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I - A Superestrutura Rodoviária 1 Pavimento 1.1- Definição É a estrutura construída sobre a terraplenagem e destinada, técnica e economicamente, a resistir aos esforços verticais oriundos do tráfego e distribuí-los; melhorar as condições de rolamento quanto ao conforto e segurança; e resistir aos esforços horizontais (desgastes), tornando mais durável a superfície de rolamento. Figura 1 – Sistema de várias camadas É um sistema de várias camadas de espessuras finitas que se assenta sobre um semi-espaço infinito e exerce a função de fundação da estrutura, denominado Subleito. 1.2 Classificação De uma forma geral o pavimento pode ser classificado em: Pavimento Rígido Pavimento Flexível 2.0 - Pavimento Rígido: é constituído basicamente por uma placa de concreto de cimento Portland (PCCP), que pode ser simples, armado ou protendido. A laje de concreto desempenha simultaneamente o papel de revestimento e de base, resistindo à abrasão do tráfego, diluindo as tensões de tal maneira tornando-a compatível com a resistência do subleito. Rompem por tração na flexão, quando sujeitos as deformações. Entretanto, para garantir um suporte uniforme e para evitar o fenômeno do bombeamento (“pumpking”) – fuga das partículas finas de solo carreadas pela água através das juntas das placas – usa-se uma sub-base (geralmente 10 cm de material granular ou solo-cimento) que não tem função estrutural (Figura 2). Revestimento + Base Material granular ou solo-cimento compactado Figura 2 – Camadas do pavimento rígido I - A Superestrutura Rodoviária 2 No passado, eram muito empregados em pavimentação urbana os chamados calçamentos de pedra poliédrica regular e irregular. Os calçamentos de pedra poliédrica regular (cerâmica ou madeira) são na realidade revestimentos que geralmente necessitam de base e às vezes de sub-base. São geralmente chamados de paralelepípedos e devem ser rejuntados com produtos asfálticos ou argamassa de cimento (Figura 3). Os calçamentos de pedra poliédrica irregular são geralmente assentados manualmente sobre um colchão de areia, sem base, e geralmente não são considerados como revestimentos de pavimentos (Figura 4). Figura 5 – Seção transversal típica de um pavimento rígido O concreto protendido é mais adequado para pistas de aterrissagem sujeitas à ação de cargas muito concentradas e a impactos fortes. Os pavimentos rígidos costumam ter juntas separando-os em placas justapostas. Essas placas podem ter espessura uniforme, mas, em geral, por razões de economia, seus bordos têm maior espessura que o restante da placa devido a maior concentração de tensões neste local quando as cargas móveis se encontram nas posições mais desfavoráveis. O dimensionamento da espessura da placa está ligado às tensões de tração na flexão ( t) tanto solicitantes como resistentes (Figura 6). Estas tensões são provenientes de várias causas, tais como: carga transmitida pelas rodas dos veículos; mudanças cíclicas de temperatura que causam o arqueamento e contração ou expansão da placa; mudanças na umidade, e mudanças volumétricas no subleito e ou sub-base. Figura 3 – Calçamento de pedra poliédrica regular Figura 4 – Calçamento de pedra poliédrica irregular I - A Superestrutura Rodoviária 3 2.1 - Distribuição da carga Grande área de distribuição de carga Alto modulo de rigidez, EC Alta dissipação das pressões Pequena pressão na fundação do pavimento EC = 2.2 - Variações volumétricas do concreto Um dos problemas de maior importância, característico dos pavimentos de concreto, é a variação de volume das placas, seja por reações do cimento, seja por variações de temperatura e umidade. Dessas variações, resulta a necessidade do projeto e construção de juntas de contração e dilatação. A redução de volume provoca retração linear, a qual resulta em trincas ou fissuras transversais. 2.3 – Variação uniforme da temperatura Provoca variação de volume da placa pela expansão (dilatação) ou contração da mesma, devido ao aumento ou diminuição da temperatura. A resistência devido ao atrito que se manifesta entre a superfície inferior da placa e o terreno do subleito ou sub-base, provocam tensões internas respectivamente de compressão e tração que originam trincas. A execução de juntas de expansão e juntas de contração (transversais) espaçadas entre si, é suficiente para evitar a ruptura da placa. 2.4 - Variação não uniforme da temperatura Dá-se no sentido vertical, o da espessura da placa. Trincas ou fissuras longitudinais surgem em função do empenamento da placa, ou seja, a curvatura produzida pelas diferenças de temperatura e umidade entre as faces superior e inferior. O peso próprio e o atrito existente entre a placa e a superfície do terreno restringem esse empenamento, provocando esforços de tração ou de compressão. Figura 6 – Pavimento Rígido: Placa de Concreto de Cimento Portland + Sub-base Figura 7 I - A Superestrutura Rodoviária 4 Como mostra a figura 8, durante a noite a face inferior da placa perde calor mais lentamente que a face superior; a tendência é de expandir na face inferior, mais quente. Essa tendência é restringida pelo atrito com o terreno e o peso próprio da placa, resultando em esforços de compressão, que provocam trincas ou fissuras longitudinais. Durante o dia, a face superior da placa é aquecida mais rapidamente que a face inferior, tendendo a expandir-se e empenar com as bordas para baixo. Sendo essas tendências restringidas pelo peso próprio e pelo atrito com o terreno surgirão fissuras ou trincas longitudinais. Para os concretos normalmente dosados e empregados na construção de pavimentos, com módulo de elasticidade da ordem de 350.000 kgf/cm2 e espessura em torno de 20 cm , quando a diferença de temperatura entre a face da placa atinge cerca de 18o C, as tensões resultantes podem atingir valores da ordem de 29 kgf/cm2. Valores de tal magnitude somada às tensões provocadas pelas cargas podem ultrapassar o módulo de ruptura do concreto, levando a placa também a ruptura. 2.5 – Juntas transversais As juntas transversais são construídas no sentido da largura da placa de concreto. Os tipos principais de juntas transversais, quanto à sua serventia, são: De retração (ou contração) De retração com barras de transferência De construção De expansão ou dilatação 2.5.1 – Juntas transversais de retração (ou contração) Sua função é, basicamente, controlar as fissuras devidas à contração volumétrica do concreto. a) De dilatação – São situadas em geral de 25 a 35 m de distância, normalmente ao eixo da estrada, deixando um espaço entre duas placas adjacentes, de 2 cm, para permitir a possibilidade da aproximação dos extremos das placas, quando elas se dilatam devido ao aumento da temperatura. Os espaços entre as juntas são cheios com betume e madeira tratada ou outros produtos apropriados. Figura 8 – empenamento restringido da placa I - A Superestrutura Rodoviária 5 2.6 - Barras de transferência ou passadores A colocação de barras de transferência melhora o comportamento estrutural e a durabilidade da placa. São barras de aço comum, dispostas em toda extensão da junta, para que haja transferência da carga para a placa contígua. O “diâmetro dessas barras deve ser ¾’, não devendo ultrapassar de 1” , para evitar que se rompa o concreto. Estes passadoresdevem ser colocados normalmente às juntas, ficando, pois, rigorosamente paralelos ao eixo da rodovia e na metade da espessura da placa. “O comprimento da barra deve ser 60 cm, usando-se barras de diâmetro de 1”. Deverão ser lisas e untadas de graxa em uma das metades, onde se veste com uma luva de metal ou papelão comprimido, e dispostas de tal maneira que deixem uma folga, para assegurar, no concreto, espaço para movimento dos passadores. 2.7 – Dimensionamento Os métodos de dimensionamento de pavimento de concreto simples proposto pela PCA (Portland Cement Association) em 1966 – PCA/66, e em 1984 – PCA/84, procuram padronizar a definição da espessura do pavimento de concreto de forma racional e que atenda às tensões solicitantes. O PCA/66 utiliza a tensão de tração na flexão como parâmetro para o dimensionamento do pavimento de concreto através da resistência do concreto à fadiga enquanto que o PCA/84 leva em consideração além dos critérios do PCA/66, a existência de acostamento de concreto, barras de transferência, o tamanho das placas e a resistência à erosão. 3. Pavimento Flexível: é composto por várias camadas que devem trabalhar em conjunto, cada uma delas absorvendo parte das solicitações impostas e transmitindo o restante às localizadas em níveis inferiores. Sendo o seu revestimento normalmente de misturas betuminosas. São dimensionadas a compressão e a tração na flexão, devido ao aparecimento das bacias de deformação sob as rodas dos veículos, que levam a estrutura a deformações permanentes, e ao rompimento por fadiga. Quanto ao seu uso, os pavimentos podem ser: Rodoviário; Urbano e Aeroportuário. Na pavimentação rodoviária em geral temos grandes extensões de estradas a pavimentar com escassos recursos financeiros, o que leva a procurar resolver o problema com tipos econômicos de pavimentos. Na pavimentação urbana as extensões a pavimentar são menores e os recursos disponíveis são menos escassos. As cargas que atuam sobre um pavimento urbano são da mesma ordem de grandeza das que atuam sobre um pavimento rodoviário. A carga máxima é da ordem de P = 5 tf/roda dupla, com uma pressão variando entre 4 e 7 kg/cm2. No entanto, um pavimento urbano está mais sujeito aos esforços tangenciais (acelerações positivas e negativas), principalmente nos locais de sinais de tráfego, e sofre mais a ação de águas superficiais. Os pavimentos de aeroportos estão submetidos a influencia das enormes cargas concentradas das modernas aeronaves, com impactos na aterrissagem e a ação da chama dos motores a jato queimando materiais do pavimento, especialmente nas cabeceiras das pistas onde as aeronaves aquecem seus motores antes de decolar. Desta maneira, estes pavimentos estão sujeitos a uma maior “carga por I - A Superestrutura Rodoviária 6 roda”, a uma maior “pressão” e a uma menor “repetição de cargas” do que os pavimentos de estradas . Embora o projeto de pavimentos, quer seja de estradas ou de aeroportos, sigam os mesmos princípios gerais, é conveniente que se estude separadamente o projeto de pavimentos de estradas que pode ser estudado simultaneamente com o projeto de pavimentos urbanos. 3.1 Comportamento estrutural do Pavimento flexível Um pavimento quando solicitado por uma roda pneumática de um veículo com carga Q/2 que se desloca com uma velocidade V, recebe uma tensão vertical (q) (compressão) e uma tensão horizontal de cisalhamento ( ), conforme mostrado na figura 9. A tensão q é diluída pelo pavimento, de modo que o subleito recebe uma tensão bem menor “p1 “- que deve ser compatível com a resistência do mesmo”“. A tensão de cisalhamento ( ) agindo na superfície do pavimento exige que a mesma apresente uma coesão mínima (cp). A superfície deve também ser bastante impermeável. Quando a deformação é excessiva, as tensões geradas nas camadas pela tração e cisalhamento podem levar a ruptura do pavimento. O atrito interno e a coesão do ligante não são mais suficientes para garantir a estabilidade. O pavimento se rompe e as deformações se tornam permanente nas diferentes camadas. As tensões geradas no subleito, por efeito das cargas, podem, também, romper o pavimento. Os pavimentos são dimensionados a compressão e a tração na flexão, devido ao aparecimento das bacias de deformações sob as rodas dos veículos, que levam a estrutura a deformar-se permanentemente e ao rompimento por fadiga. 3.2 Camadas do Pavimento Flexível O pavimento pode ser constituído por uma única camada que seja capaz de simultaneamente: resistir e diluir a tensão vertical de “q” para “p1” , resistir a tensão horizontal “ ” e ser razoavelmente impermeável. É o caso, por exemplo do Pavimento de Concreto de Cimento Portland (PCCP), e tem sido muito usado em trechos rodoviários urbanos de muito tráfego. Para o chamado pavimento asfáltico, o mais econômico é dividi-lo em duas camadas: o revestimento, camada superior que resiste a abrasão devido o tráfego, e Figura 9 I - A Superestrutura Rodoviária 7 uma camada de material granular (brita graduada, solo-brita, solos selecionado, ou outro material local como argila expandida – todos sem coesão) que ajuda a diluir a tensão vertical “q” – denominada de Base. (Figura 10) O revestimento asfáltico reage à tensão vertical de compressão “q” fletindo; se for um material mais rígido – flete menos, dilui mais “q” a custa do aparecimento de uma apreciável tensão de tração t na sua face inferior. Ao contrário, se for menos rígido – flete mais, dilui menos “q” e a tensão de tração é menor. Por outro lado, o revestimento asfáltico com um alto Módulo de rigidez Er colocado sobre uma base granular flexível de baixo Módulo Eb pode fletir o suficiente para despertar uma forte t e exigir uma grande espessura hr . Pode ser vantajoso dividir-se o revestimento asfáltico em duas camadas asfalticas: uma superior, denominada capa de módulo Ec elevado, e a outra inferior de módulo EB intermediário entre Er e Eb denominada de camada de ligação (“binder” = que faz a ligação) . A capa apoiada sobre o binder e este sobre a base se traduz numa melhor compatibilidade estrutural. Tem-se, então, no caso mais geral: Revestimento = Capa + Binder. Como a tensão vertical de compressão “q” vai diminuindo com a espessura, pode-se dividir a base em duas ou três camadas, denominada respectivamente de: base (mantido o nome), subbase (recebendo menor tensão pode ser de material menos nobre) e reforço do subleito (material que necessita apenas ser melhor do que o do subleito). Assim, no pavimento flexível são definidas as seguintes camadas: a) Revestimento: Também chamado de capa de base , é a camada mais nobre do pavimento, tanto quanto possível impermeável, que recebe diretamente a ação do tráfego , sendo destinada a melhorar a superfície de rolamento quanto às condições de conforto e segurança, e a transmitir de forma atenuada, as solicitações devido ao tráfego às camadas inferiores. b) Base: é a camada destinada a resistir aos esforços verticais oriundos do tráfego e distribuí-los e sobre a qual se constrói o revestimento asfáltico. Na verdade, o pavimento pode ser considerado composto de base e revestimento, sendo que a base poderá ou não ser complementada pela sub-base e pelo reforço do subleito. d) Sub-base: é a camada complementar à base, com as mesmas funções desta e executada quando, por circunstâncias técnicas e econômicas não for Figura 7 Figura 10 I - A Superestrutura Rodoviária 8 aconselhável construir a base diretamente sobre a regularização ou reforço do subleito; e) Reforço do subleito: é a camada de espessura constante, construída se necessário, acima da regularização,com características técnicas inferiores ao material usado na camada que lhe é superior, porém de melhor qualidade do que o material do subleito; f) Regularização do subleito: É a camada de espessura irregular, construída sobre o subleito e destinada a conformá-lo, transversal e longitudinalmente, com o projeto. A regularização deve dar à superfície as características geométricas – inclinação transversal - do pavimento acabado. Nos trechos em tangente, duas rampas opostas de 2% de inclinação – 3% a 4%, em regiões de alta precipitação pluviométrica e, nas curvas, uma rampa com inclinação da superelevação (Ver figura 11). A regularização não constitui, propriamente, uma camada de pavimento, pois tem espessura variável, podendo ser nula em um ou mais pontos da seção transversal. Figura 11 – Seção transversal típica de um pavimento flexível 3.3 - Transmissão das cargas ao pavimento As cargas que solicitam um pavimento são transmitidas por meio das rodas pneumáticas dos veículos. A área de contato entre os pneus e o pavimento tem a forma aproximadamente elíptica, e a pressão exercida, dada à relativa rigidez dos pneus, tem uma distribuição aproximadamente parabólica, com a pressão máxima exercida no centro da área carregada. Como mostra a figura 12. Para efeito apenas de estudo da ação das cargas, visando o dimensionamento do pavimento, pode-se admitir uma carga aplicada gerando uma pressão de contato uniformemente distribuída, numa área de contato circular. A pressão de contato é aproximadamente igual à pressão dos pneus, sendo a diferença desprezível para efeito de dimensionamento. I - A Superestrutura Rodoviária 9 Figura 12 – Áreas de contato pneu x pavimento Sendo a transmissão de carga feita pelas rodas, as pressões a serem calculadas ou admitidas são referidas em função das cargas de roda, muito embora se faça referência a cargas por eixo. O raio da área circular de contato pode ser calculado para qualquer valor de carga, desde que se conheça a pressão aplicada. Seja uma carga Q transmitida por um eixo simples, possuindo uma ou duas rodas de cada lado do veículo e uma pressão de contato q . A carga da roda será: Q = 2 r2 q Q / 2 = r2 q r = Q / 2 ½ q Exemplo 1: Adotando uma pressão de contato de q = 7 Kgf / cm2 e uma carga de roda Q / 2 = 5000 Kgf, que é o limite máximo permitido pela Legislação Brasileira, calcular o raio da área circular de contato. 5000 ½ r = ---------- r = 15 cm 3,14 7 I - A Superestrutura Rodoviária 10 3.4 - Distribuição das pressões Para melhor compreender as definições das camadas que compõem um pavimento, é preciso considerar que a distribuição dos esforços através do mesmo deve ser tal que as pressões que agem na interface entre o pavimento e a fundação, ou subleito, sejam compatíveis com a capacidade de suporte desse subleito. A figura 13 mostra a distribuição de pressões, segundo um ângulo , de tal forma que a pressão de contato q pode ser considerada a pressão aplicada a uma profundidade (Z = 0). A partir daí, as pressões estão referidas às profundidades crescentes, chegando à interface entre o pavimento e o subleito, na profundidade Z, com uma pressão z . O ângulo de distribuição das pressões ( ) é função da natureza dos materiais usados no pavimento. Quanto maior o seu valor maior a dissipação (diluição) das tensões, e menor será a solicitação no subleito ( z). Na determinação da pressão aplicada no subleito ( z) consideremos situação apresentada na figura 9. A condição de equilíbrio é: Q/2 = q . . r2 = z . . (r + s) 2 s = z . tg z = q 2 2 .tgzr r ( r2 ) z = q 2 2).( 1 r tgzr = q 2 . 1 r tgzr z. = q . 2 .1 1 tg r z z = pressão no subleito (Kqf / cm 2 ); q = pressão de contato (Kgf / cm 2 ); z = espessura do pavimento (cm); r = raio da área circular de contato (cm); = ângulo de distribuição de pressão Figura 13 – Distribuição dos esforços Figura 14 – Vista de perfil e planta do cone de pressões I - A Superestrutura Rodoviária 11 Exemplo 2: Para uma carga por eixo simples Q = 10 tf, aplicada segundo um círculo de raio r = 15 cm, resultando numa pressão de contato q = 7 Kqf / cm2 e um pavimento de espessura Z = 20 cm, a pressão aplicada no subleito será. Adotar = 45 º. 1 1 z = q - ----------------------- = 7 --------------------------- = 1,3 kgf/cm 2 1 + (z / r) tg 2 1 + (20 / 15) tg 45 2 3.5 - Carga de roda equivalente É a carga sobre uma roda simples, com a mesma área de contato que um conjunto de rodas, produzindo o mesmo efeito desse conjunto a uma determinada profundidade. A legislação brasileira estabelece os seguintes tipos e limites de carga por eixo: Eixo simples com Roda Simples (ESRS) – máximo de 5 tf : Eixo simples com Roda Dupla (ESRD) – máximo de 10 tf : Eixo em Tandem Duplo (ETD) – máximo de 17 Tf Eixo em Tandem Triplo (ETT) – máximo de 25,5 Tf Tipos de ruptura de um pavimento I - A Superestrutura Rodoviária 12 No estudo de carga de roda equivalente interessa saber como as cargas vão ser transmitidas ao pavimento. Como mostra a figura 12, as cargas de roda ou as cargas de eixos próximos, têm seus efeitos sobre os pavimentos superpostos. Para que sejam consideradas isoladas, é necessária uma distância entre os eixos que evite essa superposição de efeitos. Figura 12 – Efeitos superpostos A figura 12 mostra um caso de rodas duplas, eixo simples, em que temos: l = distância entre as faces internas das rodas; L = distância entre os centros das rodas; Q = carga por eixo simples; Q/2 = carga por roda. O triângulo ABC corresponde à área de superposição de efeitos. Neste caso admitem-se as seguintes zonas de distribuição de tensões: Zona 1: do topo até a profundidade l/2, onde cada roda age isoladamente; carga de roda equivalente é Q*/2 = Q/2 Zona 2: a faixa entre a profundidade l/2 e 2L, onde o efeito das duas rodas é superposto e com intensidade variando em função do quadrado da profundidade; a carga de roda equivalente fica: Q*/2, variando de Q/2 a Q. Zona 3: abaixo da profundidade 2L, as duas rodas agem em conjunto, como uma roda apenas. A carga de roda equivalente é Q*/2 = Q De uma forma genérica e dependendo das condições do subleito, é possível admitir que a espessura necessária de um pavimento é proporcional à raiz quadrada da carga de roda equivalente: z = C . [Q*/2]1/2 sendo C constante. Das pesquisas conhecidas e da experiência já vastamente desenvolvida no sentido de relacionar carga e espessura de pavimento, conhece-se o seguinte: I - A Superestrutura Rodoviária 13 A – as espessuras dos pavimentos são aproximadamente proporcionais ao logaritmo do número de repetições das cargas de roda; B – vários métodos de dimensionamento já levam em conta essa forma de comparação, procurando associar uma carga de roda ou de eixo padrão às cargas que irão solicitar o pavimento, considerando o número de repetições necessário para produzir os mesmos efeitos. C – a consideraçãode que as pressões sofrem reduções com a profundidade, devido ao alargamento da base do cone de distribuição, leva a uma parte importante, do ponto de vista econômico, dos estudos visando fixar a estrutura definitiva de um pavimento. Figura 13 - Carga, pavimento e fundação Como a pressão aplicada é reduzida com a profundidade, às camadas superiores estão submetidas a maiores pressões, exigindo na sua construção materiais de melhor qualidade. Para a mesma carga aplicada, a espessura do pavimento deverá ser tanto maior quanto pior forem às condições do material de subleito. Sem rigorismo extremo, pode-se mencionar a regra de que subleito ruim e cargas pesadas levam os pavimentos espessos; subleito de boa qualidade, e cargas leves leva os pavimentos delgados. De qualquer maneira, sendo as pressões decrescentes com a profundidade, o engenheiro é conduzido a complementar a base com uma camada estruturalmente suficiente com materiais menos nobres do que o material da base. A essa camada complementar dá-se o nome de sub-base. Praticando mesmo raciocínio para essa sub-base, ela pode ser complementada por uma camada de material menos nobre, que recebe o nome de reforço do subleito. Assim, no estudo da pavimentação pode-se obedecer à técnica através de inúmeras opções do ponto de vista econômico, não tendo o menor sentido considerar um atributo sem o outro. Os atributos técnicos exigem a obediência a métodos de dimensionamento, análises estatísticas, cálculos e desenhos. Os atributos econômicos exigem principalmente estudos do tipo benefício x custo, taxa de retorno ou renda capitalizada ou equivalente, enquanto os atributos financeiros exigem uma avaliação dos recursos disponíveis e das fontes internas e externas de recursos e financiamento. Resumindo, para que o empreendimento de engenharia seja completamente viável é necessário que seja tecnicamente exeqüível, economicamente recomendável e financeiramente realizável. I - A Superestrutura Rodoviária 14 3.6 - Bases rígidas Esses tipos de bases têm acentuada resistência à tração, fator determinante no seu dimensionamento. 3.6.1 - Concreto Cimento: é uma mistura convenientemente dosada e uniformizada de agregados, areia, cimento e água nas dimensões previstas em projeto. É a base que mais se caracteriza como rígida, podendo ou não ser armada com barras metálicas e seu dimensionamento obedece a estudos baseados na teoria de Westergaard. Uma placa de concreto de cimento exerce conjuntamente as funções de base e revestimento. 3.6.2 - Macadame de Cimento: é uma base construída com agregado graúdo – diâmetro máximo entre 50 e 90 mm – cujos vazios são preenchidos por um material de granulometria mais fina, o material de enchimento, misturado com cimento, garante além do travamento das pedras, uma razoável ligação entre elas. 3.6.3 - Solo Cimento: é a mistura de solo escolhido, cimento e água, em proporções convenientes e previamente determinadas. Essa mistura sendo uniformizada e compactada satisfaz assim as condições exigidas para funcionar como base do pavimento. 3.7 - Bases flexíveis 3.7.1 - Base de solo estabilizado: é uma camada construída com solo, satisfazendo determinadas especificações – granulometria, limite de liquidez e índice de plasticidade – cuja estabilização pode ser conseguida de forma natural ou artificial. o Base estabilizada granulométricamente o Base de solo-brita o Base de solo-cal o Base de solo-Betume ou solo-asfalto Base estabilizada granulometricamente: São executadas pela compactação de um material ou de misturas de materiais que apresentam uma distribuição granulométrica apropriada fixada em especificações, permitindo a obtenção de uma base densa e relativamente impermeável. Base de solo-brita: Quando a granulometria ideal é conseguida por meio de adição de pedra britada para suprir a ausência de material graúdo. Essa adição e mistura do material graúdo é feita geralmente em usina. Base de solo-cal: É uma mistura de solo, cal e água e, às vezes, de “fly ash” (cinza volante), uma pozolana artificial. A cal estabiliza o solo através de modificações na sua plasticidade e sensibilidade à água. Base de solo-betume ou solo-asfalto: É uma mistura de solo, água e material betuminoso usado como aglutinante das partículas. 3.7.2 - Base de macadame hidráulico: Trata-se de uma base ou sub-base constituída de uma ou mais camadas de pedra britada, de fragmentos entrosados entre si e material de enchimento. Este último tem a função principal de travar o agregado graúdo e a função secundária de agir eventualmente como aglutinante. A introdução do material de enchimento nos vazios de agregado graúdo é feita com auxílio de água, justificando o nome do macadame hidráulico. 3.7.3 - Base de brita graduada: trata-se de um tipo de base que ganhou a preferência entre as bases de pedra. É resultante da mistura feita em usinas de agregados de pedras, sendo estes previamente dosados, contendo inclusive material I - A Superestrutura Rodoviária 15 de enchimento, água e, eventualmente, cimento. Guardadas as proporções, principalmente, quanto à granulometria dos materiais, é uma base que substitui o macadame hidráulico, com grandes vantagens no que concerne ao processo de construção. 3.7.4 - Base de macadame betuminoso: é a base que mais guarda os princípios construtivos de John McAdam, porém usando o betume como elemento aglutinante. Consiste na superposição de camada de agregados interligada por pinturas de material betuminoso. É chamada também de base negra, sendo que o número de camadas depende da espessura estabelecida em projeto. Os agregados utilizados têm granulometria que corresponde a uma relação de diâmetro de baixo para cima, podendo, inclusive, chegar-se ao nível superior com a granulometria própria da camada de revestimento. 3.7.5 - Base de paralelepípedo e de alvenaria poliédrica (por aproveitamento): como base, corresponde a leitos de antigas estradas que, com a maior velocidade atingida pelos veículos, deixaram de apresentar interesse, dada principalmente a trepidação a alta sonoridade que provocam. Esses antigos revestimentos passaram a ser recapeados com misturas betuminosas, o que justifica a inclusão dessas bases entre as flexíveis, por aproveitamento. 3.8 - Revestimentos rígidos Os materiais constituintes são os mesmos das bases rígidas, com condições de resistir aos esforços horizontais e distribuir esforços verticais à sub-base. No caso dos paralelepípedos rejuntados com cimento as juntas são feitas com argamassa de cimento e areia, o que dá ao conjunto alguma rigidez, justificando a classificação. O revestimento rígido por excelência, no entanto, é o revestimento de concreto de cimento. 3.9 - Revestimentos flexíveis 3.9.1 - Concreto betuminoso: é o mais nobre dos revestimentos flexíveis. Consiste na mistura de agregados, satisfazendo rigorosas especificações, e o betume devidamente dosado. A mistura é feita em usina, com rigoroso controle de granulometria, teor de betume, temperaturas do agregado e do betume, transporte, aplicação e compressão. 3.9.2 - Pré-misturado a quente: é também uma mistura, obtida em usina, de agregados e asfalto. No entanto, as especificações quanto ao pré-misturado a quente são menos rigorosas do que os do concreto betuminoso, querem quanto à granulometria, quer quanto à estabilidade, ou quanto ao índice de vazios. 3.9.3 - Pré-misturado a frio: pode ser definido como a mistura de agregado e asfalto, onde o agregado é empregado sem prévio aquecimento, ou seja, à temperatura ambiente. É um produto menos nobre que o pré-misturado a quente e o concreto betuminoso. 3.9.4 - Tratamentos superficiais: consistem na aplicação de uma ou mais camadas de agregadosligadas por pinturas betuminosas. Os tratamentos superficiais podem ser: Simples: uma camada de agregado e uma pintura de betume; I - A Superestrutura Rodoviária 16 Duplos: duas camadas de agregado e duas pinturas de betume; Triplos: três camadas de agregado e três pinturas de betume; Quádruplos: quatro camadas de agregado e quatro pinturas de betume. Exemplo 3 : Um pavimento deverá ser construído, tendo como base um dos materiais constantes no quadro abaixo, assentada sobre um subleito de resistência igual a 1,0 kgf/cm2. Considerando a espessura total do pavimento de 30 cm e a solicitação de um veículo parado sobre o mesmo, com carga por eixo simples 20 tf; pressão dos pneumáticos 6 kgf/cm2 e área de contato pneu - pavimento 706,86 kgf/cm2, pede-se: a) Determinar as tensões que receberá o subleito, transmitida por uma roda, para cada um dos materiais mostrados no quadro. b) Qual dos materiais será empregado como base para que o pavimento seja o mais estável e econômico possível? Justifique. Base , graus Custo unitário/m 2 (R$) Areia argilosa 10 40 Macadame hidráulico 30 75 Brita graduada 45 100 Solo – cimento 60 120 = Resolução = (a) - Usando-se a equação q = 6 kgf/cm2 z = 30 cm r = 15 cm - Para = 10o z = 3,28 kgf/cm 2 - Para = 30o z = 1,29 kgf/cm 2 - Para = 45o z = 0,67 kgf/cm 2 - Para = 60o z = 0,05 kgf/cm 2 q Pavimento z Subleito (b) Como o subleito possui resistência de 1,0 kgf/cm2, a brita graduada é a mais indicada para ser usada na estrutura do pavimento pois permite uma dissipação de pressões ( = 45o ) tal que solicitará o subleito com apenas 0,67 kgf/cm2 , garantindo sua estabilidade, e será mais econômico por ter menor custo do que o solo – cimento. 1 z = q - ----------------------- 1 + (z /r) tg 2
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