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ESTUDOS DE CASOS INTERNACIONAIS DO SETOR DE TURISMO ESPANHA

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ESTUDOS DA COMPETITIVIDADE 
DO TURISMO BRASILEIRO
ESTUDOS DE CASOS INTERNACIONAIS DO SETOR DE TURISMO: ESPANHA
PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Luiz Inácio Lula da Silva
MINISTRO DO TURISMO
Walfrido dos Mares Guia
SECRETÁRIO EXECUTIVO
Márcio Favilla Lucca de Paula
SECRETÁRIA NACIONAL DE PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO
Maria Luisa Campos Machado Leal
SECRETÁRIO NACIONAL DE POLÍTICAS DE TURISMO
Airton Nogueira Pereira Junior
DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Pedro Gabriel Wendler
COORDENAÇÃO-GERAL DE RELAÇÕES MULTILATERAIS
Fernanda Maciel Mamar Aragão Carneiro
COORDENAÇÃO-GERAL DE RELAÇÕES SUL-AMERICANAS
Patric Krahl
GESTÃO TÉCNICA
Adriane Correia de Souza
Camila de Moraes Tiussu
Clarice Mosele
CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS
Lucia Carvalho Pinto de Melo
Presidenta
Lélio Fellows Filho
Chefe da Assessoria Técnica
COORDENADORES RESPONSÁVEIS
Luciano Coutinho
Fernando Sarti
Universidade de Campinas - NEIT/UNICAMP
APRESENTAÇÃO 
 
 
Nos últimos quatro anos, o turismo brasileiro vem respondendo aos desafios 
representados pelas metas do Plano Nacional do Turismo. Governo Federal, 
empresários, terceiro setor, estados e municípios trabalharam juntos para colocar em 
prática uma nova política para o turismo. Pela primeira vez na história, o turismo 
tornou-se prioridade de Governo, com resultados positivos para a economia e o 
desenvolvimento social do País. 
 
O Ministério do Turismo contabiliza muitas vitórias conquistadas: a ampliação da oferta 
de roteiros turísticos de qualidade; aumento dos desembarques nacionais; incremento 
no número de estrangeiros visitando o País; aumento dos investimentos diretos; 
elevação na entrada de divisas e geração de renda e empregos para os brasileiros. 
 
No entanto, algumas reflexões se impõem sobre o futuro do turismo brasileiro. Um 
mundo cada vez mais dinâmico e competitivo e as transformações da economia 
mundial trazem novas e desafiadoras exigências para todos, sem exceção. Dentre 
elas, a de que é necessário assegurar os interesses nacionais e um desenvolvimento 
sustentado e sustentável. Como fazer isso em longo prazo? E mais: qual o padrão de 
concorrência vigente no mercado internacional; qual estratégia o turismo brasileiro 
deve assumir para competir; qual o melhor modelo de desenvolvimento para o turismo 
no País; quais as oportunidades estão colocadas para as empresas brasileiras e, ao 
mesmo tempo, que ameaças existem para elas nesse mercado? Finalmente, o desafio 
maior: como promover uma inserção ativa e competitiva do turismo brasileiro na 
economia mundial? 
 
Buscando analisar esse cenário e encontrar respostas aos desafios que ele coloca, o 
Ministério do Turismo realizou um trabalho junto com o Centro de Gestão e Estudos 
Estratégicos (CGEE), que resultou neste rico material. Os Estudos de Competitividade 
e Estratégia Comercial reúnem o trabalho de grandes especialistas de vários centros 
de pesquisa do Brasil. 
 
Os Estudos foram idealizados com o objetivo de incentivar o debate sobre os rumos 
do turismo brasileiro, considerando seus principais aspectos e segmentos. O Brasil é 
aqui comparado com casos internacionais de sucesso para fazer face aos desafios 
que se põem: as novas tecnologias, as alianças estratégicas, fusões, aquisições e o 
processo de concentração, o fortalecimento e a internacionalização de nossas 
empresas, a sustentabilidade ambiental e a preservação das culturas locais. 
 
O Ministério do Turismo convida todos os agentes do setor a uma ampla discussão 
para a construção coletiva e democrática de um futuro Programa de Competitividade 
Para o Turismo Brasileiro. As bases para este futuro sustentado estão aqui, nestes 
Estudos de Competitividade e Estratégia Comercial para o Turismo. 
 
 
Walfrido dos Mares Guia 
Ministro do Turismo 
 
 
 
 
 
 
 
 
NOTA: 
 
O presente documento é propriedade do Governo Federal e é 
disponibilizado gratuitamente para avaliação dos profissionais do turismo 
brasileiro. Seu objetivo é ampliar o debate nacional sobre o futuro do 
setor, assim como de fomentar a pesquisa nesse campo do 
conhecimento, consistindo numa versão preliminar, que deverá sofrer 
alterações ao longo do primeiro semestre de 2007, incorporando 
sugestões e críticas a partir de debates com agentes selecionados do 
turismo brasileiro. Seu conteúdo não representa a posição oficial do 
Ministério do Turismo, sendo de inteira responsabilidade de seus autores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estudos de Casos Internacionais do Setor de Turismo: 
Espanha 
 
Anna Ozorio de Almeida
 
 
 A autora agradece ao Sr. Carlos Calvo del Molino, do Centro de Documentación Turística de España, pelo 
fornecimento de grande parte do material necessário à realização deste trabalho. 
Índice 
 
1) Introdução e Objetivos.....................................................................................................................2 
2) Características Gerais do Setor de Turismo na Espanha .................................................................3 
2.1.) Dimensão macroeconômica do setor turístico espanhol..........................................................3 
2.2) Perfil do emprego no setor turístico espanhol ..........................................................................7 
2.3) Dimensão cultural do turismo espanhol ...................................................................................9 
3) Análise do Fluxo de Demanda Internacional de Turistas..............................................................12 
4) A Importância do Turismo Doméstico ..........................................................................................16 
5) Perfil dos Destinos Turísticos na Espanha.....................................................................................19 
6) Características Gerais da Cadeia Produtiva...................................................................................23 
6.1) A internacionalização do setor hoteleiro espanhol .................................................................25 
6.2) Companhias aéreas de baixo custo no mercado espanhol ......................................................28 
7) Evolução Institucional e Política Turística na Espanha.................................................................29 
7.1) Estrutura institucional e política turística espanhola (1978-2000) .........................................29 
7.2) O Plano Integral de Qualidade do Turismo Espanhol (PICTE 2000) ....................................33 
8) Análise da Capacidade Competitiva do Setor de Turismo na Espanha e Indicações para o Caso 
Brasileiro............................................................................................................................................40 
9) Bibliografia Utilizada ....................................................................................................................43 
 
 
 2
 
 
1) Introdução e Objetivos 
No ano 2005 a Espanha recebeu 55,6 milhões de turistas internacionais. O turismo receptor 
espanhol registrou um aumento de 6,0% em relação a 2004, perante um crescimento de 5,5% do 
turismo internacional e 4,3% do turismo receptor europeu. A Espanha é o posto de segundo país 
receptor de turismo internacional, com um aumento de quase 50% no número de turistas no período 
entre 1997 e 2005. No período entre fevereiro e setembro de 2005, os espanhóis realizaram 111,8 
milhões de viagens, das quais 93,4% no interior do território nacional1. 
Estima-se que em 2005 o turismo tenha sido responsável pel geração de cerca de 2,5 milhões de 
empregos, com uma taxa de crescimento de 4,8% em relação a 2004. 
Estas cifrasmostram porque a Espanha se impõe como caso de particular interesse no estudo dos 
determinantes da competitividade de um país nesta fase de expansão do mercado turístico 
internacional que é, ao mesmo tempo, marcada por um acirramento das condições de concorrência. 
O objetivo deste trabalho é identificar os determinantes do dinamismo do turismo espanhol com a 
finalidade de contribuir para a análise da evolução recente, potencial e fragilidades do setor turístico 
brasileiro. A pesquisa irá concentrar-se no turismo interior espanhol, ou seja, no turismo realizado 
por turistas internacionais e espanhóis no interior do território nacional, visto que o turismo 
efetuado por espanhóis no exterior (turismo emissivo) apresenta escassa importância do ponto de 
vista de geração de emprego e renda para o país. 
A pesquisa está organizada em oito seções. Após esta introdução, a seção 2 traça um quadro geral 
do setor turístico espanhol do ponto de vista macroeconômico, cultural e da geração de emprego. As 
seções 3 e 4 ilustram os principais traços da demanda turística internacional e doméstica. A seção 5 
caracteriza a oferta turística do ponto de vista dos principais destinos turísticos espanhóis. A seção 6 
apresenta as características gerais da cadeia produtiva, através da análise da conta de produção dos 
ramos de atividade característicos e da análise do padrão de concorrência nos principais setores. A 
seção 7 apresenta os principais traços da política turística espanhola. Por fim, a seção 8 discute as 
principais fragilidades e vantagens competitivas do setor turístico espanhol e aponta algumas lições 
para o caso brasileiro. 
 
 
1 IET (2005) Balance del Turismo en España 2005. 
 3
 
2) Características Gerais do Setor de Turismo na Espanha 
Nesta seção procurar-se efetuar uma caracterização geral do setor turístico espanhol. Em um 
primeiro momento se delinea a contribuição do setor para a geração de renda, emprego e divisas. 
Seguem uma breve análise do perfil do emprego gerado pela atividade turística na Espanha e um 
quadro dos fluxos turísticos gerados pelo patrimônio cultural espanhol. Nesta seção e nas seguintes, 
a pesquisa se concentrará no ano de 2004 e nos anos precedentes, apresentando os dados relativos a 
2005 apenas quando estes estiverem disponíveis. 
A Espanha é uma monarquia constitucional que viveu um longo período de ditadura, iniciado com a 
Guerra Civil em 1936. Em 1975, com a morte do General Franco, iniciou-se a transição para a 
democracia, que foi marcada por um intenso processo de descentralização que conferiu amplos 
poderes às regiões, ou Comunidades Autônomas. 
Desde 1986, a Espanha é membro do Mercado Comum Europeu e, a partir de 1992, da União 
Européia. Com a entrada no Mercado Comum e o acesso aos diferentes fundos estruturais europeus, 
a Espanha viveu um período de elevadas taxas de crescimento econômico. Em 2002, a Espanha foi 
um dos países europeus que participaram na adoção da moeda comum, o Euro. 
O país tinha possui atualmente 43,4 milhões de habitantes, e tem sido nos últimos anos investido 
por um significativo fluxo migratório que parte do Norte da África e da América Latina. 
A Espanha possui um clima ameno e, dada sua posição peninsular, possui um litoral de quase 4.000 
km, banhado pelo Mediterrâneo a leste e pelo Atlântico ao norte e oeste. O país é um importante 
produtor de cereais, batatas, videiras, oliveiras (é um dos maiores produtores mundiais de azeite) e 
frutas cítricas. Possui muitos recursos minerais: carvão, gás natural, minério de ferro, zinco. Entre 
os setores industriais se destacam os setores têxtil, alimentar, siderúrgico, metalúrgico e mecânico. 
Entre os serviços, que respondem por cerca de 63% do PNB, se sobressaem os ramos de atividade 
característicos do turismo2. 
 
2.1.) Dimensão macroeconômica do setor turístico espanhol 
A Tabela 1 abaixo mostra a contribuição do setor turístico à economia espanhola. Os dados 
relativos aos anos de 2000- 2004 mostram uma taxa de crescimento do setor turístico menos 
impressionantes do que os dados do ano 2005 apresentados na Introdução deste trabalho. A 
 
2 De Agostini, Atlante Geográfico (2001). 
participação do setor turístico no PIB espanhol permaneceu estável no período 2000-2004, e o 
componente mais dinâmico do setor não foi o turismo receptor e sim o turismo doméstico. 
 4
 
 dinamismo do turismo efetuado pelas famílias espanholas é confirmado pela Tabela 2, abaixo, 
2000 2001* 2002* 2003* 2004*
Preços correntes: milhões de euros
Turismo receptor 36.414,5 38.565,6 38.204,5 39.619,6 41.346,3
Outros componentes do turismo 36.573,8 39.526,6 43.078,4 46.363,5 50.642,4
Total 72.988,3 78.092,2 81.282,9 85.983,1 91.988,7
Porcentagem do PIB
Turismo receptor 5,8 5,7 5,2 5,1 4,9
Otros componentes del turismo 5,8 5,8 6,0 5,9 6,1
Total 11,6 11,5 11,2 11,0 11,0
Preços constantes (ano 2000= 100) 
Turismo receptor 100,0 101,5 96,8 97,3 97,9
Outros componentes do turismo 100,0 102,6 104,4 106,1 109,9
Total 100,0 101,5 100,1 101,2 103,4
*Dados provisórios
Fonte: Instituto Nacional de Estadística
Tabela 1- Contribuição do turismo à economia espanhola
 
O
que mostra como o saldo dos fluxos turísticos da Espanha com o Resto do Mundo, em preços 
correntes, permaneceu quase constante no período, graças a um incremento do turismo emissor 
proporcionalmente superior ao do turismo receptor. A preços constantes, houve uma ligeira redução 
do saldo dos fluxos turísticos como porcentagem do PIB. 
 
2000 2001* 2002* 2003* 2004*
Preços correntes: milhões de euros
 Turismo receptor 36.415 38.566 38.205 39.620 41.346
 Turismo emissor 9.789 11.019 11.433 11.625 13.671
 Saldo 26.626 27.547 26.772 27.995 27.675
Preços correntes: porcentagem do PIB
 Turismo receptor 5,8 5,7 5,2 5,1 4,9
 Turismo emissor 1,6 1,6 1,6 1,5 1,6
 Saldo 4,2 4,1 3,7 3,6 3,3
Preços constantes: ano 2000 = 100
 Turismo receptor 100 101,5 96,8 97,3 97,9
 Turismo emissor 100 109 110,6 111,4 128,3
 Saldo 100 98,7 96,1 101 99,3
*Dados provisórios
Fonte: Instituto Nacional de Estadística
Tabela 2- Saldo dos Fluxos Turísticos da Espanha com o Resto do Mundo
 
Uma explicação para a ausência de uma contribuiçao mais marcada do setor turístico ao PIB 
espanhol parecer ser o próprio movimento da economia espanhola, que registrou taxas de 
crescimento impressionantes no período. Como mostra o Gráfico 1, abaixo, a Espanha apresentou, 
por toda a década 1994-2004, taxas de crescimento significativamente acima da média da atual 
Área Euro e mesmo da OCDE. 
Gráfico 1- Taxa de Crescimento Real do PIB Espanhol
1995=100
100,0
110,0
120,0
130,0
140,0
150,0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Espanha
Area Euro
OCDE total1
 5
(1) Exceto Polônia, Hungária, República Checa e República Eslovaca. 
Fonte: OCDE 
 
O Gráfico 2, abaixo, mostra a evolução do emprego no setor turístico espanhol vis-à-vis o emprego 
total na economia espanhola. Na primeira metade da década, a expansão do emprego no setor 
turístico é claramente superior à média da economia espanhola. Existe um claro movimento de 
inflexão a partir do ano 2001, o que pode indicar que o arrefecimento das taxas de crescimento do 
setor, e sobretudo do turismo receptor, estão associadas antes às mudanças do panorama político 
internacional depois do 11 de setembro e ao seu impacto sobre os fluxos turísticos internacionais 
que a fatores internos à economia espanhola. 
Gráfico 2- Taxas de Crescimento do Emprego Turistico e do Emprego Total
1995-2004
130
140
150
Emprego Total
Emprego Turístico
100
110
120
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
 6
l do TurismoOs resultados positivos obtidos no ano 2005 podem ser interpretados como uma superação, do 
ponto de vista do setor turístico espanhol, do declínio relativo do turismo internacional associado 
aos eventos desencadeados pelo 11 de setembro, e que incluíram, em 2004, um ataque terrorista no 
próprio território espanhol. O desempenho do turismo receptor espanhol em 2005 parece indicar 
que o setor turístico daquele país está bem posicionado para se beneficiar dessa retomada. 
Com respeito à contribuição do setor turístico à dinâmica da economia espanhola, cabe ainda notar 
que, segundo a Conta Satélite de Turismo da Espanha para o ano 2000, a relação entre o impacto 
direto e indireto do turismo é de cerca de 1,63. Em outras palavras, para cada euro de renda gerado 
Fonte: Instituto Nacional de Estadística e Organização Mundia
 7
nas atividades específicas do turismo, o setor gera 0,7 euros adicionais de efeitos indiretos: o gasto 
induzido em ramos de atividade não características do turismo. 
2.2) Perfil do emprego no setor turístico espanhol 
Os dados anuais mais recentes sobre o perfil do emprego gerado no setor turístico espanhol se 
referem ao ano 2005. Durante aquele ano o número médio de ativos na indústria turística foi de 
aproximadamente 2.514.677, 1,4% a mais que 2004. No mesmo período, o número médio de 
ocupados em atividades características do turismo foi de 2.345.515 indivíduos, com uma taxa de 
crescimento de 4,8% em relação a 2004. 
Entre os ativos, o número médio de assalariados cresceu 5,5% em relação a 2004, alcançando a 
cifra de 1.763.694 trabalhadores, equivalente a 75,3% dos ocupados em atividades características do 
setor turístico. Em relação ao restante da economia, os assalariados do setor turístico representam 
17,2% dos assalariados do setor de serviços e 11,4% dos assalariados a nível nacional3. 
Quanto à distribuição por ramos de atividade, mais da metade (55%) do trabalho assalariado do 
setor turístico estava empregado no assim chamado setor HORECA (Hotéis, Cafés e Restaurantes), 
5% do total. Ainda não estão disponíveis os 
ados sobre a distribuição do trabalho assalariado nos setores restantes, mas dados relativos ao ano 
3,6% das 
o que se refere à distribuição dos 
 meio período: enquanto 9 em cada 10 homens 
5
com o setor de restaurantes e cafés respondendo por 38, 
d
2003 mostram que o terceiro setor gerados de emprego é o de transportes. Naquele ano, os setores 
HORECA e transporte responderam, juntos, por 80% do total do emprego assalariado nas 
atividades características do turismo (50% e 30% respectivamente)4. 
No ano 2005, aproximadamente 60% dos assalariados da indústria turística possuía um contrato a 
tempo indeterminado. A precariedade afeta sobretudo os trabalhadores de sexo feminino: 4
mulheres possuía um contrato a tempo determinado, contra somente 30,9% dos homens. O setor 
que apresentou maior incidência de contratos a tempo determinado é o de cafés e restaurantes: 
48,1% das mulheres e 39,9% dos homens, entre os assalariados do setor, apresentava um contrato 
desse tipo. 
Uma diferença significativa de gênero se encontra também n
assalariados entre contratos a período integral e a
possuía um contrato a período integral, para as mulheres essa proporção se reduzia a 70% . 
 
3 IET (2005) Balance del Turismo en España 2005. 
4 Guardia, T. (2004) The Labour Market in the Tourism Industry. 
5 IET (2005) Balance del Turismo en España 2005. 
 8
 indústria turística espanhola, 
ro ponto se refere à distribuição por gênero dos assalariados da indústria turística 
espanhola. Em 2003, a porcentagem de trabalhadores de sexo masculino era de 60% do total dos 
(ou Comunidades Autônomas). O maior coeficiente de sazonalidade é apresentado pelas Ilhas 
Os trabalhadores por conta própria representaram, no ano 2005, 24,7% do total de ocupados na 
indústria turística, com um incremento de 3,1% em relação ao ano anterior. A maior concentração 
de autônomos se encontra no setor de cafés e restaurantes: 36,4% dos homens e 24,9% das mulheres 
ocupados nesta atividade eram trabalhadores por conta própria. 
No período em análise, 15,8% dos ocupados da indústria turística, por um total de 371.009 
trabalhadores, era de nacionalidade extrangeira. Isto significa que 2 em cada 10 extrangeiros 
ocupados do mercado de trabalho espanhol encontraram ocupação na indústria turística. O setor de 
cafés e restaurantes foi o que ofereceu ocupação ao maior número de trabalhadores de origem 
estrangeira: 62,7% dos estrangeiros ocupados em atividades típicas do turismo se encontrava neste 
setor, seguido com uma distância significativa pelo setor hoteleiro (14,5%). 
No que se refere à origem dos trabalhadores estrangeiros ocupados na
cerca de metade era oriunda da América Latina e outros 40% tinham origem européia, com forte 
presença de europeus do Leste6. 
Dados relativos ao ano 20037 permitem aprofundar alguns aspectos do perfil do emprego na 
indústria turística espanhola que não são evidenciados pelos dados mais recentes. 
Um primei
assalariados na indústria turística. Esse viés se deve, em grande parte, ao fato de que quase metade 
dos trabalhadores de sexo masculino está empregada no setor de transportes, que tem grande peso 
no total do emprego turístico. 
Um outro aspecto se refere à idade dos assalariados do setor turístico, que é relativamente baixa: 
62% tem menos de 40 anos. Quanto ao grau de escolaridade, o nível prevalente é o médio: mais da 
metade dos empregados no setor tem nível de educação secundária, seguido por trabalhadores com 
somente educação primária (21%). 
Um último tema que deve ser comentado diz respeito ao caráter sazonal do emprego turístico. É 
importante notar que o setor de hotéis é o que apresenta maior grau de oscilação sazonal do 
emprego, enquanto restaurantes, cafés e agências de viagem apresentam coeficientes de 
sazonalidade bastante inferiores. Estes coeficientes variam também, sensivelmente, entre regiões 
 
6 IET (2005) Balance del Turismo en España 2005. 
7 Guardia, T. (2004). 
 9
variedade nos graus de 
firmado um fluxo turístico associado ao conhecimento e desfrute 
tepassados” a uma concepção muito mais ampla e dinâmica de 
Em outras palavras, o conceito corrente de patrimônio cultural possui limites mais fluídos que o 
 atrativos de diferentes categorias na criação de uma 
oferta variada. E’ o caso, por exemplo, dos circuitos de cidades, onde o patrimônio cultural 
plesmente um valor agregado à imagem 
do destino, de diferenciação em relação aos competidores. 
 
Baleares, enquanto os mais baixos pelas Comunidades Autônomas de Madrí e pelas Ilhas Canárias. 
A variação nos coeficientes de sazonalidade do emprego é determinada pela 
sazonalidade do turismo e de pressão turística (número de turistas por habitante) entre as regiões. 
2.3) Dimensão cultural do turismo espanhol 
E’ na última década que se tem a
da cultura e do patrimônio histórico espanhóis. Todavia, o volume exato deste fluxo é de dificil 
quantificação, por vários motivos. 
A crescente importância do turismo cultural mundial tem sido acompanhada por um debate sobre o 
significado do termo patrimônio cultural, para melhor compreender e por seguinte administrar a 
relação entre turismo e cultura. A acepção do termo “patrimônio cultural” tem evoluído 
consideravelmente nos últimos anos de um conceito estático de patrimônio como “os monumentos 
que o país herdou de seus an
patrimônio como: 
“o conjunto de criações que emanam de uma comunidade cultural fundadas na tradição […] suas 
formas compreendem, entre outras, alíngua, a literatura, a música, a dança, os jogos, a mitologia, 
os ritos, os costumes, o artesanato, a arquitetura e outras artes”8. 
original e que abarca, entre outras, a produção artística atual. Fica claro então que a definição de 
patrimônio cultural torna dificíl quantificar o turismo que tem como objetivo desfrutar esse 
patrimônio. 
Um outro motivo que rende complexa essa quantificação é que apenas uma parte dos turistas que 
usufruem deste patrimônio têm na cultura a motivação primária de sua viagem. Ibarra (2001) 
enumera as três funções que a oferta cultural pode cumprir desde uma perspectiva turística: 
x Motivação principal de uma viagem; 
x Um recurso que complementa outros
desempenha papel central mas não único na motivação da viagem; 
x Um papel secundário em que o patrimônio gera sim
 
lisis de la Oferta de Turismo Cultural en España”, p. 17. Tradução 8UNESCO 1998, citado em Ibarra, J.G. (2001) “Aná
livre. 
 10
, 16,7% (7,3 milhões de visitantes) declarou viajar em Espanha por motivos 
o interior dessa categoria, 15,8% dos turistas (4,5 milhões) declararam visitas culturais 
como motivação da viagem. Também neste caso, uma percentual significativamente superior 
extremamente rico e variado. A 
Espanha possui trinta e seis bens declarados como Patrimônio da Humanidade, e cerca de 13 mil 
s são a Catedral Sagrada 
Família de Barcelona, a cidade de Toledo, nos arredores de Madrí, e a Alhambra da cidade de 
O Museu do Prado em Madrí recebeu, em 2005, 1,9 milhões de visitantes, dos quais 67,7% 
cia dos visitantes: 61,4% era não-residente na 
 
Efetuadas as qualificações acima, é possível apresentar alguns dados que permitem ilustrar a 
importância do turismo cultural na Espanha. 
A análise do turismo cultural pelo lado da demanda aponta a importância desse segmento para o 
caso espanhol. No ano 2004, o país recebeu 53,6 milhões de visitantes internacionais, dos quais 
81,8% declarou recreio e descanso como principais motivações da viagem. Dentre esses 43,8 
milhões de turistas
culturais. No entanto, mais de 54% dos turistas declarou haver realizado atividades culturais em sua 
estadia9. 
No que se refere ao turismo cultural doméstico, encontram-se cifras que, grosso modo, se 
assemelham às apresentadas pelo turismo receptor. No ano 2004 os espanhóis realizaram 42,5 
milhões de viagens turísticas domésticas10. Deste total, 68,1% foram motivadas por recreio e 
descanso e, n
(37,3% ou cerca de 11 milhões de turistas) declarou ter realizado atividades culturais durante sua 
estadia no país11. 
Do ponto de vista da oferta, o patrimônio cultural espanhol é 
Bens de Interesse Cultural. 
Do ponto de vista da atração de turistas, os monumentos mais importante
Granada. No ano de 2004, cada um destes monumentos recebeu cerca de 2 milhões de visitantes. 
visitaram a coleção permanente e o restante alguma das mostras temporárias do Museu. Neste caso, 
existem dados que permitem especificar a procedên
Espanha12. 
O Museu Guggenheim, inaugurado em 1997 como elemento integrante de uma estratégia para 
contrastar o declínio industrial da região de Bilbao, recebeu em 2004 cerca de 900 mil visitantes, 
 
9 IET (2004) Movimientos Turísticos en Fronteras (Frontur). 
10 Veja-se nota de rodapé 24 para definição de viagens turísticas domésticas. 
(2005) El Museo del Prado en Cifras. 
11 IET (2004) Movimientos Turísticos de los Españoles (Familitur). 
12 IET 
 11
asco cerca de 90 milhões de euros, o mesmo que as instituições Bascas haviam investido 
13
nte notar a crescente atenção dedicada pelo país aos aspectos nocivos do turismo 
onumentos ao público e a afluência sem controle a outros, a Espanha 
a 
ém mostras temporárias, seminários sobre a pré-história e um centro internacional de 
pesquisa, gerou um efeito multiplicador na promoção da rede de cavernas de arte rupestre da 
Granada, onde há quase dez anos existem limitações ao acesso ao Palacio 
um importante papel as mostras temporárias e a criação de sistemas unificados de reservas 
as15. 
dos quais mais de 60% originários do exterior. Em pouco mais de 3 anos, o Museu gerou para o 
Governo B
em sua realização . 
No interior da categoria de turismo cultural cabe também menção ao turismo religioso na Espanha. 
Não obstante as dificuldades de quantificação, alguns dados pontuais permitem intuir a importância 
desta categoria turística. A Semana Santa em Sevilha atrái, cada ano, cerca de 300 mil visitantes a 
uma cidade de cerca de 700 mil habitantes. E o Caminho de Santiago é anualmente percorrido por 
quase 100 mil peregrinos que atravessam uma das regiões menos desenvolvidas do país, a Galícia. 
Por fim, é importa
cultural, visto que “a riqueza que gera tem como contrapartida os danos, físicos e de apreciação 
estética, que a presença massiva de turistas provoca no patrimônio cultural”14. Oscilando entre o 
fechamento total de certos m
vem experimentando soluções alternativas que têm dado bons resultados, como: 
x A criação de cópias de monumentos. E’ o caso das Covas de Altamira, na Cantábria, uma 
série de cavernas repletas de arte rupestre paleolítica tombadas como patrimônio d
humanidade. O efeito nocivo que a afluência de visitantes poderia haver sobre as pinturas 
levou as autoridades culturais (centrais e regionais) a criarem um facsímile, a “Neocueva de 
Altamira”, no interior do Museu local. Segundo os responsáveis, o Museu, que hospeda 
tamb
região, que recebeu 275 mil visitantes em 2004; 
x Outra possibilidade consiste na criação de circuitos que procuram reduzir a afluência a 
monumentos de alta visibilidade e canalizá-la a objetivos menos conhecidos. E’ o caso da 
Alhambra de 
Nazaríes, considerado a parte mais delicata do monumento. Esta solução está também sendo 
estudada para canalizar a demanda pelo Museu do Prado, em Madrí, para outros museus 
como o Reina Sofia e o Thyssen, através da criação de um Paseo del Arte. Neste caso jogam 
que permitam aos visitantes evitar longas fil
 
13 El País (2005) "Los Desafios del Patrimonio Histórico", 23 de maio. 
14 El País (2005). Tradução livre. 
15 El País (2005). 
 12
 
 às do turismo 
 Comunidade de Madrí, nesta ordem. O 
Gráfico 3 abaixo mostra a distribuição do turismo espanhol entre as principais Comunidades 
 
 
3) Análise do Fluxo de Demanda Internacional de Turistas 
Esta seção visa analisar a demanda internacional pelo turismo espanhol do ponto de vista 
quantitativo e qualitativo. 
A publicação Movimientos Turísticos en Fronteras (Frontur), elaborada pelo Instituto de Estudios 
Turísticos, classifica os visitantes internacionais que chegam à Espanha como turistas ou 
excursionistas, sendo que os últimos não chegam a pernoitar em solo espanhol. 
De acordo com Frontur 2004, naquele ano o país recebeu 85,7 milhões de visitantes internacionais, 
fluxo que registrou um aumento de 4,6% em relação a 2003. Deste total, 53,6 milhões foram 
turistas, e o restante, excursionistas. 
O fluxo de turistas registrou um aumento anual de 3,4%. No ano de 2004, assim como nos 
anteriores, verificou-se uma forte concentração geográfica tanto de mercados emissores como de 
comunidades de destino. 
O Reino Unido é o principal mercado emissor do turismo espanhol respondendo, em 2004, por 16,4 
milhões de turistas, ou quase um em cada três turistas internacionais recebidos pela Espanha. 
Contudo, nos últimos anos o turismo britânico vem crescendo a taxas inferiores
receptor espanhol. 
Em segundo lugar vem o turismo alemão, que com 10 milhões de visitantes em 2004 respondeu por 
cerca de 18, 7% do total. A França não apenas ocupa o posto de terceiro mercado emissor,com 7,5 
milhões de turistas, como constitui o principal mercado emissor de excursionistas, respondendo por 
cerca de 20 milhões em 200416. 
Os destinos preferidos dos turistas internacionais se localizaram, em 90,6% dos casos, em apenas 
seis (de um total de dezessete) Comunidades Autônomas de destino: Catalunha, Ilhas Canárias, 
Ilhas Baleares, Andaluzia, Comunidade Valenciana, e
Autônomas de destino. 
 
16 Frontur 2004. 
Gráfico 3- Turismo internacional por CA de destino
 13
azonalização do turismo. Em 2004 as chegadas no primeiro e no 
último trimestre do ano cresceram de 5,4% e 10% respectivamente, em relação ao ano anterior, 
 quase um terço em companhias aéreas de baixo custo17. Em segundo lugar 
encontra-se o transporte rodoviário, que responde por 22,6% do total. Os mercados francês e 
português respondem por cerca de 57% do total de chegadas por este meio18. 
Quanto à forma de organização da viagem, predominam os turistas que não contratam pacotes 
turísticos (57,2%). Além do mais, a possibilidade de organizar viagens através da internet e de 
companhias aéreas de baixo custo tem se associado a uma clara tendência de redução dos turistas 
que contratam pacotes turísticos em relação ao total. Em 2004, o turismo receptor organizado sofreu 
uma redução de 5,5%, frente a um aumento de 11% nas viagens sem pacote. 
 
Fonte: Frontur 2004 
As chegadas de turistas internacionais ao longo do ano apresentam um caráter claramente sazonal, 
visto que estão concentradas no período do verão europeu (julho a setembro). Contudo, vem se 
registrando uma tendência à dess
frente a um aumento de apenas 1,4% das chegadas na alta estação. 
No que diz respeito às vias de acesso à Espanha, a maior parte das chegadas de turistas 
internacionais se dá por via aérea. No ano 2004, 71,9% do total (38,5 milhões de turistas) chegaram 
ao país de avião, e destes
 
17 O item 6.2 aprofunda a análise do fluxo de passageiros transportados por CBCs. 
18 Frontur 2004. 
Outras CCAA
7%
Catalunha
25%
Comunidade de Valencia
Comunidade de Madri
6%
Castilha e Leon
2%
9%
Ilhas Canarias
Andaluzia
14%
19%
Ilhas Baleares
18%
 14
Em 2004, 37,5% dos turistas que visitaram a Espanha utilizaram a internet para consultar, reservar 
ou pagar algum serviço relacionado à viagem, sobretudo no que diz respeito ao transporte. Os 
turistas originários de mercados intercontinentais, basicamente Estados Unidos e Canadá, 
apresentam uma taxa de utilização da internet para organizar a viagem significativamente superior à 
média (62%)19. Entre os europeus, os principais mercados emissores apresentam taxas de utilização 
de internet superiores à média. No caso do mercado britânico, principal mercado emissor do turismo 
espanhol, 42,1% dos turistas efetuaram consultas através da internet, 32,1% efetuaram reservas e 
29,% efetuaram pagamentos relacionados à viagem20. 
A grande maioria dos turistas que chegaram à Espanha em 2004, 63,9%, se hospedaram em hotéis, 
entre os quais se destacaram os hotéis a 3 e 4 estrelas (31,6% e 31,1% respectivamente do total de 
turistas hospedados em hotéis). Naquele ano, o fluxo de turistas que se hospedou em hotéis 
registrou um aumento de 2,1%, frente ao aumento de 5,5% do fluxo de turistas que optou por outros 
tipos de acomodação. Estas cifras reforçam uma tendência à queda da participação da demanda por 
ira na demanda total por alojamento turístico. Registrou-se forte demanda por 
em suas características gerais: 
l mento escolhido. Em 
acomodação hotele
apart-hotéis ou apartamentos turísticos com serviços de hotel, que absorveram 18,4% do total de 
turistas internacionais que chegaram ao país. 
À margem do setor hoteleiro se sobressai a hospedagem gratuita (própria ou de familiares ou 
amigos), que alojou 57,8% dos turistas que não foram absorvidos pelo setor hoteleiro. Este coletivo, 
de grande importância numérica, apresenta certa homogeneidade 
períodos de estadia consideravelmente superiores à média do conjunto dos turistas, elevado grau de 
repetição das viagens, e idade mais avançada que a média. Em seguida vêm as habitações alugadas, 
tanto diretamente como através de agências. Esta forma de alojamento absorveu 22,2% dos turistas 
que não se hospedaram no setor hoteleiro. 
As estadias médias variaram consideravelmente de acordo com o tipo de a oja
2004 os turistas alojados em hotéis tiveram uma estadia média de 8 dias, enquanto os turistas que 
optaram por alojamentos extra-hoteleiros permaneceram em média 15,5 dias21. 
 
19 Em média, 37,5% dos turistas utilizaram a rede para efetuar consultas relacionadas à viagem, 23,3% para reservar 
algum dos serviços da viagem e 19,8% efetuou pagamentos destes serviços. No que se refere aos EUA estas percentuais 
são: 62% efetuaram consultas, 34% efetuam reservas (39% no caso do Canadá) e 29% efetuaram pagamentos (35% no 
caso do Canadá). 
20 Frontur 2004. 
21 Frontur 2004. 
 15
aluzia e Madrí22. 
vel de satisfação dos visitantes por destino ou 
mercado emissor. 
No que se refere ao principal motivo declarado para justificar a visita à Espanha em 2004, 81,8% 
dos turistas entrevistados afirmaram ter efetuado a visita por motivos de recreio e descanso, 7,7% 
por trabalho/ negócios e 6,7% por motivos pessoais. No interior do primeiro grupo, 78% declarou 
ter como objetivo descanso na praia ou no campo, enquanto 16,7% declarou ter o turismo cultural 
como objetivo central da viagem. 
De um modo geral, os turistas que realizam atividades culturais se alojam em hotéis, com estadias 
médias de uma semana. São turistas com estudos superiores, que viajam sem contratar pacote 
turístico e cujos destinos preferidos são Catalunha, And
Quanto às características sócio-econômicas dos turistas que visitaram a Espanha em 2004, a faixa 
etária mais relevante é a dos 25 aos 44 anos (43,6% do total). Quase dois terços dos turistas (63,8%) 
declarou pertencer a um nível médio de renda, e mais da metade (55,3%) era constituída de 
trabalhadores assalariados. Por fim, 88,9% dos turistas havia realizado ao menos estudos 
secundários, e 42,7% havia realizado estudos superiores. 
Os turistas internacionais conferiram uma avaliação média à viagem à Espanha de 8,3 em uma 
escala de 1 a 10. Não há variação significativa do ní
O Gráfico 4, abaixo, mostra o elevado grau de fidelidade dos turistas ao país. Em 2004, 83,3% dos 
turistas retornava à Espanha, frente a 16,7% que visitava o país pela primeira vez. Os turistas que 
maior número de vezes repetem viagens à Espanha estão relacionados, provavelmente, ao turismo 
residencial23. Os europeus são os que apresentam maior fidelidade, com o grau mais elevado sendo 
alcançado por França e Portugal24. 
 
22 Frontur 2004. 
23 Termo com que se designa o possesso de uma segunda casa na Espanha, por parte de turistas internacionais. 
24 Frontur 2004. 
Gráfico 4- Turistas Internacionais Segundo Número de Visitas Anteriores
Ano 2004
Primeira vez
17%
Duas vezes
tro a seis
%
Uma vez
5%
Dez ou mais
37%
8%
Três vezes
8%
De qua
18
De sete a nove
7%
Fonte: Frontur/ Egatur 2004 
Por fim, cabe menção ao fenômeno dos excursionistas, visitantes internacionais que não chegam a 
 16
n
nto de 6,6% do número de visitantes, alcançando a cifra de 3,1 
bilhões de euros25. 
 
4) A Importância do Turismo Doméstico 
Esta seção visa ilustrar a importância do turismo doméstico para o setor turístico espanhol. 
Durante 2004, os residentes na Espanha realizaram 132,9 milhões de viagens. Deste total, houve42,5 milhões de viagens turísticas com destinos na própria Espanha e 4,6 milhões de viagens ao 
pernoitar em território espanhol. Em 2004, a Espanha recebeu cerca de 32 milhões de 
excursionistas, equivalentes a 39% do total de visitantes internacionais ao país. A ausência de 
pernoitamento reduz a importância econômica desta categoria, que gerou 7% do total do gasto dos 
visitantes i ternacionais. Em 2004, o gasto dos excursionistas cresceu 8,4% em relação ao ano 
anterior, devido sobretudo ao aume
 
25 IET (2004) Encuesta del Gasto Turístico (EGATUR). 
 17
exterior. O restante foi constituído por viagens de curta duração à segunda residência (CD2R)26. 
Neste mesmo período, os residentes na Espanha realizaram 264,9 milhões de excursões. 
No ano 2004, 31,7% das famílias espanholas teve acesso a uma segunda residência: 53,8% em 
regime de propriedade e 2,8% em regime de aluguel, enquanto 43,3% utilizou residências 
pertencentes a familiares ou amigos. As segundas residências, quase em sua totalidade, se 
encontram em território espanhol, pelo que a grande maioria das viagens de curta duração dos 
espanhóis se realiza no interior do território nacional. Ainda assim, a Espanha é o destino preferido 
dos espanhóis para 90,2% das viagens restantes, sendo que apenas 9,8% das viagens turísticas dos 
espanhóis tem como destinação o exterior. 
Por outro lado, as viagens ao exterior são a componente do turismo espanhol que tem crescido mais 
rapidamente. Em 2004, houve um aumento de 17,1% das viagens ao exterior, frente a um aumento 
de 3,8% das viagens turísticas domésticas e um aumento de 2,9% do total de viagens dos espanhóis 
(incluindo CD2R)27. 
As principais Comunidades Autônomas emissoras de viagens foram as de maior população: a 
onais), a Catalunha (16,2%), a Comunidade 
Valenciana (16,2%) e a Andaluzia (13,5%). As Comunidades de Madrí e Catalunha também 
 mostra a distribuição do turismo doméstico espanhol por Comunidades 
Autônomas de destino. 
 
Comunidade de Madrí (20,4% das viagens naci
apresentam uma proporção de pessoas que viajam superior à média nacional. No caso de Madrí, em 
2004, 63% da população realizou pelo menos uma viagem, contra uma média nacional de 46,3%. 
No período 1999-2004, a proporção da população que realizou alguma viagem aumentou cerca de 
1% ao ano, com a exceção do ano 2004 em que houve uma ligeira redução nesta tendência. 
Os principais destinos turísticos durante o ano 2004 foram os do litoral mediterrâneo peninsular. O 
Gráfico 5, abaixo,
 
26 Dada a importância númerica das viagens de curta duração à segunda residência (CD2R), a publicação Movimientos 
Turísticos de los Españoles (Familitur), responsável pela análise dos fluxos turísticos gerados pelos residentes na 
Espanha, efetua a seguinte classificação: são consideradas “viagens turísticas” as viagens de longa duração (superior a 
três dias) à segunda residência e toda viagem cuja destinação seja distinta da segunda residência, qualquer que seja a 
sua duração. 
27 Familitur 2004. 
Gráfico 5- Turismo doméstico por CA de destino
Catalunha
13%
Ilhas Canarias
4%
Ilhas Baleares
3%
Outras CCAA
31%
Andaluzia
Comunidade de Valencia
13%
Comunidade de Madri
7%
20%
Castilha e Leon
9%
Fonte: Familitur 2004. 
Uma característica interessante do turismo doméstico espanhol reside na importância do turismo 
intra-regional. Em cerca de 2/3 das Comunidades Autônomas o principal destino das viagens 
turísticas dos residentes se encontra no próprio território. A proporção de viagens intra-regionais no 
total de viagens turísticas chega a 71,7% na Andaluzia e a 75,2% nas Canárias28. 
A distribuição temporal das viagens dos espanhóis apresenta nítido padrão sazonal, uma vez que os 
meses de julho e agosto concentraram cerca de 25% das viagens. As viagens de CD2R contribuem a 
uma ligeira dessazonalização da série, visto que se distribuem de maneira bastante homogênea ao 
longo do ano. 
Na grande maioria de suas viagens turísticas dentro da Espanha, os residentes utilizam o automóvel 
como meio de transporte principal (em 2004, 78%). Em segundo lugar vem o ônibus (8%). Dada a 
importância do alojamento privado e do transporte automobilístico, a maioria dos espanhóis 
(62,7%) não realiza algum tipo de reserva prévia em suas viagens. Este padrão também se reflete no 
 18
 
uso de pacotes turismos (somente 7,2% do total de viagens turísticas domésticas) e de internet para 
organizar a viagem (12,1% dos casos). No que diz respeito ao uso de internet, seu uso foi associado, 
 
28 Familitur 2004. 
 19
na maioria das vezes (83,9%) à obtenção de informação, e somente 4,7% dos usuários utilizou a 
rede para efetuar pagamentos relacionados à viagem29. 
Os principais motivos associados às viagens turísticas internas dos espanhóis foram recreio e 
descanso (68,1% do total), visitas a familiares ou amigos (22,4%) e trabalho ou negócios (4,8%). 
Dentre as viagens por recreio, 52,1% se orientou a turismo de tipo sol y playa, 15,8% ao turismo 
cultural e 2,7% a práticas esportivas. 
O principal tipo de alojamento utilizado pelos espanhóis em suas viagens turísticas domésticas são 
as casas de parentes e amigos (38,9%), seguidas por hotéis (26,8%). Somando-se aos primeiros a 
percentual de uso de residências próprias, conclui-se que em mais da metade de suas viagens 
turísticas domésticas os espanhóis não incorrem em gastos de alojamento. O segmento que 
apresentou desempenho mais dinâmico em 2004 foi o de hotéis, que cresceu 7,7% em relação ao 
ano anterior30. 
Quanto ao perfil sócio-econômico dos viajantes, seu traço principal parece ser o nível de estudos. 
Durante 2004, 71,6% da população com estudos superiores efetuou alguma viagem (23,8 pontos 
atingir 29,2% no segmento de pessoas sem estudos. 
ificativo nível de 
fidelidade aos destinos nacionais: 93% dos espanhóis se declarou disposto a retornar ao mesmo 
estinos Turísticos na Espanha 
mais que a média). Esta propoção se reduz até 
Por fim, o grau de satisfação declarado pelos turistas espanhóis em suas viagens domésticas é 
bastante elevado, superando 8/10 em pontos como hospitalidade, qualidade do alojamento, 
conservação do ambiente e gastronomia. O aspecto que recebeu pior avaliação foram os preços (6,7 
pontos). Este elevado grau de satisfação tem como conseqüência um sign
destino, e 77,2% das viagens turísticas se efetuaram em lugares previamente visitados31. 
 
5) Perfil dos D
Nesta seção proceder-se-á à análise do setor de turismo espanhol do ponto de vista dos destinos 
turísticos. As publicações Frontur e Familitur, que apresentam as estatísticas relativas ao turismo de 
origem internacional e doméstico respectivamente, utilizam as Comunidades Autônomas como 
unidade de referência para a desagregação dos fluxos turísticos por destino. 
 
 
29 Familitur 2004. 
30 Familitur 2004. 
31 Familitur 2004. 
 20
rnacionais, por um total de 12,8 milhões de 
custo (CBCs)32. 
ença do panorama nacional, que apresenta forte predomínio do Reino Unido como 
mercado emissor, o primeiro mercado de origem dos fluxos internacionais com destino à Catalunha 
É importante também notar que, por sua condição de região fronteiriça, a Catalunha recebe intenso 
ia entre os 
fluxos doméstico e internacional de turistas faz com a Catalunha seja o principal destino turístico 
ido um total de 18,3 milhões de turistas em 2004. 
Ilhas Canárias, que em 2004 receberam um total de 
 
 
Desde 2002, a Catalunha tem sidoo primeiro destino dos turistas internacionais. Em 2004, a 
Catalunha concentrou 23,8% do total de chegadas inte
turistas, e com um crescimento de 9,2% em relação a 2003. Em relação às demais regiões 
espanholas, a Catalunha apresentada um elevado peso de chegadas em automóvel (47,5%), mas esta 
porcentagem vem diminuindo desde 2002, em grande parte devido ao intenso crescimento do 
tráfico das companias aéreas de baixo 
O principal alojamento utilizado pelos turistas internacionais é de tipo hoteleiro (54,5%) mas a 
região também apresenta um grau de utilização de alojamento não-hoteleiro superior à média 
nacional. A Catalunha é um dos destinos onde há maior presença de turistas sem contratação de 
pacote turístico: 75,6%, contra uma média nacional de 57,2%. Além do mais, o coletivo dos turistas 
sem pacote vem apresentando forte aumento (14,8% em 2004, contra 6,7% dos turistas com 
pacote). À difer
é o francês, que concentra 30,9% das chegadas a este destino, seguido pelo britânico (16,4% do 
total) e do alemão (10,8% do total). 
fluxo de excursionistas internacionais. Em 2004, a região recebeu 9,4 milhões de excursionistas, em 
sua maioria franceses (84,9% do total)33. 
A Catalunha apresenta também uma posição de importância no panorama do turismo doméstico, 
constituindo o terceiro destino nacional dos espanhóis. Em 2004, a Catalunha registrou um total de 
5,5 milhões de chegadas nacionais, respondendo por 13,1% do total34. A convergênc
espanhol, tendo receb
O segundo destino turístico internacional são as 
10,1 milhões de turistas internacionais. Contudo, naquele ano as chegas às Canárias registraram 
uma diminuição de 3,6% em 2004, o nível mais baixo desde 1999. 
As Canárias são o destino por excelência das viagens organizadas: em 2004, 79,3% dos turistas 
internacionais chegou a este destino através de pacotes. Mesmo neste caso, se registra uma
 
 número de chegadas através de CBCs cresceu 70,5% em 2002, 71,3% em 2003 e 57,8% em 2004. 32 Em Catalunha, o
33 Frontur 2004. 
34 Familitur 2004. 
 21
am forte dependência do mercado britânico, 
ento significativo dos vôos administrados por CBCs 
na região. 
entos. Ao contrário da tendência nacional, a 
retomada do crescimento do turismo internacional às Baleares foi acompanhado por um aumento do 
is . 
 
tendência negativa na utilização de pacotes turísticos, que registraram uma diminuição de 7,9% em 
relação a 2003, contra um aumento de 17% dos turistas sem pacote. As Canárias são também a 
Comunidade Autônoma que apresenta a maior percentual de utilização de hotéis entre as tipologias 
de alojamento disponíveis: 86,7% dos turistas estrangeiros utilizaram esta forma de alojamento em 
2004. 
Quanto aos mercados de origem, as Canárias apresent
que em 2004 respondeu por 39,6% do total de turistas estrangeiros. Em segundo lugar vem a 
Alemanha, com 27,3% das chegadas35. 
No que se refere ao turismo doméstico espanhol, as Canárias constituem um mercado de pouco 
relêvo, tendo recebido em 2004 um total de 1,7 milhões de turistas36. 
As Ilhas Baleares constituem o terceiro destino nacional do turismo estrangeiro. Em 2004, as 
Baleares receberam 9,8 milhões de turistas, ou 18,3% do total de chegadas internacionais. Neste 
ano, o número de chegadas registrou uma variação positiva pela primeira vez desde 1999, crescendo 
2,9%. Esta recuperação está associada ao aum
Há uma forte concentração do turismo estrangeiro em torno a hotéis e estabelecimentos similares, 
que em 2004 responderam por 81,3% do total de alojam
peso dos turistas com pacotes no total. Em 2004, 69,3% dos turistas internacionais havia contratado 
pacotes turísticos37. 
Assim como no caso das Canárias, as Baleares são um destino pouco relevante para o turismo 
doméstico. Em 2004, as Ilhas receberam 1,1 milhões de turistas espanhó 38
O quarto destino espanhol do turismo internacional é a Andaluzia, que em 2004 recebeu 7,6 
milhões de turistas estrangeiros. Com um ligeiro crescimento de 1,9%, a região atingiu naquele ano 
seu máximo histórico de chegadas internacionais. 
No que diz respeito ao tipo de alojamento escolhido pelos turistas, a Andaluzia apresenta um 
importante componente de alojamento extra-hoteleiro, que responde por 49,1% do total, com 
 
35 Frontur 2004. 
36 Familitur 2004. 
37 Frontur 2004. 
38 Familitur 2004. 
 22
al do turismo doméstico espanhol, tendo concentrado em 2004 20,6 % das chegadas, por um 
 destino por total de chegadas (domésticas e internacionais), 
hóis, e o quinto do turismo 
m definido, de turistas de idade mais avançada, oriundos sobretudo do Reino Unido e da 
anhóis: 10,9%. Entre os turistas internacionais, cerca de 75% se alojaram em 
tribuição por mercados 
de origem: França (13,7%), Reino Unido (12,9%), Portugal e Itália (8,8% cada)41. Madrí constitui 
A Tabela 3 abaixo apresenta uma síntese dos resultados delineados acima. É interessante notar 
 
alojamentos próprios ou de amigos ou parentes concentrando 33,7% dos alojamentos utilizados. A 
preferência pelo alojamento extra-hoteleiro coincide com a baixa participação dos pacotes turísticos 
no total de chegadas: em 2004, 73,6% dos turistas internacionais optou pela viagem sem pacote39. 
Além de importante destino para o turismo internacional, a Andaluzia é também o primeiro destino 
nacion
total de 8,7 milhões de turistas espanhóis. A Andaluzia é o segundo destino turístico espanhol, 
tendo recebido em 2004 um total de 16,3 milhões de turistas. 
Por fim, cabe menção ao quinto e sexto
as Comunidades de Valencia e Madrí. 
Valencia constitui o segundo destino nacional dos turistas espan
internacional. A Comunidade de Valencia apresenta interesse pelo fenômeno do assim chamado 
turismo residencial, que caracteriza muitas áreas de sol y playa mas adquire particilar importância 
na região. De fato, Valencia apresenta uma das mais baixas taxas de utilização do setor hoteleiro, 
40,1 %, enquanto 17,3% dos turistas internacionais se aloja em casas próprias. Trata-se de um 
coletivo be
Alemanha, que efetuam estadias de duração bastante superior à média e apresentam elevado grau de 
repetição da viagem40. 
A Comunidade de Madrí constitui o sexto destino turístico espanhol, considerando os fluxos 
doméstico e internacional conjuntamente. Madrí registrou em 2004 a maior taxa de crescimento de 
todos os destinos esp
hotéis e a mesma porcentagem viajou sem contratação de pacotes turísticos. À diferença de outros 
destinos, o turismo com destino a Madrí é muito equilibrado em relação à dis
também o quinto destino doméstico dos espanhóis, apesar de ter registrado em 2004 uma queda de 
2,2% nas chegadas domésticas42. 
como o turismo doméstico apresenta uma distribuição mais equilibrada em relação ao turismo 
 
39 Frontur 2004. 
40 Frontur 2004. 
41 Frontur 2004. 
42 Familitur 2004. 
internacional: no primeiro caso os três principais destinos concentram menos de metade das 
chegadas (46,5%), enquanto no segundo os três primeiros destinos concentram 61,0% das chegadas. 
 
 23
acterísticos e da Distribuição de Empresas por 
aéreas a baixo custo, e o setor hoteleiro. 
A Tabela 4, abaixo, mostra a Conta de Produção dos Ramos de Atividade Característicos do setor 
 Naquele ano, o Valor Agregado Bruto gerado pelos ramos de 
a cterísticos foi de 122,6 bilhões de euros, com apenas dois setores, o de Aluguel 
I de Restaurantes, respondendo por cerca de dois terços do total. 
Reino Unido Alemanha França
Total turismo 
internacional
Turismo 
doméstico Total
1,3 3,7 12,8 5,5 18,3
O mesmo se verifica quando se considera a impor
Ilhas Canárias 3,8 2,6 * 10,1 1,7 11,8
Ilhas Baleares3,5 3,5 * 9,8 1,1 10,9
Andaluzia 2,8 0,9 * 7,6 8,7 16,3
Comunidade de Valencia 2,3 0,6 0,6 4,9 5,6 10,5
Comunidade de Madrí * * 0,5 3,4 2,8 6,2
Castilha e Leon * * * 1,3 3,8 5,1
Outras CCAA * * * 3,7 13,3 17,0
Total 16,4 10,0 7,5 53,6 42,5 96,1
Fonte: Frontur 2004 e Familitur 2004.
Comunidade Autonoma 
de Destino
Catalunha 2,0
Tabela 3- Principais destinos turísticos por mercados de origem 
2004
milhões de turistas
Mercados de Origem
tância turística das Comunidades Autônomas 
restantes. Excluindo-se a Comunidade de Castilha e Leon, que constitui o quarto destino turístico 
doméstico e o sétimo para o turismo internacional, percebe-se que as demais regiões respondem por 
31,2% das chegadas domésticas, mas somente 6,9% das chegadas internacionais. 
 
6) Características Gerais da Cadeia Produtiva 
Esta seção será dedicada à análise da cadeia produtiva do setor turístico espanhol. Em um primeiro 
momento, será apresentado o quadro geral da cadeia produtiva do setor turístico, a partir dos dados 
da Conta de Produção por Ramos de Atividade Car
Tamanho. Em seguida, serão analisados em maior profundidade dois setores chaves para a 
compreensão da dinâmica do setor turístico espanhol nos últimos anos: o setor de companhias 
turístico espanhol, para o ano 2000.
tividade cara
mobiliário e o
 24
etor a partir dos anos 90, em 2004 a grande maioria das empresas era cataracterizada pela presença 
de no máximo dois assalariados. 
Hotéis e 
similares
Atividades 
de Aluguel 
Imobiliário
Restaurantes 
e similares
Transporte 
rodoviario 
de 
passageiros
Transporte 
ferroviário 
de 
passageiros
Transporte 
marítimo de 
passageiros
Transporte 
aéreo
Agências de 
viagem
Produção 14.857 63.728 58.394 6.095 2.209 403 6.566 2.723
Consumos intermediários 5.240 17.100 24.604 1.833 804 203 4.256 848
Valor agregado bruto 9.617 46.628 33.790 4.262 1.405 201 2.310 1.875
Anexos ao 
transporte
Aluguel de 
veiculos
Atividades 
culturais, 
recreativas e 
esportivas 
de mercado
Atividades 
culturais, 
recreativas e 
esportivas 
extra- 
mercado
Total 
atividades 
caract. 
turismo
Total ramos 
de atividade 
não caract. 
turismo
TOTAL 
Produção 19.692 2.228 17.971 7.009 201.874 990.045 1.191.920
Consumos intermediários 12.097 936 7.596 3.749 79.265 542.095 621.360
Valor agregado bruto 7.595 1.291 10.375 3.260 122.609 447.951 570.560
Fonte: Instituto Nacional de Estadística 
milhões de euros
(cont.)
Tabela 4 -Conta de Produção dos Ramos de Atividade Característicos
Ano 2000
 
O tecido empresarial dos ramos de atividade carcterísticos do setor turístico espanhol é dominado 
pela pequena e média empresa. Apesar do processo de concentração que interessou as empresas do 
s
O setor que concentra o maior número de pequenas empresas é o de restaurantes e similares. Como 
mostra a Tabela 5, abaixo, o setor risponde por cerca de 45% das empresas do setor turístico, e entre 
elas, quase 80% conta com no máximo dois assalariados. 
 25
Somente as grandes operadoras turísticas eram estrangeiras, baseadas nos principais países 
missores. No que diz respeito ao transporte aéreo, o mercado era dominado pela companhia de 
 de internacionalização desenvolvido pelas empresas do setor. O 
processo de internacionalização do setor 
hoteleiro e da entrada das companhias de baixo custo no setor aéreo espanhol. 
6.1) A internacionalização do setor hoteleiro espanhol 
A globalização desencadeou uma crise do modelo de concorrência das grandes empresas do setor 
hoteleiro espanhol que baseavam sua competitividade em sua dimensão, precisamente por seu 
escasso tamanho frente à concorrência internacional43. 
 
 
Desde as suas origens, o setor turístico espanhol foi caracterizado por empresas de gestão familiar e 
capitais de origem doméstica, com os maiores grupos nacionais concentrados no setor hoteleiro. 
e
bandeira, Iberia. 
Todavia, no contexto da globalização, dois processos merecem particular atenção. O primeiro diz 
respeito ao movimento de concentração do setor hoteleiro espanhol, à penetração do capital 
estrangeiro e sobretudo ao esforço
segundo concerne o crescimento exponencial da participação das companhias a baixo custo 
estrangeiras no mercado do transporte aéreo espanhol. 
Em seguida, serão apresentados os principais traços do 
 
43 Simón e Narangajavana (2002) “El Processo de Globalización de la Industria Hotelera Española: una Visión 
Retrospectiva de las Cadenas Españolas en la Década de los Noventa”. 
Sem 
assalariados
De 1 a 2 
assalariados
De 3 a 19 
assalalariados
De 20 a 99 
assalariados
De 100 ou 
mais 
assalariados Total
Hotéis e similares 7.029 5.475 5.805 1.506 474 20.289
Restaurantes e similares 116.766 89.091 54.239 2.410 308 262.814
Transporte ferroviário 52 12 2 2 7 75
Transporte rodoviário 131.372 48.748 23.006 2.394 227 205.747
Transporte marítimo 135 109 156 52 17 469
Transporte aéreo 72 34 50 22 20 198
Agências de viagem 3.390 2.728 1.816 202 45 8.181
Anexos ao transporte 4.274 3.794 4.748 897 229 13.942
Aluguel de veiculos 1.173 979 608 64 20 2.844
Atividades cult., rec. e esport. 34.648 17.815 11.502 1.583 428 65.976
Total Atividades Turísticas 298.911 168.785 101.932 9.132 1.775 580.535
Distribuição (%) 51,5 29,1 17,6 1,6 0,3 100,0
Fonte: Diretorio Central de Empresas (DIRCE), INE.
Ano 2004
Tabela 5 - Distribuição de Empresas Turísticas por Tamanho
 26
A internacionalização das maiores cadeias hoteleiras se desenvolveu em sinergia com outras 
estratégias para enfrentar os desafios colocados pela globalização. Entre estas, se destaca o rápido 
processo de concentração do setor e crescimento das cadeias espanholas, cujo controle de 
estabelecimentos hoteleiros passou de 19,7% em 1993 a 27% em 1999. As estratégias simultâneas 
de concentração e internacionalização permitiram às cadeias espanholas auferir vantagens a partir 
de economias de escala, da distribuição dos custos de inovação, do fortalecimento de suas marcas e 
do maior poder de negociação frente às operadoras turísticas, em sua maioria estrangeiras44. 
Uma segunda característica do movimento do setor hoteleiro espanhol nos anos 90 diz respeito à 
externalização das atividades não-estratégicas das empresas. Essa estratégia implicou, para diversos 
grupos hoteleiros, a separação entre as atividades hoteleiras propriamente ditas e as atividades 
imobiliárias, possibilitada pela crescente importância dos ativos intangíveis na produção do serviço 
hoteleiro. De fato, a expansão do setor hoteleiro espanhol, tanto na Espanha como no exterior, se 
eu sobretudo por meio de contratos de aluguel e de gestão, com os investimentos diretos em 
ssante ainda é o contraste dos grupos 
dial, em 2005 essa 
 
d
propriedade ocupando o terceiro lugar45. 
Por fim, houve um movimento dos grandes grupos espanhóis em direção à quotação em Bolsa, 
iniciado pelo grupo Sol Meliá em 1996, assim como processos significativos de integração de 
cadeias hoteleiras espanholas com operadoras turísticas estrangeiras, como foi o caso dos hotéis Riu 
e Barceló. 
Os resultados das estratégias adotadas pelo setor hoteleiro espanhol podem ser observadas na 
Tabela 6, abaixo, que mostra a posição das cadeias hoteleiras espanholas presentes na lista dos 100 
maiores grupos hoteleiros mundiais, em 1995 e em 2005. Neste período, o número de grupos 
espanhóis presente na lista quase duplicou, enquanto as quatro primeiras cadeias da obtiveram um 
melhoramento significativo de sua posição. Mais intere
espanhóis com o grupo líder mundial: enquanto em 1995 a soma dos quartos dos grupos líderes 
espanhóis correspondiaa 22,3% dos quartos controlados pelo líder mun
proporção sobe para 53,7%. 
 
44 Simón e Narangajavana (2002). 
45 Simón e Narangajavana (2002). 
 27
47”. 
No entanto, o processo de internacionalização do setor é ainda incipiente e não privo de 
dificuldades. Entre estas pode-se citar o tamanho das grandes cadeias espanholas, que continua a ser 
bastante inferior ao das maiores cadeias internacionais. Em segunda lugar, pode-se citar o baixo 
 
O aumento da oferta das grandes cadeias espanholas se concentrou em hotéis de luxo no setor de sol 
y playa e em localidades geográficas muito específicas: na América Latina, com predominância na 
América Central e Caribe, e na Europa. Essa distribuição reflete a distribuição geográfica geral do 
Investimento Direto Estrangeiro das empresas espanholas, que tende a concentrar-se na América 
Latina e na Europa, com a diferença significativa de que mais da metade da expansão hoteleira na 
América Latina está concentrada na América Central e Caribe, área que recebe uma proporção 
muito baixa do IDE espanhol na América Latina46. 
Da análise realizada até aqui, pode-se auferir que 
“a posição da Espanha como parte da União Européia e os laços culturais que a unem à América 
Latina, junto a seus conhecimentos de gestão hoteleira, colocam-na na posição idônea de 
plataforma de investimentos dirigidos à América Latina, potenciando a internacionalização da 
indústria hoteleira espanhola
 
aracterización de la Espansión Internacional de la Industria Hotelera Española". 
Tradução livre. 
5,59
Cadeia Hoteleira Posição1 N. Hotéis N. Quartos (*) Posição N. Hotéis N. Quartos (*)
Lider Mundial (**) 1 5.430 509.500 100 1 537.533 3.606 100
Sol Meliá SA 15 185 46.825 9,19 12 328 81.282 15,12
NH Hoteles SA 75 70 6.900 1,35 25 258 37.643 7,00
Riu Hotels Group 41 53 12.889 2,53 28 109 35.000 6,51
Barceló Hotels & Resorts 49 40 10.473 2,06 30 115 30.035
Iberostar Hotels & Resorts - - 0 - 32 90 28.000 5,21
Occidental Hotels 46 56 12.432 2,44 46 59 15.421 2,87
Husa Hotels Group 34 182 15.354 3,01 59 160 12.672 2,36
Fiesta Hotel Group 55 30 9.100 1,79 64 39 11.919 2,22
GSM Hoteles - - - - 69 85 10.949 2,04
Princess Hotels & Resorts - - - - 87 24 9.154 1,70
Lopesan Hotels & Resorts - - - - 95 25 8.532 1,59
AC Hotels - - - - 97 81 8.233 1,53
1) Por número de quartos
* N. quartos/ N. quartos líder mundial, em porcentagem.
** Em 1995, Cendant Corp. (USA) e em 2005, Intercontinental Hotels Group, UK. 
Fonte: Hotels Magazine e Simón e Narangajavan
1995 2005
Tabela 6 - Cadeias Espanholas no Ranking Hoteleiro Mundial
a (2002)
46 Ramón Rodriguez (2001) "Una C
47 Ramón Rodriguez (2001), p. 52. 
 28
nível de consolidação das principais marcas espanholas e a escassa difusão de processos de 
expansão através de franquias e joint ventures. 
Por fim, uma das fraquezas da internacionalização do setor está na sua excessiva concentração 
geográfica, temática (sol y playa) e nos segmentos de 4 e 5 estrelas. Neste sentido é importante 
notar como a internacionalização, na modalidade em que vem se realizando no caso espanhol, corre 
o risco de aumentar a dependência de operadores turísticos estrangeiros. Isso se deve não apenas ao 
fato de que a internacionalização é, muitas vezes, empreendida conjuntamente com operadores 
turísticos estrangeiros, como o baixo grau de diferenciação dos destinos sol y playa e seu 
inserimento no interior de pacotes turísticos deixa ampla margem de manobra aos operadores. Por 
este motivo, um dos principais desafios enfrentados atualmente pelo setor é o de aprofundar a sua 
diversificação, sobretudo através do fortalecimento de sua presença no continente europeu e nos 
EUA, com investimentos em hotelaria urbana e de negócios48. 
6.2) Companhias aéreas de baixo custo no mercado espanhol 
ção respectivamente, precedidas somente pela 
r ocupou o segundo lugar entre as CBCs, após 
apenas dois anos de operação no país49
 100% em relação a 2004. Seis Comunidades Autônomas 
efetuaram a viagem por motivos de ócio/férias. Assinala-se que os passageiros de CBCs apresentam 
 
As companhias aéreas de baixo custo (CBCs) têm vivido um período de crescimento vertiginoso 
nos últimos anos, e o mercado espanhol não constitui exceção. Entre o ano 2000 e 2005, o número 
de passageiros que chegaram na Espanha em CBCs quadruplicou de menos de 4 milhões no ano 
2000 para mais de 15,3 milhões em 2005. Neste ultimo ano, os viajantes transportados por CBCs 
responderam por 29,7% das chegadas por via aérea. 
Na lista das principais companhias aéreas do mercado espanhol, as CBCs Easyjet, Ryanair e Air 
Berlin ocuparam a segunda, terceira e quarta posi
companhia de bandeira Iberia. Em 2005, Ryanai
. 
Os principais mercados emissores foram o Reino Unido e a Alemanha, que juntos responderam por 
cerca de 70% dos passageiros que entraram na Espanha via CBCs, seguidos pela Itália cujo volume 
de passageiros cresceu mais de
concentraram 92,3% do tráfico aéreo gerado por CBCs: Catalunha, Baleares, Andaluzia, 
Comunidade Valenciana, Canárias e Madrí. 
Quanto à caracterização dos passageiros que entraram na Espanha via CBCs, cerca de 86% 
 
 en España 2005. 
48 Simón e Narangajavana (2002). 
49 IET (2005) Las Compañias Aéreas de Bajo Coste
 29
eiros de companhias tradicionais) e uma menor 
ode-se auferir que o crescimento da 
fatia de mercado das CBCs se traduziu num processo de desnacionalização do setor de transporte 
aracterizaram o país a partir do fim da ditadura 
ríodo 1978-2000 e das principais linhas de política a ela 
delo de política turística centralizado que, a partir do 
promulgação de uma nova Constituição marcada pela decentralização de competências a favor das 
 
uma maior propensão ao uso da internet (mais da metade havia reservado e pago a viajam através 
da internet, contra apenas 20,7% dos passag
tendência a pernoitar em hotéis ou a aquistar pacotes turísticos. O gasto médio dos passageiros de 
CBCs foi inferior ao gasto dos passageiros transportados por companhias tradicionais. Por outro 
lado, uma porcentagem elevada dos passageiros das CBCs (87%) já havia visitado o país, contra 
78% dos passageiros das companhias tradicionais. Um outro dado interessante mostra que, em 
média, as viagens dos passageiros de CBCs tem uma menor componente sazonal que as viagens dos 
passageiros de companhias tradicionais50. 
Por fim, é importante notar que nenhuma das cinco companhias aéreas que controlam cerca de 75% 
do mercado espanhol de CBCs é espanhola. Se se considera que o fluxo médio anual de passageiros 
que viajaram por companhias tradicionais se reduziu em cerca de 2 milhões entre 2000 e 2006, e 
que a principal companhia tradicional é a espanhola Iberia, p
aéreo espanhol. 
 
7) Evolução Institucional e Política Turística na Espanha 
A evolução institucional e política do setor turístico espanhol deve ser compreendida no contexto do 
processo de democratização e descentralização que c
Franco. O contexto político e institucional são fundamentais para compreender a política turística 
espanhola atual, assim como seus pontos de força e fragilidades. 
No início da presente seção será delineada brevemente a evolução da estrutura institucional da 
administração turística espanhola no pe
associadas. Este processo culminou com a elaboração do Plan Integral de Calidad del Turismo 
Español (PICTE 2000), que colocou as diretrizes para a política turística espanhola no período atual 
(2000-2006). A segunda parte da seção será dedicada a ilustrar os principais traços do Plano. 
7.1) Estrutura institucional e política turística espanhola (1978-2000) 
No períodofranquista se consolidou um mo
Ministerio de Información y Turismo, criado em 1951, liderou um processo de desenvolvimento 
turístico intensivo. Este modelo institucional sofreu uma guinada radical a partir de 1978, com a 
 
5. 50 IET (2005) Las Compañias Aéreas de Bajo Coste en España en 200
 30
r central coordenar os diferentes atores na elaboração de 
 espanhol53. 
m 1991 a Secretaria Geral de Turismo foi transferida do Ministério de Transportes e 
utura a serviço dos diversos setores 
 qualidade da oferta. Por fim, na 
senvolveu a nível nacional e 
europeu se cristalizou na elaboração do Plan Marco de Competitividad del Turismo Español, ou 
Comunidades Autônomas (CAs). A nova Carta retirou do governo central praticamente todas as 
prerrogativas anteriores em matéria de política turística, não obstante sua importância econômica, 
social e cultural para o conjunto do território espanhol51. 
O sistema atual foi se constituindo lentamente a partir da estrutura herdada do regime franquista e 
do processo de decentralização. Os anos de transição política foram de crise no setor turístico, 
causada por questões externas (as duas crises do petróleo), pela imagem de instabilidade gerada 
pela mudança do regime político e pela própria decentralização, marcada pela ausência de uma 
função definida que permitisse ao gove no
políticas para o setor52. 
A estes fatores somou-se a conscientização sobre os desequilíbrios do modelo intensivo de 
desenvolvimento turístico herdados do governo anterior, entre os quais se destacavam os problemas 
de infraestrutura pública e privada (má qualidade das estruturas, falta de planejamento e controle 
urbanístico) e a posição hegemônica das operadoras turísticas estrangeiras na comercialização do 
produto turístico
E
Comunicações ao Ministério de Indústria e Comércio, estr
econômicos e industriais entre os quais os que compõem a oferta do setor turístico. 
No mesmo período, a Câmera dos Deputados criou uma commissão para examinar os problemas do 
setor. O relatório final da comissão indicava a necessidade de orientar o setor turístico espanhol em 
direção a um modelo mais competitivo baseado na melhora da
Comissão Européia estava em curso um debate sobre como potenciar a competitividade dos países 
europeus em um contexto cada vez mais globalizado. Os resultados do debate, que foram 
apresentados no Livro Branco para o Crescimento, a Competitividade e o Emprego (1995), 
indicavam a necessidade de promover a sociedade da informação através do investimento em novas 
tecnologias e melhora da infraestrutura existente. 
Do ponto de vista do setor turístico espanhol essa discussão que se de
Plan Futures (1992), que se desdobrava em três objetivos principais: 
 
51 González (2005) "Administração e Política Turística de 1978 a 2005". 
52 González (2005). 
53 González (2005). 
 31
 humano, diversificação da oferta, promoção 
iu a aprofundar o cunho liberal da política para o setor. Neste quadro, o 
ente o governo espanhol em seus diferentes níveis 
x Incrementar a satisfação dos consumidores (turistas) e o bem-estar das sociedades 
receptoras; 
x Incrementar os investimentos em P&D, capital
e comercialização, melhora do tecido empresarial e infraestrutura; 
x Conservar o ambiente natural e urbano; e revalorizar as tradições culturais e o patrimônio 
passíveis de uso turístico54. 
O processo de redefinição das diretrizes da política turística espanhol continuou ao longo da década 
de 90 com a edição do II Plan Futures. Esta coincidiu com a vitória do Partido Popular nas eleições 
de 1996, o que contribu
setor privado assume um papel protagonista na elaboração de iniciativas e o governo central tem um 
papel de aprimorar o arcabouço institucional que apoia o desenvolvimento do setor turístico 
liderado pelo setor privado, coordenar os diferentes atores na elaboração de iniciativas para o setor e 
promover o turismo espanhol no exterior. 
Os instrumentos de política de que dispõe atualm
para regular a atividade turística podem ser classificados como segue55: 
a) Estruturas administrativas tradicionais: organizações de governo ou administrativas com 
competências sobre o turismo. O máximo orgão administrativo é a Secretaría General de 
Turismo, subordinada ao Ministerio de Economia. Subordinado à Secretaría está um centro 
de pesquisa, o Instituto de Estudios Turísticos, com a função de elaborar e analisar os dados 
estruturais e conjunturais sobre o turismo espanhol. Particularmente importantes neste 
sentido são a publicação da Revista de Estudios Turísticos, canal de divulgação científica 
para os estudiosos do setor turístico espanhol, e várias publicações que objetivam produzir e 
divulgar estatísticas sobre o turismo espanhol, entre as quais se destacam: 
x Movimientos Turísticos de los Españoles (FAMILITUR) dedicado à caracterização 
das viagens domésticas e internacionais dos espanhóis; 
a quantificar e caracterizar o 
gasto dos viajantes (turistas e excurcionistas) no país. 
x Movimientos Turísticos en Fronteras (FRONTUR) que oferece informação sobre o 
turismo receptor; 
x Encuesta de Gasto Turístico (EGATUR) que procur
 
54 González (2005). 
55 González (2005). 
 32
b) Estruturas executivas: a principal estrutura executiva de apoio à política turística do governo 
central é o Instituto de Turismo de España (Turespaña), que tem como função a promoção e 
tuação de Turespaña é 
ação sobre as tendências da demanda nos principais mercados 
emissores e difundem informação sobre o setor turístico espanhol. 
comercialização do turismo espanhol e a organização da participação espanhola em feiras, 
exposições e eventos no exterior. Um papel central para a a
desempenhado pelas cerca de trinta Oficinas Españolas de Turismo que, no exterior, 
recolhem e processam inform
c) Instituições e organizações de cooperação: os órgãos mais relevantes em termos de 
cooperação em matéria de turismo são: 
x Comissão Interministerial de Turismo: é um órgão para o trabalho conjunto dos 
distintos departamentos do governo cujas competências podem afetar o bom 
desenvolvimento do turismo. Criada em 1994, conta com a participação dos 
Secretários ou Subsecretários dos Ministérios de: Turismo; Economia e Fazenda; 
Interior; Obras Públicas; Transportes e Meio Ambiente; Trabalho e Segurança 
Sociais; 
omas, Entidades 
s consumidores, membros do 
mundo acadêmico e de pesquisa e formação turística). As principais funções do 
s e iniciativas de atuação e criar um marco para a interlocução 
Social; Agricultura, Pesca e Alimentação; Educação e Ciência; Cultura; Assuntos 
x Conferência Setorial de Turismo: também criada em 1994, é composta pelos 
responsáveis pela política turística dos distintos níveis de governo; 
x Conselho Promotor de Turismo: criado em 1995 com o objetivo de formalizar um 
espaço de colaboração entre as administrações públicas e os atores do setor privado; 
x Observatorio del Turismo: criado em 1998, constitui um órgão de caráter assessor em 
que se encontram representados a totalidade dos atores involucrados na atividade 
turística (Administração Geral do Estado, Comunidades Autôn
Locais, organizações profissionais e empresariais, organizações sindicais, Câmeras 
de Comércio, meios de comunicação, representantes do
Observatório são monitorar as políticas que incidem sobre a atividade turística, 
desenhar proposta
entre todos os agentes que conformam o setor turístico. 
 33
setor. Por outro lado, estão claros os desafios que o país enfrenta na manutenção desta liderança, 
presarial espanhol através do aprofundamento

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