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Direio Processo Penal Aula 1 02 Material de Apoio Magistratura

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Magistratura e Ministério Público 
CARREIRAS JURÍDICAS 
Damásio Educacional 
MATERIAL DE APOIO 
 
Disciplina: Direito Processual Penal 
 Professor: André Estefam 
Aula: 02 | Data: 19/03/2015 
 
 
ANOTAÇÃO DE AULA 
SUMÁRIO 
 
Inquérito Policial 
1. Características 
2. Como se formaliza o IP 
3. Indiciamento 
4. Relatório 
 
Inquérito Policial 
 
A investigação criminal instaurada e presidida pelo membro do MP é feita através de PIC (procedimento 
investigatório criminal). 
 
Artigos 4º ao 23, CPP e lei 12.830/13. 
 
1. Características 
 
O inquérito policial é o instrumento utilizado para investigar qualquer infração penal, exceto as infrações de 
menor potencial ofensivo (contravenções e crimes cuja pena máxima não exceda a 2 anos), tais infrações devem 
ser investigadas através do Termo Circunstanciado. 
 
Há crimes que não podem ser investigados através de termo circunstanciado, mesmo tendo pena máxima não 
superior a 2 anos, devem ser investigados por inquérito policial, são eles: 
- qualquer fato que envolva lei Maria da Penha não poderá ser investigado por TC (artigo 40, lei 11.340/06). 
- CTB, artigo 291. 
 
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, 
previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal 
e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de 
modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, 
no que couber. 
 
1) Inquisitoriedade: no inquérito policial não se aplicam os princípios do contraditório e da ampla defesa (e em 
caso de depoimento de testemunha não se aplicam as regras do depoimento em juízo, não pode o advogado, por 
exemplo, exigir intimação de depoimento da testemunha e exigir esclarecimentos em seu depoimento, fazendo 
perguntas à ela). 
 
Artigos 14 e 107, CPP – confere ao delegado de polícia discricionariedade ao analisar requerimentos; não é 
admitida exceção de suspeição contra autoridade policial, se o delegado for suspeito, ele deve afastar-se, mas 
não por iniciativa das partes. 
 
Com fundamento ao art. 5º, LV, alguns doutrinadores são contra a inexistência do contraditório e ampla defesa 
no inquérito policial. Mas a CF, no mesmo dispositivo é expressa ao garantir o direito de contraditório e ampla 
 
 
 
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defesa aos litigantes e acusados em geral, mas no inquérito policial não existe lide ou acusação, mas apenas 
investigado. 
 
Art. 5º, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e 
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
 
Os autores clássicos alegavam que Indiciado não é sujeito de direito, mas objeto da investigação – Mas essa é 
uma frase equivocada à luz da CF/88 que confere diversos direitos ao indiciado na fase do inquérito, tais como 
não ser submetido à identificação criminal quando dispuser de identificação civil (artigo 5º, LVIII, CF) e inciso LXIII 
(direito ao silêncio). O indiciado é sujeito de direitos (e não objeto do inquérito), muito embora o inquérito seja 
inquisitivo. 
 
2) Obrigatoriedade: artigos 5º e 8º, CPP – presentes os requisitos legais, a autoridade é obrigada a instaurar 
inquérito policial. 
 
São requisitos legais para instauração do inquérito policial: 
 
a) nos crimes de ação penal pública incondicionada a lei exige que chegue ao conhecimento da autoridade policial 
a “notitia criminis”; 
b) nos crimes de ação pública condicionada e crime de ação penal privada não será suficiente a “notitia criminis”, 
a lei não permite instauração de inquérito de ofício nesses casos, está condicionada à autorização da vítima 
quando se tratar de ação pública condicionada à representação e ao Ministro da Justiça quando se tratar de ação 
pública condicionada à requisição. 
 
O pedido formulado pela vítima ao delegado para abrir inquérito em ação privada chama-se requerimento e não 
queixa, uma vez que queixa na verdade é petição inicial da ação privada. 
 
3) Indisponibilidade: artigo 17, CPP – é vedado a autoridade arquivar o IP, instaurou, deve realizar as 
investigações até o final. A única autoridade que pode arquivar IP é o juiz. 
 
4) Oficialidade: artigo 4º, CPP – o IP é um instrumento oficial, ou seja, de responsabilidade do Estado. 
Necessariamente deverá ser instaurado e precedido pela autoridade policial que só pode ser o Delegado de 
Polícia de carreira. A lei 9.099/95 entende que autoridade policial não é somente delegado de polícia, mas essa 
regra não é aplicada aqui. 
 
Existem investigações em que o delegado de polícia não pode presidir, são situações em que as investigações 
dizem respeito à Magistrado ou Membro do MP. As leis orgânicas ditam esse impedimento. 
 
Quem realizará essas investigações? 
- quando o investigado for membro do MP estadual: pelo Procurador Geral da Justiça; 
- quando o investigado for membro do MP federal: Procurador Geral da República; 
- quando o investigado for magistrado: a investigação ficará a cargo de um membro do órgão de cúpula do 
Tribunal competente para o processo e julgamento do magistrado. 
 
 
 
 
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Exemplo: o suspeito é um juiz de direito, o membro competente será o TJ, o órgão de cúpula será o Pleno ou o 
órgão especial através dos desembargadores. 
 
Exemplo: o suspeito é um desembargador, o tribunal competente é o STJ, o tribunal de cúpula é a Corte Especial 
através de um Ministro. 
 
Se a polícia investigar membro do MP ou magistrado, sabendo de seu cargo, não haverá nulidade, apenas mera 
irregularidade do IP, desta forma, poderão ser utilizadas as provas colhidas (afinal trata-se de regra processual e 
não material). Já se a prova for ilícita (regra material) não poderá ser reaproveitada por derivação (fruto da árvore 
envenenada). 
 
5) Dispensabilidade: o IP não é indispensável à propositura da ação penal, a ação penal pode ser ajuizada mesmo 
que não subsidiada pelo IP. O que é indispensável para o ajuizamento de uma ação penal é a colheita de prova e 
indícios suficientes de autoria. 
 
6) Forma escrita: artigo 9º, CPP – todos aos atos e diligências feitos durante a investigação devem ser reduzidos à 
termo. 
 
7) Sigilo: artigo 20, CPP – consequência de sua natureza inquisitiva. Se justifica em dois fundamentos: 1) sigilo 
enquanto mecanismo necessário para a colheita da prova, se a autoridade policial se beneficiar do sigilo impedirá 
que os acusados “sumam” com a provas; 2) o sigilo é fundamental para preservar a honra e a intimidade de 
pessoas envolvidas no fato. 
 
Sigilo nos autos do IP – se o advogado chega na delegacia para consultar os autos, o delegado pode negar acesso 
aos autos do IP? 
Súmula Vinculante nº 14 – não se pode negar ao advogado do interessado o acesso aos autos (provas 
documentadas nos autos). O advogado pode ter acesso aos autos do IP independente de estar portando ou não 
procuração. Se o advogado tiver o acesso negado caberá reclamação ao STF. O delegado pode negar acesso dos 
autos ao advogado se ele não estiver representando nenhuma das partes do inquérito. Essa súmula se aplica a 
qualquer procedimento investigatório criminal, até ao PIC (procedimento investigatório criminal). 
 
Súmula Vinculante n.º 14. É direito do defensor, no interesse do 
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já 
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão 
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do 
direito de defesa. 
 
2. Como se formaliza o IP 
 
Portaria ou auto de prisão em flagrante ---- diligências (artigos 6º e 7º, CPP) ---- Indiciamento --- Relatório 
 
Prazo para conclusão do IP (artigo 10, CPP): 
 
- 10 dias se indiciado preso, prorrogáveis; 
- 30 dias quando não houver indiciado preso, prorrogáveis. 
 
 
 
 
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Art.10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o 
indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso 
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em 
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando 
estiver solto, mediante fiança ou sem ela. 
 
Justiça federal: 
 
- indiciado preso o prazo será de 15 dias prorrogáveis por mais 15 dias; 
- não preso o prazo será de 30 dias. 
 
A prisão temporária possui tempo determinado e só vigora na fase de investigação, após, deve-se converter em 
prisão preventiva (se preenchidos os requisitos). Quando houver decretação de prisão temporária o IP deve ser 
concluído no prazo dela. Se não for concluído o indiciado será solto e o prazo para conclusão do IP será o prazo 
comum. 
 
As dilações de prazos devem ser analisadas pelo juiz de direito. Deve-se adotar como máximo da prorrogação 
para conclusão do inquérito até que ocorra a extinção da punibilidade. 
 
Natureza do prazo: a doutrina diz que quando se trata de indicado preso deve ser considerado o prazo de direito 
material (inclui o início), indiciado solto deve ser considerado o prazo de direito processual (exclui o início). 
 
3. Indiciamento 
 
1) Definição: é o ato privativo da autoridade policial (o delegado não pode ser oficiado pelo juiz ou promotor para 
que exerça o indiciamento), por meio do qual ela reconhece formalmente que os indícios de autoria recaem 
sobre determinado suspeito. É um ato fundamentado. 
 
Durante o indiciamento dar-se-á a identificação, o interrogatório e o pregressamento. 
 
a) Identificação: dados qualificativos do indiciado. Artigo 5º, LVIII – o civilmente identificado não será submetido à 
identificação criminal (fotografia, impressão digital), a não ser que se faça presente alguma exceção prevista em 
lei (lei 12.037/09 – exemplo: documento antigo, como foto antiga). 
 
b) interrogatório: direito fundamental ao silêncio, artigo 5º, LXIII, CF. Nosso ordenamento jurídico não admite o 
crime de perjúrio, ou seja, no sistema brasileiro admite-se que o acusado minta sobre os fatos, afinal a mentira 
está amparada pelo exercício de defesa. O direito de mentira não abrange a qualificação, sob pena de cometer o 
crime de falsa identidade. 
 
c) pregressamento: é a colheita de dados da vida pregressa. 
 
2) Pessoas que não podem jamais ser indiciadas: 
 
- portadores de imunidade diplomática: a eles não se aplica a lei penal e processual brasileira; 
- Presidente da República, por força do artigo 86, CF; 
- menores de 18 anos: praticam atos infracionais, não cometem crimes; 
- magistrados e membros do MP. 
 
 
 
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4. Relatório 
 
Relato objetivo dos atos e diligências realizados. A autoridade policial não deve emitir juízo de valor sobre os fatos 
e sobre a culpabilidade no relatório. Será permitida apenas uma representação do delegado visando a decretação 
da prisão preventiva e o MP deve se posicionar a respeito da representação.

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