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Magistratura e Ministério Público CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Direito Processual Penal Professor: André Estefam Aula: 03 | Data: 24/03/2015 ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO Inquérito Policial 1. Relatório 2. Ação Penal Pública Ação Penal 1. Condições da Ação 2. Princípios da Ação Penal Pública Inquérito Policial 1. Relatório Após o relatório, o inquérito policial será encaminhado ao órgão judicial competente e chegará nas mãos do representante do MP. O MP deve verificar se a ação pena é pública ou privada (a vítima é a legitimada, artigo 19, CPP, verificado o prazo de 6 meses para decadência). 2. Ação Penal Pública O membro do MP ao receber o inquérito policial, verificando que se trata de crime de ação penal pública, deve fazer: 1) análise da atribuição funcional: O MP pode requerer a remessa ao órgão competente se não for sua atribuição funcional. Se o juiz indefere (não concorda, por exemplo, que se trata de latrocínio e sim de homicídio que é competência do tribunal do júri) aplica-se o artigo 28, CPP. Autores e jurisprudência para justificar essa solução de aplicação do artigo 28 (indeferimento do juiz), chamam esse ato do juiz de arquivamento indireto. Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê- la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. Se o membro do MP destinatário discordar, surge o conflito de atribuição. Hipóteses de conflito de atribuição: a) conflito entre membros do MP do mesmo Estado: PGJ decide o conflito; Página 2 de 3 b) conflito entre membros do MP federal (dois procuradores da República discordarem): a lei orgânica do MP da União estabelece que a Câmara de Coordenação e Revisão decidirá o conflito, cabendo recurso ao PGR; c) conflito entre membros de MPs diferentes (distintas unidades da federação): durante muito tempo estes conflitos eram levados ao STJ. Em 2007 o STF decidiu que não há conflito de competência antes de ajuizada a ação penal. Há quem entenda que deve ser solucionado pelo PGR, porém o STF decidiu que cabe a ele (próprio STF) decidir esse conflito, equipara o conflito a um conflito federativo, esses conflitos são decididos monocraticamente pelo STF. 2) Análise da extinção da punibilidade: ao verificar que é caso de extinção da punibilidade, o MP requererá a declaração da extinção da punibilidade, decisão que faz coisa julgada material. 3) verificar se é possível oferecer denúncia: a ação penal pública é formada pelo princípio da obrigatoriedade, logo, sendo possível, o MP deverá oferecer denúncia, desde que haja prova da materialidade e indícios de autoria. 4) não sendo possível oferecimento da denúncia, o MP deve verificar se há possibilidade de requisitar novas diligências: artigo 16, CPP, desde que as diligências apontadas pelo MP sejam imprescindíveis. Diligência imprescindível é aquela sem a qual não é possível oferecer denúncia, logo, só há diligência imprescindível quando não houver nos autos prova da materialidade e indícios de autoria (exemplo: sem o depoimento de uma determinada testemunha não será possível provar a materialidade ou a autoria). Para que esta requisição de nova diligência chegue ao conhecimento do delegado, o inquérito deve retornar à delegacia de polícia através de decisão do juiz (exemplo: MP pede ao juiz que os autos retornem à delegacia para que a testemunha seja ouvida na delegacia). Exemplo: requeiro o retorno do IP à origem a fim de que a digna autoridade policial realize a diligência. Se o juiz indeferir o retorno do inquérito à delegacia, aplica-se o artigo 28 do CPP. Verificando que a diligência não é imprescindível (afinal resultaria no excesso de prazo ou mesmo numa prescrição), o juiz aplica o artigo 28 do CPP. O juiz pode indeferir a diligência? Somente quando a diligência em si for ilegal o juiz poderá indeferir – decisão do STF. 5) Pedido de arquivamento se não couber nenhuma das hipóteses anteriores: será submetido à análise do juiz, que poderá concordar e será então o IP arquivado. Se o juiz discordar aplica-se o artigo 28, CPP. a) O arquivamento do IP é irrecorrível; b) Não se admite o ajuizamento de queixa subsidiária; c) Não cabe requerimento ao PGJ para que seja designado outro promotor. A decisão que arquiva IP produz coisa julgada formal, artigo 18, CPP e súmula 524, STF. As provas novas podem resultar em oferecimento da denúncia após o arquivamento do IP, desde que apareçam antes da extinção da punibilidade e desde que sejam substancialmente inovadoras. Página 3 de 3 SÚMULA 524 ARQUIVADO O INQUÉRITO POLICIAL, POR DESPACHO DO JUIZ, A REQUERIMENTO DO PROMOTOR DE JUSTIÇA, NÃO PODE A AÇÃO PENAL SER INICIADA, SEM NOVAS PROVAS. Exceções: 1) Arquivamento de IP em crime contra economia popular ou saúde pública sujeita-se à reexame necessário, lei 1.521, artigo 7º; 2) O arquivamento do IP fará coisa julgada material quando fundado em excludente de ilicitude ou atipicidade do fato. Artigo 28, CPP: Soluções do artigo 28, CPP: 1- o Procurador pode insistir no arquivamento; 2- oferecer denúncia: o PGJ se torna promotor natural ao aplicar o artigo 28, CPP; 3- designar outro membro do MP para oferecer denúncia (em respeito ao princípio da independência funcional, assegura aos membros do MP a liberdade de convicção). O membro designado pode se recusar a oferecer denúncia? O membro designado não atua por nome próprio e sim por delegação, desta forma, não pode se recusar a oferecer denúncia, com a aplicação do artigo 28 o PGJ se tornou promotor natural. É importante destacar que o membro do MP designado atuará até o encerramento do processo. Essa designação segue a tabela de substituição automática. O artigo 28, CPP se aplica em casos de atribuição originária do chefe do MP? O chefe do MP será o PGJ (esfera estadual) e o PRG (esfera federal). Não se aplica ao chefe do MP, pois o pedido de arquivamento formulado diretamente pelo chefe da instituição é irrecusável. Ação Penal Pública: o titular é o MP. Pode ser: a) incondicionada; b) condicionada à representação do ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça. Privada: o titular é o ofendido. Pode ser: a) ação exclusivamente privada (privativa do ofendido); b) privada personalíssima; c) privada subsidiária da pública. No silêncio da lei a ação será pública incondicionada. Quando a vítima for União, Estado, Município ou DF a ação penal será pública incondicionada. Página 4 de 3 1. Condições da Ação 1) Genéricas: - legitimidade de parte; a) ativa: MP ou ofendido. (Haverá ilegitimidade ativa, por exemplo, quando o MP ingressar com ação quando esta for privada). b) passiva: qualquer pessoa física que completou 18 anos e pessoa jurídica em crime ambiental. - interesse de agir: se funda na necessidade e adequação. A necessidade é a pretensão punitiva; adequação é verificar se o autor ingressou com o pedido correto. Há autores que defendem que haverá interesse de agir quando houver a justa causa, ou seja, quando houver prova da materialidade e indícios de autoria, mas para o CPP justa causa não se insere na condição de ação (artigo 397, CPP - rejeição da denúncia ou queixa quando não houver justa causa). - possibilidade jurídica do pedido:o pedido é juridicamente possível quando a inicial narra um fato penalmente típico e será impossível quando o fato for atípico. 2) Específicas: são aquelas exigidas em alguns casos, exemplos: a) representação do ofendido; b) requisição do ministro da justiça; c) autorização da Câmara para processo contra o Presidente da República etc. Se faltar alguma das condições da ação haverá a rejeição da denúncia ou queixa. 2. Princípios da Ação Penal Pública 1) Da Obrigatoriedade/Da Legalidade: artigo 24, “caput” do CPP. Presentes os requisitos legais (prova da materialidade e indícios da autoria), o MP tem o dever de oferecer denúncia. O mecanismo de controle desse princípio é o artigo 28, CPP. Exceções: a) lei 9099/95: no mecanismo da transação penal se aplica o princípio da oportunidade; o MP não é obrigado a oferecer denúncia no JECRIM, pode oferecer a transação penal; b) lei 12.850/13: não oferecimento de denúncia no acordo de delação premiada.
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