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ANTROPOLOGIA CULTURAL E ORGANIZACIONAL

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ANTROPOLOGIA CULTURAL E ORAGANIZACIONAL
Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas de o primeiro passo.” 
MARTIN LUTHER KING
Prof.: Júlio di Paula – Pós Graduação em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, /Graduado em Direito, Pós Graduado em Gestão Escolar, Graduado em Filosofia. Aluno especial de Mestrado em Política Educacional. Escritor e Radialista de AM e FM 
VAI DAR TUDO CERTO, TENHA FÉ!!!!
DEFINIÇÃO: O QUE É ANTROPOLOGIA:
 
O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.- Martin Luther King
 Antropologia é uma ciência que se dedica ao estudo aprofundado do ser humano. É um termo de origem grega, formado por “anthropos” (homem, ser humano) e “logos” (conhecimento).
A reflexão sobre as sociedades, o homem e o seu comportamento social é conhecida desde a Antiguidade Clássica através do pensamento de grandes filósofos, destacando-se o grego Heródoto que é considerado o pai da História e da Antropologia.
 No entanto, foi somente com o Movimento Iluminista no século XVIII que a Antropologia se desenvolveu como ciência social, através do aprimoramento de métodos e classificações para a raça humana. Neste período, o relato de viajantes, missionários e comerciantes sobre os hábitos dos nativos das novas terras descobertas e os debates sobre a condição humana, foram muito importantes para o desenvolvimento dos estudos antropológicos.
 Estudar o ser humano e a diversidade cultural, envolve a integração de diversas disciplinas que procuram refletir sobre as dimensões biológicas, sociais e culturais, sendo as principais áreas:
- Antropologia Física ou Biológica – estuda os aspectos genéticos e biológicos do homem
- Antropologia Social: analisa o comportamento do homem em sociedade, a organização social e política, as relações sociais e instituições sociais
- Antropologia Cultural – investiga as culturas no tempo e espaço, envolvendo os costumes, mitos, valores, crenças, rituais, religião, língua.
 
A Antropologia, sendo a ciência da humanidade e da cultura, tem um campo de investigação extremamente vasto: abrange, no espaço, toda a terra habitada; no tempo, pelo menos dois milhões de anos e todas as populações socialmente organizadas. Divide-se em duas grandes áreas de estudo, com objetivos definidos e interesses teóricos próprios: a Antropologia Física (ou Biológica) e a Antropologia Cultural, para alguns autores sinônimo de antropologia social, que focaliza, talvez, o principal conceito desta ciência, a cultura. Segundo o Museu de Antropologia Cultural da Universidade de Minnesota, a antropologia cultural abrange três tópicos gerais que por sua vez subdivide-se e constituem-se como especialidades: Etnografia / Etnologia, Linguística aplicada à antropologia e Arqueologia. A cultura e a mitologia correspondem ao desejo do homem de conhecer a sua origem, ou produzem um modo de autoconhecimento que é a identidade, diferenciando os grupos em função de suas idiossincrasias e adaptação em ambientes distintos. Definições de Etnografia, Etnologia, Arqueologia e Linguística
A ETNOGRAFIA
 A etnografia (do grego έθνος, ethno - nação, povo e γράφειν, graphein - escrever) é por excelência o método utilizado pela antropologia na coleta de dados. Baseia-se no contato inter-subjetivo entre o antropólogo e o seu objeto, seja ele uma tribo indígena ou qualquer outro grupo social sob o qual o recorte analítico seja feito.
A ETNOLOGIA
 A etnologia é o "estudo ou ciência que estuda os fatos e documentos levantados pela etnografia no âmbito da antropologia cultural esocial, buscando uma apreciação analítica e comparativa das culturas." 
 Em sua acepção original, era o estudo das sociedades primitivas, todavia, com o desenvolvimento da Antropologia, o termo primitivo foi abandonado por se acreditar que exaltaria o preconceito étnico. Assim, atualmente se diz que etnologia é o estudo das características de qualquer etnia, isto é, agrupamento humano - povo ou grupo social - que apresenta alguma estrutura socio-econômica identificável, onde em geral os membros têm interações cara a cara, e há uma comunhão de cultura e de língua. Este estudo visa estabelecer linhas gerais e de desenvolvimento das sociedades.
 O etnógrafo observa as diferenças entre as sociedades, desde o modo de andar e usar o corpo (técnicas corporais) até a celebração do casamento e dos funerais. Deve-se descrever e analisar toda a vida social de um povo e um lugar, observar principalmente o que esse povo diz de si mesmo e o modo como identifica seus participantes.
 A etnografia é um dos mais importantes recursos contra o racismo e a hegemonia cultural na medida em que estabelece os meios de realizar uma crítica ao etnocentrismo, o que parcializa as investigações. Estudos etnográficos tem recuperado os conhecimentos e técnicas dos povos agráfos como formas de (etno) conhecimento nas mais diversas áreas, como biologia (etnobiologia); farmacologia e botânica (plantasmedicinais); engenharia (de barcos, pontes, casas etc.), psicologia, medicina, etc. Nesse último campo há uma integração entre técnica (tecne) e saber (episteme) que vem sendo denominada por antropologia médica ou estudos dos sistemas etnomédicos e xamanismo.
A ARQUEOLOGIA 
	 Arqueologia (do grego, « arqué », antigo, e « logos », discursodepois estudo, ciência) é a disciplina científica que estuda as culturase os modos de vida do passado a partir da análise de vestígios materiais. É uma ciência social que estuda as sociedades já extintas, através de seus restos materiais, sejam estes móveis (como por exemplo um objeto de arte) ou objetos imóveis (como é o caso das estruturas arquitectónicas). Incluem-se também no seu campo de estudos as intervenções feitas pelo homem no meio ambiente.
 A maioria dos primeiros arqueólogos, que aplicaram sua disciplina aos estudos das antiguidades, definiram a arqueologia como o estudo sistemático dos restos materiais da vida humana já desaparecida. Outros arqueólogos enfatizaram aspectos psicológico-comportamentais e definiram a arqueologia como a reconstrução da vida dos povos antigos.
 A disciplina da arqueologia envolve trabalhos de prospecção, escavação e eventualmente analises de informação recolhida para aprender mais sobre o passado humano. Na maioria das vezes, a arqueologia depende de trabalhos de investigações multidisciplinares. A arqueologia baseia-se também em conceitos em torno de variadas áreas de conhecimento e ciências como a: antropologia, história, história de arte, etnoarqueologia, geografia, geologia, linguística, semiologia, física, ciências da informação, química, estatísticas, paleoecologia, paleontologia, paleozoologia, paleoetnobotanica.
 É a ciência que estuda as sociedades humanas por meio de objetos que foram produzidos e utilizados no passado. O arqueólogo explora e analisa materiais encontrados embaixo da terra para estudar a sociedade e as características que ajudaram a constituir as sociedades que conhecemos hoje. Com seu conhecimento de história e um olhar analítico, esse profissional tem condições de pesquisar e descobrir como foi feita a ocupação humana no passado por meio da observação e análise de marcas espalhadas pelo território, como a composição do solo e a coloração da terra. Com base nessa análise é que, com uma equipe multidisciplinar, o arqueólogo decide se há necessidade de fazer ou não escavações no local. Esse profissional pode trabalhar em centros de pesquisas, geralmente os de universidades, e também tem a possibilidade de atuar como consultor na elaboração de relatórios de sítios arqueológicos.
LINGUÍSTICA
 Linguísticaé a área de estudo científico da Linguagem.1 É considerado linguista o cientista que se dedica aos estudos a respeito da língua, fala e linguagem. A pesquisa linguística é feita por filósofos e cientistas da linguagem que se preocupam em investigar quais são os desdobramentos e nuances envolvidos na linguagem humana.O jornalistanorte-americano Russ Rymer certa vez a definiu ironicamente da seguinte maneira:2
	
	A Linguística é a parte do conhecimento mais fortemente debatida no mundo acadêmico. Ela está encharcada com o sangue de poetas,teólogos, filósofos, filólogos, psicólogos, biólogos e neurologistas além de, não importa o quão pouco, qualquer sangue possível de ser extraído de gramáticos.
	
Alternativamente, alguns chamam informalmente de linguista a uma pessoa versada ou conhecedora de muitas línguas, embora um termo mais adequado para este fim seja poliglota.
 É a ciência que estuda a linguagem verbal, a gramática e a evolução dos idiomas. O linguista investiga as línguas das diversas sociedades e sua relação com outros idiomas. Analisa a estrutura e a sonoridade das palavras e das sentenças, o significado dos termos e das expressões idiomáticas, bem como as diferenças de uso por grupos regionais ou sociais. Pode trabalhar na elaboração de material didático e no planejamento de projetos de alfabetização. A informática e a estatística são ferramentas fundamentais em suas pesquisas, assim como bons conhecimentos de sociologia, antropologia e psicanálise. Em interação com especialistas em psicologia, estuda os processos que envolvem a linguagem e a mente. Com profissionais de informática, desenvolve linguagem artificial.
Obs: Antropologia (etimologicamente anthropos (homem ou pessoa) e logos (razão ou pensamento)) é a disciplina dedicada aos estudos dos agrupamentos humanos e à compreensão do sentido do comportamento dos Homens e das Mulheres, considerando, em sua análise, as origens, o desenvolvimento e a construção das relações internas e externas destas sociedades. Em seu estudo, a Antropologia preocupa-se em aprofundar o conhecimento, por meio da pesquisa de campo, dos sistemas simbólicos e da estruturação das relações entre os grupos humanos que dela fazem parte e que com elas se relacionam, seja em sua relação com o meio, seja em sua constituição cultural.
CULTURA E O SEU CONCEITO
	 Cultura significa cultivar, e vem do latim colere. Genericamente a cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade como membro dela que é.
Cada país tem a sua própria cultura, que é influenciada por vários fatores. A cultura brasileira é marcada pela boa disposição e alegria, e isso se reflete também na música, no caso do samba, que também faz parte da cultura brasileira. No caso da cultura portuguesa, o fado é o patrimônio musical mais famoso, que reflete uma característica do povo português: o saudosismo.
 Cultura na língua latina, entre os romanos tinha o sentido de agricultura, que se referia ao cultivo da terra para a produção, e ainda hoje é conservado desta forma quando é referida a cultura do soja, a cultura do arroz etc.
 Cultura também é definida em ciências sociais como um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais, aprendidos de geração em geração através da vida em sociedade. Seria a herança social da humanidade ou ainda de forma específica, uma determinada variante da herança social. Já em biologia a cultura é uma criação especial de organismos para fins determinados.
A MUNDIALIZAÇÃO DA CULTURA E SEUS REFLEXOS
 Recentemente com a evolução do processo da globalização, temos evidenciado diversas mudanças em nosso mundo atual, vivemos o quinto ciclo tecnológico em todo o seu esplendor provocando diversas transformações a nível cultural, sociológico e comportamental na sociedade pós-moderna. No entanto, materializam-se fruto dessas transformações, efeitos negativos e positivos para a humanidade em geral.
Diversos estudiosos sobre o tema, assim como nos congressos e encontros mundiais, debatem acirradamente os aspectos da globalização, da mundialização e da cultura. Um desses estudos ao qual o presente autor vem a comentar é o livro Mundialização e Cultura do professor e sociólogo Renato Ortiz, esse mesmo lançado pela editora brasiliense em 1994, traz justamente esses questionamentos esclarecendo muito bem os novos desafios para a cultura diante da mundialização.
 Nos três primeiros capítulos do livro intitulado “cultura e sociedade global”, “advento de uma civilização” e “cultura e modernidade mundo”, o autor contempla dentro desses eixos temáticos alguns exemplos de países que mantiveram sua cultura ao longo de décadas, e outros, que devido às transformações na sociedade, se fundiram ou reatualizaram em termos de suas culturas. Os exemplos usados foram vários, desde aspectos culturais das religiões como também valores e costumes humanos em sociedades diversificadas, e que na modernidade todos esses elementos encontraram-se radicalizados fruto de sucessões e desdobramentos de modernidades anteriores.
 O autor aborda também, diferentes concepções de mundo nas sociedades orientais em contraponto à sociedades ocidentais nos séculos passados, para fazer essas comparações, é utilizado alguns conceitos de Braudel e Max Weber, referentes à sucessão de economias-mundo e a China do século XIX respectivamente, não deixando de mencionar o antigo regime, preso este em demasia às suas tradições que impossibilitaram o desenvolvimento. Quando se refere a essas tradições, difícil pensar atualmente este fator em desarmonia com o conceito de nação, já desarticulado frente ao rompimento dos espaços no século atual. No entanto, o autor ressalva que a nação, no sentido da modernidade, passa a se constituir a partir do momento em que desterritorializam-se as relações sociais. São citados vários exemplos de como esse fenômeno cultural se materializa, tanto no universo dos filmes norte-americanos, como nas transformações das formas organizacionais do trabalho e nas inovações tecnológicas. Fazendo sempre uma ponte comparativa com o passado e reacendendo a discussão das concepções moderna e pós-moderna.
 Estudos antropológicos e etnográficos que não levam em conta o resultado do contato entre as diferentes culturas não são bem aceitos pelo autor, que cita como contra argumento alguns estudos difusionistas de Kroeber além de uma gama de exemplos religiosos, lingüísticos, gastronômicos e comportamentais de diversas culturas ao redor do mundo. Esses exemplos, só vêm a reforçar a qualidade difusora, desterritorializada, móvel e internacionalizada da modernidade temperada no sincretismo e multiplicidade de suas formas.
 A crítica ao imperialismo cultural, neste sentido, se opõe ao processo de mundialização, já que remete ao caráter central, fixo e tradicional dos modelos organicistas de Herder e Toynbee, é como se a crítica ao imperialismo fosse de contra ao movimento inevitável de se tornar “moderno”, e estaria fadada ao tradicionalismo de suas formas culturais.
 Em uma segunda parte assim suposta, que são os três últimos capítulos: “Uma cultura internacional popular”, “Os artífices mundiais de cultura” e “Legitimidade e estilos de vida” discuti-se o conceito de “espaço” e a capacidade que a mundialidade possui de remodela-lo e dotá-lo de novas formas. Provocando a desterritorialização e alterando as raízes geográficas dos homens e das coisas, exprimi-se claramente nos exemplos do mercado têxtil, literário, publicitário e de entretenimento dos EUA, e de alguns países europeus, a própria materialidade desta cultura desterritorializada,rumo à formação da denominada cultura internacional popular, caracterizando assim o substrato da dita “sociedade global”.
“(...) Caberia, pois, unicamente à memória coletiva nacional integrar a diversidade das populações e das classes sociais, definindo desta forma a identidade do grupo como um todo. Neste caso, apesar das transformações tecnológicas, da globalização da economia, a cultura nacional, enquanto formadora de relações identitárias, estaria incólume às mudanças atuais.” (p. 117)
 Novas dinâmicas próprias surgem nesta ocasião, rompendo o vínculo entre a memória nacional, os objetos e acima de tudo consubstanciada no consumo.
O universo dos antigos processos produtivos padronizados das multinacionais e o seu desdobramento posterior em direção à diversificação, flexibilidade e inovação das chamadas ditas transnacionais, são também abordados pelo autor, sempre associando esses fenômenos às novas mudanças no comportamento da sociedade, na desterritorialização dos produtos, na perda da centralidade, no debate democrático, no consumo e na construção da individualidade humana. Esse lado positivo da pós-modernidade como a descentralização, segmentação do mercado, pluralismo, “livre escolha” e individualidade é completamente ambivalente quando comparado à formação dos monopólios industriais e concentração das firmas. Há uma nítida tendência para a monopolização do setor distributivo, isso acarretaria, exploração dos países periféricos, constituição de espaços distintos e desiguais, formação de interesses econômicos e agentes políticos privilegiados. Este último, vale ressaltar, supera influentemente os partidos políticos, sindicatos, administrações públicas e movimentos sociais, compromete-se desta forma o discurso democrático assim como também a constituição de um “espaço público” caminhando em direção a uma nova ordem coercitiva.
Neste contexto, existe ainda o problema entre a diferença de países que exportam a sua cultura com enorme facilidade e outros, que pelo caráter nacional, a cultura encontra-se ainda presa e longe de romper as fronteiras. Essas questões também são abordadas de forma que, este problema, ocorre devido a falta de uma “visão” de marketing para agradar os anseios mundiais. Um melhor exemplo para ilustrar o pensamento acima seria as “enkas” japonesas fiéis às pronuncias do idioma japonês com enorme dificuldade para serem exportadas e as novelas brasileiras produto de exportação com seus capítulos encurtados.
Este livro foi de grande importância para o estudo e a compreensão de como as diferentes culturas guiadas pela ideologia da mundialização consegue se configurar em diferentes formas e se materializar ao redor do mundo com intensa multiplicidade, causando mudanças significativas no comportamento humano e no modo de pensar da sociedade atual. Temos a ciência de como o marketing publicitário e as agências dos órgãos governamentais de estado, conseguem alterar de modo significativos anseios e aspirações humanas rompendo-as do substrado das tradições e da memória coletiva, tendo exemplos fiéis na história norte-americana.
 O anti-imperialismo vem lutando contra isso, porém bastante contraditório em suas bases frente ao fenômeno do aspecto “moderno” regido pela complexidade capitalista do mercado mundial e da construção que este vêm patrocinando na introjeção de novos valores.
 O lado positivo da ideologia mundial se distorce quando a mesma passa a valorizar através de seu marketing uma gama de sinais que enaltecem determinado “estilo de vida” em contraposição aos excluídos do processo. Esse conjunto de valores encontram-se hierarquizados, ocultando as desigualdades de uma modernidade que ser quer global, no entanto bastante imperativa em seu bojo capitalista.
Ortiz, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo: brasiliense, 2006.
CARACTERÍSTICAS DA CULTURA
 A principal característica da cultura é o mecanismo adaptativo que é a capacidade, que os indivíduos tem de responder ao meio de acordo com mudança de hábitos, mais até que possivelmente uma evolução biológica. A cultura é também um mecanismo cumulativo porque as modificações trazidas por uma geração passam à geração seguinte, onde vai se transformando perdendo e incorporando outros aspetos  procurando assim melhorar a vivência das novas gerações.
CULTURA POPULAR - DA CONSTRUÇÃO INTELECTUAL À REALIDADE SOCIAL
A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.
Friedrich Nietzsche
 Cultura Popular ou Cultura Tradicional, são dois termos usados para uma mesma actividade humana mas que, vendo bem, podem significar coisas diferentes.
 Habitualmente, considera-se que Cultura poderá ser a totalidade dos padrões (convenções) apreendidas, repetidas ou desenvolvidas pelos seres humanos num determinado espaço físico e correspondendo a um determinado período alargado de tempo.
 A Antropologia, enquanto ciência que estuda e procura decifrar especificamente o que é a cultura, diz-nos que Cultura é todo o conhecimento assente nas crenças, nas artes, na moral, nos costumes, nas tradições, e hábitos adquiridos que passam de geração em geração, regra geral de forma empírica e que, no seu conjunto, se traduzem na identidade, ou seja naquilo que sendo comum ao um grupo o diferencia dos restantes grupos.
 A Antropologia moderna afirma que, para se ser diferente não basta que nos sintamos diferentes mas sim que os outros nos considerem diferentes. Estas serão, porventura, as duas condições essenciais para percebermos o significado de Cultura. 
 Passemos agora ao termo “Popular” que tanta azia provoca quando relacionado com o termo Cultura. Para percebermos o que significa Popular talvez seja importante recorrermos a um antónimo deste: elite.
 As Elites são, regra geral, a representação conceptual de grupos dominantes e dominadores que podem ser minoritários e que se caracterizam pelo poder hierárquico ou económico que ocupam na estrutura social de classes, com capacidade de decisão ao ponto de influenciarem os restantes grupos sociais através de processos de difusão de ideologia que formam opinião.
 Ora, Popular é antítese disto uma vez que, de acordo com as regras classificatórias da sociedade moderna, será tudo o que tem origem no Povo enquanto massa difusa e genérica de indivíduos de estratos e classes sociais “inferiores” se tivermos em conta as condições económicas e sociais em que (sobre) vivem.
 Por assim dizer, Cultura Popular não será o mesmo que “Cultura Tradicional”, dado que, por um lado não se trata apenas do que é tradição no sentido antropológico do termo, mas também porque a Tradição não é exclusiva do Povo mas sim de todas as classes e camadas sociais.
Parece-me por isso ser mais acertado dizer-se Cultura Popular quando se trata de classificar o que tem origem, prática regular e desenvolvimento a partir do Povo e que se traduz na sua identidade.
 Importará também trazer à colação, os conceitos de cultura material e cultura imaterial. No primeiro caso, podem traduzir-se em elementos palpáveis como um livro, uma partitura, uma farda, um instrumento, um coreto ou uma placa toponímica, enquanto etno-indicadores. No segundo caso, pode ser uma data que é comemorada de determinada forma e com determinados rituais de passagem ou de alegoria que envolvem os nossos sentimentos e nos fazem sentir mais perto e integrados num grupo ou num ciclo reforçando o sentimento de pertença.
TIPOS DE CULTURA: CULTURA ORGANIZACIONAL
 O conceito de cultura organizacional remete para o conjunto de normas, padrões e condições que definem a forma de atuação de uma organização ou empresa.A culturaé um conceito que está sempre em desenvolvimento, pois com o passar do tempo ela é influenciada por novas maneiras de pensar inerentes ao desenvolvimento do ser humano.
CULTURA NA FILOSOFIA
 De acordo com a filosofia a cultura é o conjunto de manifestações humanas que contrastam com a natureza ou o comportamento natural. É uma atitude de interpretação pessoal e coerente da realidade, destinada a posições suscetíveis de valor íntimo, argumentação e aperfeiçoamento. Além dessa condição pessoal, cultura envolve sempre uma exigência global e uma justificação satisfatória, sobretudo para o próprio. Podemos dizer que há cultura quando essa interpretação pessoal e global se liga a um esforço de informação no sentido de aprofundar a posição adotada de modo a poder intervir em debates. Essa dimensão pessoal da cultura, como síntese ou atitude interior, é indispensável.
CULTURA NA ANTROPOLOGIA
 Cultura na antropologia é compreendida como a totalidade dos padrões aprendidos e desenvolvidos pelo ser humano. A cultura como antropologia tem como objetivo representar o saber experiente de uma comunidade, saber obtido graças à sua organização espacial, na ocupação do seu tempo, na manutenção e defesa das suas formas de relação humana. Estas manifestações constituem aquilo que é denominado como a sua alma cultural, os ideais estéticos e diferentes formas de apresentação.
 CULTURA POPULAR
 A cultura popular é algo criado por um determinado povo, sendo que esse povo tem parte ativa nessa criação. Pode ser literatura, música, arte etc. A cultura popular é influenciada pelas crenças do povo em questão e é formada graças ao contato entre indivíduos de certas regiões.
ACULTURAÇÃO
 A Aculturação é um termo criado inicialmente por antropólogos norte-americanos para designar as mudanças que podem acontecer em uma sociedade diante de sua fusão com elementos culturais externos, geralmente por meio de dominação política, militar e territorial. Porém, segundo o historiador francês Nathan Watchel, aculturação é todo fenômeno de interação social que resulta do contato entre duas culturas, e não somente da sobreposição de uma cultura a outra.
 Aculturação é o nome que se dá ao grupo de fenômenos decorrentes do contato direto de integrantes de várias culturas, ou seja, o processo de aquisição através do contato dos elementos culturais de um grupo com uma cultura com elementos de um grupo de outra cultura. Pode ser também entendido como os processos pelos quais as pessoas aprendem os padrões de comportamento do seu grupo social. 
 Trata-se de aculturação quando duas culturas distintas ou parecidas são absorvidas uma pela outra, formando uma nova cultura diferente. Além disso, aculturação pode ser também entendida como a absorção de uma cultura pela outra, onde essa nova cultura terá aspectos da cultura inicial e da cultura absorvida. Um exemplo é o Brasil que adquiriu traços da cultura de Portugal, da África, que juntamente com a cultura indígena formou-se a cultura brasileira.
 Com a crescente globalização, um novo entendimento de aculturação vem se tornando um dos aspectos fundamentais na sociedade. Pela proximidade a grandes culturas e rapidez de comunicação entre os diferentes países do globo, alguns autores[carece de fontes]sustentam que cada cultura está perdendo sua identificação cultural e social, aderindo em parte a outras culturas. Um exemplo disso são elementos da cultura ocidental que são cada vez mais homogêneos em muitos países distintos. Mesmo assim a aculturação não tira totalmente a identidade social de um povo, crendo-se que talvez no futuro não exista mais uma diferença cultural tão acentuada como a aquela que hoje ainda se observa, em especial entre o Oriente e o Ocidente.
ENCULTURAÇÃO
 A Enculturação é o processo através do qual uma pessoa aprende as exigências da cultura na qual ela está inserida, e adquire valores e comportamentos que são tidos como apropriados ou necessários naquela cultura. 
É o processo educativo através do qual os indivíduos apreendem os elementos da sua cultura, quer informal quer formalmente. Este processo acontece informalmente de um modo contínuo, seja consciente ou inconscientemente, pois processa-se essencialmente pela imitação e pelo envolvimento com grupos espontâneos e instituições sociais
PERSONALIDADE
 A Personalidade é o conjunto de características psicológicas que determinam os padrões de pensar, sentir e agir, ou seja, a individualidade pessoal e social de alguém1 . A formação da personalidade é processo gradual, complexo e único a cada indivíduo. O termo é usado em linguagem comum com o sentido de "conjunto das características marcantes de uma pessoa", de forma que se pode dizer que uma pessoa "não tem personalidade"; esse uso no entanto leva em conta um conceito do senso comume não o conceito científico aqui tratado.
 O presente artigo descreve uma série de características que foram tratadas como componentes da personalidade. Para uma introdução às diferentes teorias que procuram explicar o desenvolvimento e a estrutura da personalidade, ver o artigo Teoria da personalidade.
DEFINIÇÃO
 Encontrar uma exata definição para termo personalidade não é uma tarefa simples. O termo é usado na linguagem comum - isto é, como parte da psicologia do senso comum - com diferentes significados, e esses significados costumam influenciar as definições científicas do termo. Assim, na literatura psicológica alemã persönlichkeit costuma ser usado de maneira ampla, incluindo temas como inteligência; o conceito anglófono de personality costuma ser aplicado de maneira mais restrita, referindo-se mais aos aspectos sociais e emocionais do conceito alemão.
 Carver e Scheier dão a seguinte definição: "Personalidade é uma organização interna e dinâmica dos sistemas psicofísicos que criam os padrões de comportar-se, de pensar e de sentir característicos de uma pessoa". Esta definição de trabalho salienta que personalidade .:
é uma organização e não uma aglomerado de partes soltas;
é dinâmica e não estática, imutável;
é um conceito psicológico, mas intimamente relacionado com o corpo e seus processos;
é uma força ativa que ajuda a determinar o relacionamento da pessoa com o mundo que a cerca;
mostra-se em padrões, isto é, através de características recorrentes e consistentes
expressa-se de diferentes maneiras - comportamento, pensamento e emoções.
ETIMOLOGIA[
Latim personare, persona = ressoar, máscara.5 mk
Latim per se esse = ser por si. 
ASPECTOS DA PERSONALIDADE
 Personalidade é, como se viu, um conceito complexo, com várias facetas. A seguir serão apresentados alguns aspectos que costumam ser considerados como partes da personalidade ou que a influenciam de maneira especial. Os parágrafos individuais são apenas introduções mínimas aos assuntos relacionados e links são oferecidos para artigos onde cada um dos temas é tratado com mais profundidade.
Carver, Charles S. & Scheier, Michael F. (2000). Perspectives on personality. Boston: Allyn and Bacon.
CULTURA E PERSONALIDADE
Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o Amor toma conta dele.Platão
A escola antropológica de Cultura e Personalidade surgiu nos anos 30 do séculoXX, nos Estados Unidos da América, e sofreu importantes influências quer daPsicologia quer sobretudo da Psicanálise, disciplina científica que enfatiza opapel fulcral que as experiências precoces vividas pela criança têm naestruturação da personalidade.Influenciados por estas e outras ideias,antropólogos como Abram Kardiner, Ralf Linton, Margaret Mead, Ruth Benedict,entre outros, levaram a cabo inúmerasinvestigações no terreno, defendendo aimportância estrutural da cultura na configuração da personalidade dosindivíduos que a compõem.
Ralf Linton, por exemplo, falou da cultura como uma herança social transmitida àcriança e introduziu o importante conceito de personalidade de base queposteriormente se veio a chamar personalidade modal. Ruth Benedict, por seuturno, na sua mais famosa obra intituladaPatterns of Culture, avançou com anoção de padrão cultural e advogou a existência de dois padrões de baseantagónicos: o padrão apolíneo e o padrão dionisíaco.Apesar de terem sido muito criticados, os autores oriundos desta escola tiveramum papel relevante no seio da Antropologia, na medida em que salientaram aimportância do estudo dos comportamentos dos indivíduos no seu contextocultural, contribuindo, deste modo, para a defesa do relativismo cultural.
Como referenciar este artigo:Escola de Cultura e Personalidade. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-03-20].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$escola-de-cultura-e-personalidade>.
	Adorno e a Indústria Cultural
Daniel Ribeiro da Silva*
	
	Resumo:
O presente texto pretende ser mais uma explanação de algumas reflexões do filósofo T. W. Adorno (1903-1969) acerca da Indústria Cultural vigente no século XX.
Palavras-chave: Adorno, indústria cultural, ideologia, razão técnica, arte.
	 
A Indústria Cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente. [2] Com as palavras do próprio Adorno, podemos compreender o porque das suas reflexões acerca desse tema.
Theodor Wiesengrund-Adorno, em parceria com outros filósofos contemporâneos, estão inseridos num trabalho muito árduo: pensar filosoficamente a realidade vigente. A realidade em que vivia estava sofrendo várias transformações, principalmente, na dimensão econômica. O Comércio tinha se fortalecido após as revoluções industriais, ocorridas na Europa e, com isso, o Capitalismo havia se fortalecido definitivamente, principalmente, com as novas descobertas cientificas e, conseqüentemente, com o avanço tecnológico. O homem havia perdido a sua autonomia. Em conseqüência disso, a humanidade estava cada vez mais se tornando desumanizada. Em outras palavras, poderíamos dizer que o nosso caro filósofo contemplava uma geração de homens doentes, talvez gravemente. O domínio da razão humana, que no Iluminismo era como uma doutrina, passou a dar lugar para o domínio da razão técnica.  Os valores humanos haviam sido deixados de lado em troca do interesse econômico. O que passou a reger a sociedade foi a lei do mercado, e com isso, quem conseguisse acompanhar esse ritmo e essa ideologia de vida, talvez, conseguiria sobreviver; aquele que não conseguisse acompanhar esse ritmo e essa ideologia de vida ficava a mercê dos dias e do tempo, isto é, seria jogado à margem da sociedade. Nessa corrida pelo ter, nasce o individualismo, que, segundo o nosso filósofo, é o fruto de toda essa Indústria Cultural.
Segundo Adorno, na Indústria Cultural, tudo se torna negócio. Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais. [3] Um exemplo disso, dirá ele, é o cinema. O que antes era um mecanismo de lazer, ou seja, uma arte, agora se tornou um meio eficaz de manipulação. Portanto, podemos dizer que a Indústria Cultural traz consigo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno e nele exerce um papel especifico, qual seja, o de portadora da ideologia dominante, a qual outorga sentido a todo o sistema.
É importante salientar que, para Adorno, o homem, nessa Indústria Cultural, não passa de mero instrumento de trabalho e de consumo, ou seja, objeto. O homem é tão bem manipulado e ideologizado que até mesmo o seu lazer se torna uma extensão do trabalho. Portanto, o homem ganha um coração-máquina. Tudo que ele fará, fará segundo o seu coração-máquina, isto é, segundo a ideologia dominante. A Indústria Cultura, que tem com guia a racionalidade técnica esclarecida, prepara as mentes para um esquematismo que é oferecido pela indústria da cultura – que aparece para os seus usuários como um “conselho de quem entende”. O consumidor não precisa se dar ao trabalho de pensar, é só escolher. É a lógica do clichê. Esquemas prontos que podem ser empregados indiscriminadamente só tendo como única condição a aplicação ao fim a que se destinam. Nada escapa a voracidade da Indústria Cultural. Toda vida torna-se replicante. Dizem os autores:
Ultrapassando de longe o teatro de ilusões, o filme não deixa mais à fantasia e ao pensamento dos espectadores nenhuma dimensão na qual estes possam, sem perder o fio, passear e divagar no quadro da obra fílmica permanecendo, no entanto, livres do controle de seus dados exatos, e é assim precisamente que o filme adestra o espectador entregue a ele para se identificar imediatamente com a realidade. Atualmente, a atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural não precisa ser reduzida a mecanismos psicológicos. Os próprios produtos (...) paralisam essas capacidade em virtude de sua própria constituição objetiva (ADORNO & HORKHEIMER, 1997:119).
Fica claro portanto a grande intenção da Indústria Cultural: obscurecer a percepção de todas as pessoas, principalmente, daqueles que são formadores de opinião. Ela é a própria ideologia.  Os valores passam a ser regidos por ela. Até mesmo a felicidade do individuo é influenciada e condicionada por essa cultura. Na Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer exemplificam este fato através do episódio das Sereias da epopéia homérica. Ulisses preocupado com o encantamento produzido pelo canto das sereias tampa com cera os ouvidos da tripulação de sua nau. Ao mesmo tempo, o comandante Ulisses, ordena que o amarrem ao mastro para que, mesmo ouvindo o cântico sedutor, possa enfrentá-lo sem sucumbir à tentação das sereias. Assim, a respeito de Ulisses, dizem os autores:
 
O escutado não tem conseqüências para ele que pode apenas acenar com a cabeça para que o soltem, porém tarde demais: os companheiros, que não podem escutar, sabem apenas do perigo do canto, não da sua beleza, e deixam-no atado ao mastro para salvar a ele e a si próprios. Eles reproduzem a vida do opressor ao mesmo tempo que a sua própria vida e ele não pode mais fugir a seu papel social. Os vínculos pelos quais ele é irrevogavelmente acorrentado à práxis ao mesmo tempo guardam as sereias à distância da práxis: sua tentação é neutralizada em puro objeto de contemplação, em arte. O acorrentado assiste a um concerto escutando imóvel, como fará o público de um concerto, e seu grito apaixonado pela liberação perde-se num aplauso. Assim o prazer artístico e o trabalho manual se separam na despedida do antemundo. A epopéia já contém a teoria correta. Os bens culturais estão em exata correlação com o trabalho comandado e os dois se fundamentam na inelutável coação à dominação social sobre a natureza (ADORNO & HORKHEIMER, 1997:45).
 
É importante frisar que a grande força da Indústria Cultural se verifica em proporcionar ao homem necessidades. Mas, não aquelas necessidades básicas para se viver dignamente (casa, comida, lazer, educação, e assim por diante) e, sim, as necessidades do sistema vigente (consumir incessantemente). Com isso, o consumidor viverá sempre insatisfeito, querendo, constantemente, consumir e o campo de consumo se torna cada vez maior. Tal dominação, como diz Max Jimeenez, comentador de Adorno, tem sua mola motora no desejo de posse constantemente renovado pelo progresso técnico e científico, e sabiamente controlado pela Indústria Cultural. Nesse sentido, o universo social, além de configurar-se como um universo de “coisas” constituiria um espaço hermeticamente fechado. E, assim, todas as tentativas de se livrar desse engodo estão condenadas ao fracasso. Mas, a visão “pessimista” da realidade é passada pela ideologia dominando, e não por Adorno. Para ele, existeuma saída, e esta, encontra-se na própria cultura do homem: a limitação do sistema e a estética.
Na Teoria Estética, obra que Adorno tentará explanar seus pensamentos sobre a salvação do homem, dirá ele que não adiante combater o mal com o próprio mal. Exemplo disso, ocorreram no nazismo e em outras guerras. Segundo ele, a antítese mais viável da sociedade selvagem é a arte. A arte, para ele, é que liberta o homem das amarras dos sistemas e o coloca com um ser autônomo, e, portanto, um ser humano. Enquanto para a Indústria Cultural o homem é mero objeto de trabalho e consumo, na arte é um ser livre para pensar, sentir e agir. A arte é como se fosse algo perfeito diante da realidade imperfeita. Além disso, para Adorno, a Indústria Cultural não pode ser pensada de maneira absoluta: ela possui uma origem histórica e, portanto,  pode desaparecer.
Por fim, podemos dizer que Adorno foi um filósofo que conseguiu interpretar o mundo em que viveu, sem cair num pessimismo. Ele pôde vivenciar e apreender as amarras da ideologia vigente, encontrando dentro dela o próprio antídoto: a arte e a limitação da própria Indústria Cultural. Portanto, os remédios contra as imperfeições humanas estão inseridos na própria história da humanidade. É preciso que esses remédios cheguem a consciência de todos (a filosofia tem essa finalidade), pois, só assim, é que conseguiremos um mundo humano e sadio.
 
Referências bibliográficas:
 
ADORNO, Theodor W. Textos Escolhidos. Trad. Luiz João Baraúna. São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Os Pensadores)
ADORNO, Theodor W. Mínima Moralia: Reflexões a partir da vida danificada. Trad. Luiz Eduardo Bisca. São Paulo: Ática, 1992.
HORKHEIMER, M., e ADORNO, T. W., Dialética do Esclarecimento: Fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
HABERMAS, J. O Discurso filosófico da modernidade. Trad. Ana Maria Bernardo e outros. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1990. 
BARCELLOS, Carine. A questão da moral na cultura contemporânea. In: Comunicações, 4, Piracicaba – UNIMEP, p. 70-90, nov. 2000.
* Formado em Filosofia pelo Seminário Arquidiocesano de Maringá (PR)
[1] Adorno tem um capítulo específico sobre a Indústria Cultural contido na Dialética do Esclarecimento onde, em parceria com Horkheimer, ele trata do assunto.
[2] Cf. T. W. Adorno, Os Pensadores. Textos escolhidos, “Conceito de Iluminismo”. Nova Cultural, 1999.
[3] Cf. idem.
IDENTIDADE CULTURAL
O cientista não é o homem que fornece as verdadeiras respostas; é quem faz as verdadeiras perguntas.-Claude Lévi-Strauss
 Identidade cultural é o sentimento de identidade de um grupo ou cultura, ou de um indivíduo, na medida em que ele é influenciado pela sua pertença a um grupo ou cultura.1
Descrição
 Identidade é a única e distinta completa. Cultural é um adjetivo de saber. Logo, a junção das duas palavras produz o sentido de saber se reconhecer. Muitas questões contemporâneas sobre cultura se relacionam com questões sobre identidade. A discussão sobre a identidade cultural acaba influenciada por questões sobre: lugar, gênero, raça, história, nacionalidade, idioma, orientação sexual,crença religiosa e etnia.
 Na percepção individual ou coletiva da identidade, a cultura exerce um papel principal para delimitar as diversas personalidades, os padrões de conduta e ainda as características próprias de cada grupo humano. A influência do meio constantemente modifica um ser já que nosso mundo é repleto de inovações e características temporárias, os chamados "modismos". No passado as identidades eram mais conservadas devido à falta de contato entre culturas diferentes; porém, com a globalização, isso mudou fazendo com que as pessoas interagissem mais, entre si e com o mundo ao seu redor. Uma pessoa que nasce em um lugar absorve todas as características deste, entretanto, se ela for submetida a uma cultura diferente por muito tempo, ela adquirirá características do novo local onde está agregada.
 Para o teórico Milton Santos, o conhecimento e o saber se renovam do choque de culturas, sendo a produção de novos conhecimentos e técnicas, produto direto da interposição de culturas diferenciadas - com o somatório daquilo que anteriormente existia. Para ele, a globalização que se verificava já em fins do século XX tenderia a uniformizar os grupos culturais, e logicamente uma das consequências seria o fim da produção cultural, enquanto gerador de novas técnicas e sua geração original. Isto refletiria, ainda, na perda de identidade, primeiro das coletividades, podendo ir até ao plano individual.
 Segundo Stuart Hall (1999) uma identidade cultural enfatiza aspectos relacionados a nossa pertença a culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas, regionais e/ou nacionais. Ao analisar a questão, este autor focaliza particularmente as identidades culturais referenciadas às culturas nacionais. Para ele, a nação é além de uma entidade política – o Estado –, ela é um sistema de representação cultural (grifos do autor). Noutros termos, a nação é composta de representações e símbolos que fundamentam a constituição de uma dada identidade nacional. Segundo Hall (1999), as culturas nacionais produzem sentidos com os quais podemos nos identificar (grifo do autor) e constroem, assim, suas identidades. Esses sentidos estão contidos em estórias, memórias e imagens que servem de referências, de nexos para a constituição de uma identidade da nação. Entretanto, segundo Hall (1999), vivemos atualmente numa “crise de identidade” que é decorrente do amplo processo de mudanças ocorridas nas sociedades modernas. Tais mudanças se caracterizam pelo deslocamento das estruturas e processos centrais dessas sociedades, abalando os antigos quadros de referência que proporcionavam aos indivíduos uma estabilidade no mundo social. A modernidade propicia a fragmentação da identidade. Conforme ele, as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade não mais fornecem “sólidas localizações” para os indivíduos. O que existe agora é descentramento, deslocamentos e ausência de referentes fixos ou sólidos para as identidades, inclusive as que se baseiam numa idéia de nação.
CHOQUE CULTURAL: CONFLITOS MUNDIAIS (LAURO ARAUJO)
 Estamos em uma época em que a necessidade de mantermos relações sociais se tornou de fundamental importância para ocuparmos status e até mesmo por uma questão de auto-realização. No entanto esse processo de globalização e multiculturalismo parece se dá de maneira muito dinâmica a ponto de fazer com que muitos indivíduos não a acompanhem. 
 A necessidade que muitos Estados ou mesmo indivíduos possuem de estabelecer uma política hegemonia, tem levado o mundo a contínuos conflitos violentos, que ganham proporções maiores a cada dia. Infelizmente o dialogo tem sido um o recurso pouco empregado. Os indivíduos e Estados que fazem uso dessa ideologia hegemônica, tem como ferramenta uso da força para determinar a sua superioridade e conseqüentemente, estabelecer a sua dominação. 
 Uma política intervencionista e o incentivo ao desenvolvimento bélico, tem sido o meio utilizado por vários Estados como maneira de obtenção de status. A construção de ideologias débeis que são formadas pelos meios de comunicação em massa, que leva os indivíduos a terem uma visão simplória dos fatos que ocorrem na sociedade atual, criando assim preconceitos, dogmas e tendo ações discriminatórias, serve para criar uma população alienada que aceita de maneira fácil os falsos argumentos criados por seus governantes para justificar suas ações arbitrarias. 
 Nessa luta por espaço, pra defender sua cultura, para impor sua cultura em territórios alheios, enfim na vontade de dominar contra a resistência de ser dominado, tem levado a essas relaçõestão caóticas. A falta de poder dá minoria oprimida, faz com essa busque medidas radicais para defender os seus patrimônios culturas e econômicos. As conseqüências dessa guerra “invisível” nós sentimos muito bem e não as esqueceremos facilmente, um bom exemplo está no 11 de Setembro (World Trade Center)!
 Na sociedade capitalista o individuo é valorizado devido à quantidade de bens possui, no entanto tal sistema político é muito individualista, isso desenvolve uma grande barreira para que o se possa obter um espaço dentro desse universo, sendo assim o individuo na busca de sua valorização acaba se associando em determinados grupos que possuem uma ideologia equivoca que incentiva a violência como meio de conseguir a visibilidade tão necessária dentro da sociedade. 
 Creio que a questão de maior destaque aqui! É quando conseguiremos desenvolver uma política universal de educação que saiba aborda as mais diversas culturas de maneira a não desrespeitá-las, de maneira incentiva o respeito mutuo como maneira de obter uma sociedade mais pacífica e mais acessível a todos e a todas. Qual o caminho que devemos seguir para alcançar tal objetivo?Outra pergunta que me faço constantemente e se permanecemos assim! Agindo de maneira a violar o direito alheio, de modo apenas a buscar benefícios próprios, até que ponto a sociedade resistirá a esse aumento de violência?
 Não tenho duvidas que podemos e devemos ser protagonistas de uma nova realidade. Parece uma grande utopia nós realizarmos uma grande revolução na sociedade, pois fomos doutrinados a sobreestimar nossa capacidade de intervenção nela, no entanto não podemos esquecer que somos nós que a compomos, por isso cabe a nós ditarmos as mudanças que nelas ocorreram.
O conceito de homem, pessoa e ser humano sob as perspectivas da Antropologia Filosófica e do Direito
Emerson Silva Barbosa
 
Introdução
 Cuida-se de trabalho em que se pretende investigar as teses controvertidas sobre os conceitos de homem, pessoa e ser humano, essencialmente sob os enfoques antropológico-filosófico e jurídico, cuja compreensão é indispensável tanto para resoluções dos dilemas no campo da Bioética, quanto para a disciplina referente à proteção jurídica ao indivíduo.
 O termo homem recebeu ao longo da história diversos e controversos conceitos. A tarefa de responder a pergunta o que é o homem geralmente é destinada à antropologia filosófica[1].
 O que temos claro, todavia, é que nem sempre as concepções de ordem antropológico filosóficas estão em consonância os próprios princípios bioéticos, bem como com as normas vigentes na ordem jurídica.
 O avanço tecnológico que promoveu nas últimas décadas uma revolução nas técnicas de manipulação de material biológico humano tem levado a questionamentos fundamentais de ordem ética. Tanto é assim, que documentos como Relatório Belmont[2], que disciplina os princípios éticos e diretrizes para pesquisa envolvendo seres humanos, foi um marco na discussão quanto aos limites e os objetivos que devem nortear a prática e a pesquisa, fornecendo elementos para resolução de conflitos no campo das investigações envolvendo seres humanos. Estes princípios – respeito pelas pessoas, beneficência e justiça – têm sido aceitos desde então como os três princípios fundamentais para nortear o desenvolvimento de pesquisas éticas envolvendo participantes humanos.
 De outra sorte, o conceito de pessoa, sobretudo no que diz respeito ao início e ao fim da vida, sempre teve importantes conseqüências no campo do direito. Se é verdade que o direito é feito por pessoas para pessoas, saber quando começa a vida e quando ela termina pode implicar numa série de direitos de natureza civil (direitos de personalidade) e conseqüências de ordem penal.
 Sendo assim, propomos a discussão do tema a partir da diversidade de conceitos de pessoa ou do homem.Sem embargo da multiplicidade de concepções, Abbagnano (2003) propõe três como sendo fundamentais para reunir as várias definições de homem: a) o homem em relação a Deus; b) o homem segundo uma característica ou capacidade que lhe é própria; c) o homem segundo a capacidade de autoprojetar-se.
 A relação de identidade do homem para com Deus extraída do contexto bíblico pode ser vista, por exemplo, no livro de Genesis segundo o qual diz o Criador: “façamos o Homem à nossa imagem e semelhança” (Gen. I, 26). Nesse sentido, Xavier (2009, p. 220) ressalta que
“A noção de pessoa, no contexto religioso, liga-se ao conceito de pessoa divina pois, segundo a revelação bíblica, ‘Deus criou o homem à sua imagem e semelhança.’ Portanto, do ponto de vista religioso, a definição de pessoa depende de sabermos o que é essa pessoa divina, o que é uma noção de difícil aplicação prática nos contexto das ciências.”
 Esta concepção da pessoa não será aqui abordada por se afastar do interesse do presente estudo.
 A segunda categoria, que veremos com mais detalhe em seguida (item 2), trata das definições baseadas em alguma característica ou capacidade inerente ao homem, em oposição aos demais seres vivos.
 A terceira categoria, que consiste na compreensão do homem com capacidade de autoprojeção, deve ser compreendida a partir da concepção do homo juridicus, o qual trataremos no item 3 deste trabalho.
O conceito de pessoa e ser humano sob a ótica da antropologia filosófica
A primeira pergunta que deve ser feita é: O que é a pessoa?
 Um dos problemas fundamentais da metafísica consiste em saber o que é ser uma pessoa. A resposta a esta pergunta geralmente está associada à identificação de certas características ou propriedades atribuídas tipicamente à pessoa, em contraste com outras formas de vida: racionalidade, domínio de linguagem, consciência de si, controle e capacidade para agir, e valor moral ou direito a ser respeitado (BLACKBURN, 1997)[4].
 Embora essas características não sejam adotadas por todos, podemos dizer que os aspectos essências que dão singularidade à pessoa[5], é a de um ser autônomo, logo, racional, livre, responsável, que se constrói ao longo da vida, singular, único, irrepetível, relacional e comunicativo.[6]
 Consoante aduz Rachels (2006, p. 132), Kant acreditava que os seres humanos ocupam um lugar especial na criação. Para ele, os seres humanos possuem um valor intrínseco, isto é, dignidade, o que os torna valiososacima de tudo. Outros animais, por outro lado, possuem valor apenas enquanto servem os propósitos humanos. Os humanos, todavia, nunca podem ser usados como meio para se alcançar um fim, ainda que vise o bem-estar da maioria. Trata-se, portanto, de formulação importante do imperativo categórico kantiano, princípio moral fundamental do qual todas as nossas obrigações e responsabilidades devem derivar.
 Kant destaca o caráter racional do ser humano que o diferencia de todas as outras coisas (incluindo os animais não-humanos), por disporem de desejos e objetivos autoconscientes. Em outras palavras, os seres humanos são agentes racionais, ou seja, agentes livres capazes de tomar suas próprias decisões, estabelecer seus próprios objetivos e guiar suas condutas por meio da razão (RACHELS, 2006).
 Assevera Xavier (2009) que o filósofo cristão Santo Tomás de Aquino (1225-1274), ressaltou, sobretudo, a singularidade da pessoa humana, distinguindo-a de todos os demais seres pela sua completude, incomunicabilidade, especialidade e racionalidade.
 Noutra linha, a definição de pessoa proposta por John Locke que, até hoje, permeia as discussões no campo da filosofia: "um ser pensante, inteligente, dotado de razão e reflexão, e que pode considerar-sea si mesmo como um eu, ou seja, como o mesmo ser pensante, em diferentes tempos e lugares", põe em destaque as características da autoconsciência e da capacidade de "reconhecer-se a si mesmo, agora, como o mesmo eu que era antes; e que essa ação passada foi executada pelo mesmo eu que reflete, agora, sobre ela, no presente" (Locke, 1986, p. 318 apud Ferreira, 2005).
 Locke distingue os conceitos de homem e de pessoa. Para ele, o homem é um organismo biológico; é um corpo. Então, para ele, nascemos homens e podemos nos tornar pessoas. Da bem sucedida combinação entre o homem e a pessoa, surge o homem moral, o homem que reflete sobre si, que se reconhece como um eu no tempo e no espaço, que é capaz de perceber-se como responsável por suas ações passadas e de refletir sobre suas ações futuras (FERREIRA, 2005).
 Como destaca Ferreira (2005), Locke expressa que o "homem nasce com direito à liberdade de sua pessoa". A pessoa, porém, não nasce com o homem. A qualidade de pessoa deve ser adquirida; é um status a ser alcançado. O homem desenvolve-se para pessoa; do ser humano passa ao ser inteligente, racional e responsável, que se reconhece como um si mesmo em diferentes tempos e lugares. Do homem chega-se à pessoa responsável por seus atos e que, como tal, se reconhece no presente e no passado e da mesma forma é reconhecida por outras pessoas (FERREIRA, 2005).
 Cassirer por sua vez, fala de um homem como animal simbólico (symbolicum) e não um como um animal racional(rationale). Ressalta ele que “as coisas físicas podem ser descritas nos termos de suas propriedades objetivas, mas o homem só pode ser descrito e definido nos termos de sua consciência”. E arremata dizendo que “só por meio do pensamento dialógico ou dialético podemos abordar o conhecimento da natureza humana” (2001, p. 16).
 Já Peter Singer, de forma singular, pretende dar à expressão ser humano um significado preciso, designando-o como equivalente a membro da espécie Homo sapiens.  Consoante escreve o autor:
 “A questão de saber se um ser pertence a determinada espécie pode ser cientificamente determinada por meio de um estudo da natureza dos cromossomas das células dos organismos vivos. Neste sentido, não há dúvida que, desde os primeiros momentos da sua existência, um embrião concebido a partir de esperma e óvulo humanos é um ser humano; e o mesmo é verdade do ser humano com a mais profunda e irreparável deficiência mental — até mesmo de um bebé anencefálico (literalmente sem cérebro)” (SINGER, 2000).
 Singer prossegue sua justificação propondo outra definição do termo humano, atribuída a Joseph Fletcher. Conforme Singer (2000), Fletcher compilou uma lista daquilo a que chamou indicadores de humanidade, em que incluiu o seguinte:
a)Autoconsciência
b)Autodomínio
c)Sentido do futuro
d)Sentido do passado
e)Capacidade de se relacionar com outros
f)Preocupação pelos outros
g)Comunicação
h)Curiosidade
 Dos indicadores apontados, destaca Singer que os elementos mais importantes seriam a racionalidade e a autoconsciência, conforme se extrai do conceito de Locke (Singer, 2000). E é nesta acepção que afirma deva ser compreendido o conceito de pessoa.
Ainda de acordo com Singer (2000):                  
“É este o sentido do termo que temos em mente quando elogiamos alguém dizendo que ‘é muito humano’ ou que tem ‘qualidades verdadeiramente humanas’. Quando dizemos tal coisa não estamos, é claro, a referir-nos ao facto de a pessoa pertencer à espécie Homo sapiens que, como facto biológico, raramente é posto em dúvida; estamos a querer dizer que os seres humanos possuem tipicamente certas qualidades e que a pessoa em causa as possui em elevado grau.
 Estes dois sentidos de ‘ser humano’ sobrepõem-se mas não coincidem. O embrião, o feto subsequente, a criança gravemente deficiente mental e até mesmo o recém-nascido, todos são indiscutivelmente membros da espécie Homo sapiens, mas nenhum deles é autoconsciente nem tem um sentido do futuro ou a capacidade de se relacionar com os outros. Logo, a escolha entre os dois sentidos pode ter implicações importantes para a forma como respondemos a perguntas como ‘Será que o feto é um ser humano?’”
 Diante da possível confusão terminológica, Singer entende que o melhor é abandonar o termo ambíguo ser humano e substituí-lo por dois termos diferentes, correspondentes aos sentidos diferentes da palavra. O primeiro sentido, já ressaltado acima, enquadra o ser humano a uma expressão, a seu juízo, mais precisa, como membro da espécie Homo sapiens, enquanto para o segundo sentido usa o termo pessoa, embora reconheça ele que o termo é muitas vezes usado como sinônimo de ser humano e, portanto, provocam equívocos interpretativos. No entanto, assevera Singer que “os termos não são equivalentes; poderia haver uma pessoa que não fosse membro da nossa espécie. Também poderia haver membros da nossa espécie que não fossem pessoas (...)” (SINGER, 2000).
 A maior dificuldade de admitir o argumento de Singer de que alguns animais não-humanos como chimpanzés, golfinhos e, quem sabe, até porcos, são pessoas, está compreensão de dignidade e respeito que permeia o conceito de humano.  Por esta razão, muitos filósofos criticaram o conceito proposto por Singer, conforme veremos adiante.
 Dworkin (2003, p. 30 apud Ferreira 2005), embora sem expressa referência a Singer, admite a possibilidade de que, em sentido filosófico, alguns animais não-humanos, como, por exemplo, os porcos, sejam considerados pessoas. Todavia, ressalta que a exemplo das discussões sobre o feto ser ou não pessoa, “seria inteligente deixar de lado a questão, não por se tratar de uma questão irrespondível, mas por ser demasiado ambígua para ser útil”.
 Desse modo, embora se possa filosoficamente acreditar que os porcos são pessoas, o fato é que os seres humanos não têm nenhuma razão para tratá-los do mesmo modo como tratam uns aos outros. No domínio da antropologia filosófica, a categoria de pessoa não pode ser pensada para além do humano e de que a própria compreensão de pessoa (DWORKIN, 2003 apud FERREIRA, 2005)
 Na mesma direção é crítica de Nedel (2004, p. 237-240 apud Ferreira, 2005) à posição de Singer:
“(...) a concepção de pessoa adotada por Singer é ‘empírico-psicológica’, deduzindo a definição a partir de atributos pelos quais se expressa a personalidade, tais como a racionalidade, a consciência e a capacidade de sentir dor ou prazer, em oposição à concepção ontológica, que reconhece o status de pessoa a partir da própria estrutura ontológica do homem.
 Dentre os seres naturais somente o ser humano tem merecido a qualificação de pessoa; os outros animais, mesmo os superiores entre eles, como os grandes macacos, não têm sido considerados pessoas, por falta de consciência reflexa perfeita.
  A proposta de Singer, deste modo, constituiria um ‘nivelamento por baixo’ que ‘retira do ser humano o privilégio de sua singularidade absoluta entre todos os viventes naturais, na contramão da grande tradição ocidental’. Destaca Nedel que ‘a intenção de Singer é boa: visa a promover a defesa dos animais’, salientando que, ‘para isso, entretanto, não é mister atribuir-lhes a condição de pessoas nem direitos. Animal racional não é sujeito de direitos, segundo a velha e boa tradição filosófica e jurídica’.
 Complementando o que disseram Dworkin e Nedel, Junges argumenta que "Se a biologia define que alguém pertence como indivíduo à espécie humana, merece respeito devido à pessoa". Sendo assim, a categoria de pessoa é reservada ao ser humano, ao indivíduo pertencente à espécie humana, dotado de dignidade e merecedor de respeito. O humano e o não-humano são "duas realidadesdiferentes", porque o "ser humano é um ser cultural e, portanto, moral. Por isso, a abrangência e o critério ético para respeitar um e outro é diferente" (2002, p. 08 apud Ferreira, 2005).
 A posição de Singer, que tem como preocupação central o respeito aos animais, equipara moralmente de forma indevida estes com os seres humanos, pois considera que os indivíduos que apenas possuem mera vida biológica humana não têm valor intrínseco, na medida em que a vida sem autoconsciência é desprovida de valor. Assim, defende ele que não haveria problema em relação ao aborto ou ao descarte de embriões, ou à sua manipulação, seja em que nível for (Xavier, 2009).
 A visão reducionista de Singer atribui como característica formadora do ser apenas uma de suas manifestações, a autoconsciência, isto é, centra-se na dimensão pensante do ser e esquece-se de sua dimensão física do corpo como também constitutiva ser. Desse modo, para ele muitas das modernas práticas biomédicas - no campo dos transplantes, inseminação artificial, cuidados ao recém-nascido e aos doentes terminais – tornaram-se incompatíveis com a crença do igual valor da vida humana, porque, entre outras coisas, esse valor é variável, visto que "a vida sem autoconsciência não tem valor algum” (Xavier, 2009).
 A ambiguidade em torno da valoração do humano no campo da filosofia e da bioética tem levado biólogos, médicos, pesquisadores, políticos entre outros, todo dia a enfrentarem dilemas sobre como lidar com a vida (humana), as implicações de uma ou outra posição. No campo jurídico, a questão não é diferente, como veremos.
A importância do conceito de pessoa para o direito
 As teorias do direito se assentam em teorias filosóficas, inclusive sobre a natureza humana e, por isso, devem adotar uma ou outra posição em disputa sobre problemas da filosofia que não são especificamente problemas jurídicos (DWORKIN, 2002).
 O conceito atual de homem para direito está ligada a concepção filosófica de valorização da humanidade enquanto capacidade de autonomia, ambas constitutivas do humanismo moderno. De acordo com Renaut (2004, p. 10):
“(...) o que define intrinsecamente a modernidade é, sem dúvida, a maneira como o ser humano nela é concebido e afirmado como fonte de suas representações e de seus atos, seu fundamento (subjectum, sujeito) ou, ainda, seu autor: o homem do humanismo é aquele que não concebe mais receber normas e leis nem da natureza das coisas, nem de Deus, mas que pretende fundá-las, ele próprio, a partir de sua razão e de sua vontade. Assim, o direito natural moderno será um direito ‘subjetivo’, criado e definido pela razão humana (voluntarismo jurídico), e não mais um direito ‘objetivo’, inscrito em qualquer ordem imanente ou transcendente do mundo.”
 O direito deve ser enxergado, portanto, como instrumento feito pelo homem para o homem. E, como tal, deve assegurar a este o status jurídico compatível a sua existência humana. Tal estatuto advém de sua consideração como pessoa: ser digno de proteção e respeito.
 Depreende-se da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), em seu Artigo VI, que “Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei.” O homem da Declaração dos direitos humanos é uma pessoa e, como tal deve ser tratamento pela lei.
 Consoante adverte Tasca (2009), a princípio pode parecer estranho o teor desse artigo sexto da DUDH, pois no presente a idéia de ser humano está indissociavelmente ligada à idéia de pessoa. Todavia, a história do homem comprova que nem sempre foi assim. A escravidão é um exemplo claro de que o ser humano nem sempre foi pessoa. Referido instituto legitimou durante séculos a coisificação do homem enquanto ser passível ser comercializado, explorado e destruído por outros homens. Daí a necessidade de afirmação permanente dos direitos do homem, além de sua efetiva proteção ou efetivação.
 De acordo com Supiot (2007, p. 236), “os direitos do Homem são os herdeiros dessa concepção, que vê em cada pessoa um espírito único, o qual vai desenvolver-se ao longo de toda a sua vida e lhe sobreviverá através de suas obras”. E, ao tratar sobre os fundamentos jurídicos da pessoa, ele chama a atenção o fato de que em toda sociedade adota certa concepção do homem que dá sentido à vida humana, bem como que, “sob o ponto de vista jurídico, nós o consideramos como sujeito, dotado de razão e titular de direitos inalienáveis e sagrados”. (idem, 2007, p. 12)
 A idéia de que o homem é um sujeito dotado de razão não passa por uma demonstração científica, mas é fruto de uma afirmação dogmática, própria da história do Direito e não da história das ciências (SUPIOT, 2007).
 Os três atributos da humanidade que são: a individualidade, a subjetividade e a personalidade são ambivalentes. É que o homem, enquanto indivíduo, é um ser único, indivisível, mas também semelhante a todos. Quando tido como sujeito, ele é soberano, mas também se sujeita à lei comum. Já como pessoa, o homem é espírito e também é matéria (SUPIOT, 2007)[7].
 Por esta razão, o direito deve buscar conciliar toda a ambivalência do homem e todas as suas dimensões, uma vez que é sua função antropológica instituir o ser humano, o que significa.Nesse sentido, Xavier (2009) ressalta, em termos jurídicos, como sinônimas as palavras pessoa e sujeito de direito:
“Na concepção jurídica, pessoa é um ente físico ou coletivo susceptível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de sujeito de direito. Sujeito de direito é aquele que é sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão ou titularidade jurídica, é o indivíduo que pode exercer as prerrogativas que o ordenamento jurídico lhe atribui, que tem o poder de fazer valer, através dos meios legais disponíveis, o não-cumprimento do dever jurídico.”
 Se formos buscar no direito positivo brasileiro, veremos que a lei associou a pessoa à subjetividade jurídica.
 O Código Civil Brasileiro — Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 —, por exemplo, dispõe que, em seu art. 2o que: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.” [8] Desse modo, no sentido jurídico moderno, todo ser humano é pessoa, dotado, pois, de uma personalidade jurídica, considerada a aptidão genérica para adquirir direitos e deveres[9].      
 A atribuição de uma personalidade jurídica a todo ser humano resultada em duas conseqüências elementares. A primeira é a de que todas as pessoas tem direitos inerentes à sua condição humana, os chamados direitos de personalidade, classificados em três grandes categorias: a) direito à integridade física; b) direito à integridade moral; c) direito à integridade intelectual.
 A segunda conseqüência está na discussão temporal sobre quando se inicia ou termina a existência da vida humana, com sérias implicações de ordem patrimonial, sobretudo no que diz respeito aos direitos hereditários e às obrigações civis[10].
Uma leitura da lei civil indica que a personalidade civil só existe a partir do nascimento do ser humano (perspectiva natalista). Contudo, o reconhecimento jurídico da necessidade de proteção da vida humana intrauterina, como defendem os adeptos de uma posição conceptivista, resulta no asseguramento dos direitos ou interesses do nascituro que o caracterizam já como pessoa, ainda que uma pessoa virtual, potencial. Sob esse prisma, o Direito acaba por se conformar à realidade da natureza humana e não o contrário[11].
 No campo penal também suscitam dilemas a disponibilidade da vida humana. Temas como o aborto, a lesão fatal ou não em legítima defesa (homicídio, tortura, lesão corporal etc.), a autolesão, a prisão, a pena de morte sempreforam motivos de intensos e intermináveis debates na história da humanidade.
 Ainda cabe ressaltar que a dignidade da pessoa (humana) como valor, seja como realidade pré-jurídica ou positiva, subsidia, na atualidade, propostas político criminais em diferentes sentidos. Tanto na proteção — minimização da violência — do homem contra o próprio homem ou deste para com o Estado (garantismo), como na exclusão/destruição do homem quando este se torna inimigo da sociedade (direito penal do inimigo).
  Considerações finais
 Concordamos com a visão kantiana de que os seres humanos ocupam um lugar especial na criação, bem como que estes possuem “um valor intrínseco”, isto é, “dignidade”, o que os torna valiosos “acima de tudo”. E que tratar o ser humano não dotado de autoconsciência como um animal, subtrai-lhe seu valor, bem como promove um nivelamento por baixo em relação às outras espécies vivas, na medida em que lhe retira sua singularidade e importância.
 Nada justifica tratar os seres humanos como aos animais, mesmo que se tenha a boa intenção de valorizar estes últimos. 
 Assim, somos contrários, portanto, às posições que distingue as dimensões do ser humano, como faz Peter Singer, entre vida biológica e ser pensante, dotado de autoconsciência, conferindo-lhes tratamento diferente. O ser humano, a pessoa, é algo integral, composto de corpo e alma e assim deve ser visto, independentemente de suas qualidades, seu estado físico ou psíquico.
 Embora o conceito filosófico de pessoa seja sempre mais amplo que o do Direito, este não pode perder vista o valor do homem enquanto distinto e superior a qualquer outra espécie animal. E que, por isso, deve ampliar cada vez mais seu espectro de proteção sobre os direitos da pessoa, salvaguardando não só ser biológico dotado de autoconsciência, mas também a pessoa em potencial (nascituro, embriões); a pessoa em sua integridade física e psíquica; e a pessoa enquanto corpo humano indisponível.
É esse o tratamento adequado que o direito deve dar a ser humano. Tratá-lo o mais breve e integralmente como pessoa, conferindo-lhe a proteção necessária que a dignidade decorrente de sua condição com ser único, irrepetível exige.
Em síntese, o homem deve ser tributário de dignidade jurídica em toda sua ambivalência.
Referências bibliográficas:
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CASSIRER, Ernest. Ensaio sobre o homem. Introdução a uma filosofia da cultura humana. Trad. Tomás Rosa Bueno. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
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RENAUT, Alain. O indivíduo: reflexão acerca da filosofia do sujeito. 2ª ed. Trad. Elena Gaidano. Rio de Janeiro: Difel, 2004.
 SINGER, Peter. Ética Prática. Lisboa: Grandiva, 2000.
SUPIOT, Alain. Homos juridicus: ensaios sobre a função antropológica do Direito. Trad. Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
TASCA, Flori Antônio. Todo ser humano, perante a lei, é pessoa. Extraído de http://www.sindicomercio.org.br/artigos/artigos.asp?id=109&col=Jur%C3%ADdico. Acessado em 04/05/2010.
XAVIER, Elton Dias. A Bioética e o conceito de pessoa: a re-significação jurídica do ser enquanto pessoa. Revista Bioética, América do Norte, nº 8 3 11 2009.
 
Notas:
[1] Edvino A. Rabuske (2008), em sua obra Antropologia Filosófica apresenta, na introdução, vinte idéias sobre o homem. Ademais, reforça esse papel da antropologia filosófica em buscar o fundamento do homem.
[2] A Comissão Nacional para Proteção de Sujetos Humanos nas Pesquisas Biomédicas e Comportamententais, criada em 1974, apresentou no ano de 1978, o relatório dos trabalhos realizados e que foi intitulado: Relatório Belmont: Princípios Éticos e Diretrizes para a Proteção de Sujeitos Humanos nas Pesquisas.
[3] De acordo com Xavier (2009), o termo vem do latim persona, que tem o mesmo sentido da voz gregaprósopon, que significa máscara, o qual era o termo que designava a máscara que cobria o rosto de um ator enquanto atuava. Ademais, outra possibilidade de derivação da palavra é também do latim personare, que significa soar. Nesse sentido, era a voz do ator que se fazia ouvir, soar, por trás da máscara.
[4] Jaspers (2007, p. 47) traz algumas dessas características: “O homem foi definido como ser vivo dotado de palavra e pensamento (zoon logon echon); como ser vivo que agindo dá à sociedade a forma de cidade regida por lei (zoon politikon); como ser que produz utensílios (homo faber); que trabalha com esses utensílios (homo laborans); que assegura sua subsistência por meio de planificação comunitária (homo oeconomicus).” Contudo, crítica nessas concepções a ausência de uma das principais características do homem: sua mutabilidade. Uma vez que o homem, ao contrário dos animais, como ser social, não se repete de geração em geração. Não permanece para sempre com o é.
[5] É autônomo porque a pessoa é capaz de escolher, atuar e assumir as responsabilidades que advêm dos seus atos. É racional porque é capaz de pensar por si. Livre porque é capaz de escolher e decidir o seu caminho, tem a capacidade de agir ou não agir de acordo com sua vontade. Responsável porque assume-se como autor de uma ação, reconhece-se na ação e suporta as consequências dessa mesma ação. Ademais, que se constrói ao longo da vida, já que sempre aprende alguma coisa, aceita as mudanças, bem constrói o seu caráter com base na relação com os outros. É singular, único e irrepetível, uma vez que cada pessoa é diferente de todas as outras porque cada uma tem características próprias, no tempo e no espaço. É relacional porque só é possível a construção da pessoa na relação que estabelece com os outros e com o mundo. E, por fim, é comunicativo, porque todas as relações tem por base a comunicação.
[6] Karl Jaspers (2007, p. 46) também reforça o caráter relacional do homem como algo que lhe dá sentido: “O homem acha-se sozinho em meio a uma natureza de que, não obstante é parte. Somente com seus companheiros de destino ele se transforma em homem, em si mesmo e deixa de ser solitário.”
[7] Cumpre ressaltar que é noção de homo juridicus que busca vincular as dimensões biológicas e simbólicas que constituem o ser humano, ou nas palavras de Supiot (2007, prólogo), “o Direito liga a infinitude de nosso universo mental à finitude de nossa experiência física, cumprindo em nós uma função antropológica de instituição da razão.”
[8] A lei civil argentina ainda fixa o marco temporal da proteção à pessoa como ente humano digno de amparo legal. Prescreve o art. 70 que: “Desde la concepción en el seno materno comienza la existencia de las personas; y antes de su nacimiento pueden adquirir algunos derechos, como si ya hubiesen nacido. Esos derechos quedan irrevocablemente

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