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Dois Modelos de Teoria Crítica de Horkheimer

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HORKHEIMER: dois modelos de TC
- TC3 -
NOBRE, Marcos. Max Horkheimer – A teoria crítica entre o nazismo e o capitalismo tardio. In: NOBRE, Marcos (Org.). Curso livre de teoria crítica. Campinas, SP: Papirus, 2008, p.35-52.
p.35 A TC exige uma permanente atenção às transformações sociais, econômicas e políticas em curso e uma constante revisão e renovação das análises em vista de uma compreensão acurada do momento presente.
p.35-36 Cada nova tentativa de compreender o mundo do ponto de vista crítico exige um novo diagnóstico do tempo presente, uma compreensão nova das relações de dominação e das possibilidades de superá-las. Essa perspectiva da superação da dominação e da instauração de uma sociedade de homens e mulheres livres e iguais confere caráter crítico à teoria.
p.36 Os trabalhos mais relevantes de Horkheimer são os das décadas de 1930 e 1940. Esse período coincide em boa parte com a ascensão e a queda do nazismo (1933-1945), aí compreendido o período da II-GG (1939-1945).
p.37 Horkheimer não acreditava que o movimento operário fosse a única força política interna ao próprio sistema com potencial revolucionário.
p.37 Tanto o modelo crítico da década de 1930 como o da década de 1940 já não têm no movimento operário o destinatário da própria teoria.
p.37ss. O ensaio “Teoria tradicional e teoria crítica” (1937) é o texto em que se encontra mais claramente formulado o modelo crítico que caracteriza de maneira geral a produção da década de 1930. Neste modelo, Horkheimer atribui à economia política uma posição central no arranjo disciplinar, tal como já havia sido feito antes por Marx. 
Isso não impediu, entretanto, que muitos novos temas e mesmo novas disciplinas fossem incorporados ao trabalho coletivo. O caso mais importante aqui parece ser o da psicanálise... complemento essencial à teoria de Marx. Durante a década de 1930, foi estreita e intensa a colaboração entre Horkheimer e o psicólogo Erich Fromm...
p.38 No modelo crítico que, na década de 1940, Horkheimer apresentou no livro que escreveu com Adorno, Dialética do esclarecimento (1947), a economia política perde a posição central que antes detinha, elementos auxiliares passam ao primeiro plano. É o caso, por exemplo, da psicanálise, apropriada por eles na forma de uma teoria social.
Diagnóstico do tempo em “Teoria tradicional e teoria crítica” (p.39-41): 
1) as tendências autodestrutivas do capitalismo descobertas por Marx não se encontram acirradas; 
2) uma importante diferenciação social no interior do proletariado (surgimento de uma “aristocracia operária”) e a utilização de mecanismos psicossociais a favor da dominação capitalista dificultam a organização de uma ação unitária dos trabalhadores contra o poder do capital; 
3) ascensão do nazismo, acompanhada de um extraordinário desenvolvimento dos meios de comunicação de massa, da propaganda e da indústria do entretenimento, o que aumentou em muito as possibilidades de controle social.
p.41 Horkheimer considerava que os potenciais de emancipação da dominação capitalista se encontram bloqueados naquele momento... Com isso, é a própria ação transformadora que se encontra bloqueada, não restando ao exercício crítico senão o âmbito da teoria.
p.41-45 Daí que se ocupa de distinguir a teoria crítica da “teoria tradicional”, esta, com a pretensão ilusória de espelhamento neutro de uma realidade aceita como “natural”, por isso, exercendo a função social de legitimação da dominação de classe.
p.46 Os princípios fundamentais que caracterizam a TC são formulados de maneira bastante diferente nos escritos de Horkheimer da década de 1940. As principais publicações de Horkheimer nesse período são a já mencionada Dialética do esclarecimento e também Eclipse da razão... Os dois livros partilham de um mesmo universo teórico e temático.
p.46 Em “Teoria tradicional e teoria crítica” (1937), a possibilidade da prática transformadora se encontrava bloqueada historicamente pela repressão e pela propaganda nazista, mas permanecia ainda no horizonte a ideia de que as possibilidades de intervenção transformadora no mundo poderiam se reabrir com a derrota do nazismo.
p.47 Esse não foi, entretanto, o diagnóstico de Horkheimer no período pós-guerra. A vitória das tropas aliadas não significou, para ele, a restauração das possibilidades revolucionárias. Pelo contrário, o diagnóstico do tempo presente que desenvolveu na Dialética do esclarecimento foi o de um bloqueio estrutural da prática transformadora.
p.47 Capitalismo administrado (pelo Estado): a intervenção do Estado na organização da produção, da distribuição e do consumo adquiriu o caráter de um verdadeiro planejamento (tese de Friedrich Pollock, a quem foi dedicado o livro Dialética do esclarecimento).
p.47 Em Dialética do esclarecimento, o “mundo administrado” é uma forma sofisticada de controle social de que as massas estão inteiramente excluídas e sobre a qual não têm qualquer tipo de domínio.
p.47 O capitalismo administrado (monopolista) bloqueou estruturalmente qualquer possibilidade de superação virtuosa da injustiça vigente e paralisa, portanto, a ação genuinamente transformadora.
p.48 O sistema econômico no capitalismo administrado é controlado de fora, politicamente, e, no entanto, esse controle político não é exercido de maneira transparente. Esse controle é exercido burocraticamente, segundo a racionalidade própria da burocracia. 
Essa racionalidade se chama, na linguagem de Horkheimer, “instrumental”: trata-se de uma racionalidade que pondera, calcula e ajusta os melhores meios a fins dados exteriormente ao agente.
p.48 No capitalismo administrado, a razão se vê reduzida a uma capacidade da adaptação a fins dados de antemão; vê-se reduzida à capacidade de calcular os melhores meios para alcançar fins que lhe são estranhos.
p.48 Desse diagnóstico resulta uma perda de centralidade da economia no arranjo disciplinar vigente até os anos 1930, o que implicou um novo problema de fundamentação para a própria crítica.
Horkheimer buscará essa fundamentação na antropologia, numa nova antropologia.
p.48 A inspiração fundamental para a construção dessa nova antropologia deve ser buscada em Sigmund Freud. 
p.49 Essa nova antropologia tem suas fronteiras delimitadas por uma dialética entre “mito” e “esclarecimento” que estrutura todo o volume. 
Horkheimer e Adorno sustentam que o avanço da “razão” – representado pelo “esclarecimento”... – se deu contra as visões mitológicas do mundo, marcadas por ideias como a de “destino”.
p.40 O esclarecimento... pretendia tornar todos os homens senhores de seu destino e da natureza. Em seu desenvolvimento histórico-cultural, entretanto, a razão mostrou ser apenas autopreservação, ou seja, mostrou-se unicamente como instrumento de dominação e não de libertação.
p.49 A razão esclarecedora se mostrou instrumento de dominação da natureza externa, da natureza interna e das relações sociais. O processo de desencantamento do mundo, dirigido contra o mito, acaba por reverter à mitologia. 
O mundo totalmente desencantado é aquele em que o mito retorna na forma de uma sociedade racional, na qual as ideias como a de destino não deveriam mais ter lugar, mas que são, entretanto, dominantes. 
O desenvolvimento pleno do esclarecimento produz o contrário do que promete, produz um mundo estranho e hostil aos homens, ao qual eles têm de se adaptar como a forças estranhas e fantasmagóricas sobre as quais não têm domínio (fetichismo).
p.50 A razão é, desde sempre, instrumento de dominação [da natureza] pelo fato de consistir em instrumento dirigido primariamente à autopreservação da espécie.
p.50 Objetivo de Dialética do esclarecimento: compreender por que a racionalidade das relações sociais humanas, ao invés de levar à emancipação..., acabou por produzir um sistema social que bloqueou estruturalmente qualquer possibilidade emancipatória, transformando os indivíduos em engrenagens de um mecanismo que não compreendem e não dominam e ao qualse submetem e se adaptem, impotentes.
p.50 Problema: compreender como a razão humana acabou por restringir-se historicamente à sua forma instrumental, cuja forma social concreta é a do mundo administrado.
p.50 A forma de pensamento ilusória e parcial da teoria tradicional é não apenas dominante, mas também a única forma possível de racionalidade sob o capitalismo administrado. 
Assim, a racionalidade como um todo reduz-se a uma função de adaptação à realidade, à produção do conformismo diante da dominação vigente.
p.50 Se esta é a condição/forma da razão sob o capitalismo administrado, em nome do que é possível criticar a racionalidade instrumental?
p.50 Para criticar o capitalismo tardio, para destruí-lo, é preciso lançar mão da mesma racionalidade que o constitui, o que o reforça em lugar de abalá-lo.
p.51 Dialética do esclarecimento... é um pensar que pensa contra o pensamento, que se vira contra nossas próprias estruturas de pensamento, denunciando o conluio da forma de nossa racionalidade com a forma de dominação vigente. 
p.51 Para Horkheimer, permanecer fiel à emancipação significava reconhecer que ela havia perdido o seu ancoradouro real nos novos processos sociais que se delineavam para o período posterior à II-GG. O comportamento crítico autêntico, portanto, estava em realizar sem concessões essa dura análise da nova realidade histórica.
p.52 O diagnóstico subjacente a Dialética do esclarecimento, que aponta para um bloqueio objetivo da práxis, da ação verdadeiramente transformadora, não pode nem deve ser confundido com ausência de potencial crítico. Muito pelo contrário, a força da Dialética do esclarecimento está em que, até hoje, permite análises críticas cruciais da vida contemporânea.
p.52 As teses formuladas em 1947 sobre a indústria cultural ou sobre o nazismo permanecem plausíveis... são até hoje pontos de partida inescapáveis para que se proponha a estudar o fenômeno.

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