Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito do Consumidor Professor: Murilo Sechieri Aula: 05 | Data: 12/03/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. Causas excludentes da responsabilidade do fornecedor 2. Responsabilidade pelo Vício do produto ou serviço 3. Práticas Comerciais Continuação: 1. Causas excludentes da responsabilidade do fornecedor Caso fortuito ou força maior: entendidos como qualquer evento: - imprevisto; - inevitável; - externo, ou seja, totalmente alheio aos riscos típicos da atividade desenvolvida por aquele fornecedor. Súmula 479 do STJ: as instituições financeiras respondem objetivamente pelo fortuito interno consistente em fraudes ou delitos praticados por terceiros no âmbito das operações bancárias. Exemplo: o banco tem responsabilidade se há um assalto no banco e são furtados bens pessoais do consumidor ou se há clonagem no cartão gerando prejuízo. Teoria do risco do desenvolvimento: são os riscos que não eram conhecidos pelo fornecedor no momento em que o produto ou serviço foi colocado no mercado e que só é descoberto posteriormente em decorrência do uso ou do avanço científico; são os efeitos colaterais até então desconhecidos de algum produto ou serviço. Só afastaria a responsabilidade do fornecedor se houvesse previsão expressa, o que não há no Brasil. A corrente majoritária entende que a ignorância do fornecedor é irrelevante, considera-se uma espécie de fortuito interno (é um risco da própria atividade). 2. Responsabilidade pelo Vício do produto ou serviço Artigos 18 a 25 do CDC. 1) quando se aplica: quando houver falha de qualidade ou de quantidade que tornar o produto ou serviço impróprio para o uso a que se destina. Exemplo: comprou alguma coisa que não funciona. Vício é qualquer falha intrínseca que afeta a funcionalidade e que ofende a esfera econômica do consumidor (na responsabilidade pelo fato do serviço ou produto a falha é extrínseca). 2) fundamento específico: é a falha no dever de adequação dos produtos ou serviços, seja às necessidades do consumidor ou às informações prestadas ao fornecedor. Página 2 de 4 3) quem responde: todos os fornecedores de forma objetiva e solidária, inclusive o comerciante (é por isso que se compro um produto estragado, posso ir direto no mercado onde comprei para reclamar, afinal, todos respondem, inclusive o comerciante). 4) mecanismo específico de tutela: é o chamado direito de reclamação, ou seja, o direito de exigir que o vício seja sanado ou uma prestação equivalente. Devem ser observadas algumas fases para o exercício do direito de reclamação, são elas: a) iniciativa do consumidor dentro do prazo decadencial de garantia legal (90 dias para bens duráveis e 30 dias para bens não duráveis). A garantia legal de adequação é automática, não depende de termo escrito e não admite exclusão por cláusula contratual (mesmo que o consumidor concordar e assinar), artigo 24 do CDC. Quando se tratar de vício de fácil constatação ou aparente, o prazo se conta da entrega do produto ou serviço; se o vício for oculto, o prazo é contado da sua constatação pelo consumidor, desde que o surgimento ocorra dentro da expectativa de vida útil do produto ou serviço (afinal, é normal que o produto com o tempo se desgaste e aí não será responsabilidade do fornecedor, já que o bem perece para o dono, a responsabilidade é de o consumidor trocar o pneu do carro, por exemplo, após seu desgaste natural). Artigo 50 do CDC: quando o fornecedor oferecer garantia convencional/contratual (que é facultativa, que pode ser total ou parcial e que pode ser condicionada) o prazo da garantia legal só começa a correr no primeiro dia posterior ao término dela, portanto, somam-se os prazos (conta-se primeiro o prazo da garantia contratual e só depois o prazo da garantia legal). O prazo de decadência fica obstado (suspenso) em dois casos: I) pela reclamação comprovadamente feita pelo consumidor, enquanto não houver resposta do fornecedor; II) quando for instaurado inquérito civil, enquanto não houver sua conclusão (a reclamação a algum órgão de defesa do consumidor não interfere na decadência). b) o fornecedor terá direito ao prazo de 30 dias para sanar o vício: admite-se a chamada cláusula de prazo, ou seja, aquela pela qual o prazo é modificado para no mínimo 7 dias ou no máximo 180 dias; depende de cláusula expressa e em separado. O fornecedor não terá direito ao prazo para sanar o vício quando: I) o produto for considerado essencial (exemplos: geladeira, táxi, celular, não dá para esperar 30 dias); II) quando pela extensão do vício a substituição da parte viciada puder comprometer a qualidade, características ou valor econômico do bem. c) se o vício não for ou não puder ser sanado o consumidor poderá escolher entre: I) substituição por outro produto idêntico em perfeito estado ou reexecução do serviço. Exemplo: Se o há um vício no carro e este já saiu de linha e há apenas um carro similar de valor superior disponível, o consumidor pode aceitar e pagar a diferença do carro similar. Página 3 de 4 O consumidor pode aceitar similar, desde que haja eventual complementação ou restituição do preço. II) abatimento proporcional do preço; III) devolução das quantias pagas atualizadas sem prejuízo de eventuais perdas e danos. Artigo 20, parágrafo único, CDC – a reexecução do serviço pode ser confiada à terceiro devidamente capacitado, por conta e risco do fornecedor (nesse caso, se houver custo, será responsabilidade do fornecedor). Artigo 21, CDC – no fornecimento de serviço que tenha por objeto a reparação de qualquer produto está implícita a obrigação de o fornecedor utilizar componentes de reposição originais, adequados e novos, salvo se houver autorização expressa do consumidor (sob pena de crime do artigo 70, CDC). Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição usados, sem autorização do consumidor: Pena Detenção de três meses a um ano e multa. Caso o consumidor encontre resistência do fornecedor para adotar uma das medidas que ele escolher, poderá fazer uso da ação de obrigação de fazer, prevista no artigo 84 do CDC ou artigo 461 do CPC (o autor tem direito a exigir a tutela específica da obrigação; o juiz pode de ofício impor multa diária ou única como elemento de coerção e também pode adotar as chamadas medidas de apoio ou sub-rogação que estão previstas no §5º do artigo 84 e §5º 461 do CPC; admite-se tutela antecipada). 3. Práticas Comerciais 1) Oferta: artigos 30 a 35 do CDC. a) conceito: são todos os métodos, técnicas ou instrumentos que o fornecedor utiliza, por qualquer meio para aproximar os consumidores dos produtos ou serviços, é o marketing. b) efeitos: I) vincula o fornecedor que é obrigado a cumpri-la nos termos em que ela foi veiculada (Princípio da veiculação). Exemplo: mercado anuncia que a cada gol da Alemanha dará 80% de desconto nas cervejas. Quando houver erro ou equívoco na veiculação da oferta, ela só não será vinculativa quando o erro for evidente, notório e o consumidor tiver condições de identifica-lo como tal. Exemplo: no anuncio do mercado ao invés do preço da TV estar 1.000,00, por erro, está 1,00. Se o erro não for evidente haverá vinculação. II) a oferta passa a integrar o contrato que vier a ser celebrado, ainda que este contenha cláusulas incompatíveis com ela, ou seja, a oferta prevalece, prevalece até sobre o contrato. Exemplo: se o contrato de plano de saúde tiver cláusula de carência e na oferta constar carência zero, prevalece a oferta com carência zero. Página 4 de 4 Artigo 32,CDC – oferta de componentes e peças para reposição: o fabricante e o importador são obrigados a disponibiliza-los enquanto durar a fabricação ou a importação, ou depois disso, por período razoável de tempo (é o que equivale à ideia de vida útil do produto).
Compartilhar