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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: ECA Professor: Paulo Henrique Fuller Aula: 05 | Data: 19/02/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL 3ª Fase – Judicial DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR 1. Espécies de família 2. Adoção PROCEDIMENTO DE APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL 3ª Fase – Judicial O MP oferece representação na fase ministerial. Na fase judicial se desenvolve a ação socioeducativa, o juiz pode receber ou rejeitar a representação: a) Rejeição da representação b) Recebimento da representação Se o juiz receber a representação mandará citar o adolescente e os seus pais ou responsáveis, a citação será sempre por mandado e pessoal. – Audiência apresentação (art. 186, ECA) A finalidade da citação é o comparecimento na audiência de apresentação, para que o juiz possa interrogar o adolescente (art. 186, “caput” e §1º). No ECA o interrogatório é o primeiro ato da instrução, aplicando-se as regras do interrogatório do CPP de forma subsidiária (art. 185 a 196 do CPP). Se comparecer o juiz também serão ouvidos os pais ou responsáveis, que foram citados. Obs.: Em caso de confissão do adolescente na audiência de apresentação, as partes não podem desistir da produção de outras provas, pois tal desistência viola as garantias do contraditório e da ampla defesa, nas quais se insere o direito a prova (Súmula 342 do STJ). STJ, 342: No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente. O juiz, após interrogar o adolescente e ouvir os pais, verifica a possibilidade de remissão judicial, se conceder, o processo se encerra. Para conceder a remissão, o juiz deve ouvir o MP, sob pena de nulidade (art. 186, §1º). Se o juiz entender que não é caso de remissão, o processo continua. O juiz encerra a audiência e intima a defesa para apresentação de defesa prévia (a defesa já sai intimada da audiência de apresentação) por escrito no prazo de 3 dias (art. 186, §3º do ECA). Página 2 de 3 É na defesa prévia que se arrolam as testemunhas de defesa (o MP já arrolou suas testemunhas na representação). O ECA não estabelece numero máximo de testemunhas que as partes podem arrolar, cabendo por isso a aplicação subsidiária das regras do processo penal dos adultos, conforme autorizado pelo art. 152 do ECA. – Audiência em continuação O juiz marca então uma segunda audiência chamada audiência em continuação (art. 186, §4º, ECA). Aqui inquire- se as testemunhas que as partes arrolaram, primeiro as de acusação, depois as de defesa. Ouvidas as testemunhas as partes apresentarem debates orais, primeiro o MP com o prazo de 20 minutos prorrogados por mais 10 minutos e depois a defesa com o mesmo prazo. O juiz na própria audiência profere sentença e pode aplicar medida socioeducativa (sentença sancionatória porque impõe sanção) ou não aplicar medida socioeducativa e haverá absolvição (sentença absolutória). – Intimação da defesa quando a sentença for sancionatória (art. 190, ECA) a) Sentença que aplica medida socioeducativa em meio aberto Só é necessário intimar o defensor (art. 190, §1º, ECA). b) Sentença que aplica medida socioeducativa em meio fechado Se aplicar internação ou semiliberdade deve ser aplicada a regra da dupla intimação, ou seja, sempre tem que intimar o defensor, e também intimar o adolescente infrator (art. 190, inciso I, ECA). Se o adolescente não for localizado a intimação ocorrerá na pessoa dos pais ou responsáveis (art. 190, inciso II, ECA). Sempre que for intimado o adolescente, o oficial de justiça deve indagar se ele deseja recorrer (art. 190, §2º, ECA). Obs.: A citação também é dupla, mas é feita na pessoa do adolescente e dos pais. A intimação da sentença sancionatória é dupla na pessoa do defensor e do menor. – Recurso Da sentença sancionatória ou da sentença absolutória cabe recurso de Apelação. De acordo com o ECA para qualquer recurso se aplicam as regras do processo civil (art. 198, “caput”, ECA), com algumas modificações. Essa apelação será feita, concomitantemente, interposição e razões, no prazo de 10 dias (art. 198, inciso II, ECA). Obs.: No ECA todos os recursos são apresentados em 10 dias, salvo os embargos de declaração que continuam com o prazo de 5 dias. Essa apelação não tem preparo (não tem custas), dessa forma não há deserção (art. 198, I, ECA). Sempre tem juízo de retratação no prazo de 5 dias (art. 198, VII, ECA), o juízo de retratação é possível, o próprio juiz a quo pode se retratar de sua decisão (é obrigatório o juiz se manifestar sobre o juízo de retratação, antes de remeter o processo ao tribunal) – Sempre tem o efeito regressivo, pois conta com o juízo de retratação. A apelação do ECA tem prioridade e tramitação nos tribunais e dispensa a figura do Revisor. O relator profere o voto e encaminha o processo a julgamento. Página 3 de 3 DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR 1. Espécies de família A criança e o adolescente têm o direito de estar inserida em uma família. São famílias para o ECA: a) Família Natural (art. 25, “caput”, ECA) É a comunidade formada entre pais e filhos. A preferência do ECA é manter a criança ou adolescente com a família natural. b) Família Extensa ou Ampliada (art. 25, parágrafo único, ECA) É composta de parentes próximos com quem a criança ou o adolescente tenha afinidade e afetividade (Ex.: avó, tio, bisavô etc.). A criança fica sob a guarda ou tutela desse parente. Não deixa de ser uma espécie de família substituta. c) Família Substituta (art. 28, ECA) Substitui a falta eventual dos pais e outros parentes. Há três formas de colocação em família substituta: . Guarda Essa guarda é diferente da guarda do direito de família (Ex.: Pais que se separam, e a mãe fica com a guarda). Essa guarda é de guardião, substituindo os pais. . Tutela A curatela é instituto assistencial de que trata o Código Civil: Ela não foi arrolada como forma de colocação em família substituta no ECA. . Adoção Atenção A guarda e a tutela também se aplicam a família extensa ou ampliada. 2. Adoção Somente a adoção admite a modalidade internacional (art. 31, ECA), sendo uma medida excepcional. Considera- se internacional aquela adoção em que os pretendentes moram ou residem fora do Brasil, independentemente da sua nacionalidade (art. 51, ECA). O que importa é onde ele mora, não importa se é brasileiro ou estrangeiro. Ex.: Um alemão que mora em São Paulo faz adoção nacional, já o brasileiro que mora em Munique faz adoção internacional. A doação é definitiva, e tem Caráter Bifronte, pois de um lado cria parentesco civil de filiação entre adotante e adotando, possui natureza constitutiva positiva, gera todos os efeitos jurídicos entre pais e filhos e, por outro lado, gera o desligamento de todos os vínculos que a criança tinha com os pais ou parentes de origem, ressalvados os impedimentos matrimoniais (o desligamento não permite por exemplo que a criança se case com o pai anterior, art. 41, “caput”, ECA). Próxima aula Características e requisitos
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