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RESUMO Introdução ao Estudo do Direito

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Introdução ao Estudo do Direito
Prof. Ricardo Maurício
1-Características:
	- PROPEDÊUTICA: IED é uma disciplina propedêutica porque se propõe a oferecer conceitos fundamentais para os diversos ramos do conhecimento jurídico -> essência e estudo geral, introdutório, preliminar, principiante.
	-ENCICLOPÉDICA: IED engloba diversas formas de conhecimento jurídico que são aplicadas ao estudo do Direito (filosofia, sociologia, história, antropologia, entre outros).
	- ZETÉTICA: o Direito pode ser estudado a partir de duas abordagens diferentes e complementares. Sob a perspectiva ZETÉTICA, as normas jurídicas são objetos de uma reflexão à luz da realidade social. Na perspectiva DOGMÁTICA, contudo, a norma jurídica é entendida como um dogma: uma premissa inquestionável para a solução de um problema. IED é uma disciplina de natureza zetética! 
			Abordagem dogmática: premissa = “verdade absoluta”; aplicação da norma sem questionamento.
			Abordagem zetética: premissa = “investigada”; abordagem mais aberta, ligada à realidade social, gerando uma decisão mais justa, ainda que com efeito colateral de insegurança.
	-EPISTEMOLÓGICA: IED discute a existência, a natureza, a metodologia e a finalidade da ciência do Direito. A cientificidade do conhecimento jurídico, que pode se encontrar no campo racional ou vulgar (das meras opiniões) – seria o estudo do direito cientifico? – pode-se perceber, portanto, que a epistemologia do direito questiona a origem, a natureza e os limites do conhecimento jurídico.
2-Teoria da Norma Jurídica:
	- O conceito de sociedade: sociedade é um conjunto de seres vivos que apresentam um padrão de organização (divisão de trabalho e repartição de funções).
	-Tipos de sociedade: existem basicamente dois tipos de sociedade: a sociedade não humana e as sociedades humanas.
	-DETERMINISMO x LIBERDADE: as sociedades não humanas são compostas por agentes sociais regidos pelo determinismo biológico, pelo que as ações serão sempre previsíveis. No que se refere às sociedade humanas, os agentes sociais são essencialmente livres pelo que há sempre a necessidade de organização de um sistema controle social.
	-Controle social e o papel das normas: controle social é um conjunto de instituições e de normas que regulam o comportamento humano em sociedade, modelando a personalidade em conformidade com as normas que disciplinam a vida social. Desde o nascimento até a morte o individuo aprende no âmbito das instituições como deve agir em sociedade.
	- As normas como instâncias de “dever ser”: as normas sociais são regras que estabelecem qual DEVE SER o comportamento socialmente aceito e qual deve ser a sanção aplicável na hipótese de uma inflação. Logo, o mundo normativo é um mundo abstrato, “dever ser” que não se confunde com o mundo real ou concreto (mundo do ser) dificuldade de quem cria normas = trazer o “dever ser” para o real.
	-NORMAS TÉCNICAS E ÉTICAS: as normas técnicas são normas sociais que regulam a vida humana, tendo em vista a realização de determinadas finalidades (otimização dos resultados). A técnica é neutra aos valores e cega em relação aos fatos sociais. Por sua vez, as normas éticas regulam a vida social prescrevendo meios socialmente legítimos, priorizando a busca de soluções justas que preservem a dignidade humana. Para a ética os fins não justificam os meios. 
	- TIPOS DE NORMAS ÉTICAS: existem 3 tipos de normas éticas:
		1- As normas de ETIQUETA ou CORTESIA regulam hábitos de educação no trato com as pessoas e as coisas. Regulam aspectos éticos secundários. A descortesia é punida com sanções difusas (punição espontânea e plural aplicada pela opinião publica aos agentes sociais que realizam descortesia. Ex.: um olhar de censura)
		2- As normas MORAIS tratam valores mais relevantes para a sociedade quando comparado com a etiqueta, sendo indispensável para a estabilidade social. A imoralidade deve ser sancionada difusamente.
		3- As normas JURÍDICAS configuram o chamado mínimo ético, erguendo a ultima barreira do sistema de controle social (se as normais morais e a etiqueta não “derem certo” o Direito entra.) A ilicitude deve ser sancionada de forma organizada. Nas sociedades ocidentais contemporâneas, as sanções jurídicas apresentam um caráter organizado. Ela esta pré-determinada no sistema normativo, sendo aplicada pelo Estado em regime de monopólio. 
OBS: as normas éticas variam sempre no tempo e no espaço, acompanhando a diversidade cultural -> não existem padrões éticos universais!
A maioria dos comportamentos humanos são juridicamente permitidos, somente uma minoria faz parte da zona juridicamente proibida.
É possível que um comportamento humano venha a violar mais de um tipo de normatividade ética A relação do Direito com a moral pode ser entendida como uma relação entre círculos éticos secantes: existência de uma zona de não intersecção entre a manutenção de zonas autônomas da regulamentação da vida social.
3-DIREITO x MORAL (critérios distintivos):
- BILATERALIDADE x UNILATERALIDADE: afirma-se que o Direito é bilateral porque as normas jurídicas disciplinam relações inter-subjetivas (sujeito ativo x sujeito passivo relação jurídica). Deste sentido, o sujeito ativo poderá sempre, ao exercer o seu Direito Subjetivo, exigir o cumprimento de um dever jurídico pelo sujeito passivo. Do outro lado, as normas morais são sempre unilaterais, pois se dirige à consciência individual. Logo, o dever moral não poderá ser exigido por terceiros.
- EXTERIORIDADE x INTERIORIDADE: afirma-se que o Direito é exterior pois normas jurídicas só incidem a partir de um comportamento materializado no mundo dos fatos. Por sua vez, as normas morais podem incidir na vida humana, independente da materialização de um comportamento do mundo exterior.
DIREITOS -> ATOS: o fato de se planejar atos ilícitos, mas não executá-los não cabe à normatividade do Direito.
MORAL: se planejar o ato e depois se arrepender dele, quem agiu por meio do arrependimento foi a moral.
	-HETERONOMIA x AUTONOMIA: normas jurídicas são heterônomas porque os seus preceitos são impostos aos agentes sociais, independente da vontade individual. Ex. a obrigatoriedade do voto presente no art.14 da CF/88. No mundo moral as normas são autônomas porque os seus preceitos são escolhidos livremente pelos agentes sociais.
	-MAIOR COERÇÃO x MENOR COERÇÃO: COERÇÃO é a ameaça de aplicação de uma sanção ética, que gera receio e medo na mente dos agentes sociais. Nas sociedades ocidentais contemporâneas, as normas jurídicas costumam ser mais coercitivas que as normas morais, por conta do receio maior gerado pela eventual aplicação da sanção jurídica. 
OBS: o Direito gera mais medo que a moral; coerção é a ação, direito, poder ligado das autoridades de coagir, reprimir. 
	-MAIOR COAÇÃO x MENOR COAÇÃO: COAÇÃO consiste na manifestação direta da força e da imposição do constrangimento patrimonial ou pessoal gerado pela sanção. Nas sociedades ocidentais contemporâneas, o Direito é mais repressivo e coativo do que a moral.
	-SANÇÃO ORGANIZADA x SANÇÃO DIFUSA: sanção jurídica apresenta natureza organizada, enquanto que as sanções morais apresentam natureza difusa.
4-Teoria dos Círculos Éticos:
	Trata-se do campo da Teoria Geral do Direito que se propõe a estudar o padrão e a forma de relacionamento do Direito com a moral. Ao longo da evolução do pensamento jurídico três concepções foram oferecidas, cronologicamente:
1-BONCÊNTRICOS: Esta concepção foi desenvolvida durante a Idade Antiga e a Idade Média. O Direito era concebido como o núcleo do mundo moral. Neste sentido não haveria a possibilidade de comportamento humano ser qualificado diferentemente pelo Direito e pela Moral. Coube ao jusnaturalismo fundamentar esta visão com base na doutrina dos Direitos Naturais: direitos inatos e universais que refletiram um código moral absoluto de justiça. Essa concepção é criticada por duas razões, em primeiro lugar, porque não reconhece a autonomia do Direito em face da moral. Em segundo lugar, porque pressupõea existência de um código universal de justiça, o que não se adequa ao multiculturalismo.
2-SEPARADOS: Tal concepção foi gestada durante a Idade Moderna e a primeira metade do século XX até a 2ª G.M.. Segunda esta visão, Direito e moral não deveriam comunicar-se. A ordem jurídica, criada pelo Estado, disciplinada bilateralmente e de modo heterônomo as relações externas dos agentes sociais, enquanto que a ordem moral se voltaria para a consciência unilateral, interna e autônoma de cada individuo. Deste entendimento decorreria a ideia de uma aplicação neutra do Direito, sem a “contaminação” da convicções morais de cada individuo. Coube ao Positivismo Jurídico fundamentar esta cisão do Direito em face da moral. Embora essa separação contribua para a segurança e a previsibilidade da aplicação do Direito, tal visão se tornaria perigosa ao possibilitar uma postura dogmática e a realização de injustiças.
3- SECANTE: Esta visão foi desenvolvida após a 2ªG.M. Sustenta que o Direito e a moral apresentariam zonas autônomas de regularização da vida social e uma zona crescente de convergência. Coube ao Pós-Positivismo jurídico defender esta reaproximação do Direito em face da moral, valorizando a aplicação dos princípios que enunciam os direitos humanos fundamentais. Critica-se tal concepção por gerar insegurança jurídica, conduzindo os papeis do Direito e moral na sociedade.
5- Atributos da Norma Jurídica:
	-VALIDADE: consiste na adequação vertical de uma norma jurídica inferior com uma norma jurídica superior. O Conceito de validade pressupõe a hierarquização das normas jurídicas, sendo útil a contribuição de H. Kelsen para estudo do tema: a pirâmide normativa. Ou seja, uma lei só será válida se for criada de acordo com a Constituição. Existem dois tipos de validade:
		1- VALIDADE FORMAL: a validade formal diz respeito a adequação da norma jurídica que se refere a dois requisitos: a competência e procedimento.
1.1-COMPETENCIA: a habilitação conferida a um órgão para criação de uma norma jurídica inferior estabelece quem deve criar a norma inferior
1.2- PROCEDIMENTO: conjunto de ritos que devem ser observados para criação de uma norma jurídica inferior.
		2- MATERIAL: consiste na adequação do conteúdo de uma norma jurídica inferior com o conteúdo de uma norma jurídica superior. Ex.: o art 5º da CF/88 não permite a lei de pena da morte, logo se Dilma sancionasse a possibilidade de pena de morte, esta lei não seria materialmente válida.
	-VIGÊNCIA: tempo de validade de uma norma jurídica
		- DETERMINADA: norma que pré estabelece o seu tempo de validade.
		-INDETERMINADA: não pré estabelecem o termino de sua vigência, ou seja, sua validade.
	 CADUCIDADE x REVOGAÇÃO:
Caducidade consiste no fenômeno normativo de escoamento (término) do prazo da norma de vigência determinada, se não for convertida em lei ou prorrogada. Entende-se por caducidade a cessação da vigência das normas de vigência determinada. Ex.: se não for prorrogada ou quando acabar o tempo previsto pela norma, as medidas provisórias caducam.
Revogação é a substituição de uma norma jurídica por outra norma jurídica, de IGUAL OU SUPERIOR HIERARQUIA, que modifica o comando normativo anterior.
	TIPOS DE REVOGAÇÃO:
		- REVOGAÇÃO TOTAL(ABIRROGAÇÃO): ocorre quando há uma modificação global da fonte normativa anterior. Não restando nada da anterior. Ex.: a CF/88 revogou a de 67.
		-REVOGAÇÃO PARCIAL (DERROGAÇÃO): quando o novo diploma normativo modifica alguns dispositivos do diploma normativo anterior.
	REVOGAÇÃO EXPRESSA x REVOGAÇÃO TÁCITA:
		EXPRESSA- quando ocorre uma modificação textual do diploma normativo anterior.
		TÁCITA- é uma revogação não expressa, que se configura toda vez que ocorre uma incompatibilidade lógica. Esta incongruência logica deve ser constatada através da interpretação do Direito.
REVOGAÇÃO ≠ REPRESTINAÇÃO: a repristinação consiste na restauração dos efeitos jurídicos pela revogação da norma revogadora. (“ressureição” de uma norma jurídica. Só pode ocorrer de forma expressa!
VIGÊNCIA ≠ INCIDÊNCIA: incidência é o conceito que exprime a relação entre o momento de publicação e o inicio da vigência de uma norma jurídica. Terá INCIDÊNCIA IMEDIATA a norma jurídica que iniciar sua vigência no momento de publicação. Terá INCIDÊNCIA MEDIATA quando a norma estabelecer um prazo de VACTIO LEGIS (prazo de publicação e inicio de vigência).
	-VIGOR: força vinculante de uma norma jurídica, que traduz o principio geral do Direito: tempus regit actum (o tempo rege o ato). Embora sejam conceitos próximos, vigência e vigor não se confundem. Esta sistemática de vigor implica considerar a irretroatividade como regra geral das leis e dos atos normativos, como decorrência do próprio valor da segurança jurídica. A sistemática geral do vigor pode ser relativado por força da exigência de titular outros valores jurídicos. No Direito Penal, por exemplo, a lei penal pode retroagir para beneficiar a liberdade do réu, de outro lado, no Direito do Trabalho, admite-se a retroatividade da norma trabalhista mais benéfica ao trabalhador.
	-EFICÁCIA: é a possibilidade de produção concreta dos efeitos jurídicos.
		EFICÁCIA TÉCNICO-JURÍDICA OU APLICABILIDADE: trata-se da possibilidade da norma jurídica automaticamente produzir seus efeitos, independente da criação de outra norma jurídica.
		EFICÁCIA SOCIAL OU EFETIVIDADE: diz respeito a adequação fática da norma jurídica, que se materializa a partir do momento em que os preceitos são observados pelos agentes sociais.
	-LEGITIMIDADE: é o atributo normativo que designa a adequação axiológica de uma norma jurídica, toda vez que esta é considerada justa pela maioria da sociedade num dado tempo e espaço. Embora conceitos próximos, legitimidade e efetividade não se confundem. 
OBS: uma leia é considerada legítima quando goza do reconhecimento da sociedade quanto a sua validade e importância; para ela ser justa, deve ser valorizada pelo setor social.
6-Classificações das Normas Jurídicas:
	-quanto ao SISTEMA:
		NORMAS INTERNAS: são aquelas normas jurídicas produzidas no âmbito do ordenamento jurídico nacional.
		NORMAS ESTRANGEIRAS: são aquelas normas jurídicas que são criadas fora dos limites de um Estado Soberano, no âmbito da sociedade internacional.
Existem dois paradigmas:
-No Direito Internacional, verifica-se a necessidade de sua conversão em normas de direito interno (principio de soberania)
-No Direito Comunitário verifica-se a aplicabilidade direta e imediata das normas comunitárias (supranacionalidade e soberania compartilhada).
O paradigma clássico do Direito Internacional é caracterizado pela noção absoluta de soberania, sendo ela a criada no território interno ou estrangeiro autorizado pelo Estado, valendo, já dentro do país como norma interna.
	-quanto a relação com a VONTADE DAS PARTES:
		NORMAS COGENTES: são normas que estabelecem preceitos obrigatórios que independem da vontade dos seus destinatários.
		NORMAS DISPOSTIVAS: é uma norma que possibilita a modulação dos seus efeitos pela vontade das partes. Ex.: as normas do C.C., que tratam do regime patrimonial de casamento.
	-quanto a relação das NORMAS ENTRE SI:
		NORMAS PRIMÁRIAS OU DE CONDUTA: normas que regulam diretamente o comportamento humano, impondo direitos e obrigações. Elas proíbem ou permitem o comportamento humano.
		NORMAS SEGUNDÁRIAS OU DE ORGANIZAÇÃO: normas que preveem regras para a criação, interpretação e aplicação de outras normas jurídicas.
	-quanto a SISTEMATIZAÇÃO LEGAL:
		NORMAS CODIFICADAS: são normas que pertencem aos códigos, leis de grande generalidade e de grande coesão lógica.
		NORMAS CONSOLIDADAS: são normas que pertencem as consolidações leis que surgem a partir de diplomas legislativos pré-existentes, logo não apresentam o mesmo grau de racionalidade e de coesão lógica quando comparada aos códigos.
OBS: a diferença entre CONSOLIDAÇÃO E CÓDIGO está presente no maior grau de racionalização do segundo em relação à primeira. Os códigos são mais racionais, poisnão abrem espaço para diferentes interpretações, além de demorarem mais para serem elaborados, visto que são mais analisados e discutidos. As consolidações, por sua vez, por surgirem de leis anteriormente postas e oriundas de momentos históricos e contextos culturais diferentes, podem apresentar contradições e, por isso tem “menor” peso jurídico.
		NORMAS ESPAÇAS OU EXTRAVAGANTES: são normas que tratam de situações e destinatários específicos configuram os chamados micro sistemas jurídicos.
OBS: note, portanto, que as consolidações surgem de normas esparsas, uma vez que é a partir da reunião de todas essas leis que se forma uma dada consolidação. A diferença, basicamente, é que a norma esparsa trata de uma lei sobre dado termo, enquanto a consolidação/norma é o grupo de odas as leis especificas que tratam do mesmo tema.
	-quanto à ESTRUTURA NORMATIVA:
		REGRAS: são normas jurídicas que apresentam uma estrutura normativa fechada, que não propicie um grande espaço de interpretação. A função das regras é estabelecer segurança jurídica. OBS: por apresentar estrutura normativa fechada (definida, inflexível, dogmática) as regras são aplicadas através de uma atividade de subsunção(ato ou ação de incluir alguma coisa em algo mais, mais amplo) o papel da regra é conferir segurança e previsibilidade para as relações sociais, por meio de leis dogmáticas.
		PRINCIPIOS: são normas jurídicas que apresentam uma estrutura semântica aberta, conectada com os valores de moralidade social. Oportunizam um grande espaço de interpretação. A função dos princípios consiste em potencializar decisões mais justas, impermeáveis à realidade social.
OBS: os princípios aproximam o Direito da moral quando corporificam os mais altos valores do sistema jurídico: dignidade, igualdade e solidariedade.
	-quanto a APLICABILIDADE:
		Normas de APLICABILIDADE PLENA: são aquelas normas jurídicas cuja produção de efeitos independe da criação de outra norma jurídica posterior.
		Normas de APLICABILIDADE LIMITADA: ocorre toda vez que a norma jurídica depende da criação de outra norma jurídica para a produção dos seus efeitos.
		Normas de APLICABILIDADE CONTIDA: é aquela norma jurídica que produz, num primeiro momento, amplos efeitos jurídicos, mas prevê que, num segundo momento, deve ser criada outra norma jurídica para restringir o alcance original da primeira.
		Normas de APLICABILIDADE EXAURIDA: é aquela norma jurídica cuja produção dos seus efeitos já se consumou no âmbito jurídico, permanecendo vigente apenas por força de uma recordação histórica. São normas que já tiveram efeito garantido no passado, efeito este que ainda se faz presente na Constituição.
	-quanto aos ÂMBITOS DE VALIDADE:
		ESPACIAL: 
			-GERAIS: são aquelas normas jurídicas que alcançam a totalidade do território nacional, ou seja, são normas que tem influencia direta na definição do território do país em questão.
			-ESPECIAIS: são normas jurídicas que alcançam parcelas especificas do território nacional.
		PESSOAL:
			-GENÉRICAS: se dirigem a destinatários indefinidos, alcançando toda comunidade jurídica.
			-INDIVIDUALIZADAS: são normas jurídicas que se destinam a destinatários específicos. OBS: quanto menor for a hierarquia, mais será o grau de individualização.
		MATERIAL:
			-DIREITO PÚBLICO: disciplinam a relação entre o Estado e os particulares, bem como regulam a relação entre os órgãos públicos. São orientadas pelo principio da supremacia do interesse da coletividade. A maioria das normas de direito publico são normas cogentes.
			-DIREITO PRIVADO: são aquelas normas que disciplinam as relações entre os particulares, orientam-se pela preservação dos princípios da liberdade e da autonomia do contrato. A maior delas é composta por normas dispositivas. OBS: atualmente verifica-se um processo convergente do Direito Privado, havendo um dirigismo contratual e, também do Direito Público, por meio das terceirizações.
		
TEMPORAL:
	-VIGÊNCIAS DETERMINADAS: normas jurídicas que preveem o término de sua validade.
	-VIGÊNCIAS INDETERMINADAS: normas jurídicas que não preveem o término de sua validade.
 NORMAS RETROATIVAS x NORMAS IRRETROATIVAS:
	1)Normas Retroativas alcançam, excepcionalmente as situações ocorridas antes da sua vigência. Ex.: Retroatividade da Lei Penal mais benéfica ao réu.
	2) Normas Irretroativas são aquelas que não alcançam as situações ocorridas no passado, tendo em vista os princípios de segurança jurídica e do tempus regeat actum. A maioria das leis e dos atos normativos não retroage, devendo respeitas as situações jurídicas ocorridas antes de sua vigência e já consolidadas (direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada)
		*DIREITO ADQUIRIDO: é aquele direito cujo conteúdo já se incorporou ao patrimônio do seu titular. Ex.: o bacharel em direito, já formado, caso uma nova lei amplie a duração do curso, ele não precisa retornar.
		*ATO JURÍDICO: é aquele que foi produzido conforme os requisitos prescritos pela lei, no momento de sua celebração. Qualquer ato oriundo da vontade humana cujos requisitos foram observados a luz da ordem jurídica então vigente. Trata-se de uma das consequências do principio da segurança jurídica. Ex.: uma mãe, sobre a norma vigente do momento, pode deixar para um filho um bem, desde que o outro filho permita tal doação. Se, no futuro, tal permissão se tornar inviável, o que já foi decidido anteriormente permanece, comprometendo apenas as futuras transações.
		*COISA JULGADA: é o efeito de imodificabilidade da decisão judicial, que não admite mais a interposição de recursos (transito enjugado – quando a transição não pode ser mais impugnada por recurso) 
7-Fontes do Direito:
	-CONCEITO: fontes do Direito são diversos modos de manifestação da normatividade jurídica que exprime a influencia dos diversos fatores sociais de natureza econômica, politica e ideológica presente na realidade dos fatos origina-se o Direito = produto da realidade social.
TIPOLOGIAS:
	-FONTES MATERIAIS: são todos aqueles elementos econômicos, políticos e ideológicos que influenciam o processo de criação, interpretação e aplicação das normas jurídicas, ou seja, elementos extrajurídicos que servem de matéria prima para criação de normas. 
 	-FONTES FORMAIS: são as normas jurídicas propriamente ditas que resultam da positivação no mundo jurídico desses elementos extrajurídicos da realidade social. são os diversos modos de manifestação da normatividade jurídica, que brotam diretamente do Estado ou da Sociedade. Existem dois tipos de fontes formais:
		1- ESTATAIS: são aquelas fontes formais criadas diretamente pelo Estado (poder executivo, legislativo e judiciário) 
		2-NÃO-ESTATAIS: àquelas normas jurídicas criadas diretamente pelos agentes sociais, fora das estruturas institucionais do Estado.
OBS: MONISMO x PLURALISMO:
1)MONISMO: para os monistas, o Direito seria um produto exclusivo do Estado. Essa visão positivista e dogmática perdeu força após a 2ªG.M.
2)PLURALISMO: de outro lado, os pluralistas defendem a ideia de que o Direito Estatal conviveria com o Direito não-estatal criado pela sociedade. Esta relação, poderia ser ao mesmo tempo harmoniosa ou conflitual (dialética).
ESPÉCIES:
	-LEGISLAÇÃO: entende-se por lei todo e qualquer diploma normativo genérico (a lei, então, não se refere a um sujeito especifico do Direito), abstrato (a lei formula hipóteses no mundo do “dever-ser”, não disciplina situações concretas, como os contratos) e escrito e de origem parlamentar.
	-JURISPRUDÊNCIA: é o conjunto de decisões reiteradas no mesmo sentido, que estabelece um padrão interpretativo capaz de inspirar futuras decisões. A jurisprudência se apresenta ao lado dos costumes como a principal fonte jurídica nos sistemas de comum law. A jurisprudência tem em regra uma capacidade muito maior que a legislação de traduzir a nova realidade social, criando novos direito.
		SÚMULAS: são enuciados interpretativos que sintetizam a jurisprudência dos tribunais. Garantida a nitidez do tribunal, uma vez queasseguram a segurança e previsibilidade do Direito.
			1)SÚMULA VINCULANTE: criadas através de Emenda Constitucional, estabelecem padrões jurisprudenciais obrigatórios em toda estrutura do poder judiciário. Somente o STF pode ditar/editar sumulas vinculantes. Não se difere, em efeito, da obrigatoriedade das leis e normas, mas sua origem é exclusiva do STF.
			2)SÚMULA PERSUASIVA: são súmulas não obrigatórias, que servem como argumento de cunho retórico. Podem ser criadas por quaisquer tribunais do país.
	-COSTUMES JURIDICOS: fonte não estatal que se forma a partir da repetição de práticas sociais no mesmo sentido, que estabelecem direitos e deveres jurídicos. Trata-se da principal fonte do direito nos sistemas de commom law. Os costumes são práticas sociais que se tornam jurídicas ainda que elas não estejam escritas.
	-DOUTRINA: conjunto de livros, estudos e artigos científicos de grande estudiosos do Direito. A doutrina oferece argumentos de autoridade para o embasamento de criação de novas normas jurídicas.
	-NEGÓCIOS JURÍDICOS: são acordos de vontades e declarações unilaterais de vontade que disciplinam as relações sociais mantidas pelos agentes privados. Os negócios jurídicos podem ser escritos ou não escritos.
	-PODER NORMATIVO DOS GRUPOS SOCIAIS: trata-se de prerrogativas preterida pela ordens jurídicas às instituições sociais para que elas criem normas próprias e os seus respectivos microordenamentos jurídicos observados os limites postos pelas fontes estatais do Direito.
8-Teoria do Ordenamento Jurídico
	-NOÇÕES INICIAIS: conceito trata-se da parte da teoria geral do Direito que cuida da possibilidade da construção de um sistema para a compreensão e aplicação das normas jurídicas. Diante da realidade caótica, torna-se possível aprende-la através de um sistema, num conjunto ordenado de elementos. 
	- O SISTEMA JURÍDICO: no mundo do Direito é possível utilizarmos a noção de sistema para a melhor compreensão e aplicação das normas jurídicas. De todas as propostas, nenhuma substitui ainda hoje a pirâmide normativa de H.Kelsen: as normas hierarquicamente estruturadas através de laços de validade formal e material.
	-O PROBLEMA DA COMPLETUDE: LACUNAS E INTEGRAÇÃO JURÍDICA: para que o sistema seja racional é necessário que este ofereça respostas para todos os problemas que pretenda resolver. Discute-se assim se o Direto é completo (sem lacunas) ou se é incompleto (lucunoso).
DEFENSORES DA COMPLETUDE:
-o Direito é completo pois tudo que não está juridicamente proibido, está juridicamente permitido – H. Kelsen.
-o Direito seria completo porque o juiz não pode eximir-se de julgar alegando a falta ou obscuridade da lei (a decisão judicial como resposta normativa).
ARGUMENTOS EM PRÓ DA INCOMPLETUDE:
- o Direito é incompleto porque a sociedade se transformaria sempre num ritmo mais celebre que o direito, segundo assim as lacunas.
- a existência de mecanismos de integração do Direito é uma prova cabal de que o Direito apresenta lacunas.
OBS: pode se dizer que o Direito apresenta-se de modo completável: as lacunas são provisórias e podem ser preenchidas pelos instrumentos de integração.
LACUNAS JURÍDICAS: trata-se de qualquer imperfeição que comprometa a completude do sistema jurídico:
	LACUNAS NORMATIVAS: ocorrem toda vez que inexiste norma capaz de regular expressamente uma dada situação social
	LACUNAS VALORATIVAS: se manifesta toda vez que a norma jurídica vigente perde contato com o sentimento de justiça da sociedade(perda de legitimidade)
INTEGRAÇÃO DO DIREITO: trata-se da atividade de preenchimento das lacunas jurídicas, que restaurava a completude do Direito; a ciência jurídica dispõe de 4 instrumentos de integração, são eles:
	1-ANALOGIA: consiste na aplicação de uma norma jurídica que trata de uma dada situação social para outra situação social semelhante.
	2-COSTUMES: são práticas sociais reiteradas que servem para o preenchimento de uma lacuna jurídica.
	3-PRINCIPIOS GERAIS DO DIREITO: mandamentos éticos que aproximam o direito da moral, potencializando a realização de justiça.
	4-EQUIDADE: consiste na materialização do sentimento de justiça ao julgador diante um caso concreto.
O PROBLEMA DA COERÊNCIA: ANTINOMIAS E CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO: trata-se do debate acerca da necessidade de superação dos conflitos existentes entre os elementos de um sistema. No mundo do Direito, haverá antinomia jurídica toda vez que uma norma proibir e outra norma permitir o mesmo comportamento humano.
CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO:
1-HIERARQUICA: havendo conflito entre uma norma superior e outra inferior, prevalece a norma superior.
2-CRONOLÓGICO: havendo conflito entre uma norma posterior e outra norma anterior, ambas de esmo hierarquia, prevalece a norma posterior.
3-ESPECIALIDADE: havendo conflito entre uma norma geral e uma norma especial, ambas de mesma hierarquia, prevalece a norma especial.
4-PONDERAÇÃO DE BENS E INTERESSES: aplica-se a ponderação de bens e interesses toda vez que houver conflitos entre os princípios constitucionais, não sendo possível a utilização dos critérios anteriores.
9-Relação Jurídica:
	-CONCEITO: relação jurídica é o vinculo intersubjetivo que se estabelece entre dois sujeitos a partir da materialização da hipótese abstrata da norma jurídica, polarizando de um lado o exercício de um Direito Subjetivo e de outro lado o cumprimento de um dever jurídico correlato, além de contemplar a possibilidade ou atribuições de uma sanção jurídica ao infrator que pratica uma ilicitude.
	-CARACTERISTICAS: a relação jurídica apresenta duas características: a BILATERALIDADE, porque disciplina a intersubjetividade da vida humana e a EXTERIORIDADE, pois pressupõe a materialização de comportamentos dos sujeitos ativos e passivo na realidade social.
	-ELEMENTOS CONSTITUTIVOS: 
		1-NORMA JURÍDICA (DIREITO OBJETIVO): a relação jurídica nasce a partir da concretização no mundo do ser da hipótese abstrata do mundo do dever-ser normativo (DIREITO OBJETIVO).
		2- FATO JURÍDICO: trata-se de qualquer acontecimento que produz consequências no mundo do Direito (independente da vontade humana) ou acontecimento humano (dependente da vontade humana) qe se revela capaz de criar, modificar ou extinguir relações jurídicas. O fato jurídico, em sentido amplo, contempla o fato jurídico de sentido estrito (acontecimento natural) e o chamado ato jurídico (acontecimento humano).
		3-SUJEITO JURÍDICO: os sujeitos de direito são todos aqueles entes que integram os polos ativo e passivo da relação jurídica, para respectivamente titularizar direitos ou cumpri obrigações integrantes do dever jurídico. Os sujeitos do direito podem ser entes personalizados(são todos aqueles qualificados como pessoas, pela capacidade de conviver em sociedade) ou entes despersonalizados (os sujeitos de direito pode ser entes desprovidos de personalidade)
		4-DIREITO SUBJETIVO: conjunto de faculdades ou prerrogativas que a normatividade jurídica (direito objetivo) confere ao sujeito ativo de uma relação jurídica para que este possa atuar no âmbito do Direito. Considerando a bilateralidade do Direito, pode-se afirmar que o objeto do Direito Subjetivo é o cumprimento de um dever jurídico correlato pelo sujeito passivo. Ao exercer o Direito Subjetivo, o sujeito ativo pode exigir institucionalmente o cumprimento de um dever jurídico. 
O objeto do Direito Subjetivo é sempre o cumprimento de um dever jurídico correlato (visto que ele só se materializa a partir do momento em que o sujeito passivo cumprir seu dever, só se pode, por exemplo, exercer o direito de poder de prioridade, se o sujeito passivo permitir, pelo cumprimento de seu dever que o eu –ativo- o faça).
		5- DEVER JURÍDICO: conjunto de obrigações assumidas pelo sujeito passivo de uma relação jurídica, em face de um direito subjetivo titularizado por um sujeito ativo. Diferentemente do dever moral, o dever jurídico pode ser exigido coativamente pelas instituições que integram os poderes públicos do Estado. O dever jurídico pode compreender o cumprimento isoladoem conjunto dos seguintes tipos de obrigações:
			a)obrigação de FAZER consiste na obrigação positiva de realizar um dado comportamento humano.
			b)a obrigação de NÃO-FAZER consiste na obrigação negativa de respeitar o exercício de um direito subjetivo correlato, através da abstenção comportamental do sujeito passivo. Geralmente, os direitos fundamentais de natureza individuais impõem obrigações negativas de não fazer aos integrantes da comunidade jurídica.
			c) obrigação de DAR consiste na obrigação positiva da entrega de um determinado bem.
OBS: dever jurídico positivo é aquele que se materializa através de um único ato
 dever jurídico negativo é aquele que compreende a obrigação de não-fazer.
		6-ILICITUDE: consiste na conduta humana positiva ou negativa que viola os preceitos estabelecidos pela normatividade jurídica. Pode resultar tanto no exercício arbitrário de um direito subjetivo pelo sujeito ativo (abuso de direito) como também pode decorrer do descumprimento de um dever jurídico pelo sujeito passivo de uma relação jurídica (inadimplemento).
		7-SANÇÃO JURÍDICA: é a consequência do ilícito. Trata-se de qualquer punição imposta ao sujeito ativo ou passivo que pratica uma ilicitude. A sanção jurídica pode traduzir um constrangimento patrimonial ou constrangimento pessoal. Nas sociedades ocidentais contemporâneas, a sanção jurídica reveste-se de natureza organizada. 
10- Escolas do Pensamento Jurídico:
	-JUSTANURALISMO
É uma doutrina dos direitos naturais. Trata-se de uma concepção segundo a qual os indivíduos nasceriam como titulares de direitos inatos (vida, liberdade, igualdade...), os quais derivariam de um código ético universal de justiça. É a mais antiga corrente de pensamento jurídico, nascido no mundo greco-latino. Ele sustenta a ideia de que os direitos não seriam criados pelo Estado ou pela sociedade, uma vez que os seres humanos já nasceriam com eles. Os direitos seriam inerentes a natureza humana, visto que cada ser humano traria, consigo, um código ético de justiça, que permitiria ao homem identificar um comportamento como justo ou injusto, a partir da relação de compatibilidade ou incompatibilidade com o código ético instintivo inerente a ele.
Na visão do jusnaturalista, em caso de descumprimento do direito inato ao homem, a sanção seria aplicada pelo próprio indivíduo a si mesmo, por meio de sua consciência ética.
Critica-se o jusnaturalismo por ele não considerar as diferenças culturais e éticas de cada povo e cada região, visto que essa corrente de pensamento considera que todos os homens teriam a mesma conduta ética, fruto de um código de ética peculiar ao homem.
 Não existe um único e absoluto padrão de justiça (multiculturalismo). Deve-se reconhecer que cada cultura um padrão de justiça e uma fisionomia de direito justo, o que, portanto, nega a teoria jusnaturalista que defende apenas um código ético universal que engloba a todos os homens.
Fases do jusnaturalismo:
- Jusnaturalismo Cosmológico (Idade Antiga): O fundamento da justiça e dos direitos naturais seria a harmonia com o universo.
- Jusnaturalismo Teológico (Idade Média): O fundamento da justiça e dos direitos naturais seria a vontade de Deus, o fazendo por meio da obediência de seu código de ética interno, uma vez que ele foi criado e promovido pelo próprio Deus, ao criar o homem.
- Jusnaturalismo Racionalista (Idade Moderna): O fundamento da justiça e dos direitos naturais seria a razão humana universal. O comportamento como justo ou injusto é determinado pelo que diz a razão.
- Jusnaturalismo de conteúdo variável (Idade Contemporânea): O fundamento da justiça e dos direitos naturais seria o consenso internacional sobre os direitos humanos, com as variações históricas e culturais. 
O jusnaturalismo teve o mérito de permitir um debate sobre a existência de um direito justo, uma vez que nunca isolou o direito da justiça; 
O jusnaturalismo teve o mérito de influenciar a afirmação dos direitos humanos, alicerces dos atuais regimes democráticos;
O jusnaturalismo confunde legitimidade com validade, ao referir que toda norma jurídica válida precisa ser necessariamente justa;
-POSITIVISMO LEGALISTA: Trata-se de uma corrente que sustenta a identificação do direito com a lei. Historicamente, surgiu com advento das revoluções liberais burguesas nos séculos XVII e XVIII. A maior expressão na Europa foi a escola Exegese, formada pelos comentadores do código napoleônico.
Teses fundamentais:
Reducionismo normativista (a lei como única fonte do direito);
Defesa do monismo jurídico (origem exclusivamente estatal do direito). Ou seja, não acreditavam na origem social do direito – pluralismo jurídico.
Crença na perfeição da lei que seria completa e coerente: ausência de lacunas e de antinomias jurídicas. 
Neutralização do poder judiciário: o juiz como a mera “boca” da lei – aquele que por ela fala; que reproduz a vontade do legislador expressa na lei. 
Defesa de uma interpretação literal do direito (método gramatical) – utilizado toda vez que o intérprete se propõe a fazer uma interpretação apenas textual da lei; trata-se de uma abordagem dogmática.
Separação do direito em face da moral.
Possibilitou um grande avanço científico, notadamente no direito civil;
O positivismo legalista trouxe previsibilidade e segurança jurídica, quando comparado ao jusnaturalismo, com a vaga noção de direitos naturais. 	De fato, os direitos naturais não traziam grande contribuição para a segurança jurídica, porque se trata de um conceito (direitos inatos) muito vago;
O direito não se esgota na lei – o que se refere ao pluralismo jurídico, no sentido de quê há também outras fontes de direito além da lei, como a jurisprudência e os costumes jurídicos;
A visão positivista não reconhece a imperfeição do legislador, nem tampouco, a possibilidade de perda de efetividade e de legitimidade da lei; 
A limitação do poder dos juízes pode conduzir a profundas injustiças;
- HISTORICISMO JURÍDICO: Trata-se de uma corrente alemã, surgida no século XIX que se opunha ao positivismo legalista. O maior expoente desta concepção foi o jurista Savigny, que tem teses diametralmente opostas ao positivismo legalista.
Teses do Historicismo jurídico:
Negação à perfeição do legislador e da lei;
Valorização do costume como fonte do direito, por ser capaz de exprimir do espírito do povo (VOLKSGEIST) – os historicistas acreditavam que cada nação teria características próprias e o direito teria que exprimir tais caracteres; NEGA totalmente o jusnaturalismo, à medida que este não era expresso (escrito; era metafísico) e que não considerava a diferença de “espírito” do povo;
Afirmação do pluralismo jurídico (produção social do direito);
Valorização da interpretação histórica do direito (interpretação contextual);
Teve o mérito de situar adequadamente o direito no âmbito dos objetos culturais – o direito deixa de ser tratado como algo abstrato e passa a ser uma visão física, real, multiculturalista;
Demonstrou a insuficiência do legalismo defendido pelos positivistas – criticava a limitação do direito à lei;
Reconheceu a importância da efetividade no mundo jurídico normativo – ou seja, de nada adiantaria a previsão abstrata da lei, mas de fato o efetivo comportamento dos sujeitos sociais no plano dos costumes;
 Nota-se, porém, que a prática costumeira no mundo do ser não induz necessariamente à ocorrência da licitude, uma vez que nem sempre o que é comum/hábito, é lícito/correto. Ex: ato de urinar nas ruas é um hábito baiano, mas não é lícito.
O costume, por ser uma fonte não escrita, não oferece segurança e previsibilidade ao direito;
O conceito de espírito da lei é vago e, geralmente, projeta uma falsa unidade que esconde a diversidade social; 
- SOCIOLOGISMO JURÍDICO
Trata-se de uma corrente de crítica que surgiu na França, na segunda metade do século XIX e em contraposição ao positivismo legalista.
Foi influenciado pelo surgimento da sociologia, idealizada pelo pensador francês August Comte.
Obs: osurgimento da sociologia desvaforeceu o direito, o levando a perder autonomia como área do saber. Sociólogos mais extremados colocavam o direito como um ramo da sociologia.
A sua versão mais radical sustentava a possibilidade de um conflito entre direito estatal e direito não estatal.
Ex: poder das favelas x poder estatal -> estudo de Boaventura Santos.
A disciplina das relações onde o Estado era ausente, na qual existiam autoridades e maneiras de gerir a ‘coisa pública’.
A sua versão mais radical sustentava a possibilidade de um conflito entre direito estatal e direito não estatal.
Ex: poder das favelas x poder estatal -> estudo de Boaventura Santos.
A disciplina das relações onde o Estado era ausente, na qual existiam autoridades e maneiras de gerir a ‘coisa pública’.
Os sociologistas estudava o direito como um fato social (como uma expressão normativa do dever-ser); interessava estudar como de fato os agentes sociais se comportariam dentro das normas jurídicas; logo, o que interessava é o que a sociedade legitimizava, ou seja, o que define se um comportamento é lícito ou ilícito é a prática dos agentes sociais – ênfase ao atributo normartivo da efetividade. É característico a eles, ainda, a defesa do pluralismo jurídico (defesa do produto de todos os polos de poder social – não apenas do Estado). Para eles, a lei seria incompleta e incoerente, pois não acreditavam que o legislador tinha a capacidade de criar leis perfeitas.
Valorizavam (principalmente no sociologismo norte-americano) a jurisprudência como fonte do direito, visto que acreditavam que o juiz seria dotado de capacidade de exprimir um direito mais vivo e concreto (próximo da realidade da época, do local e do povo).
Defendiam, ainda, a interpretação sociológica do direito (adequação da norma jurídica ao contexto social). Enquanto os positivistas defendiam uma interpretação dogmática (TEXTUAL) da lei, os sociologistas defendiam a abordagem zetética do direito, isto é, uma interpretação mais aberta dos casos jurídicos. 
O sociologismo teve o mérito de valorizar a jurisprudência como fonte do direito e de demonstrar os limites do positivismo, desmistificando a ideia de um legislador racional (fazendo críticas mais contundentes à ideia do legislador perfeito que o historicismo). Porém, em contraposição, sabe-se que a valorização da jurisprudência pode redundar na formação de um governo de juízes, que comprometeria a separação dos poderes e a segurança jurídica (uma vez que seria implementado um “governo de juízes”). Além disso, entende-se que a efetividade não poderia ser vista como um referencial para a avaliação da licitude, pois, não é porquê um comportamento social é comum que ele deveria ser dito lícito; a efetividade, então, não induziria a uma licitude.
- TEORIA PURA DO DIREITO
Trata-se da mais importante manifestação do positivismo jurídico. Foi idealizada pelo grande jurista Hans Kelsen durante a primeira metade do século XX. 
A teoria pura do direito (não é positivismo legalista, pois Kelsen não identifica o direito com a lei); é um verdadeiro divisor de águas na história do direito.
Teses fundamentais:
Compreensão do direito como um conjunto puro de normas; para ele, o jurista não deveria discutir se uma norma é justa ou legítima, uma vez que isto deveria ser discutido por outras áreas do direito, como a filosofia do direito. Ele deveria apenas julgar se a norma é válida e aplicável a aquele caso jurídico;
Para Kelsen, o direito, para não perder sua cientificidade, deveria ser mecânico e dogmático, uma vez que a discussão em torno do mundo jurídico deveria ser competência de outra área, como a filosofia do direito.
Valorização da validade como atributo normativo;
Afirmação do ordenamento jurídico como uma pirâmide normativa;
Defesa da completude do ordenamento jurídico, uma vez que seria sempre possível tornar a lei perfeita -> “tudo que não está juridicamente proibido, está juridicamente aceito”;
Afirmação dos círculos éticos separados (direito x moral);
Defesa do monismo jurídico (origem estatal do direito).
Críticas positivas:
Promoveu um grande avanço no âmbito da ciência do direito (teorias, definições, classificações...).
Restaurou a autonomia científica do direito, ameaçada pela filosofia, história e sociologia.
Críticas negativas:
Desconheceu as dimensões fática (efetividade) e valorativa (legitimidade);
O seu purismo metodológico permitiu a sua utilização ideológica pelos regimes totalitários; é uma teoria “oca”, uma vez que não se preocupa no que é justo ou injusto, podendo ser usada, então, na democracia, no nazismo, na ditadura... etc.
- PÓS POSITIVISMO JURÍDICO
Trata-se de um movimento de crítica ao positivismo de Hans Kelsen, surgido historicamente após a II Grande Guerra Mundial. Compreende, então, todas as escolas que se opunham ao positivismo kelseniano.
Teses fundamentais:
Compreensão do direito como um conjunto de normas, fatos e valores sociais; ou seja, tenta estudar o direito em sua tríplice dimensão: normas conectadas aos fatos e, assim aos valores; tentava afastar as visões unilaterais.
Valorização conjunta dos atributos da validade, efetividade e legitimidade da norma jurídica (visão unitária do direito). Requer-se do jurista um esforço de natureza multidisciplinar.
Afirmação da teoria dos círculos éticos secantes (aproximação do direito com a moral).
Valorização dos princípios como normas jurídicas.
Emergência do ativismo judicial: atuação progressista do poder judiciário (requer do PJ uma posição efetiva);
Valorização da teoria e da prática da hermenêutica jurídica.
Críticas positivas:
Resgata o exame das dimensões de efetividade e legitimidade do direito;
Realça a importância do intérprete do direito na construção do sentido da norma jurídica;
Críticas negativas:
Abertura semântica dos princípios jurídicos pode gerar insegurança nas relações sociais;
O ativismo judicial gera o risco da formação de uma ditadura dos juízes (um governo de juízes; uma personificação dos juízes).

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