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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Processual Civil Professor: Eduardo Francisco Aula: 13 | Data: 16/06/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO 1. Julgamento no estado do processo 2. Ônus da Prova 3. Audiência de Instrução 4. Sentença 1. Julgamento no estado do processo Se não for o caso de julgamento no estado do processo, passa-se para a fase de conciliação e saneamento (fase ordinatória ou saneadora). Em regra é oral durante a audiência, artigo 331 do CPC, é obrigatória, salvo: 1) quando o direito discutido não admite transação; 2) quando improvável o acordo entre as partes. Se não houver audiência, o saneador será uma decisão interlocutória escrita. A audiência do artigo 331 é um ato complexo: 1- há tentativa de conciliação (se der certo extingue o processo); 2- saneador: o juiz verifica a regularidade formal do processo: - o juiz pode declarar o feito saneado; - pode corrigir vício sanável; - pode extinguir o feito se houver vício insanável; 3- o juiz fixa os pontos controvertidos: o juiz delimita o objeto da prova; 4- o juiz defere as provas pertinentes: é nesse momento que o juiz deve: - deliberar sobre o ônus da prova; - determina, de ofício, as provas necessárias. Nesse momento o juiz nomeia perito, apresenta quesitos, fixa prazo para o laudo, designa audiência de instrução e fixa prazo para o rol de testemunhas. No novo CPC o saneamento e a organização do processo vêm tratado no artigo 357. A audiência deixou de ser obrigatória, essa fase, em regra, é escrita. O §3º prevê a possibilidade de audiência para saneamento em cooperação nas causas complexas. O conteúdo da decisão é o mesmo, mas já é fixado o prazo comum de até 15 dias para apresentação do rol de testemunhas. Prestigia-se no saneador o negócio jurídico processual, inclusive com a possibilidade da delimitação consensual dos pontos controvertidos. Prova: ler lei. Página 2 de 4 2. Ônus da Prova No aspecto objetivo, ônus da prova é uma regra de julgamento. Se no final não há provas suficientes, perde a parte que tinha que provar. No aspecto subjetivo, o ônus da prova segue a regra do artigo 333 do CPC sobre qual parte tem que provar. O autor prova os fatos constitutivos de seu direito, o réu prova os fatos impeditivos, modificativos e extintivos. Essa regra no CPC é fixa, estática que só excepcionalmente pode ser alterada. Inversão do ônus da prova: a) Inversão consensual: por meio de acordo entre as partes antes ou durante o processo. É proibida quando: - versar sobre direito indisponível; - dificultar muito a defesa do direito (prova diabólica/infernal). b) Inversão legal: quando a lei fixa regra diferente. Exemplo: artigos 12 a 14 do CDC que impõe o ônus ao fornecedor. c) Inversão judicial: feita por decisão do juiz quando autorizado pela lei. Exemplo; artigo 6º, VIII, CDC. A maioria, o STJ e o novo CPC sugere que a inversão ocorrerá no saneador. Obs: o CPC e a jurisprudência concluem que a inversão do ônus da prova não gera inversão no custeio (no adiantamento das despesas). Esse assunto no novo CPC está no artigo 373 que não é totalmente inovador, mas o §1º adota a teoria da distribuição dinâmica do ônus da prova, em caráter subsidiário porque além da inversão autorizada pela lei, permite ao juiz inverter diante das peculiaridades da causa, facilidade e dificuldade da prova. Tanto no CPC atual quando no novo é fixada a ordem da prova em audiência (atual artigo 452): - esclarecimentos periciais; - depoimentos pessoais; - prova testemunhal. O novo CPC, quanto às provas em espécie, só acrescenta uma: ata notarial, artigo 384, que nada mais é do que a documentação por escritura pública de um fato ou de dados representados por imagem ou som. Provas no novo CPC: artigos 369 a 484. Atual: artigos 332 a 443. 3. Audiência de Instrução Artigos 444 a 457, CPC, não foi alterada pelo novo CPC. Artigos 358 a 368 no novo CPC. Página 3 de 4 Tem que ter intervalo de 1 hora entre uma audiência e outra. Se os debates orais forem convertidos em memoriais, o prazo será de 15 dias sucessivos (não é prazo comum). Sentença deve ser no ato ou no prazo de 30 dias. 4. Sentença CPC atual: artigos 162, §1º; 267 e 269; 458 e seguintes; 475-M, §3º. Novo CPC: artigos 485 e seguintes. Para a maioria não existe sentença parcial, vigora o Princípio da Unidade da Sentença. A sentença é a decisão do juiz que visa pôr fim ao processo, mas com a generalização do processo sincrético, o conceito teve que ser adaptado: sentença é o ato do juiz que põe fim ao processo ou à fase de conhecimento de um processo sincrético, ou seja, excepcionalmente o processo terá mais de uma sentença: 1º - quando o processo é sincrético e a obrigação imposta na sentença não for cumprida voluntariamente, ensejando a fase de cumprimento de sentença; 2º - alguns procedimentos especiais escalonados sempre tiveram mais de uma sentença, uma para cada fase encerrada – a consignação em pagamento por dúvida a quem pagar e a ação que exige prestação de contas. Classificação da sentença: a) a Teoria Ternária divide a sentença em três espécies: - declaratória; - constitutiva; - condenatória. Essa teoria leva em conta o conteúdo ou a natureza da sentença de mérito. b) a Teoria Quinária acrescenta mais duas espécies: - executiva lato senso; - mandamental. Essa teoria leva em conta os efeitos e a técnica processual de execução. 1) Sentença declaratória: Sentença declaratória é a que declara a existência ou não de uma relação jurídica ou “o modo de ser da relação jurídica” (exemplo: se é uma relação onerosa ou gratuita) ou falsidade ou não de um documento. Obs: o STJ e o novo CPC permitem ação declaratória da interpretação de cláusula contratual determinante para a natureza do contrato. O principal efeito de uma sentença declaratória é dar certeza jurídica. Os efeitos da declaração, em regra, são retroativos “ex tunc” e essa sentença, em regra, não exige execução forçada, no máximo é levada a registro. Página 4 de 4 Exemplo: sentença que reconhece a paternidade. Excepcionalmente ela será título executivo quando reconhece uma obrigação declarando todos os seus elementos, artigo 475-M, I, CPC. 2) Sentença constitutiva: É a que cria, modifica ou extingue uma relação jurídica. O efeito prático é sempre criar uma situação jurídica. Os efeitos não retroagem, não exige execução forçada e às vezes pode ser levada à registro. Exemplo: sentença de separação e de divórcio. 3) Sentença Condenatória: É a que impõe uma obrigação ao vencido. O principal efeito é permitir a execução forçada. Os efeitos são retroativos. É e sempre foi título executivo judicial. Incialmente exigia um processo autônomo de execução forçada, mas a partir de 1994 (artigo 461), 2002 (artigo 461-A) e 2005 (artigo 475-J) passou a ser uma fase de cumprimento de sentença no mesmo processo. Quanto ao conteúdo, natureza ou essência, as sentenças executiva e mandamental são condenatórias porque impõem uma obrigação ao vencido. A diferença delas está na técnica processual de efetivação da decisão, ou seja, não está dentro da sentença: - A mandamental só exige um ato processual, ou seja, uma ordem documentada no mandado e reforçada pela cominação de sanção (penal, civil ou administrativo), exemplo: no mandado de segurança o juiz manda o delegado restituir o veículo sob pena de desobediência; exemplo: no interdito proibitório o juiz manda o réu cessar a ameaça e não praticar nenhum ato de violação possessória sob pena de multa cominatória(em valor fixo e elevado para ter efeito inibitório). - Na executiva lato senso basta uma fase simples, iniciada de ofício e que não prevê meios de defesa. Exemplos: ações do artigo 461; 461-A, despejo, reintegração e manutenção de posse. A sentença condenatória exigia um processo de execução autônomo e hoje exige uma fase de cumprimento de sentença que depende da iniciativa do credor, prevê defesas típicas, exigindo um procedimento complexo. Obs: a diferença entre a condenatória e a executiva ficou menos gritante. Obs: Marinoni ainda defenda a classificação quinaria. Obs: a doutrina diverge na classificação de algumas sentenças e um dos critérios propostos é o de que a sentença mandamental, para ser efetivada, depende de uma conduta voluntária do devedor. Já a executiva lato senso é efetivada com ou sem a colaboração do devedor.
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