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Informativo 772-STF (03/02/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
AMICUS CURIAE 
Recurso contra decisão que nega intervenção de amicus curiae 
 
O amicus pode recorrer contra a decisão proferida? 
NÃO. Em regra, o amicus curiae não pode recorrer porque não é parte. Não pode nem mesmo 
opor embargos de declaração. 
Exceção: o amicus curiae pode recorrer, interpondo agravo regimental, contra a decisão do 
Relator que inadmitir sua participação no processo. 
Obs.: a decisão (“despacho”) que admite a participação do amicus curiae no processo é 
irrecorrível. 
STF. Plenário. ADI 5022 AgR/RO, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 18/12/2014 (Info 772). 
 
 
ECA 
 
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS 
Impossibilidade de privação da liberdade em caso da prática 
de ato infracional equiparado ao art. 28 da LD 
 
Não é possível aplicar nenhuma medida socioeducativa que prive a liberdade do adolescente 
(internação ou semiliberdade) caso ele tenha praticado um ato infracional análogo ao delito 
do art. 28 da Lei de Drogas. Isso porque o art. 28 da Lei 11.343/2006 não prevê a possibilidade 
de penas privativas de liberdade caso um adulto cometa esse crime. Ora, se nem mesmo a 
pessoa maior de idade poderá ser presa por conta da prática do art. 28 da LD, com maior razão 
não se pode impor a restrição da liberdade para o adolescente que incidir nessa conduta. 
STF. 1ª Turma. HC 119160/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 9/4/2014 (Info 742). 
STF. 2ª Turma. HC 124682/SP, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 16/12/2014 (Info 772). 
 
 
DIREITO PENAL 
 
MAUS ANTECEDENTES (DOSIMETRIA DA PENA) 
Inquéritos policiais e ações penais sem trânsito em julgado 
 
Importante!!! 
A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem ser 
considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. 
STF. Plenário. RE 591054/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2014 (Info 772). 
 
Informativo 772-STF(03/02/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
NULIDADES 
Mandado de busca e apreensão com endereço incorreto 
 
O juiz deferiu mandado de busca e apreensão tendo como alvo o escritório de um banco, 
localizado no 28º andar de um prédio comercial. Quando os policiais chegaram para cumprir a 
diligência, perceberam que a sede do banco ficava no 3º andar. Diante disso, entraram em 
contato com o juiz substituto que autorizou, por meio de ofício sem maiores detalhes, a 
apreensão do HD na sede do banco. 
A 2ª Turma do STF declarou a ilegalidade da apreensão por ausência de mandado judicial 
específico. 
STF. 2ª Turma. HC 106566/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 16/12/2014 (Info 772). 
 
 
FIXAÇÃO DO VALOR MÍNIMO PARA REPARAÇÃO DOS DANOS (ART. 387, IV DO CPP) 
O inciso IV do art. 387 do CPP não pode ser aplicado a fatos anteriores à Lei 11.719/2008 
 
A Lei 11.719/2008 alterou o CPP, prevendo que o juiz, ao condenar o réu, já estabeleça na 
sentença um valor mínimo que o condenado estará obrigado a pagar a título de reparação dos 
danos causados. 
Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: IV - fixará valor mínimo para reparação 
dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; 
A previsão da indenização contida no inciso IV do art. 387 surgiu com a Lei 11.719/2008. Se o 
crime ocorreu antes dessa Lei e foi sentenciado após a sua vigência, o juiz não poderá aplicar 
esse dispositivo e fixar o valor mínimo de reparação dos danos. 
Segundo entendimento majoritário, o inciso IV do art. 387 do CPP é norma híbrida (de direito 
material e processual) e, por ser mais gravosa ao réu, não pode ser aplicada a fatos praticados 
antes da vigência da Lei 11.719/2008. 
STF. Plenário. RvC 5437/RO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/12/2014 (Info 772). 
 
REVISÃO CRIMINAL 
Impossibilidade de reiteração de teses já apreciadas no processo originário 
 
A revisão criminal é instrumento excepcional, não podendo ser utilizado para reiteração de 
teses já vencidas pelo acórdão revisando, seja quanto a matéria de direito, seja quanto a 
matéria de fato. 
Em outras palavras, na revisão criminal não se pode querer rediscutir os argumentos que já 
foram alegados e rejeitados durante o processo criminal. 
STF. Plenário. RvC 5437/RO, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/12/2014 (Info 772). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 772-STF(03/02/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
PROGRESSÃO DE REGIME (EXECUÇÃO PENAL) 
O § 4º do art. 33 do CP é constitucional 
 
Importante!!! 
Segundo o § 4º do art. 33 do CP, para que o condenado por crime contra a Administração 
Pública tenha direito à progressão de regime e necessário que ele faça a reparação do dano 
que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. 
O STF decidiu que essa previsão do § 4º do art. 33 do CP é CONSTITUCIONAL. 
Vale ressaltar, no entanto, que deve ser permitido que o condenado faça o parcelamento do 
valor da dívida. 
STF. Plenário. EP 22 ProgReg-AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 17/12/2014 (Info 772). 
 
 
DIREITO PENAL / 
PROCESSUAL PENAL MILITAR 
 
DOSIMETRIA DA PENA 
Culpabilidade e consequências do crime podem ser utilizadas na sentença na dosimetria da pena 
 
Não há nulidade na sentença que julga um crime militar se o juiz aumenta a pena-base com 
fundamento na culpabilidade do réu e nas consequências do delito. Isso porque o art. 69 do 
CPM fala em “intensidade do dolo”, locução que, em outras palavras, quer significar a mesma 
coisa que “culpabilidade”. De igual forma, a menção às “consequências do crime” não implica 
qualquer nulidade, já que essa expressão está presente implicitamente no art. 69 do CPM 
quando este dispositivo fala em “maior ou menor extensão do dano”. 
STF. 2ª Turma. HC 109545/RJ, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/12/2014 (Info 772). 
 
 
DIREITO INTERNACIONAL 
 
EXTRADIÇÃO 
Pedido de extradição formulado com base em terrorismo 
 
Importante!!! 
O terrorismo não é tipificado como crime pela legislação brasileira, não sendo válido o art. 20 
da Lei 7.170/83 para criminalizar essa conduta. 
Logo, não é cabível que seja concedida extradição de um estrangeiro que praticou crime de 
terrorismo no Estado de origem, considerando que, pelo fato de o Brasil não ter definido esse 
crime, não estará presente o requisito da dupla tipicidade. 
Vale ressaltar que, mesmo o Brasil não prevendo o crime de terrorismo, seria possível, em 
tese, que a extradição fosse concedida se o Estado requerente tivesse demonstrado que os atos 
terroristas praticados pelo réu amoldavam-se em outros tipos penais em nosso país (exs: 
homicídio, incêndio etc.). Isso porque a dupla tipicidade não é analisada sob o ponto de vista 
do “nomen juris”, ou seja, do “nome do crime”. O que importa é que aquela conduta seja punida 
no país de origem e aqui, sendo irrelevantes as diferenças terminológicas. No entanto, no caso 
concreto, o pedido feito pelo Estado estrangeiro estava instruído de forma insuficiente. 
STF. 2ª Turma. PPE 730/DF, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 16/12/2014 (Info 772).

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