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4 - CONSTRUÇÃO DAS SUBBASES E BASES ESTABILIZADAS GRANULOMÉTRICAMENTE 89 1. Introdução A estabilização granulométrica consiste na mistura de dois ou mais solos, de forma que o material obtido tenha maior estabilidade em relação ao solo natural, com resistencia ao cisalhamento suficiente para suportar as tensões impostas pelo tráfego, sem que ocorra ruptura e com deformação aceitável, compatível com a flexibilidade do pavimento. Para a construção das sub-bases e/ou bases estabilizadas deve-se ter em mente que duas operações já foram executadas: o preparo do subleito e, quando necessário, a camada de reforço. O preparo do subleito consiste na operação de regularização e compreende a parte da plataforma comum aos cortes e aterros, abrangendo, portanto, a pista e acostamento. O movimento de terra da regularização deve ser no mínimo, cortando-se ou aterrando só o que for absolutamente necessário, para conformar a estrada transversalmente e longitudinalmente, devendo a mesma ser umedecida na umidade ótima e compactada até atingir 100% do ensaio AASHO NORMAL, em toda a largura da plataforma. A camada de reforço será executada todas as vezes que o projeto do pavimento assim o exigir. Assim, será empregada uma camada do material de espessura constante, que passa a fazer parte integrante do pavimento, e que, por circunstancias técnicas, será executada sobre o subleito regularizado. O material a ser empregado no reforço deve apresentar características superiores ao do material do subleito. A sua largura é igual à da regularização. 2. Fases da construção das Sub-bases e bases. A construção das sub-bases ou bases estabilizadas granulométricamente envolve quatro fases: pulverização, espalhamento, mistura e compactação. 2.1. Pulverização Tratando-se de solos puramente granulares, a pulverização é desnecessária. No entanto, quando um dos materiais é de natureza coesiva, torna-se necessária sua pulverização, usando-se máquinas apropriadas como escarificadores, grades de disco, arados, cultivadores de dentes flexíveis e mais modernamente as “pulvimix”. O grau de pulverização exigido é de 80%,ou seja, se o material tem x% passando na peneira no 4, deve, após a pulverização, ter apenas 80% de x passando na mesma peneira. Para se obter melhor rendimento na pulverização, deve-se umedecer o solo para que ele se situe dentro do limite plástico, porém, abaixo do ponto em que a argila fique pegajosa. Em regiões secas é fácil conseguir-se o teor de umidade mais vantajoso pela adição de água. Em regiões úmidas, onde o solo já tem uma umidade natural acima do ponto em que a argila fica pegajosa, torna-se necessário fazer a aeração do solo, o que traz atrasos consideráveis ao trabalho de pulverização. 2.2. Espalhamento e mistura 2.2.1. Mistura na estrada 2.2.2. Mistura com emprego de máquinas móveis 2.2.3. Mistura em Usina fixa 4 - CONSTRUÇÃO DAS SUBBASES E BASES ESTABILIZADAS GRANULOMÉTRICAMENTE 90 Nos três casos as operações são: espalhar, pulverizar (quando necessário), umedecer e compactar. 2.2.1. Mistura na estrada ( “mix-in-place” ) É feita no próprio leito da estrada, misturando-o com o solo importado de melhor qualidade, obedecendo a dosagem dos solos previamente estabelecida, a fim de que o material resultante se enquadre numa das faixas de especificação. È importante que a mistura de solos esteja na umidade ótima, para obter-se a densidade máxima da camada compactada. Equipamentos usados: Trator, motoniveladora, grades de discos, arados de discos, caminhão basculante, caminhão-pipa (irrigadeira), rolo compactador pé-de-carneiro, rolo pneumático liso, rolo de grelha, placa vibratória ou sapo mecânico. Grade de discos rebocada por trator – revolve e mistura os solos Escarificador para desagregar terreno duro Seqüência construtiva: 1) Preparo do material do subleito – material A – pulverização (uso de grades de disco ou arados) e controle da espessura solta do material. 2) Importação do solo B e espalhamento na pista (por volume). 3) Verificação da umidade – amostragem da mistura 4) Proceder a mistura com grades de disco, arados e motoniveladora. 4 - CONSTRUÇÃO DAS SUBBASES E BASES ESTABILIZADAS GRANULOMÉTRICAMENTE 91 5) Compactação com rolo adequado, em geral, pé-de-carneiro vibratório. A espessura solta é cerca de 25% maior do que a espessura compactada final. 6) Verificação da espessura do projeto. Ensaio de compactação para verificar o GC. 7) Rolagem final – com rolo pneumático liso para acabamento da camada e regularização da pista Espessura do material solto a) Caso de um só material: o cálculo da espessura es do material solto a ser colocado na estrada para se obter a espessura ec compactada prevista no projeto do dimensionamento é : es = ec . s c b) Caso de dois materiais: Tendo-se de se construir uma base estabilizada usando-se dois materiais cujas proporções foram calculadas no laboratório em X% de material M1 e Y% de material M2, tem-se que a espessura solta de cada material será dada por: esM1 = X . ecM . 1sM cM esM2 = Y . ecM . 2sM cM Marcação no campo: Com o auxílio do topógrafo, marca-se em toda largura prevista para a camada de base ou sub-base, em estacas fixadas no terreno, respectivamente, as alturas ou espessuras dos materiais a misturar. Para uma indicação desta espessura, esticam-se cordéis nos pontos correspondentes aos marcados nas estacas, tendo-se, assim, a indicação da altura a espalhar de cada material. e s - espessura solta e c - espessura compactada c – peso especifico do material compactado seco s – peso especifico do material solto seco ecM – espessura compactada da mistura esM1 – espessura solta do material M1 esM2 – espessura solta do material M2 X – proporção do material M1 na mistura Y – proporção do material M2 cM – peso especifico da mistura compactada sM1 – peso especifico do material solto M1 seco sM2 – peso especifico do material solto M2 seco 4 - CONSTRUÇÃO DAS SUBBASES E BASES ESTABILIZADAS GRANULOMÉTRICAMENTE 92 Espalhamento: Pode ser feito de duas maneiras - por intermédio de caminhões basculantes, que descarregam o material na pista, aproximadamente na espessura desejada – ou, os materiais são depositados em montes espaçados, ao longo do eixo, e em seguida espalhados pela motoniveladora e conformando-o nas seções transversal e longitudinal previstas, tomando-se como referencia os pontos marcados nas estacas. Recomenda-se deixar um excesso de 2 a 3 cm na espessura compactada, na última camada, no caso de o espalhamento e compactação serem feitos em etapas, para o acabamento final. Umedecimento e compactação: O umedecimento na umidade ótima de compactação é feito por meio de caminhões-pipa em sucessivas passagens, seguindo-se sempre a grade de disco, arado ou a motoniveladora para distribuição uniforme de umidade em toda a espessura da camada. Na seqüência, o material é compactado com o rolo adequado conforme projeto, sendo o acabamento final dado pelo rolo pneumático liso. A base de solo estabilizada deve ser imediatamente imprimada, evitando-se a perda, por evaporação, de parte da água utilizada na compactação. 2.2.2 – Mistura com emprego de máquinas móveis Para obras de grande porte a mistura pode ser feita de maneira mais controlada tecnicamente e com produção maior quando se usa a pulvimisturadora ou “pulvi-mix”. É um equipamento dotado de uma caixa com um eixo provido de pás que pulverizam, misturam os solose umedece-os. O material misturado sai pela parte posterior da máquina, através de uma abertura com altura regulável que determina a espessura solta da camada. Em seguida será compactada normalmente com os rolos de compactação. O conjunto é rebocado por trator ou pode ser autopropelido. 2.2.3 – Mistura em Usina Fixa – Sistema de alimentação, que permite a entrada de mais de um material, sendo provido de um elevador de caçamba; – Sistema de injeção de água, com medidor de precisão, para controlar a água a ser adicionada ou aditiva; – Misturador, que permite uma mistura completa e uniforme dos materiais componentes da mistura; – Algumas usinas fixas possuem desintegrador de finos. 4 - CONSTRUÇÃO DAS SUBBASES E BASES ESTABILIZADAS GRANULOMÉTRICAMENTE 93 3. Bases granulares São constituídas de agregado mineral, cujos vazios são ocupados por material de granulometria fina ou muito fina (“filler”), como pó de pedra, areias finas, etc. O agregado pode ser natural (cascalho) ou artificial (brita). Principais bases granulares: Macadame hidráulico Brita graduada Bica-corrida 3.1 – Base de macadame hidráulico Consiste numa camada de brita graúda ( = 2” a 3” ) compactada mecanicamente, cuja estabilidade é obtida principalmente pelo entrosamento entre as partículas do agregado (atrito interno) em conseqüência da compactação. Para aumentar a estabilidade, os vazios da camada são preenchidos com material fino (“filler”). A camada de brita é de granulometria aberta e uniforme. o DNER especifica três faixas granulométricas para o agregado grosso e uma para o filler. Agregado Grosso Agregado fino Agregado fino (Filler) % que Passa Peneira # % que passa A B C Peneira # 4” 3 ½” 2 ½” 1 ½” ¾” 100 90 – 100 25 – 60 0 – 15 0 - 5 - 100 90 – 100 0 – 15 0 - 5 - - 100 35 – 70 0 - 15 3/8” no 40 no 100 100 85 – 100 10 - 30 Abrasão Los Angeles < 50 Material que passa na # 40: LL < 25%; IP < 6% 1 – Silos de solos (A - B - C). Abertura da comporta controlada 2 – Correia transportadora de materiais (proporcionamento) 3 – Elevador de canecas 4 – Misturador de solos rotativo e adição de água. Poderá haver dispositivos para cimento, cal, asfalto, para produzir outras misturas estabilizadas. 5 – Comporta de descarga 6 – Caminhão para transporte e espalhamento na pista. 4 - CONSTRUÇÃO DAS SUBBASES E BASES ESTABILIZADAS GRANULOMÉTRICAMENTE 94 Construção da camada Conforme a faixa granulométrica escolhida tenha agregados de maior tamanho máximo, as espessuras correspondentes são variáveis. Em geral, usam-se camadas de 10, 15 ou 20 cm, executadas em duas etapas de 2x5, 2x7,5 ou 2 de 10 cm. a) Distribuição do agregado sobre a sub base ou subleito com equipamentos especiais para espalhá-lo. Após a compactação com rolos de rodas metálicas lisas, a camada solta sofre recalque de cerca de 25%. b) Rolagem de compactação. Com a passagem dos rolos pesados de 10/12 ton obtemos a redução da espessura e um bom entrosamento entre os fragmentos (atrito interno). c) Espalhamento do filler e umedecimento intenso com várias passagens de caminhão-pipa para obter-se o enchimento dos vazios com o filler. Prossegue- se a irrigação até a saturação, com nova aplicação de filler onde for necessário daí a designação de macadame hidráulico. d) Rolagem final com compressor pesado até que os fragmentos não se movam ante a passada das rodas do rolo. O macadame hidráulico, dependendo da granulometria do material, e da compactação pode atingir valores de CBR > 60 ou até 80%. 3.2 – Bases de brita-graduada É material que substitui o macadame hidráulico quando se deseja uma base com CBR > 80%. Trata-se de camada com granulometria contínua, com volume de vazios reduzido (de 10 a 20%) o que aumenta a estabilidade da camada. A composição da mistura é feita em usina, o que melhora o controle tecnológico e permite a alta produção. É apropriada para serviços de alta qualidade e em grandes volumes, com custo maior do que o macadame hidráulico. Pode ser espalhada com motoniveladora ou espalhadeiras mecânicas que proporcionam rapidez de execução e economia de mão de obra. Especificações para a brita graduada: a) Faixas granulométricas: Peneira # % que Passa 2” 1 ½” 1” ¾” 3/8” # 4 # 40 # 200 100 90 – 100 - 50 –85 35 – 60 25 – 45 8 – 22 2 - 9 - - 100 90 – 100 80 – 100 35 – 65 8 – 25 2 – 9 b) Abrasão Los Angeles: < 40% 3.3 – Bases de bica-corrida É mistura de agregados sem classificação granulométrica, isto é, uma mistura de agregados desde os muito finos até os de graduação grossa, mas não há o proporcionamento em faixas granulométricas especificadas. Substitui a brita graduada quando não há usina, mas a qualidade é menor, obtendo-se valores de CBR inferiores ao da brita graduada. 4 - CONSTRUÇÃO DAS SUBBASES E BASES ESTABILIZADAS GRANULOMÉTRICAMENTE 95 Pode ser usada em trabalhos de menor responsabilidade para o caso de tráfego leve e pouco intenso. Pode ser espalhada com equipamentos de espalhamento ou por motoniveladora. 3.4 – Base betuminosa (base negra) O ligante betuminoso usado é um CAP com consumo elevado, o que aumenta o custo, porém, aumenta estabilidade da base. É usada em recapeamentos quando a espessura a ser refeita é muito grande, para em seguida ser colocado o revestimento.
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