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Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro - 2012 Gestão Pública em evista uritibauritiba Boas Práticas e Trabalhos Acadêmicos nas Áreas Temáticas de Gestão de Pessoas Edição Especial Revista CC Gestão Pública uritibauritiba em Prefeitura Municipal de Curitiba Instituto Municipal de Administração Pública Curitiba Outubro/2012 REVISTA GESTÃO PÚBLICA EM CURITIBA Instrumento oficial de divulgação técnico científica do Instituto Municipal de Administração Pública - IMAP da Prefeitura Municipal de Curitiba - PMC MISSÃO Ser veículo de comunicação, com foco em gestão pública e do conhecimento, valorizando o interesse coletivo que se traduz em melhorias na qualidade de vida do cidadão, valorização dos servidores e reconhecimento institucional. PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA Sede do Governo Municipal Av. Cândido de Abreu, 817 CEP - 80530-908 Curitiba - Paraná. INSTITUTO MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PRESIDENTE Carlos Homero Giacomini SUPERINTENDENTE Elaine Rossi Ribeiro DIRETORA DA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Francine Lia Wosniak DIRETORA DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL Marcia Schlichting DIRETOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO Dorival Siqueira Tanan COMISSÃO DE EDITORAÇÃO Adriana Franzoi Wagner Carla Cristine Braun Claudia Savi REVISÃO Neida Maria da Conceição Padilha PROJETO GRÁFICO Luiz Carlos de Andrade Filho Editoração e diagramação Luiz Carlos de Andrade Filho Luiz Fernando da Rocha Pombo José Rogério Barbosa Revista Gestão Pública em Curitiba R454 Curitiba: Instituto Municipal de Administração Pública, Prefeitura Municipal de Curitiba, 2012 - ISSN 2177-7586 Quadrimestral, v.3, n.4, outubro. 2012 Modo de acesso: http://www.imap.curitiba.org.br 1. Gestão Pública - Periódicos. I. IMAP CDD 351.05 CDU 350 Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária: Elizabeth W. Palhares - CRB - 9 Volume II - Número II - Mai./Ago. 2011 II A Revista Gestão Pública em Curitiba é uma publicação do IMAP: = Os artigos publicados na Revista são de inteira responsabilidade dos autores. = Proibida a utilização para fins comerciais de matéria publicada. = Início de circulação: outubro, 2012 = Periodicidade: quadrimestral = Endereço eletrônico: http://www.imap.curitiba.org.br RevistaGestão Pública em Curitiba Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 SUMÁRIO RevistaGestão Pública em Curitiba Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 Editorial A Função de Uma Equipe de Saúde do Trabalhador A Importância do Olhar Epidemiológico à Saúde Ocupacional Assédio Moral no Trabalho: Prevenção como Estratégia na Gestão Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Em Busca da Igualdade: A Questão de Gênero no Serviço Municipal Estratégias para Redução do Absenteísmo: Experiência em Instituição Pública Municipal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Gestão do Programa Pró-equidade de Gênero e Raça na Prefeitura de Curitiba Gravação de Videoaulas: Uma Prática de Gestão do Conhecimento na Prefeitura Municipal de Curitiba Modelos Gerenciais e sua Aplicabilidade na Prefeitura Municipal de Curitiba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Prevenção de Estresse: Uma Experiência de Saúde Ocupacional Prevenção para Redução de Acidentes Projeto Desafios Reabilitação Ocupacional: Cargo de Educador na Prefeitura Municipal de Curitiba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família: Uma Experiência com Grupo de Homens no Cras Vila São Pedro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sistema de Informação em Saúde Ocupacional da Prefeitura Municipal de Curitiba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tecendo História: Programa de Atenção e Prevenção ao Álcool e Outras Drogas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Normas para Publicação de Artigos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 001 Maria Cecilia Cardoso Teles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 003 Jorgina Maria da Silva; Amarildo Lang, Marli do Rocio da Silva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 011 Maria de Lourdes Santos Iargas d'Avila; Márcia Regina Biscaia Virtuoso 019 Lenina Formaggi; Marisa Mendes de Souza; Paulo Afonso Bracarense Costa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 029 Marli do Rocio da Silva Marghraf; Amarildo Lang; Jorgina Maria da Silva 041 Marisa Mendes de Souza; Paulo Afonso Bracarense Costa; Carla Cristine Braun . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 049 Adriana Franzoi Wagner; Carla Cristine Braun; Claudia Savi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 059 Terezinha Irene Mossmann 069 Beatriz Marilena Eckert Garcia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 079 Mário Luiz Costa Junior; Álvaro Augusto Reque. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 085 Suely Hass. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 091 Denise Renata Godoy 095 Érica Elizabeth Ruscheweyhlunke 101 Amarildo Lang; Celina Maria Resende Rocha de Souza; Airton Francisco de Paula 109 Antonia Macchioni 119 127 III RevistaGestão Pública em Curitiba Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 IV 01 Caros Leitores Nesta edição da Revista Gestão Pública em Curitiba oferecemos aos leitores artigos que discorrem sobre o tema “Gestão de Pessoas”. Fica evidente que a cultura organizacional é fator determinante para a concretização da visão, sempre desafiadora, da produção do conhecimento. São elas, as pessoas, que somam esforços para criar ambientes favoráveis ao aprendizado individual e alcançar coletivamente o aprendizado institucional, tão necessá- rio para o alcance dos objetivos estratégicos da organização. Dessa forma, apresentamos por meio das boas práticas e dos trabalhos acadêmicos – o comprometimento dos pares e a valorização das ações realizadas, expandindo a cultura da inovação, a formação de multi- plicadores e o compartilhamento do conhecimento. Assim, temos em mãos farto material para estudos e reflexões, por outro lado, aquém daquilo que aponta o círculo virtuoso da geração do conhecimento, pois os servido- res municipais estão em constante busca pela criatividade, do novo e da constante apren- dizagem com objetivo maior de promover o continuum saber, fazer e ser. Aprecie a leitura! Carlos Homero Giacomini EDITORIAL RevistaGestão Pública em Curitiba Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012RevistaGestão Pública em Curitiba 02 Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 RevistaGestão Pública em Curitiba 03 RESUMO Este artigo traz a narrativa da prática e fundamentação teórica do Setor de Saúde Ocupacional (SSOC), que integra a Coordenadoria de Recursos Humanos (CRH) da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), órgão da administração indireta da Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC). Com objetivo de articular as elaborações produzidas pela experiência e a teoria que a fundamenta ao método de trabalho e efeitos da ação da equipe, realizou-se análise qualitativa dessa iniciativa, que aqui é tomada como um caso de administração da saúde do trabalhador em instituição pública. Concluiu-se que a equipe tem na escuta sua principal ferramenta técnica, valorizando os discursos para fazer fluir os canais de comunicação e possibilitar aos sujeitos de sua ação uma reflexão, ressignificação do conteúdo e responsabilização pelo que se fala e faz. Imprimindo inter- venções que precipitam a elaboração subjetiva de sentidos, mobilizam-se mudanças de atitudes e elevação da satisfação no trabalho, demonstrando que é possível e necessário fomentar serviços públicos de saúde do trabalhador com equipes imersas no cotidiano dos trabalhadores. Palavras-chave: Escuta. Satisfação no trabalho. Saúde do trabalhador. Instituição pública. Equipe. A FUNÇÃO DE UMA EQUIPE DE SAÚDE DO TRABALHADOR Maria Cecilia Cardoso Teles Servidora da Fundação Cultural de Curitiba (FCC) Trabalho Acadêmico INTRODUÇÃO Saúde do trabalhador é um aspecto do âmbito organizacional em que os desafios estão ligados às condições físicas e mentais e à valorização subjetiva que o sujeito faz de sua atividade laboral, à natureza da atividade, à organização da tarefa, e ao modo como se dá a divisão dos papéis e relações humanas no ambiente de trabalho. Todos estes elementos se cor- relacionam à vida pregressa e atual do trabalhador, suas expectativas de futuro, bem como à cultura e condições da instituição, empresa ou sociedade onde a relação homem-trabalho acontece. Essa complexidade é retratada nas formas como se organizam os serviços voltados à saúde do traba- lhador. Escolher uma fundamentação para sua prática é um diferencial técnico da responsabilidade de cada profissional, mas, quando compartilhada por todos de uma equipe, produz um efeito identificatório, reflexivo e criativo em que as discussões partem de fundamen- tos e conceitos inerentes a um conjunto lógico comum. Desse modo, a linguagem dos procedimentos adotados pela equipe permitirá a construção de um método de trabalho com processos coerentes aos objetivos almejados. Neste estudo, os referenciais teóricos evidenciam três pontos considerados essenciais para balizar a prática de uma equipe transdisciplinar de saúde do trabalhador em instituição pública: a escuta clínica, enquanto procedimento de trabalho dos profissionais de saúde; a compreensão do quantum de satisfação que o sujeito pode derivar de sua atividade no contexto da organização e sua disponibilidade em colocar suas competências a serviço da instituição; e as possibili- dades de intervenção nos métodos de gestão. A escuta é um dispositivo de cuidado inerente à constituição do ser, pois o homem cuida-se na rela- ção com outros, que também cuidam dele e, para isso, tem de lidar consigo e com o outro. Isso implica na busca constante de um saber de si, o que remete a pensar a escuta como dispositivo que auxilia o RevistaGestão Pública em Curitiba 04 profissional de saúde a intervir sobre os processos de subjetivação do cuidado necessário para o desenvolvi- mento de atitu-des saudáveis (LIMA, 2008). Conforme Dutra (2004, p. 384), o diferencial da escuta clínica está na qualidade da escuta e acolhida que se oferece a alguém que apresenta uma demanda psíquica, um sofrimento, para um outro que se propõe a compreender esta demanda. Representa uma determinada postura dian- te do outro, entendendo-o como sujeito que pensa, sente, fala e constrói sentidos que se expressam, se criam e se modificam nessa relação de subjetividade, num determinado mundo e num certo mo-mento das suas histórias. O ambiente psicossocial do trabalho é composto da sua organização e relações sociais, e, assim sendo, é importante diferenciar motivação e satisfação. Segundo Steuer (1989), a motivação é a tensão exercida por uma ou mais necessidades de um sujeito, que o colocará em movimento para a realização da tarefa. A satisfação é uma sensação resultante da avaliação positiva do trabalho, que não depende apenas dos resultados de sucesso, mas do efeito de sentido e estado emocional agradável que a sua realização produz no sujeito, expressa no seu humor, opiniões, pensamentos, atitudes e sentimentos. Quando se alinha função e tarefas às expectativas e necessidades do trabalhador em relação à sua exe- cução, acontece um efeito de sentido, motivando-o ao trabalho, aumentando a probabilidade de gerar satis- fação e impactar na sua saúde global. Ao se relacio- nar trabalho e funcionamento psíquico, devem-se observar dois aspectos da organização do trabalho: a divisão das tarefas, que modula o sentido e o interesse pelo trabalho, e a distribuição dos homens, que modu- la as relações entre as pessoas, mobilizando a afetivi- dade (DEJOURS e ABDOUCHELI, 1994). O Setor de Saúde Ocupacional e Capacitações (SSOC) foi implantado em 2005, na Coordenadoria de Recursos Humanos (CRH) da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), instituição da administração indireta da Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC). A prática desse setor diz que, na empresa pública, a equipe de Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 RevistaGestão Pública em Curitiba 05 saúde do trabalho pode empreender uma ação integrada, com profissionais ligados entre si por uma visão ética comum. Demonstra também que a equipe de saúde do trabalhador pode estar presente, partici- pando dos momentos oportunos para intervir na dinâmica das relações e organização do trabalho, ajudando os gestores e trabalhadores a desenvolve- rem um ambiente favorável à satisfação, aliados à produtividade necessária à instituição. A crescente demanda torna importante o objetivo principal deste artigo: articular as elaborações produzidas pela experiência e a teoria que a funda- menta, ao método de trabalho e efeitos da ação da equipe. Atualmente, ao completar sete anos de existência, os registros de atendimento do SSOC são fontes profícuas de análise qualitativa. Constituição da Equipe do SSOC e Organização do Trabalho De março de 2005 até outubro de 2006, compu- nha a equipe do SSOC somente uma profissional de psicologia, quando uma terapeuta ocupacional foi integrada ao setor e, desde então, as ações de saúde do trabalhador na FCC são geridas por essa dupla de profissionais. Ambas compartilham as responsabili- dades de concepção, planejamento, atendimento aos servidores, mediação de interesses e conflitos, organização das atividades, encaminhamentos das questões junto aos servidores individualmente, ou às chefias e equipes, ou ainda, aos serviços de saúde e sociais externos à FCC. Uma promotora cultural integrou-se ao SSOC em 2009, onde colabora com a comunicação entre os servidores e a equipe, elabora mensagens, divulga capacitações e informações, realiza controle de inscri- ções e frequência em capacitações e reuniões, orienta e auxilia os trabalhadores em seu desenvolvimento profissional, além de auxiliarno planejamento e cui- dar de providências administrativas e logísticas ne- cessárias para realização das atividades planejadas. MATERIAL E MÉTODO Ao SSOC integram-se também duas agentes de segurança local da FCC (AGESEL) e o Comitê de Ergonomia da FCC (COERGO), constituído em 2007 para tratar e articular com a instituição e trabalhado- res as questões de ergonomia. No início de 2012 houve a inserção de um auxiliar cultural na equipe, que exerce função admi- nistrativa e logística, realiza controles e encaminha- mentos administrativos de documentos e exames periódicos de saúde ocupacional, com importante atuação na organização do trabalho, gestão dos docu- mentos e comunicação com os trabalhadores. Outros profissionais (uma pedagoga e dois técni- cos de segurança local) e duas estagiárias também tiveram participação por breves períodos de tempo. Em junho de 2012 integrou-se à equipe um novo técnico de segurança de trabalho. O Método de Trabalho do SSOC e suas ferramentas O SSOC constituiu-se com tripla função: respon- de pela gestão do conhecimento, pela capacitação profissional e a atenção à saúde do trabalhador na FCC. As diretrizes para questões de capacitação e gestão do conhecimento são provenientes do Instituto Municipal de Administração Pública (IMAP); e o direcionamento da saúde do trabalhador vem do Departamento de Saúde Ocupacional (RHSO) da Se- cretaria Municipal de Recursos Humanos (SMRH), que descentraliza suas ações por meio de núcleos de saúde ocupacional. O Núcleo de Saúde Ocupacional da Secretaria de Recursos Humanos (NRH-RH) é o responsável pelo atendimento à FCC e a vários outros órgãos da gestão direta e indireta da PMC. O atendimento aos servidores realiza-se pela comunicação com a equipe do SSOC, que pode ser de forma livre, espontânea ou direcionada, acontecendo pessoalmente, por telefone e mediante e-mail corpo- rativo. O processo de escuta é articulado às entrevistas individuais e aos registros técnicos, utilizando-se duas formas desse procedimento: roteiros de entre- Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 RevistaGestão Pública em Curitiba 06 vista estruturada (elaborados pelas profissionais segundo os objetivos daquela ação) ou registros livres. Como a atenção é composta de variados momentos, o estudo e intervenção em cada caso são construídos gradativamente, com base nos relatos de atendimen- tos. A entrevista segue as nuances do discurso do entrevistado e as informações são registradas imedia- tamente ou após o atendimento, se for mais confortá- vel para os envolvidos. Desse modo, coletam-se dados que não seguem uma lógica cartesiana, mas, sim, a lógica do discurso dos sujeitos. Registram-se a histó- ria de vida, a história clínica, a história ocupacional, as condições de vida, dados e situação atual de traba- lho, queixas e sintomas declarados pelo trabalhador, bem como a significação do momento histórico em que o problema emocional ou adoecimento físico ou mental desencadeou-se. Em determinados casos, a equipe do SSOC aplica questionários para detecção do estresse e, simultane- amente, propõe reflexão sobre o relatado, buscando saídas individuais ou em grupo quando os fatores de estresse são relacionados à dinâmica de funciona- mento da equipe. Se considerado pertinente, realiza- se intermediação de interesses e expectativas, mediação de conflitos e mobilização da comunicação entre partes, no sentido de aliviar a carga emocional e reduzir o sofrimento no trabalho, promover o bem- estar, a saúde e motivação, prevenindo situações que poderiam vir a desencadear estresse e adoecimento. Questões relacionadas ao consumo de substân- cias psicoativas legais e ilegais que estão interferindo na saúde do trabalhador ou na dinâmica do trabalho são abordadas, encaminhadas e monitoradas. Sempre que considerado pertinente, aplica-se o ASSIST – Alcoohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test, que é um teste de triagem do envolvimento com álcool, tabaco e outras substâncias. O questionário traz perguntas sobre a frequência de uso de drogas na vida e nos últimos três meses, problemas relacionados, preocupação a respeito por parte de pessoas próximas, prejuízo na execução de tarefas esperadas, tentativas de cessar ou reduzir o uso, compulsão e uso por via injetável. Cada resposta corresponde a um escore, sendo que a soma total pode ser indicativa de uso ocasional, abusivo ou de dependência. O teste é associado à intervenção breve e sua eficácia é comprovada e recomendada pelo Ministério da Saúde, servindo como um indicador e feedback para a pessoa em relação ao seu uso de drogas, facilitando a motivação e adoção de mudan- ças comportamentais. Há um grupo de apoio em dependência química na FCC, cuja primeira experiência ocorreu em 2005, tendo reiniciado em 2008. Nas reuniões quinzenais, fala e escuta fluem com livre associação de ideias, seguindo as modulações dos discursos e reações às palavras de cada integrante. A adesão é autorizada pelas chefias, que são convidadas para as reuniões e solicitadas a entregar o convite aos participantes a cada encontro, incentivando-os a participar. Atualmente as profissionais de saúde do SSOC são chamadas a integrar reuniões de equipe e de discussão de problemas organizacionais, geralmente sendo remetidas a traçar o plano de ação para solução das questões. Assim, a intervenção organizacional passou a fazer parte das funções do SSOC. Considera-se relevante citar como resultados do trabalho do SSOC: Reconhecimento como representante e gestor da FCC para questões relacionadas à gestão do conhe- cimento, capacitação e saúde ocupacional. Integração à equipe dos profissionais que atuam nos núcleos de saúde ocupacional da PMC, rea- lizando ações em corresponsabilidade com o RHSO, de onde recebe as diretrizes desta área de trabalho. Metodologia estruturada, com controle dos dados e informações relacionadas à área de atuação, possibilitando o acesso gradativo da equipe aos sistemas informatizados oficiais da PMC. RESULTADOS E DISCUSSÃO l l l Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 RevistaGestão Pública em Curitiba 07Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 l l l l l Participação em estratégias de intervenção co- letivas, traduzidas em necessidade pela análise dos dados, que são transformados em conhe- cimento após problematização constante das situações e casos atendidos. Equipe integrada, que dinamiza o trabalho em função dos resultados almejados. Trabalho sustentado por fundamentação teórica que possibilita planejamento e adequação aos limites da infraestrutura da instituição. Confiança na ética, sigilo e cuidado da equipe no trato das questões, pela maior parte dos trabalhadores, gestores e profissionais internos e externos à FCC, gerando crescente procura espontânea aos serviços do SSOC. Melhora da saúde e satisfação no trabalho, manifestada por trabalhadores atendidos. Com a implantação do SSOC por parte da FCC, as ações de saúde ocupacional estruturaram-se em cor- responsabilidade com o NRH-RH e RHSO. Observa- se, no entanto, que o SSOC desenvolveu uma dinâmi- ca de trabalho singular, que o diferencia dos núcleos oficiais da PMC. O método de trabalho alinhou as estratégias de suas áreas de atuação, articulando demandas e interesses dos servidores e instituição em sua estrutura específica (FCC), e ampliada (PMC, RHSO, IMAP e outras). Nos relatos e documentos de registro dos atendi- mentosrealizados no período de 2005 a 2012, destacou-se a recorrência de fatores apontados pelos trabalhadores como causa de adoecimento, não so- mente mental, mas físico, as intervenções efetuadas pelas profissionais e os resultados obtidos. Verificou- se que o trabalho com estes casos apontou a necessi- dade de intervenções coletivas, bem como promoção de melhoria contínua do clima organizacional para repercutir em favor da saúde de seus trabalhadores. A principal estratégia metodológica é a escuta. Não o simples ato de ouvir e interagir entre colegas, mas sim um ato que possui método, técnica e princípi- os éticos profissionais. Na atenção aos trabalhado- res, a equipe de saúde do SSOC foi diagnosticando a extensão das demandas, quase sempre expressas em sofrimento psíquico. O contexto da instituição fez com que as profissio- nais desenvolvessem habilidades para exercer a escuta com uma única pessoa ou com mais de um dos envolvidos nas situações. Percebeu-se a existência de uma multiplicidade de possibilidades de intervenção, sendo que a escolha das profissionais foi de fazer circular e movimentar o que se apresentou como angústia, no sentido de amenizar o sofrimento. Este procedimento abriu saídas para impasses, dando ao trabalho o curso da produtividade esperada pela instituição em conciliação com aquilo que é manifes- tado como satisfatório ao sujeito que trabalha. Demonstrou-se na prática que tempo e espaço para a fala e escuta são imprescindíveis no ambiente de trabalho, pois fazem incluir os sentimentos, sofri- mentos psíquicos e angústias no rol das manifesta- ções importantes à gestão do trabalho, possibilitando ao sujeito ao mesmo tempo, um saber subjetivo sobre o que o move em suas atitudes e decisões. A reflexão sobre si mesmo e implicação nos resultados daquilo que lhe acontece na vida possibilitou responsabiliza- ção e evitou a culpabilização do outro em vários casos atendidos, comprovando que quando se obtém este efeito, arrefecem-se as forças subjetivas que geravam adoecimento, e o sujeito retoma seu lugar de autono- mia, assumindo postura profissional proativa. A prática demonstrou que os resultados foram promissores quando se trabalhou os conflitos antes de qualquer decisão. Para tanto, foi necessária a análise minuciosa da situação de trabalho, o conhecimento da interrelação entre trabalho e outros aspectos da vida das pessoas atendidas. Observou-se que a não aceitação dos parâmetros organizacionais coloca alguns trabalhadores em cons- tante estado de angústia, estresse, agressividade ou exclusão das relações de colaboração no trabalho; em outros casos, a intervenção foi necessária junto a trabalhadores cujos privilégios provocavam sentimen- RevistaGestão Pública em Curitiba 08 Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 tos de injustiça, hostilidade e insatisfação de outros trabalhadores que, submetidos às regras de trabalho preconizadas pela instituição, manifestavam sua indignação. A equipe do SSOC mediou situações de conflito fomentando a discussão e o realinhamento do traba- lhador frente à instituição e vice-versa. Neste contex- to, trabalhou-se com a crise nas relações pessoais e profissionais, com discursos impregnados de afetos negativos, que muitas vezes, durante o processo, foram transferidos aos profissionais de saúde, exigin- do perícia no manejo. A compreensão do fenômeno que envolve a satisfação ou insatisfação no trabalho é um dos fundamentos da equipe do SSOC para exercício de sua função. Ela reflete um estado subjetivo, que pode afetar a saúde física e mental do trabalhador, e, ainda, afetar sua vida pessoal, familiar e profissional. Esse estado subjetivo pode ser influenciado por forças internas e externas ao sujeito e ao ambiente de trabalho. Ao se perceber um sofrimento relacionado ao trabalho, é necessário analisar quais os componentes do trabalho estão se opondo à descarga de energia para aquele sujeito, visto que a insatisfação pode estar relacionada ao conteúdo da tarefa (DEJOURS, 1987). A demanda ao SSOC para atendimento individual, mediação de situações de conflito e participação em reuniões de equipe para propiciar escuta e interven- ção organizacional cresce gradativamente e é percebi- da na dinâmica de trabalho e registros de atendimen- to. São frequentes os depoimentos e as manifestações dos trabalhadores e chefias, valorizando a existência deste serviço na instituição. Após as intervenções do SSOC, percebeu-se movi- mentação dos envolvidos em direção à solução para sua situação funcional, na maioria dos casos atendi- dos. Observou-se retificação subjetiva, mudanças na lógica da relação entre a instituição e trabalhadores e vice-versa, com tomadas de decisão significadas co- mo satisfatórias por ambas as partes. A percepção dos trabalhadores foi considerada na busca de soluções e intervenções propostas pela equipe de saúde, utilizando-se todos os recursos e rede de colaboradores possíveis. O espaço de escuta dos trabalha- dores foi valorizado pelos mesmos e pela instituição, que interagiu buscando atender às recomendações. Verificaram-se alguns casos que apresentavam problemas de saúde relacionados à organização do trabalho e à forma como se dá a divisão do trabalho, bem como à natureza da atividade, incomodando aos trabalhadores a falta de sentido, a ociosidade, a impossibilidade de criatividade e maior participação no trabalho como fatores de estresse, desmotivação, sofrimento e adoecimento mental. Percebeu-se clara- mente, nos registros dos atendimentos, que houve casos de agravamento de doença física com distúrbio psicossomático (crise hipertensiva, fibromialgia, entre outros), alcoolismo e outras dependências químicas. Os quadros clínicos mostraram a existência de ansie- dade, depressão, tensão, fadiga, mal-estar, rela- cionados ao trabalho e também a questões subjetivas, dependência e relacionamentos. Observou-se que o tempo de acompanhamento e as estratégias de intervenção foram relativos às res- postas obtidas. A complexidade de cada caso foi colo- cada pelo discurso e pelas ações recíprocas entre trabalhador, chefias, colegas, familiares e profissio- nais, que escutaram, analisaram e traçaram os cami- nhos da intervenção em conjunto com todos os en- volvidos, intensificando-a nos pontos de mudança e não de problemas. Assim, as dificuldades foram en- frentadas como desafios e as potencialidades valo- rizadas e colocadas em movimento pelo discurso, pro- movendo ambiente para decisões gerenciais favorá- veis aos trabalhadores e à instituição. RevistaGestão Pública em Curitiba 09Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 CONSIDERAÇÕES FINAIS A experiência do SSOC confirma que a satisfação e insatisfação no trabalho são faces opostas de um mesmo fenômeno, um resultado subjetivo da relação entre as motivações do trabalhador e os valores que confere obter de seu investimento na vida profissional. Conclui-se que a equipe tem na escuta sua principal ferramenta técnica. Valorizam os discursos para fazer fluir os canais de comunicação e possibilitar aos sujeitos de sua ação uma reflexão, ressignificação do conteúdo e reponsabilização pelo que falam e fazem. As intervenções precipitam a elaboração subjetiva de sentidos, mobilizando mudanças de atitudes e elevação da satisfação no trabalho, demonstrando que é possível e necessário fomentar serviços públicos de saúde do trabalhador com equipes imersas no cotidia- no dos trabalhadores. REFERÊNCIAS DEJOURS, C. ABDOUCHELI, E. Itinerárioteórico em psicopatologia do trabalho. Trad. D. M. R. Glina. In: C. DEJOURS, E. ABDOUCHELI & C. Jayet (Orgs.). Psicodinâmica do Trabalho: contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1994, p. 119-145. _____. JAYET, C. (Orgs.). Psicodinâmica do Trabalho: contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1994, p. 119-145. DEJOURS, C. Que sofrimento? In: A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez e Oboré, 1987, p. 48-62. DUTRA, E. Considerações sobre as significações da psicologia clínica na contemporaneidade. In: Estudos de Psicologia, mai-ago, v. 9, n 2. Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2004. p 38-387. LIMA, D. F. Algumas considerações sobre a escuta na abordagem fenomenológica existencial. Salvador: EDUFBA, 2008. STEUER, R. S. Satisfação no trabalho, conflito e ambiguidade de papéis: estudo junto às enfermeiras de Maternidade Escola do Município de São Paulo. Dissertação de mestrado, da Faculdade de Saúde Pública. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1989. RevistaGestão Pública em Curitiba 10 Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 RevistaGestão Pública em Curitiba 11 RESUMO A importância do olhar epidemiológico ocupacional se revela para alcançar e alterar as diferentes dimensões da distribuição, modo de expressão e determinação dos fenômenos biológico, psicológico e social na construção de indicadores como suporte ao planejamento estratégico, na dimensão processo-trabalho saúde/servidor/doença, na gestão sociolaboral em saúde, especial- mente saúde mental. A produção e o monitoramento por índices e taxas elevam a qualidade de atenção e aprimoram as competências-chave de programas, projetos e processos de serviços, o que leva à melhora da qualidade de captação do instrumental metodológico. A questão problema se apresenta no tipo de indicador necessário para medir epidemiologicamente a saúde ocupacional na gestão pública, especialmente na saúde mental. Como hipótese de trabalho o indicador epidemiológico ocupacional está implicado na posição metodológica que considera saúde um estado do mais completo bem-estar físico, mental e social, não apenas ausência de enfermidade. O ponto de partida ou marco zero pautou a direção do presente estudo para a definição de prioridades no setor. Assim, tornou possível novo desenho para entender a complexa questão de afastamentos do serviço público no tratamento de saúde. Significou que a doença em si foi insuficiente para qualificar questões na ordem gestão de pessoas e trabalho. Portanto, novo olhar se evidencia pela necessidade de captar indicadores ocupacionais em aspectos da saúde positiva, agregando entendimento ao grau de não afastamentos para tratamento de doenças. Palavras-chave: Processo-Trabalho. Indicador estratégico. Olhar epidemiológico. Saúde mental. A IMPORTÂNCIA DO OLHAR EPIDEMIOLÓGICO À SAÚDE OCUPACIONAL Jorgina Maria da Silva Amarildo Lang Marli do Rocio da Silva Servidoras e servidor da Secretaria Municipal de Recursos Humanos (SMRH) Boa Prática INTRODUÇÃO Ao se falar em epidemiologia ocupacional reporta- se para questões da formação de indicadores e índices como instrumental de valor científico ao reconheci- mento dos fenômenos de saúde, doença e fator trabalho. Na Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC), o Núcleo Epidemiológico Ocupacional (NEO) do Depar- tamento de Saúde Ocupacional (RHSO) da Secretaria Municipal de Recursos Humanos (SMRH) de Curitiba persiste no desafio de gerar indicadores estratégicos, diante dos diferentes processos-trabalho que permei- am a instituição. O problema emerge ao se definir conceitos para operacionalizar indicadores da unidade saúde-traba- lho-doença, quando da elaboração do Relatório Anual 1 Técnico Epidemiológico Ocupacional/RATE do NEO em 2007. A importância do olhar epidemiológico ocupacio- nal se revela para alcançar e alterar as diferentes dimensões da distribuição, modo de expressão e determinação dos fenômenos biológico, psicológico e social. Constituí-lo como suporte na elaboração do planejamento estratégico no processo-trabalho em saúde/servidor/doença requer a construção de indica- dores à gestão no processo sociolaboral em saúde. A produção e o monitoramento destes por índices e taxas elevam a qualidade de atenção e o aprimora- mento das competências-chave de programas, proje- tos e processos de serviços e o melhoramento da captação do instrumental. A questão problema: qual tipo de indicador é necessário para medir epidemiologicamente a saúde ocupacional na gestão pública em saúde mental? RevistaGestão Pública em Curitiba 12 O NEO, em 2007, demonstrou que o percurso nos sucessivos anos deveria levar a novos olhares para importância desta prática e afinar o desenho metodo- lógico desse instrumental. Por um lado, a saúde ocupacional ou no trabalho tem tendência necessária para esse olhar, no sentido de contrapor-se à doença; por outro, o cuidado com essa saúde aponta perspecti- va à qualidade de vida do servidor. O resultado dos indicadores emergentes para precisar variáveis e medir conceito à significação biológica, social, psíquica, ambiental ou econômica, na origem do NEO, expressou categorias oriundas à sistematização eletrônica do Sistema Unificado de Recursos Humanos (GURHU). Sistema esse fonte de dados digitalizados do registro das Licenças para Tratamento de Saúde (LTS), concedida pela Perícia Médica, agora empregado na elaboração de indicado- res com ênfase na saúde mental, atendendo à necessi- dade atual identificada pelo absenteísmo advindo do resultado de ausência no trabalho dos servidores. Existem duas epidemiologias do método, uma com extremo rigor e análise altamente elaborada dos dados em computador; e outra se contenta com métodos simples, aliada fortemente às ciências sociais, à eco-nomia e às ciências do comportamento que objetivam achar soluções para os problemas de saúde (CARDIM et al, 1991). Para a autora, as consequências dos fatores socioeconômicos sobre a saúde aumentaram em importância no tipo epidemio- lógica, e tendem a desaparecer na clínica. Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 ¹ Resultou no artigo Olhar Epidemiológico para Formação de Indicadores a Programas de Saúde Ocupacional na Secretaria Municipal de Recursos Humanos publicado na Revista Virtual Gestão Pública em Curitiba. Curitiba: IMAP. Volume II - Número I - jan./abr, 2011, p. 77-91. RevistaGestão Pública em Curitiba 13 A noção saúde positiva constitui evidência de impacto pelos chamados “indicadores de saúde”. Tem-se avaliado estatisticamente parte dessa saúde, insuficientemente. Sua tendência pretende abarcar avaliação abrangente da saúde, por entender saúde positiva como uma fonte de riqueza da vida cotidiana. Acentuam-se os recursos sociais e pessoais, assim como as aptidões físicas. Dado o conceito saúde como bem-estar transcender as formas de vida sadia, a promoção da saúde passa a não ser exclusividade do setor sanitário. Na estatística, se ampliadamente empregados os indicadores produzidos, Cardim reconhece a inclusão dos "riscos sociais" (como estresse ocupacional, confli- tos na família), além das taxas de mortalidade e morbidade. Buscam-se aqui categorias que alimen- tem esse saber e pesem em análise tais indicadores. Destaca-se a vulnerabilidade encontrada pelo trabalhador em relação ao risco pessoal, entendido como área limite,carente, que expressa precarização para garantia de condições de vida física, psíqui- ca/emocional, mental e social saudável e protegida (SILVA, 2005). Amplia-se o conceito risco social na percepção de Cardim, que agrega outros aspectos fundamentais ao termo. Ou seja, risco social como zona intermediária, instável, que congrega a precarie- dade do trabalho e a fragilidade dos suportes de proximidade com irrisória intensidade de redes de proteção próxima (CASTEL apud SILVA, 2005). Preconiza-se a Política Nacional de Saúde do Trabalhador desde 2004 (Ministério da Saúde - MS), intrinsecamente na atenção integral da saúde, igual- mente se “visa à redução dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, mediante a execução de ações de promoção, reabilitação e vigilância na área de saúde” (MS, 2008). As políticas públicas mencionadas levantam ques- tão para aprimorar a formulação de indicadores à epidemiologia de saúde do trabalhador. Nesta pers- pectiva, reforça-se essa posição na saúde-doença em si, corroborando ênfase de indicador pelo fator esta- tístico, haja vista a insuficiência de referência própria para análise de saúde positiva. Olhar o servidor pela LTS, dado informacional de afastamento pelo agravo da doença, despertou em importância epidemiológica ocupacional identificar o novo olhar pela saúde. Tornou possível o desenho para entender a complexa questão de afastamentos do servidor do serviço público para tratamento de saúde. Olhar a doença em si se tornou insuficiente para quali- ficar questões na ordem da gestão de pessoas e de trabalho nas diversas mensurações. Os objetivos em reconhecer indicadores demandam atenção à saúde ocupacional nos serviços em respostas às perturba- ções de saúde no trabalho e ao afastamento para tratamento, bem como demonstração de indicadores ao bem-estar físico, mental e social predominante, mesmo que incipiente. O estudo para a produção de indicadores em saúde ocupacional da relação saúde-trabalho-doença se estende à qualidade de vida dos servidores, por meio do olhar para a tendência saúde positiva, a partir dos dados virtuais do registro eletrônico do Sistema de Gerenciamento de Recursos Humanos, via Departamento de Saúde Ocupacional. Tem-se utiliza- do de metodologias das ciências sociais para se extrair interrelações do trabalho e aspectos de vida saudável aliada em projetos estratégicos. Emprega-se na investigação a metodologia estatística descritiva na sistematização e suporte para qualificar os dados quantificados e computados à formação de categorias de saúde ocupacional. De natureza quanti-qualitativa e de técnica documental, assim como com análise interpretativa de conteúdo, o aspecto explicativo da realidade é a tentativa de encontrar os princípios subjacentes aos achados no decorrer da pesquisa (VICTORA et al, 2000) pelas categorias consideradas. Ainda, como constituição de marco para a complexa questão trabalho e custos sociais. MATERIAL E MÉTODO Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 RevistaGestão Pública em Curitiba 14 O Relatório Anual Técnico Epidemiológico Ocupa- cional/RATE, além da fonte documental aliado ao Sistema GURHU, contempla a observação virtual que mostrou caminhos para a condução investigativa ao olhar epidemiológico e desdobramentos aos serviços. O universo laboral no estudo é de aproximadamente 33.389 servidores ativos em 2010. A captura de dados pelo NEO para formação de indicadores, índices e taxas na proporcionalidade da Licença de Tratamento à Saúde/LTS em dias perdidos (afastamento do trabalho), cargo, local de trabalho e número de servidores constitui recorte para sistemati- zar os dados no computador a fim de investigar o quadro relativo à epidemiologia da saúde do trabalha- dor. Desse modo, procura-se perceber a epidemiologia pela distribuição e pela frequência em determinantes estados e ou eventos de saúde específica dos servido- res municipais, como se mostra por estados de doenças, segundo a Classificação Internacional (CID) de número 10 (CID 10), bem como perceber a importância da relação do controle dos problemas de saúde buscando identificar modos para tal. Assim, procurou-se dar andamento aos estudos e apresentar os indicadores e índices capturados no Relatório Anual Técnico Ocupacional/RATE referente a 2010, que fundamentam a análise neste estudo. As condições ocupacionais e saúde se mostram para definir categorias aos indicadores da unidade saúde- trabalho-doença – olhar na saúde positiva e ocupacio- nal. Portanto, segue a indagação – que tipo de indica- dor é necessário para medir epidemiologicamente a saúde ocupacional na gestão pública e em saúde mental? Tem-se, por objetivo, reconhecer indicadores que demandam da gestão de saúde ocupacional respostas às perturbações de saúde no trabalho; e identificar indicadores que demarcam aspectos de bem-estar físico, mental e social predominante. Como hipótese de trabalho o indicador epidemiológico ocu- pacional se define na posição político-metodológica considerada a saúde como um estado do mais com- pleto bem-estar físico, mental e social, não apenas ausência de enfermidade, para alcançar esse olhar sobre o servidor. O dado afastamento prescrito pela doença, registro em Licença de Tratamento de Saúde e considerado no Relatório Anual Técnico Epidemio- lógico Ocupacional (RATE) torna-se referência concre- ta à elaboração dos indicadores. O fator saúde ocupa- cional é fundamental no movimento laboral de 33.389 servidores públicos ativos em práticas de atenção aos servidores e munícipes no ano 2010. Daí a importância em situar historicamente a ideia de saúde como qualidade de vida condicionada por vários fatores, tais como: paz, abrigo, alimenta- ção, renda, educação, recursos econômicos, ecossis- tema estável, recursos sustentáveis, equidade e jus- tiça social definidos na Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde de 1986, no Canadá, que surgem como respostas às expectativas do movimento mundial. Tornou-se marco por ter incorporado a im- portância do impacto das dimensões socioeconômi- cas sobre as condições de saúde para todos. Tal realidade é referência para iluminar, elaborar e captar o impacto na relação saúde-trabalho-doença visto em indicadores. Contribui para reconhecer a crescente complexi- dade entre processos inorgânicos, orgânicos e sociais. No caso humano, o social, conforme Breilh destacado por Sampaio (2002:150), submete e determina o inorgânico, além de unificar a todos pela diversidade. O social, diz ele, sintetiza pelas experiências do traba- lho: submissão dos sujeitos a lógicas, processos técni- cos e modos de exploração do trabalho, como exposi- ção e condições de prestígio e consumo que o estatuto cultural do trabalho e a renda atribuída propiciam. Neste sentido, em Sampaio e Leontiev os acordos conceituais elevam a compreensão desta realidade objetiva observada nos conceitos acima por: a) Processo saúde/doença – como “particular de expressão das condições da vida humana em dada sociedade, representando as diferentes qualidades do processo vital e as diferentes competências dos sujeitos para enfrentar Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 RevistaGestão Pública em Curitiba 15 desafios”, bem como agressões, conflitos e mudanças. Demonstra o autor a tríplice e contraditória natureza: biológica, psicológica e social. b) Doença mental: “modo de reapropriação indivi- dual, que revela o fracasso das tentativas de entender, superar, evitarou tornar suportável o sofrimento psíquico, radicalizando o processo de alienação e fazendo o sujeito viver tensões sem expectativa de solução”. Ou ainda, abolir em aparência os polos tensionais entre par- te/todo, essência/aparência, indivíduo/sociedade, consciência/objetividade. c) Trabalho – como “atividade especificamente humana, que se realiza por meio de instrumen- tos, tendo por base a cooperação e a comu- nicação, pois é social desde o início”. Implica em projeto, em transformação da natureza e em transformação permanente de seu agente, mais especificamente criador das próprias condições de sobrevivência. E o instrumento mediatizando a atividade humana possibilita que a atividade de cada um incorpore a expe- riência da humanidade. d) Sofrimento psíquico – “conjunto de mal-estares e dificuldades de conviver com a multiplicidade contraditória de significados, multiplicidade esta oriunda das contradições agudas ou crônicas”. Denota-se pela dificuldade do sujeito em realizar planos, delinear sentidos para a vida, aliada a sentimento de vazio e impotência, ou ainda tratado como coisa alheia (SAMPAIO et al In: JACQUES e CODO, 2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo sobre a construção de indicador em saúde ocupacional nos Órgãos da administração dire- ta e indireta da PMC mostrou revelação em deter- minados estados ou eventos de saúde, favorecendo o balizamento e o aprimoramento na condução das atividades em prol da redução de incidência, prevalên- cia, risco, dano ou agravo nas patologias inscritas e avaliadas. Doravante, tomou-se por base o RATE/2011 do RHSO para conduzir os procedimentos da investigação neste constructo. O monitoramento dos dados possibilitou a cons- trução categórica da formação dos indicadores, onde acompanhar e monitorar é entendido como observar a marcha, a evolução; monitorar, acompanhar e avaliar – dados fornecidos por aparelhagem técnica (FER- REIRA, 2004). Como recurso metodológico é de- monstrada a estratificação por indicador estratégico apresentado pelo índice de absenteísmo com seus principais desdobramentos. Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 Janeiro a Dezembro Março inicial Agosto meta (10%) Meta dezembro (20%) 2011 Variação em relação a meta dez 2011 Índice de absenteísmo na PMC Acidente de trabalho por 100 servidores típico Acidente de trabalho por 100 servidores trajeto Percentual de servidores com restrições/inaptidões 5,24 4,20 1,10 6,63 4,72 3,78 0,99 5,97 4,19 3,36 0,88 5,30 5,15 3,69 1,23 6,52 -1,7% -12,1% -11,8% -1,7% 23% 9,8% 39,8% 22,9% Variação em relação ao marco inicial Janeiro a Dezembro QUADRO 1: Indicadores Estratégicos do RHSO/SMRH/PMC FONTE: RHSO\GURHU - levantamento em 12/01/2012/rate 2011 RevistaGestão Pública em Curitiba 16 Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 Os indicadores estratégicos evidenciam a variação dos índices, tanto à redução quanto ao aumento. Cada indicador é estratificado em patamar gerencial: por Secretaria/locação, cargo e patologia. Estas estratifi- cações instauram o estudo epidemiológico aos cam- pos disciplinares das áreas envolvidas em suas atribu- ições e responsabilidades, na intersetorialidade das a- ções com os servidores/trabalhadores lotados nos Nú- cleos de Recursos Humanos/SMRH, e contribuem pa- ra elaboração de ações e programas específicos, a fim de reduzir ou eliminar agravos da saúde do servidor público municipal. Índice de absenteísmo na PMC em 2011 No cálculo do índice de absenteísmo são conside- radas apenas as Licenças para tratamento de saúde para o servidor como fonte de dado por afastamento do servidor. Outros tipos de liçença são acompanha- dos apenas para estudos específicos. O indicador de absenteísmo na PMC em 2011 demonstrou redução de 1,7% em relação ao índice de 2010, passando de 5,24 para 5,15. Esse indicador permite conhecer o movimento da ausência dos servidores da PMC por motivo de doença, implicando em redução de pessoal no local de trabalho e sobre- carga aos servidores presentes. Distribuição do índice de absenteísmo em 2011 por secretaria/lotação No demonstrativo por local de traba- lho/Secretarias, o fator mais relevante nos estudos epidemiológicos é o número de dias perdidos, em que se verifica os órgãos com maior impacto de absenteís- mo na seguinte ordem: na SMDS(IA 7,65) , SMS(IA 5,87), SME(IA 5,20), e na FAS(IA 4,22). Essas Secretarias/órgãos representam 85% dos dias perdi- dos e também 81% do quadro de servidores da PMC. Distribuição do índice de absenteísmo em 2011 por cargo Os cargos de maior impacto no absenteísmo são também aqueles que representam maior número no quadro de servidores das Secretarias: na SME; profis- sional do magistério e educador; na SMS auxiliar de enfermagem. Distribuição do índice de absenteísmo em 2011 por patologia Os principais motivos de afastamentos de tratamento de saúde na PMC são as patologias Transtornos Mentais e Comportamentais; Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo, bem como Traumatismos, respectivamente os CIDs F, M e S. Indicador acidentes de trabalho por 100 servidores Conforme RATE/2011, menciona-se a seguir o índice acidente típico e o de trajeto por 100 servidores que compõe o quadro de acidentes de trabalho, en- quanto indicador estratégico do RHSO. A meta de redução em dezembro foi 20%, tomada por base de acompanhamento com relação ao marco instituído no índice de 2010. Logo, fica com meta prévia o índice de 3,36 para o acidente típico e a de 0,88 para os acidentes de trajeto no ano de 2011. Os acidentes de trabalho acompanhados no moni- toramento estatístico aparecem em seu desdobra- mento como os típicos e os de trajeto, gerando então indicadores distintos com atuações distintas de pre- venção para cada tipo de acidente. As secretarias em que estão registrados os maio-res números de acidentes são aquelas onde o quadro médio de servidores é maior. Na SME ficam evidentes os aciden- tes de trajeto, que representam 25% do total de acidentes. Os cargos com maior número de acidente de tra- balho: Profissional do magistério, Educador, Auxiliar de Enfermagem e Guarda Municipal. Os três primeiros cargos são também aqueles que representam um maior número no quadro de servidores das Secretarias e se destacam em total de acidentes de trabalho. Indicador percentual de servidores com restri- ções PMC As restrições para o trabalho se desdobram em categorias do tipo apto com restrições e restrições definitivas; inapto e inapto temporariamente, conver- gindo num total de 2.187 servidores nessa condição de aptidão e transitoriedade ao trabalho nos diferentes órgãos municipais. RevistaGestão Pública em Curitiba 17Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 Total de servidores Tipo de restrição Apto com restrições Apto com restrições definitivas Inapto Inapto temporariamente Total 1080 518 323 266 2187 QUADRO 2: distribuição de servidores com restrições PMC FONTE: RHSO\GURHU - levantamento em 12/01/2012 O percentual de servidores com restrição na PMC considera as restrições temporárias e definitivas na base de cálculo. O tipo de restrição define as medidas e os tratamentos a serem aplicados em cada caso. As restrições temporárias por transtornos mentais e comportamentais (CID F) são incluídas no Programa Saúde Mental, acompanhadas e monitoradas pela Gerência de Psicologia e Serviços Social com a atu- ação dosNúcleos de Recursos Humanos. Já as restri- ções definitivas são encaminhadas para o Programa de Reabilitação Ocupacional. O marco percentual inicial do indicador de servidores com restrições foi 6,63 em 2010 com meta de redução de 20% prevendo um índice de 5,30 para 2011. Esse indicador atingiu o índice de 6,52, ou seja, uma variação de 1,7% em relação ao marco inicial. Em 2011, essas restrições por Secretarias e res- pectivos órgãos se evidenciam na Secretarias Munici- pal de Educação; na Saúde, no Meio Ambiente, sendo predominante na Secretaria de Educação, mesmo con- siderado o número elevado de profissionais para o desenvolvimento dessa política pública. A distribuição por cargo considerou os cargos com maiores números de restrições, apontando os servido- res da SME como o cargo com maior quantidade de servidores em restrições. No contexto do quadro geral de servidores, as restrições por patologias se manifes- taram pelos Transtornos Mentais e Comportamen-tais – CID F; Sistema Osteomuscular e do Tecido Con-juntivo – CID M; e Doenças do Aparelho Circulatório – CID I. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesse sentido, pode-se aludir indicadores estatísticos de qualidade de vida para saúde no trabalho ao desenvol- vimento humano e ao conceito de saúde positiva, tais como: redução de acidentes de trabalho típico e de trajeto; restrições da capacidade laboral; são ainda evidenciados no patamar da codificação pelo CID 10, pelos códigos em CIDs F, M e S. Nota-se que, historicamente, o conceito de saúde toma novo valor deixando a essencialidade da saúde como oposição à doença. Agrega fatores que direta ou indireta- mente influem na existência humana e tendem a substituir a qualificação de indicadores à condição vital. Quando da ausência de cuidados para novo olhar ao servidor, ou seja, revela a saúde como fonte de riqueza cotidiana, vida com qualidade apontando um caminho vital. Que elementos agregam a prática dos serviços no RHSO pertinentes à esse olhar e que outros indicadores percorrem para essa percepção vital ao trabalho e ao sujeito que o realiza diante as vicissitudes da vida moderna? Eis uma direção que se aponta para captar indicadores de saúde que influenciam no bem estar-físico, mental e social pelo trabalho. As informações de ordem estatística oriundas do Relatório Anual Técnico Epidemiológico/RATE/2011 com- pactuam com a demonstração dos dados sobre o absente- ísmo/ausentismo, acidentes de trabalho e restrições de saúde no RHSO. Esse desenho padroniza a organização dos dados existentes nos indicadores no Relatório, além de despertar e exercitar o emprego dos índices sobre o quadro de pessoal na PMC e seus respectivos órgãos; iluminar o direcionamento de práticas de trabalho realizado pela equipe técnica de trabalho do RHSO/SMRH pelos Núcleos de Recursos Humanos, a fim de preservar o bem-estar físico, psíquico e mental dos servidores. Estima a qualida- de de vida, vislumbrando não apenas a detecção da ausência de saúde, mas projetando condições de trabalho e de vida sadia, a partir de seu trabalho cotidiano, otimi- zando a melhoria da ambiência nas relações pessoais e de vida social no trabalho com um estado de saúde positiva, qualificando avanços na qualidade de vida dos servidores, reduzindo ou eliminando agravos da saúde. Desse modo, corroborando à elevação do compromisso curitibano com desenvolvimento humano para 2020. RevistaGestão Pública em Curitiba 18 Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. 2008. CARDIM, Marisa de Souza. AZEVEDO, Belarmino Alves de. MORGADO, Anastácio Ferreira. O que a epidemiologia p o d e a i n d a f a z e r d e r e l e v a n t e ? I n : C a d . S a ú d e P ú b l i c a . D i s p o n í v e l e m : <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X1991000100002&lng=en&nrm= iso>. Acesso em: 16 mar. 2007. FERREIRA, Aurélio Buarque de Olanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2 ed. Botafogo: Nova Fronteira, 1986. JACQUES, Maria das Graças. CODO, Wanderley (Orgs). Saúde Mental & Trabalho: leituras. Petrópolis: Vozes, 2002. PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA. Relatório Anual Técnico Epidemiológico/RATE. Curitiba: SMRH/RHSO/Departamento de Saúde Ocupacional da Secretaria Municipal de Recursos Humanos, 2010. SILVA, Jorgina Maria da. Direitos Sociais na Proteção Integral do Usuário de Substâncias Psicoativas: A Experiência do Centro Vida em Curitiba, Paraná, 2000-2005. São Paulo, 2005. 200 f. Tese (Doutorado em Serviço Social) – Estudos Pós-Graduados em Serviço Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. VICTORIA, Ceres Gomes. Et al. Pesquisa Qualitativa em Saúde: uma introdução ao tema. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2000. Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 RevistaGestão Pública em Curitiba 19 RESUMO O Assédio Moral no Trabalho nos últimos anos tornou-se uma forte preocupação social e vem sendo discutido na sociedade civil, nas universidades, na força sindical, em empresas públicas e privadas. A Prefeitura de Curitiba, por sua vez, vem adotando medidas de prevenção que contem- plam orientação, informação e discussão do assunto com seus trabalhadores. O presente artigo se propõe a esclarecer o que é assédio moral e assinalar as queixas abusivas, pois é somente a partir de uma análise mais acurada que poderemos ajudar as vítimas e prevenir novos casos, redefinir o assédio moral e acentuar adequadamente as diferenças das outras formas de sofrimento no trabalho e conflitos interpessoais. O Departamento de Saúde Ocupacional (RHSO), alinhado ao cenário nacional, optou por desenvolver ações de prevenção ao assédio moral no trabalho, com ênfase na informação e orientação a servidores e gestores, procurando desmistificar o tema, ressaltando que nem tudo o que ocorre nas relações de trabalho é assédio moral, mas muito do que se pensava que não, pode ser caracterizado como tal. As ações preventivas priorizaram a realização de palestras esclarecendo aos trabalhadores as situações de assédio e de conflitos nas relações de trabalho passíveis de solução pela via do diálogo e da mediação, procurando intervir antes que o dano ou mal acontecessem. O assédio deve ser combatido porque é moralmente incorreto e atenta contra os interesses das pessoas e organizações, configurando-se numa prática em que todos perdem. Um ambiente de trabalho saudável é uma conquista diária possível, na medida em que existam condições de trabalho dignas, de respeito, de solidariedade e de cooperação. Palavras-chave: Assédio Moral. Prevenção. Debate. Orientação. Mediação. ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO: PREVENÇÃO COMO ESTRATÉGIA NA GESTÃO PÚBLICA Maria de Lourdes Santos Iargas d'Avila Márcia Regina Biscaia Virtuoso Servidoras da Secretaria Municipal de Recursos Humanos (SMRH) Boa Prática INTRODUÇÃO O assédio moral no trabalho nos últimos anos tornou-se uma forte preocupação social e vem sendo pauta de discussões na sociedade civil, nas universi- dades, na força sindical e nas empresas públicas e pri- vadas. A Prefeitura de Curitiba, por sua vez, vem ado- tando medidas de prevenção que contemplam a orien- tação, a informação e a discussão do assunto em todas as categorias profissionais de seus trabalhadores. O presente artigo se propõe a esclarecer o que é assédio moral e assinalar as queixas abusivas, pois é somente a partir de uma análise mais acurada que poderemos reagir a tempo e ajudar as vítimas e, sobre- tudo, prevenir novos casos. Redefinir o assédio moral e acentuar adequadamente as diferenças das outras formas de sofrimento no trabalho,bem como dos con- flitos interpessoais. Desmistificar o tema, ressaltando que nem tudo é assédio moral, mas muito do que se pensava que não, pode ser considerado como tal. Compreender que o assédio pode ocorrer de várias formas, não só nas relações hierarquizadas, mas tam- bém entre os pares, em uma organização. Finalmente serão abordadas as ações possíveis. Partindo do pressuposto de que agir a priori adotando políticas de prevenção levando servidores e gestores a refletirem sobre seu papel na Instituição, chega-se a uma maior responsabilidade por seus atos sabendo que os mes-mos poderão ter consequências positivas ou nefandas nas relações interpessoais de trabalho. Segundo Marie-France Hirigoyen, psiquiatra e psi- canalista francesa, o assédio moral no trabalho é de- finido como qualquer conduta abusiva (gesto, pala- vra, comportamento, atitude) que atente, por sua re- petição ou sistematização, contra a dignidade ou inte- gridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho. Ou seja, assediar é submeter o outro sem trégua a peque- nos ataques repetidos. É claramente um ato que só adquire significado pela insistência (HIRIGOYEN, 2011). RevistaGestão Pública em Curitiba 20 Ainda segundo Hirigoyen (2011), em um conflito as recriminações são faladas (a guerra é aberta, de alguma maneira). Ao contrário, por trás de todo proce- dimento de assédio, existe o não falado e o escondido. Margarida Barreto (2000), médica do trabalho, é uma das autoridades nacionais da temática e concei- tua o assédio moral como a exposição de trabalhado- res e trabalhadoras a situações humilhantes e cons- trangedoras, repetidas e prolongadas, durante a jor- nada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comum nas relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negati- vas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordi- nado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego. O combate de forma eficaz ao assédio moral no trabalho exige a formação de um coletivo multidisci- plinar, envolvendo diferentes atores sociais: sindica- tos, advogados, médicos do trabalho e outros profissi- onais de saúde, psicólogos, sociólogos, antropólogos e grupos de reflexão sobre o assédio moral. Esses são passos iniciais para se conquistar um ambiente de trabalho saneado de riscos e violências e que seja sinônimo de cidadania. De acordo com os autores Hirigoyen (2005), Peli e Teixeira (2006), quanto mais desestruturada, desorganizada e hierarquizada for a organização, mais o assédio moral tende a aumentar. É importante que a empresa avalie a sua estrutura e os métodos de gestão de pessoas investindo em uma cultura estratégica de desenvolvimento humano como forma de substituir a competitividade doentia e de diminuir as chances de surgirem comportamentos ne- gativos isolados, que tanto favorecem o assédio moral. Conforme Peli e Teixeira (2006, p. 187), “a em- presa tem o papel fundamental de dar as diretrizes que irão reger o comportamento daqueles que compõem a sua estrutura organizacional”, fato este que vem acontecendo na PMC por meio da disseminação da visão, missão e valores que norteiam a administração Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 RevistaGestão Pública em Curitiba 21 pública, bem como dos procedimentos de crescimen- to vertical, avaliação de competências, entre outros. Ainda de acordo com Hirogoyen (2005), Peli e Teixeira (2006), é importante que a organização implante um programa de prevenção; estabeleça diálogo e comunicação direta entre seus funcionários; deixe clara a política de prevenção do assédio moral; adote medidas de punição; responsabilize as hierar- quias; eduque as pessoas. Além de desenvolver programas de qualidade de vida, a empresa deve adotar um código de ética, que vise combater todas as formas de discriminação e de assédio moral. O RHSO administra as diretrizes de saúde ocupa- cional voltadas aos servidores por meio do Plano de Atenção à Saúde, Segurança e Qualidade de Vida do Servidor. A fim de preconizar tais diretrizes, dispõe de equipe multidisciplinar composta de médicos do tra- balho, médicos peritos, psiquiatra, psicólogos, assis- tentes sociais, fonoaudiólogo, analistas organizacio- nais, engenheiro de segurança, técnicos de segurança do trabalho e agentes administrativos para a execução de programas desenvolvidos com base nos riscos ocupacionais a que os servidores estão expostos em sua prática laborativa. Tem como princípio as relações entre o trabalho e a saúde. Com base nos pressupostos que envolvem os pro- cessos de saúde e doença e dos objetivos do RHSO, quanto à promoção da saúde e a prevenção de doenças e agravos, foi realizada uma ampla discussão quanto ao aparecimento de questões referentes a situações nocivas nos ambientes de trabalho caracte- rizadas como assédio moral. O Departamento, por meio da equipe técnica de coordenação, iniciou estudos sobre o tema e organizou uma capacitação para os técnicos atuantes na área de saúde ocupacio- nal da PMC. Entende-se que o assédio moral ou violência moral no trabalho não é um fenômeno novo, ele é tão antigo quanto o trabalho. Somente no final do MATERIAL E MÉTODO século XX foi identificado como sendo um fenômeno destruidor do ambiente de trabalho, não só diminuin- do a produtividade como também favorecendo o absenteísmo, provocando a desmotivação, a perda da autoestima e produzindo outros tipos de problemas psicológicos. O RHSO, atendendo às demandas do cenário nacional, optou por desenvolver ações de prevenção ao assédio moral no trabalho, com ênfase na informa- ção e orientação aos servidores e gestores e procuran- do desmistificar o tema, ressaltando que nem tudo o que ocorre nas relações de trabalho é assédio moral, mas muito do que se pensava que não, pode ser caracterizado com tal. As ações de prevenção ao assédio moral no trabalho priorizaram a realização de palestras procu- rando esclarecer aos trabalhadores as situações de assédio, as situações de conflitos nas relações de trabalho e passíveis de solução pela via do diálogo e da mediação, antes que se tomem medidas judiciais, ou seja, intervir antes que o dano ou mal acontecessem. Foram elaboradas palestras a serem proferidas conforme a demanda de Secretarias da Administração Direta e demais órgãos da Prefeitura de Curitiba, fornecendo orientações para aqueles servidores que se sentem vítimas de assédio. Outra preocupação da área técnica envolvida foi esclarecer a questão do assédio separando-a do gerenciamento, estabelecen- do diferenças entre conflitos interpessoais no local de trabalho e situações de assédio moral propriamente ditas. Também se procurou ressaltar os deveres dos servidores públicos no que concerne a posturas e comportamentos no local de trabalho, indicando canais de acolhimento técnico quando se fizer neces- sário. A PMC não possui uma legislação específica que contemple o Assédio Moral, mas possui previsão genérica na Lei 1656/58, Estatuto dos Servidores Municipais, nos artigos 96 (Direito de Petição), artigo 207 (Deveres do Funcionário) e artigos 208 e 209 (Proibições ao Funcionário). Todos os processos Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 RevistaGestão Pública em Curitiba 22 administrativos são encaminhados à Procuradoria Geral do Município (PGM), que se norteia peloEstatuto para avaliar as situações e estabelecer ou não o nexo causal. A PGM recebe as reclamações e denúncias acerca de assédio moral no trabalho e as investiga por meio da Comissão de Sindicância, de acordo com o previsto no Decreto Municipal n° 765/97. Nos casos da exis- tência de ocorrência de assédio moral, o servidor envolvido será indiciado em Processo Administrativo Disciplinar pela CPAD, conforme previsto na Lei Muni- cipal n° 1.656/58. Devidamente comprovado, o infrator será punido e as penalidades disciplinares variam de advertência até demissão, à bem do serviço público, de acordo com a gravidade dos fatos apura- dos. Comprovado o fato e o dano, cabe à Instituição indenizar a vítima, podendo processar o assediador, visando à reparação (ressarcimento) do prejuízo que sofrer. Ressalte-se que de nada adianta a conscientiza- ção dos trabalhadores ou o estabelecimento de regras éticas ou disciplinares se a organização não tiver um espaço de confiança para que as vítimas possam dar vazão às suas queixas. Tal espaço pode ser represen- tado por canais como a ouvidoria ou comitês formados nas empresas, especialmente indicados para recebe- rem denúncias sobre intimidações e constrangimen- tos, garantindo-se sempre o sigilo das informações, ou ainda, por meio de caixas de sugestões para que as vítimas depositem denúncias de forma anônima. A Prefeitura de Curitiba, por meio da SMRH em sua política de gestão, vem disponibilizando aos servido- res esses canais como forma de abordar e dimensionar o tema. A Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC), desde 2005, vem desenvolvendo ações no sentido de propi- ciar discussão e reflexão com os seus funcionários sobre as questões referentes ao assédio moral no tra- balho. RESULTADOS E DISCUSSÃO Por meio da Secretaria Municipal de Recursos Humanos (SMRH) e do Instituto Municipal de Admi- nistração Pública (IMAP), foi promovido um evento com profissionais renomados da Universidade de São Paulo, referência no assunto, destinado a 800 gesto- res e formadores de opinião, realizado no Salão de Atos do Parque Barigui. O objetivo desse encontro foi fornecer informações, conceitos e abrir o debate sobre essa situação tão delicada e que repercute na qualida- de de vida pessoal e profissional dos trabalhadores. A partir dessa ação, foi elaborada uma capacita- ção interna em setembro de 2008 para a equipe técnica que atua em Saúde Ocupacional na SMRH, composta por médicos do trabalho, psicólogos, assistentes sociais, analistas organizacionais e técnicos de segurança do trabalho, com o objetivo de orientar os profissionais a abordar o assunto e acolher os servidores que se sentem assediados no trabalho. Essa capacitação teve como público-alvo cerca de 60 técnicos. O Departamento de Saúde Ocupacional, que organizou a referida capacitação, contou com o apoio da Procuradoria Geral do Município (PGM), que proferiu orientações legais à equipe. O RHSO vem trabalhando, como política de Recursos Humanos, na prevenção do assédio moral, por meio de palestras em eventos como Seminários, Semanas Internas de Prevenção de Acidentes (SIPAT), Fóruns, Rodas de Conversa, sempre que é demanda- do. Dessa forma atingiu, em 2008, cerca de 800 servidores; em 2009, 425 servidores; em 2010 a 2012, 924 servidores. Outro ponto importante a ser considerado e que vem sendo discutido entre chefias e servidores em geral é que a função gerencial deve ser exercida por cobrança de metas, disciplina, assiduidade, planeja- mento, postura profissional, entre outros. O que vai fazer a diferença é a forma como esses requisitos são cobrados. Do mesmo modo, para ser caracterizado o assédio moral, a repetição, a sistematização de ofensas que agridam a esfera psicológica do trabalha- dor é que vão diagnosticar e estabelecer o nexo causal Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 RevistaGestão Pública em Curitiba 23 para o assédio moral no trabalho. Em suma, só pela prevenção pode-se evitar que tal situação ocorra. E, se ocorrer, que seja trabalhada pela via da mediação e da legalidade. A ação de prevenção foi organizada pelos Núcleos de Recursos Humanos das diversas secretarias da Administração Direta e Indireta. Foi efetivada, ainda, a participação no Programa Rádio Corredor da Secretaria Municipal de Recursos Humanos, em julho de 2011, para disseminar o tema e abrir o debate respondendo a perguntas dos servidores. Finalmente, foi realizada a gravação de uma videoaula para o IMAP sobre Assédio Moral no Trabalho, disponibilizada a todos os servidores com interesse no assunto. Todas essas ações ocorreram no período de junho de 2010 a junho de 2012. As equipes técnicas de Saúde Ocupacional lotadas nos Núcleos de Recursos Humanos foram orientadas a fim de acolherem os servidores para informações e encaminhamento a tratamento especí- fico quando fosse o caso. Os técnicos propuseram as palestras para as Secretarias ou órgãos (por eles atendidos) e contataram o RHSO que disponibilizou as docentes. Em alguns locais, o foco foram os gestores; em outros, os servidores; e nos demais, tanto gestores como servidores. A experiência foi extremamente válida, pois é pela via do debate e da discussão permeada pela transpa- rência que a PMC avançará para evitar que esse mal que assola as relações de trabalho ocorra e, se ocorrer, venha a ser coibido e punido severamente. Conforme tabela a seguir, foram realizadas 24 palestras, atingindo um número de 929 gestores e servidores de 2010 a 2012. As avaliações foram muito positivas, os encon-tros foram permeados de perguntas, questionamentos por parte dos participan- tes, orientações sobre direitos e deveres, bem como de aspectos legais envolvendo a temática do Assédio Moral no Trabalho, propiciando uma reflexão sobre o assunto e um caminhar efetivo na perspectiva da prevenção do Assédio na PMC. Volume III - Número IV - Edição 11 - outubro de 2012 Órgão promotor Atividade Nºde eventos Nºde participantes Setores participantes CRH - FAS* NRH-SME NRH-SMMA NRH-RH NRH-SMAB/ SMELJ - Programa: Conversando Sobre Assédio Moral - Programa: Um olhar sobre si mesmo - Gestor - Palestra aos Gestores: Assédio moral: Mitos e Verdades - MIPAT - MIPAT - Assédio Moral no Trabalho - MIPAT - Palestra: Assédio Moral x Discriminação 7 Palestras 5 Palestras 3 Palestras 1 Palestra 5 Palestras 1 Palestra 2 Palestra 242 140 90 35 156 80 186 - Servidores das Regionais: Campo Comprido, Matriz e Santa Felicidade - Gestores da SME (Escolas e CMEIs) - Gestores da SMMA - Servidores da SMMA - Gestores das seguintes secretarias: SMF, SMU, SMRH, PGM, SAM e SMAM - Servidores das secretarias acima, da SETRAN, SMCS e dos Órgãos da Administração indireta - Projeto: RH Pra você Gestor - Palestra: Riscos Psicosociais e Assédio Moral no Trabalho - Servidores da SMAB e SMELJ Tabela: MIPAT – Mês Interno de Prevenção de Acidentes de Trabalho 2012. Fonte: SMRH - 2012 RevistaGestão Pública em Curitiba 24 Cabe ressaltar que a forma mais eficaz de preven- ção é pela divulgação de informações sobre o assunto, enfatizando os valores éticos e sociais que devem ser adotados nos ambientes de trabalho. Também buscar a conscientização sobre a prática diária, a formação de uma equipe multidisciplinar e grupos de reflexão sobre o assédio moral. Essas medidas têm como obje- tivo a conquista de um ambiente de trabalho saneado de riscos e violências e que seja sinônimo
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