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1. A evolução histórica da seguridade social

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A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE SOCIAL
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE SOCIAL NO MUNDO
Estudar a história da Seguridade Social é muito importante para entender como evoluíram os vários sistemas que existem hoje. Embora seja recente na história do homem a concepção de proteção social aos riscos no trabalho, é certo que desde os tempos mais remotos e em qualquer lugar do mundo as civilizações sempre tiveram em mente a preocupação com a insegurança natural dos seres humanos. Os acontecimentos relacionados à doença, invalidez e velhice sempre preocuparam a mente humana com a incerteza da sobrevivência na ocorrência de um destes eventos.
Pode-se afirmar que a proteção contra os infortúnios da vida nasceu primeiramente no seio familiar, onde as pessoas mais novas auxiliavam os mais idosos quando estes eram surpreendidos por alguma doença ou invalidez, que os tornava incapazes de prover sua própria manutenção. Tal proteção, no entanto, era limitada e voluntária, não atendendo a todas as necessidades das pessoas, devido ao caráter de benevolência nas atitudes. Segundo o mestre Sérgio Pinto Martins “a família romana, por meio do pater famílias, tinha a obrigação de prestar assistência aos servos e clientes, em uma forma de associação, mediante contribuição de seus membros, de modo a ajudar os mais necessitados”.
Como a necessidade de proteção contra os riscos sociais era crescente e a proteção familiar voluntária era pequena, havia a necessidade de criar novas formas de auxílio aos desprotegidos. Surgiram, então, os grupos mutualistas, que se caracterizavam pela reunião voluntária de pessoas com o propósito de se ajudar mutuamente, de maneira que aqueles que aderiam a estes grupos sabiam que podiam contar com a ajuda dos outros participantes numa eventual necessidade.
As corporações, confrarias e irmandades de socorro atuavam com bastante intensidade e atingiram grau de desenvolvimento. Para alguns escritores, essas instituições constituem as origens mais expressivas do moderno sistema de seguro social. Não havia, até então, nenhuma participação do Estado nas garantias às pessoas que se encontravam em necessidade devido ao desemprego, doença, invalidez ou qualquer outro infortúnio.
A atuação estatal surgiu em 1601, na Inglaterra, quando foi editada a chamada “Lei dos Pobres”, pela qual o Estado deveria amparar os necessitados. Nasceu então a assistência pública com a contribuição obrigatória para fins sociais, cabendo à Igreja administrar um fundo e dar assistência ao indigente. Tratava-se de um avanço na sistemática da assistência social, já que a contribuição era obrigatória, arrecadada da sociedade pelo Estado para fins sociais.
Embora existissem algumas disposições referentes à proteção social na Antiguidade, historicamente esta proteção, vista no estado do bem-estar social, teve base na organização social do trabalho. Desta forma, o acesso à seguridade social está diretamente ligado ao acesso ao trabalho. Este modelo de estrutura de seguro social foi bastante variado nos diversos países devido a fatores como desenvolvimento do capitalismo e organização dos trabalhadores. Não era conhecido um sistema de seguridade social com a participação efetiva do Estado, ou, se existia, era de forma tímida, na medida em que não alcançava a todos os trabalhadores e também voluntária, sem nenhuma contrapartida. Até então, os sistemas de seguridade tinham natureza exclusivamente privada, sem as garantias de um sistema estatal. A noção de previdência social nos moldes de hoje não era conhecida.
A ideia de previdência social como conhecida nos dias atuais tem seu embrião no final do Século XIX, na Alemanha, com o chanceler Otto Von Bismarck. Entre 1883 a 1889, foi criado um conjunto de normas que iriam garantir proteção aos trabalhadores nos eventos de doença, invalidez e velhice, tornando-se a marca fundamental da proteção social no mundo. O sistema era simples e seu custeio tinha a forma tríplice: parte do governo, parte dos trabalhadores e parte dos empregadores. Em 1883 foi criado o seguro-doença, em 1884 foi instituído o seguro contra acidente de trabalho, com custeio dos empresários e em 1889 surgem os seguros de invalidez e velhice.
A igreja católica também teve participação importante na busca pela proteção social, exigindo maior presença do Estado nas ações de amparo aos necessitados. Assim a Santa Sé, por meio do Papa Leão XIII, em 15 de maio de 1891, editou a famosa encíclica Rerum Novarum (carta escrita pelo Papa dirigida aos católicos) exigindo do Estado a criação de um pecúlio para o trabalhador, visando contingências futuras.
Na Inglaterra foi promulgada, em 1907, uma lei de reparação a acidentes de trabalho e assistência à velhice e, em 1911, outra lei tratou da cobertura à invalidez, à doença, à aposentadoria voluntária e à previsão de desemprego. Isso fez com que a Inglaterra se tornasse, na época, o país mais avançado em termos de legislação previdenciária.
A ideia de proteção social, com responsabilidade do Estado, evoluiu em outros países, que começaram a tratar das questões dos direitos sociais, trabalhistas, econômicos e previdenciários em suas constituições. As primeiras constituições a incluir o seguro social foram a do México (1917) e a de Weimar (constituição da Alemanha no período de 1919 a 1933). Era o início do desenvolvimento das regras de seguro social.
Todavia, o verdadeiro período de adoção plena da noção de previdência social surgiu a partir das políticas dos Estados Unidos, após a crise de 1929 (recessão econômica que teve início em 1929 e persistiu ao longo da década de 1930, terminando apenas com a segunda guerra mundial). A New Deal, doutrina do Welfare State (Estado do Bem-Estar Social), foi criada pelo governante Franklin Roosevelt, dos Estados Unidos, na década de 30, para fazer frente às mazelas econômicas e sociais desencadeadas pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque. Tinha como objetivo, no dizer de Sérgio Pinto Martins, “estabelecer um conjunto de políticas estatais para criar novos empregos e uma rede de previdência e saúde públicas”. Passava-se a entender que a proteção social era dever da sociedade como um todo, apresentando o caráter de solidariedade, até hoje presente, pelo qual todos contribuem para que os necessitados de amparo possam tê-lo. Este conceito é fundamental para a noção de seguro social, já que sem o caráter de proteção de todos por todos, mediante a cotização geral dos indivíduos, não se pode falar em previdência social.
A segunda guerra mundial provocou grandes mudanças no conceito de previdência social. No período pós-guerra o flagelo que se instalou com o alto índice de desemprego, trabalhadores mutilados, muitos órfãos e viúvas, exigiu uma maior intervenção estatal, com planos de previdência que amparassem não só os riscos do trabalho, mas também a todas as pessoas em suas dificuldades.
Para enfrentar o difícil momento, foi apresentado no Parlamento Inglês o Relatório Beveridge propondo a instituição do “Welfare State” (Estado do Bem-Estar-Social). As principais recomendações eram a criação de um sistema de seguro social universal e obrigatório, complementado pela assistência e pela previdência voluntária, com a tríplice forma de custeio e financiamento proveniente dos impostos e gestão pública. Tratava-se de um sistema de caráter universal, pois visava atender a todas as pessoas e não apenas ao empregado.
Os planos de previdência conhecidos até aquele momento obedeciam ao modelo bismarckiano, ou seja, estavam estruturados no regime de capitalização, pelo qual somente os empregados poderiam contribuir. Nesse sentido, ensina Pereira de Castro e Lazzari: “embora o seguro social fosse imposto pelo Estado, ainda faltava a noção de solidariedade social, pois não havia a participação da totalidade dos indivíduos, seja como contribuintes, seja como potenciais beneficiários”.
Sejam adotando o modelo bismarckiano ou o modelo beveridgiano, os sistemas de seguro social, em geral, têm como parâmetroos direitos do trabalho. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, inscreve, entre outros direitos fundamentais da pessoa humana, a proteção previdenciária. O artigo XXV da referida norma determina o direito à seguridade no caso de desemprego, doença, invalidez e velhice.
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL
A evolução da proteção social no Brasil seguiu a mesma lógica do plano internacional: origem privada e voluntária, com a formação dos primeiros grupos mutualistas e a intervenção do Estado cada vez maior. A formação do sistema de previdência no Brasil foi lenta, iniciando com o assistencialismo, sobretudo com a participação das entidades beneficentes, como foi o caso das Santas Casas de Misericórdia. O Brasil só conheceu verdadeiras regras de previdência social no século XX. Antes disso, apesar de haver previsão constitucional a respeito da matéria, apenas em diplomas isolados aparecia alguma forma de proteção a infortúnios.
O texto mais antigo de proteção social no Brasil é datado de 1821, expedido pelo príncipe regente Dom Pedro de Alcântara. O Decreto de 1º de outubro daquele ano concebia aposentadoria aos mestres e professores, após 30 anos de serviço. A Constituição de 1824 (art. 179, XXXI) mencionava a garantia aos socorros públicos: atendimento gratuito a quem viesse necessitar.
Em 1888, o Decreto nº 9.912-A dispôs sobre a concessão de aposentadoria aos empregados dos Correios, fixando em trinta anos de serviço e idade mínima de 60 anos os requisitos para tal benefício.
Em 1890, o Decreto nº 221 instituiu a aposentadoria para os empregados da Estada de Ferro do Brasil, posteriormente estendida aos demais ferroviários do Estado.
A Constituição de 1891, art. 75, trouxe a previsão de aposentadoria para os funcionários públicos que se invalidassem quando estivessem a serviço da Nação.
Em 1892, a Lei nº 217 instituiu a aposentadoria por invalidez e a pensão por morte dos operários do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro.
Não havia nenhuma contribuição por parte dos beneficiados e as aposentadorias eram concedidas de forma graciosa pelo Estado, razão pela qual não se poderia falar em previdência social no Brasil.
O registro inicial de proteção ao trabalhador surgiu em 1919, com a lei de proteção ao trabalhador, em certas atividades, sendo incumbência de o empregador custear indenização em caso de acidente do trabalho ao trabalhador e em caso de morte à sua família. Tratava-se de um sistema muito precário, pois determinava a indenização em forma de um pagamento único e não em parcelas mensais, que variava de acordo com o resultado do evento, desde incapacidade temporária até a morte. Não havia a participação do Estado, já que a responsabilidade pela manutenção e administração do sistema era dos empregadores.
Com o Decreto-legislativo nº 4.682, de 1923, foi editada a Lei Eloy Chaves, primeira norma a instituir no Brasil a previdência social, criando as “Caixas de Aposentadorias e Pensões” para as empresas de estradas de ferro, mediante contribuições dos trabalhadores e das empresas do ramo. Previa a aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinária (equivalente à aposentadoria por tempo de serviço), pensão por morte e assistência médica. O regime das “Caixas” era pouco abrangente, e sendo estabelecido por empresa, seu número de contribuintes era insuficiente. Não havia a participação do Estado, que somente determinara a sua criação e o seu funcionamento de acordo com os procedimentos previstos na legislação.
Apesar de não ser o primeiro diploma legal sobre o assunto securitário (já havia legislação sobre o seguro obrigatório de acidente do trabalho), devido ao desenvolvimento posterior da previdência e a estrutura interna da Lei Eloy Chaves, a doutrina majoritária reconhece essa norma como o marco inicial da previdência social no Brasil. Na esteira dessa lei outras categorias de trabalhadores buscaram a mesma proteção, provocando uma rápida extensão dessa técnica pelo país. Foram criadas as “Caixas de Aposentadorias e Pensões” dos portuários, dos marítimos e dos trabalhadores dos serviços telegráficos e radiotelegráficos.
Na era Vargas houve ampla reformulação dos regimes previdenciário e trabalhista, ocorrendo uma mudança radical no sistema previdenciário. A partir de 1930, diante de inúmeras denúncias de fraudes e corrupção, o governo extingue as Caixas de Aposentadorias e Pensões, instituindo os Institutos de Aposentadorias e Pensões, os quais deixaram de ser organizados por empresas, sendo aglutinados por categoria profissional. O primeiro IAP foi o dos marítimos (IAPM). A unificação das Caixas em Institutos ampliou a intervenção estatal na área, pois o controle público ficou finalmente consolidado, já que os Institutos eram dotados de natureza autárquica e subordinados diretamente à União. Cada categoria profissional passava a ter um fundo próprio, havendo tríplice contribuição: do empregado, do empregador e do governo. A gestão do fundo também era tríplice, com a participação de um representante dos empregados, um representante dos empregadores e um do governo.
Além do IAPM, foram criados o IAPB (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários), IAPC (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Comerciários), IAPI (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários), IAPTEC (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Transportadores de Carga) e o IAPFESP (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Ferroviários e Empregados em Serviços Públicos).
A Constituição de 1934 foi a primeira a estabelecer, em texto constitucional, a forma tríplice de custeio: contribuição dos trabalhadores, dos empregadores e do poder público.
A Constituição de 1946 previa normas sobre previdência social no capítulo que versava sobre direitos sociais, obrigando o empregador a manter seguro de acidentes do trabalho. Foi a primeira tentativa de sistematização constitucional de normas no âmbito social. A expressão “previdência social” foi empregada pela primeira vez numa constituição brasileira.
Em 1960, foi criado o Ministério do Trabalho e Previdência Social e promulgada a Lei nº 3.807, que veio unificar toda a legislação securitária, ficando conhecida como a “Lei Orgânica da Previdência Social” (LOPS). Por meio desta lei estabeleceu-se um único plano de benefícios, eliminando as desigualdades de tratamento entre os segurados das entidades previdenciárias e seus dependentes.
A Lei nº 4.214, de 1963, criou o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL).
Em 1963, a Lei nº 4.266 criou o salário-família, destinado aos segurados que tivessem filhos menores. No mesmo ano foi criado o décimo terceiro salário e, no plano previdenciário, o abono anual, pela Lei nº 4.281.
Com o advento do Decreto-lei nº 72, de 1966, os IAP’s foram unificados, sendo criado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), inaugurado em 1º de janeiro de 1967 como uma autarquia ligada à administração indireta da União.
Os trabalhadores domésticos passaram a ser segurados da previdência social com a Lei nº 5.859, de 1972.
A Lei nº 6.439/77 trouxe novas transformações ao modelo previdenciário, desta vez quanto ao aspecto organizacional. Instituiu o SINPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social), buscando a reorganização da previdência social. Este sistema agregava as seguintes entidades:
- INPS (Instituto Nacional de Previdência Social) para efetuar o pagamento e a manutenção de benefícios previdenciários;
- INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), para o atendimento na área de saúde dos segurados e dependentes;
- LBA (Legião Brasileira de Assistência), para o atendimento de idosos e gestantes carentes;
- FUNABEM (Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor), para o atendimento a menores carentes;
- DATAPREV (empresa de processamento de dados da Previdência Social), para o controle de dados do sistema;
- IAPAS (Instituto de Administração da Previdência Social), para a arrecadação e fiscalização dascontribuições;
- CEME (Central de Medicamentos), para a fabricação de medicamentos a baixo custo.
A Constituição de 1988 tratou pela primeira vez da seguridade social, estabelecendo um sistema com o objetivo de atuar simultaneamente nas áreas da saúde, assistência social e previdência social. Desse modo, as contribuições sociais passaram a custear as ações do Estado nestas três áreas e não mais somente no campo da previdência social.
Em 1990 o SINPAS foi extinto, sendo criado o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), com a fusão do INPS com o IAPAS reunindo o custeio e o benefício em um só órgão. Foram extintos o INAMPS, a LBA, a CEME e a FUNABEM. A Dataprev continua em atividade, sendo uma empresa pública vinculada ao Ministério da Previdência.
Em 1991 foram publicadas a Lei nº 8.212 (Plano de Custeio e Organização da Seguridade Social) e a Lei nº 8.213 (Plano de Benefício da Previdência Social), que estão em vigor até hoje, mesmo com as alterações ocorridas em diversos de seus artigos. Atualmente a previdência social é regulada pelo Decreto nº 3.048/99, com disposições relativas ao custeio e aos benefícios.
A Lei nº 11.457, de 2007, criou a Secretaria da Receita Federal do Brasil, órgão da administração direta subordinado ao Ministério de Estado da Fazenda, com competência para executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimentos das contribuições sociais, desvinculando o custeio da previdência social do INSS.
3. SEGURIDADE SOCIAL NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
Os valores sociais do trabalho são fundamentos do Estado Democrático de Direito. A seguridade social brasileira, instituída com a Constituição Brasileira de 1988, incorporou princípios dos sistemas bismarckiano e beveridgiano, restringindo a previdência aos trabalhadores contribuintes, universalizando a saúde e limitando a assistência social a quem dela necessitar.
A expressão “seguridade social” foi adotada pelo constituinte originário de 1988, a qual recebeu críticas, pois o termo mais adequado da língua portuguesa seria “segurança social”. No entanto, o objetivo foi criar um sistema protetivo até então inexistente em nosso país, sendo uma teia de proteção capaz de atender aos anseios e necessidades de todos na área social.
Daí a seguridade social brasileira ser definida como um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos à saúde, à previdência e à assistência social (CF/88, art. 194, caput). Este é o tripé da seguridade brasileira, cujo fundamento maior é a solidariedade.
Podemos definir também a seguridade social como a rede protetiva formada pelo Estado e por particulares, com contribuições de todos, incluindo os beneficiários dos direitos e trabalhadores em geral. A intervenção estatal na composição da seguridade social é obrigatória, por meio da ação direta ou controle, visando atender a toda e qualquer demanda referente ao bem-estar da pessoa humana.
3.1. Saúde
Dispõe o art. 196 da Constituição que a saúde é direito de todos e dever do Estado, ou seja, independentemente de contribuição, qualquer pessoa tem o direito de obter atendimento na rede pública de saúde. Sendo assim, qualquer pessoa, mesmo dotada de recursos financeiros para patrocinar seu próprio atendimento, buscando a proteção do sistema de saúde público deverá ser atendida. A saúde é garantida mediante políticas públicas visando à redução do risco de doença e o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
A lei nº 8.689/93 extinguiu o INAMPS, sendo que suas funções, competências, atividades e atribuições foram absorvidas pelas instâncias federal, estadual e municipal, gestoras do Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS é financiado por recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, além de outras fontes (CF, art. 198, parágrafo único).
3.2. Assistência social
A assistência social será prestada a quem dela necessitar (CF/88, art. 203), ou seja, somente aquelas pessoas que não possuem condições de manutenção própria. Assim como a saúde, a assistência social independe de contribuição direta do beneficiário, exigindo como requisito para o auxílio a necessidade do assistido. É regida pela Lei nº 8.742/93, conhecida como Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), sendo direito do cidadão e dever do Estado. Corresponde a uma política de seguridade social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade para garantir o atendimento às necessidades básicas.
A assistência social tem por objetivos a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência, com promoção de sua integração à vida comunitária; e a garantia de um salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com idade de sessenta e cinco anos ou mais, que comprovem não possuir meios para prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. Este benefício é conhecido como “Benefício de Prestação Continuada” e está previsto no artigo 20, parágrafo 3º da Lei 8.742/93. Tecnicamente não se trata de benefício previdenciário porque não necessita de contribuição, bastando a comprovação da condição de necessitado, embora sua concessão e administração sejam feitas pelo INSS. Para os fins do reconhecimento do direito ao benefício considera-se:
- idoso – aquele com idade de sessenta e cinco anos ou mais;
- pessoa com deficiência – aquela que tem impedimentos de longo prazo (que produzam efeitos pelo prazo mínimo de dois anos) de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir a participação plena ou efetiva do indivíduo na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas;
- incapacidade – fenômeno multidimensional que abrange limitação do desempenho de atividade e restrição da participação, com redução efetiva e acentuada da capacidade de inclusão social, em correspondência à interação entre a pessoa com deficiência e seu ambiente físico e social;
- família incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou do idoso – aquela cuja renda mensal per capta seja inferior a um quarto do salário mínimo;
- família para cálculo da renda per capita – conjunto de pessoas que vivem sob o mesmo teto, assim entendido o requerente, o cônjuge, a companheira, o companheiro, os pais, a madrasta, o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados (o enteado e o menor tutelado equiparam-se ao filho mediante comprovação de dependência econômica, desde que não possuam bens suficientes para o próprio sustento e educação) (Lei nº 8.742/93, art. 20, § 1º);
- renda mensal bruta familiar – a soma dos rendimentos brutos auferidos mensalmente pelos membros da família, composta por salários, proventos, pensões, pensões alimentícias, benefícios de previdência pública ou privada, seguro-desemprego, comissões pró-labore, rendimentos do trabalho não assalariado, rendimentos do mercado informal ou autônomo, rendimentos auferidos do patrimônio, renda mensal vitalícia e Benefício de Prestação Continuada, pois o mesmo será devido a mais de um membro da mesma família enquanto atendidos os requisitos exigidos neste regulamento.
O valor concedido a outros membros do mesmo grupo familiar passa a integrar a renda para efeito de cálculo per capita de novo benefício requerido.
Para fins de reconhecimento do direito ao Benefício de Prestação Continuada aos menores de dezesseis anos de idade, deve ser avaliada a existência de deficiência e o seu impacto na limitação do desempenho de atividade e restrição da participação social, compatível com a idade, sendo dispensávelproceder à avaliação da incapacidade para o trabalho.
Para fazer jus ao benefício de prestação continuada, o idoso deverá comprovar:
- sessenta e cinco anos de idade ou mais;
- renda mensal bruta familiar, dividida pelo número dos integrantes de sua família, inferior a um quarto do salário mínimo;
- não possuir outro benefício no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo o de assistência médica e no caso de recebimento de pensão especial de natureza indenizatória, observado o total mensal bruto da renda familiar.
Para fazer jus ao Benefício de Prestação Continuada, a pessoa com deficiência deverá comprovar:
- ser incapaz para a vida independente e para o trabalho;
- renda mensal bruta familiar, dividida pelo número dos integrantes de sua família, inferior a um quarto do salário mínimo;
- não possuir outro benefício no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo o de assistência médica e no caso de recebimento de pensão especial de natureza indenizatória, observado o total mensal bruto da renda familiar.
Para fins de identificação da pessoa com deficiência e do idoso, no caso de brasileiro naturalizado, deverão ser apresentados os seguintes documentos:
- título declaratório de nacionalidade brasileira;
- carteira de identidade ou carteira de trabalho e previdência social.
A concessão do benefício à pessoa deficiente ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de impedimento, com base nos princípios da Classificação Internacional de Funcionalidades (CIF), estabelecida pela Resolução nº 54.21 da Organização Mundial da Saúde, aprovada pela 54ª Assembleia Mundial da Saúde, em 22 de maio de 2001. A avaliação da deficiência e do grau de incapacidade será composta de avaliação médica e social. A avaliação médica considerará as deficiências nas funções e nas estruturas do corpo, a avaliação social considerará os fatores ambientais, sociais e pessoais e ambas considerarão a limitação do desempenho de atividades e a restrição da participação social, segundo suas especificidades. Estas avaliações serão realizadas pela perícia médica e pelo serviço social do INSS, por meio de instrumentos desenvolvidos especificamente para este fim. O pagamento do benefício assistencial cessa:
- pela superação das condições que lhe deram origem ou por morte do beneficiário;
- por morte presumida do beneficiário, declarada pelo juízo;
- por ausência declarada do beneficiário;
- por falta de apresentação da declaração de composição do grupo e da renda familiar, na ocasião da revisão do benefício;
- por falta de comparecimento do beneficiário portador de deficiência ao exame médico pericial, na ocasião de revisão de benefício.
O referido benefício é intransferível, não gerando direito a pensão por morte, extinguindo-se com o falecimento do beneficiário. Não pode ser acumulado com qualquer auxílio da previdência social ou de outro regime previdenciário, sendo que a lei prevê a sua revisão a cada dois anos.
O Benefício de Prestação Continuada será suspenso quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de micro-empreendedor individual. Extinta a relação trabalhista ou a atividade empreendedora, e, quando for o caso, encerrado o prazo de pagamento do seguro-desemprego e não tendo o beneficiário adquirido direito a qualquer benefício previdenciário, poderá ser requerida a continuidade do pagamento do benefício suspenso, sem necessidade de realização de perícia médica ou reavaliação da deficiência e do grau de incapacidade, respeitado o período de revisão.
A contratação de pessoa com deficiência como aprendiz não acarreta a suspensão do Benefício de Prestação Continuada, sendo o recebimento concomitante da remuneração e do benefício limitado a 2 anos.
A Ação Civil Pública nº 2009.38.00.005945-2 determinou, no âmbito do território da Seção Judiciária de Minas Gerais, que na análise dos requerimentos de benefício assistencial o INSS não compute, no cálculo da renda familiar per capita, o benefício previdenciário ou assistencial no valor de um salário mínimo recebido por pessoa idosa ou deficiente física integrante do grupo familiar. A determinação judicial produz efeitos para requerimentos de benefício assistencial com Data de Entrada de Requerimento (DER) a partir de 06/06/2012, data da intimação da decisão.
3.3. Previdência social
Estabelece o art. 1º da Lei nº 8.213 que a previdência social, mediante contribuição, tem por fim assegurar a seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço e encargos familiares, bem como assegurar a manutenção dos economicamente dependentes dos seus beneficiários falecidos ou sujeitos ao cumprimento de penas privativas de liberdade.
A previdência social é seguro coletivo, contributivo e compulsório, organizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), autarquia federal vinculada ao Ministério da Previdência Social.
O sistema previdenciário é uma espécie de seguro sui generis, na medida em que as pessoas contribuem obrigatoriamente para o alcance de uma garantia. Diferentemente do seguro tradicional, de natureza contratual, a previdência social, embora tenha as características de um seguro, possui natureza compulsória.
O seguro social atua, basicamente, por meio de prestações previdenciárias, as quais podem ser benefícios de natureza pecuniária ou serviços (reabilitação profissional). Os benefícios podem ser considerados programados (para obter uma aposentadoria por tempo de contribuição) ou não programados, como na hipótese de uma aposentadoria por invalidez.
O sistema previdenciário é de natureza compulsória e institucional, já que o Estado, por meio de lei, não permite ao segurado alegar que não deseja ingressar no sistema. No Brasil, qualquer pessoa, nacional ou não, que venha a exercer atividade remunerada em território brasileiro filia-se, automaticamente, ao Regime Geral de Previdência Social, sendo obrigada a efetuar recolhimentos ao sistema previdenciário (somente estão excluídas dessa regra as pessoas já vinculadas a regimes próprios de previdência, como os militares e alguns servidores públicos).

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