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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional Disciplina: Processo Civil Professor: Eduardo Francisco Aula: 09 | Data: 01/06/2015 MATERIAL DE APOIO ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO COMPETÊNCIA 1. Conceito 2. Competência Internacional 3. Critérios de Fixação da Competência 4. Competência Absoluta X Competência Relativa 5. Regras de Competência no CPC COMPETÊNCIA (art. 86/124, CPC) 1. Conceito É o limite ou medida da jurisdição fixado com base em critérios técnicos de especialização, divisão territorial e distribuição de trabalho. As regras de competência não retiram, nem diminuem o poder do órgão jurisdicional, apenas direciona e organiza. É por isso que em situações urgentíssimas, qualquer juiz pode decidir sobre situação liminar. E depois remete ao juízo competente que pode ratificar ou revogar a decisão. 2. Competência Internacional (art. 88/90, CPC) São as regras que dizem quando a justiça brasileira é competente. A) Competência Internacional Exclusiva (art. 89, CPC): Só o Brasil é competente. I – Quando a ação versar sobre imóvel situado no Brasil (seja ação pessoa ou real). II – Inventário e partilha de bens no Brasil Obs1: Nesses casos eventual sentença estrangeira é juridicamente inexistente no Brasil, e nunca será homologada. Obs2: É uma regra de competência, o processe tem que ser no Brasil, mas nada impede que no inventário feito no Brasil aplique o direito civil estrangeiro do país de origem do falecido, se mais benéfico ao cônjuge ou filho brasileiro. B) Competência Internacional Concorrente (art. 88, CPC): O Brasil é competente e outros países também. I – Quando o réu for domiciliado no Brasil (não importa a nacionalidade do réu). II – Quando versar sobre obrigação a ser cumprida no Brasil. III – Quando a ação se basear em fato ocorrido, ou ato praticado, no Brasil Página 2 de 6 Obs1: Só nessas hipóteses, eventual sentença estrangeira só terá valor no Brasil depois de homologada pelo STJ. Obs2: Não existe litispendência internacional: A existência de ação idêntica ou conexa no estrangeiro não impede o ajuizamento, nem o andamento de ação no Brasil. Fora das hipóteses do art. 88 e art. 89 o Brasil não tem jurisdição, ou seja, a justiça brasileira não pode atuar. Eventual processo deve ser extinto por falta de pressuposto de existência. 3. Critérios de Fixação da Competência A) Matéria . Justiça Especial - Trabalhista - Eleitoral - Militar . Vara Especializada - Cível - Criminal - Família B) À Pessoa / Qualidade da Parte Justiça Federal - Quando forem parte União, suas autarquias e empresas públicas. Vara da Fazenda - Quando forem parte os Estados e Municípios, e suas autarquias e fundações. C) Hierarquia Leva em consideração os graus de jurisdição. Ex.: Toda ação rescisória é no Tribunal; Os remédios constitucionais consideram quem é a autoridade coatora para determinar qual o Tribunal. D) Funcional Leva em conta a função do juízo em outra ação ou fase (art. 108 e 109, CPC). Ação acessória é no juízo da principal; A reconvenção também é no juízo da ação principal. Obs.: A competência funcional se divide em três espécies: 1º - Competência funcional por graus de jurisdição – Competência Hierárquica 2º - Competência funcional por fases ou ações anteriores – Competência Funcional Propriamente Dita 3º - Competência funcional por objeto do julgamento – Julgamento Subjetivamente Complexos Quando cada órgão decide sobre um objeto. - Incidente de uniformização da jurisprudência (art. 476 e seg. do CPC) - Incidente de declaração de inconstitucionalidade pelo Tribunal (art. 480 e seg. do CPC) Página 3 de 6 Nesses casos o incidente é decidido por um órgão maior (ex.: o plenário ou órgão especial) e o recurso em si é julgado por um órgão menor (ex.: turma ou câmara). E) Distribuição Fixa a competência de juízo, quando houver mais de um juízo com a mesma competência. Em regra a distribuição é livre, feita por sorteio e de forma proporcional entre os juízes. Excepcionalmente a distribuição será por dependência, quando houver vínculo com a ação anterior (art. 253, CPC). F) Territorial Leva em conta o melhor foro para tramitar a ação (art. 94, CPC). G) Quanto ao Valor da Causa 4. Competência Absoluta X Competência Relativa – Competência Absoluta Os cinco primeiros critérios fixam competência absoluta, que não pode ser alterada pela vontade das partes. Exceções: A competência absoluta poderá ser alterada pela vontade das partes quando: a. O credor pode requerer o cumprimento de sentença em outro foro (art. 475-B, parágrafo único, CPC) Esse outro foro pode ser o do domicílio do devedor ou dos bens penhoráveis. Essa exceção só se aplica para ações iniciadas no primeiro grau. b. Execução de alimentos no foro do domicílio do alimentando, se mudou de comarca (art. 100, II, CPC) Incompetência absoluta: - Pode ser reconhecida de ofício. - Deve ser alegada em preliminar na contestação, mas pode ser alegada pelo réu a qualquer tempo arcando com as custas de retardamento. - Gera nulidade dos atos decisórios. - Após o trânsito em julgado, autoriza ação rescisória. – Competência Relativa Os dois últimos critérios (território e valor da causa) em regra fixam competência relativa que pode ser alterada pelas partes. Exceções: a. Competência territorial e absoluta do foro do imóvel para ações reais imobiliárias (art. 95, 2ª parte do CPC) b. Foro do local do dano como competência funcional e absoluta (art. 2º da Lei de Ação Civil Pública) Página 4 de 6 c. Juizado Especial Federal é pelo valor e é absoluta d. Os foros regionais da capital em São Paulo, para causas de até 500 salários mínimos – É competência absoluta por que, além do valor, também leva em conta a matéria e o território. Incompetência Relativa: - Não pode ser conhecida de ofício. Exceção: O juiz pode de ofício anular o foro de eleição em contrato de adesão, e remeter o processo para o domicílio do réu (art. 112, parágrafo único do CPC). - O réu deve alegar no prazo de resposta por exceção de incompetência, sob pena de preclusão e prorrogação da competência (art. 114, CPC). 5. Regras de Competência no CPC 1) Regra Geral (art. 94, CPC): Prevê o foro do réu para ações pessoais e reais sobre bens móveis. Essa regra geral tem os complementos dos artigos 96 a 98 do CPC. 2) Regras Especiais a. art. 95, CPC 1º – Foro do imóvel, ou de eleição, ou do domicílio, para ações reais imobiliárias – Essa competência é relativa e concorrente, ou seja, o autor pode escolher. 2º – Se a ação versar sobre sete direitos, será no foro do imóvel: - Posse - Propriedade - Vizinhança - Servidão - Divisão - Demarcação - Nunciação de obra nova Essa competência é absoluta, que alguns chamam de Funcional. b. art. 100, CPC As regras do artigo 100 são todas regres especiais de competência relativa. Quando a regra favorece o autor ele pode optar pela regra geral, ou seja, subsidiariamente sempre cabe o domicílio do réu. Inciso I – Foro da residência da mulher, quando for ação de separação, divórcio e anulação de casamento. Inciso II – Foro do domicílio ou residência do alimentando, para ações que “pedem alimentos”. Inclui ação de alimentos, cautelar, execução, investigação de paternidade com alimentos e revisional de alimentos. Página 5 de 6 Inciso V – É competente o foro do local do fato para ação de reparação de dano. Se for dano decorrente de delito ou acidente de veículo será o domicílio do autor ou o local dofato. Nada impede que seja o domicílio do réu. 3) Perpetuação da Competência (art. 87 do CPC) - A competência é determinada no momento do ajuizamento da ação – leva-se em conta os fatos e a regra vigente no dia do ajuizamento. - Proposta a ação no juízo competente, a competência dura até o fim do processo. Sendo irrelevantes as alterações de fato ou de direito posteriores. Salvo se: a. Extinto o órgão jurisdicional. Ex.: Os tribunais de alçada que foram extintos com a EC n.º 45. b. Alterada a competência pela matéria ou hierarquia (ou outro critério de competência absoluta). Ex.: Quando a matéria passa da vara civil para vara da família – quando na década de 90 a união estável passou a ser julgada na vara da família; A emenda n.º 45 passou do cível estadual para a trabalhista as ações de indenização por acidente do trabalho contra o empregador. Pelo CPC alterada a competência absoluta o processo se desloca imediatamente para o novo juízo competente, mas no caso da emenda n.º 45 o STF e o STJ adotara o critério da sentença: só foram remetidos os processos que ainda não tinham sentença. Há vários atos internos dos Tribunais prevendo que a instalação de vara nova só permite processos novos, fazendo prevalecer o princípio da perpetuação da competência, ao invés da exceção. 4) Além das exceções expressas nos art. 87, há outras: a. art. 475-B, parágrafo único, CPC b. Reunião dos processos por conexão ou continência c. Ingresso ou a retirada da Fazenda Pública no processo, com base no CPC Obs.: Para quem defende que a execução de alimentos é cumprimento de sentença o artigo 100, II, também permite mais uma exceção, quando o alimentando muda de comarca. 5) Modificação da competência relativa (art. 102 e seg. do CPC – território e valor da causa) a. Foro de Eleição: É a cláusula de contrato escrito, escolhendo a comarca para tramitar eventual processo. Vincula os contratantes, seus sucessores e herdeiros. Não se admite a escolha do foro regional, mas apenas da comarca. b. Prorrogação da Competência (art. 114, CPC): É o fenômeno que torna competente o juízo que inicialmente era relativamente incompetente, quando o juiz não anula o foro de eleição e o réu não oferece exceção. Página 6 de 6 Obs.: O art. 114 revela que haverá preclusão para o juiz, se ele não anular o foro de eleição antes da resposta do réu. c. Reunião no juízo prevento no caso de conexão ou continência . Conexão: São ações que tem a mesma causa de pedir ou o mesmo pedido (art. 103, CPC) . Continência: É uma ligação mais forte que a conexão, são ações que tem as mesmas partes, mesma causa de pedir e o pedido de uma é mais amplo e contém o pedido da outra. 1º. A reunião é uma faculdade do juiz, o juiz pode ou não reunir. 2º. Só deve ocorrer quando atender ao binômio economia e harmonia. Econômica processual pelo processamento e instrução conjuntas. Harmonia dos julgados pela decisão conjunta. 3º. A reunião é feita no juízo prevento: - No mesmo foro é prevento o juiz que primeiro despachou a inicial (art. 106, CPC). - Juízos de foros diferentes, será prevento o que primeiro realizou a citação válida (art. 219, CPC). Próxima Aula . Competência da Justiça Federal . Conflito de Competência
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