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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Tributário Professor: Caio Bartine Aula: 07 | Data: 18/06/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO NORMAS GERAIS EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA 1. Obrigação tributária 2. Sujeitos da obrigação tributária 3. Responsabilidade Tributária NORMAS GERAIS EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA Artigo 146, III, CF – complementada mediante Lei Complementar: Código Tributário Nacional (lei 5172/66), quando criado foi criado como Lei Ordinária, é considerado lei ordinária no seu sentido formal, o código foi recepcionado pela CF em 67 como uma Lei Complementar em seu sentido material. As normas gerais de direito tributário estão elencadas no Livro II do CTN (art. 96 a 218). Os seguintes itens são maior relevância: 1. Obrigação tributária Art. 113, e seguintes do CTN. É uma relação jurídica estabelecida entre o Estado e o particular. É dividida em: a) Principal: art. 113, §1º, CTN, decorre de pagamento (levar dinheiro aos cofres público). Ministra Regina Helena: existe um dever fundamental de pagamento de tributos, uma vez que o tributo ingressa no cofre público para atendimento do interesse coletivo. Esse dever surge com a ocorrência do fato gerador e a obrigação tributária principal é “ex lege”, ou seja, decorre de lei em sentido estrito (regra geral: lei ordinária). O dever de pagamento, inicialmente, é o pagamento de tributo; caso o contribuinte seja autuado o contribuinte deve pagar também multa como obrigação principal (e não acessória), a instituição de multa depende de previsão legal. b) Acessória: (art. 113, §2º, CTN). Surge pelo cumprimento de deveres instrumentas administrativos atinentes à arrecadação e fiscalização de tributos. É cumprimento de dever administrativo, é uma burocracia documental (Ex.: Emissão de notas fiscais; Escrituração de livros; Prestação de informações). É uma obrigação que decorre da legislação tributária, art. 96 do CTN – a expressão legislação tributária comporta: . Leis ordinárias; . Leis complementares; . Tratados e convenções internacionais (STF: lei ordinária); . Decretos (executivo e legislativo); . Normas complementares: artigo 100, CTN – Atos administrativos normativos, Decisões de órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa em que a Lei determine a eficácia normativa, Praticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas, Convênios. Toda dispensa do cumprimento de obrigações acessórias depende de uma interpretação normativa de efeitos restritivos, artigo 111, III, CTN (interpretação literal possui efeito restritivo). Página 2 de 5 Autonomia da obrigação principal e acessória é autônoma, independente, uma não se confunde com a outra. Exemplo: existe uma empresa que é isenta de ICMS, está dispensada da obrigação principal, mas deve, por exemplo, continuar emitindo notas, ou seja, a dispensa de uma não afeta a outra, sob pena de autuação e essa autuação será sempre uma obrigação principal, não importa se a autuação ocorreu pelo descumprimento de uma obrigação principal ou de uma obrigação acessória, artigo 113, §3º, CTN. Aplicabilidade do princípio da anterioridade: aplica-se às obrigações principais, mas não se aplica às obrigações acessórias - Súmula 669 do STF. STF, Súmula 669: Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. 2. Sujeitos da obrigação tributária a) Sujeito ativo: tem o dever legal de exigir a obrigação tributária. Art. 119, CTN: o sujeito ativo é quem exerce competência tributária, ou seja, são os entes federativos, mas para o STF sujeito ativo é aquele que exerce a capacidade tributária ativa, assim além dos entes, também temos as autarquias e fundações públicas; b) Sujeito passivo: é quem tem o dever legal de cumprir com a obrigação tributária. Pode ser: - Contribuinte: É aquele que realiza o fato gerador, fazendo nascer a obrigação tributária. Possui uma relação direta com o fato gerador, pratica a conduta imposta na incidência; - Responsável: Sempre será uma terceira pessoa (física ou jurídica) indicada por lei para assumir um encargo tributário. Essa terceira pessoa não realiza o fato gerador, mas possui um nexo de causalidade com a ocorrência do fato. Nenhuma responsabilidade em matéria tributária se resume, toda responsabilidade surge de lei. A lei não pode indicar qualquer terceiro, a lei só pode indicar um terceiro que tem algum liame, algum nexo causal com o fato gerador. Na responsabilidade existe uma relação indireta com o próprio fato gerador. Não devemos confundir o sujeito da obrigação tributária com o sujeito da relação jurídico processual tributária: na relação jurídica processual fala-se em capacidade processual, tanto o Estado pode configurar como autor ou como réu, assim como o particular. O Estado como sujeito ativo na relação jurídico processual: quando promove a execução fiscal (Lei 6.830/80) ou quando promove uma medida cautelar fiscal (Lei 8.397/92). Fora desses dois casos o Estado vai figurar como sujeito passivo no pólo processual e o contribuinte vai estar no polo ativo. Página 3 de 5 3. Responsabilidade Tributária Artigos 128 a 137 do CTN. A responsabilidade tributária pode ser: a) por substituição: - progressiva (artigo 150, §7º, CF); - regressiva (artigo 128, CTN). b) por transferência: - por sucessão (artigos 129 a 133, CTN); - de terceiros (artigo 134, CTN); - por excesso de poderes (artigo 135, CTN). c) por infrações: - direito tributário penal; - direito penal tributário. 1) Responsabilidade por Sucessão: Artigos 129 a 133 do CTN. Não tem nada a ver com sucessão por morte, ela indica quem é o terceiro apto a suceder débitos fiscais do contribuinte, não significa que ocorre somente em caso de morte. Débitos tributários passíveis de sucessão: Artigo 129, CTN – são passiveis de sucessão: a) créditos definitivamente constituídos; b) créditos em curso de constituição; c) créditos que serão constituídos posteriormente. Ocorreu o fato gerador será passível de sucessão. Multa é passível de sucessão? STJ – o artigo 129 do CTN traz a expressão “crédito tributário” que é aquele que se origina de uma obrigação tributária principal que consiste no pagamento de tributo e multa, logo, multas são passíveis de sucessão. Espécies de responsabilidade por sucessão: a) sucessão imobiliária: artigo 130 do CTN, decorre de uma relação de compra e venda de imóvel onde há a presença do alienante e do adquirente. Segundo entendimento da legislação débitos relativos ao bem imóvel, mesmo antes da compra e venda se sub-rogam na pessoa do respectivo adquirente. O adquirente sub-roga nos débitos relativos ao imóvel (exemplo: antes era um comércio e depois da aquisição surgiram débitos do imóvel de quando era empresa, o adquirente se subrroga nos débitos inerentes ao imóvel e não nos débitos relativos à empresa), débitos tributários são “propter rem”, segue a coisa. Se Havia dívidas no Página 4 de 5 imóvel (IPTU, taxas, contribuição de melhoria), o adquirente somente será responsável pelo IPTU e contribuição de melhoria. Elisão de responsabilidade do adquirente: Há um modo do adquirente se ver livre do debito: se constar no título da propriedade a prova de quitação dos tributos. O título da propriedade é a escritura pública ou outro documento equivalente. Certidão negativa de débitos (CND) não serve como prova de quitação de tributos. STJ – a CND não serve como prova de quitação dos tributos, mas serve como prova da boa-fé objetiva do adquirente, elidindo sua responsabilidadedireta. Hasta pública: Imóvel adquirido por meio de leilão. Artigo 130, parágrafo único do CTN. Os débitos tributários estão sub-rogados no preço pago na arrematação – STJ. A certidão de arrematação e adjudicação terão os mesmos efeitos que uma CDA. Sucessão no Trespasse: Artigo 133 do CTN. É um contrato particular de alienação de estabelecimento empresarial (passa-se o ponto). O adquirente continua a mesma atividade econômica que pertencia ao alienante, pode ser que o nome empresarial seja extinto. Quem fica com o débito tributário do estabelecimento? Se responsabiliza pelos débitos tributários o adquirente que pode responder de forma integral ou de forma subsidiária. No trespasse, em dívidas tributárias, inexiste responsabilidade solidária. Responsabilidade integral: o adquirente responde integralmente pelos débitos tributários quando o alienante vender seu único estabelecimento empresarial e não constituir outra atividade econômica, independentemente do ramo, dentro do prazo de 6 meses contados da alienação. Atenção: sociedade de advogados não é uma atividade empresária, assim, se vendo uma padaria a você e abro uma sociedade de advogados você continua sendo responsável de forma integral pelos débitos. Trespasse em sede de falência ou recuperação judicial: Juiz administra a falência. Decreto 7661/45 – tratava sobre falência e concordata e trespasse nessas condições era considerada fraude. Lei 11.101/05, artigo 50 – traz o trespasse, passa a ser permitido em caso falência ou recuperação, se for importante para os credores e houver parecer favorável do MP. Os débitos tributários da empresa permanecem com o devedor em recuperação, não repassa para o adquirente. Mas, excepcionalmente, o adquirente pode responder em três casos (artigo 133, §§ 1º, 2º e 3º, CTN): 1) quando o adquirente for sócio do falido, do devedor em recuperação judicial ou de qualquer uma de suas controladas; 2) quando o adquirente for parente do alienante até o 4º grau; 3) quando o adquirente for constituído como agente do falido, com o intuito de fraude (famoso laranja). Página 5 de 5 2) Responsabilidade de Terceiros: Artigo 134 do CTN – trata-se de responsabilidade solidária. Mas o STF e o STJ dizem que haverá uma responsabilidade subsidiária pelos débitos tributários e não responde com seu patrimônio, mas sim com o patrimônio do próprio contribuinte. Rol de terceiros responsáveis: a) pais: são responsáveis pelos tributos devidos pelos filhos menores; b) tutores e curadores: responsáveis pelos débitos dos tutelados e curatelados, mas responde com o patrimônio do tutelado ou curatelado e não com seu próprio bem; c) administradores de bens de terceiros: respondem pelos bens que administram; d) inventariante: responsável pelos tributos devidos pelo espólio; e) síndico e comissário: decreto 7661/45 (regulamentava falência e concordata). Com a lei 11.101/95 e seu artigo 21 surgiu a figura do administrador judicial, extinguindo assim as figuras do síndico e do comissário: pode ser tanto uma pessoa física como uma pessoa jurídica, é o responsável pelos débitos da massa falida, não é responsável na recuperação judicial, afinal ele não administra a empresa; f) tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício: respondem em razão da ação ou omissão no exercício da função pública (artigo 236, CF). Cartório é desprovido de personalidade jurídica, o poder público delega a função pública em caráter privado para que as pessoas exerçam suas funções.
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