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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Penal Geral Professor: André Estefam Aula: 10 | Data: 12/03/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. Prescrição da Pretensão Punitiva em abstrato 2. Prescrição da Pretensão Punitiva em concreto 3. Prescrição da Pretensão Executória 1. Prescrição da Pretensão Punitiva em abstrato Contagem: É contada em períodos: termos iniciais e causas interruptivas. Termos iniciais: Os termos iniciais estão no artigo 111 e as causas interruptivas estão no artigo 117, ambos do CP e em ambos os casos o rol é taxativo. Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr: I - do dia em que o crime se consumou; II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal. A prescrição começa a correr com o fim do iter criminis (incisos I a III). Exceções: incisos IV e V: 1) Inciso IV – na bigamia a prescrição só começa a correr na data em que o fato se tornou conhecido, no momento em que ocorre a comunicação formal do fato, o fato deve ser oficialmente conhecido; 2) só vale para fatos ocorridos após 18 de maio de 2012 – em crimes sexuais praticados contra criança e adolescente a prescrição só começa a correr quando a vítima completar 18 anos, salvo se houver ação penal ajuizada antes da vítima completar 18 anos. Causas interruptivas: 1) recebimento da denúncia ou queixa; Página 2 de 9 2) condenação recorrível, primeira condenação dos proferida nos autos. Exceção: quando o acórdão altera substancialmente a primeira condenação, alterando o tipo penal, este acórdão, mesmo não sendo a primeira condenação, interrompe a prescrição. Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II - pela pronúncia; III - pela decisão confirmatória da pronúncia; IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela reincidência. Artigo 116 – rol exemplificativo das causas de suspensão da prescrição também está contidas no artigo 366 do CPP e no artigo 89 d lei 9099/95. Extensão dos efeitos interruptivos: artigo 117, §1º, CP prevê extensão subjetiva e extensão objetiva. § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime (extensão subjetiva). Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles (extensão objetiva). 2. Prescrição da Pretensão Punitiva em concreto O parâmetro para o cálculo é a pena efetivamente imposta. Só ocorre se presentes dois requisitos, sem eles não é possível: 1) sentença condenatória (para que haja o parâmetro) + 2) impossibilidade de aumento da pena aplicada. O que impede o aumento da pena aplicada é o Princípio da proibição da Reformatio In Pejus. Exemplo: Transitou em julgado para a acusação, em uma apelação julgada no tribunal não pode haver o aumento da pena. É chamada de retroativa quando ocorre nos períodos anteriores à condenação. É denominada superveniente ou intercorrente quando ocorre depois da condenação. Exemplo: furto simples consumado (pena máxima 4 anos, prescrição se dá em 8 anos): O furto de se consumou em 12 de março de 2009 (período 1) / recebimento da denúncia em 11.03.2014 (prescreveria em 11.03.2017) (período 2) / condenação em 10.03.2015 à pena mínima de 1 ano (prescreveria em 10.03.2022) (ainda não transitou em julgado, por isso não dá para usar a prescrição em concreto) (período 3) / transitou em julgado para a acusação (pena de 1 ano prescreve em 4 anos). No período 1 houve a prescrição da pretensão punitiva em concreto de forma retroativa. Página 3 de 9 Ocorre que a prescrição da pretensão punitiva em concreto de forma retroativa não é mais possível atualmente no período 1 em virtude da lei 12.234 de 05 de maio de 2010 (até esse dia há prescrição retroativa), foi publicada em 06 de maio de 2010 (a partir desse dia não há prescrição retroativa). Em casos novos, no período 1 só se aplica prescrição da pretensão punitiva em abstrato. O STF decidiu que a alteração legislativa é válida, é constitucional e promoveu a extinção da prescrição retroativa no período 1, mas é possível no período 2. Prescrição é matéria de ordem pública, o próprio juiz pode reconhecer de ofício. 3. Prescrição da Pretensão Executória Ocorre após o trânsito em julgado para ambas as partes. 1) Contagem do prazo: 1) se a pena aplicada for a pena de prisão – leva-se em conta: - parâmetro (pena aplicada); - tabela (artigo 109, CP); - reincidência (se o condenado for reincidente o prazo prescricional será aumentado em 1/3); - idade (artigo 115, CP). 2) se for aplicada pena restritiva de direitos: - parâmetro (pena privativa de liberdade substituída); - tabela; - idade. A reincidência não importa. 3) se for aplicada multa: após o trânsito em julgado a multa se torna dívida de valor, a legislação que cuida dela é a legislação fiscal (CTN), prescreve em 5 anos. 2) Termos iniciais: artigo 112, CP. a) transito em julgado para a acusação; b) revogação do sursis; c) revogação do livramento condicional; d) interrupção do cumprimento da pena, salvo artigo 41 do CP. Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. Para que se obtenha o livramento condicional é necessário que o acusado tenha cumprido parte da pena. Reza o artigo 113, CP que nos casos da revogação do livramento condicional e da interrupção do cumprimento da pena o parâmetro será o restante da pena. Página 4 de 9 Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de revogar-se o livramento condicional, a prescrição é regulada pelo tempo que resta da pena. 3) causas interruptivas: a) início do cumprimento da pena (enquanto estiver cumprindo não corre a prescrição executória); b) continuação do cumprimento da pena; c) reincidência futura ou subsequente: não se trata da reincidência que aumenta 1/3. É o caso do acusado foragido que comete outro crime. Não pode ser aplicada de imediato por força do Princípio da Presunção da Inocência, logo, ela essa prescrição fica condicionada ao trânsito em julgado da condenação do novo crime.
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