélites estão a 800 quilômetros de altura. Os ufologis- tas , que não i riam desperdiçar uma oportunidade dessas, apostam que os sinais serviam de pistas para dis- cos voadores. Os pesquisadores, com os pés no chão, têm outras teorias para explicar essas marcas, criadas pelos ancestrais dos incas en- tre os anos 200 a,C. e 600 da nossa era. "Provavelmente", imagina Pau- lo Roberto Martini, geólogo do fN- PE, "esses povos faziam os dese- nhos como oferendas aos deuses pa- ra que só eles, que viviam nos céus, pudessem vê-los.' ' • 21 em defesa da humanidade Ô brasileiro José Goldemberg, rei- tor da Universidade de São Paulo, é uma das 21 petsonalidades .de vários países (e o único da América Latina) escolhidas para dirigir o mais novo organismo internacional criado para ttabalhar pela paz e a prosperidade na Terra. O Fundo Inrernaciooal pe- la Sobrevivência e Desenvolvimento da Humanidade, fruto das r~uniões mantida$ no ano passado em Moscou por cientistas americanos e soviéticos preocupados com a questão das ar- mas nucleares, pretende financiar ceiro Mundo, a palavra sobrevivência significa combate ao subdesenvolvi- m.eoto", diz Goldemberg. "Só aceitei participar da direção do Fundo por- que ele se d.ispõe também a mexer com a pobreza." • Câmara à mão Mede apenas 5 centímetros e pesa só 50 gramas - é a mais recente gló- ria da tecnologia francesa. Trata-se de uma min6scula câ.mara de vídeo para japonês nenhum pôr defeito. O apare- lho não grava, somente transmite a imagem para um aparelho de TV. Em compensação, graças a sensores óti- cos, consegue captar cenas com per- feição, mesmo em ambientes mal ilu- minados. Quatro mi l câmaras já fo- ram vendidas - a maioria para servir como equipamento de segurança em edifícios. Os cientistas da Universida- de de Paris acreditam que o aparelho é ainda mais útil na Medicina - para exames clfnicos, como os de garganta, permitindo observar melhor o organis- mo nas proporções de uma tela de televisão. • Tapa nos glóbulos Está demonstraçlo que pessoas que fumam maconha adoecem com maior freqüência. Suspeitava-se que isso acontece porque a maconha afetaria o sistema imunológico. Agora, cientistas americanos parecem ter encontrado um ind(cio de que essa hipótese está correta: a substância ativa da maco- nha, chamada tetrahidrocanabinol ~ (THC), altera o processo de matur'<l- ~ ção dos glóbulos brancos, responsáveis ~ pela defesa do organismo. Na presen- iil ça do THC, os glóbulos brancosem ~ formação passam a sintetizar certas protefnas que não lhes são caracterís- ticas. Os cientistas supõem que essa síntese enfraquece os glóbulos. dei- xando-os sem condições de cumprir plenamente sua ta.refa. • SUHil1 1 ... e os Idosos recordam mais A mente em forma Jovens que fazem ginástica regular· mente sofrem menos com o final de um rom;~nce - esta é a conclusão de uma recente pesquisa liobre os efeiws do exercício físico sob.re o estado emocional das pessoas. Psicólogos da Universidade da Califórnia, nos Esta- do,s Unidos. observaram duwnte oito meses duzen tas adolescentes. As garo- tas que praticavam pouco exercício. ao passar por situações estressanies como o fim de um namoro. ficavam muito m<tis doentes e apresentavam sintomas de desconforto com maior freqüência do que as colegas que fa- ziam ginástrca regula rmente. Os cien- tistas concluíram q ue os exercícios di- minuem as alterações no sistema car- diovascular. comuns em pessoas ner- vosas ou deprimidas. porque elas ti- ram o problema da cabeça. pelo me- nos enquanto se movimentam. Outro traballlo. destn vez com pes- soas mais velhas. sugere que a gínás- tica ajuda a atividade mental. Testes de ,memóri<t e raciocínio lóeico. com ~ dois grupos [armados por homens e mulheres entre 55 e 89 anos. mostra- ram q ue o gmpo dos que praticam gi- 12 SUPER nástica no mínimo 75 minutos por se- mana se saiu bem melhor do que aque les que só fazem alguns minu tos de ginástica semanalmente. A gin{lsti· ca. acreditam os cientistas. além tia sensaçito de bem-estar que proporcio- na. retarda o envelhccimemo do sis- tema ne rvoso central. • 2 + 2 = bê·á·bá O psicólogo suíc;o Jean Piaget (1896-1980) provou que a intel igt!ncia das crianç<tS se desenvolve de forma parecida com a lógica da.~ operações ma temáticas. Com base nessa desco- bertH. professore~ da Universidade Federal de Pernambuco começaram a testar urn projeto inovador em c:rian- c;as de 6 a 7 anos. de quatro escolas públ icas do Recife - a alfabetização matemática antes da ·<llfabetização propriamente d ita. Ou seja, as crian- ças só Hprendem a ler e a escrever depois de conhecer os conceitos ma- temáticos. Elas começam ordenando figu ras pelo tamanho. depois são apresenta- das às noções de agrupar c separar. somar e subtrair, multiplicar e divitlir. "A proposta é fnzer com que desen- volvam o raciocínio". explica o pro- fessor João Barbosa de Oliveira. coor- denador do projeto. A.s aulas são da- das com base em duas carti lhas que contêm exercícios e jogos. Dominan- do os fundamen tos do mundo mate- mático. as crianças devem compreen- der com mais facilídade como se d ivi - dem as sílabas e como se formam no· vas palavras com as sílabas obtidas e frases com essas palavras. • Re;Jtor de pesquisas de fusão da USP: 1,6 milhão de graus Fusão em equipe Há trinta anos cientistas do mundo in teiro sonham construir um reator nuclear de fusáo - capaz de gerar grandes quantidades de encrgiít c mui to m;t is limpa do que a resu ltante do~ atuais reamres de fissão (SU PER- INTERESSANT-E n." 2. ano 2). A energia de fusão é liberada quando se a tinge a temperatura de 300 mi- lhões ele graus ecmígrados - vinte vezes maio r do que a do núcleo do Sol. Por aí j<í vê que poucos sonhos são tão ambiciosos como esse. A temperatura máxima alcançada - c por frações ínfimas de tempo - foi de 200 milhões de graus centígradbs. O reator de pesquL~as de fusão dct Universidade de São Paulo conseguiu v J .6 mi lhão de ,::raus. " Para aumentar as chances dos cien- • , . tistas. Estados Unidos. União Soviéti· ca. Japão e " Comunidade Econômica Européia resolverltm panir para um trabalho em equipe. Cieritistas desses países farito o p rojeto de um reator padrão. Em 1991. quando se espera que o projeto esteja pronto. s·erá de- cidido se a construção do rcamr obe- deceni ao mesmo esquema. Manfred Lciner. diretor da área de Física da Agência lnternacional de Energia Atômica (AIEA), torce para que a E decisão seja sim: ·'Esperemos que o 8 clima político intern<1cional esteja g ameno o suficiente para uma emprei- ~ tada em comum... • < ... . ~· · 11'! · - •• • • I I I I I l OXITI!NO O maior risco não é viver com a química. É viver sem ela. Torre Bafômetro Como funciona o bafômetro? (José Agostinho M. G. Barros Filho, Jaú, SP) O bafômetro baseia-se na relação entre o álcool diluído na corrente sanguínea e o que é expelido na res· piraçào. O aparelho compõe-se de um tubo transparente. semelhante a uma ampola, contendo ácido sulfúri- co e dicromato de potássio, um bo- cal c uma bolsa plástica inflável. Nu- ma extremidade do tubo é colocado Com álcool, mistura muda de cor o bocal e na outra a _bolsa. A pessoa ~ sopra através do bocal até que a boi- 3 sa fique inflada. Dessa forma, o ál- cool exalado - se houver algum no organismo - reage com a mistura do tubo, fazendo-a mudar de cor, de amarelo. para verde. De acordo com a tonalidade, é possível estimar a quantidade de álcoól presente no sangue. • r ' .. - Por que a Torre de Pisa é Inclina· ~ .__ _ _ __.o.; da? (Celso Georgief, Sáo Paulo, SP) No avião em queda livre, a senssção é de l!Uséncla de gravidade Projetada para abrigar o sino da catedral de Pisa, na Itália, a t0rre começou a ser consrruida em 1174. Quando r rês dos seus oito andares estavam prontos, notou-se uma ligei- ra inclinação, devido a um afunda· mento do terreno e ao assentamento irregular das fundações. Tentou-se compensar a inclinação fazendo os outros andares um pouco maiores no lado mais baixo. Mas a estrutura afundou ainda mais, por causa do excesso de peso. A torre acabou de ser erguida, ainda inclinada, na se· gunda metade do século XIV, com 56 metros de altura. Hoje sua incli- nação chega a 5,2 metros. • 14 SUPER Gravidade Como se consegue anular a gra· vldade terrestre, em laboratorios da NASA? (Paulo Suassuna e Fred Si· queira Campos, Jooo Pessoa, PB) Não se pode "desligar" a gravidade. Cintos antigravitacionais só existem nas histórias em quadrinhos. A NASA e outras agêqcias aeroespaciais utili· zam um artifício que permite simu.lar a ausência de gravidade: a queda li- vre. Imagine-se dentro de um eleva- dor, carregando alguns livros na mão. Quan_do o elevador chega ao último andar, alguém corta os cabos e ele despenca. De repente, a sensação será de ausência de peso, os pés perderão o contato com o chão e os livros flu· tuarão no ar. Como o elevador está fechado, você não nora~á que caiu. mas pensará que flutua. E a queda li- vre , durante a qual ·a sensação é de ausência de gravidé\dC. Nos experi- mentos das agências espaciais, um avião a jato sobe até determinada alti- tude~ e é posto em queda livre du- rante certo tempo·. Na acolchoada ca- bine de passageiros, os futuro§ astro- nautas experimentam a simulação de ausência de gravidade. • Sabonete Quem inventou o sabonete? (Au- gusto T. Vida/, Rio de Janeiro, RJ) O sabão foi inventado pelos fení- cios, seiscentos anos antes de Cristo. Eles ferviam água com banha de ca- bra e cinzas de madeira. obtendo um sabão pastoso. O sabão sólido só apareceu no século VIL quando os árabes descobriram o processo de sa- ponificação - mistura de óleos natu- rais. gordura animal e soda c:íustica, que depois de fervida e!]durece. Os espanhóis, tendo aprendido a lição com os árabes, acrescentaram-lhe óleo de oliva, para dar <J..O sabão um chei ro mais suave. Nos, séculos XV e XVI, enfim, várias cidades européias tornaram-se centros produtores de Semana Como surgiram os nomes dos dias da semana? (Pierre R. Weber, São Paulo. SP, e Tíbétio V. Joca. Forta· leza. CE) No Império Romano, a astrologia introduziu no uso popular a seplima- na, isto e, sete manhãs. de origem babilônica. fniciatmente, os nomes dos deuses orientais foram substituí- dos por equivalentes latinos. No cris- tianismo, o dia do Sol, solis dies, foi substituí_do por dominica,dia do Se· nbor: e o satumi dies, dia de Saturno, por sabbatum, derivado do hebraico slwbbatlt, dia de descanso, consagra- do pelo Velho Testamento. Qs outros Costume começou com os fenícios sabão - entre elas, Marselha, na França, e Savóna. na Itália. Foi da cidade de Savona que os frànceses ti- raram a palavra savon, sabão, e o diminutivo savormeue, sabonete. • dias eram dedicados a: Lua (segun- da); Marte (terça); Mercúrio (quar- ta); Júpiter (qui11-ta); e Vênus (sexta· feira). O termo feira surgiu em ponu· guê.s porque, na semana da Páscoa, rodos os dias eram feriados - férias ou feiras - e, além disso. os merca- dos funcionavam ao ar livre. 'Com o tempo. a Igreja baniu da liturgia os nomes pagãos dos dias, oficializando as feiras. O domingo. que seria a pri- meira feira, conservou o mesmo no- me por ser dedicado a Deus. fazendo a contagem iniciar-se na secundá fe- ria, segunda-feira. O sábado foi man- tido em respeito à antiga tradição he- braica. Apesar da oposição da Igreja, as designações pagãs sobreviveram em todo o mundo cristão, menos no que viria a ser J>or- tuga I, graças ao apostolado de São Martinho de Braga (século VI), que combatia o costu- me de " dar nomes de demônios aos dias que De.us criou''. • Depois de Cristo, o dia de Vênus virou sexta-feira Teclado Por que as letras no teclado das máquinas de escrever não seguem a ordem alfabética? (Ricardo Barl>o· sa Díniz. São Paulo, SP) Quando a máquina de escrever foi inventada pelo impressor americano Christopher Latham Sholes, em 1$68, as teclas foram dispostas em ordem alfabética. Tentand0 criar um mérodo mais ·'científico", Sholes pc· diu ajuda a seu colaborador. James Densmore. Em 1872. ele surgiu com o teclado QWE,RTY (assim chamado por causa das seis primeiras lelras da fila superior, na mão esquerda). Densmore estudou as letras e suas combinações mais freq üentes na lín, gua inglesa para colocá"las distantes umas das outras, a fim de que as has· tes não subissem juntas, embolando durante a datilografia. Em 1932. de· pois de vinte anos de estudos. outro americano, August Dvorak, criou um teclado que leva o ·seu nome, extre· mamente eficiente para a língua in- glesa: 3 mil palavras podem ser escri- tas CQm as letras da fila principal (contra cinqüenta, no teclado QWERTY) e a mão direita é mais usada. Qualquer fabricante de J!láqui- nas de escrever nos Estados Unidos fornece sob en.comenda o relllado Dvorak. No Brasil, o teclado QWERTY, adaptado com a cedilha e os acentos, é o que foi padronizado. Apesar de , nele, a letra a, de gr<Ulde freqüência, fiear a cargo do pobre de- do mínimo esquerdo. • No principio era abcdefghlfk ... apara ·vidas escrev S P8T8 tírar su~sst'PERINTAIGAN~~ . peRGUNTAicW FJausíno Gom~p . Rua Gera 75 ~o Paulo. · ceP 045 • ----_:...a SUPER 15 .. . Perda de ozônio pode causar o efeito estufa de ozônio do INPE (Instituto de Pes- quisas Espaciais). explica por quê: "Na atmosfera". ele diz. "tudo fun· ciona como um jogo de xadrez. Qual· quer movimento de uma das peças po· de abalar a posição das outras". Por isso. teme·se que a dimmuição de OlÔ· nio possa contribuir paro um futuro aquecimento da Terra. quando parte da calota polar derreter. causondo inundações em outras áreas do pl:1ne· ta . Os cientistas chamam a essa c:nás· trofe "efeito estufa ... Por enquanto, a situa~fiO é muis preocupante na Antártida. onde ti perda anual de o:zõnio parece estar atrasando a chegada da primavera. Supõe-se que inverno~ mais longos tendam a comprometer o ciclo binló· gico das espécies anhnuis e vcgctuls da região. Com maior segurança. os cientistas relacionam o déficit periódi- co de ozônio com a quebra da cadeia alimentar da fauna antártica. No ano passado. um erro atribuído à ministra do Meio Ambiente da Suécia. Birgit- ta Dahl. assustou os brasileiros. Clima Umita à Antártida a extendo do buraco Ela teria afirmado que o buraco nn camada de o..:ônio cresceu tanto <IUc atingiu o paralelo 16. no hembfério suL ou SCJ:I. o Sul da África. a mtuor parte da AuMrália e metade da Amé- rica do Sul. Na \'Crdade. a mmi~tnt teria querido dizer paralelo 60. t1uc nem ulcanc;a a Argen tina. "Por \or- te". explica o engenheiro Kirshhoft. "a extensão do burnco no o..:ómo não aumentou nos últimos dois anos ... !'ode ser que os seus limites estejam fixudos pela.~ condições pc· culiares do clima na Ant:írtida. De qualquer forma. há dez :~nos o INPE faz o monitoramento do ozônio so- bre o Bm~il por meio de balôcs c sondas. em operaçi10 conjunta com a NASA americano. E até agow não apareceram motivos de inqUietação (veja quadro). Quanto mais os cientistas investi- gam a cuusa da d iminuição de ozónio na armo fero. mai~ certos e~uio de que o homem. ou melhor. um com- 18 SUPIIt posto químico chamado clorofluorcar- bono. produzido pelo homem. está por trás desse desastre. Não deixa de ser uma ironia. Quando foi criado pc- los quimicos d<~ General Motors em 1928. o clorofluorcarbono - ou CFC. iniciais dos três elementos que o compõem - parecia a mara\'ilha das maravilhas. l'odia ser usado com segurança como spmy em inseticidas. produtos de limpc;w e ti nta. sem o risco de reagir com o conteúdo d<1s latas. Até o início da década de 70. o uso do CFC - também conhecido como 80 km 45 11 OZONIO == - 80" Freon. marca do produto fabricado peln Ou Pont - cresceu sem barrei- ras. Dos spmys. passou para os cir- cuitos de refrigeração de I;!Ciadciras c ap11relhos de ar-condicionado. De· pois. rornou·se um dos elementos d<~s fôrmas de plástico poroso usadas pam embalar sanduíches. comida congela- da c ovos. nlém de servir como sol· vcnre na indústriA e letr(\nicu. Niio hn- vio por que irnnginnr que uma muté· ria-prima tão 1i til pudes.~e ser também perigosa. O primeiro alarme foi acionado em 1974 pelos químicos americanos Shcr- I I I t i L-------------------------------------------------------__j · Ocu,.ndo uma fai xa de 30 mil metros, o oz6nlo fl/tra os ralos do Sol wood Roland e Mario Mofina. Embo- ra inofensivo na Terra - advertiam eles -. o CFC podia ser um veneno na :umosfera. Suas moléculas passa- vam intactas pela troposfera - a fai- xa de ar que vai da supcrffcic até cer- ca de 10 mil metros de altitude. onde ocorrem todas as mudança!> de clima do planeta - para desembocar na estratosfera. Ali. os mios ultmviolct:t elo Sol quebrariam as mo l~culas de CFC e liberarium :\tomos do gás elo· ro. O ozônio. uma molécula formada por três átomos de oxigênio (0,). reagiria com o cloro (CI). formando monóxido de cloro (CIO) e mais oxi- gênio (0~) . A cadcio de reac;óes químicas não ficaria n1 so. O monóxido de cloro combmundo·~c com o oxigênio deixa nov11mcntc livres os átomos de cloro para rcag1r com o ozônio. Os cientis- tas que goMam de fazer contas no computndor calculam que. por causa do:ssc efeito cascatn. cnda átomo de cloro th.:strói l ()() mil moléculas de ozônio do 111 mo fera. Eles ainda aler· tam pnrn um detalhe importante - o CFC tem umu vida util de pelo me- nos 75 unos. Portanto. Jli houve des- O ozônio mau Enquanto na atmosfera o ozônio protege a Terra dos raios ultravioleta do Sol. na superficie é um poluente prejudicial. principalmente para lb plantas. O ozônio mau noscc de umn reação da luz solar com o dióxido de nitrogênio das descargas do:. automó- veis. Nesse jogo entram também os hidrocarbonetos não destruidos no prooesso de queima do óleo combus- Queimadas: um t ipo de polulçAo tlvel pelas mdústrias. Esse ozônio é levado pelos ventos a centenas de mi- lhares de quilômetro:> de distância. Med1çõcs realizadas pelo lNPE em Natal. no R1o Grande do None. rc- "elam que. em cenos meses do ano. a concentrac;ão do ozõruo sobre o Nor- deste chega a dobrnr. Pwvavelmen- te. especula o engenhe1ro Volker K1rshhoff. o fenômeno resulta das queimadas dumme a estação seca no Brasil Central. Quanto maior a quantidadede ozônio na baixa atmosfem. maior também u perda agrlcola. Pesquisas realizadas nos Estados Unidos apon- tam prejuizos enormes dos plantado- res de .soja. trigo. Bll;!odâo e amen- doim, É que o O'lônio inibe a fotos· sfntcse. produzindo lesões nas folhos. Nos animais. provoca irriwção e rcs- secamento das mucosus do aparelho respiratório. além de enve!Jlecunento precoce. Testes J:Í mostraram que. em maiores conccntruçõcs. o ozónio destrói proteínas e enzimas. A radlaçáo perigosa do Sol /neide mais diretamente sobre a Antirtlde carga ~uficientc do gós na a tmosfera pam comer o ozõmo por quase um século - mesmo que nem um único er.1mn de CFC ro se produlldo daqu1 j;arn a freme. Pelo menos no~ Estado Umdos, o susto com a descoberta dos cientistas foi gmnde - e a reação niio tardou Em 1978. os umcricunos tratílrnm de banir o CFC da maior parte d~ ae- rossóis - a exccçflo foram os rcmé· dio~. como as bombinhas pnru usm:1- tico~. Naquela época. os Estados Umdos usavam -170 mil toneladas de CFC em ;terossóis c 350 mil em ou- t ro~ produtos. Só que desde então u situação se inverteu: crn 1985. os americ~1nos consumlnm 235 mil tone- ladas de CFC em ncrossóis c 540 mil toneladas em refrigeração. embala- gens etc .. ou seJn. o banimento ado· tado dez anos a tr:is n;lo resolveu l!runde coisa. Além disso. é claro. o~ Esr:~dos Unidos não são o único pai~ sura 19 A mancha negra nos monitores confirmou tudo do mundo a usar produtos em spray. Em 1979. a Du Pom - uma das maiores fabricantes mundiais de CFC - divulgou um comunicado, no qu.al dizia que todos os dados relativos à di- minuição da camada · de ozônio eram apenas pro jeçôes de computador ba- seadas em meras suposições. Foi en- tão que estourou a bomba. Enquanm trabalhavam nas madrugadas gélidas do pólo sul. cientistas do Instituto Britânico de Pesquisas Antárticas descobriram acidentalmente que a concel}tração de ozônio sobre a re· gião não só era muito mais baixa do quç em qualquer lugar da Terra, co- mo também vinha diminuindo a cada a proteção do ozónlo, tomar sol seria expor-se ao risco de câncer ano desde 1977. A princípio, cientistas da NASA contesta ram a informação, mas de- ~ pois ent regaram os pontos. É que o ~ computador que manipulava as i n for- ~ mações do satéli te me!eorológico ~ Nimbus-7 estava programade para ~ não levar em consideração mudanças Usado em embalagens para o vos ... como as que ocorriam nos céus da Antártida. Repassando todas as fitas gravadas, dessá vez cóm uma nova programação do computador, os cien- tistas amer icanos viram nos monitores surgir sobre o pólo sul uma acusadora mancha negra. Era a prova viva de que, de setembro a novembro, a ca- mada de ozônio sobr'e a Antárrida so- fria uma redução de 30 até 50 por cento. A partir daí. não havia mais dúvida sobre o que estava aconteceo- do na atmosfera. Expedição tira-teima deu razão aos pessimista.s Mas, também. como diziam funcio- nários do governo influenciados pelo lobby dos fabricantes de CFC, não havia certeza absoluta -como de Ia-. to não há até hoje - de que o gás era o principal culpado. Afinal. o que se convencionou chamar camada de ozônio é uma faixa de 30 mil metros de espessura. a partir de 15 mil me- tros acima da superfície terrestre, de um gás tão rarefeito que. se fessc comprimido a pressão e temperatura normais da Terra, formaria uma cas- quinha de apenas três milímetros. É impossível prever com exatidão o que 20 SUPER acontece no seu i.nterior. Ali, qual- quer intromissão de gases quase tão perigosos como o CFC - como me- tano. dióxido de carbono. óxido nítri· co - provoca mudanças. Descobriu- se. por exemplo, que o bromo. tun gás utilizado em extintores de incên- dio, produz uma substância chamada halônio. cujo poder de destruição é dez vezes maior que o do CFC. Se não conhecem detalhes , os cien- tistas têm uma visão bastante aproxi- mada da vida ímirna da atmosfera. Correntes de' ar se deslocam dos pó: los para o equador a baixa altitude e do equador para os p61os a altitudes mais elevadas, espalhando poluentes a milhares de quilômetros do local de origem. Mas na Antártida isso não oco-rre. Durante o inverno. que co- meça em abril, a região permanece no escuro e os ventos giram em circu- les impenetráveis, que atraem massas de ar de outras partes da Terra com grandes qu~ntidades de subsrânci.as químicas. E o vónex poJ.ar. onde ocorre o buraco na camada de ozô· nio. Em setembro. com os primeiros raios ultravioleta do Sol. as moléculas de CFC começam a se quebrar , des- truindo o ozônio. O buraco só se fe- cha em novembro, com a renovação . .. em aparelhos de refrigeração ... ... e sprays de Inseticidas ... do ar vinda de outras regiões. Esta pelo menos era a teoria. Res- tava saber se isso realmente acontecia na prática. Uma expedição tira-íeima com I 50 ciem ista·s de dezenove orga-. ~ nizações de quatro países esteve em setembro último na Antártida para analisar a composição do vónex po- lar. A NASA usou na pesquisa dois aviões; um jato DC-8 e um velho ER-2 adaptado dos aviões espiões U-2. com0 o que a União Soviética Tudo Igual nos céus do Brasil Uma notícia tranqüilizaqora para os brasileiros: a variação da cam!l· da de ozônio sobre o país peumane- ce estável - no máximo, aumenta ou diminui apenas 5 por cento. Pe- lo menos é o que d.izem os instru- mentôs de medição do iNPE.. Des- de 1~78, o instituto acompanba a movimentação do gás na atmosfe- ra. Quase duzentos balões já foram lançados da base da Barreira do In- ferno, em Natal. As informa_çõeS des balões foram complementadas por foguetes e instrumentos de su- perfíeie instalados em Nfanaus. Be- lém. Natal . Fortaleza. Cuiabá e São José dos Campos. lsso é possível graças a um convê- nio com a NASA. que fornece os equipamentos, inclusive foguetes do tipo ~oki e Super-Loki. comparáveis ao Sonda-3, de fabricação nacional. Os americanos estão interessados no . .. o gás CFC é um sério poluente abateu em 1960. no mais célebre inci- dente da guern\ fria. Com o que há de mais sofisticado em matéria de equipamentos. os aparelhos desafia- ram os ventos do vórtex c, durante seis semanas, espionaram a quantida- de de poluentes concemrada em seu interior. Os resultados confirmaram as ex- pectativas mais pessimistas. A con- centração de monóxido de cloro so- bre a região é cem vezes maior do Em Natal, bslóes medem o gás estudo do comporta1;11ento do ozônio perto do equador. algo até recente- mente pouco conhecido. Nos líltimos anos, o INPE tem aperfeiçoado suas medições. Go,meçou a observar tam- bém o monóxitlo de carbono. que participa de uma série de reações quí- micas junto com o ozônio. O objeti- vo, diz Volker Kirshhoff. respons.'ivel pelas medições, é controlar os po- luentes que podem afetar a vida na Terra. que em qualquer outro lugar do glo- bo terrestre. Como diz VoJker Kir- shhoff. do l NPE. um veterano de ex- pedições cienríficas à Antártida, '"a pesquisa não foi a resposta fínaJ . ..rnas uma prova arrasadora de que real- mente o CFC está fazendo alguma coisa de er.rado lá em cima··. A meta é controlar o uso do gás CFC no mundo A NASA prometeu divulgar este mês novos resultados da expediçito - e cientistas europeus bem-informados receiam que a batelada completa de dados contenha conclusões de arre- piar os cabelos. Além disso, a agên- cia americana está programando uma análise do ar na região do pólo norte , onde não parece ocorrer um fenôme- no igual ao da Antártida. Caracterizada a parte que cabe ao CFC nessa agressão à natureza, a ló- ll;ica mandaria acabar com a produção ~ . do gás. Mas nem sempre a lóg.tca dá a última palavra. Há. de um lado, os interesses da indústria. Mas, junto com eles. há o fato não menos real de que a vida das pessoas ficou mais confortável desde o advento dos clo- rofluorcarbOJlOS. Afinal. ninguém contestará que um inseticida em spray é mais prático do que as vel.basbombas de ··flit" . O caso do ozônio ilustra exemplarmente um di lema dos tempos modernos -como beneficiar- se das conquistas da tecnologia sem pagar o preço de prejuízos às vezes incalculáveis ao ambiente. Controlar a produção de CFC no mundo. portanto. não é fácil. Os tre- ze maiores fabricantes mundiais - com sede no Japão. Europa e Esta- dos Unidos - assinaram um acordo em janeiro último comprometendo-se a ac.elerar os restes de identificação da toxicidade do produto e de even- tuais substitutos. Mas as empresas não reconhecem como definitivas as evidências contra o CFC. No Brasil, o consumo do poluente ainda é baixo Para a Du Poni, por exemplo, "não existe nenhuma comprovação científica de que a camada de ozônio seja atingida pelo CFC" _ diz um por- ta-voz ela companhia em São Paulo. Mesmo assim. segundo a fonte, a em- presa está desenvolvendo pesquisas em nível mundial para estudar o as- sunto. De seu lado, a Hoechst do Brasil, que fabrica o CFC sob a mar- ca Frigen, reconhece que hí1 indícios de que o gás esteja afetando o ozô- nio. Um executivo da empresa desta- ca em todo caso que o consumo no Brasil ainda é baixo. De fato. en· quanto nos países desenvolvidos o consumo é de I quilo a I ,3 quilo por habitante por ano, no Brasil esse va- lor cai para irrisórios 80 gramas. Em agosto do ano passado. ainda antes portanto da última safra de más notícias vindas da Antártida, a rede ele lanchonetes McDonald 's anunciou nos Estados Unidos a intenção de substi tuir as embalagens de espuma plástica de seus sanduíches por outras que não contivessem clorofluorcarbo· no. A idéia foi saudada com entusias- mo. mas ainda não se concretizou - as 9 600 lojas da rede em 46 paí.ses continuam a usar a embalagem polui- dera. Enquanto isso. no Brasil. a Basf. que fabrica o tradicional isopor. usando o inofensivo gás pentano em vez do CFC, desistiu de entrar no mercado de embalagens para sanduí- ches, aparentemente a fim de não agravar a polui~ão da atmosfera. Mas a iniciativa de restringir a pro- dução de clorofluorcarbonos não é discutida só nas empresas. Exatamen- SUPIR 21 Pesqu receiam um grande desastre te ha um ano. uma confercncw em Genebra. na Su•c;a. reumu delc@.:•dos de 32 países. Eles come<;amm ali a discutir mecam<mos paro regular o U.\0 do produto Foi um pnmcml pas· so - e seus frut~ não tardaram. Cin· co meses depo1s. representante~ de 24 pmscs. entre os qu:us EsHtdo~ Un•dos. Japão. Alemanha c Franc;u - os maiores produtores -. a~marnm em Montreal. no Canadá. o comprom•~ de reduzir a produç-Jo de C.mtglfdo de Instrumentos túl PH<~UI$11, o ER·2 voou sobre a Antlttlda ... CFC pela metade até 199'). Mns o documento autoriz:• nações em desenvolvimento a :aumentar o seu uso dumntc uma década mtcirn. O rcsul· tado final. a~~egumm os de· fcnsorcs do tratado. scra umu redução de 35 por cento no total de CFC na atmosfera a tê o final do século. Por ccr· to. isso é insuficiente parn afugentar de vct o problemn. "Sob o ponw de v1sta técni· co, as medida~ adotadas em Monrrcal foram pouco cfcti· vas" . critica o engenheiro Kirshhoff. do INPE. "Ma~ do ponto de "' ta diplomático serviram como um empurrão ... junto Ct>m um jato OC-$ p•r• estudar o ozônio inicial. Ouem sabe. no futuro. essas medidas não ~râo ampliados'!" O Brasil mandou dois d1plomatas a Montreal. mas não assinou o protoco- lo. Em todo caso. o ltamarut) \Cm promovendo consultas sobre o assunto a diversos órgãos do governo. como o INPE e a Secretaria Espec1al do Meio Ambiente. Ambos '\e mamlcSt!lrilm a favor da assinatura do protocolo. Se· gundo o sccretáno especial do Meio Ambiente. Roberto Messio~ Franco. "o uso do CFC nas proporc;õcs atuai~ realmente preocupa. mas posso ga· rantir que a nossa particip:1çúo ainda é pequena". Ele afirma que CK países do Terceiro Mundo são responsáveis por apenas 6 por cento do fnhricnçf10 internacional - c o Brasil por openas I por cento. Mcssins Frauco di!lsc a SUPERINTERESSANTE que o Bra- sil assinará o protocolo de Montreal "dentro de cinco n seis meses". Segundo o pres1dcnte du Associa· ção Brasileira de Aerossói~. Hugo Chaluleu. "menos de 5 por cento 22 1UPU dos sprays produzidos no pais usam o CFC. A maior parte dos fabricao· tes prefere uma mistura de butano e propano como propelente. até por· que é muito ma1s barato". Na opi· mão de Chaluleu. "o CFC poderia ter ~ido abolido das latas de spray há muito tempo". Restariam de qual· quer forma os aparelhos de rcfngcra· çio. onde ainda não foi encontrado um produto adequado para substuuir o ~ás. Os cientistas mais preocupados com a questão insistem em que ela deve ser rc.~olvida - e imediatamente. "As mudan~as ocorridas nos últimos trinta n cmqilema anos na atmosfera nllo têm precedentes c n veloddodc em <luc elas acontecem está se acclcrnn· <o". nlcna o cientista americano Gil- bcrt White. da Universidade do Colo- r:u.lo. " É ~ivel que um g.rande de· 'uMrc esteja sendo armado ... O clima du Terra passou por mil mudanças ao longo dos bilhões de anos de sua exis· téncin. Mas sempre conseguiu manter • Volker Klnhhott, do INPE: um• proVlf arraudora o equilíbrio - sem o qual o próprio planeta dcixarin de abrigar a vtda. Ou seja. o clima pode ser comparado a uma m6quina que se corrige a si mesma. deixando entr.lr a quantidade certa de energia solnr para harn10ni· Ulr :r temperatura c o desenvolvimen- to da 'ida. Mas o homem vem inter· ferindo neste procc))(). Desde o ~ur· gtmento do Homo sapttlls at~ os tem· pos modernos. essn interferência foi desprczlvcl. Nas últimos cinco décn· dus. porém. a explosf10 das llO\IIIS tec· nolngin~ tornou a intromissão humn· na um futo cndn vez mais carregado de ri\COS para a natureza no sentido mai~ gernl. No cnso especifico do oz6n1o. o 11lcancc ela nmcnça nf•o po· de scr ~ubestilnado. • Marlha San Juan Fra nça Para saber mais AlmOIItHa, Rit;~rd M Ooody e JJ1mn C G Wll~et. EIMOta Edgll(t Bluchet, fbot»JIIIIIf • 10 11182 éGatin Capricho. E miau para as outras! é a COMPORTAMENTO Toda criança aprende que a mentira é um feio pecado. Mas os mesmos adultos que lhe ensinam essa verdade mentem mais do que aceitam confessar. Viver sem mentir parece tão difícil como viver sem respirar inguém gosw de :tdmitir es1u dura verdade: todo~ menh;m. Seja para agradar a alguém. escapulir de uma encrenca.~c r o herói de alguma aventura nunca Vt· vida. levar ' 'nntagem na vida. Com sua~ pernas curtas. a mcntiru c<tminha no pusso do homem desde que o mun· do é mundo - c não dli o menor sinal de perder o fôlego. muito pelo conlrtl· rio. Todos temos um pouco - ou muito - de Pinocchio. I lá milhnrC$ de anos. como se estivcs.o;c conforma· do com o fa to de que vwcr sem pregar uma menririnha é uio tmpossivel como viver sem respirar. o filósofo chinês Confucio (551-479 a.C.) recomend:l\'a - ' que se apelasse para esse antiqüíssimo recurso apenas quando a verdade prc· judicasse uma famnin ou a nação. É um conselho maroto. como sabem os chdc~ de clfu. c dirigentes poliricos. pa· ra quem nunca foi difícil fazer o que pregava o venerando sábio. Ari~tótelcs (384·322 n.C). o pcnsn· dor grego. só aceitava duas maneiras de mentir: diminuindo ou aumcmnn· do uma vcrdnde. O teólogo S:mto Ago~tinho. no ~cu lo IV. resolveu complicar o n~un10 dcscre,·endo seis tipos diferentes de mentira: a que pre· judic.1 alguém. mns é litil a outro: a que prejudica sem beneficiar nin· guém: a que se comete pelo prazer de , .. mentir: a que se conta para divertir ai· guém: a que leva ao erro religiooo: c. finalmente. a que ele considcravq a ''boa" mentira. que salva u vida de uma pessoa. Para as modernos ctén· cias do componnmento. porém. ~eja qual Cor a hiMóri(l falsa. a realidade é uma só: mentira é aquilo <tllc se que- ria que fosse verdade. O aco de mentir. contudo, é menos ou mui~ tolcrndo conforme o:. valores de cada povo c c<~da épocn.E nté nu· ma mesma sociedade podem cocxiMir graus c.IICercntes de :tceitaçiio (ou rc· plidio) da mentira. de acordo com as expectativas que cada grupo social po· de ter em relaç:io aos demais O po· . ' . Pode indirnr a quantas anda um pais vos antigos. de maneira geral. conde- navam a mentira, mas podiam mudar de idéia a panir do contato com ou- tras culturas. Por exemplo. os povos da velha fndia tinham o preceito de só mentir para salvar um hóspede. No mais. os budistas pregavam que men- tir equivalia a matar dez homens. Em tempos recentes. com a chegada dos colonizadores ingleses, a mentira pas- sou a ser aceita com naturalidade pe- los indianos, que a ela recorriam até paro salvar a própria pele. Mas. ontem ou hoje. na fndia ou no Brasil. segundo os psicólogos. existe um perlodo da vida em que sempre se mente: a infância. Nela. a mentira é um modo de sarisfazer. para si mesmo o u perante os outros. uma necessida- de o u alcançar um desejo. Por exem- plo. o ga ro to que d iz q ue s~u pai. uma pessoa modesta, é um ''grande ho; mem" quer que isso seja verdade. E pane do desenvolvimento pslqu1co de cada um fazer da menti ra uma Cl>pécie de varinha mágica. Também existem as menuras por motivos óbvios, em que o pequeno mentiroso sacrifica a verdade para proteger-se da esperada punição por um mau desempenho na escola ou uma travessura que custou a Ylda de um valioso vaso em casa. A criança mente ainda para extravasar agresslvi- dade o u \Íngar-se de alguém: por exemplo. acusa o irmão de uma falta imaginária para vê-lo castigado e as- sim aplacar o próprio ciúme. Tudo is- so, com mais refinamento, os adultos também fazem. Há. porém. uma dife- rença. "Não existe uma idade exa ta para parar de mentir. Mas quando se deixa de viver mentindo é sinal de que já se está maduro' '. acredita a psicólo- ga paulista Maria Helena de Brito lz- zo. que há vinte anos trabalha com crianças. Se a mentira é tão comum. por que todo pai virn uma fera quundo 11 agru o (ilho mentindo? " Porque esse mesmo pai. embora também minta na sua vi- da. niio deixa de dar o devido valor à verdade". responde Maria Helena. "Ele que r que o filho faça o ceno pelo mesmo motivo que deseja vê-lo o me- lhor em tudo." A repressão fam1llar à mentira faz bem: sem ela. explica a 26 SUPER f ' A crlanç• mente parti C.n11 ~ Atrlçlo fatal: a merrtlr11 do adultlrl o lVIII /Izar •eu• ~Jo• psicóloga. não se aprende a lutar pelas coisas que se quer usando meios lcgíti· mos. nem se assume o que se faz - enfim. nfto so cresce. No fina l das con- tas. o adulto q ue mente constante- mente é uma criança que só cresceu por fora . Pois então a mentira é prova de que algo vai mal na cabeça do cida- dão- e precisa ser tratado. As expressões corporais entregam a verdade Por isso mesmo. a mentira é uma das principais manifestações analisadas no divã do ps1coterapeuta: os assuntos so- bre os quais a pessoa mente fornecem ótimas pistas sobre as áreas mais proble- máticas de seu temperamento. aquilo que ela nf10 enfrenta ou quer esconder -de SI mesma. para começo de conver- sa. Niio menos impon ante. porem. é a influência da sociedade. Assim como a censuro da família é fundamental para conduzir a criança ao bom caminho da verdade. a forma como a sociedade pu- ne a mentira também é. •· um país co- mo o Brasil. em que a impunidade corre solta. mesmo um adulto pode nc'10 ver mal algum em mentir" . observa a p:.ic:ó- loga Maria Helena. Aí a mentira muda de figura. Jtí niio se trata da necessidade compulsiva de enganar, tipica da pessoa imatur<J. nom das pequenas invcrdades que todos contam. seja por piedade. co- mo dizer o um doente que sua aparência está ótima. seja para poupar-se de uma chateação. ao mandar dizer que não se está em casa no momento de atender um telefonema. Quando a mentira passa a fazer par- te rotineira do jogo socml - uma téc- nica de ataque e defesa na competição entre as pessoas por mais riqueza. prestigio ou poder, e ulnda na guerri- l h ~ entre governados c governantes -. é claro sinal de que o país onde is- so acon tece não vai bem das pernas. O pior é quando as pessoas mentem c já nem ficam vermelhas - ao contrá- rio. até invocam justificativas para as . . . raste1ras que praticam. como o contn- buinte que lesa o fisco porque se diz lesado pelo governo que não cumpre o que promete. A mentira envergo- nhada ainda é uma prova de que se sabe distinguir o CC!rto do errado: as- sim como a hipocnsm é a homenagem do \icio à vinude. ela e uma demons- tração indireta do respeno pela ,·erda- de. Mesmo o ma1s descarado dos mentirosos. porém, se entrega - só não o nota quem não quer ou não presta suficrente atenção. Descontadas as mudanças imper- ceptíveis diretamente. aquelas capta- das somente pelo detector de mentira (veja quadro). o corpo mostra um grande número de sinais de que a ver- dade está passando lontte naquela ho- r:l . Sabe-se. por exemplo. que é mais fãcil mentir com o rosto do que com as pernas e os pés. Isso mesmo: cien- tistas descobriram que. pelo fa to de todos conhecerem us próprias expres- sões faciais, de urn to vê-las no espe- lho. é mais simples controlá-las no momento de mentir. Mas é quase im- possível disciplinar pernas e pés - que à sua maneira também ''falam". c às vezes bem alto. durante uma con- \'ersaçáo. O mentiroso bate os pés. cruza e descruzn ns pernas. ~ por isso Aristóteles e Pllftlo fluram filosofias sobre a mentlr11 CQ•~IIH:Io: mentir apen11s qu•ndo • tllll'dMle prefudlcar um• t.mflls ou a nação Joseph Goebbels ITIIbSihiiVS para qu11 u menllrt1S nazJ•t .. fou.m ~/I .. como verdNH pUTIIS pelos slemles Ooando os animais mentem aves. As borbole- • tas apetitosas tra- A mentira. na natureza. é uma arma de sobrevi- vência. Muitas vezes. na luta contra o preda- dor, a presa só tem chance de es· capar se souber mentir bem. É o caso dos cama- leões. que. graças à pigmentação especial da pele. se confundem com o ambiente O-~ "nge qu. 4 pedra ou folh• e uslm vai .oorevlvendo tavam de voar misturadas às ou· tras. Hoje ~e sa- be que os ammrus memorizam cer- tos padrões de aparência quando associam deter· minada presa a um gosto nau- seante ou à dor. Ponanro. menti- roso competente é aquele que con- Ou de cenos caranguejos, que Vi- vem com a carapaça coberta por al- gas ou esponjas. Os insetos são es- pecialistas em se fingir de cortiça ou de graveLoS no tronco de árvo- res. Essas c muitas outras formas de mentira atendem por um ún1co e verdadeiro nome cicntíf~o - mi· metismo. O fcnómeno foi estudado pela primeira vez pelo naturalista inglês Henry Walter Bates (1825-1892). que observou o comporwmento das borboletas no vale do rio Ama- zonas. Ele descobriu uma família de borboletas que conseguia csca· par dos pássaros tomando-se pare· cida na forma e na cor com outra família. cujo sabor não agradava às segue assumir uma aparência pou- co atrativa para o predador. Existem. porém. casos de auto- mimetismo: animais que imitam outros da própria espéc1e. Os zangões. por exemplo. quando es- tão prestes 11 ser atacados. voam e zumbem como abelhas. que. como bem sabem os atucantcs. têm ferrões para se defender - se a mcntim pega. os zungõcs se sa lvum. Nem sempre. contudo. é u prcsu o mentiroso. Isso aconte- ce no caso clássico do lobo em pele de cordeiro. ou seja. o ani- mul que finge ser manso. se aproxrma calmamente de outro com ar de quem não quer nada e sa1 ganhando uma refeição. que em negociações complicadas ns . . . pessoas ficam mconSCJentemente ma1s à vo ntade sentadas a mesas que escon- dem a metade inferior do corpo. Numa das mais bem trabalhadas pesquisas sobre a mentira e o organis- mo. cientistas americanos pediram a um grupo de estudantes de enferma- gem - uma profiSSão cujos pratican- Les são de certo modo treinados para mentir - que dissessem ora a verda- de. ora a mentira sobre alguns filmes a que haviam assisttdo.Enquanto as enfermeiras falavam. uma câmara ocu.lta tratava de flagrar os sinais men- tirosos. Um deles é o ato de esconder as mãos, que normalmente se movi· mcntam numa conversação para dar força a uma idéia. Sem perceber o que está fazendo. o mentiroso tende a ti- rar as mãos de cena, afundando-as nos bolsos. por exemplo, para evitar que desmintam a mentira que sai da boca. No amor, é multas vezes confundida com a fantasia As enfermeiras da pesquisa omeri- cana aumentanm a freqüência de nu· tocontatos com o rosto. enquanto mentiam sobre os filmes. Ou seja, co· meçaram a passar a mão pela face, ali- sar os cabelos, apoiar a mão no quei· xo. Mas dois gestos se destacaram: o de encobrir parcialmente a boca - nem que apenas por um momento - e o de tocar o nariz. O primeiro. se· gundo os psicólogos, uaduz uma von- tade de amordaçar-se, porque nin- guém se sente totalmente à vontade ao contar mentiras. Tende a ser um gesto rápido porque exprime um con- Dito: uma pane do menti roso não quer amordaçar-se coisa nenhuma - e sim continuar com a sua mentira. Já o toque no nariz tem duas explica· ções: a primeira seria basicamente a impossibilidade de cobrir a boca - portanto, encontra-se apoio no nariz. que está convenientemente próximo: a segunda explicação refere-se a ce rtas mudanças fisiológicas, nos momentos de tensão. que aumentam a sensibili· dade da mucosa nasal. Assim, ao mentir, o nariz coça, embora possa ser uma scnsaç!\o tão suave que mal se perceba. Finalmente, as enfermeiras menti- rosas se mexiam mais nas cadeiras. co- mo crianças que querem escapar de algum lugar. Na verdade. o que todos querem t escapar desse desconforto psicológico que é enganar o próximo. mesmo quando não se o ama. As sura 27 Há quem nlinta • paravner honestamente crianças podem dizer "sou mentiroso e sou feliz: mais mentiroso é quem me diz". Mas não é verdade: memira ra- ramente rima com felicidade. Princi- palmente quando a pessoa se vé força- da a esconder de seu parceiro a reali- dade. Nas relações amorosas. diz o psicoterapcuta paulista Jacob Pinheiro Goldberg, a mentira costuma ser con- fundida com a fantasia. pois ambos os processos servem à mesma finalidade: suavizar as situações de tensão. "Mas. na mentira". explica Goldberg, ' 'existe a intenção de iludir o outro em causa própria, e isso impli- ca lesões e mutilações para o relacio- name!ltO. Já a fantasia serve muitas vezes para sustentar a qualidade da relação." A mentira no jogo amoroso também sofre a influência dos costu- mes da sociedade em que vivem os amantes. Quanto mais tabus houver. maior será a tendência para a hipocri- sia e o fingimemo. Poucas coisas são tão complicadas como o conflito entre a verdade e a mentira numa relação afetiva. e os rios de tinta já gastos pe- Mentirosos de • menttra "De tanto inventar histórias para distrair seus amigos, o alemão Karl Friedrich Hieronymus, barão de Munchhausen (1720-1 797). que ser- viu como mercenário no exércíto russo na guerra contra os turcos em 1740. acabou eptra'ndo para a His- tória como um grande mentiroso. grac;.as ao livro. por sinaJ publicado anonim mente em L785. do escri- tor aremão Rudolph Erich "Raspe ( 1737-l794). De voha dos calJlpoS de batalha, o barão contou. por exemplo. como se safara de um pântano onde caira: puxando a sL mesmo pelos cabelos. Em outra pe- ripécia. salvou-se da morte. caval- gando balas de canhão disparadas pelo inimigo. Entre uma aventura e ourra. ;tinda achou tempo para ir à Lu~- duas vezes. 28 SUPD Que se,. que dom Pedro disse de verdade lls margens plâcldas do lp lranfP17 los psicólogos para explicar a questão não conseguem cobrir suficientemente toda a gama de emoções envolvidas nessas situações. I lá quem vive para mentir e há quem mente par!\ viver - como os que ganham honestamente o pão de cada dia graças ao fingim<?nto. em tempo parcial ou integral. E o caso, por exemplo, dos atores, que fingem ser personagens; dos médicos, que os- tentam nas horas mais graves uma cal- ma fictícia; dos diplomatas, que por dever do oficio blefam à mesa de ne- gociações. Os publicitários, cansados de levar a fama de vender mentiras bem embaladas, resolveram há oito Plnocchlo descobriu que fa l11r a verdecH lhe trazfe van111gens Mas não há literatura que não tenha seus campeões da mentira - rcàl ou imaginária. O escritpr francês Alphonse Daudet (1840- L897) celebrizou-se graças às aventuras mentirosas de seu persa· nngem Tartarin de Tarascon. um burguês baixinho, com certa (en- dência à obesidade. que se irnagi- anos criar o Conselho Nacional de Auto-Regulamentação .Publicitária (Conar), justamente para vigiar anún- cios caldos na tentação de vender gato por lebre. Pois bem: só nos últimos CÍIJCO me- ses do ano passado, o Conselho sus- pendeu sete campanhas publicitárias por causa das chamadas mensagens enganosas. Isso sem contar as campa- nhas que sofreram pequenas correções porque não explicavam direito o que estavam vendendo. " O problern!l des- ses tempos de crise'', comenta Alvaro Moura. do Conar, ·'é que aumenta o número de produtos. como manuais fantásticos para ter sucesso. figas e nava um valente herói e saia con- tando peripêcias nunca vividas. No Brasil,, o mentiroso Macunalma • de Mário de Andrade, nêm fez questão de se üngir de herói: co- varde como só ele e sem nenhum caráter. Macunaíma mentía o tem- po inteiro para Se safar de qual- quer 'problema -dizer a verdade. aliás. lhe dava preguiça. O mentiroso mais conhecido dQ mundo da ficção foi sem dúvida Pinocchio. o boneco de mademl criàdo em 1878 pelo escritor italia- no Carlo Collodi. Numa tentativa de educá-lo. a fada madrinha de Pinocchio fe.z com que cada vez que ele mentisse o nariz crescesse. Antes que virasse um Cirano, o boneco acabou desistindo de sua vida de mentJras. Foi. talvez. o único mentüoso da literatura a op- tar pela verdade - pela boa e simples razão de que a verdade lhe trazia mai.s vantagens ds> que a mentira. Retrato de um mentiroso Enquanto a boca mente eom a maior desenvoltura, a mente se perde entre o que conhece como verdade e o que está sendo afll1Da- do mentirosamentc como verdade. Durante esse pequeno curto-circui- to, ocorrem mudanças fisiológicas comuns a todo e qualquer mentiro- so: a respiração se interrompe por um segundo e depois volta num rit- mo acelerado; o coração também passa a bater rápido e a transpíra- ção aumenta. Como nada disso po- de ser percebido diretamente, exis- te o po!ígra[o, ou detector de men- tira . um aparelho que em comato com o peito, o pescoço e as pontas dos dedos registra em gráficos aquelas manifesta9ões fisiológicas. Certamente. todos os sintomas citados aparecem no mentiroso. A polêmica, porém, surge ao se le- CÉREBRO Por segundos. descontrofa·se e provoca uma série de reaç688 ~'/1 fisiofógloas NARIZ A mucosa nasal fica sensfvel e coça ROSTO O mentiroso aumenta o núme10 de contatos com o rosto e tende • CObrir a boca comamâo • &L-~ CORAÇÃO Ace,lera o ritmo vanl:ar a possibilidade de que quaJ- quer pessoa em estado de ansieda- de - com problemas familiares, por exemplo - pode apresentar as mesmíssimas características. No Brasil, apenas a polícia de São Pau- to usa o detector de mentira. Se- gundo o delegado Nelson Silveira Guimarães, "apesar da confiança que temos no exame. ele não é ronsiderado prova judicial. mas apenas um indicio que pode in- fluenciar a opinião do juiz·•. O de- tector de mentira, diz Guimarães, só não é ainda mais usado porque apenas um em cada dez suspeitos consente em submeter-se ao apare- lho. Além disso. enquanto nos Es- tados Onidos cerca de 10 mil poli- ciais sabem manipular o detector, no Brasil não bá mais de uma dúzia de funcionários habilitados. PULMÃO A respiração fica levemente entrecortada e. depols. se acelera MÃOS Como as mftos costumam reforçar as palavras, o mentiroso evita movimentá· las ou tenta escondê·las,com meelo de que entreguem e verdade DEDOS O suor aumente no corpo Inteiro. mas é na ponta dos dedos que are é medido peJo pofigraiO PERNAS EPÉS Ficam agitados. não param de movlmentar·se cruzes milagrosas, receitas para ga- nhar na loteria. Está na cara que é mentira. Mas, no desespero. o brasi- leiro pode acabar acreditando." As pesquisas indic.am que os brasi- leiros menos acreditados pela popula- ção são os poHticos. É uma revelação inquietante, sem dúvida, mas não é verdade que isso acontece só no Brasil -e só nos dias de hoje. Afinal. qua- tro séculos antes de Cristo, na Grécia Antiga, Platão ensinava que " a menti- ra enfeia a alma, mas é perdoável quando atende a imeresses de Esta- do''. Depois. no Renascimento. o ita- liano Maquiavel escreveria que todos vêem o que o polltico parece, mas poucos sabem o que ele é realmente. E assim ningu~m tanto quanto o polí- tico profissional é uma aparência - ainda que a aparência engane. Versões oficiais tendem a mudar a verdade dos fatos A mentira se infi ltra na História que se aprende nos livros didáticos - e cada pais há de ter sua cota de maus tratos à verdade dos acontecimentos históricos. Dom Pedro I, por exem- plo. jamais teria br;~dado " Indepen- dência ou morte,. às margens do Ipi- ranga. ao receber a carta que o inti- mava a voltar a Portugal; teria reagido !soltando uns sonoros palavrões. Guardadas as diferenças de tempo, lu- ear e pessoa, não se tem provas de que Nero tenha mandado incendiar Roma em 64 d.C., mas não há·quem não tenha sido ensinado a acreditar em sua culpa. Nos Estados Unidos. quando se en- sina às crianças as virtudes da verdade. é inevitável o exemplo de George Wash- ington: ao~ 6 anos. confe.o;sou ter der- rubado a cerejeira favorita do pai. di- zendo ''não posso mentir". Na verda- de. nenhuma de suas biografias confir- ma o episódio. O nazista Joseph Goeb- bels. famigerado ministro da Propa- ganda de Hitler. entrou para a Histó- ria, entre muitas outms coisas. como tendo dito que ·•a mentira repetida di- versas vezes se torna uma verdade" . Nunca se provou que ele tivesse de fa- to dito isso. pelo menos com essas pa- lavras. Mas tanto já se repetiu a frase ·que ninguém dirá ser mentira. • Lúcia Helena de Oliveira Para saber mais Trocando klélu. Mw ~ dtJ BniD lzzD. EdiferaM-tos, SioPJWio. t984 SUPIR 29 Finalmente, uma anã marrom em carne e osso A nãs marrons são singulares corpos celestes que nrto são planetas nem chegam oo srams de estrelas. Uma anã marrom será sempre um astro relativa- mente frio, com temperatura superficial em tomo de 1 000 graus Kelvin (mais ou menos 700 graus centígrados). O Sol. uma estrela, tem temperatura de 6 000 grnus Kelvin (cerca de 5 700C): Júpiter. um phmeta. o maior de todos. tem mni~ ou menos 96 graus Kelvin (quase 100 centígrados negativos). Subeslrelas. as anãs marrons foram previstas teoricamente, mas jamais haviam sido registradas concretamen· te. Tendo em vista a baixa tempera- tura e a baixa luminosidade, não é fácil detectar sua presença por qual· quer dos métodos utilizados pela As· tronomia para observar os corpos ce- lestes. Na verdade. só podem ser ob- servadas através de telescópios ou sondas espaciais sensíveis às ondas infravermelhas. Dois grupos principais de estrelas de baixa massa t~m sido relacionados pelos astrônomos. O primeiro com· preende os sistemas de duas estrelas. uma das quais é a companheira da es- trela invisível. detectada apenas pela perturbaçAo que provoca no movi- mento da outra. Em virtude de sua temperatura muito baixa. essa compa- nheira só emue radiação no infraver- melho, o que toma muito difícil sua observaçAo. O caso mais célebre é o da compnnheira da estrela Van Bies- broech 8. observada com aparente su- cesso pelos astrônomos do Obscrvató· rio Naval do Arizona. em 1985. Denominada VB8·B. teve medidas a temperatura. luminosidade e mas- sa. Durante algum tempo discutiu-se se seria um planeta ou uma anã marrom. até que. em 1987. observa· c;óes precisas realizadas no Observa· tório Europeu Austral. no Chile, deixaram claro que essa companhci· ra niío existe. O outro grupo é o das es trelas isoladas de baixa massa e luminosidade. q ue tem na LHS-2924 um bom representante. E m novembro do ano passado. 110 estudarem anãs brancas (estrelas de baixa luminosidade. temperatura de superficie relativamente alta e den· sidade extremamente alta). os astrõ- nomos americanos Benjamin Zucker· man. do Departamento de Astrono- mia da Universidade da Califórnia. e Eric Becklin. do Instituto de Astrono· mia da Universidade do Havaf. desco· briram que a estrela Giclas 29-38 pa- rece emitir um excesso de radiação em infravermelho. Estimaram. e ntão. sua temperatura superficial em 1 200 graus Kelvín. Situada a 45 anos-luz da Terra (mais de 400 trilhões de quilômetros). essa estrela tem uma massa situada entre .v;. e ll.-é de massa solar - a Nem isso, nem aquilo ~--~------------~ M1111 menor que 1% dama111aolar Nto há tudo de hldrogtnlo Tempera~Ur~e belll88 Anãs marrons M-adelt68% da maasa solar Queima lenta de hidrogênio Tempetllutl em tomo de700'C Estrelas Maa11 maior que 8% de massa solar Fulllo do hldrog6nlo Tempetatura em tomo de5700'C lnceneza da medida provém da impre· c1são dos modelos teóricos aos quais for.1m comparados os dados de obser- vação. Ora. um objeto celeste com massa superior a I t;l: de massa solar deixa de ser um planeta: mas abaixo de W< de massa solar não chega a ser uma estrela propriamente dita . Um objeto celeste nesses limites de massa solar pode queimar hidrogênio lenta· mente. durante bilhões de anos. e ja- mais alcançar o estado estacionário no qual as reações termonuclcarcs che· garn ao estágio terminal . T alvez Zuckerman e Becklin te-nham deseobeno um ponto espe· ela I do gráfico da evolução estelar. Caso se confirme a impressão de que o objeto detectado por eles seJa uma anã marrom, estaremos diante da possibilidade de um avanço cient[fico compar4vel ao que seria proporciona· do pela identificação de um novo sis- tema planetário - ou talvez ainda mais. Essa descoberta pode comple· tnr a teoria sobre a origem e a evolu- ção de estrelas e planetas no Univer- so. Vai contribuir enormemente parn que se compreenda como uma estrela em formação se condensa a partir de uma nuvem de gases. Por outro lado, ajuda r:! também a saber quando e co- mo a matéria interestelar é capaz de se aglutinar para formar outra estre- la. um planeta ou os anéis de frag- mentos como os cinrurôes de asterói· des ou. ainda. os cometas. Finalmen· te. a descoberta e a determinação da freqüêncm dessas estrelas tênues e de massa reduzida permitirão determinar n massa das galáxias e resolver. en· fim. o grande problema da massa fal- tante do Universo- uma quantidade de massa que a teoria diz que deve existir. mas ninguém conseguiu ainda dizer onde está. • o llstiÓIIOmO Rot.- RogeriO de HeÍII$ _., • dltliiOr db-ele"-e~ A!IIS db ~- dtl ~ ... C.Wiric:o. T~ PUBLICIDADE UPER- UPER" SIGNIFICA O QUE HA DE MELHOR! Chegando junto com a tecnologia de ponta! D a mesma forma como o fiZera com o primeiro lut de televi- são produzido no Brasil, novamen· te a Oceidcntal S chools se an- tecipa no mercado, agora com o lan· çamemo dos· cursos na ~rca ~ 1~ formáúca e do revolue1onáno Kn de Microcomputador Z-80. Kit digi tal - Além deste mo· demo equipamento, a Ocddental S choolst< possui t~bém .u!'" av~~ çado Kit de Elctrõmca D1gttal, ml- cialmcnte previsto para 50 experiên- cias. O número de experiências po- derá ser ampliado, de acordo com a capacidade de assim1laçio c cria- ção de seu operador. .-1 '-·· .-· --,;.:;·...r-:;: ... •.-:.··· •. -· ..... ', .. ·, .,_.' • - •• -f • - l. ' ...... . ·:\·- 0·\.: :~~"· ,\· ·: .. , \, ;\ ' ' , , ... . . ·_\ .· -::• l' '".:-·-.• ,· ·_, ... ' ' \ ~ ·)j. .·-.·. ;~ ·-_.:, -·, _'> \ .• <r, \.'"', \ '',', '• \ )• •.'I.- '• o'·' • )'1- ' .>• -·-'·
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