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PROCESSO COLETIVO
DISPOSIÇÕES GERAIS DA LEI DE ACP
Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados:
l - ao meio-ambiente;
II - ao consumidor;
III - a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo;*
VI - à ordem urbanística;
VII - à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos;
VIII - ao patrimônio público e social.
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. 
*A honra e a dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos são interesses difusos os quais a ACP abarca.
Classificação dos interesses 
Os interesses difusos são transindividuais, ou seja, transcendem o indivíduo, são indivisíveis e seus titulares são pessoas indeterminadas ligados por uma circunstância de fato.
Exemplo modelo do interesse difuso: meio ambiente. É indivisível, afeta pessoas indeterminadas, transcende o indivíduo, pois abrange até gerações futuras, e liga a todos por uma circunstância de fato (rio poluído).
Exemplo: poluição sonora.
Exemplo: instituição de reserva legal em área particular.
Exemplo: publicidade enganosa ou abusiva, pois expõe-se a um número indeterminado de pessoas.
Os interesses coletivos também são transindividuais, indivisíveis, mas com a titularidade atribuída a um grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base. As pessoas podem ser identificadas aqui. Já não são ligados por uma circunstância de fato, mas uma relação jurídica base.
Exemplo modelo do interesse coletivo: cláusula abusiva em contrato de adesão em fornecimento de serviço. Ela afeta a todos os consumidores que assinarem esse contrato. A situação será corrigida e afetará a todos os titulares desse direito.
Exemplo: suspensão do fornecimento de merenda em determinada escola estadual, por ato do governador do estado, por falta de recursos financeiros para nova licitação, prejudicando as crianças já matriculadas.
A relação jurídica base pode se dar também em sociedade, affectio societatis, entre os membros de um mesmo grupo. Exemplo: membros da OAB. Se tiver uma lesão ao interesse coletivo de todos os membros da OAB também é uma relação jurídica base definida pela afinidade societária e pelo fato de serem advogados. Com relação a parte jurídica contrária podem ser os consumidores, estudantes de algum curso, contratantes de algum seguro, etc.
Os interesses individuais homogêneos são decorrentes de uma origem comum, ou seja, se originam em conduta comissiva ou omissa da parte contrária que confere características de homogeneidade contra questões de direito ou de fato, com tratamento unificado molecular. Quando houver prevalência dessas questões comuns a tutela coletiva de direitos e o processo coletivo serão superiores em termos de justiça e eficácia da sentença com relação a tutela individual de direitos ou a ação individual de maneira que dê pra ser manejada.
São considerados espécie de direitos coletivos, diferenciados essencialmente pela possibilidade de serem divisíveis na liquidação da sentença que trate de seu reconhecimento e a respectiva violação.
Exemplo modelo: microlesões econômicas de massa. Ao contrário de uma cláusula contratual que é um direito coletivo em sentido estrito, vício na relação jurídica base, os prejuízos decorrentes de eventual falha de prestação de serviços são caracterizados como microlesões de massa que podem ensejar a proteção de direitos individuais homogêneos. 
Exemplo: cobrança abusiva de tarifa bancária causa prejuízo econômico para milhões de consumidores. Isso são microlesões de massa. A pretensão de ressarcimento, de devolução desses valores se caracterizam como uma tutela de direitos individuais e homogêneos. A anulação de uma cláusula é uma proteção de direito coletivo em sentido estrito porque regulariza a relação jurídica base. Por outro lado, a cobrança abusiva e a pretensão da devolução caracterizam a tutela de direitos individuais e homogêneos.
Exemplo: recall de veículo.
Existem também direitos coletivos relacionados a pagamentos de indenizações as vítimas. Com relação as indenizações em si, trata-se de direitos individuais e homogêneos, mas as cláusulas contratuais e todos os acordos são interesses coletivos em sentido estrito.
Direitos coletivos costumam estar enquadrados na terceira geração dos direitos fundamentais (direitos de fraternidade).
	
	Objeto 
	Grupo
	Origem
	Efeitos da sentença
	Difusos
	Indivisível
	Indeterminado
	Situação de fato
	Ergas omnes
	Coletivos
	Indivisível
	Determinado
	Relação jurídica base
	Ultra partes
	Direitos Ind. Hom. 
	Divisível
	Determinado
	Origem comum
	Erga omnes
A legitimidade ativa do MP para ingressar com a ação civil pública depende da relevância social dos interesses e não se os interesses são disponíveis ou não. 
Tem banca que considera os interesses individuais homogêneos como transindividuais artificiais ou relativos. 
De acordo com o CDC, a defesa coletiva dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo quando se tratar de interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. 
O processo coletivo é composto por um microssistema de normas. São elas: Lei da ACP, Lei da Ação Popular, Mandado de Segurança Coletivo, CDC, ECA e Estatuto do Idoso.
Prazo prescricional
A Lei da Ação Civil Pública não previu prazo prescricional para as ações coletivas consumeristas, portanto, na prática, o STJ, tem aplicado o prazo da ação popular de 5 anos para as ações coletivas de defesa do consumidor.
No caso do dano ambiental e do dano ao erário público entende-se que eles são imprescritíveis, Quando o dano ao erário for causado por um ilícito civil será prescritível.
As ações individuais têm prazo diferente.
Ações Constitucionais
Podem ser usadas para a tutela coletiva de direitos. São elas: mandado de segurança coletivo, habeas corpus coletivo, sendo a ação civil pública, por excelência o instrumento de tutela coletiva de direitos, mas também tem a ação popular.
O cidadão é quem tem legitimidade ativa para propor ação popular. A prova do cidadão é a cidadania, poder votar no Brasil. Portanto, os estrangeiros não podem propor ação popular.
Exceção a legitimidade: A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, em ação popular poderá atuar ao lado do autor, desde que isto seja considerado útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente. Isto é, permite que o réu em ação popular possa migrar para o pólo ativo. Essa regra também pode ser aplicada na ACP.
O MP pode atuar como fiscal da lei nas ações em que ele não for autor.
A Lei 7.347/85, que disciplina a ACP, foi alterada pela Lei 11.448/07, que incluiu dentre os legitimados para a propositura da ACP principal e cautelar a DEFENSORIA PÚBLICA. Alguns doutrinadores dizem que a DP já havia sido prevista como legitimada. A DP pode atuar na tutela coletiva de qualquer interesse, seja difuso, coletivo ou individual e homogêneo. 
Art. 5º. ACP. Tem legitimidade para propor ação principal e cautelar:
I - o Ministério Público;
II - a Defensoria Pública;
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;
V - a associação que, concomitantemente:
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
§ 1º O MinistérioPúblico, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.
§ 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes.
§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.
§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. 
O defensor público poderá, a seu critério, ajuizar ações individuais ou coletiva. 
Limites da atuação da Defensoria Pública
A atuação da defensoria não é limitada ao seu interesse, ela pode tutelar interesses mais abrangentes, protegendo a todos, inclusive os não necessitados. Isto é, a legitimidade ativa da DP para propor ACP é limitada à existência de relação com os interesses dos necessitados, podendo apontar para qualquer tipo de interesse metaindividual, inclusive para os interesses difusos, eis que não há necessidade destes corresponderem completamente a interesses dos necessitados. Isto é, protege a todos, não apenas os necessitados. É NECESSÁRIO A PRESENÇA DO INTERESSE DOS NECESSITADOS, MAS NÃO SE LIMITA APENAS A TUTELA DOS INTERESSES DELES.
Não existe controle judicial de representatividade adequada no direito brasileiro.
O MP e a DP tem legitimidade para atuar em ações que tutelem qualquer tipo de interesse, coletivo em sentido estrito, difuso, individual e homogêneo, indisponíveis ou não. No caso do MP é a relevância social que determina se ele não vai atuar e a pertinência temática no caso da DP.
A educação é um direito indisponível. A jurisprudência do STJ admite que os legitimados para a ACP protejam interesses individuais homogêneos, sendo que a educação é de máxima referência no Estado Social, daí ser integral e incondicionalmente aplicável, nesse campo, o meio processual da ACP, que representa contraposição à técnica tradicional de solução atomizada de conflitos.
Custos vulnerabilis: significa o guardião ou fiscal dos vulneráveis. A defensoria defende a tese de que em todo processo que se discuta direitos ou interesses de vulneráveis, a instituição pode intervir, independentemente da parte vulnerável ter ou não advogado constituído. Representa uma forma interventiva da defensoria em nome próprio e em favor de seus interesses institucionais, sendo-lhe permitida a interposição de recurso.
Em determinada seção do STJ, durante julgamento de recurso especial repetitivo acerca de discussão referente ao custeio de medicamento por plano de saúde, questão que se reflete em diversas demandas de consumidores economicamente vulneráveis, foi admitido o ingresso da DP da União na qualidade de guardião dos vulneráveis (custos vulnerabilis).
Termo ou compromisso de ajustamento de conduta (TAC)
É um instituto específico da tutela coletiva. Art. 5º. § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial.
É resultado de uma negociação coletiva. Ele tem eficácia de título executivo extrajudicial. Se homologado pelo juiz, se torna título executivo judicial.
A DP pode formar TAC com diversos entes, empresas e até entes despersonalizados.
Os TACs firmados por meio da legitimação extraordinário, pelos entes legitimados, têm eficácia de título executivo extrajudicial.
Inquérito Civil
O defensor não instaura inquérito civil, somente o MP, mas pode instaurar um procedimento administrativo que é análogo ao inquérito civil. A instauração de inquérito civil pelo MP não impede que a defensoria proponha ação civil pública. 
A existência de inquérito policial não impede que seja instaurado inquérito civil. O inquérito civil pode ser dispensado se houver prova suficiente para propor a ação, sua ausência não é causa impeditiva de propositura da ação. No inquérito civil não tem contraditório e ampla defesa, mas não quer dizer que se a pessoa quiser ter acessado será negado. Não é necessário ciência e participação de todos os atos ao contrário do que acontece no processo judicial.
As provas do inquérito administrativo possuem valor relativo. O compromisso ou aditamento de conduta não enseja arquivamento do inquérito civil em que é celebrado, pois o compromisso pode ser parcial e o inquérito continuar em relação a outros casos, mas caso o TAC seja total, o inquérito será arquivado um processo administrativo será instaurado para o acompanhamento do TAC. O TAC não tem efeito automático ao arquivamento do inquérito civil.
A ACP pode ser instaurada mesmo após o arquivamento do inquérito civil, pois como a legitimação no direito coletivo brasileiro é concorrente e disjuntiva, o colegitimado não fica impedido de aforar a ação.
Adiantamento de custas e emolumentos
Nas ações do processo coletivo não ocorre adiamento de custas e emolumentos sejam eles honorários periciais e quaisquer outras despesas em condenação da associação autora, salvo se comprovada a má-fé em honorários advocatícios, custas e despesas processuais. 
Há a possibilidade da inversão do ônus da prova no processo coletivo.
Efeitos da sentença da ação coletiva
O processo coletivo e o individual podem tramitar simultaneamente sem que se considere litispendência, pois na ação individual a parte é um indivíduo e na ação coletiva, a parte é um dos autores coletivos colegitimados como Ministério Público, Defensoria, União, Estados, DF, Municípios e etc.
Caso a DP e o MP ajuízem ações coletivas com mesma causa de pedir e pedidos conexos, mas com titulares dos interesses que são tutelados coletivamente, ou seja, a coletividade, poderá ser identificada a hipótese de conexão ou litispendência. 
Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81; (interesses difusos)
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do art. 81; (interesses coletivos em sentido estrito)
III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81. (interesses individuais homogêneos)
Os efeitos também variam conforme o tipo de decisão. Então, se a decisão for procedente, tem um efeito. Se for improcedente, tem outro. E segundo o estado da prova, se for julgado improcedente por insuficiência de provas, o efeito da coisa julgada não será erga omnes no caso de interesses difusos e individuais homogêneos, nem ultra partes no caso de coletivos em sentido estrito. Se for julgado improcedente por insuficiência de provas, ele não prejudicará os interessados e os colegitimados em nova ação coletiva que poderão fazer com mesmo fundamento.
Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução da indenização devida. Parágrafo único. O produto da indenização devida reverterá para o fundo criado pela Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985. 
Dano moral coletivo tem sido concedido.
Controle judicial de políticas públicas
Conforme jurisprudência sumulada do STF, a ACP pode ser utilizada para obrigar o ente público a implementar/efetivar determinada política pública para assegurar o direito à educação ou o direito à proteção integral da criança e do adolescente, sem se escorar no princípio da reserva do possível. O poder judiciário pode obrigar o ente, por exemplo, a ofertarvagas em creches sem que afete a reserva do possível (essa decisão ocorreu em uma ACP intentada contra o município do Rio de Janeiro).
Conforme já decidiu o STF, a ACP pode ser utilizada para obrigar o ente público a implementar/efetivar determinada política pública, visando assegurar direito d ecidadania de forma difusa, ou para determinado grupo social.
Princípios da ACP
O corolário lógico do princípio constitucional da universalidade da jurisdição é o princípio da atipicidade da tutela coletiva. Isto é, todos os meios de possibilidade de proteção de direitos podem ser usados na tutela coletiva de direitos. 
Princípio do amplo acesso à justiça
A ação civil pública tem se revelado um dos mais proeminentes instrumentos para a democratização do processo, facilitando, generosamente, o acesso à jurisdição às formações sociais intermediárias, ao Ministério Público e a tantos outros colegitimados ativos para a defesa dos superiores interesses da sociedade nos chamados conflitos de massa. Com efeito, alguns conflitos causam microlesões, e a tendência dos lesados é de não ir à Justiça para reclamar quantias mínimas. Por isso, a solução coletiva para esse tipo de conflitos é de fundamental importância. Por exemplo, na área de consumo, a venda de óleo comestível em lata ou garrafa com falta de 10 miligramas é uma lesão tão diminuta no plano individual que ninguém se dará ao trabalho de reclamar disso em juízo. Mas, na dimensão coletiva, a lesão pode ser bastante significativa. O combate a essas microlesões, por meio de ações coletivas, é de suma importância no plano social, pois pune o fabricante desonesto e protege a sociedade. Nesse sentido, para assegurar pleno acesso da comunidade à Justiça para a tutela de todos os seus direitos, a ação coletiva é dotada de extrema importância, por fortalecer politicamente o indivíduo. 
Princípio da duração razoável do processo
O direito fundamental à tutela jurisdicional implica, a bem ver, que as partes tenham direito, em tempo razoável, não só à solução de mérito cognitiva, mas também à entrega do resultado de eventual atividade executiva. Em outros termos, “o sistema é comprometido com a duração razoável do processo, sem que isso implique uma busca desenfreada pela celeridade processual a qualquer preço. E isto porque um processo que respeita as garantias fundamentais é, necessariamente, um processo que demora algum tempo. O amplo debate que deve existir entre os sujeitos do procedimento em contraditório exige tempo. A adequada dilação probatória também exige tempo. A fixação de prazos razoáveis para a prática de atos relevantes para a defesa dos interesses em juízo, como a contestação e os recursos, faz com que o processo demore algum tempo. Mas estas são dilações devidas, compatíveis com as garantias constitucionais do processo”. 
Princípio da flexibilidade procedimental
A técnica processual deve ser enxergada sempre a serviço dos escopos da jurisdição e ser flexibilizada, quando necessário, para conferir maior efetividade à tutela do direito. É esta a ideia subjacente ao caráter instrumental do processo, que renega se privilegie o enfoque puramente formal de suas técnicas quando contrastadas com os valores maiores para os quais estão preordenadas. Daí, p. ex., a possibilidade de o juiz promover o saneamento de determinados vícios, desde que não tenham prejudicado qualquer das partes e tenham alcançado a sua finalidade. Evita-se, assim, as indesejadas situações de extinção do feito sem resolução do mérito, garantindo-se a efetiva entrega da tutela jurisdicional. 
Princípio da disponibilidade motivada
Para os legitimados sujeitos à observância da pertinência temática institucional, a ação civil pública é um direito, em harmonia com o princípio dispositivo que informa o Direito Processual Civil. Nada obstante isso, pelo princípio em comento, uma vez ajuizada a demanda coletiva, eventual interesse na sua desistência há de embasar-se em adequada motivação, em ordem a permitir um juízo de valor acerca de sua razoabilidade e a possibilitar a assunção da ação pelo Ministério Público ou por qualquer outro co-legitimado.
Para o Ministério Público, entretanto, guardião-mor e com legitimação irrestrita para a tutela dos interesses transindividuais, mais que mero poder (= direito), há o dever de agir. É dizer, a ação lhe é indisponível. Por conta desse ônus maior é que o legislador, sobre isentar-lhe de controles prévios de representatividade, conferiu-lhe também o poder exclusivo de promover o inquérito civil para bem aparelhar suas demandas. A eventual inércia ou desistência da ação por parte dos colegitimados poderão ser supridas sempre pelo seu agir obrigatório.
“Não se admite que o Ministério Público, identificando uma hipótese em que deva agir, recuse-se a fazê-lo: nesse sentido, sua ação é um dever (...). Todavia, se o Ministério Público não tem discricionariedade para agir ou deixar de agir quando identifique a hipótese em que a lei exija sua atuação, ao contrário, tem ampla liberdade para apreciar se ocorre hipótese em que sua ação se torna obrigatória”.
Não que a atividade do Ministério Público, aí, seja ilimitadamente informada de discricionariedade, ficando a seu critério a propositura ou não da ação. No entanto, verificando que não há suporte legal para o ajuizamento da ação, ou, ainda, que não é oportuna ou conveniente28 essa propositura, poderá deixar de exercê-la.
Com efeito, lendo-se a Lei Federal 7.347/1985, fica claro que o Ministério Público pode promover o arquivamento do inquérito civil, se convencido da inexistência de fundamento para a propositura da ação, com homologação do Órgão Superior de Revisão. Em tal hipótese, é óbvio, não se terá – nem haveria por que fazê-lo – exercido o direito de ação.
Resumindo: a ação civil pública pode ou não ser proposta pelo seu titular, sendo informado o seu exercício pelo princípio dispositivo. Tal regra, contudo, não se aplica, em sua plenitude, ao Ministério Público, certo que, nesse caso, por manifesto interesse de ordem pública, há como que uma quebra do atributo dispositivo, passando o exercício da ação a ser informado pelo princípio da disponibilidade motivada ou, como se queira, da obrigatoriedade mitigada (dever-direito), nos termos antes expostos, e em decorrência do fato de ser indisponível, para o Órgão Ministerial, o interesse tutelado por meio desse específico instrumento que lhe é confiado.
Princípio da não taxatividade dos direitos tuteláveis
Recorde-se, a propósito, que, ao apreciar o Projeto que se transformaria na Lei Federal 7.347/1985, o Presidente da República vetou a norma de extensão à época constante do inc. IV do art. 1º, que visava a dar flexibilidade ao texto legal, numa área de rápidas mutações, permitindo a aplicação imediata da norma às novas situações concretas não imaginadas pelo legislador, mas que se encaixavam, ainda assim, na rubrica da difusão ou coletivização, fundamentos da ação civil pública.
Posteriormente, todavia, a CF (art. 129, III) e o CDC (art. 110) reintroduziram a cláusula geral, que possibilitou, via ACP, a tutela de qualquer direito ou interesse transindividual. Hoje, portanto, a regra é a não taxatividade (= numerus apertus), pois onde existirem interesses difusos ou coletivos carentes de proteção, cabível será a ação civil pública, independentemente de listagem legal (ou regulamentar) casuística.
Princípio da boa-fé
Dentre as normas fundamentais do processo civil avulta em importância a relacionada à boa-fé, por isso que quanto mais adequado for o comportamento dos sujeitos do processo, maior será a probabilidade deste alcançar a sua finalidade.
O princípio da boa-fé, de que se está a falar – previsto especificamente no art. 5º do CPC/2015 –, não se refere a conceito vago de interpretação meramente subjetiva (que se contenta com a ausência de má-fé), mas diz com a boa-fé objetiva40  (que exige postura consentânea com as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece com a maneira como geralmente se espera dos atores processuais).Princípio da eficiência
A previsão da eficiência, no referido dispositivo, “consubstancia-se na melhor forma de gerenciamento do processo. Alcançar o melhor resultado, no menor espaço de tempo e trazendo a maior satisfação possível para os jurisdicionados é postulado da eficiência processual”.

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