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Difusos e Coletivos Aula 1 01 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Teoria Geral dos Direitos Difusos 
 Professor: Luiz Antônio 
Aula: 01 | Data: 03/02/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
TUTELA PROCESSUAL COLETIVA 
1. Direitos ou interesses transindividuais 
2. Itália 1973/74 
3. Legislação brasileira 
4. Sistematização 
 
TUTELA PROCESSUAL COLETIVA 
 
1. Direitos ou interesses transindividuais (metaindividuais / plurindividuais) 
 
Por que um sistema processual coletivo? 
 
a. Pós-guerra – Dignidade Humana 
Multiplicação e universalização do direito. Esse fenômeno começa na década de 1950. 
 
b. Massificação 
Massificação da produção, consumo, publicidade, contratação (contrato de adesão). 
Por isso as lesões acabam por ser massificadas, ainda que individuais atingem inúmeras pessoas (Ex.: Banco que 
cobra indevidamente R$ 0,10 de cada cliente. Ninguém vai ingressar em juízo para cobrar R$ 0,10). 
 
2. Itália 1973/74 
A dicotomia entre direito público e direito privado não é mais suficiente, passa a ser necessário o surgimento do 
direito coletivo. Na Itália, entre 1973/74 o professor Mauro Cappelletti deu início aos direitos difusos e coletivos. 
 
3. Legislação brasileira 
 
a. Lei 4.717/65 – Lei da Ação Popular 
Autoriza o cidadão a ingressar em juízo para proteger o “patrimônio público”. 
 
b. Lei 6.938/81 – LPNMA 
O sistema de defesa do meio ambiente começa em 1981. 
Com o art. 14, §1º nasce a responsabilidade objetiva ambiental. 
Nasce a legitimidade do MP para defender os direitos difusos e coletivo. 
 
“Art. 14, § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas 
neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência 
de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente 
e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da 
União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de 
responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio 
ambiente.” 
c. Lei 7.347/85 – Lei da Ação Civil Pública 
 
 
 
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A legitimidade do MP é estendida a outros legitimados e passa a atingir uma gama maior de direitos (art. 1º), tal 
como o meio ambiente, os direitos do consumidor, o patrimônio cultural ou qualquer outro direito difuso ou 
coletivo. 
 
d. Constituição Federal de 1988 
O MP pode instaurar inquérito civil e ação civil público para tutelar qualquer direito difuso ou coletivo (art. 129, III 
da CF). Essa possibilidade também é estendida aos outros legitimados (art. 129, §1º, CF). 
 
“Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção 
do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros 
interesses difusos e coletivos; 
§ 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas 
neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, 
segundo o disposto nesta Constituição e na lei.” 
 
e. Lei 8.078/90 - CDC 
A partir do artigo 81 o CDC é regulada a tutela processual do consumidor, mas esses dispositivos são aplicados a 
todos os direitos difusos e coletivos, esse artigo define o que é interesses ou direitos difusos (inciso I), interesse 
ou direito coletivo (inciso II) e interesse ou direito individual homogêneo (inciso III). 
 
4. Sistematização 
 
CDC, 81 Titularidade Objeto Nexo de origem 
Difuso 
(inciso I) 
Pessoas Indeterminadas e 
Indetermináveis 
 (corpo social ou coletividade) Direitos 
Transindividuais 
de Natureza 
Indivisível 
Pessoas ligadas por 
Circunstâncias de Fato 
Coletivo 
(inciso II) 
Pessoas Determinadas ou 
Determináveis 
(grupo, categoria ou classe) 
Pessoas ligadas por uma 
Relação Jurídica Base 
entre os titulares ou com a 
parte contrária 
Individual 
Homogêneo 
(inciso III) 
Grupo de Lesados 
Determinados ou individuais 
Direito Divisível 
Origem Comum 
Um mesmo ato 
Um mesmo fato 
Um mesmo contrato 
 
 
“Art. 81, CDC – A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e 
das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título 
coletivo. 
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: 
 
 
 
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I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste 
código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam 
titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; 
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste 
código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular 
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte 
contrária por uma relação jurídica base; 
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os 
decorrentes de origem comum.” 
 
Obs.: Os interesses e direitos difusos (inciso I) e os interesses e direitos coletivos (inciso II) são direitos 
Genuinamente ou Essencialmente Coletivos. Já os interesses e direitos individuais homogêneos são chamados de 
Acidentalmente Coletivos ou Processualmente Coletivos, pois apesar de tratados como direitos coletivos não 
deixam de ser direitos individuais. 
 
Exercício – 1 
Banco X elabora um contrato com cláusulas abusivas. Como proceder? 
 
O promotor deve ingressar com uma ação civil pública e: 
 
1º. Pedido  Requerer a condenação do Banco X na obrigação de não fazer, consistente em não incluir as 
cláusulas abusivas nos futuros contratos – Esse pedido tem natureza difusa: É um pedido indivisível, serve para 
qualquer pessoa que no futuro venha a contratar com o Banco X. A circunstância de fato aqui é que qualquer 
pessoa pode contratar com o Banco X. 
 
2º. Pedido  Requerer a condenação do Banco X na obrigação de fazer, consistente em expurgar a cláusula 
abusiva dos contratos já existentes – Esse pedido tem natureza coletiva: O pedido é indivisível, pois é o mesmo 
pedido para todos os contratantes, mas é determinável pois o Banco X tem um controle de todos os contratantes, 
é possível identificar os contratantes. O contrato é a relação jurídica básica que liga os consumidores ao Banco X. 
 
3º. Pedido  Requerer a condenação do Banco X ao pagamento de indenização a todos os consumidores – Esse 
pedido tem natureza individual homogênea: É um pedido genérico, mas é divisível, pois é possível calcular qual o 
dano que cada consumidor sofreu. 
 
Exercício – 2 
Laboratório não segue a formula correta do medicamento. Como proceder? 
 
O promotor deve ingressar com uma ação civil pública e: 
 
1º. Pedido  Requerer a condenação do laboratório: Na obrigação de não fazer consistente em não colocar o 
produto no mercado / Na obrigação de fazer consistente em utilizar a formula correta do remédio / Na obrigação 
de fazer consistente em retirar os remédios defeituosos do mercado – Pedidos difusos. 
 
Obs.: Não é possível fazer pedido coletivo nesse caso, pois apesar da relação jurídica base (todos compraram o 
remédio) não é possível identificar todos os consumidores. Será possível fazer o pedido coletivo se for criada uma 
associação de consumidores lesados pelo laboratório (agora temos uma relação entre os indivíduos). 
 
 
 
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2º. Pedido  Requerer a condenação do laboratório: Na obrigação de fazer consistente em arcar com os custos 
dos exames médicos de todos os associados, para identificar a evolução da doença – Pedido coletivo. 
 
3º. Pedido  Requerer a condenação do laboratório ao pagamento de indenização a todos os consumidores. 
Nesse caso não precisa ser membro da associação de lesados, basta que seja consumidor do produto – Pedido 
individual homogêneo.

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