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Direito Tributario Aula 01 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Tributário 
 Professor: Caio Bartine 
Aula: 01 | Data: 23/04/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
1. Sistema Tributário Nacional e Funções Normativas 
2. Competência Tributária 
 
 
 Bibliografia: 
- Direito tributário. Coleção elementos do direito. 3ª edição. Editora RT. Caio Bartine. 
 
 Estudar: 
- CF 
- CTN 
- Lei de execução fiscal 
- Súmulas vinculantes 
 
 Twitter: @caiobartine 
 
1. Sistema Tributário Nacional e Funções Normativas 
 
Artigos 145 a 162 da CF. 
 
Função constitucional: a CF não se presta a criar tributos, não é papel da CF criar tributos, a CF apenas estabelece 
um rol de tributos que podem ser criados por pessoas dotadas de competência. 
 
O STF estabelece no rol de tributos a chamada classificação pentapartida, ou seja, entende o Supremo que os 
tributos cuja CF autoriza a criação podem ser de 5 categorias: 
 
1) Impostos - são divididos em: 
 
a) impostos ordinários: 
- impostos federais (artigo 153, CF); 
- impostos estaduais (artigo 155, CF); 
- impostos municipais (artigo 156, CF). 
 
b) impostos extraordinários: 
- residuais (artigo 154, I, CF); 
- extraordinário de guerra (IEG, artigo 154, II, CF). 
 
2) Taxas - são divididas em: 
 
a) taxa de polícia; 
b) taxa de serviço. 
 
 
 
 
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Lembre-se que taxa é diferente de tarifa/preço público. A taxa possui natureza tributária, a tarifa possui natureza 
contratual. Em matéria tributária tarifa e preço público possuem a mesma correlação, mas para o direito 
financeiro não. 
 
ADI 800 – no julgamento desta ação o STF entendeu que o pedágio possui natureza tarifária e não é uma taxa. 
 
3) Contribuição de Melhoria. 
 
4) Empréstimos Compulsórios: inicialmente o STF entendeu que empréstimo compulsório não era tributo 
(súmula 418), empréstimo compulsório era um ingresso temporário de recurso aos cofres públicos, no 
entendimento do STF existia diferença entre receita pública e mera movimentação de caixa, descaracterizando a 
característica de tributo, como o empréstimo compulsório deveria ser restituído, o STF afastou sua natureza 
tributária. Posteriormente o STF aplicou a natureza tributária ao empréstimo compulsório (entendimento atual). 
O empréstimo compulsório pode ser: 
 
a) emergencial: decorre de situações de calamidade pública; guerra externa ou sua iminência; 
b) de investimento: decorre de investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional; 
c) sobre absorção temporária do poder aquisitivo de moeda: esse empréstimo compulsório encontra 
fundamento no artigo 15, III, CTN – segundo STF não foi recepcionado pela CF/88. 
 
5) Contribuições Especiais: não é uma nomenclatura constitucional, foi fornecida essa nomenclatura pelo STF 
como uma forma de gênero de contribuições. São elas: 
 
a) contribuição sobre a intervenção no domínio econômico (CIDE): o STF no julgamento do REXT 396.266 
entendeu que contribuições feitas para o SEBRAE possuem natureza interventiva, ou seja, contribuições para o 
SEBRAE são uma CIDE; 
 
b) contribuições de interesse das categorias profissionais e econômicas: STF – são chamadas também de 
contribuições corporativas. São classificadas em: 
 
- contribuições dos conselhos profissionais: entidades de classe de profissão regulamentada. As anuidades que 
são pagas aos Conselhos de classe possuem natureza tributária (exemplo: CRM), salvo as contribuições pagas à 
OAB; 
 
- contribuições do sistema S: são as contribuições repassadas aos serviços sociais autônomos que são entidades 
que pertencem ao terceiro setor (exemplo: contribuições repassadas ao SENAI, SENAC, SESI, SESC), salvo SEBRAE 
em que as contribuições possuem natureza interventiva. 
 
c) contribuições para a seguridade social (contribuições sociais): 
 
- contribuições sociais gerais: 
I) salário educação 
II) SAT – seguros de acidente do trabalho. 
 
- contribuições sociais específicas: artigos 195 e 239, CF. 
 
 
 
 
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d) contribuição para o custeio de serviço de iluminação pública (COSIP): no julgamento do REXT 573.675 o STF 
determinou que é espécie de contribuição “sui generis”. 
 
Demais contribuições previstas na CF: 
 
1) Contribuição Sindical: o STF entendeu que essa contribuição possui natureza tributária, ou seja, contribuição 
sindical é um tributo. 
 
2) Contribuição Confederativa: artigo 8º, IV, CF – assembleia geral define o quantum, o STF decidiu que não 
possui natureza tributária – súmula 666 do STF. 
 
Súmula 666 
 A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, da 
constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo. 
 
3) Contribuições para o fundo de garantia de tempo de serviço (FGTS) - LC 110/2001: STF e STJ por unanimidade 
decidiram que não possuem natureza tributária. O prazo prescricional é de 5 anos. Súmula 353 do STJ diz que as 
disposições do CTN não se aplicam para as contribuições do FGTS. 
 
Súmula 353 
As disposições do Código Tributário Nacional não se aplicam às 
contribuições para o FGTS. 
 
2. Competência Tributária 
 
A competência para instituição de tributo é determinada pela CF. Quem possui competência para instituir 
impostos são os entes políticos (União, Estado, DF e município). 
 
1) Características (atributos): 
 
a) indelegabilidade: atribuição absoluta, ou seja, não comporta qualquer relativização (não há exceção), não se 
pode delegar competência em qualquer situação. É a impossibilidade de se repassar competência para terceiro; 
 
b) intransferibilidade: impossibilidade de se repassar a competência entre si, um ente não transmite a 
competência para o outro; 
 
c) irrenunciabilidade: a competência tributária não pode ser renunciada, o ente não pode abrir mão da 
competência. 
 
Cuidado com renúncia de receita: renunciar competência é impossível, mas renunciar receita é plenamente 
válido. 
 
Formas de renúncia de receita: 
 
 
 
 
 
 
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- Renúncia de forma impositiva: advém de uma determinação constitucional. O ente renuncia porque a renúncia 
é imposta a ele, pode ocorrer: 
 
I) por meio da repartição de receitas tributárias: artigos 157 a 162, CF. O ente mantém sua autonomia financeira 
por meio da arrecadação tributária (é o chamado federalismo fiscal). A CF diz que deve haver a repartição direta 
entre os entes, ou seja, a União deve repassar as receitas tributárias para o Estado, para o DF e para o município e 
os Estados devem repassar as receitas para o DF e para o município (DF e município não partilham receitas só 
quem repassa é a União e o Estado). 
 
 
 
 
 
União Estado DF Município 
 
Tributos que sofrem repartição: 
 
- determinados impostos; 
- CIDE combustíveis (EC 33/2001). 
 
Impostos que não sofrem repartição: 
 
- federais: II, IE, IGF, IEG (os demais são repartidos); 
- estaduais: ITCMD (os demais são repartidos); 
- municípios: IPTU, ITBI, ISS (renúncia de receita impositiva, nenhum imposto municipal é repartido). 
 
II) imunidades tributárias: são vedações constitucionais que impedem a incidência de tributos. 
 
III) transferência de capacidade tributária ativa do ITR aos municípios: a CF determina no artigo 153, §4º, III que 
se os municípios quiserem, podem arrecadar e fiscalizar o ITR e se arrecadarem permanecem com 100% do 
produto arrecadado. Essa renúncia de receita é questionável porque a União tem despesa com a fiscalização e 
arrecadação do ITR e deve repassar 50% da arrecadação para o município, então na verdade essa renúncia é uma 
forma de compensação de valores. 
 
- Renúncia de forma facultativa: advém da discricionariedade do ente federativo, é divida em: 
 
I) pela faculdade de instituição de tributos: STF entendeque a CF atribui um poder de tributar, criar um tributo é 
um poder e não um dever constitucional, exemplo: IGF que até hoje não foi instituído (por uma faculdade). 
 
Obs: a LC 101/00, em seu artigo 11 dispõe que instituir tributo é um dever pela lei de responsabilidade fiscal. Mas 
somente coloque isso em prova se a pergunta fizer menção a essa LC, caso contrário coloque na prova que a 
criação//instituição de um tributo é uma faculdade e não um dever. 
 
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na 
gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os 
tributos da competência constitucional do ente da Federação. 
 
 
 
 
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II) concessão de benefícios, subsídios e incentivos fiscais: a CF diz que toda concessão deve ser concedida pelo 
ente mediante lei específica (artigo 150, §6º, CF). São exemplos de concessão: isenção, remissão, anistia, 
parcelamento, dentre outros. 
 
Obs: Artigo 14 da LC 101/00 diz que a concessão do incentivo deve vir acompanhada de um estudo de impacto 
orçamentário. Deve ainda se realizar a indicação de uma outra fonte de custeio. 
 
d) incaducabilidade/imprescritibilidade: na CF não há prazo para criação de tributo, não se perde competência 
por decurso de tempo, ou seja, competência não sofre prescrição ou caducabilidade. Exemplo: IGF que até hoje 
não foi criado pela União. 
 
2) Espécies de competência tributária: 
 
a) privativa: deferida para que os entes instituam os impostos ordinários: 
 
- União: artigo 153; 
- Estados: artigo 155; 
- Municípios: artigo 156. 
 
b) comum/concorrente: todos os entes federativos podem instituir os mesmos tributos, ou seja, podem instituir: 
 
- taxas e; 
- contribuição de melhoria. 
 
c) residual: competência que pertence apenas à União. Competência que a União tem para instituir novos 
impostos federais e para criar novas contribuições sociais que não estejam previstas na CF. Para que a União 
exerça essa competência de forma legítima, deve observar alguns requisitos (artigo 154, I, CF), são eles: 
 
- a União só pode criar novas exações se for mediante LC; 
- as exações não podem ser cumulativas; 
- tem que ter o fato gerador e a base de cálculo diferentes dos impostos já previstos na CF. 
 
Atenção! Segundo entendimento do STF as novas contribuições sociais não podem ter fato gerador e base de 
cálculo próprios das contribuições sociais já existentes e não dos impostos. A vedação segundo o STF é para base 
de cálculo e fato gerador de contribuições sociais, ou seja, as contribuições sociais podem adotar o mesmo fato 
gerador e base de cálculo que impostos (exemplo: IR da PJ e contribuição social sobre lucro, o fato gerador de 
ambos é o mesmo). 
 
d) extraordinária: competência que pertence apenas à União para: 
 
- instituição de empréstimos compulsórios (artigo 148, CF); 
- criação do IEG (artigo 154, II, CF). 
 
e) exclusiva: em regra essa competência exclusiva pertence à União para instituir as contribuições especiais. 
 
Exceções - existem contribuições especiais que não são de competência federal: 
 
 
 
 
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1ª: artigo 149, a, CF – os municípios e DF podem instituir contribuição para custeio do serviço de iluminação 
pública (COSIP); 
 
2ª: artigo 149, §1º, CF – os Estados, DF e municípios poderão instituir contribuição para o custeio do regime 
previdenciário de seus servidores.

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