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INTRODUCAO A TEORIA DO DIREITO I

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INTRODUÇÃO À TEORIA DO DIREITO I 
 
1. DIREITO, SOCIEDADE E ESTADO 
a. Os vários significados da palavra “direito” conforme o seu uso 
 No estudo da palavra “direito” vemos que sua origem está num vocábulo do latim: 
directum ou rectum, que significa “reto” ou “aquilo que é conforme uma régua” 
 A palavra direito encontra, pois, uma pluralidade de significações que refletem 
diferentes realidades, mas que, embora não se limitando ao significado vinculado a 
sua origem latina, carrega sempre consigo este pressuposto de ser uma regra a 
determinar o que é certo 
 Norma: quando, por exemplo, se diz que “o direito proíbe uma conduta”. Este 
é o sentido mais comum que se dá à palavra direito, sendo que inúmeras 
definições correntes se referem à acepção do direito como lei, ou como um 
conjunto de normas, como as referências positivistas mais comuns 
 Faculdade: quando, numa expressão, se diz que “o cidadão tem o direito de 
propor uma ação”. Este é o mesmo sentido dado por IHERING quando propõe 
que direito “é o interesse protegido pela lei”. Esta acepção é, pois, uma ideia 
de direito subjetivo, já que reflete um poder, uma faculdade reconhecida ao 
sujeito 
 Justiça: na hipótese, exemplificadamente, de que, “a educação é um direito 
de todos”. Na acepção de direito enquanto justo há duas possibilidades de 
interpretação: direito pode ser entendido como “devido por justiça”6, como 
o significado da palavra direito na Declaração Universal dos Direitos do 
Homem e, ainda, pode ser entendido como “conforme a justiça”. 
 Ciência: quando nos referimos, por exemplo, ao fato de que “cabe ao direito 
penal estudar a criminalidade”. É muito comum, também, empregar-se a 
palavra direito com o sentido de “ciência do direito”, como a definição de 
Celso: “direito é a arte do bom e do justo”. 
 
b. Direito Objetivo e Direito Subjetivo 
 O Direito Objetivo pode ser entendido como a norma propriamente dita. Consiste nas 
previsões gerais e abstratas presentes no ordenamento jurídico. É todo o conjunto de 
normas e regras vigentes em um Estado, que devem ser respeitadas pela sociedade, 
sob pena de sanções. Diz-se que o direito objetivo é abstrato pois é previsto de forma 
generalizada no ordenamento jurídico, incidindo de forma indiscriminada sobre todos 
os indivíduos e situações que se enquadram nas previsões. O direito objetivo abrange 
leis, jurisprudências, costumes e quaisquer fontes do direito permitidas no 
ordenamento jurídico. O conceito é denominado em latim pela expressão norma 
agendi, que significa “norma de agir”, pois consiste no conjunto de normas que regem 
uma sociedade. Em resumo, a expressão direito objetivo é utilizada quando a palavra 
direito for sinônimo de ordenamento jurídico. Exemplo: O Direito Civil busca a defesa 
das partes nas relações jurídicas interpessoais. 
 Já o Direito Subjetivo é a possibilidade que a norma dá de um indivíduo exercer 
determinado conduta descrita na lei. É a lei, que aplicada ao caso concreto autoriza a 
conduta de uma parte. Consiste nas prerrogativas conferidas pelo ordenamento 
jurídico aos indivíduos. Assim, sempre que uma previsão do direito objetivo ocorre de 
forma concreta, a norma incide sobre os indivíduos envolvidos e eles passam a ser 
titulares de direitos subjetivos. Portanto, o direito subjetivo é o resultado da 
incidência de uma norma jurídica a um fato jurídico. O direito subjetivo é a faculdade 
de invocar o ordenamento jurídico em defesa dos próprios interesses. É tudo que os 
titulares de direitos podem fazer sem que violem os direitos de outros. Por esse 
motivo, a ideia de direito subjetivo é transmitida em latim pela expressão facultas 
agendi, que significa “faculdade de agir”. Em resumo, a expressão direito subjetivo é 
utilizada quando a palavra direito for sinônimo de prerrogativa/faculdade. Exemplo: 
se uma pessoa te deve um valor em dinheiro, a lei te concede o direito de cobrar a 
dívida por meio de um processo judicial de execução 
 
c. Direito, Estado e Sociedade 
 Sociedade: 
 Segundo Aristóteles a sociedade é o produto da necessidade humana, e a 
resultante das relações de dois ou mais indivíduos.O pensamento aristotélico 
alicerçou inúmeros pensadores, onde duas vozes divergentes podem ser 
destacadas no período moderno: a de Hobbes e a de Rousseau. 
 Em sua obra Leviathan, Hobbes constrói uma visão hipotética da vida social 
primitiva do homem, onde viviam isolados, desprovidos de moral, exercendo 
sua relação com o seu semelhante através da guerra, sua essência era, (como 
mencionada em seu mais famoso dizer: homo homi ni lupos (o homem é o 
lobo do homem)) exposta, pois não havia o que lhe guia-se, que lhe comanda-
se, assim a relação de poder se fazia necessária. Tal condição inerente ao 
homem mostrava-se autodestrutiva, e segundo o pensador, fez com que os 
homens realizassem um pacto, dito como social de forma que todos abrissem 
mão dos seus direitos, inclusive da sua liberdade, entregando-os à autoridade 
de um príncipe, - o Leviathan. Tal entidade organizaria a essência humana, de 
forma a prover a pacificação. 
 De outro gir, o pensamento de Rosseau, afirmava que originalmente o 
homem vivia provido de liberdade e felicidade. Todavia, o ambiente exigia a 
filiação com seus semelhantes, como forma de sobrevivência. Destarte, afim 
de otimizar sua vida, visando certas vantagens, decidiu associar-se ao seu 
semelhante. Porém, tal escolha custou sua liberdade e consequentemente 
sacrificou sua felicidade. Rosseau ainda afirma que a tendencia humana é 
retornar ao seu grau primitivo. 
 Destas premissas, cumpre salientar que, as visões de Hobbes e Rosseau, 
mostram-se distintas quanto a situação primitiva do homem. Toda via, ambas 
conjugam o pensamento aristotélico de que, a sociedade é o produto da 
necessidade humana, tendo como principal função a promoção da interação 
do indivíduo a fim de ordenar sua vida. 
 Direito: 
 Dotado de características intelectuais o ser humano possuí como elemento 
intrínseco a necessidade de se relacionar com a sua espécie, tornando-se 
assim evidente a necessidade da criação de mecanismos que ordenem esta 
relação. 
 O direito segundo Miguel Reale é a ordenação bilateral atributiva das relações 
sociais, na medida do bem comum; sendo então o meio mediador destas 
relações, promovendo assim uma convivência ordenada. 
 Há uma ligação essencial na existência do direito perante a sociedade. As 
relações de direito já se fundamentam em simples gestos sociais. A existência 
dos primeiros moluscos, partindo do processo evolutivo, já se dá a partir de 
um fator social, onde o direito já se manifestava em primitivos gestos, como 
a escolha de um alfa. 
 Estado: 
 Do latim status, us: modo de estar, situação, condição. Gênero soberano, 
coordenador social, e a ele compete legitimar o ordenamento de convivência, 
alem de outras atribuições, pois segundo Marx Weber é detentor do poder 
de coerção. 
 O termo Estado fora utilizado pela primeira vez no livro, A Arte da Guerra do 
imperador Sun Tzu e posteriormente no livro de Nicolau Maquiavel, O 
Príncipe. 
 Na visão de Thomas Hobbes, o Estado é visto na figura de um Leviathan, figura 
bíblica, onde nele competia a organização social, alem do controle da vida 
individual. Para Hobbes, o Estado se apresenta como meio soberano e com 
controles pessoais ilimitáveis. 
 Dentre as teorias que visam explicar a origem do Estado, três se destacam: 
a. Origem Familiar: A mais antiga das teorias, apoia-se na ideia que o 
estado surgiu através do pater famílias. 
b. Origem Patrimonial: Teoria fundamentada nas ideias de Platão, que 
sustentou no seu livro II de sua Republica, originar-se o Estado da 
união das profissões econômicas. Cícero também defendia tal ideia, 
ao afirmar o Estado como uma forma de organização que tinha com 
principal atribuição proteger a propriedade e traçar regulamentos 
entre as relações de ordem patrimonial. 
c. Teoria da Força: Também conhecida como o “ORIGEM VIOLENTA DO 
ESTADO”,defende que a organização política se deu através do poder 
de dominação dos mais fortes sobre os mais fracos. Bodim afirmava 
que “o que dá origem ao Estado é a violência dos mais fortes”. 
 Conclusão: 
 Sendo o Estado uma organização destinada a manter, pela aplicação do 
Direito, as condições universais de ordem social. E o Direito o conjunto das 
condições existenciais da sociedade, que ao Estado cumpre assegurar. É 
possível evidenciar a relação entre sociedade, direito e Estado. Assim com diz 
o Brocardo, Ubi jus, ibi societas, o direito existe onde exista a sociedade, o 
direito nasce a partir das relações sociais, como meio organizador, como 
mencionado anteriormente. 
 A relação entre o estado e a sociedade se baseiam em uma estrutura, os 
governantes “Estados” e o povo “sociedade”. Sua origem se observa pela 
necessidade, tendo um objetivo de coletividade e solucionar conflitos. O 
estado moderno tem teorias que os fundamentos, John Locke (O governo do 
Estado civil), Thomas Hobbes (Leviathan). A relação entre Estado e Sociedade 
deve-se estar em um contrato social e todas as instituições políticas 
legitimadas pelo governo, e daí o cidadão é obrigado a cumprir leis, e esta 
formando o pacto-constituinte. Quando os desenvolvimentos econômicos 
acontecem torna-se a capacidade política da sociedade que os indivíduos 
tenham direitos e ampliam sua participação e criação dos próprios direitos. 
 
d. Pluralismo Jurídico 
 O Pluralismo jurídico é decorrente da existência de dois ou mais sistemas jurídicos, 
dotados de eficácia, concomitantemente em um mesmo ambiente espacio-temporal. 
Existe uma grande indefinição acerca do conceito de pluralismo jurídico. O dissenso 
se dá, inicialmente, em face da ausência de definição clara e consensual em torno do 
que é direito e, portanto, de quais regras devem ser consideradas no espectro 
analisado como sendo direito. A convivência de vários ordenamentos jurídicos passou 
a ganhar relevância, historicamente, pela análise presente a partir do esfacelamento 
do Império Romano e do forçado intercâmbio cultural decorrente das invasões 
bárbaras. 
 O pluralismo jurídico como fenômeno decorrente da complexidade humana, nasce, a 
partir da inadequação da concepção unitária e centralizadora do direito, e das 
exigências da nova realidade complexa dos conflitos humanos, e baseia-se na 
existência de mais de uma realidade social, dando atenção às várias formas de ação 
prática e a complexidade de áreas sociais com características próprias que compõem 
o mundo jurídico ao qual estamos imersos. 
 Dessa forma essa situação de complexidade nada mais é do que uma adequação do 
pensamento jurídico com vistas de uma maior eficácia do Poder Judiciário, dentro de 
sua atuação prática, levando em consideração principalmente uma visão 
interdisciplinar que busca a supremacia de considerações ético-sociológicas, sobre a 
realidade puramente positivista do direito. Dessa forma procura-se com isso diminuir 
a legislação estatal como única fonte do direito, priorizando-se a produção 
multiforme do direito originada por movimentos organizados na sociedade. 
 Em grandes linhas pode-se identificar a abrangência do Pluralismo Jurídico Global em 
cinco grandes temas presentes na literatura, a saber: (a) o pluralismo jurídico 
internacional, com grande número de Tribunais e de Órgãos que criam suas regras 
para os nichos nos quais operam, como a Organização Mundial do Comércio (OMC); 
(b) o discurso dos direitos humanos e sua influência sobre os países a pedido da 
sociedade civil organizada; (c) o crescimento de ordens legais privadas e não oficiais, 
como a nova lex mercatória; (d) a criação de redes governamentais trans-nacionais 
com poderes regulatórios; (d) os movimentos migratórios. 
 A lex mercatória pode ser definida como o “direito transnacional das trocas 
econômicas” e é uma manifestação do pluralismo jurídico global hoje existente. Pode-
se identificar três características para esse tipo de ordem transnacional: (a) o seu 
acoplamento com os processos econômicos globais; (b) o seu caráter episódico; (c) o 
seu caráter de "soft law". Essa perspectiva é apenas uma dentre as muito possíveis de 
se analisar o Pluralismo. Pode-se encontrar estudos a esse respeito sob a perspectiva 
da Antropologia Jurídica, da Sociologia Jurídica, do Direito Comparado, do Direito 
Internacional e dos Estudos sócio-jurídicos. 
 A perspectiva sociológica parte de um conceito de direito bastante amplo, para além 
de uma identificação com o aparato legal-estatal. A visão que predomina é a do 
Direito enquanto um conjunto de regras com a presença de sanção, o que pode ser 
observado nas mais diversas esferas sociais. Assim, organizações sociais como prisões, 
comunidade de cangaceiros e igrejas seriam possíveis objetos de estudo. 
 Pela perspectiva sociológica, já foi objeto de estudo a situação de insulamento legal-
estatal em que habitantes de uma determinada comunidade viviam. Os conflitos 
passaram a ser resolvidos com base numa lógica interna à essa comunidade, em que 
a Associação dos Moradores assumiu especial importância. 
 A compreensão filosófica do pluralismo reconhece que a vida humana é constituída 
por seres, objetos, valores, verdades, interesses e aspirações marcadas pela essência 
da diversidade, fragmentação, circunstancialidade, temporalidade, fluidez e 
conflituosidade (WOLKMER, 2001, p. 172). Esta nova corrente do Direito implica uma 
miscigenação filosófica, cultural, sociológica e política no direito, que não se imagina 
sem a interação de todos esses campos sociais. 
 Na perspectiva da visão filosófica, o pluralismo jurídico vai contra o individualismo 
materialista que determina o idealismo moderno devido à complexidade das relações 
sociais contemporâneas. Admite a racionalidade humana interligada por valores, 
verdades, interesses diversos temporal e circunstancialmente, não podendo dessa 
forma restringir-se ao individualismo. 
 Na perspectiva do campo sociológico o pluralismo se dá na medida em que a 
sociedade exige a diversificação do papel de cada indivíduo social, devido ao 
surgimento da divisão de classes, e associações profissionais para defesa dos 
interesses dessas classes principalmente após as duas revoluções industriais que se 
deram na Europa. 
 Na perspectiva do campo político, o pluralismo tenta acabar com essa ligação pesada 
que se dá durante quase toda a existência humana entre o Estado nas suas diversas 
formas e o monopólio do poder. Admite a existência de um complexo corpo societário 
formado pela diversidade de partidos e movimentos políticos, organizações sociais e 
formações autônomas de poder, que na maioria das vezes defendem interesses e 
ideologias diferentes, que acabam gerando conflitos devido às divergências 
ideológicas, no intuito de defender seus princípios e interesses. 
 Para o Pluralismo Jurídico, o fenômeno presenciado em diversas realidades, não há 
mais como admitir a ingerência totalitária do Estado, que acaba por desconsiderar o 
interesse das minorias, desrespeitando a diversidade fruto da evolução social. 
 
2. DIREITO E MORAL 
 
a. Direito Positivo e Direito Natural 
 Conhecer a evolução jurídica possibilita explorar as diversas exigências sociais que 
possui cada época. A sociedade e o Estado usaram do direito natural e do positivo de 
diferentes modos até as mencionadas normas alcançarem a posição que possuem 
atualmente na ordem jurídica pátria: na ausência do direito positivo, o juiz utilizará 
da norma natural na solução do caso concreto. 
 Nessa perspectiva, para Andityas Soares de Moura Costa Matos (2006, p. 191) o 
direito natural é: “a doutrina idealista do direito que enxerga ao lado, ou melhor, 
acima do direito positivo algumas normas imutáveis e de observância obrigatória, 
postas por uma autoridade supra-humana (que seria a natureza, Deus ou a razão 
humana, como veremos adiante. As normas jusnaturais se dão a conhecer por meio 
das leis naturais que, em conjunto,formam o que se chama de ordem natural”. 
 Nessa mesma linha, diz Hans Kelsen (apud MATOS, 2006, p. 191): “As normas 
imutáveis da doutrina do direito natural apenas podem ser as leis naturais”. 
 Diante dessas considerações o direito natural pode ser definido como aquele 
estabelecido por algo que se encontra em uma posição superior ao do homem, como, 
por exemplo, a natureza ou Deus. Tal direito é imutável e possui eficácia universal, 
isto é, tem validade em todo lugar. 
 Conquanto, o direito positivo é conhecido como o pensamento que dispõe a 
superioridade da norma escrita sobre a não escrita (direito natural). A norma positiva 
é posta pelo homem, possui eficácia limitada, sendo válida somente nos locais nos 
quais a observa, bem como, é constantemente alterada. 
 Os positivistas defendem que o direito positivo é o único capaz de dizer o direito, 
conforme menciona Tércio Sampaio Ferraz Júnior em seu livro Introdução ao estudo 
do direito: técnica, decisão, denominação (apud MATOS, 2006, p. 189): “A tese de que 
só existe um direito, o positivo nos termos expostos, é o fundamento do chamado 
positivismo jurídico [...]”. 
 No período clássico, o direito natural não preponderava sobre o direito positivo. O 
direito natural era intitulado como direito comum, já o positivo era chamado de 
especial ou particular de uma determinada sociedade. 
 Nesta época, o direito positivo se sobressaia em relação ao natural nos casos onde 
houvesse controvérsias entre eles, lógica resultante da máxima: o especial prevalece 
sobre o geral. Um exemplo disso é a obra de Sófocles, Antígona, onde o decreto de 
Creonte estava acima do direito natural, ou seja, do direito não escrito, posto pelos 
Deuses. 
 Porém, na Idade Média, o cenário inverte, eis que o direito natural passaria a ser visto 
como superior ao direito positivo. O direito natural já não era mais entendido como 
direito comum, mas sim como a lei do próprio Deus. Ressalta-se que, mesmo 
encontrando-se o direito positivo numa escala inferior ao natural, o direito positivo 
continuava sendo considerado como uma espécie direito. 
 Já no modernismo a situação novamente muda, uma vez que o direito positivo passa 
a ser conhecido como direito no sentido próprio, ou seja, todo o direito é reduzido ao 
positivo e o direito natural não é mais visto como um direito. Nessa esteira, o 
acréscimo do adjetivo “positivo” à palavra “direito” já não fazia nenhum sentido, era 
um pleonasmo. Assim, nasce o positivismo jurídico que nada mais é que a doutrina 
que alega que não existe outro direito, senão o positivo. 
 
b. Jusnaturalismo 
 Jusnaturalismo é o Direito Natural, ou seja, todos os princípios, normas e direitos que 
se têm como ideia universal e imutável de justiça e independente da vontade humana. 
 De acordo com a Teoria do Jusnaturalismo, o direito é algo natural e anterior ao ser 
humano, devendo seguir sempre aquilo que condiz aos valores da humanidade 
(direito à vida, à liberdade, à dignidade, etc) e ao ideial de justiça. 
 Desta forma, as leis que compõem o jusnaturalismo são tidas como imutáveis, 
universais, atemporais e invioláveis, pois estão presentes na natureza do ser humano. 
Em suma, o Direito Natural está baseado no bom senso, sendo este pautado nos 
princípios da moral, ética, equidade entre todos os indivíduos e liberdade. 
 De acordo com a doutrina jusnaturalista a ser observada, existem diferentes 
explicações sobre a origem ou ponto de vista da natureza desta. Por exemplo: 
 Jusnaturalismo teológico: direitos estabelecidos e revelados por Deus. Surgiu 
durante a Idade Média e tinha como princípio a ideia de uma divindade 
onipotente, onisciente e onipresente; 
 Jusnaturalismo cosmológico: seguindo as leis que são consideradas naturais 
em todo o Universo. Esta corrente foi vigente durante a antiguidade clássica; 
 Jusnaturalismo racionalista: leis naturais da vida que são estabelecidas pelos 
humanos com base na razão e bom senso. Surgiu durante o século XVII e XVIII, 
num período em que as revoluções liberais dos burgueses estavam em alta 
(evidência da razão humana). 
 Jusnaturalismo contemporâneo - gestado no século XX, que enraíza a justiça 
no plano histórico e social, atentando para as diversas acepções culturais 
acerca do direito justo. 
 A Corrente do Jusnaturalismo defende que o direito é independente da vontade 
humana, ele existe antes mesmo do homem e acima das leis do homem, para os 
jusnaturalistas o direito é algo natural e tem como pressupostos os valores do ser 
humano, e busca sempre um ideal de justiça. 
 
c. Juspositivismo 
 Juspositivismo, positivismo ou positivismo jurídico é uma corrente de filósofos que 
utilizam do método empírico (científico) para adequar o direito apenas em seu direito 
positivo (leis), ou seja, apenas será trabalhado as questões positivadas. Essas normas 
positivadas são feitas pelo poder político do Estado, e assim são aplicadas pelas 
autoridades efetivamente competentes. 
 O direito positivo é aquele que o Estado impõe à coletividade, e que deve estar 
adaptado aos princípios fundamentais do direito natural. Portanto, a norma tem 
natureza formal, independem de critérios externos ao direito, como exemplo: moral, 
ética e política. Definido por elementos empíricos e mutáveis (fator social), onde a 
sociedade está em constante mutação. 
 Ao contrário do que defende a corrente jusnaturalista (jusnaturalismo), a Corrente 
Juspositivista (juspositivismo) acredita que só pode existir o direito e 
consequentemente a justiça através de normas positivadas, ou seja, normas 
emanadas pelo Estado com poder coercivo, podemos dizer que são todas as normas 
escritas, criadas pelos homens por intermédio do Estado. 
 O termo “positivismo jurídico” decorre da preocupação de estudar, de maneira 
isolada, o direito posto por uma autoridade, o ius positivum ou ius positum. Pesquisas 
históricas revelam que termos relacionados com a positividade do direito foram 
utilizados na Europa a partir da terceira década do século XII, para indicar o direito 
criado e (im) posto pelos legisladores. O termo iustitia positiva se encontra na obra 
Didascalicon de Hugo de Saint-Victor, escrita provavelmente em 1127. A mais antiga 
referência ao termo ius positivum foi identificada em texto de Thierry de Chartres, 
jurista e teólogo francês, conhecido como Theodoricus. 
 Ser positivista em âmbito jurídico significa, até hoje, escolher como exclusivo objeto 
de estudo o direito posto por uma autoridade. O positivismo jurídico se relaciona 
causalmente com o processo histórico de derrota do direito natural e a substituição 
das normas de origem religiosa e costumeira pelas leis estatais nas sociedades 
europeias da Idade Moderna. Trata-se do fenômeno que foi rotulado “surgimento da 
positividade do direito”. 
 
d. Norma Jurídica e Norma Moral 
 A noção de moral sempre existiu pois qualquer indivíduo possui a consciência moral, 
ou seja, sabe discernir o certo do errado, o bom do mau no contexto em que vive. A 
moral surge nas sociedades primitivas com as primeiras tribos. Com o passar do 
tempo a moral vem acompanhada da ética, mas a ética necessita de um grau mais 
elevado de cultura, e isso explica o quando se diz que a ética surgiu com Sócrates. A 
ética por sua vez investiga e explica as normas morais e também, faz com que o 
homem haja não só por educação, hábito e tradição, e sim pelo seu intelecto e suas 
convicções. 
 As normas morais se diferem das jurídicas, pois não está positivada, logo a norma 
moral é aquele comportamento esperado de um indivíduo de acordo com a sociedade 
que vive. Em suma, regras para que se possa ter a melhor convivência social baseado 
nos preceitos morais e éticos de cada indivíduo. 
 A norma jurídica é a célula do ordenamento jurídico (corpo sistematizado de regras 
de conduta, caracterizadas pela coercitividade e imperatividade). É um imperativo de 
conduta, que coage os sujeitos a se comportarem da forma por ela esperada e 
desejada.A compreensão da norma jurídica somente é possível a partir da noção de 
ordenamento jurídico, isto porque a eficácia da norma e a institucionalização da 
sanção dependem da pré-existência de um ordenamento jurídico. Não existe 
nenhuma norma juridicamente válida sem a existência de um ordenamento jurídico 
correspondente, apesar de ser possível a discussão acerca da possibilidade da norma 
jurídica ser ou não ser justa ou eficaz independente da sua validade. 
 Em suma podemos afirmar que a norma jurídica relaciona-se com as questões 
externas das pessoas, ou seja, é a relação do indivíduo para com a sociedade. Já a 
moral ou a norma moral é ligada ao foro íntimo das pessoas, os seus princípios e as 
motivações particulares. 
 
3. O ESTADO DE DIREITO 
 
O conceito de Estado de direito é relacionado ao poder do Estado. É quando esse poder, em relação 
às decisões que podem ser tomadas pelos governantes, é limitado pelo conjunto das leis, pelo direito. 
 
No Estado de direito obrigatoriamente todos os direitos fundamentais do homem devem ser 
protegidos pelo Estado: tanto os direitos políticos, como os sociais e os econômicos. 
 
O Direito, através da legislação, vai definir o que pode ou não pode ser feito, tanto em relação aos 
governantes como em relação aos cidadãos. No Estado de direito uma decisão não pode ser contrária 
à legislação, ou seja, a lei não pode ser violada. 
 
a. Legalidade 
 O conceito de Estado de direito é relacionado a um dos princípios básicos do direito: 
o Princípio da Legalidade. 
 De acordo com esse princípio ninguém pode ser obrigado a fazer algo ou a deixar de 
fazer algo, a menos que exista uma previsão da lei sobre o assunto. 
 A síntese do princípio da legalidade seria a frase latim nullum crimen nulla poena sine 
lege, que na tradução do latim quer dizer que nenhum crime será punido sem que 
haja uma lei. 
b. Liberdade 
 Princípio segundo o qual tudo que não é proibido é permitido. 
 Como espécie superior a todas as que povoam o mundo, o homem nasce livre, 
embora disso não se dê conta até o momento em que sua consciência o faz 
experimentar a necessidade de exercê-la como único meio de realizar as funções 
primordiais da vida e o objetivo que cada um deve atingir como ser racional e 
espiritual. 
 
c. Igualdade 
 O tema da igualdade aparece imbricado com os grandes temas da Ciência e da 
Filosofia do Direito e do Estado. Pensar em igualdade é pensar em justiça na linha 
analítica aristotélica, retomada pela Escolástica e por todas as correntes posteriores, 
de Hobbes e Rousseau a Marx e Rawls; é redefinir as relações entre as pessoas e entre 
normas jurídicas; é indagar da lei e da generalidade da lei. 
 Vejamos, a igualdade valor seria, portanto, a existência de um mínimo de 
oportunidades para cada pessoa. Esse mínimo comum advém do nascimento do ser 
humano e que carrega em si valores iguais mínimos da existência. 
 Em conexão com a idéia de liberdade, a igualdade entre os homens surge na razão 
direta da consideração do homem como “pessoa”, que, em sua singularidade deve 
ser livre e “enquanto ser social deve estar com os demais indivíduos numa relação de 
igualdade” 
 Eis a lição de KELSEN: Colocar (o problema) da igualdade perante a lei, é colocar 
simplesmente que os órgãos de aplicação do direito não têm o direito de tomar em 
consideração senão as distinções feitas nas próprias leis a aplicar, o que se reduz a 
afirmar simplesmente o princípio da regularidade da aplicação do direito em geral; 
princípio que é imanente a todo ordem jurídica e o princípio da legalidade da 
aplicação das leis, que é imanente a todas as leis – em outros termos, o princípio de 
que as normas devem ser aplicadas conforme as normas. 
 
d. Segurança Jurídica 
 O princípio da segurança jurídica, também conhecido como princípio como princípio 
da confiança legítima (proteção da confiança), é um dos subprincípios básicos do 
Estado de Direito, fazendo parte do sistema constitucional como um todo e, portanto, 
trata-se de um dos mais importantes princípios gerais do Direito. 
 Princípio da Segurança Jurídica tem o intuito de trazer estabilidade para as relações 
jurídicas e se divide em duas partes: uma de natureza objetiva e outra de natureza 
subjetiva. 
 A natureza objetiva: versa sobre a irretroatividade de nova interpretação de 
lei no âmbito da Administração Pública. 
 A natureza subjetiva: versa sobre a confiança da sociedade nos atos, 
procedimentos e condutas proferidas pelo Estado. 
 O Princípio da Segurança Jurídica não está na nossa Constituição Federal de forma 
expressa, mas sim de forma implícita, pois não há uma norma no texto constitucional 
falando da segurança jurídica, sendo que podemos extrair a mesma de algumas 
passagens constitucionais, por exemplo, quando a mesma fala a respeito do ato 
jurídico perfeito, coisa julgada e Direito adquirido. Observamos assim a preocupação 
da nossa Carta Magna com a estabilidade das relações jurídicas. Também de forma 
implícita o Princípio da Segurança Jurídica está inserido em outras normas 
constitucionais, tendo como exemplo o instituto da prescrição, onde suas regras e 
prazos servem para trazer o mínimo de estabilidade para as relações. 
 Ele tem por objetivo assegurar a estabilidade das relações já consolidadas, frente à 
inevitável evolução do Direito, tanto em nível legislativo quanto jurisprudencial. 
Trata-se de um princípio com diversas aplicações, como a proteção ao direito 
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Além disso, é fundamento da 
prescrição e da decadência, evitando, por exemplo, a aplicação de sanções 
administrativas vários anos após a ocorrência da irregularidade. Ademais, o princípio 
é a base para a edição das súmulas vinculantes, buscando por fim a controvérsias 
entre os órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarretem 
“grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão 
idêntica” (art. 103-A, § 1º, CF). 
 
4. CARACTERÍSTICAS DA NORMA JURÍDICA 
 
 Bilateralidade: O Direito existe sempre vinculado a duas ou mais pessoas, atribuindo 
poder a uma parte e impondo dever à outra. 
 Generalidade: É a característica relacionada ao fato da norma valer para qualquer um, 
sem distinção de qualquer natureza. 
 Abstratividade: A norma não foi criada para regular uma situação concreta ocorrida, mas 
para regular, de forma abstrata, abrangendo o maior número possível de casos 
semelhantes. 
 Imperatividade: É a característica de impor aos destinatários a obrigação de obedecer. 
Não depende da vontade dos indivíduos, pois a ordem não é conselho, mas ORDEM a ser 
seguida. 
 Coercibilidade: Possibilidade do uso da força para combater aqueles que não observam 
as normas. 
 Heteronomia – as normas de direito são postas pelo legislador, pelos juízes, pelos usos e 
costumes, sempre por terceiros, podendo coincidir ou não os seus mandamentos com as 
convicções pessoais. Pode-se criticar as leis, mas deve-se agir de conformidade com elas. 
 
 
 
a. Estrutura 
 A visão moderna da estrutura lógica das normas jurídicas é baseada em conceitos 
trabalhados pelo filósofo alemão Immanuel Kant: imperativo categórico e imperativo 
hipotético. 
 O imperativo categórico está intrínseco à ordem moral. Mesmo de caráter subjetivo, 
obriga de maneira incondicional, pois, o cumprimento dessa é sempre necessário. 
Exemplo: “deves honrar a teus pais”. Essa afirmação pertence ao campo da moral, 
não é de essência normativa, logo, não é passível de coerção. 
 Já o imperativo hipotético é relativo às normas jurídicas, técnicas ou políticas, agindo 
de forma prevista na lei, “como meio para alcançar alguma outra coisa que se 
pretende”. Exemplo: “se um pai deseja emancipar o filho, deve assinar uma escritura 
pública”. Aqui já é pertinente ao Direito Positivo, exigindo uma ação prevista em 
norma. 
 
b. Generalidade e Abstração 
 Generalidade: É a característica relacionada ao fato da norma valer paraqualquer um, 
sem distinção de qualquer natureza. 
 Abstratividade: A norma não foi criada para regular uma situação concreta ocorrida, 
mas para regular, de forma abstrata, abrangendo o maior número possível de casos 
semelhantes. 
 
5. ATRIBUTOS DA NORMA JURÍDICA 
 
 VIGÊNCIA: Vigência está a significar que a norma jurídica preencheu todos os seus 
requisitos de validade, passando a integrar o mundo jurídico. 
o Vigência se refere ao período em que a norma pode ser utilizada. Usualmente, 
isso está associado à questão da publicidade da norma, momento que, para Tercio 
Sampaio, atua na neutralização da ignorância para fins legais. 
o Ligação entre poderes burocrático, normativo, e social. 
o Em termos práticos, temos essencialmente três cenários: 
 Norma especifica vigência iniciando na publicação 
 Norma se cala sobre sua vigência: LICC estabelece vacatio legis padrão de 
45 dias. 
 Norma especifica o momento de sua entrada em vigência. 
o Vacatio legis como período de adaptação da sociedade à nova norma. 
o Normas entram no ordenamento jurídico e, a princípio, perduram por tempo 
indeterminado, até serem modificadas ou revogadas por norma futura. Há, no 
entanto, o fenômeno de leis temporárias. 
 
 EFETIVIDADE: Tal atributo diz respeito ao fato de a norma ser de observância não só de 
seus destinatários, como também por seus aplicadores. 
 
 EFICÁCIA: Atributo de que a norma deve atingir os efeitos sociais planejados quando de 
sua adição. 
o Vários fatores podem levar à ineficácia de uma norma jurídica: 
 falta de adesão social 
 falta de condições técncicas 
 falta de aplicação: rejeição formal ou substancial pela comunidade 
jurídica 
 falta de amparo políticas públicas, impedindo cumprimento das 
exigências normativas 
 falta de cobrança da realização da norma 
o Uma ou mais dessas formas podem resultar em ineficácia das normas. 
o Crise sistêmica de eficácia compromete a legitimidade do sistema jurídico como 
um todo. 
 
 LEGITIMIDADE: Ou seja, a norma deve se originar de um órgão legislativo legítimo. 
 
 VALIDADE: Ato jurídico como ato de criação da norma. 
 
 
6. PERDA DE VALIDADE DAS LEIS 
 
a. Revogação 
 A revogação de uma lei pode ser expressa ou tácita, ocorre a primeira, quando a lei 
posterior expressamente designa em seu texto que revoga a anterior. Já a revogação 
tácita opera de duas formas: 
 Quando a lei nova dispõe sobre um determinado assunto de maneira 
diferente da anterior, vigorando aí o princípio de que a LEI POSTERIOR 
REVOGA A ANTERIOR; 
 Quando a lei nova disciplina por inteiro a matéria ou assunto tratado na lei 
anterior. 
 A lei revogada, nunca mais poderá adquirir vigência, mesmo que a lei revogadora 
(posterior) venha também a perder sua vigência. Desta forma, o Direito Brasileiro 
proíbe a repristinação (restauração da vigência da lei revogada). 
b. Declaração de Inconstitucionalidade 
 
 No sistema da revisão judicial, o controle da constitucionalidade das leis se faz de 
modo concentrado, através da ação declaratória própria, in abstracto, com eficácia 
erga omnes, ou de modo difuso, em qualquer processo, in concreto, com eficácia 
apenas inter partes. Ao primeiro, denomina-se controle por via de ação ou controle 
principal; ao segundo, controle por via de exceção ou controle incidental. 
 Declarada a inconstitucionalidade da lei, seja em concreto, através do controle difuso, 
por qualquer órgão judiciário, de inferior ou superior instância, seja em abstrato, 
através do controle concentrado, da competência exclusiva do Supremo Tribunal 
Federal, no julgamento da ação direta de inconstitucionalidade (art. 102, I, a, CF), a 
lei perde toda a sua autoridade, no caso concreto, na primeira hipótese, e em todos 
os casos da mesma espécie, no segundo. A Emenda Constitucional n. 3/93 criou a ação 
direta de constitucionalidade4 de lei ou ato normativo federal, a cargo do Supremo 
Tribunal Federal, cujas decisões definitivas de mérito produzem eficácia erga omnes 
e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e do Poder 
Executivo (art. 102, § 2º, CF). 
 Declarada a inconstitucionalidade da lei, através de exceção, ou pela forma difusa, 
dita, também, in concreto, cabe ao Supremo Tribunal Federal comunicar essa decisão 
ao Senado Federal, a quem cabe, complementarmente, através de resolução, 
suspender, no todo ou em parte, a execução dessa lei (art. 52, inc. X, CF) no território 
nacional. Essa resolução neutraliza a eficácia da lei considerada inconstitucional, 
tornando-a inaplicável aos casos futuros, tendo efeitos erga omnes. 
 Se a inconstitucionalidade da lei se der através de ação direta, ou pela forma 
concentrada, dita, também, in abstracto, a decisão do Supremo Tribunal Federal, 
tomada pelo seu Plenário, impõe-se erga omnes, independentemente de qualquer 
atividade complementar do Senado Federal, não havendo necessidade de suspender 
a execução dessa lei, que fica neutralizada pela própria eficácia intrínseca do 
julgamento. 
 
c. Caducidade, Desuso e Costume Negativo 
 
 Caducidade é o estado a que chega todo o ato jurídico tornando-se ineficaz em 
consequência de evento surgido posteriormente. É o estado daquilo que se anulou ou 
que perdeu valia, tida, até então, antes que algo acontecesse. Tem o significado de 
algo que caiu em desuso ou foi tacitamente revogador 
o Ex.: Um indivíduo detém uma autorização para poder explorar uma 
determinada madeira. No curso da exploração da madeira é promulgada uma 
lei que passa a erigir a madeira explorada à qualidade de preservação 
ambiental. Diante disso o ato de autorização da respectiva exploração da 
madeira será extinto pela caducidade. 
 Desuso: Não aplicação de uma lei, mas que apesar disso, continua vigente e só 
desaparece do mundo jurídico se for revogada. Não confundir vigência com eficácia 
da lei. Não repercute no Direito Penal, a fim de ser irrelevante uma conduta definida 
como infração penal. 
o Ex.: artigo 372 CLT, por exemplo, dispõe que a mulher não precisa de 
proteções legais caso seja empregada de seu pai ou marido 
 Costume Negativo: revogação de uma lei por geral costume prático da sociedade 
o Ex.: Cheque Pós-Datado (comumente conhecido como Pré-Datado). Por lei, o 
cheque é um documento de crédito à vista. 
 
7. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS 
 
a. Fundamentos 
 Princípio segundo o qual uma lei nova não pode voltar ao passado, não considerando 
situações já consolidadas na vigência da lei anterior. Seus dois maiores fundamentos 
são a segurança e a certeza nas relações jurídicas, devidamente representadas pela 
integridade do ato jurídico perfeito, do direito adquirido e da coisa julgada. 
 
b. Direito Adquirido, Ato Jurídico Perfeito, Coisa Julgada 
 Ato jurídico perfeito seria aquele já consumado segundo a lei vigente ao tempo em 
que se efetuou. O ato jurídico perfeito é um instituto que foi concebido pelo 
constituinte, sob o aspecto formal. É aquele ato que nasce e se forma sob a égide de 
uma determinada lei, tendo todos os requisitos necessários exigidos pela norma 
vigente. Protege-se indiretamente o direito adquirido, pois não se pode alegar a 
invalidade do ato jurídico se advier lei nova mais rigorosa alterando dispositivos que 
se referem à forma do ato.O ato jurídico perfeito, em outras palavras, consagra o 
princípio da segurança jurídica justamente para preservar as situações devidamente 
constituídas na vigência da lei anterior, porque a lei nova só projeta seus efeitos para 
o futuro, como regra. 
 Direito adquirido diria respeito àqueles que o seu titular, ou alguém por ele, possa 
exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição 
pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. É o direito que seu titular pode 
exercer, ou alguém por ele. Vantagem jurídica, líquida, lícita e concreta que alguém 
adquire de acordo com a lei vigente na ocasião e incorpora definitivamente, sem 
contestação, ao seu patrimônio. Caracterizaria Coisa Julgada a decisão judicial de que já não caiba recurso. Isso porque 
o poder-dever de dirimir os conflitos surgidos no corpo social, por imperativo de 
segurança jurídica, há de ser definitivo, resolvendo, de uma vez por todas, a querela 
que estava pendente. Se o deslinde da contenda não se revestisse da autoridade de 
definitividade, não se alcançaria a pacificação social, porquanto os descontentes 
retornariam a litigar perante o Judiciário, tornando instável a relação jurídica. A coisa 
julgada é um fenômeno processual. Majoritariamente, prevalece na doutrina o 
entendimento de Liebman para quem a coisa julgada é uma qualidade da sentença 
(há quem afirme ser uma qualidade dos efeitos da sentença) que torna seus efeitos 
imutáveis e indiscutíveis. Em crítica a esse entendimento, Barbosa Moreira leciona 
que apenas o comando da sentença (dispositivo) é que se torna imutável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
8. FONTES DO DIREITO 
 
Fonte, está a indicar o local, ou seja, de onde o Direito provém. Está a indicar o nascedouro do Direito, 
os fatos e ocasiões de onde o mesmo promana. 
 
a. Fontes Formais e Fontes Materiais 
 FONTES HISTÓRICAS – Como fenômeno social, o Direito acompanha a sociedade no 
curso de sua evolução. Neste sentido, os fatos históricos se constituem em fonte 
importante de surgimento do Direito. Portanto, os institutos históricos são fontes 
fundamentais para se explicar o Direito. 
 FONTES MATERIAIS - O Direito não é produto da arbitrariedade de um indivíduo ou 
grupo de pessoas, ao contrário, se origina da manifestação da própria sociedade, do 
querer social. Desta forma, as fontes materiais são os fatos sociais que influenciam no 
processo de criação da norma jurídica. 
 FONTES FORMAIS – São as formas pelas quais a normas jurídicas se exteriorizam, ou 
seja, as normas jurídicas em si. Ex. a Lei, a Jurisprudência, etc..... 
 
b. Leis e Costumes 
 FONTES HISTÓRICAS – Como fenômeno social, o Direito acompanha a sociedade no 
curso de sua evolução. Neste sentido, os fatos históricos se constituem em fonte 
importante de surgimento do Direito. Portanto, os institutos históricos são fontes 
fundamentais para se explicar o Direito. 
 FONTES MATERIAIS - O Direito não é produto da arbitrariedade de um indivíduo ou 
grupo de pessoas, ao contrário, se origina da manifestação da própria sociedade, do 
querer social. Desta forma, as fontes materiais são os fatos sociais que influenciam no 
processo de criação da norma jurídica. 
 
 
c. Jurisprudência 
 Em Roma, o termo jurisprudência tinha um significado bem amplo, na verdade, o 
termo em questão designava a própria ciência do Direito ( júris + prudentia)´ 
 Modernamente não adotamos mais tal definição, mas o termo jurisprudência 
continua a indicar uma importante fonte do Direito. No sentido moderno, a expressão 
designa “ a reunião, ou seja, o conjunto de decisões judiciais proferidas pelos 
tribunais, interpretando o Direito vigente. 
 Certo é, que os tribunais, em sua atividade específica, dedicam-se, na pacificação dos 
conflitos, a interpretar as normas jurídicas e aplicá-las aos casos concretos. Sendo que 
tal atividade representa uma importante contribuição na aplicação da norma jurídica. 
 Desta forma, a jurisprudência pode comportar duas noções: 
o JURISPRUDÊNCIA EM SENTIDO AMPLO: Que se constitui no conjunto de 
decisões proferidas pelos juízes e tribunais sobre uma determinada matéria 
jurídica, podendo tais decisões serem uniformes ou divergentes. 
o JURISPRUDÊNCIA EM SENTIDO ESTRITO: Sob este enfoque, a jurisprudência 
consiste tão somente no conjunto de decisões uniformes sobre determinada 
matéria. 
 ESPÉCIES – Segundo a forma de se analisar as leis, a jurisprudência pode se apresentar 
sob três espécies distintas: 
o SECUNDUM LEGEM - Quando a decisão se limita tão somente a interpretar as 
regras expressas na lei; 
o PRAETER LEGEM - A que se desenvolve na falta de norma jurídica expressa 
regulando a matéria; 
o CONTRA LEGEM - É a que se forma ao arrepio da lei, contra esta. Embora 
teoricamente não permitida, pode se explicar nos casos em que o texto da lei 
é injusto e anacrônico. 
 Embora muitos autores tentem equiparar a jurisprudência ao costume, entendemos 
que são conceitos eminentemente distintos, assemelhando -se tão somente no fato 
de que a jurisprudência, tal qual o costume, necessita de uma prática reiterada para 
se formar. 
 Nos estados que adotam o Comom Law, de orientação anglo-americana, entendemos 
que a jurisprudência cria o direito positivo, posto que os precedentes (decisões 
judiciais) são invocados na resolução dos casos concretos. Já nos países de orientação 
romano-germânica como o Brasil, afirmamos que NÃO. Posto que a criação do Direito 
é atributo exclusivo do Poder Legislativo, não tendo o Poder Judiciária competência 
para criar regras. ENTRETANTO, A JURISPRUDÊNCIA SE CONSTITUI EM IMPORTANTO 
AUXILIAR NO PROCESSO DE INTERPRETAÇÃO DO DIREITO, servindo de subsídio para 
aplicação da norma jurídica 
 
 
 
d. Doutrina 
 
 A doutrina, tal como define Venosa é o fruto do estudo de nossos professores de 
Direito, juristas, jusfilósofos, estudiosos e operadores do Direito em geral, traduz-se 
em obras jurídicas constituídas em monografias, manuais, compêndios, tratados, 
pareceres, artigos, ensaios, etc. 
 A doutrina, forma a base do conhecimento jurídico, NÃO SENDO FONTE DIRETA DO 
DIREITO, MAS SUBSIDIÁRIA, orientando os aplicadores da Lei bem como os criadores 
da norma jurídica, na medida em que propõe mudanças e novos institutos jurídicos. 
 
9. SILOGISMO 
 
Silogismo é um modelo de raciocínio baseado na ideia da dedução, composto por duas premissas que 
geram uma conclusão. 
O precursor desta linha de pensamento lógico foi o filósofo grego Aristóteles, conhecido por ser um 
dos primeiros pensadores e filósofos de todos os tempos. 
O chamado silogismo aristotélico é formado por três principais características: 
 Mediado: necessidade de se usar o raciocínio para se chegar à conclusão real 
 Dedutivo: pelo fato de se partir de preposições universais para se chegar a uma conclusão 
específica 
 Necessário: por estabelecer uma conexão entre todas as premissas 
 
Existem diversas formas diferentes de silogismos: os regulares, os irregulares e os hipotéticos. 
 
Os silogismos irregulares são versões abreviadas ou ampliadas dos silogismos regulares, e são 
subdivididos em quatro categorias: 
 Entima: silogismo incompleto, quando existe uma premissa subentendida. 
 Epiquerema: silogismo estendido, quando as premissas são acompanhadas de provas. 
 Polissilogismo: dois ou mais silogismos em que a conclusão das primeiras premissas seja a 
preposição do próximo silogismo. 
 Sorites: uma argumentação composta por quatro preposições que são encadeadas até se 
chegar à conclusão. 
 
Existem também os silogismos hipotéticos, que podem ser: 
 Condicionais: silogismo que não afirma e nem nega as premissas. 
 Disjuntivos: silogismo formado por uma premissa que se apresenta como alternativa. 
 Dilema: silogismo argumentativo onde são apresentadas duas possíveis hipóteses, em que 
nenhuma é desejável. 
 
Exemplos: 
 “Todos os homens são mortais. Antônio é homem. Logo, Antônio é mortal”. 
 De acordo com o pensamento aristotélico, as duas primeiras premissas deveriam se unir para 
formar a terceira ideia, que seria a conclusão: 
o “Todo homem é mortal” (primeira premissa – maior) 
o “Antônio é homem” (segunda premissa – menor) 
o “Logo, Antônio é mortal” (conclusão). 
 
 “O vertebrado tem sangue vermelho. O mamífero é vertebrado. O carnívoro é mamífero. O 
leão é carnívoro. Logo, o leão tem sangue vermelho” (silogismo irregular - sorites). 
 “Tudo o que robustece a saúde é útil. O esporte robustece a saúde, Logo, o esporte é útil. O 
esporte é útil. O atletismo é um esporte. Logo, o atletismo éútil…” (silogismo irregular – 
polissilogismo). 
 “É legítimo matar um agressor injusto à face da lei natural,do direito positivo e do costume. 
Marcos agrediu injustamente Joana: provam-no os antecedentes de Marcos e as 
circunstâncias do crime. Logo, Joana podia ter matado Marcos. (silogismo irregular – 
epiquerema) 
 “Eu penso, logo existo” (silogismo irregular – entima) 
 “Se chover não vamos ao cinema. Chove. Logo, não iremos ao cinema” (silogismo hipotético – 
condicional). 
 “Este triângulo ou é isósceles ou escaleno. Ora este triângulo é escaleno. Logo, este triângulo 
não é isósceles” (silogismo hipotético – disjuntivo). 
 “O aluno ou estudava ou não estava. Se estudava merece ser castigado porque não aprendeu 
a matéria como era seu dever; se não estudava merece igualmente ser castigado porque não 
cumpriu o seu dever” (silogismo hipotético – dilema). 
 
O silogismo jurídico é um modelo de pensamento lógico que os profissionais do direito (advogados, 
juízes, promotores de justiça e etc) executam, principalmente, durante a apresentação de pareceres 
criminais, por exemplo. 
A estrutura de um silogismo jurídico seria dividida em três etapas: a apresentação de uma premissa 
maior, baseada na lei; o caso concreto, ou seja, a apresentação dos fatos como ocorreram; e, por fim, 
a conclusão que consiste na aplicação da lei ao fato. Por exemplo: “Matar uma pessoa é crime e 
assassino deve ser punido. Ora, João matou uma pessoa. Logo, João deve ser punido”

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