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Estado, Governo e Sociedade

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Universidade do Estado da Bahia 
Departamento de Ciências Humanas 
Teoria Geral do Estado 
Curso de Graduação em Direito 
 
 
 
 
 
 
Relatório dos textos: 
 
I - Sobre a Dicotomia Público/Privado no Debate Moderno 
II - Sobre a Sociedade Civil na sua Relação com o Estado 
III - Sobre Estado, Poder e Governo 
 
Livro: Estado, Governo e Sociedade: Para uma teoria Geral da Política 
Autor: Norberto Bobbio 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relatório dos textos: 
 
I - Sobre a Dicotomia Público/Privado no Debate Moderno 
II - Sobre a Sociedade Civil na sua Relação com o Estado 
III - Sobre Estado, Poder e Governo 
 
 
 
 
 
 
Trabalho desenvolvido em 
cumprimento às exigências de 1ª 
avaliação da disciplina Teoria 
Geral do Estado, do curso de 
Graduação em Direito, da 
Universidade do Estado da Bahia. 
 
 
 
 
 
I - PARTE: A GRANDE DICOTOMIA: PÚBLICO / PRIVADO 
 
 
1. Uma Dupla Dicotômica 
 
O autor introduz o texto fazendo referencia a duas passagens do Corpus Iuris 
que definem como idênticas o direito público e o direito privado. Os termos 
públicos e privado fez ingresso no pensamento politico e social do ocidente, 
depois se tornou uma das grandes dicotomias da historia. 
 
Na linguagem jurídica, a preeminência da distinção entre direito privado e 
direito publico sobre todas as outras distinções nas diversas épocas da história 
e induziram um filosofo do direito de orientação neokantiana a considerar o 
direito publico e privado como duas categorias a priori do pensamento jurídico. 
 
Os dois termos são dicotômicos por serem definidos um independente do 
outro. Na linguagem jurídica a escritura pública remete imediatamente por 
contraste à escritura privada e vice-versa; na linguagem comum, o interesse 
público determina-se em relação e em contraste com o interesse privado e 
vice-versa. 
 
2. As Dicotomias Correspondentes 
 
O autor analisa a dicotomia entre privado e publico como base na 
compreensão do direito como ordenamento das relações sociais destacando os 
seguintes aspectos: existência de dois tipos de relações sociais entre iguais e 
entre desiguais. Essa dicotomia reflete a divisão entre aquilo que pertence aos 
membros singulares e à coletividade. 
 
A dicotomia público/privado volta a se apresentar sob a forma de distinção 
entre a sociedade que atende o interesse público e a sociedade que cuida dos 
próprios interesses privados, recompondo assim a distinção jusnaturalista entre 
Estado de natureza e Estado civil, por meio do nascimento de uma economia 
política, na distinção entre sociedade econômica e sociedade civil. 
 
No direito público a lei é uma norma que é posta pelo detentor do supremo 
poder e é reforçada através da coação, já o contrato usado no direito privado 
regula acordos bilaterais que ocorrem fora da esfera pública. 
 
A superposição das duas dicotomias, privado/público e contrato/ lei, se 
manifesta na doutrina do mercado do direito natural, em que o contrato é a 
forma com que os indivíduos singulares regulam suas ações no Estado de 
natureza, ou seja, onde o poder público não existe enquanto lei. 
 
Corresponde as formas clássicas de justiça: A justiça comutativa – é a que 
preside as trocas, para que possa ser considerada justa. A justiça distributiva – 
é aquela na qual se inspira a autoridade pública na distribuição de honras e 
obrigações. Portanto, a justiça comutativa tem lugar entre as partes, e a 
distributiva como a que tem lugar entre o todo e as partes. 
 
 
3. Uso Axiológico da Grande Dicotomia 
 
A dicotomia público/privado apresenta um significado valorativo, em que, um 
tende a ser oposto ao outro, uma vez que, quando um obtém um significado 
valorativo, o outro apresenta um negativo. 
 
Um dos eventos que melhor revela a persistência do primado do direito privado 
sobre o público é a resistência que o direito de propriedade opõe a ingerência 
do poder soberano. 
 
O primado do público significa o aumento da intervenção estatal na regulação 
coativa dos comportamentos, ou seja, o caminho inverso da emancipação da 
sociedade civil em relação ao Estado. 
 
Esta emancipação esta ligada às consequências históricas do nascimento e 
crescimento hegemônico da classe burguesa. Com o declínio de ação do 
Estado e a afirmação dos direitos naturais do indivíduo, o estado foi se 
reapropriando do espaço conquistado pela sociedade civil. Épocas de 
progresso, neste contexto do primado, são períodos em que o direito público 
impõe revanche sobre o direito privado, tal como na idade moderna com o 
surgimento do grande estado territorial e burocrático. 
 
Na sua origem, o direito privado romano foi um direito positivo e histórico, 
porém foi se tornando um direito natural através de juristas, até transformar-se, 
novamente, em um direito positivo no século XIX. Ele é defendido como o 
direito da razão. 
A supremacia do público sobre o privado parte do princípio de que o todo vem 
antes das partes, que o individuo deve renunciar a sua autonomia em prol da 
nação e que cada um age para um bem comum segundo as regras de um 
grupo dirigente que a representa, seja autocrático ou democrático. 
 
 
4. O Segundo Significado da Dicotomia 
 
A dicotomia público/privado não se confunde com a distinção segundo a qual 
público se entende aquilo que é manifesto, aberto ao público e privado aquilo 
que se faz em segredo, ou para um determinado limite de pessoas. O poder 
político é público no sentido da grande dicotomia, mesmo quando não é público 
em seu sentido literal. 
 
Para Kant todas as razões relativas ao direito de outros homens, cuja máxima 
não é conciliável com a publicidade são injustas, o significado deste princípio 
fica claro quando se observa que existem maxiamas que uma vez tornadas 
públicas suscitam reações que tornariam impossível sua realização. 
 
A publicidade das ações de quem detém um poder público, contrapõe-se à 
teoria dos arcana imperii, dominante na época do poder absoluto. Segundo 
esta teoria, o poder do príncipe é tão mais eficaz quanto mais oculto. 
 
Naturalmente, onde é invisível o poder, também o contra-poder está obrigado a 
tornar-se invisível. 
 
Uma democracia sem publicidade não é possível, uma vez que, é essencial a 
esta a formação da opinião pública para assegurar que as decisões não se 
tornem objeto de um singular. 
 
 
II – PARTE: A SOCIEDADE CIVIL 
 
 
1. As Várias Acepções 
 
A expressão Sociedade civil é geralmente empregada como um dos termos da 
grande dicotomia sociedade civil/Estado, não se pode determinar o seu 
significado e delimitar sua extensão. 
 
O termo sociedade civil é comumente definido de forma negativa, assim 
tomando o termo Estado como o termo positivo tem-se diversas acepções 
daquela expressão: 
Sociedade civil como não-estatal ou pré-estatal: Tem-se em mente que nesta 
acepção, antes do Estado existem outras formas de associação. Sociedade 
civil como anti-estatal: nessa acepção tem-se em mente que a sociedade civil é 
o local onde se manifestam as modificações das relações de dominação, onde 
ocorre a luta pela emancipação do poder. Sociedade civil = Pós-estatal: Ideal 
de uma sociedade sem Estado, dissolução do poder político. 
Para o autor, sociedade civil é o lugar onde surgem e se desenvolvem os 
conflitos econômicos, sociais, ideológicos, religiosos, que as instituições sociais 
têm o dever de resolver ou através da mediação ou através da repressão. 
É ainda na sociedade civil que ocorrem os processos de deslegitimação e 
relegitimação, surgindo novas áreas de consenso, novas fontes de legitimação. 
Inclui-se naquela também o fenômeno da opinião pública--dissenso ou 
consenso em relação às instituições, irradiadas pelosveículos de comunicação 
consequentemente, em um Estado onde a sociedade civil não expressa sua 
opinião, esta é totalmente englobada pelo Estado, configurando assim um 
Estado totalitário. 
2. A Interpretação MARXIANA 
A expressão ”sociedade civil” ligado ao Estado está atrelada a concepção de 
Marx sob influência de Hegel. Na visão marxista a SOCIEDADE CIVIL é o lugar 
das relações econômicas, conjunto das relações interindividuais, aquela que se 
situa fora ou antes do Estado. Em Marx há uma transferência do significado de 
estado natural para sociedade civil. 
Para Marx, a sociedade civil é a sociedade burguesa, sociedade de classe que 
obteve sua emancipação política e arvora a bandeira dos direitos fundamentais 
do homem, contrapondo-os ao Estado tradicional, esses direitos, no entanto, 
são direitos que irão proteger a própria classe burguesa fundada sobre o 
“homem egoísta”. 
 
Para Gramsci a sociedade civil pertence à superestrutura é a esfera onde 
atuam os aparatos ideológicos que buscam exercer a hegemonia e obter o 
consenso (legitimidade), porém para Gramsci o resultado desse consenso é o 
surgimento de uma da sociedade oriunda da extinção do Estado. 
 
3. O Sistema Hegeriano 
 
Hegel identifica a sociedade civil como a esfera das relações econômicas. A 
categoria hegeliana da sociedade civil tem seu pensamento pautado nos 
Princípios de Filosofia do Direito. Permite a construção de um esquema triádico 
que se contrapõe a dois modelos didáticos aristotélico, baseado na dicotomia 
família /Estado e o jusnaturalista, baseado na dicotomia estado se 
natureza/sociedade civil. 
 
È controverso estabelecer o genuíno pensamento hegeliano na construção da 
sociedade civil. A sociedade civil hegeliana é uma figura histórica, esta 
pertence ao mundo moderno e se encontra subordinada ao Estado. Essa 
concepção de SOCIEDADE CIVIL se contrapõe a visão dos escritores políticos 
precedentes, estes concebiam a SOCIEDADE CIVIL como o ente que absorve 
toda a essência do Estado, para estes escritores o Estado apresenta-se 
sempre como aquele que dirime conflitos e garante o bem-estar dos cidadãos. 
. 
4. Tradição Jusnaturalista 
O filósofo Aristóteles cita que a pólis ou cidade, que tem o caráter de 
comunidade independente e auto-suficiente, ordenada à base de uma 
constituição, fez com que fosse considerada ao longo dos tempos como a 
origem histórica do Estado. Onde o Estado é o prosseguimento natural da 
sociedade familiar, de sociedade doméstica ou família, já para o modelo 
hobbesiano (jusnaturalista), onde o Estado é o oposto do estado natureza, na 
qual este último é constituído por indivíduos livres e iguais. 
A diferença é que enquanto a societas civilis do modelo aristotélico é sempre 
uma sociedade natural, no sentido de que corresponde perfeitamente à 
natureza social do homem, esta mesma societas civilis no modelo hobbesiano 
é uma sociedade instituída ou artificial. 
A dicotomia família/Estado, que é o ponto de partida do modelo Aristotélico, 
com a dicotomia Igreja/Estado, fundamental na tradição do pensamento cristão. 
5. Sociedade Civil como Sociedade Civilizada 
O progresso da sociedade onde a humanidade passou e continua a passar do 
estado selvagem dos povos caçadores sem propriedade e sem Estado ao 
estado bárbaro dos povos que iniciavam na agricultura e introduziram os 
primeiros germes de propriedade, ao estado civil caracterizado pela instituição 
da propriedade, do comércio e do Estado. 
Segundo o escritor Adam Ferguson, no estado de natureza aparecem os 
barbáries e no estado civil aparece a elegância, que para ele dizia ser cível não 
porque se diferencia da sociedade doméstica ou da sociedade natural, mas 
porque se contrapõe as sociedades primitivas. Para Hegel, os Estados antigos, 
tanto os despóticos quanto as repúblicas gregas, não possuíam uma sociedade 
civil. 
Para Rousseau no estado natural o homem ainda não vive em sociedade, o 
homem é feliz com seu estado, com a instituição da propriedade privada que 
perverte o homem e estimula instintos egoístas, com a invenção da agricultura 
e da metalurgia tem-se o domínio do homem sobre o homem, é este estado 
que Rousseau denomina sociedade civil (mas com uma conotação negativa), 
no entanto, a essa sociedade é possível conter o embrião da sociedade política 
diferente do estado de natureza, mas é dessa sociedade civil que o homem 
deve sair para instituir a república fundada sobre o contrato social. 
6. O Debate Atual 
 
O significado predominante de sociedade civil foi o de sociedade política ou 
Estado. Com Hegel, a sociedade Civil não compreende mais o Estado, 
representa apenas um momento no processo de formação do Estado, com 
Marx a sociedade civil compreende unicamente as relações econômicas, esta 
sendo o momento que funda o Estado. 
No debate atual a contraposição permaneceu, onde a sociedade civil é enteado 
do Estado entrou de tal maneira na prática cotidiana, que necessita de um 
esforço para se convencer que, durante séculos, a mesma expressão foi usada 
para designar aquele conjunto de instituições e de normas que hoje constituem 
exatamente o que se chama de Estado, onde ninguém poderia mais chamar de 
sociedade civil. 
 
A socialização do Estado através do desenvolvimento das várias formas de 
participação nas opções políticas, do crescimento das organizações de massa 
que exercem direta ou indiretamente algum poder político, na qual a expressão 
“estado social” poder ser entendida não somente no Estado que permeou a 
sociedade, mas também no sentido do Estado permeado pela sociedade. 
É com Maquiavel que o Estado deixa de ser entendido como Estado-sociedade 
e passa a Estado-máquina, como máximo poder que se adquire e conserva por 
meio de um aparato. Essa contraposição entre SOCIEDADE CIVIL e Estado 
desenvolve-se acentuadamente com o nascimento da sociedade burguesa, em 
que uns se ocupam da “riqueza das nações” e outros das instituições políticas. 
 
III - PARTE: ESTADO, PODER E GOVERNO. 
1. Para o Estudo do Estado 
Para o autor as duas fontes principais para o estudo do Estado são a história 
das instituições politicas e a história das doutrinas politicas. . Diante disso, os 
ordenamentos de um determinado sistema político tornaram-se conhecidos 
através da reconstrução, às vezes da deformação ou da idealização, que deles 
fizeram os escritores. Por exemplo, Hobbes foi identificado com o Estado 
absoluto limitado, Rousseau com a democracia e Hegel com a monarquia 
constitucional. 
O imenso campo de investigação do Estado está divido entre Duas disciplinas 
didaticamente distintas: a filosofia politica e a ciência politica. As três 
características da filosofia e o que as diferencia das da ciência política: valor, 
justificativa e impossibilidade de falsificação. 
Na filosofia política são compreendidos três tipos de investigação : a) da 
melhor forma de governo; b) do fundamento do estado, ou do poder político 
com a consequente justificação da obrigação política; c) da essência da 
categoria do político ou da politicidade, com a prevalente disputa sobre a 
distinção entre ética e política. 
Por ciência política entende-se hoje uma investigação no campo da vida 
política capaz de satisfazer três condições : a) o princípio da verificação como 
critério de aceitabilidade dos resultados; b) o uso de técnicas da razão que 
permitam dar uma explicação causal em sentido forte ou mesmo em sentido 
fraco do fenômeno investigado; C) a abstenção de juízos de valor 
(valoratividade). 
 
 Além dos campos da filosofia e da ciência política, existe a distinção pelos 
pontos de vista jurídico e sociológico. Durante muito tempo, o Estado foi objeto 
dos juristas, mas com o surgimento recente de uma nova ciência, passou a ser 
estudado também pela sociologia. Jellinek e Weber sustentam que tal distinção 
é necessária,mas Kelsen (que reduziu o Estado a ordenamento jurídico) 
entende que não. Teorias meramente jurídicas do Estado foram abandonadas 
na transformação do Estado de direito em Estado social. 
Duas teorias sociológicas do Estado: a marxista e a funcionalista. Diferenças 
no conceito de ciência, no método e principalmente na colocação do Estado no 
sistema social. O autor explica cada uma delas e as diferenças no tema: 
ruptura da ordem ou a ordem, integracionalista ou conflitualista. 
A concepção marxiana da sociedade distingue em cada sociedade histórica, 
dois momentos : a base econômica e a superestrutura. As instituições políticas 
(o Estado) pertencem ao segundo momento. 
Marxista a base econômica é sempre determinante em última instância 
Ao contrário, a concepção funcionalista concebe o sistema global em seu 
conjunto como diferenciado em quatro subsistemas (patter-maintenance, goal-
attainment, adaptation, integration) desempenhando funções essenciais para a 
conservação do equilíbrio social e por isso são interdependentes. Ao 
subsistema político cabe a função goal-attainment, o que equivale a dizer que a 
função política é apenas mais uma no conjunto de instituições o Estado, é uma 
das quatro funções fundamental de todo sistema social. 
A família foi considerada por Aristóteles como primeira forma embrionária e 
imperfeita da pólis (cidade-estado grega). A relação entre sociedade política e 
as sociedades particulares é uma relação entre o todo e as partes, na qual o 
todo, o ente englobador, é a pólis, e as partes englobadas são a família e as 
associações. 
 
 
Com emancipação da sociedade civil-burguesa no sentido marxiano inverte-se 
as relações entre instituições políticas e Estado e pouco a pouco a sociedade 
nas suas várias articulações torna-se o todo, do qual o Estado, é considerado o 
restritivamente como aparato coativo do qual um setor da sociedade exerce o 
poder sobre os demais. 
 
Os escritores políticos trataram o problema do estado principalmente do ponto 
de vista dos governantes , seus temas essenciais são a arte de bem governar, 
as virtudes ou habilidades ou capacidades que exigem do bom governante, as 
várias formas de governo, a distinção entre o bom e o mau governo, referem 
apenas a um dos dois sujeitos da relação, aquele que está no alto e que se 
torna deste modo, o verdadeiro sujeito ativo da relação. 
 
2. O Nome e a Coisa 
É fora de discussão que a palavra Estado se impôs através da difusão e pelo 
prestígio do príncipe de Maquiavel. A cunhagem do termo Estado, que 
englobando república e monarquia, é um gênero recente. Mas existe um 
problema de sentido amplo e estrito quanto ao termo, ele serve apenas para os 
modernos Estados nacionais ou também para organizações mais antigas? A 
favor do sentido estrito, o fato dos Estados nacionais serem únicos e recentes, 
a favor do sentido amplo o fato de as obras clássicas ainda servem para os 
Estados modernos, tanto que é fonte de referência constante aos pensadores 
da época. 
Existem várias teses sobre a origem do Estado como dissolução das famílias 
em favor de algo mais amplo para se proteger e sobreviver. Alguns autores 
preferem o termo Sistema Político ao invés de Estado, devido a um sentido 
pejorativo que ele teria incorporado. Reduz-se agora o conceito de Estado ao 
de política e o de política ao de poder. 
O problema do nome Estado não seria tão importante se a introdução do novo 
termo nos primórdios da idade moderna não tivesse ido ao encontro da nova 
realidade do Estado, que agora era precisamente moderno, a ser considerado 
como uma forma de ordenamento tão diverso dos ordenamentos precedentes 
que não poderia mais ser chamado com os antigos nomes. 
Quem considera que se pode falar em Estado apenas a propósito dos 
ordenamentos políticos de que trata Bodin, Hobbes ou Hegel, comporta-se 
mais com os que veem a descontinuidade do que a continuidade mais as 
diferenças do que as analogias. Nos historiadores das instituições, que 
descreveram a formação dos grandes estados territoriais a partir da dissolução 
e transformação da sociedade medieval, existe uma tendência a sustentar a 
solução de continuidade entre os ordenamentos da antiguidade ou da idade 
intermediária e os ordenamentos da idade moderna, e em consequência a 
considerar o Estado como uma formação histórica que não só não existiu 
sempre, como nasceu numa época relativamente recente. 
O Estado, entendido como ordenamento político de uma comunidade, nasce da 
dissolução da comunidade primitiva fundada sobre laços de parentesco e da 
formação de comunidades mais amplas derivadas da união de vários grupos 
familiares por razões de sobrevivência interna (o sustento) e externas (a 
defesa). 
Para Engels o Estado nasce da dissolução da sociedade gentílica fundada 
sobre o vinculo familiar e o nascimento do estado assinala a passagem do 
estado de barbárie à civilização, mas distingue-se pela interpretação 
exclusivamente econômica que dá a este evento, para ele, na comunidade 
primitiva vigora o regime de propriedade coletiva dos bens, com o nascimento 
da propriedade individual, nasce a divisão do trabalho, e com esta, a divisão da 
sociedade em classes, a dos proprietários e a dos que nada tem. Com a 
divisão da sociedade em classes nasce o poder político, O Estado, cuja função 
é manter o domínio de uma classe sobre a outra ,recorrendo inclusive a força 
3. O Estado e o Poder 
Aquilo que estado e política tem em comum é a referência ao fenômeno do 
poder. Não há teoria política que não parta de alguma maneira, direta ou 
indiretamente de uma definição de poder e de uma análise do fenômeno do 
poder. A teoria do estado apoia-se sobre a teoria dos três poderes e da relação 
entre eles. O processo político é ali definido como a formação, a distribuição e 
o exercício do poder. 
 
Na filosofia política o poder sob três aspectos, com três teorias fundamentais: 
substancialista, subjetivista e relacional. Em Hobbes, poder como um bem, 
inato como força ou inteligência ou adquirido, como riqueza. Em Locke, como 
capacidade de um sujeito, como o fogo que tem o poder de fundir o metal. Em 
Dahl, influência é uma relação entre atores, que induz o comportamento do 
outro de forma que de modo contrário não se realizaria. Ainda para Dahl, o 
poder de um é a negação da liberdade do outro e vice versa. 
A tipologia clássica, transmitida ao longo dos séculos, é a que se encontra na 
Política de Aristóteles, que distingue três tipos de poder com base na esfera em 
que é exercido: o poder dos pais sobre os filhos, do senhor sobre os escravos, 
do governante sobre os governados. 
 
A tripartição das formas de poder em paterno, despótico e civil é um dos 
tópicos da teoria política clássica e moderna. Locke distingue-se de Aristóteles 
pelo critério de distinção no que diz respeito ao diverso fundamento dos três 
poderes. O poder do pai tem fundamento natural, na medida em que nasce da 
própria geração; o senhorial é o efeito do direito de punir quem se tornou 
culpado de um delito grave, e portanto, passível de uma pena igualmente grave 
como a escravidão; o poder civil está fundado sobre o consenso expresso ou 
tácito daqueles aos quais é destinado. O poder político vai-se assim 
identificando com o exercício da força e passa a ser definido como aquele 
poder que, para obter efeitos desejados, tem o direito de se servir da força. 
 
Vários critérios foram adotados para distinguir as várias formas de poder. 
Poder econômico é aquele que se vale da posse de certos bens numa 
situação de escassez, para induzir os que não possuem a adotar certa 
conduta. Na posse dos meios de produção isto representa grande fonte de 
poder. 
→Poder ideológico é aquele que se vale da posse de certas formas de saber 
para exercer uma influência sobre o comportamento alheio e induzir outros a 
realizar ou nãouma ação. 
→Poder político é o que esta em condições de recorrer em última instância ao 
uso da força (e está em condições de fazê-lo por que detém o monopólio). 
Estas três formas de poder contribuem para manter sociedades desiguais, 
divididas entre fortes e fracos (com base no poder político); entre ricos e pobres 
(com base no poder econômico) e em sábios e ignorantes (com base no poder 
ideológico). 
 
A diversa relação entre os três poderes estão entre os traços mais 
característicos das grandes correntes do pensamento politico e da filosofia da 
história. A concepção do primado da política sobre os demais poderes, 
corresponde a doutrina da necessária imoralidade ou amoralidade da ação 
política que deve visar o próprio fim, sem sentir vinculada ou embaraçada por 
contemporização de outra natureza : primado que se reflete na figura do 
príncipe maquiavélico, com relação ao qual os meios empregados para vencer 
ou conquista o Estado são sempre, seja eles quais forem, “julgados honrosos 
ou por todos louvados”. 
 
4. Fundamento do poder 
Quanto ao poder político o problema de sua justificação nasce do 
questionamento se basta sua força para fazê-lo aceito por aqueles sobre os 
quais se exerce, para induzir seus destinatários a obedecê-lo. 
A consideração segundo a qual o supremo poder que é o poder político, deva 
também ter uma justificação ética, deu lugar a formulação de princípios de 
legitimidade, isto é, dos vários modos com os quais se procurou dar a quem 
detém o poder, uma razão de comandar, e a quem suporta o poder, uma razão 
de obedecer, dando a classe que detém o poder base moral e legal, isto por 
meio de duas fórmulas: a que faz derivar o poder da autoridade de Deus e a 
que o faz derivar da autoridade do povo. 
 
Em relação às diversas maneiras de considerar o problema do Estado , deve-
se mencionar uma contraposição que deriva da diversa posição que os 
escritores assumem com respeito à relação política fundamental (governantes- 
governados, soberano - súditos ou Estado - cidadãos) relação que é 
geralmente considerada como relação entre superior e inferior. Os escritores 
políticos trataram o problema do estado principalmente do ponto de vista dos 
governantes , seus temas essenciais são a arte 
Os princípios de legitimidade podem ser distinguidos pelo menos seis deles, 
através de duplas antitéticas de três grandes princípios unificadores: a vontade, 
a natureza e a história: 
 
→Vontade: numa concepção descendente do poder a autoridade ultima é a 
vontade de Deus, numa concepção ascendente a autoridade última é a 
vontade do povo. 
→Natureza: natureza como força originária (segundo a prevalente concepção 
clássica do poder); e natureza como ordem racional pela qual a lei da natureza 
se identifica com a lei da razão (segundo prevalente interpretação jusnaturalista 
moderna). 
 
Observação: 
 1. interpretação – da origem a idéia de que existem naturalmente forte e 
fracos, sábios e ignorantes , etc. 
 2. interpretação – significa ao contrário fundar o poder sobre a 
capacidade do soberano de identificar e aplicar leis naturais, que são as leis da 
razão. 
 
→História: tem duas dimensões de legitimação do poder , a passada ou a 
futura. A referência à história passada institui como princípio de legitimação a 
força da tradição,(critério de legitimação do poder constituído) enquanto que a 
referência a história futura constitui um dos critérios para a legitimação do 
poder que está se constituindo . 
 
Os três tipos puros ou ideais de poder legítimo são segundo Weber, o poder 
tradicional, o poder racional-legal e o poder carismático, e representam três 
tipos diversos de motivação, no poder tradicional, o motivo da obediência é a 
crença na sacralidade do soberano, sacralidade esta que deriva da força 
daquilo que dura há tempo (tradição); no poder racional a obediência deriva da 
crença na racionalidade do comportamento conforme a lei; no poder 
carismático deriva da crença nos dotes extraordinários do chefe. 
5. Estado e direito 
Desde que o problema do Estado passou a tomar conta os juristas, o Estado 
tem sido definido através de três elementos constitutivos : o povo, o território e 
a soberania. Por Estado em uma definição atualizada e corrente , “é um 
ordenamento jurídico destinado a exercer o poder soberano sobre um dado 
território, ao qual estão necessariamente subordinados os sujeitos a ele 
pertencentes.” (Mortati) 
 
A relação entre direito e poder é apresentado, desde a antiguidade pela 
pergunta : é melhor o governo das leis ou dos homens ? Platão afirma em sua 
distinção entre bom e mau governo que “onde a lei é súdita dos governantes e 
privada de autoridade, vejo a ruína da cidade, e de onde ao contrário, a lei é 
senhora dos governantes e os governados seus escravos, vejo a salvação da 
cidade...” Aristóteles por sua vez afirma que a lei não tem paixões, e a 
supremacia da lei com respeito ao juízo dado caso por caso pelo governante 
repousa em sua generalidade e constância. 
 
A ideia recorrente do governo das leis como superior ao governo dos homens 
pode parecer em contraste com o princípio que corresponde ao fato de o 
príncipe esta livre das leis (princeps é legibus solutus). O princípio não quer 
dizer que o poder do príncipe não tenha limites : as leis a que se refere o 
princípio são leis positivas, ou seja, as leis postas pelo próprio soberano, isto 
não exclui que esteja submetido enquanto homem, como todos os homens a 
leis naturais e divinas. 
Para alguns o poder do rei deve ser limitado não apenas pela existência de leis 
superiores, mas também pela existência de centros de poder legítimos que 
presentes Estado (clero, nobreza, as cidades). Sendo assim o respeito às leis 
superiores serve para distinguir o reino da tirania, e a presença de corpos 
intermediários serve para distinguir a monarquia do despotismo. 
 
Nenhum Estado está só. Todo Estado existe ao lado de outros Estado, em uma 
sociedade de Estados. A soberania destes tem duas faces, uma voltada para o 
interior, outra para o exterior, correspondentemente vai ao encontro de dois 
tipos de limites : os que derivam das relações entre governantes e governados, 
e são limites internos, e os que derivam das relações entre Estados. E são 
limites externos. Mas ao processo de unificação interior, corresponde um 
processo de emancipação em relação ao exterior, pois quanto mais consegue 
vincular- se aos súditos, mais consegue tornar-se independente. 
 
 
6. Formas de governo 
 
As tipologias de formas de Estado são tão variadas que o autor considera inútil 
a exposição. Mas dois critérios são considerados principais, a histórica e a 
expansão sobre a sociedade. A histórica propõe a seguinte seqüência: Estado 
feudal, estamental, absoluto e representativo. Considera pontos importantes 
nessa trajetória o surgimento dos direitos naturais, que vai não apenas se 
contrapor ao poder do Estado como será protegido por ele; a evolução dos 
partidos, que se formam fora do aparelho estatal, sendo personagem no lugar 
dos indivíduos e o compromisso entre as partes e não a decisão da maioria, 
evitando o padrão onde quando um grupo ganha outro perde. 
Sobre a expansão do Estado sobre a sociedade, traça novamente os vetores 
do poder político, econômico e ideológico, sendo também considerados neste 
último o religioso e o doutrinal. Um Estado intervencionista avança sobre o 
poder econômico, o confessional sobre o religioso, o totalitário sobre ambos. O 
Estado liberal ou de direito utiliza-se do monopólio da força para assegurar a 
livre circulação de idéias e mercadorias. 
 
As tipológicas clássicas das formas de governo são três: a de Aristóteles, a de 
Maquiavel e a de Montesquieu 
Aristóteles atribui à classificação com base no número dos governantes , 
desta forma delimita três tipos : monarquia(ou governo de um), aristocracia 
(ou governo de poucos) e democracia (ou governo de muitos). Com a anexa 
duplicação das formas corruptas, em que monarquia se degenera em tirania; 
aristocracia em oligarquia e politica (denominação da boa forma do governo 
de muitos) em democracia. 
Maquiavel as reduz a duas : monarquia e república correspondendo no 
gênero das repúblicas tanto as aristocráticas quanto as democráticas pois 
segundo ele a base essencial da diferença está entre o governo de um só e o 
governo de uma assembleia (sendo a distinção entre assembleia de otimates e 
uma assembleia popular, menos relevante). 
 
Montesquieu retorna a tricotomia, porém de forma diversa da aristotélica, 
classifica da seguinte forma: monarquia, república e despotismo. É diverso 
pois combina a distinção analítica de Maquiavel com a distinção axiológica 
tradicional. Além disso acrescenta um critério com base nos princípios que 
induzem o sujeito a obedecer : a honra nas monarquias; a virtú nas repúblicas 
e o medo no despotismo (que se apresenta como monarquia degenerada). 
Kelsen considera superficial a distinção aristotélica fundada sobre o elemento 
numérico, e sustenta que a única forma de distinguir uma forma de governo da 
outra consiste em individualizar o modo pelo qual uma constituição regula a 
produção do ordenamento jurídico. 
7. As Formas de Estado 
 
Para o autor, pode-se distinguir as diversas formas de Estado à base de dois 
critérios principais, o histórico e o relativo à maior ou menor expansão do 
Estado em detrimento da sociedade. 
 
À base do critério histórico, a tipologia mais acreditada junto aos 
historiadores das instituições propõe a seguinte sequência: Estado feudal, 
Estado comercial, Estado absoluto, Estado representativo. Para Mosca 
esta divisão se dava em duas esferas e são elas: o Estado feudal, 
caracterizado pela fragmentação do poder central em pequenos agregados 
sociais; e o Estado burocrático, caracterizado pela progressiva concentração 
e pela simultânea especialização das funções do governo. 
 
Como forma intermediária entre o Estado feudal e o Estado absoluto, o Estado 
estamental distingue-se do primeiro pela gradual institucionalização dos contra-
poderes e pela transformação das relações que passou de pessoa a pessoa, 
para ralação entre instituições. Distingue-se da segunda pela presença da 
contraposição de poderes em continuo conflito entre si, que o advento da 
monarquia absoluta tende a suprimir. 
 
Com o advento do Estado representativo- sob forma de monarquia 
constitucional e depois parlamentar, tem início uma quarta fase da 
transformação do Estado e dura até agora (a saber : 1º fase- feudal; 2º fase- 
estamental; 3º fase-Absoluto; 4º representativo). 
 
O Estado representativo se afirma, ao menos num primeiro tempo como 
resultado do compromisso entre o poder do príncipe (cuja legitimidade é a 
tradição) e o poder dos representantes do povos (cuja legitimidade é o 
consenso). A diferença do Estado representativo diante do Estado estamental 
está no fato de que a representação por categorias ou corporativa (estamentos) 
é substituída pela representação dos indivíduos singulares aos quais se 
reconhecem os direitos políticos. 
 
A última fase da sequência histórica há pouco descrita não exaure certamente 
a fenomenologia das formas de Estado hoje existentes, pelo contrário, dela 
escapam a maior parte dos Estados hoje constituem a comunidade 
internacional. Mesmo as ditaduras militares, os Estados dominados por 
oligarquias restritas não controladas democraticamente, os Estados despóticos 
governados por chefes irresponsáveis, todos prestam homenagem à 
democracia representativa, ou justificando o próprio poder como 
temporariamente necessário e superar um período transitório de anarquia, ou 
como imperfeita aplicação dos princípios sancionados por constituições 
solenemente aprovadas. Os Estados que escapam, inclusive em linha de 
princípio, da fase acima descrita, são os Estados socialistas, a começar do 
Estado-guia, a União Soviética. 
 
A análise dos Estados com partido único onipresente e onipotente, deu origem 
à figura do Estado total ou totalitário. Enfim, não se deve esquecer a 
interpretação de Estado soviético como despotismo oriental (Wittfogel) , seja a 
interpretação de despótica, à visão aristotélica (governante impera sobre os 
súditos assim como o senhor sobre seus escravos) ou a maquiaveliana (o 
principado governado por um príncipe onde todos os demais são servos). 
 Democracia representativa sistema multipartidário 
 Estados socialista sistema monopartidário 
 
No Estado totalitário toda a sociedade está resolvida no Estado, na 
organização do poder político que reúne em si o poder ideológico e econômico 
e representa um caso-limite, uma vez que o Estado em suas várias acepções, 
viu-se sempre diante do não-Estado na dupla dimensão da esfera religiosa e 
econômica. A presença do não-Estado, em uma das duas formas, ou nas duas, 
sempre constituiu limite de fato e de princípio, à expansão do Estado. E desta 
forma torna-se uma instituição com a qual o Estado deve sempre ajustar 
contas. 
A principal consequência do primado do não-Estado sobre o Estado, é portanto 
uma concepção meramente instrumental do Estado, caracterizando-se pelo 
poder coativo a serviço dos detentores de poder econômico. 
 
Do ponto de vista do Estado, as relações com o não-Estado variam segundo a 
maior ou menos expressão do primeiro em direção ao segundo. E sob este 
aspecto podem ser distinguidos dois tipos ideais: o Estado que assume as 
tarefas que o não-Estado na sua pretensão se superioridade reivindica para si, 
e o Estado indiferente neutro, desta concepção, surge na esfera religiosa a 
distinção entre Estado confessional, e Estado laico e na esfera econômica as 
figuras d Estado intervencionista e abstencionistas. 
 
Tanto a figura do Estado confessional como intervencionista assumem o papel 
de Estados eudemonológicos, isto é, que propõe como fim a felicidade dos 
seus próprios súditos. Por sua vez o Estado laico e abstencionista dão origem 
ao Estado liberal que se opõe polemicamente ao eudemonológico, e é pela 
esfera religiosa designada como Estado agnóstico, e também definido com 
Estado de direito, não tendo outro fim senão o de garantir juridicamente o 
desenvolvimento o mais autônomo possível das duas barreiras fronteiriças, ou 
seja, representa a mais larga expressão de liberdade religiosa e econômica e 
são consequências do movimento histórico iluminista, dando origem ao 
processo de secularização (emancipação religiosa) e liberalização 
(emancipação econômica). 
 
8. O Fim do Estado 
 
É conhecida a tese de Engels segundo a qual o Estado assim como teve uma 
origem, terá seu fim, na medida em que desaparecerem as causas que o 
produziram. 
 
A história do pensamento político está dividida pela contraposição entre 
concepção positiva e negativa do Estado. A concepção negativa representa um 
pressuposto do fim do Estado. A interpretação positiva que acredita no Estado 
como instituição favorável ao progresso civil, crer não no fim , mas não gradual 
extensão das instituições estatais até a formação do Estado universal 
(naturalmente está ideia corresponde a uma concepção negativa de não-
Estado). 
 
Existem duas concepções negativas do Estado: como mal necessário ou como 
mal não necessário e apenas a segunda conduz a ideia de fim do Estado. 
 
A concepção negativa do Estado como mal necessário divide-se sob duas 
formas: não-Estado-igreja e não-Estado-sociedade. A primeira é característica 
do primitivo pensamento cristão, em que o Estado se faz necessário pois a 
massa é perversa e de ser contida pelo medo .Para além da visão religiosa, a 
concepção negativa do Estado surge na corrente do pensamentopolítico 
realista. O Estado como um mal, mas necessário, nenhuma destas doutrinas 
desemboca no ideal de fim do Estado. Por isso, mesmo em sua negatividade, o 
Estado pode e deve continuar a sobreviver. 
A mais popular das teorias que sustentam a factibilidade ou mesmo o advento 
necessário de uma sociedade sem Estado é a marxiana (engelsina) em que o 
Estado nasce da divisão de classes contrapostas por efeito da divisão do 
trabalho, com o objetivo de manter o domínio da classe que está em cima, 
sobre a que esta embaixo, mas quando em seguida à conquista do poder por 
parte da classe universal, desaparece a sociedade dividida em classes, 
desaparece também a necessidade de Estado. 
 
Além desta pode-se enumerar pelo menos três teorias: a que se refere à 
sociedade sem Estado de origem religiosa, pregando o retorno às fontes 
evangélicas, a uma da não violência e da fraternidade universal, afirmando que 
uma comunidade que vive em conformidade com preceitos evangélicos, não 
precisa de instituições políticas. Além desta apresenta-se a concepção 
tecnocrática, segundo a qual na sociedade industrial, não será mais 
necessário a espada de César, e esta muito ligada ao messianismo, segundo a 
qual uma sociedade sem Estado, não é pensável prescindindo-se esta ideia. E 
por fim o ideal de sociedade sem Estado que deu origem a uma verdadeira 
corrente de pensamento político, o anarquismo levando as últimas 
consequências o ideal da libertação do homem de toda forma de autoridade, e 
vendo o Estado o máximo instrumento de opressão do homem sobre o homem, 
sonha por isso com uma sociedade sem Estado nem leis, fundada na 
espontaneidade da cooperação voluntária dos homens que seriam livres entre 
si.

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