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Capitulo II modelo de regras_ Ronald Dworkin_Levando os Direitos a sério

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Universidade do Estado do Mato Grosso
Campus Barra do Bugres
Direito Constitucional I
Professora: Janice A. Kohlrausch 
Aluno/aluna: Luclécio Ferreira de Araújo
Levando os Direitos a sério
O modelo de regras I
	Ronald Dworkin na sua obra “Levando Direitos a sério”, especificamente em seu capitulo II, faz uma crítica ao modelo positivista dos denominados por ele “nominalistas” que vem que a melhor solução do problema de compreensão do que são direitos e obrigações jurídicas seria ‘ignorá-los’. Na visão destes, a complexidade dos conceitos já é prova da sua irrealidade e que estes conceitos nada mais são que resquícios da nossa escravidão. 
	Dworkin critica principalmente o modelo de direito de H.L.A Hart que é subdividido em regras primarias e regras secundarias. As regras primarias seriam “aquelas que concedem direitos ou impõem obrigações aos membros da comunidade” (pg.31) enquanto as secundarias seriam “aquelas que estipulam como e por quem tais regras podem ser estabelecidas, declaradas legais, modificadas ou abolidas” (pg.31). 	Além dos conceitos de subdivisão entre regras primarias e secundarias H.L.A Hart ainda faz uma análise geral das regras a diferenciando de uma ordem, principalmente em seu caráter normativo. Uma regra possui duas fontes possíveis de autoridade: uma porque é aceita e outra porque é válida. Hart ainda defende a ideia de que os juízes não são atravessados por padrões que não sejam regras enquanto para Dworkin deve-se levar em conta o papel dos princípios nos argumentos sobre a obrigação jurídica – sobre o que é ou não direito.
	Vale ressalvar também a critica que Dworkin faz ao modelo de Austin, que em suas palavras é “extremamente belo em sua simplicidade”, Austin usa como único critério de identificação de regras especiais um teste factual simples – O que ordenou o soberano? – Austin diz que em cada sociedade a um grupo ou instituição que detém o controle sobre restante da comunidade, o que não se aplica as sociedades modernas pluralistas e em constantemente desenvolvimento. A segunda critica ao modelo de Austin seria a sua incapacidade de distinguir certas atitudes que tomamos no direito, como por exemplo, o rigor autoritário e obrigatório da lei jurídica e sua ausência na lei de um fora-da-lei, seu modelo não permite tal distinção, pois define a obrigação como subjugação a uma ameaça de força, fundamentando a autoridade do direito na simples vontade do soberano.
Na sua obra Dworkin procura distinguir regras, princípios e politicas que não estão claros nas teorias dos demais positivistas. Dworkin analisa que quando deparados com os conhecidos “hard cases” os juízes tendem a usar padrões que não funcionam como regras, como princípios e políticas. Para ele política é um padrão que visa melhorias principalmente econômicas e sociais para a comunidade enquanto o princípio deve ser observado como uma necessidade da justiça e não como uma promoção de melhorias, exemplificando, politica seria o padrão que determina que os índices de violência devam ser diminuídos em vista que o principio seria o padrão que determina que todos devem ser tratados como iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza.
De inicio Dworkin separa princípios, em seu sentido genérico, das regras. Para exemplificar ele faz uso de dois grandes casos da corte americana: 
O primeiro caso é o de 1889, Riggs contra Palmer, o tribunal ficou encarregado de decidir se o herdeiro deveria receber o constante no testamente, em vista que teria assassinado o avô para receber a herança, mesmo não possuindo regra clara que proibisse o acusado de receber a herança do avô, o tribunal baseado no principio de que “ninguém será permitido lucrar com sua própria fraude, beneficiar-se com seus próprios atos ilícitos, basear qualquer reivindicação na sua própria iniquidade ou adquirir bens em decorrência de seu próprio crime” negou o direito de herança ao acusado.
O segundo caso é o de 1969, Henningsen contra Bloomfield Motors, considerado um caso mais complexo, nele o tribunal se deparou com a questão de até que ponto o fabricante tem responsabilidades sobre eventuais defeitos no automóvel. Henningsen teria assinado um contrato que reduz a responsabilidade do fabricante ao conserto de peças defeituosas, mas Henningsen alegava que pelo menos em seu caso o proprietário deveria arcar com as despesas de um acidente. Mesmo não encontrando nenhuma regra que impedisse o uso do contrato pelo fabricante o tribunal concedeu a vitória para Henningsen. Devesse salientar que um tribunal não tem autoridade para reescrever contratos a seu bel prazer, mas que em casos onde as clausulas do contrato não pareçam justas para ambas as partes, o tribunal terá menos razões para fazê-lo cumprir.
Em suma Dworkin diferencia princípios e regras por sua “natureza lógica”. Enquanto as normas são postas a teste na maneira do tudo ou nada: sendo ou não valida, os princípios possuem dimensão de peso e importância que não são encontrados nas regras puras: quando acorre o choque entre duas regras no direito uma delas não será valida, devido a não abranger uma regulação de comportamento tão importante ou um principio tão importante, entre outros.
Na doutrina positivista o juiz possui poder discricionário quando não existi regra estabelecida para o caso especifico, não possuindo obrigação de seguir regras ou princípios norteadores. Os positivistas defendem que princípios não tem poder vinculante ou obrigatório, já para Dworkin os juízes possuem o dever de manter em suas decisões os princípios norteadores.
Na sua obra Dworkin faz um ataque à doutrina positivista que distingue a comunidade de outros padrões sociais através de regras supremas, rejeita o poder discricionário e a obrigação jurídica positivista, que não leva em consideração muitos princípios norteadores que são de suma importância para tornar as regras justas. Dworkin visa principalmente a possibilidade da inserção dos princípios na obrigação jurídica, sem que a mesma tenha que abrir mão das regras.

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