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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Administrativo Professor: Roberto Baldacci Aula: 06 | Data: 07/05/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. Órgãos independentes constitucionais 2. Estrutura da Administração Indireta 1. Órgãos independentes constitucionais Nem todos os órgãos integrarão a estrutura hierarquizada de quatro níveis de órgãos: MP, Defensoria pública e TCU são órgãos independentes constitucionais. São órgãos, pois são diretamente criados por lei, integralmente de regime jurídico público, sem personalidade jurídica própria, porém dotados de extraordinária capacidade processual. Obs: na jurisprudência não se reconhece capacidade processual para o Tribunal de Contas. São independentes, pois não estão subordinados a qualquer outro órgão ou poder, ninguém está acima deles (nem mesmo o Conselho Superior do MP). São constitucionais, pois não integram nem se confundem com qualquer um dos três poderes. TCU: - na CF está equiparado a um tribunal superior judicial e tem como função típica a mesma do poder executivo. Está previsto no capítulo do poder legislativo. Mas não pertence a nenhum dos três poderes. - A CF equipara o TCU ao STJ, conferindo as mesmas prerrogativas orgânicas e funcionais conferidas aos tribunais superiores (exemplo: seus membros são ministros escolhidos através das mesmas regras e exigindo-se os mesmos pressupostos daqueles para escolha de ministros do STF com vitaliciedade no cargo a partir da posse, sem a necessidade de estágio probatório). O TCU realiza controle concentrado de inconstitucionalidade decretando inconstitucionalidade de leis e atos de ofício, mas somente leis e atos atinentes à matéria de competência do TCU (exemplo: TCU decretou de ofício a inconstitucionalidade da modalidade simplificada de licitação privativa da Petrobras, pois essa modalidade foi instituída por decreto e matéria de licitação está em reserva de lei). - Para o exercício de suas atribuições o TCU é investido em competências próprias para agir de ofício ou por provocação no atendimento e defesa de interesses públicos e coletivos (o TCU tutela o erário público, o patrimônio histórico e público, a moralidade pública e o meio ambiente que é bem público federal). - O TCU está previsto no capítulo constitucional do poder legislativo por dois motivos principais: a) o TCU auxilia o legislativo na análise das contas prestadas pelo chefe do executivo (o chefe do executivo presta suas contas ao legislativo e o legislativo em primeiro remete as contas ao TCU para a expedição de um parecer). O TCU terá até 60 dias para expedir o parecer sob pena de não poder entrar em recesso enquanto não expedir. Os TC dos Estados também expede parecer até 60 dias, assim como os dos municípios grandes, mas se se tratar de Página 2 de 3 municípios pequenos o prazo para expedição de parecer será de 180 dias e este último prazo não poderá ser alterado. Nas esferas federal e estadual os pareceres são opinativos, ou seja, o legislativo é livre para concordar ou discordar, porém na esfera municipal o parecer é vinculante – a câmara de vereadores poderá discordar do parecer, desde que previamente derrube-o em votação qualificada por 2/3 de seus membros. b) o poder legislativo toma as contas dos tribunais de contas e o orçamento do tribunal de contas é por ele elaborado e depois de aprovado a ele pertencerá, mas esse orçamento é aprovado dentro do orçamento do poder legislativo – o legislativo não pode utilizar nem remanejar essas verbas e só liberará seu acesso ao tribunal de contas depois que o tribunal de contas prestar suas contas ao legislativo. 2. Estrutura da Administração Indireta Mediante lei de descentralização administrativa de propositura do presidente da República serão criadas as autarquias e autorizada a criação das fundações públicas e empresas públicas e sociedades de economia mista. Esta lei determina a especialização que é a finalidade pública de cada pessoa jurídica criada para que só explore essa atividade, otimizando a eficiência pública (princípio da especialização). Caberá aos ministérios (na esfera federal) a fiscalização externa sobre essas pessoas jurídicas, controlando a especialização e a eficiência de cada uma – este controle externo não é subordinação hierárquica, mas sim mera vinculação técnica chamada “tutela ou supervisão ministerial” (tutela ministerial não é subordinação – é mera vinculação). Todas as pessoas descentralizadas possuem personalidade jurídica própria e ao contrário dos órgãos: - possuem patrimônio próprio - gozam de plena capacidade processual - respondem pessoalmente pelos danos que causam (estas pessoas respondem pessoalmente até o limite legal da responsabilidade fiscal quando forem de direito público ou de sua capacidade patrimonial quando forem de direito privado e eventual saldo remanescente será de responsabilidade subsidiária da pessoa política a qual integrem). - gozam de autonomia administrativa, pois não estão sujeitas à subordinação hierárquica. 1) Autarquias: São diretamente criadas por lei, não dependendo nem aceitando contrato ou estatuto social, sempre para a exploração de serviços públicos (serviços sem fins lucrativos e que não sejam de exploração de atividade econômica – a CF não proíbe autarquias de explorarem atividade econômica, porém, organizar a estrutura do Estado é matéria de direito público só sendo possível fazer aquilo que a lei autorize e no caso, o artigo 173 da CF só autoriza exploração direta de atividade econômica pelo Estado através de empresas públicas e sociedades de economia mista). Obs.: é comum converter órgão em autarquia ou autarquia em órgão conforme os interesses políticos de cada gestão, bastando para tanto mera lei de conversão. Página 3 de 3 O regime jurídico das autarquias é sempre e obrigatoriamente o regime público e em função deste regime: - todo o patrimônio das autarquias é composto por bens públicos (artigo 98, CC) que são impenhoráveis, imprescritíveis (não sofrem usucapião) e não oneráveis (não podem ser dados em garantia – não podem ser dada em penhor, anticrese, hipoteca e nem em arras (sinal e garantia de negócio futuro)); - são mantidas por receitas públicas correntes aprovadas no orçamento fiscal da lei orçamentária anual; - logo, estão obrigadas a licitar, concursar seus agentes e prestar contas ao tribunal de contas. *Todas as autarquias integram a Fazenda Pública. Fazenda Pública é o conjunto de todos os entes estatais de direito público que gozarão de um grande conjunto de prerrogativas e vantagens públicas em função da indisponibilidade e supremacia do interesse público. As vantagens mais importantes da Fazenda Pública são: 1) imunidade tributária de eficácia plena recíproca (União, Estados, DF e munícipios não cobra impostos uns dos outros); 2) vantagens processuais em juízo: a) não admitem nem citação nem intimação na forma ficta (edital e hora certa), tem que ser através de oficial de justiça – o novo CPC autorizará a citação e intimação eletrônicas da Fazenda Pública; b) quando em revelia não sofrerão os efeitos quando a causa versar sobre interesses públicos (não se presume a veracidade e não haverá pena de confissão); c) não pagam taxas nem custas processuais ou recursais, mas não constitui justiça gratuita; d) quando condenadas acima de certo valor a sentença estará sujeita ao reexame necessário ou duplo grau obrigatório e são condenadas em honorários sucumbenciais por equidade. O novo CPC altera essa regra, definindo valores escalonados para o pagamento de honorários pela Fazenda Pública; e) contagem especial de prazos: - emquádruplo para todos os atos de resposta (contestação, reconvenção e exceções); - contagem em dobro para recorrer. Obs.: o prazo para contrarrazões é simples, o prazo só é em dobro para recorrer. Obs.: as contagens especiais são exclusivamente para prazos legais, não são aplicados quando o prazo é fixado pelo juiz (exemplo: contestação da rescisória). Obs.: o novo CPC reduzirá o prazo para respostas para apenas o dobro (será o dobro em respostas e o dobro em recursos, excluirá o prazo em quádruplo).
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