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Nematódeos de ruminantes aula

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Universidade de Passo Fundo
Curso de Medicina Veterinária
Disciplina de Doenças Parasitárias
Médica Veterinária Suelen Mendonça Soares
Mestranda em Bioexperimentação
• O que são
• Características
• Ciclo geral
Nematódeos
• Aparência
• Local parasitado
• Patogenia
• Sinais clínicos
Gêneros mais 
comuns
• Brasil/Rio Grande do Sul
• Fenômenos/Conceitos
• Imunidade
Epidemiologia
• Características dos ovos dos parasitas
• Técnicas de identificação de ovos e larvas nas 
fezes
• Interpretação dos resultados
Diagnóstico
• Medicamentos
• Resistência aos anti-helmínticos 
• Calendários de tratamento
Tratamento
• Formas de controle
Controle
Helmintos
Trematoda
Cestoda
Nematoda
Vermes cilíndricos
Com dimorfismo sexual
Ovípara*
Forma de infecção através da L3
Também chamado – verme em 
forma de poste de barbeiro
Local: abomaso
Período pré-patente: 18-21 dias
Parasita sugador de sangue:
Causa lesões no abomaso e anemia com hipoproteinemia nos 
animais
Importância na ovinocultura: animais são altamente susceptíveis –
perdas econômicas 
Sinais clínicos: Apatia, mucosas anêmicas*, melena, perda de peso, 
queda de lã e edema submandibular
1 parasita adulto 0,05mL de sangue/dia ovino com 5000 
parasitas pode perder até 250 mL de sangue/dia
Parasitas pequenos, dificilmente 
visíveis a olho nu – coloração 
acastanhada 
Local: Intestino Delgado
Período pré-patente: 2-3 semanas
O parasita faz túneis sob o epitélio intestinal liberação de 
vermes jovens hemorragia e edema enterite/atrofia das 
vilosidades
Sinais clínicos: perda de 
peso rápida e diarreia de 
coloração escura
Perda de proteínas 
plasmáticas para o 
lúmen intestinal
Vermes pequenos e de coloração 
rosa
Local: intestino delgado
Período pré-patente: 15-18 dias
Os parasitas formam novelos em torno das vilosidades intestinais 
atrofia das vilosidades diminuição da absorção de nutrientes e 
água
Sinais clínicos: perda de peso, além de
perda de apetite – infecção maciça pode
ocasionar diarreia
Vermes castanho avermelhados de até 1 cm de 
comprimento – “verme estomacal marrom”
Pode ser chamado também de Teladorsagia
Principais espécies:
O. ostertagi – importância em bovinos 
O. circumcincta – ovinos e caprinos 
Local: abomaso – glândulas abomasais
Período pré-patente: 3 semanas
Redução nas células parietais –
Células não secretoras, 
indiferenciadas e de divisão rápida
Alteração em uma célula –
crescimento das larvas – células 
adjacentes
Mucosa gástrica hiperplásica
Elevação pH 
Incapacidade de transformar 
pepsina pepsinogênio
desnaturação de proteínas
Perda do poder bacteriostático
Aumento da permeabilidade
Perda de proteínas plasmáticas -
hipoalbuminemia
Sinais clínicos:
T
ip
o
 I • Alta morbidade 
e baixa 
mortalidade
• Diarreia 
persistente –
verde brilhante
T
ip
o
 I
I • Baixa morbidade 
e alta 
mortalidade
• Perda de peso, 
pelagem opaca, 
períneo sujo e 
edema 
submandibular
• Anorexia e sede
• Hipobiose
“Interrupção temporária no desenvolvimento de um 
nematódeo em um ponto exato de seu desenvolvimento 
parasitário.”
“ Artifício do parasita para proteger a sua progênie de 
adversidades.”
Geralmente envolvendo estágio larval 4
Pode estar relacionado:
Hospedeiro – Questão hormonal, imunológica
Fatores externos – Umidade, fotoperíodo, temperatura
Larvas saem da hipobiose
quando as condições são 
favoráveis
Vermes finos, de aproximadamente 2 cm – ficam entrelaçados semelhante a 
algodão em rama – “verme com pescoço rosqueado”
Se desenvolvem até L3 dentro do ovo – eclosão vai depender de fatores 
extrínsecos
Local: intestino delgado – não penetra nas mucosas – fica entre as vilosidades
Período pré-patente: 3 semanas
Sinais clínicos: diarreia verde-amarelada, perda de peso, desidratação
O parasita se alimenta do epitélio intestinal atrofia das 
vilosidades não-absorção de nutrientes
Um dos maiores parasitas do intestino delgado de ruminantes: 1-3 
cm coloração branco-acinzentado
Local: Intestino delgado
Período pré-patente: 2 meses
Sinais clínicos: diarreia com fezes escurecidas, perda de peso, anemia 
– edema submandibular em casos mais graves
* A infecção por L3 pode ser percutânea e ter migração pulmonar 
(muda para L4) – nesses casos pode haver dermatite *prurido
O parasita se alimenta de sangue do hospedeiro anemia
Vermes brancos, espessos, de 1-2 cm
Local: ceco e cólon – L3 muda para L4 dentro do nódulo e após desenvolver, 
é liberada para o lúmen intestinal
Período pré-patente: 45 dias
Sinais clínicos: diarreia com fezes escurecidas e fétidas e perda de peso
* Importância na inspeção – descarte do intestino por inteiro ou partes
O parasita forma nódulos L3 penetra profundamente na mucosa 
reação inflamatória enterite/colite ulcerativa
Vermes filiformes de até 4 cm
Local: Traqueia e brônquios
Pneumonia verminótica
Fêmeas são ovovivíparas – ovo eclode imediatamente após postura
Período pré-patente: 2 meses
Sinais clínicos: taquipneia, dispneia, tosse – sons de estertor na auscultação
O parasita irrita o epitélio respiratório produção excessiva de 
muco proliferação de bactérias e broncopneumonia
Postura: brônquios
Ovos 
deglutidos: 
larvas nas 
fezes
Muda para L4
Muda nos 
alvéolos –
L5/adulto
Intestino: penetram na 
mucosa e vão aos 
vasos linfáticos
Sinais clínicos:
Posição ortopneica
Vermes capiliformes, menores que 1 cm de comprimento
Local: Intestino delgado
Somente as fêmeas são parasitas; ovos larvados – fêmea 
ovovivípara por partenogênese
Transmissão transmamária – larvas migram para tecidos 
corporais
Período pré-patente: 15-25 dias
Fixação do parasita no epitélio intestinal – atrofia 
vilosa/inflamação local - enterite
Sinais clínicos: diarreia, anorexia, apatia e perda de peso
Peculiaridade no ciclo:
Pele
L3
Arteríolas
Coração
Pulmões
Bronquíolos
L3 L4Brônquios
Traqueia
Laringe
Deglutição
L5Ovos 
larvados 
L3
Ingestão
Vermes de tamanho variável – até 7 cm, conhecido como verme 
em forma de chicote – estágio infectante: L1 dentro do ovo
Infecções leves
Local: Intestino grosso – ceco – Parte anterior na mucosa 
(sangue e fluido) e posterior no lúmen intestinal -
reprodução
Período pré-patente: 6-12 semanas
Sem sinais clínicos aparentes - diarreia
Larvas penetram nas glândulas da mucosa cecal desenvolvimento até 
adulto Inflamação local
Brasil
Haemonchus – meses verão
Trichostrongylus/Ostertagia – meses inverno
Sul
Haemonchus
Ostertagia
Trichostrongylus
Nematodirus
Strongyloides
Cooperia
Oesophagostomum
Trichuris
Bovinos e ovinos
Parasitados durante 
todo o ano –
infecções mistas
Precipitações 
pluviométricas 
irregulares
Infecção:
Regiões:
Pelotas: setembro, 
novembro, dezembro e abril
Bagé: setembro, novembro, 
maio e julho
Uruguaiana: meados de 
outono e inverno
Fatores a serem 
considerados:
Número de parasitas adultos
Nível de imunidade do hospedeiro
Idade do hospedeiro
Raça/Espécie do hospedeiro
Espécies de parasitas
Estágio da infecção
Período periparto
Consistência das fezes
Ambiente e população
Número de parasitas adultos
OPG?
Baixo Alto
Ambiente
Alimentação
Reprodução
Habilidade do parasita 
produzir a doença:
Quantidade de parasitas que penetram no
organismo do hospedeiro
Localização no hospedeiro
Tipo de injúria que causam no tecido do
hospedeiro
Nível de imunidade e idade do hospedeiro
Inicia-se 
após o 6-9 
mês de vida
Resposta diferente para 
cadatipo de parasita
Animais mais 
jovens: mais 
susceptíveis
Melhor 
resposta: 
menor 
número de 
parasitas
Importância 
nutricional 
na imunidade
Reação 
inflamatória
Nível de imunidade do hospedeiro
Resposta 
TH2
Produção de anticorpos –
IgE e IgA
Citotoxidade celular dependente de 
anticorpos + aumento de muco e 
motilidade gastrintestinal
Raça/Espécie do hospedeiro
Por exemplo: Haemonchus
Resistência
Bovinos Ovinos
Crioula lanada
Corriedale
Suffolk
Santa Inês
Resistência individual – Dentro de uma raça
Guia FAMACHA© (FAffa MAlan CHArt) - Dr. J. 
van Wyk, F. Malan, e G. Bath
Inicialmente: Diferentes graus de anemia em
animais da mesma raça e correlação direta da 
coloração da mucosa com o hematócrito destes
animais
Seleção genética de animais
resistentes dentro de uma raça
Resistência: boa herdabilidade
Resistência: habilidade do animal de impedir a
infecção parasitária ou eliminá-la logo após instalada;
Resiliência: habilidade de manter níveis produtivos
aceitáveis sob desafio parasitário;
Tolerância: aptidão do animal de sobreviver a infecção
parasitária tolerando seus efeitos.
A resistência é a característica mais importante, pois
impõe limites ao estabelecimento do parasita.
Por que ovinos são mais acometidos?
Pastejo rasteiro – próximo a fezes de
bovinos e dos próprios ovinos;
Bovinos são tratados com menor
frequência: há menos parasitas
resistentes
Período periparto
Prenhez e parto: aumento de hormônios 
corticosteroides
Quebra da imunidade 
Aumento da carga parasitária
Maior excreção de ovos, maior contaminação das 
pastagens – cuidado com os terneiros/cordeiros –
fonte de infecção para a categoria mais susceptível
Ovelhas: 30 dias pré-parto + 30 dias 
pós-parto.
Vacas: 4ª semana pré-parto + 7/8ª 
semana pós-parto.
Período periparto
Periparto: Aumento da secreção de prolactina
Aumento da fecundidade dos helmintos adultos
Retomada de desenvolvimento larvas hipobióticas*
Estabelecimento de novas larvas infectantes e 
redução na renovação dos vermes adultos*
* aumento da carga parasitária do animal
Consistência das fezes 
Irradiação solar
Calor
Umidade
Besouros
Pássaros
Micro-organismos
Sobrevivência das larvas e contaminação da pastagem 
Sobrevivência das larvas e contaminação da pastagem 
Desenvolvimento de ovo a larva: Temperatura (20-25ºC)
e umidade (80%)
Ovo e larva: São as fases mais resistentes no ambiente,
porém, não podem se alimentar – Morte – Larvas podem
sobreviver até 4 meses em boas condições
Contaminação da pastagem: Larvas podem migrar de 5
mm (em condições de seca) até 90 cm – Umidade!
Chuva/Orvalho: facilita a motilidade das larvas na
pastagem
Horários de maior migração larval: início e fim do dia
Sobrevivência das larvas e contaminação da pastagem 
*Larva de Dictyocaulus: Fungo Pilobolus ou migração
pelo pasto
Esporângio
Até 2m!
5% dos parasitas estão no hospedeiro
95% dos parasitas estão no ambiente
Ambiente e população 
Poucos
Alguns
Maioria
parasitismo
58 mL/56 mL
4g fezes Número de ovos x 100 = OPG
“Habilidade da cepa do parasita de sobreviver e/ou 
multiplicar-se, a despeito da administração e absorção da 
droga, dada em doses iguais ou maiores que aquelas 
normalmente recomendadas, mas dentro dos limites de 
tolerância dos indivíduos” 
“Transmissão genética da perda da sensibilidade em uma 
população, previamente sensível a determinada droga”
Dose terapêutica causa
a morte e eliminação
Dose terapêutica não causa a 
morte, com pouca eliminação
Quanto maior for a eficiência da droga, mais acentuado 
será o processo de seleção.
Tempo
C
o
n
ce
n
tr
a
çã
o
 p
la
sm
á
ti
ca
Cinética Anti-helmínticos
“Zona da morte”
Nível tóxico
O que seria pior para 
favorecer a seleção 
de parasitas 
resistentes?
Superdosagem ou 
subdosagem?
Tempo (horas)
“Zona da 
morte”
Nível tóxico
01 12 24 36 48 72 96...
Efeito tóxico – terapêutico total
Tempo
C
o
n
ce
n
tr
a
çã
o
 p
la
sm
á
ti
ca
Anti-helmíntico Ideal
Por quê?
Tempo (horas)
“Zona da 
morte”
0 1 12 24 36 48 72 96 720
Nível tóxico
Efeito tipo subdose
Impede o estabelecimento
de larvas susceptíveis
Efeito tóxico e eliminação
do parasita adulto SS, RS e SR
e pequena redução de RR
Anti-helmínticos de longa ação
Tratamentos
Preventivo
Fornecimento da droga em períodos 
relativamente longos e contínuos com 
produtos de ação prolongada. Para 
diminuir o manejo
Não se baseia na epidemiologia. 
Estratégico
Baseado na probabilidade da 
ocorrência de certos eventos 
epidemiológicos durante o ano. Não 
prevê variações climáticas e 
conciliação com o manejo.. 
Tático
Aplicado em períodos que ocasionem 
alta taxa de infecção não prevista no 
controle estratégico
O programa estratégico é mais eficaz e 
econômico do que o curativo em áreas 
endêmicas
Melhora custo-benefício
Retarda o processo de resistência parasitária
Seleciona os animais mais resistentes
Identifica os animais infectados clinicamente 
afetados
*Cuidar animais periparto
*Diagnóstico diferencial
Marcar ovinos 
tratados:
Implantação do 
método FAMACHA©:
•Teste de eficácia 
• Exame clínico a cada 2-3 semanas
• Períodos críticos (novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e 
março): semanal
• Tratar todos animais com OPG 400 ou HMT 21%
•Observações:
Não usar uma cópia do cartão
Substituir o cartão todos os anos
Protocolos mais comuns 
de tratamento em bovinos:
Tratamento 1 Março:
Para eliminar vermes adultos e reduzir 
taxa de infecção
Tratamento 2 - Junho: 
Para eliminar vermes adultos e 
interromper a infecção. Chuvas pesadas 
podem permitir uma certa infecção.
Tratamento 3 - Setembro: 
Eliminar os vermes adultos e impedir a 
postura para períodos futuros e 
combater hipobiose.
Obs: Pode se acrescentar outro 
tratamento em novembro – tratamento 
3,5,9,11
Desmame aos 2 anos 
de idade
Março/Junho: ATH convencional
Setembro/Novembro: ATH avançado
Fazer rotação das bases químicas 3:1
Gado de leite:
Vermifugação
Vacas Verão Inverno
Secagem
doramectina levamisol
eprinomectina albendazol
Pós-parto
albendazol febendazol
febendazol levamisol
Albendazol: carência 72h
Fenbendazol: carência 5 dias
Levamisol: carência 48h
Manejo com ovinos tratados: em 
qual pastagem coloca-los?
Refúgia: estoque de larvas na pastagem
“É a população de larvas, presente na pastagem, que permanece com seu 
caráter susceptível a um determinado princípio ativo” 
População sem contato com os produtos antiparasitários.
5% da carga parasitária no animal – 95% da carga parasitária no ambiente: 
Refúgia: 95% da população
Contribuem para diluir os genes da resistência 
Refúgia: estoque de larvas na pastagem
Criação de diferentes espécies
Rotação de pastagens desenvolvimento e sobrevivência dos
estágios de vida livre dos nematódeos no ambiente
Seleção de animais
Manejo e tratamento: nutrição, tratamento estratégico/profilático e
rotação e administração correta de medicamentos
Rotatividade lavoura-pecuária
Fitoterapia, homeopatia, controle biológico – fungos nematófagos
*Dictyocaulus: vacinação oral em terneiros – 1 dose
Parasitas irradiados
Criação de diferentes espécies
Animais de idades diferentes: Adultos ingerem maior
número de larvas – maior imunidade – menor infecção
*Cuidar fêmeas periparto
Animais de espécies diferentes: especificidade dos
parasitasem relação ao hospedeiro - desenvolvimento,
estabelecimento e reprodução ficam impedidos ou
dificultados
Rotação de pastagens
Rotação de pastagens: 30-40 dias – dependente do clima
Taxa de mortalidade das larvas na pastagem 
-Idade 
-Exaustão aporte energético
- Dessecação
Rotação de pastagens
Viabilidade: 
Clima quente e úmido
semanas/meses
X
Clima frio e seco
meses/anos
Rotação de pastagens
Frio
Menor movimentação das larvas
Menor perda energética
Maior sobrevida
Rotação de pastagens
Altas temperaturas
Larvas hiperativas
Maior perda energética
Menor sobrevida
Rotação de pastagens
Migração das larvas: 
SECA
migração máxima 5-7mm
no bolo fecal ou muito próximo bolo fecal
Rotação de pastagens
CHUVA
migração de até 90cm do bolo fecal
* Duddingtonia flagrans
* Monacrosporium thaumasium (M. sinense)
*Arthrobotrys ribusta
- Aprisionamento dos helmintos em redes tridimensionais e 
penetração das hifas na cutícula do nematódeo digestão de 
conteúdos internos do nematódeo
Controle biológico – Fungos nematófagos
Quais são os dois parasitas de maior importância em bovinos e ovinos e 
qual órgão eles parasitam?
Como funciona o método Famacha©? Quais seus pontos positivos e 
negativos?
Como determinar qual é o fármaco mais eficaz para uma determinada 
população de uma propriedade?
Quais são as alternativas de controle dos nematódeos de ruminantes no 
ambiente? Escolha um método e explique.

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