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Titulo de Credito...Comercial II -

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TÍTULOS DE CRÉDITO
1. Introdução
O direito de uma pessoa em relação a outra pode ou não estar representado por instrumentos jurídicos, tais como a sentença, o contrato, a declaração unilateral de vontade e títulos de crédito, como a letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, etc. Portanto, título de crédito é apenas um dos instrumentos de crédito.
Como o próprio nome diz o título de crédito titulariza o crédito do credor em relação ao devedor.
Embora tenha caráter representativo, o título de crédito não se confunde com a obrigação, a qual é o vinculo jurídico existente entre devedor e credor, que tem por objeto uma prestação ou contra prestação.
Crédito é uma expressão originária do latim “creditu”, que significa confiança.
Segundo o filósofo francês André Gide, o crédito é a troca no tempo e não espaço. Isto porque, aquele que emite o título recebe um bem, mas, sua parte só é cumprida posteriormente.
2. Conceito - de acordo com Cesare Vivante, título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado.
Tal conceito contempla os três princípios do direito cambiário, que são:
Cartularidade – “documento necessário”
Literalidade – “literal”
Autonomia – “autônomo”
Referido conceito foi adotado expressamente pelo CC/02 no art. 887.
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
A diferença entre o conceito de Vivante e o do CC está apenas nas expressões “mencionado” e “contido”. 
Já caiu em prova perguntando a diferença entre estes dois conceitos.
3. Características 
O título de crédito tem duas características importantes: Circulabilidade; Executividade;
Circulabilidade – a maioria dos títulos de crédito podem ser transferidos facilmente mediante endosso, tradição ou cessão civil.
Título de crédito ao portador – transfere-se pela tradição – de mão em mão.
Título de crédito nominativo – pode ser à ordem (é aquele em que o beneficiário pode endossar) – transferível por endosso, ou, não à ordem (não pode ser endossado) – transferível mediante cessão civil.
Portador – tradição
Nominativo à ordem – endosso
Nominativo não à ordem – cessão civil
Executividade – ocorrendo o inadimplemento no pagamento do valor do título de crédito, poderá ser proposta pelo credor a ação de execução – art. 585, I, CPC – título executivo. Ou seja, não precisa do processo de conhecimento.
4. Efeito do pagamento
O efeito natural do pagamento de uma dívida, ou seja, do cumprimento de qualquer outra obrigação, por meio de título de crédito é apenas pro solvendo, ou seja, não extintivo da obrigação original. Isto porque, o título de crédito pode não ser pago, permanecendo aquela obrigação.
Contudo, em alguns contratos, as partes fazem constar a cláusula pro soluto, segundo a qual a obrigação é extinta mediante a simples entrega de um título de crédito.
Ex: entrega de um cheque visado para pagar o valor de um imóvel.
Em alguns casos foi considerada válida e em outros não. Isto porque o efeito pro soluto é pertinente quando a obrigação original é efetivamente cumprida.
Ex: pagamento em dinheiro.
Vide RT 645 e 648.
5. Conflito entre legislação especial e Código Civil
Em relação à legislação aplicável aos títulos de crédito, inicialmente deve ser observada a legislação especial e se for o caso, poderá ser aplicado o Código Civil supletivamente.
Título VIII do CC trata dos títulos de crédito.
Se houver conflito aparente entre a lei especial e o CC aplica-se a lei especial. Por exemplo, o art. 897, p. único, CC proíbe o aval parcial, mas o art. 30 do Dec. 57.663/66 (LUG – Lei Universal de Genebra) permite o aval parcial, prevalecendo sobre o CC.
Apesar do CC continuam em vigor a LUG (letras de câmbio e notas promissórias), a Lei n. 5.474/68 (notas promissórias), a Lei 7.357/85 (Lei do cheque), o Dec. Lei 413/69 (nota e cédula de crédito industrial), o Dec. 1.102/1903 e a 11.076/2004 (conhecimento de depósito de mercadorias e “warrant”), e outros (ex: cédula de crédito bancário). 
6. Divisão dos títulos de crédito
A doutrina divide os títulos de crédito em:
Títulos próprios – aqueles que efetivamente representam créditos e aos quais são aplicáveis os 3 princípios do direito cambiário (cartularidade, literalidade e autonomia). 
	Assim, são títulos próprios: letra de câmbio, nota promissória, cheque e 	duplicata;
Títulos impróprios – aqueles que não representam créditos, mas mercadorias em poder de quem não é proprietário ou empréstimos e financiamentos bancários, em relação aos quais nem sempre são cabíveis os 3 princípios do direito cambiário. 
	São impróprios o conhecimento de depósito e o warrant (representam 	mercadorias em depósito), nota e cédula de crédito industrial, cédula de 	crédito bancário e outros.
7. Princípios do direito cambiário
De acordo com o conceito de Cesare Vivante títulos de crédito “é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele mencionado” (ou contido, art. 887, CC).
Tal conceito contém os três princípios dos títulos de crédito:
Cartularidade – título de crédito é o documento necessário (cártula) para que o credor possa exercer seus direitos em relação ao devedor.
As cópias, ainda que autenticadas, não são válidas, exceto em casos extremos, como, por exemplo, quando o título original é apreendido em inquérito policial sobre crime de estelionato. 
Portanto, para cobrar, protestar, quitar ou executar deverá ser apresentado o título original.
Literalidade – o título de crédito vale pelo que literalmente constar no seu texto, por isso, todos os atos cambiários devem ser lançados na própria cártula original, tais como o endosso, o aval, o protesto, a quitação e outros.
Exceção: a duplicata pode ser quitada mediante recibo separado (art. 9º, § 1º da lei 5.474/68)
Autonomia – os atos cambiários lançados no título de crédito são independentes e autônomos entre si. A nulidade de um ato não representa, necessariamente, a nulidade de outro ato. Por isso, se um incapaz lança eventual endosso e ele tem um avalista capaz, por exemplo, o endosso é nulo, mas o aval é válido.
Subprincípios: Em caso de circulação do título de crédito, a autonomia revela dois subprincípios que são:
Abstração (direito material) – ocorrendo a circulação do título, especialmente pelo endosso ou tradição, se dá a desvinculação dele em relação à obrigação original. Portanto, se o título foi usado para pagar um bem (compra e venda), caso haja circulação, o novo credor do título não tem qualquer relação com aquela obrigação, se o bem apresentar algum defeito, mesmo assim, o novo credor poderá cobrar o título do devedor.
A abstração é o aspecto de direito material do princípio da autonomia (não há ação ainda);
Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé – em ações judiciais, o devedor não tem direito de alegar ou de ter acolhida alegação em relação ao novo credor que se refira ao negócio original ou que não tenha pertinência a ele, novo credor. Assim, o executado, por exemplo, não pode ter acolhida uma alegação sob eventual defeito do bem, pois tal matéria tem pertinência entre ele e o primeiro credor do título. Deste modo, a inoponibilidade é o aspecto de direito processual do princípio da autonomia.
Boa-fé – para que seja aplicado tal subprincípio, ou seja, o da inoponibilidade é necessário que o novo credor esteja agindo de boa-fé. Considera-se de boa-fé o credor que não tem ciência do vício do negócio original. Não é necessário dolo ou culpa, basta ter a ciência. Se o novo credor tem ciência do vício ele não está de boa-fé e, portanto, são cabíveis as exceções pessoais.
Art. 916, CC – pode opor se o novo credor agiu de má-fé.
Art. 916. As exceções, fundadas em relação do devedor com os portadoresprecedentes, somente poderão ser por ele opostas ao portador, se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé.
8. Classificação dos títulos de crédito:
A doutrina classifica os títulos em razão do modelo, da forma, da emissão e circulação.
Em razão do modelo – em relação a este critério, há duas espécies, portanto há dois modelos: livre; vinculado.
Modelo livre – são títulos de crédito que não têm um padrão previsto na lei. Tais como: nota promissória, letra de câmbio e títulos impróprios.
Modelo vinculado - são títulos que têm um padrão previsto na lei. Tais como cheque e a duplicata.
Em razão da forma – diz respeito a situações jurídicas geradas pelos títulos de crédito. Há duas formas: ordem de pagamento; promessa de pagamento.
Ordem de pagamento – representa uma determinação de pagar uma quantia gerando três ou duas situações jurídicas. 
A letra de câmbio e o cheque são ordem de pagamento que há três situações jurídicas: 
Quem dá a ordem (sacador); 
Quem recebe a ordem (sacado); 
Quem se beneficia da ordem (tomador ou beneficiário). 
Na duplicata há duas situações jurídicas:
Empresário emitente e credor (sacador); 
Comprador da mercadoria ou serviço (sacado).
Promessa de pagamento – são títulos em que há um compromisso de alguém chamado promitente ou emitente de pagar determinada quantia a outrem chamado tomador ou beneficiário. Assim, nas promessas de pagamento existem apenas duas situações jurídicas:
Promitente ou emitente;
Tomador ou beneficiário.
 
Há duas promessas de pagamento no direito brasileiro:
Nota promissória, prevista na LUG;
Cédula de crédito bancário, prevista na Lei 10.931/04. 
As cédulas de crédito bancário (CCB) pode ser executada desde que o banco apresente um extrato ou planilha de débito relativa ao saldo devedor não coberto.
Em razão da emissão – em relação a este critério há três espécies: causais, não causais e limitativos.
Títulos causais – são títulos que só podem ser emitidos se ocorrer o motivo ou causa prevista na lei. 
A duplicata é um título causal, pois só pode ser emitida se antes o empresário emitir a fatura representativa de uma venda ou prestação de serviços. 
Alguns títulos impróprios também são causais, por exemplo, o conhecimento de depósito de mercadorias e o warrant, que somente podem ser emitidos se houver o depósito de produtos agrícolas em um armazém geral.
Títulos não causais – podem ser emitidos independentemente de qualquer causa. 
São títulos não causais o cheque e a nota promissória.
Títulos limitados – são títulos que não podem ser emitidos em determinadas situações, por exemplo, a letra de câmbio, que pode representar diversas obrigações, mas não a compra e venda mercantil, porque neste caso, o art. 2º da Lei n. 5474/68 exige a emissão da duplicata.
Em razão da circulação – são divididos em: ao portador e nominativos;
Ao portador – são aqueles que não indicam o nome do beneficiário e são transferidos por mera tradição. Atualmente, apenas cheque de até cem reais pode ser emitido, originariamente, ao portador. (art. 69, Lei n. 9069/95)
Obs: os títulos nominativos, endossados em branco (sem indicação do endossatário), tornam-se, acidentalmente, ao portador e podem ser transferidos por tradição.
Nominativos – são aqueles que têm o nome do tomador ou beneficiário. Com exceção do cheque de até cem reais, todos os títulos de crédito devem ser emitidos, originariamente, na forma nominativa. 
Os nominativos podem ser:
À ordem – o beneficiário pode autorizar outra pessoa a receber o valor. Este pode ser transferido mediante endosso.
Não à ordem – não é endossável, mas pode ser transferido mediante contrato civil de cessão de crédito.
No endosso, o endossante é co-obrigado pelo pagamento. 
Na cessão civil, a obrigação do cedente é regida pelo contrato.
Todo título que não tem cláusula sobre transferência é à ordem, por isso, para transformar um cheque em título não à ordem, é necessário riscar a expressão “ou à sua ordem” e escrever “não à ordem” (art. 8º, II, Lei n. 7357/85).
Nos termos dos artigos 921/926 do CC, título nominativo é aquele “emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente”, assim, o emitente deveria ter um livro para lançar os títulos que emitiu. Isto tornaria inviável o uso do título nominativo.
Segundo o prof. Fábio Ulhoa Coelho, tal classificação é imprestável, e decorre do direito italiano.
Mas esta classificação apenas serve para valores mobiliários de companhias.
9. Título de crédito eletrônico:
Os títulos de crédito, desde a idade média, são emitidos na forma papelizada. Mas o Código Civil de 2002 admite a emissão de título de crédito por computador ou meio técnico equivalente, art. 889, § 3º.
Art. 889. § 3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo. 
Por ora, é admitida a emissão da chamada duplicata virtual ou eletrônica. 
Assim, um empresário pode vender produtos e emitir a nota fiscal e a fatura, bem como encaminhar, eletronicamente (internet, por exemplo) as informações sobre a duplicata a um banco. 
Por sua vez, o banco emite um boleto (que não é a duplicata) que é encaminhado ao devedor para pagamento, e se este não efetuar tal pagamento, o banco envia, também eletronicamente, as informações da duplicata virtual ao cartório de protestos. 
O devedor será intimado pelo cartório para pagar em 3 dias, se não o fizer, será lavrado ou tirado o protesto por indicações, que são informações do credor.
O instrumento de protesto, por falta de pagamento e o comprovante da entrega da mercadoria são um título executivo, que pode ser usado em uma ação de execução ou pedido de falência.
Em nenhum dos momentos mencionados há a emissão da duplicata em papel.
TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE
A doutrina divide os títulos em: 
Próprios - Letra de câmbio, nota promissória, cheque e duplicata.
Impróprios - que são todos os demais.
Historicamente, o primeiro título conhecido foi a letra de câmbio, mas há informações de documentos de créditos antes da era cristã, como por exemplo, os “chirographos” gregos, que eram promessas de pagamentos.
O direito brasileiro contempla diversos títulos de crédito em leis específicas. 
A relação é taxativa, vale dizer, os títulos de crédito devem ser criados por lei.
1. Letra de Câmbio
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento emitida pelo sacador contra o sacado, que deve ser paga ao tomador/beneficiário.
Trata-se de título que surgiu na idade média, por volta do séc. XI, na Itália, e que comporta todos os atos cambiários.
A letra de câmbio passou por três períodos:
Período italiano – é considerado o período embrionário, sendo que, por volta do séc. XI, predominavam na Europa os burgos e feudos. O comércio era realizado por meio de moedas próprias de cada região. Se alguém quisesse adquirir produtos em outras regiões ou cidades poderia depositar, junto a um banqueiro, determinado valor e sacar uma “lettera” (uma carta) assinada pelo banqueiro. Na cidade de destino, a carta poderia ser usada para pagar os produtos e quem a recebesse poderia fazer o “cambio”, ou seja, a troca da “lettera” junto a um banqueiro local.
Obs: houve uma tradução equivocada, pelo visto acima “lettera” é carta e não letra. Mas firmou o nome letra de câmbio, quando o certo seria carta de câmbio.
Período francês – teve início com a ordenança sobre comércio terrestre “ordonnance sur le commerce de terre”, de 1.673. A letra de câmbio foi aperfeiçoada com a possibilidade do aceite pelo sacado, a cláusula à ordem e o endosso, mas ainda se exigia o depósito do valor dela junto a um banqueiro.
Período alemão – com a lei alemã sobre letra de câmbio de 1.848, não se exigiumais que o sacado recebesse recursos do sacador antes de aceitar a letra de câmbio. É o sistema atual.
No Brasil, a letra de câmbio foi inicialmente adotada pelo Código Comercial de 1850 e, posteriormente, entrou em vigor o decreto de 1908, o qual foi a primeira lei especial sobre o assunto.
 
Em 1930 o Brasil subscreveu a convenção de Genebra sobre letras de câmbio e notas promissórias, ao lado de diversos outros países, visando a uniformização sobre as regras de tais títulos.
Contudo, apenas em 1966 foi editado o decreto 57.663/66 conhecido como Lei Uniforme de Genebra (LUG). 
O Brasil fez uma série de reservas ao texto original da convenção, em 1930. Portanto, o país não aplica integralmente a convenção de Genebra, por exemplo, o Brasil admite que o título incompleto seja preenchido pelo credor de boa-fé, embora o texto original não admita isso. 
Aplicam-se às letras de câmbio e notas promissórias os seguintes diplomas:
O Decreto 57.663/66 – conhecido como lei uniforme de Genebra (LUG).
O Decreto 2.044/1908 - em relação às reservas assinaladas pelo Brasil na convenção de Genebra em 1930. São seis reservas: credor de boa-fé poder preencher o título; vencimento, no Brasil o pagamento do título a prazo é feito no vencimento (art. 20 do Dec. 2.044/1908), nos países em que a convenção de Genebra é aplicada totalmente, o pagamento pode ser feito no dia do vencimento ou em até dois dias úteis posteriores (art. 38 da LUG);
Código Civil caso não haja regra específica na lei especial. Exemplo: art. 917 é aplicável a todos os títulos de crédito – Imponibilidade das exceções pessoais. 
 
Emissão da letra de câmbio:
a) Saque – é o ato de criação do título de crédito. Quem pratica o saque é o sacador, que dá uma ordem ao sacado para que este pague determinada quantia ao tomador/beneficiário.
O sacador também pode ser o beneficiário da letra de câmbio. (art. 3º da LUG)
A doutrina menciona a criação que é o ato de preenchimento e assinatura da LC e também a emissão, que representa a entrega do título ao credor. 
A partir da emissão o título produz efeito jurídico.
Com a emissão a LC é entregue ao tomador que procura o sacado para que este dê o aceite (assinatura). 
Em seguida o título é devolvido ao tomador que aguarda o vencimento, se for a prazo (pode haver o endosso também). 
O saque tem requisitos essenciais e não essenciais.
Requisitos essenciais: São essenciais os requisitos sem os quais a LC não tem validade. São divididos em: Intrínsecos ou subjetivos; Extrínsecos ou formais.
Requisitos essenciais intrínsecos os relativos a qualquer ato jurídico:
Capacidade;
Objeto lícito; e
 
Forma prescrita ou não defesa em lei. (art. 104, CC)
Requisitos essenciais extrínsecos ou relativos - São os relativos ao preenchimento da LC (art. 1º do anexo I da LUG):
 
A expressão “Letra de Câmbio” na língua de sua redação – em verdade a LUG menciona apenas a expressão “letra” e não “letra de câmbio”.
Contudo, como ensina Luiz Emygdio Rosa Jr. deve ser aceito o título que contenha a expressão “letra” ou “letra de câmbio”, tendo em vista o texto legal e também porque ninguém é obrigado a conhecer os textos genebrinos da convenção de 1930, que estavam em francês e inglês.
Ordem incondicional ou mandado puro e simples de pagar quantia determinada. 
Quando a inflação era galopante, os tribunais paulistas admitiam a LC indexada, por exemplo, em OTN (obrigações do tesouro nacional), já os tribunais mineiros não admitiam tal indexação.
O CC (art. 890) proíbe cláusula de juros, mas o art. 5º da LUG admite a mesma cláusula, se a LC é à vista ou a certo termo da vista (vencimento contado a partir do aceite do sacado) – prevalece a LUG, por ser lei especial (art. 903, CC).
Havendo divergências entre o valor em algarismos e o valor por extenso, prevalece o valor por extenso, exceto se houver rasura.
Nome e número de documento do sacado;
Nome do tomador/beneficiário; (não existe LC ao portador)
Data do saque;
Assinatura do sacador de próprio punho ou de procurador com poderes expressos; 
obs.: não é permitida a chancela mecânica, somente cheque e duplica é que admitem.
Requisitos não essenciais (supríveis ou equivalentes): são requisitos sem os quais o título é válido, pois a lei supre a sua falta: (art. 2º da LUG)
Época do pagamento – se não houver considera-se que o título é pagável à vista;
Lugar do pagamento – se não houver considera-se o lugar do endereço do sacado;
Lugar do saque – se não houver considera-se o endereço do sacador.
Aceite
É o ato cambial pelo qual o sacado concorda com o pagamento da Letra de Câmbio apondo sua assinatura. Trata-se de ato que depende exclusivamente da vontade do sacado que nunca está obrigado a fazê-lo, mesmo que tenha dívidas com o sacador.
Exemplo de Letra de Câmbio
	São Paulo, 16 de março de 2010
	R$ 20.000,00
	
Pagará V. Sa. Fulano de Tal (sacado) por esta Letra de Câmbio a Sicrano (tomador) a quantia de vinte mil reais em 20/06/2010. (“sem protesto”) (“não aceitável”)
(Assinatura) (Assinatura)
 Sacador Sacado 
 CPF CPF
 Endereço Endereço
Obs.: cláusulas “sem protesto” ou “não aceitável” são opcionais.
O aceite é realizado mediante assinatura no anverso (parte frontal) da cártula, mas nada impede que seja feito no verso, desde que o ato seja identificado. 
Ex: Aceito e assina. Tem que ficar claro que se trata de aceite.
A recusa do aceite é lícita, mas acarreta o vencimento antecipado do título (art. 21 e ss. Da LUG).
Neste caso, o tomador pode protestar o título por falta de aceite e em seguida executar o título em relação ao sacador (quem emitiu o título). 
O sacado não pode ser executado porque não assinou o título.
O cartório de protesto intima o sacado, mas se ele não aparecer em três dias para aceitar o título, o protesto será tirado contra o sacador.
Apresentação - O ato pelo qual o tomador leva o título ao sacado para aceite.
Eventualmente o protesto por falta de aceite não será necessário se houver a cláusula “sem protesto”. 
Espécies de aceite:
O aceite pode ser total ou parcial: 
1. Aceite total - Considera-se aceito total o que decorre da simples assinatura do sacado. 
2. Aceite parcial - É parcial o aceite quando o sacado limita o valor ou modifica algum aspecto do título. 
Podendo se dar de duas formas:
a) Aceite parcial limitativo - o sacado concorda com o pagamento de parte do valor do título. Ex: sacado escreve “aceito pagar R$ 10 mil”.
b) Aceite parcial modificativo – Modificação de algum aspecto do título. Decorre, por exemplo, da alteração da data do vencimento. Ex: aceito pagar em 20/12/2010 quando a data do vencimento era 20/06/2010.
O aceite parcial limitativo ou modificativo acarreta o vencimento antecipado do título, porque de qualquer forma houve recusa parcial.
No aceite limitativo (concorda em pagar uma parte) o tomador pode:
1. Cobrar tudo do sacador imediatamente, que cobrará do aceitante parcial no vencimento;
2. Cobrar na data do aceite parcial uma parte do sacador e a outra do sacado (que é aceitante parcial)
3. Cobrar no vencimento uma parte do sacador e a outra do sacado, aceitante parcial.
Cláusula não aceitável
É a cláusula que o sacador pode inserir na LC para que o tomador não apresente o título ao sacado antes do vencimento. Com isso o sacador proíbe a apresentação antes do vencimento e, portanto, evita o vencimento antecipado (art. 22 da LUG).
Cancelamento do aceite
É possível o cancelamento do aceite pelo sacado mediante a riscadura de sua assinatura, desde que feitaantes da devolução da cártula ao tomador.
Todavia, o cancelamento do aceite provoca o vencimento antecipado da LC (art. 29 da LUG).
Prazos para apresentação do aceite
O título deve ser apresentado para aceite em determinados prazos, observando-se o vencimento.
Assim, devem ser observados os seguintes prazos de apresentação para aceite:
1. Letra de Câmbio à vista – é apresentada para aceite e também para pagamento, até um ano contado da data do saque.
2. LC a certo termo da vista – (vista = data do aceite) Tal LC se vence em determinado prazo contado a partir do dia do aceite. Portanto, quando o sacado aceitar tal título, deverá indicar a data.
	São Paulo, 25 de março de 2010
	R$ 30.000,00
	
Pagará V. Sa. Fulano de Tal (sacado) por esta Letra de Câmbio a Sicrano (tomador) a quantia de trinta mil reais em 3 meses.
(Assinatura) (Assinatura)
 Sacador Sacado 
 CPF CPF
 Endereço Endereço
Referida LC deve ser apresentada duas vezes, uma para aceite e outra para pagamento.
	
O aceite é o termo inicial do vencimento.
A LC a certo termo da vista deve ser apresentada para aceite até 1 ano contado do dia do saque.
Art. 34 da LUG.
Nessa LC não é cabível a cláusula não aceitável, pois com ela o título jamais se venceria.
3. LC a certo termo da data (saque) – é a LC que se vence em determinado prazo contado a partir do dia do saque ou emissão.
Ex: “em 3 meses da data”.
Tal LC deve ser apresentada para aceite até o dia do vencimento.
4. LC a data certa – é a que se vence em determinado dia do calendário comum.
Ex: “em 20 de junho de 2010”.
Tal LC deve ser apresentada para aceite até o dia do vencimento.
Prazo de respiro 
O sacado pode pedir que a LC lhe seja apresentada no dia seguinte para que ele decida sobre o aceite e se for o caso também sobre o pagamento (art. 24 da LUG).
Se for apresentada no último dia, prorroga-se o prazo. (para o dia seguinte) 
A isso dá-se o nome de prazo de respiro.
Retenção indevida do título
O título não deve ser deixado com o sacado para evitar a alegação de pagamento ou sua supressão, por exemplo.
Se a LC for retida indevidamente pelo sacado, o credor pode requerer ao juiz, nos termos do art. 885 e ss. do CPC, a busca e apreensão.
Pelo mesmo artigo, caberia a prisão do sacado, pelo prazo máximo de 90 dias.
Em razão das recentes decisões do STF e STJ não cabe a prisão civil, pois apenas ela é permitida em caso de dívida alimentar. O BR assinou em 1992 o Pacto de São José da Costa Rica, segundo o qual não é possível a prisão civil de devedor, exceto devedor de alimentos.
	A parte do art. 885 do CPC, que trata da prisão daquele que retém indevidamente o título está revogada.
Art. 885. O juiz poderá ordenar a apreensão de título não restituído ou sonegado pelo emitente, sacado ou aceitante; mas só decretará a prisão de quem o recebeu para firmar aceite ou efetuar pagamento, se o portador provar, com justificação ou por documento, a entrega do título e a recusa da devolução.
Endosso
	O endosso é o ato cambial de transferência de titulo de crédito nominativo à ordem (letra de câmbio, cheque, duplicata, etc.). O título ao portador se transfere mediante tradição e o nominativo não à ordem mediante cessão civil de crédito.
	Todos os títulos que tenham a cláusula à ordem, ou não possuam qualquer cláusula sobre a transferência são endossáveis.
	O endosso difere da cessão civil. Pelo endosso o endossante responde pelo pagamento, enquanto na cessão civil depende do contrato a responsabilidade do cedente, art. 295 e 296 do CC (cedente somente responde pela existência do crédito).
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor.
	Pelo endosso o endossante responde pela existência do crédito e pelo pagamento, e pela cessão civil, o cedente, em regra, responde apenas pela existência do crédito, art. 15 da LUG.
	O endosso introduz duas novas figuras ao título de crédito, o primeiro é o endossante (aquele que transfere o título) e o endossatário (aquele que recebe o título e torna-se o novo credor).
	Forma e local do endosso:
	O endosso se opera mediante a assinatura do endossante no verso, caso seja lançado no anverso é necessário identificar o ato. Quando o endosso é lançado no verso basta a assinatura, já no anverso é necessário lançar expressões indicadoras do ato, tais como, pague-se + assinatura, ou, por endosso + assinatura. No anverso o ato deve ser identificado para que não haja confusão com o aceite ou com o aval, art. 912 e sgs. do CC.
	Modalidades de endosso:
	O endosso pode ser em preto ou em branco. 
	Endosso em preto é aquele que identifica o endossatário (novo credor); e
	Endosso em branco aquele que não identifica o endossatário.
	Com o endosso em branco o título nominativo torna-se ao portador, de sorte que pode ser transferido mediante simples tradição. 
Obs.: Para o professor Rubens Requião não há mais no direito brasileiro o endosso em branco em razão do art. 19 da lei 8088/90 que determina que o endosso só pode ser em preto em qualquer título cambial. Para o professor Fabio Ullhoa ainda existe o endosso em branco, pois o Brasil não denunciou a convenção de genebra de 1930, a qual permite a referida espécie de endosso, art. 14 da LUG.
	Espécies de endosso:
	Existe, várias espécies de endosso sendo que algumas transferem e outras não transferem o crédito.
	a) Endosso pleno/próprio/translatício: é o endosso comum, que decorre da assinatura do endossante e que transfere a cártula e o crédito, como visto esse endosso pode ser em branco ou em preto.
	b) Endosso sem garantia/obrigação: é o endosso pelo qual o endossante não se obriga pelo pagamento, ou aceitação do título, art. 15 da LUG.
	c) Endosso caução/pignoratício: é o endosso impróprio que não transfere imediatamente o crédito, sendo utilizado para que o título de crédito sirva de garantia de outra obrigação.
	Assim alguém pode firmar um contrato de mútuo na condição de mutuário, e entregar mediante endosso caução títulos de crédito. Se as prestações do mútuo forem pagas o mutuante credor estará obrigado a devolver os títulos ou o valor respectivos. Se as prestações não forem pagas, então o mutuante pode se apropriar do valor dos títulos, art. 19 da LUG.
	d) Endosso mandato/procuração: é o endosso impróprio pelo qual o endossante atribui ao endossatário o direito de cobrar o valor do título sem que o procurador obtenha a propriedade do crédito, art. 18 da LUG e art. 917 do CC. Nesse caso o procurador é um mero cobrador.
Endosso condicional – é aquele que condiciona o pagamento a um fato futuro e incerto. É considerado não escrito, o título e o crédito é transferido normalmente (art. 12 da LUG e art. 912, CC)
Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que o subordine o endossante.
Endosso limitado ou parcial – é o que transfere parte do valor do título, por exemplo, pague-se R$ 50 mil quando o valor do título é de R$ 100 mil. É proibido tal endosso, contudo, o devedor está obrigado a pagar o valor total (art. 12, segunda alínea, da LUG e art. 912, p. único, CC)
Art. 912. Parágrafo único. É nulo o endosso parcial.
Endosso e cessão civil
Há duas espécies de transferência que não geram a obrigação cambiária de pagamento do valor ao credor, pois são consideradas cessões civis.
1. Endosso em título que tenhaa cláusula não à ordem – neste caso o endossante insere a cláusula não à ordem, por exemplo, “pague-se a fulano, não à ordem” e assina, proibindo novo endosso pelo credor endossatário. Em tal situação, o endossante não se responsabiliza pelo pagamento se o título for transferido a outrem pelo endossatário.
2. Endosso tardio ou póstumo – é o endosso feito após o protesto ou após o prazo de protesto por falta de pagamento – prazo para protesto - 2 dias após o vencimento.
Neste caso o endossatário que recebeu o título pode cobrar o sacado e o sacador, caso tenha havido protesto oportuno ou somente o sacado, caso não haja protesto. Como o endossante transferiu o título fora do prazo possível (2 dias) ele não poderá ser cobrado. O protesto só produz efeito contra quem tenha assinado o título até o encaminhamento ao cartório e nos dois dias possíveis. (arts. 44 e 20 da LUG)
Aval
	É o ato cambiário pelo qual uma pessoa, denominada avalista ou dador de aval, garante o pagamento do valor do título de crédito em favor de outrem que subscreveu o título. 
	Todo aquele que pode cobrar do avalizado também pode cobrar do avalista, isto porque, o avalista é devedor do título “da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada”. A expressão afiançada foi traduzida indevidamente, pois deveria constar “avalizada” (art. 32 da LUG). Fiança é garantia de contrato, instituto do direito civil.
	Podem ser avalizados o sacado (devedor principal), o sacador, o endossante e outro avalista. 
	
	Cada avalista responde por seu avalizado, isto porque, o avalista é apenas o garantidor do pagamento.
	
	O aval é uma garantia formalmente dependente e substancialmente autônoma: 
	
	Formalmente dependente - porque deve constar na própria cártula, ou seja, não é válido o aval prestado em documento separado do título.
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	Substancialmente autônoma – é uma garantia substancialmente autônoma porque o avalista está obrigado a efetuar o pagamento se os demais co-obrigados não pagarem ou mesmo que seja nula a obrigação de outros devedores.
Aval e Fiança? 
	Aval
	Fiança
	Título de Crédito
	Contrato
	Obrigação autônoma
	Segue a obrigação principal
Aval é garantia própria de título de crédito e a fiança é própria de contrato.
Aval é uma obrigação autônoma, enquanto a fiança segue a sorte da obrigação principal. Se a obrigação principal é nula a fiança também não é válida, mas se outras obrigações do título de crédito são nulas, o aval não o será necessariamente.
Todavia, a fiança e o aval dependem da autorização do cônjuge para que tenham validade plena art. 1647, III, CC. Se não for obtida tal autorização, o cônjuge prejudicado pode pedir a rescisão do contrato que tenha fiança ou a invalidação do aval, art. 1642, IV, CC.
Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: III - prestar fiança ou aval;
Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente:
IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;
Forma e local do aval
O aval se efetiva mediante a assinatura do avalista no anverso ou no verso, mas no segundo caso é necessário identificar o ato (Por aval ou bom para aval e o CPF).
Qualquer assinatura no anverso (parte frontal) que não seja do sacador ou do sacado é considerada aval. (art. 898, CC)
O aval cancelado é considerado não escrito.
Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título.
§ 1o Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples assinatura do avalista.
§ 2o Considera-se não escrito o aval cancelado.
Modalidades de aval
Há duas modalidades de aval:
a) Aval em preto – é aquele que identifica o avalizado. “por aval ao sacado”
b) Aval em branco – é o que não identifica o avalizado. “por aval”
Na Letra de Câmbio o aval em branco beneficia o sacador (art. 31 da LUG).
Art. 31 - O aval é escrito na própria letra ou numa folha anexa.
Exprime-se pelas palavras "bom para aval" ou por qualquer fórmula equivalente; e assinado pelo dador do aval.
O aval considera-se como resultante da simples assinatura do dador aposta na face anterior da letra, salvo se se trata das assinaturas do sacado ou do sacador.
O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de indicação entender-se-á ser pelo sacador.
O aval pode ser prestado na própria cártula ou numa folha anexa que deverá ser colada ao título.
Aval antecipado – é possível o aval antecipado ao aceite ou ao endosso. No primeiro caso (ao aceite) prevalece a obrigação do avalista mesmo que o sacado não aceite o título posteriormente. (o aval é uma obrigação autônoma)
No aval antecipado ao endosso, só há responsabilidade se o título for efetivamente endossado (transferido). Se o título não for endossado não há responsabilidade porque o beneficiário é o credor. (não faz sentido, porque o avalista teria direito de regresso, como pode ele pagar e entrar contra a pessoa que pagou para regresso?)
Aval limitado ou parcial – o avalista pode se responsabilizar por apenas uma parte do valor do título. Ex: título de 50 mil ele escreve “por aval no valor de 25 mil”.
(art. 30 da LUG)
Art. 30 - O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval.
Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra.
Não se aplica, neste caso, o art. 897, p. único do CC, porque a LUG é especial (art. 903, CC).
Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval.
Parágrafo único. É vedado o aval parcial.
Art. 903. Salvo disposição diversa em lei especial, regem-se os títulos de crédito pelo disposto neste Código.
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Avais simultâneos e sucessivos 
Em uma letra de câmbio ou qualquer outro título podem haver avais superpostos, um acima do outro.
Quando os avais são em preto e superpostos eles podem ser simultâneos ou sucessivos.
Avais superpostos simultâneos em preto - aqueles que garantem o pagamento em favor de um coobrigado, ou seja, todos os avais beneficiam um devedor simultaneamente.
Ex: Um endossante é avalizado por três avalistas (são avais simultâneos).
Nos avais simultâneos, há solidariedade entre os co-avalistas, por isso, se qualquer um pagar o valor (um dos avalistas) tem o direito de dividi-lo entre os demais avalistas, sem prejuízo da cobrança ou execução dos outros devedores (sacado, sacador e endossantes).
Avais sucessivos – consideram-se avais sucessivos aqueles em que um avalista garante a obrigação em favor de um devedor do título e tem a sua própria obrigação também garantida por aval.
Ex: pode estar escrito o endosso (pague-se a fulano) e tem três avais (1º Por aval ao endossante; 2º Por aval ao avalista supra; 3º Por aval ao avalista supra (ao segundo avalista);
Neste caso existe aval de aval (ou avalista de avalista). Se um avalista pagar o valor, é necessário verificar a situação topográfica dele, pois nos avais sucessivos não há solidariedade.
No exemplo acima, se o segundo avalista for cobrado ele tem direito de regresso contra os anteriores avalistas, além do sacador, sacado e endossantes (caso o título esteja protestado). Mas ele não pode cobrar os avalistas posteriores a ele, pois são seus garantidores, ou seja, são seus avalistas.
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Avais superpostos em branco
É possível que existam vários avais superpostos em branco.
Tais avais beneficiam o sacador (art. 31 da LUG).
Art. 31 - O aval é escrito na própria letra ou numa folha anexa.
Exprime-se pelas palavras"bom para aval" ou por qualquer fórmula equivalente; e assinado pelo dador do aval.
O aval considera-se como resultante da simples assinatura do dador aposta na face anterior da letra, salvo se se trata das assinaturas do sacado ou do sacador.
O aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de indicação entender-se-á ser pelo sacador.
	Por aval:
CPF e assinatura
	Por aval:
CPF e assinatura
	Por aval:
CPF e assinatura
	Por aval:
CPF e assinatura
Contudo, caso um dos avalistas pague, necessário se faz saber se estes avais são simultâneos ou sucessivos.
Se considerados simultâneos, o avalista que pagou poderá dividir o valor com os demais avalistas, sem prejuízo do direito de regresso contra o sacado e sacador.
Se considerados sucessivos, o avalista que pagou tem apenas direito de regresso, contra avalistas anteriores, sacado e sacador.
Para resolver a questão o STF editou a súmula 189, segundo a qual “Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos”.
Tal súmula foi editada porque vários doutrinadores entendiam que tais avais eram sucessivos, entre eles, Pontes de Miranda, Magarinos Torres, dentro outros.
Em resumo: poderá dividir o que pagou entre todos avalistas, inclusive os posteriores, sem a perda do direito de regresso contra sacado e sacador.
Pagamento pelo avalista
O avalista pode ser obrigado a pagar o valor em caso de inadimplemento do devedor principal (sacado) se houver protesto ou cláusula “sem despesa” (ou sem protesto) e não tenha ocorrido ainda a prescrição.
O devedor principal que é o sacado e seu avalista podem ser cobrados ou executados independentemente de protesto, assim, o protesto ou cláusula sem protesto é importante em relação ao avalista do sacador, avalista do endossante e avalista do avalista.
Exigibilidade do crédito cambiário
Em regra, o crédito pode ser exigido a partir do vencimento. Considera-se vencimento, a ocorrência de alguma causa jurídica que acarrete tal exigibilidade.
Mas existem duas espécies de vencimentos:
1. Vencimento ordinário – é aquele que consta no próprio título. 
Na letra de câmbio ele pode ser à vista, a certo termo da vista (depois do aceite – ex: seis meses depois do aceite), a certo termo da data (do saque), ou a data certa (dia tal, do mês tal do ano tal).
Obs.: vencimento a certo termo da data - vence em determinado prazo contado a partir do dia do saque ou emissão. Ex: “em 3 meses da data”. Tal LC deve ser apresentada para aceite até o dia do vencimento.
2. Vencimento extraordinário – é o vencimento antecipado, decorrente da recusa de aceite pelo sacado ou pela falência.
Pagamento do valor do título
Pagamento é o ato cambial pelo qual são cumpridas as obrigações do título e pelo qual são extintas todas ou algumas dessas obrigações.
Se o pagamento é feito pelo sacado, todas as obrigações são extintas. 
Caso seja feito por um coobrigado, são extintas as obrigações dele e dos coobrigados posteriores (ressalvado avais simultâneos – posteriores ainda podem ser cobrados – todos avalizavam o mesmo coobrigado). Neste caso, o coobrigado que pagou tem direito de regresso contra os anteriores devedores (sacado, sacador, endossantes anteriores, etc.), mas não tem direito contra os posteriores a ele.
Ainda neste caso, o coobrigado que pagou pode riscar o nome dele e também dos coobrigados posteriores.
Prazo de pagamento
O título pagável no Brasil deve ser honrado no dia do vencimento (art. 20 do Dec. n. 2044/98).
Não se aplica o art. 38 da LUG, tendo em vista que se trata de reserva do Brasil (este artigo fala que é pagável até dois dias úteis posteriores).
Se o dia do vencimento não for útil, ou seja, não houver expediente bancário, prorroga-se o vencimento para o primeiro dia útil seguinte (art. 12, § 2º, da Lei n. 9492/97 – Lei do protesto).
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Cautelas no pagamento
Em razão do princípio da literalidade, aquele que pagou deve exigir a quitação e a entrega do título.
Cabe pagamento parcial?
O pagamento parcial é cabível, desde que feito pelo sacado, aceitante, devendo ser lançada a quitação parcial e ficando a cártula na posse do credor.
Se quem pagou foi um coobrigado, por exemplo, um endossante, o nome dele e o nome dos coobrigados posteriores a ele podem ser riscados.
O devedor, legitimamente, pode recusar o pagamento?
Sim, o devedor pode legitimamente se recusar a efetuar o pagamento, por justas causas, tais como, o extravio, furto, falência do credor (deve pagar para a massa), rasura do título, etc.
Local do pagamento
A letra de câmbio representa um dívida portable ou quérable?
A dívida constante no título de crédito tem natureza quesível (quérable), de modo que o credor está obrigado a procurar o devedor no seu domicílio ou sede (em se tratando de pessoa jurídica). Não é uma dívida portável (devedor vai procurar o credor).
Todavia, já foi admitida a letra de câmbio domiciliada, na qual constava o endereço de um banco onde o pagamento deveria ser feito.
Protesto
Conceito – protesto é o ato cambial de responsabilidade do credor, destinado a instrumentalizar a prova da falta de pagamento, falta ou recusa de aceite e falta de data de aceite na letra de câmbio a certo termo da vista.
O tabelionato de protesto apenas reduz a termo a vontade do credor, que por sua vez é o responsável pelo ato.
Os pedidos de protesto devem ser protocolizados pelo tabelionato em até 24 horas e em ordem cronológica.
Aquele que deve praticar o ato, sacado ou sacador, será intimado para comparecer ao tabelionato em até 3 dias úteis, excluído o dia da intimação.
A intimação pode ser feita pessoalmente, por representante do cartório ou carta. 
Se aquele que deve ser intimado, não for encontrado, a intimação será feita por edital, o qual deverá ser afixado no próprio cartório e publicado na imprensa local. (arts. 5º, 12 e 15 da Lei n. 9.492/97.
Protesto interrompe o prazo de prescrição para a execução?
Art. 202, III, CC – interrupção dar-se-á pelo protesto.
Nos termos do art. 202, III, CC, o protesto cambial interrompe o prazo de prescrição da ação de execução do título, assim, está revogada a súmula 153 do STF, segundo a qual, o protesto cambial não interromperia a prescrição.
Prazo para protesto
Os prazos para protesto variam conforme o ato a ser requerido ao tabelionato. (art. 44 da LUG)
Protesto por falta de pagamento
É o protesto requerido contra o sacado que, ao ser procurado para pagar não o faz.
O credor deve encaminhar o título ao cartório em até 2 dias úteis contados do vencimento (art. 44 da LUG).
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Protesto por falta de aceite
É aquele efetivado em relação ao sacador, cuja ordem não foi cumprida pelo sacado. Todavia, é o sacado quem deve ser intimado para que compareça ao cartório e aceite ou não o título.
Prazo – o prazo para requerer o protesto ao cartório é o mesmo do prazo de apresentação para aceite ao sacado, assim, a letra de câmbio à vista deve ser apresentada para aceite e para protesto em até 1 ano, contado da emissão. Se for solicitado prazo de respiro, no último dia, prorroga-se o prazo de protesto também para o dia seguinte (art. 44 da LUG).
Protesto por falta de data de aceite na letra de câmbio a certo termo da vista
SP, 05 de maio de 2010 R$ 50.000,00
Pagará V. Sa. Sacado de tal por esta letra de câmbio ao Sr. Tomador de tal a quantia de cinqüenta mil reais em 3 meses da vista.
Assinatura Assinatura
Sacador Sacado
CPF/ End. CPF/ End.
Trata-se de protesto extraído contra o sacado que aceitou o título, mas não inseriu a data do aceite, ficando o título sem termo aquo de vencimento.
O sacado aceitante será intimado para que em 3 dias compareça ao cartório e coloque a data do aceite, no título.
Se ele não comparecer, será extraído o protesto por falta de data de aceite, sendo que tal dia será considerado o termo inicial do vencimento.
Contudo, o credor tem outras duas opções, em relação ao título que tem aceite, mas não possui data de aceite.
1ª opção – o credor pode, simplesmente, datar de boa-fé o aceite (Súmula 387, STF)
“aceito em 10/05/10”
2ª opção – o credor pode aguardar o prazo de um ano, a partir da emissão, e em seguida, passar a contar o prazo de vencimento. (art. 44 e 35 da LUG)
No exemplo dado, seria um ano e 3 meses, venceria em 05 de agosto de 2011.
Conseqüências da falta de protesto
Se o título não for protestado ou for protestado fora do prazo e não possuir a cláusula sem despesa, o credor (tomador ou endossatário) pode executar apenas o sacado e seu avalista, no prazo de 3 anos contados do vencimento. O credor não pode cobrar e nem executar o sacador, o endossante e os respectivos avalistas destes.
Em caso de perda do prazo de protesto por falta de aceite, o credor só poderá executar eventual avalista antecipado do sacado (muito raro ter este avalista).
SP, 05 de maio de 2010 R$ 50.000,00
Pagará V. Sa. Sacado de tal por esta letra 
de câmbio ao Sr. Tomador de tal a quantia 
de cinqüenta mil reais em 20/06/2010.
Assinatura não tem assinatura
Sacador Sacado
CPF/ End. CPF/ End.
Não cobrou no dia 20 e não protestou. Perde o direito de cobrar até o sacador (sacado nem se fala, pois não aceitou), podendo cobrar o avalista antecipado do sacado. Muito raro, pois seria avalista antes mesmo de ter o aceite. (daí teria 3 anos para cobrar)
Portanto, o protesto é necessário em relação ao sacador, endossante e avalista do sacador ou endossante.
Também é necessário para requerimento de falência por impontualidade, conforme o art. 94, I da Lei de Falência.
Facultativo em relação ao sacado e seu avalista.
Cláusula sem protesto ou sem despesa 
 É aquela inserida pelo sacador que torna dispensável o protesto por falta de pagamento.
Assim, o credor, no vencimento, pode procurar o sacado e se este não pagar, imediatamente tem direito de cobrar ou executar todos os coobrigados.
Para que esta cláusula tenha validade, contudo, é necessário que o credor procure o sacado no dia do vencimento. (art. 46 e 53 da LUG)
Os coobrigados (endossante ou avalista) podem inserir tal cláusula, mas apenas quem inseriu a cláusula estará dispensado do protesto.
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Cancelamento do protesto
O protesto, após ser efetivado pode ser cancelado administrativamente ou judicialmente (art. 26 da Lei n. 9.492/97).
O cancelamento administrativo decorre do pagamento feito pelo devedor. O pedido deve ser apresentado junto ao cartório que efetuou o protesto. 
O cancelamento judicial é feito em razão de qualquer outro motivo que não seja o pagamento, por exemplo, título falsificado, adulterado, etc.
Antes do protesto, se for o caso, o devedor pode propor uma ação cautelar de sustação de protesto para obter uma liminar que em regra depende de caução, posteriormente, em até 30 dias, o devedor pode propor a ação principal (cognitiva) de inexigibilidade do título.
Se o protesto foi tirado cabe ação de cancelamento de protesto.
Pagamento do título em cartório
Após ser intimado o devedor tem 3 dias para pagar o título em cartório. Nos termos do art. 11 da lei de protesto, o credor pode apresentar uma memória de cálculo, em relação à correção monetária do valor. Os juros serão aqueles fixados no título, se houver.
Os juros legais são os do art. 406 do CC.
Em se tratando de ME ou EPP o pedido de protesto está sujeito às seguintes condições (art. 73 da LC 123/06):
1. Sobre os emolumentos do tabelião não podem incidir quaisquer acréscimos, taxas, contribuições, etc.
2. Para o pagamento em cartório, não pode ser exigido cheque administrativo, mas cheque comum do devedor. Neste caso, o cancelamento do protesto está sujeito as compensação do título, do cheque.
3. O cancelamento fundado no pagamento será feito independentemente de anuência do credor, exceto se o título original protestado não for apresentados.
4. A condição de ME ou EPP do requerente será provada por documento expedido pela junta ou cartório de registro civil.
5. Se o pagamento for feito com cheque sem fundos os benefícios acima serão suspenso por um ano.
Ação cambial
A execução é a ação cabível em caso de inadimplemento no pagamento da LT ou qualquer outro título de crédito.
Tal ação pode ser proposta em face do sacado e seu avalista independentemente de protesto. E também, em face do sacador, endossantes e avalistas destes, se o título estiver protestado contra o sacado ou possuir a cláusula sem despesa.
Os prazos prescricionais da execução da LC são os seguintes:
a) 3 anos, contados do vencimento em relação ao sacado e seu avalista;
b) 1 anos, contado do protesto ou do vencimento (nesse caso, se houver cláusula sem despesa) em relação ao sacador, endossante e avalistas destes.
c) 6 meses, para o exercício de direito de regresso entre os coobrigados, prazo este que se encontra a partir do pagamento ou ajuizamento da execução.
Vide art. 70 da LUG.
Se não forem obedecidos tais prazos, o credor pode se valer da ação de cobrança ou monitória, obedecidos os prazos prescricionais dessas ações, conforme o CC.
Tais ações são chamadas de causais, pois deve ser discutida a causa de emissão do título. O porquê de o credor estar com o título em mãos.
Nota promissória
Noções
É um título de crédito que representa uma promessa de pagamento que o promitente (emitente, subscritor ou sacador) faz a outrem, denominado tomador ou beneficiário. Portanto, tal título tem apenas duas figuras inicialmente.
As promessas de pagamento existem a milhares de anos. Os gregos, por exemplo, tinham os chyrographos.
A nota promissória difere da LC porque, com sua emissão, surgem apenas duas situações jurídicas, a do promitente (sacador) que é o devedor e a do beneficiário, que se aproveita da promessa.
Requisitos de emissão 
A exemplo da LC, a NP tem requisitos essenciais e não essenciais (art. 75/78 da LUG).
Requisitos essenciais:
1. A denominação “nota promissória” na língua de sua emissão;
2. A promessa pura e simples de pagar a quantia determinada;
3. Nome do beneficiário, não existe NP ao portador;
4. Data do saque (da emissão);
5. Local do saque ou endereço do emitente;
6. Assinatura do promitente (sacador) e número de documento dele. (Lei n. 6.268/75)
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Dia 18.05
Requisitos não essenciais: são requisitos não essenciais ou supríveis sem os quais o título tem validade:
	- época do pagamento, pois se não houver considera-se que é a vista;
	- lugar do pagamento, porque se não existir nenhum considera-se o endereço do promitente, que também é o da emissão.
	São Paulo, 10 de abril de 2010					 R$ 10.000,00
Prometo pagar por esta nota promissória a fulano beneficiário a quantia de dez mil reais.
								Promitente de tal									 CPF e endereço.
Regras aplicáveis:
Aplicam-se a nota promissória as mesmas regras da letra de cambio sobre endosso, aval, pagamento, protesto por falta de pagamento e ação cambial, art. 75 a 78 da LUG.
Contudo existem as seguintes normas especificas:
	1- não se aplicam à nota promissória as regras do aceite, recusa de aceite e cláusula não aceitável que são incompatíveis. A nota promissória “nasce” aceita.
	2- o promitente da nota promissória é o devedor principal, sendo facultativoo protesto contra ele e seu avalista. O protesto é necessário em relação ao endossante e seu avalista.
	3- a ação de execução do credor em face do promitente e seu avalista prescreve em 3 anos e em relação ao endossante e seu avalista prescreve em 1 ano. Entre endossantes e avalistas de endossantes a ação regressiva prescreve em seis meses, observadas as mesmas regras da letra de cambio.
	4- o aval em branco beneficia o promitente.
Nota promissória a certo termo do visto:
	Nos termos do art. 78 da LUG é possível a emissão ou saque de nota promissória a certo termo do visto, caso em que o termo inicial do vencimento é contado a partir de um visto datado e posterior a emissão (saque):
	São Paulo, 15 de maio de 2009					R$ 10.000,00
Prometo pagar por esta nota promissória a fulano beneficiário a quantia de dez mil reais em 3 meses do visto.
	Visto
	10/06/2009						Promitente de tal									CPF e endereço.
Assim, após emitida e assinada tal nota promissória deve ser reapresentada ao promitente para que ele de um visto a partir do qual será contado o prazo de vencimento.
É o possível o protesto por falta de visto ou por falta de data de visto, art. 25 da LUG.
	O visto deve ser obtido em até 1 ano da data do saque, salvo prazo maior ou menor estipulado pelo promitente.
	Se a nota promissória tiver o visto, mas não a data do visto o credor poderá inserir tal data de boa fé, ou então aguardar 1 ano a partir do saque a passar a contar o prazo de vencimento.
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Cheque
	O cheque é uma ordem de pagamento a vista dirigida contra um banco sacado e em favor do beneficiário ou do próprio sacador, portanto tal título tem 3 figuras, que são:
	- sacador, emitente ou passador (correntista);
	- sacado (banco); e
	- tomador ou beneficiário (credor).
	O sacador deverá possuir suficiente provisão de fundos em poder do banco sacado, em razão de depósito ou contrato de abertura de crédito.
	 A exemplo da letra de cambio ou da nota promissória o cheque é um título executivo extrajudicial, art. 585, I do CPC
	Trata-se de título que surgiu na idade média na Europa e só a partir do século XVII passou a ser conhecido na Inglaterra como cheque-mandato.
	A origem da palavra cheque é controvertida, há quem diga que decorre do verbo em inglês “to check” que significa conferir ou examinar.
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Dia 25.05
No Brasil, a partir de 1860, foram criados os mandatos ao portador e por meio da lei 149-B de 1890 foi utilizada a expressão “cheque”.
Atualmente, o cheque é regido pela Lei n. 7.357/1985 e por normas do BACEN.
O banco sacado não tem nenhuma responsabilidade em caso de falta (insuficiência) de fundos.
O banco NÃO pode aceitar (art. 6º), endossar (art. 18, § 1º) e muito menos avalizar (art. 29) o cheque.
Admite-se, apenas, o aval total ou parcial prestado por terceiro, que não seja o sacado.
O cheque, de acordo com art. 32 da Lei, é pagável à vista. Considera-se não escrita qualquer menção em contrário.
Se for apresentado antes do dia indicado como de emissão, o cheque é pagável no dia da apresentação.
Todavia, o STJ tem garantido direito de indenização ao sacador que teve seu cheque apresentado antes da data combinado com o beneficiário (súmula 370, STJ).
O cheque é um título de modelo vinculado, devendo ter 17,5 cm de comprimento por 8 cm de largura, admitindo-se um milímetro para mais ou para menos.
São admitidas no cheque as cláusulas “não à ordem” (art. 8º, II) e a “sem despesa” (art. 49).
Para que o cheque seja “não à ordem”, é necessário suprimir a cláusula “à ordem”, que já vem impressa, e ainda, escrever “não à ordem”.
Não se admite o endosso parcial (art. 18 da Lei e art. 912, p. único, CC.
Requisitos de emissão do cheque
Para que seja considerado válido o cheque deve conter:
1. A denominação “cheque” na língua de sua emissão;
2. Ordem incondicional de pagar quantia determinada; 
Se a quantia for indicada em algarismos e por extenso, em caso de divergência prevalece o valor por extenso.
Se a quantia for indicada mais de uma vez deve prevalecer o valor menor. (art. 12 da Lei)
3. Identificação do banco sacado;
Só banqueiro pode ser o sacado, fazer cheques.
4. Local do pagamento, ou endereço do sacado ou endereço do sacador;*
* a doutrina discute esse requisito, dizendo que este requisito é facultativo.
5. Data de emissão;
O mês de emissão pode ser escrito por extenso ou por algarismo, tendo em vista que, conforme ensina Fábio Ulhoa, foi revogado o Dec. n. 22.393/1933. Mas o mesmo autor recomenda que se preencha por extenso para evitar fraude.
Fran Martins ensinava que sempre deve ser por extenso.
6. Assinatura do sacador ou de seu mandatário com poderes especiais, admitindo-se ainda, o uso de chancela mecânica ou processo equivalente;
Pelas atuais normas do BACEN o sacador deve ser identificado com o n. do CPF e do RG.
Todos os requisitos acima são essenciais. Há apenas um requisito não essencial, que é o local de emissão, porque se não houver considera-se o endereço do emitente.
Há quem entenda que o local de pagamento também é requisito não essencial. Contudo, o local de pagamento é alternativo, ou seja, deve haver no cheque pelo menos um dos três (requisito essencial n. 4, acima).
Modalidades de emissão
O cheque pode ser ao portador e nominativo:
1. Ao portador – quando o valor não exceder R$ 100, 00 (art. 69 da Lei n. 9.069/95).
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Dia 01.06
É o único título ao portador que temos hoje em dia.
2. Nominativo – é aquele que indica, expressamente, o beneficiário e é obrigatório se o valor superar R$ 100,00.
O cheque nominativo pode ser:
À ordem – caso em que cabem endossos.
Não à ordem – que só pode ser transferidos mediante cessão civil de crédito.
Obs.: a cláusula não à ordem deve ser expressa. A cláusula à ordem, que já vem impressa, deve ser riscada e escrever não à ordem (art. 8º, II, da Lei do cheque).
Quantos endossos cabem no cheque?
Em razão de não ter sido renovada a CPMF (Ec. 42/03), até 31 de dezembro de 2007, o art. 17 da Lei n. 9.311/96 perdeu sua eficácia. Assim, são cabíveis diversos endossos no cheque e não apenas um.
Espécies de cheque
Existem as seguintes espécies:
a) Cheque visado – é o cheque do cliente (sacador) no qual o banco sacado lança um visto de suficiência de fundos a pedido do emitente ou portador legitimado (ex: procurador) – art. 7º da Lei do Cheque.
Somente o cheque nominativo, não endossado, admite o visamento, cabendo ao banco reservar na conta do emitente o valor para efetuar o pagamento posteriormente.
Se o banco não reservar a quantia, ele tem que pagar?
Se o banco não reservar a quantia e der o visto, responderá pelo pagamento.
Se nessa hipótese o banco não pagar o cheque, cabe uma ação declaratória de responsabilidade com pedido condenatório do pagamento do valor.
Se o banco for obrigado a pagar, terá direito de propor ação regressiva contra o emitente.
Os efeitos do visamento se produzem durante o prazo de apresentação, que é de 30 ou 60 dias, conforme se tratar, respectivamente, de cheque da praça ou cheque de fora da praça.
Cheque da praça – local de emissão é o mesmo da agência do cheque, ou seja, mesma cidade.
Após tal prazo, o banco deverá estornar o valor à conta do emitente (perde a garantia do visamento).
b) Cheque administrativo, ou bancário ou de tesouraria – é o cheque emitido pelo banco contra seus estabelecimentos e em favor de um beneficiário indicado pelo cliente (art. 9º, II, da Lei do cheque).
Portanto, sacador e sacado é o banco.
Geralmente o cheque administrativo, que a exemplo do cheque visado, na enorme maioria dos casos é pago (só não épago no caso de quebra do banco), na prática é utilizado em negócios de grande valor (venda de imóveis ou carros) e também para pagamentos de outros títulos de crédito em cartório, antes do protesto.
Em se tratando de ME e EPP, o cartório não pode exigir o cheque administrativo para pagamento em cartório (art. 73, II, Lei 123/06).
O traveller check é uma espécie de cheque administrativo. Trata-se de título adquiridos por viajantes em instituições financeiras, em moeda corrente estrangeira, que deve ser assinado pelo adquirente duas vezes, a primeira, no memento da aquisição (por exemplo, no Brasil) e a segunda, no momento da utilização no exterior.
(é possível a restituição em caso de perda antes da utilização)
c) Cheque cruzado – é o cheque no qual são lançados dois traços no anverso e na transversal, que obriga ao beneficiário a depositá-lo em um conta. (não dá para sacar na boca do caixa)
O cruzamento pode ser em branco ou geral, quando entre a listras não houver nada escrito.
O cruzamento em preto ou especial, é aquele em que entre os traços consta o nome de um banco no qual deve ser depositado.
Se o beneficiário não tiver conta em tal banco, três soluções são possíveis:
Abrir uma conta;
Endossar para alguém que tenha a conta;
Trocar o cheque por um que o beneficiário tenha conta.
O cruzamento pode ser cancelado?
O cruzamento não pode ser cancelado ou anulado.
d) Cheque para se levar em conta – é aquele que somente pode ser depositado na conta corrente do beneficiário designado, de sorte que não pode ser pago em dinheiro pelo caixa.
Se for nominativo à ordem, contudo, nada impede o endosso.
Pode ser lançado o número da conta, neste caso equivale a cláusula não à ordem, pois não será possível o endosso.
Tal cláusula deve ser lançada no anverso e na diagonal. Ex: para depósito na conta do beneficiário.
Apresentação do cheque
O cheque deve ser apresentado para cobrança à instituição financeira nos prazos legais, que são:
1. Trinta (30) dias da data da emissão se for da mesma praça, ou seja, quando o Município da agência também é o da emissão.
Obs.: se o sujeito estando em outro Município se equivoca e coloca o nome do Município de origem será considerado cheque da praça. (ex: sujeito que está no Rio, sendo de SP, equivoca-se e lança SP no cheque)
2. Sessenta (60) dias – quando se tratar de cheques de praças diferentes, ou seja, o Município de emissão não coincide com o da agência.
Não importa se as duas cidades têm a mesma câmara de compensação. (Resolução 1682/90, art. 11)
O cheque deve ser apresentado em dia útil, durante o expediente normal do banco.
Não se conta a data da emissão, em razão do art. 64 do Lei do Cheque.
Obs.: o prazo é corrido, não conta apenas os dias úteis.
Se não for apresentado o cheque nos 30 ou 60 dias, conforme o caso, o credor:
1. Perde o direito de executar os coobrigados, que são os endossantes e seus avalistas, caso o título não tenha fundos.
Após o prazo de apresentação (30 ou 60 dias) o cheque ainda pode ser cobrado no período próprio da execução, ou seja, em 6 meses.
2. Perde o direito de executar o emitente e seu avalista se no prazo próprio de apresentação havia fundos e esses deixaram de existir por culpa não imputável ao correntista. (ex: intervenção do BACEN, confisco, greve, etc.)
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Dia 08.06
O efeito do pagamento feito por meio de cheque é apenas pro solvendo, ou seja, efeito não extintivo da obrigação original apenas se o cheque for compensado ou pago pelo caixa é que haverá extinção da obrigação original.
Há divergência sobre a validade da cláusula pro soluto em razão da simples entrega do cheque, por exemplo, entrega de cheque visado em compra e venda de imóveis.
Cheque “pré-datado” ou “pós-datado”
O cheque, nos termos do art. 32 da Lei, é pagável à vista. Considera-se não escrita qualquer menção em contrário. Além disso, de acordo com o parágrafo único do mesmo artigo, “o cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação.” Portanto, a Lei não permite o cheque pré-datado, que é aquele entregue ao credor, como garantia do cumprimento de uma obrigação.
Ocorre que o STJ, desde a década de 1990, tem admitido o direito de indenização em favor do emitente quando o credor não obedece o prazo combinado e deposita ou apresenta o cheque antes.
De acordo com a súmula 370 do STJ, de 16/02/09, “caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”.
Eventualmente poderá haver dano patrimonial, especialmente se o emitente for obrigado a pagar juros do cheque especial ou se valer de empréstimos. 
Em relação ao dano moral, o emitente deverá provar algum constrangimento, por exemplo, que o nome dele foi incluído no SPC, no CCF (cadastro de cheque sem fundo do BACEN) ou no registro da SERASA. 
Sustação do cheque
Considera-se sustação o comando que visa o não pagamento do cheque pelo banco sacado.
A Lei n. 7.357/85 prevê duas hipóteses de sustação, cuja licitude e oportunidade não são apreciadas pelo banco:
1. Revogação ou contra ordem (art. 35 da Lei) – é a sustação decorrente de decisão judicial ou extrajudicial (ex: uma notificação), pela qual o emitente (só ele pode fazer) comunica ao banco que o cheque não pode ser liquidado em razão de não ter sido apresentado durante o prazo próprio de 30 ou 60 dias, conforme o caso.
2. Oposição (art. 36 da Lei) – é a sustação praticada pelo emitente ou beneficiário em razão de causa justa ou, como diz a lei, relevante razão de direito, tais como, furto, roubo, extravio ou falência do beneficiário.
Fora dessas hipóteses, a sustação pode representar o crime de fraude por meio de cheque (art. 171, § 2º, VI, CP).
Cheque sem fundos
Considera-se sem fundos, o cheque não pago ou não compensado por insuficiência de recursos na conta do sacador.
O cheque devolvido sem fundos pode ser apresentado mais uma vez, em razão de normas do BACEN. Todavia, a execução do cheque pode ser proposta após a primeira devolução.
O cheque sem fundos provoca as seguintes conseqüências:
1. Penal – constitui crime previsto no art. 171, § 2º, IV, CP. Contudo, só é prevista a figura dolosa. Nos termos da súmula 246 do STF, “comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheque sem fundos”.
Em virtude desta súmula, na prática considera-se que não há crime quando o credor recebe cheque pré-datado, ou seja, como garantia de dívida.
Nos termos da súmula 554 do STF, o pagamento de cheque antes do recebimento da denúncia obsta a ação penal, por falta de justa causa.
Se o pagamento ocorrer após o recebimento da denúncia pode, no máximo, gerar a diminuição da pena.
2. Civil – o cheque sem fundos é um título executivo extrajudicial (art. 585, I, CPC). Se o sacador for empresário e o título superar 40 salários mínimos e estiver protestado, também pode ser apresentado o pedido de falência (art. 94, I, da Lei n. 11.101/05).
3. Administrativa – nos termos da resolução 1682 do BACEN, o emitente do cheque sem fundo está obrigado a pagar uma multa ao serviço de compensação de cheques. Em verdade, o cheque com fundos é compensado gratuitamente e o cheque sem fundos tem essa multa.
Além disso, o emitente do cheque sem fundos pode ter seu nome colocado no CCF (cadastro de cheque sem fundos do BACEN), bem como nos registro do SPC (serviço de proteção ao crédito das associações comerciais) e no SERASA (empresa pertencente aos bancos).
A emissão de cheque sem fundos gera a rescisão do contrato como o banco e a proibição de abertura de novas contas do emitente enquanto não houver o pagamento.
Essas conseqüências se operam se houver a devolução pela segunda vez do mesmo cheque.
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Dia 15.06
O protesto do cheque pode ser solicitado em razão de falta de fundos, durante o prazo de apresentação, que é de 30ou 60 dias, contados da emissão, admitindo-se, ainda, durante o prazo de execução, que é de 6 meses após os 30 ou 60 dias. (art. 48 da Lei n. 7.357/85)
É ilegal o protesto feito após os prazos mencionados, podendo o emitente prejudicado propor ação indenizatória em face do credor e do tabelionato, art. 38 da Lei n. 9.492/97.
A declaração de falta de fundos feita pelo banco (alínea 11) ou feita pela Câmara de Compensação supre o protesto (art. 47 da Lei), assim, o protesto é realmente necessário para se pedir a falência quando o emitente é empresário e o valor do título superar 40 salários mínimos.
Ação cambial
O cheque sem fundos legitima a propositura da ação de execução (art. 585, I, CPC) ou do pedido de falência (art. 94, I, da Lei 11.101/05).
Após a prescrição da ação de execução do cheque cabe a ação cambial de locupletamento indevido em até dois anos. Tal ação pode ser proposta contra o emitente, endossantes e avalista (art. 61 da Lei do Cheque).
.30/60 apresentação
.6 meses – execução Ações Cambiais
.2 anos - ação de locupletamento
Depois de encerrado o prazo de ação de enriquecimento ilícito ou locupletamento, cabem as ações causais de cobrança ou monitória.
Tais ações são chamadas de causais porque o credor deverá explicitar na petição inicial a causa da emissão do cheque.
Tais ações têm natureza civil e não cambial, por isso, deve ser observado o prazo prescricional da ação referente ao direito material.
Ex: art. 206, I, CC.
Após o prazo da ação de locupletamento, não se aplica mais a lei do cheque, sendo que o título servirá apenas como prova da existência do crédito na ação de cobrança ou monitória à qual se aplica o CC.
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Duplicata
É uma ordem de pagamento representativa da venda de produtos ou de prestação de serviços.
Trata-se de título que tem apenas duas figuras, inicialmente:
Sacador – que é o empresário credor ou sociedade simples;
Sacado – que é a pessoa física ou jurídica devedora, adquirente do produto ou do serviço.
A origem da duplicata remonta o Código Comercial de 1850, art. 219, que impôs aos atacadistas, nas vendas aos chamados retalistas, a emissão de uma fatura ou conta, essa fatura deveria ser duplicada, daí a expressão duplicata.
Nos anos 1920 foi realizado o primeiro congresso de associações comerciais, no qual foi sugerida a criação da duplicata da fatura.
Em 1968 foi editada a Lei n. 5.474/68 que trata da duplicata. (Prof. Túlio Ascarelli disse que a duplicata é o príncipe dos títulos brasileiros)
Trata-se de título genuinamente brasileiro que tem inspirado outros países, por exemplo a Argentina que tem a factura contornada.
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Dia 21.06
A duplicata pode ser emitida para pagamento à vista ou a prazo, em data certa (data do calendário).
Caso emita duplicata, o empresário está obrigado a escriturar o livro de registro de duplicatas (art. 19 da Lei).
Não pode ser emitida Letra de Câmbio para representar a compra e venda mercantil (art. 2º da Lei).
Causalidade da duplicata
Duplicata é um título causal, porque sua emissão depende da emissão de uma fatura ou nota fiscal fatura.
Obs.: a fatura pode representar várias notas fiscais de um mesmo devedor.
A fatura é sempre única, a partir de uma fatura podem ser emitidas várias duplicatas, mas na duplicata só pode constar o número de uma fatura.
Nota fiscal fatura – documento que junta os dois.
Título de modelo vinculado
A duplicata também é um título de modelo vinculado, pois deve obedecer o padrão do art. 27 da Lei e a resolução n. 102/68 do BACEN.
Requisitos de emissão (art. 2º da Lei)
Todos são essenciais (não há requisitos não essenciais):
a) A denominação “duplicata”, data de emissão e número de ordem (criado pelo emitente para organizar a emissão);
b) O número da fatura ou nota fiscal fatura (só de uma, não pode ter número de mais de uma);
c) Data certa do vencimento ou declaração de que é à vista;
d) Nome e domicílio do vendedor e do comprador;
e) A importância a pagar em algarismos e por extenso;
f) Praça de pagamento;
g) A cláusula a ordem (duplicata é sempre endossável);
h) A declaração do reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada pelo comprador como aceite cambial;
Há mais dois tipos de aceite, além desse, que é ordinário.
i) Assinatura do empresário emitente ou rubrica mecânica (inserida no canto esquerdo de lado);
Pode ter endosso não à ordem?
A emissão deve ser à ordem, mas nada impede o endosso não à ordem. (o art. só restringe para a emissão)
Aceite
A duplicata deve ser encaminhada para aceite pelo empresário emitente ao comprador, no prazo máximo de 30 dias, contados de sua emissão.
O sacado (comprador) tem 10 dias para aceitá-la ou não.
Existem 3 espécies de aceite:
a) Aceite ordinário (art. 7 da Lei) – é o aceite lançado no próprio título, no campo especialmente reservado. (canto inferior direito).
O sacado deve devolver o título em 10 dias.
b) Aceite por comunicação (art. 7º, § 1º, da Lei) – é o que decorre da retenção legal da duplicata e remessa pelo devedor de uma carta, pela qual ele confirma ao sacador que aceitou o título.
Tal comunicação deverá conter os dados (informações) da duplicata e substitui o título para fins de cobrança, protesto e execução.
c) Aceite presumido ou por presunção – é o que resulta do recebimento da mercadoria e da assinatura, pelo comprador, de um documento comprobatório, geralmente o canhoto da nota fiscal (art. 15, II, b, da Lei).
Recusa do aceite
O aceite da duplicata decorre da própria lei, mas em três situações ele pode ser recusado (art. 8º da Lei):
a) Avaria ou não recebimento das mercadorias, quando expedidas pelo vendedor;
b) Vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou quantidade das mercadorias, devidamente comprovados;
c) Divergência nos prazos ou nos preços ajustados;
Os três casos podem ser aplicados à prestação de serviços, e em qualquer deles, o comprador pode devolver a duplicata sem o aceite e, preferencialmente, com um comunicado sobre os motivos da recusa (art. 7º, caput).
Endosso
Aplicam-se à duplicata as mesmas regras do endosso da letra de câmbio. Portanto, cabe o endosso em preto ou em branco.
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Aval
Na duplicata o aval pode ser em preto ou em branco.
No aval em preto, o beneficiário, ou seja, avalizado, será aquele indicado pelo avalista. 
Ex: por aval ao sacado mais a assinatura.
No aval em branco, contudo, o art. 12 da Lei determina que será considerado avalizado aquele:
1. Cuja assinatura constar acima da assinatura do avalista (o avalizado, portanto, pode ser um endossante, o sacado ou outro avalista, a depender da assinatura que estiver acima);
2. Nos demais casos, ou seja, quando não houver nenhuma assinatura acima, o beneficiário ou avalizado será o devedor final, que é o sacado;
O aval posterior ao vencimento ou ao protesto produz o mesmo efeito daquele prestado antes.
Protesto
A duplicata pode ser protestada:
Por falta de aceite;
Por falta de pagamento; ou
Por retenção indevida, sempre no prazo máximo de 30 dias após ao vencimento.
No caso de retenção indevida ou falta de devolução, o protesto poderá ser tirado mediante indicações do vendedor, que são informações sobre a duplicata não devolvida.
O STJ, nesse caso, admite a emissão da triplicata. (art. 21, § 3º da Lei n. 9.492/97 e art. 23 da Lei de Duplicatas)
Em se tratando de protesto por falta de pagamento, caso o credor não o requeira, no prazo legal, ao tabelionato de protesto, perderá o direito de regresso contra endossantes e respectivos avalistas. Ou seja, poderá executar somente o sacado e seu avalista.
Atualmente admite-se a duplicata

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