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1 
 
 
 
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E ECONÔMICAS 
DEPARTAMENTO DE DIREITO 
 
DIREITO DE FAMÍLIA 
 
 
ORIGEM DA PALAVRA FAMÍLIA 
 
 
O ser humano é uma animal gregário1; isto é, o gregarismo é uma característica do homem, de modo 
que, desde a Pré-História até hoje o ser humano se associa a outros, seja para proteção e sobrevivência, 
seja para satisfação de desejos e prazeres. 
O romano Cícero possuía uma visão naturalista da sociedade, apegando-se à relação do homem com seu 
semelhante: 
 “É também recorrendo à razão que a natureza aproxima o homem do homem, fazendo-os dialogar e viver em 
comum. Inspirando-lhe especial ternura pelos filhos, fazendo-os desejar reuniões e conservar a sociedade em si: 
por esses motivos ela os entusiasma a procurar todo o necessário para a conservação e comodidades da vida, não 
somente para mesmos, como para sua mulher, seus filhos e todos aqueles que eles amam e devem proteger. Estes 
cuidados trazem o espírito acordado, tornando-os mais capazes de atuar.” (CÍCERO, Marco Túlio. Dos Deveres. 
Tradução: Alex Marins. São Paulo: Martin Claret: 2004; p. 34) 
 
Tomás de Aquino, embora acrescentasse o aspecto da vontade divina por trás da razão humana, também 
via no gregarismo a nota marcante do homem, ao dizer que “o homem é, por natureza, animal social e 
político, vivendo em multidão, ainda mais que todos os outros animais, o que se evidencia pela natural 
necessidade" (AQUINO, Santo Tomás. Súmula Contra os Gentios. Trad. Luiz João Baraúna. In, Os 
Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 2000; p. 136). 
 
 
1 Gregário tem sua origem na palavra grega grex, que significa rebanho, manada, bando de aves. Em português temos dela derivada várias 
palavras, como segregar, agregar, congregar e uma usada pelo ex-Presidente do STF Joaquim Barbosa quando expulsou da tribuna aquele 
advogado que representava José Genoíno: "A República não pertence a vossa excelência e nem à sua grei, saiba disso". 
2 
 
Por sua vez, para a corrente filosófica chamada Existencialismo (anos 50 e 60 do século XX), essa 
necessidade do outro é tão grande que o ser humano só se forma graças ao olhar e ao comportamento 
dos outros seres humanos; apenas essa interação com o outro é que permite ao ser humano dar um 
sentido legítimo à sua existência. Veja esse resumo simples, porém muito bom, de autoria do Professor 
Vinícius, de São Carlos (SP) que possui um blog muito interessante sobre Filosofia: 
 
Nesse sentido, as relações humanas são, a princípio, conflituosas: quando encontro o outro, há um confronto entre 
minha liberdade e a dele. Porém, e isso é importante, esse conflito não é tudo. Eu preciso do outro, por exemplo, 
para me conhecer plenamente, para escapar ao que Sartre chama de má-fé, essa espécie de mentira que contamos a 
nós mesmos para fugir da angústia, que se origina da responsabilidade que temos por nossas escolhas (vou dar um 
exemplo bem grosseiro, mas que pode ajudar: fui mal numa prova hoje. Ontem, porém, ao invés de estudar, 
resolvi ficar vendo TV. Para Sartre, é preciso que ajamos autenticamente diante dessa situação, é preciso que eu 
assuma a responsabilidade de que fui mal porque não quis estudar, porque preferi ficar vendo TV. No entanto, 
frequentemente agimos de “má-fé”, e tentamos nos enganar, por exemplo, dizendo que fomos mal na prova 
porque ela estava muito difícil, ou porque o professor é ruim, etc., eliminando o peso da responsabilidade por 
nossas escolhas). O olhar alheio é responsável por nos ajudar a escapar da tentação da má-fé, ele é responsável 
por nos dizer quem somos, e não quem pensamos ser – o que é fundamental se quisermos melhorar, crescer, evoluir 
em todos os aspectos. Isso para não falar do necessário processo de socialização, sem o qual não conseguiríamos 
sobreviver. 
 
Assim, na perspectiva sartriana, não há relação humana que não carregue em si mesma um germe de tensão. “O 
inferno são os outros”, para Sartre, significa justamente isso: porque o outro também é livre, não podemos 
controlar completamente o que ele pensa, o que ele nos diz, o limite que ele impõe à nossa liberdade (o que 
frequentemente gera conflito); mas, ao mesmo tempo (daí vem a tensão), preciso dele, de seu olhar (ainda que, 
muitas vezes, esse olhar veja algo em nós que não gostamos), para me conhecer e poder agir no mundo, pois 
apenas por nossas ações (sobretudo as que interferem positivamente na vida dos outros), e no nosso contato 
intersubjetivo autêntico (que ocorre quando encaro o outro como um ser igualmente livre, e não como um 
simples objeto), que podemos superar nossa situação e dar um sentido legítimo à nossa existência. 
 
Pois bem, estabelecido que o homem é um ser que se associa (portanto, possui um instituto gregário), 
imagine agora que você seja um antropólogo marciano (isso, de Marte mesmo) e esteja lá do alto 
observando o ser humano e sua caminhada neste planeta. Você perceberá que o homem realmente se 
associa aos outros, todavia essas associações se apresentam de diferentes formas e possuem 
características próprias e tratamento diferenciado por parte da sociedade, o que se reflete nas leis criadas 
pelos Parlamentos, que procura refletir a importância que cada uma dessas associações possui para a 
comunidade. 
 
3 
 
Assim, a partir da ótica do Direito brasileiro, você notará que quando os seres humanos se associam com 
o objetivo de executar atividades no mercado que tragam lucro a cada um deles existe uma sociedade 
empresária; quando reúnem esforços sem finalidade lucrativa, apenas para alcançar um objetivo comum 
temos uma associação (por exemplo, uma Associação de Formandos); quando apenas gostam da 
companhia um dos outros e se encontram de vez em quando, mas se ajudam mutuamente, temos a 
amizade; se for para cometer crimes, temos uma gangue ou quem sabe até mesmo uma organização 
criminosa; quando se associam duas pessoas por amor e pretendem uma vida em comum marcada por 
sexo, criação de filhos, comunhão completa de vida, respeito, fidelidade e que isso dure para sempre, 
estamos diante de uma família, que inclui os filhos desses dois seres humanos, se houver. 
 
Sobre a origem dessa forma tão especial de associação humana, seguem dois links, ideologicamente 
diversos, para leitura dos interessados no tema: 
 
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1037 
 
http://www.dhnet.org.br/direitos/anthist/marcos/hdh_engels_origem_propriedade_privada
_estado.pdf 
 
Segue também uma explicação etimológica de Família (do vocábulo). Não é de um autor consagrado, 
mas eu considero bem fundamentada2. 
 
 
 
Origem da palavra Família 
SAMUEL TOMMY 
Os romanos, no decorrer das suas imparáveis conquistas, iam capturando inúmeros escravos, que eram utilizados 
nos mais diversos serviços. Sendo a escravatura um fenômeno tão difundido entre os romanos, é natural que se 
servissem de uma terminologia abundante a este respeito. Na verdade, há quem diga que existiam cerca de trezentas 
espécies de escravos, segundo as funções que exerciam. Por exemplo, o atriensis era o guarda-mor do atrium, 
 
2 Recordar é viver: FÂMULO DA POSSE (o servidor da posse; o servo da posse) 
Trata-se do detentor da coisa, aquele que conserva a posse em nome de outrem (com mero animus detinendi), a exemplo do caseiro, do 
motorista particular ou do bibliotecário: 
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a 
posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à 
outrapessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário). 
Muito comum nos textos eclesiásticos é a expressão em latim famulus dei (servidor de Deus), aplicável aos sacerdotes. 
 
4 
 
o topiarius podava as árvores, o ostiarius era o guarda da porta, o lactarius preparava o creme, o placentarius fazia 
pastéis, o cellarius tinha a seu cargo a adega ou o celeiro, o degustator provava todas as comidas antes de as 
apresentar, isto para referir apenas alguns exemplos. 
Além destes termos mais especializados, os romanos recorriam a outros mais genéricos, que indicavam a condição 
do escravo sem considerar propriamente a função exercida pelo mesmo. Entre estes termos, os mais frequentes 
eram servus, que designava o escravo do ponto de vista jurídico ou político, famulus (pronuncia-se “fámulus”), que 
indicava o escravo do ponto de vista patriarcal, emancipium, que denominava o escravo do ponto de vista 
económico, ou seja, considerando-o como propriedade ou mercadoria. 
O termo famulus, provavelmente oriundo do osco3, designava o escravo que servia em casa, sob a autoridade de um 
patriarca. Ao conjunto de escravos que serviam sob o mesmo teto chamava-se familia4. 
Era preciso mais do que um famulus para se constituir uma familia. Cícero dizia (Cæcin. 55) que unus homo familia 
non est («um só homem não constitui uma familia»), e o jurisconsulto Julius Paulus Prudentissimus (séc. III d. C.) 
completava (V, 6, 39) que familiæ nomine etiam duo servi continentur («com dois escravos já se constitui o que se 
chama uma familia»). 
É claro que, quanto maior a opulência, maior era o número de escravos ao serviço de uma casa e, portanto, maior era 
a familia... 
Era este o significado primordial de familia. 
No entanto, por extensão de sentido, os romanos serviam-se do termo para designar também toda a casa sob cujo 
teto serviam esses escravos, a qual compreendia o chefe – o chamado pater familias –, a sua esposa, os filhos, os 
ditos escravos e até os animais e as terras, ou seja, tudo o que era indispensável à economia familiar. 
De acordo com a Digesta Justianiana (50, 16, 195, 2), familiam dicimus plures personas quæ sunt sub unius 
potestate («chamamos familia a um conjunto de pessoas que se encontram sujeitas ao poder de um só»). 
Em termos jurídicos, e em sentido pessoal, o termo designava apenas a chamada família agnatícia, ou seja, a 
linhagem masculina, como se conclui do seguinte preceito do códice referido anteriormente (50, 16, 195, 1): mulier 
familiæ suæ et caput et finis est («a mulher é o início e o fim da sua própria familia»). 
Por extensão de sentido, familia acabou por incluir também os cognati, ou seja, a linhagem feminina, tornando-se 
sinónimo de gens, pelo menos na linguagem corrente, mas não na linguagem jurídica. 
 
3 OBSERVAÇÃO 1 DO PROFESSOR. Povo muito antigo, anterior aos romanos, que vivia no sul da atual Itália, perto de Pompéia, e que 
começaram ser dominados pelos romanos no Século V A.C. e em aproximadamente em 340 a 350 A. C. foram extintos porque sua cultura 
e independência foram absorvidas por Roma. Algumas palavras oscas (como famulus) passaram a compor o latim. 
 
4 OBSERVAÇÃO 2 DO PROFESSOR. Por sua vez, é possível que o vocábulo osco famulus tenha origem na palavra osca famel, que quer 
dizer fome. Dai, por exemplo, furto famélico. Isso pode significar que a origem da palavra família representa uma imagem interessante: 
aqueles que matam a fome juntos em uma mesma casa. Ou aqueles que um pater familias deve alimentar. Aliás, essa idéia é bem 
contemporânea e condizente com a concepção atual de família do código civil (os pais possuem o dever de alimentar os filhos e vice-
versa). 
5 
 
Portanto, apesar de o nosso vocábulo família provir de familia, não se pode afirmar que sejam exatamente 
equivalentes. 
 
Por fim, no que tange à definição de Família no DIREITO BRASILEIRO, verificamos que, embora 
possua elementos comuns, varia muito na extensão, isto é, por vezes o legislador estabelece que para 
aquele efeito específico considera-se família apenas a reunião, com origem no casamento ou na união 
estável, de um homem e de uma mulher e seus filhos biológicos ou adotados (família 
mononuclear), em outras inclui os irmãos dos cônjuges e os cônjuges dos irmãos; em outras situações, 
o legislador inclui todas as pessoas que vivam na mesma residência e que possuam algum vínculo civil 
ou biológico; em outras considera família um dos genitores e os seus filhos (família monoparental). 
Veja, por exemplo, a definição de Família na norma da UFES que disciplina o pagamento do Auxílio-
Estudantil. 
 
Neste sentido, só tem direito a Bolsa-Família aquele que se enquadrar no conceito de Família da lei que 
regulamenta o pagamento desse benefício. O pagador de imposto de renda só pode abater as despesas 
realizadas em favor daqueles que, segundo a legislação fiscal, são sua Família. Para fins de obtenção de 
benefício de programas habitacionais, se faz necessário somar a renda daqueles que a respectiva norma 
considera ser uma Família. Da mesma forma, benefícios previdenciários (pensão por morte; auxílio-
funeral; auxílio-reclusão etc) somente são pagos àqueles que integram a Família do segurado, de acordo 
com a lei previdenciária. 
 
Está em debate na Câmara Dos Deputados o PL 6.583/2013, o qual traz o seguinte sobre a Família 
(redação de hoje): 
 
Art. 2º Para os fins desta Lei, reconhece-se como família, base da sociedade, credora de especial 
proteção, em conformidade com o art. 226 da Constituição Federal, a entidade familiar 
formada a partir da união de um homem e de uma mulher, por meio de casamento ou de 
união estável, e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus filhos. 
 
Parágrafo único. As relações de parentesco na linha ascendente ou colateral, bem como as 
relações derivadas de direito assistencial, mediante guarda ou tutela, gozam da proteção 
específica prevista em leis respectivas. 
 
6 
 
Alguns argumentam que essa definição (homem e mulher) seria contrária à Constituição, uma vez que o 
STF já decidiu que o ordenamento constitucional abriga a união estável homoafetiva. 
 
O próprio Código Civil às vezes estende (art. 1.412, §2º; art. 1.697; art. 1.843) , às vezes restringe (art. 
1.630/1.631/1.634) o significado de Família, mas, ao meu ver, prevalece o conceito de entidade 
formada por pais (homem e mulher) e filhos (art. 1.565; art. 1.567; art. 1.664; art. 1.689).5 
 
Ao final, aquele privilegiado antropólogo percebe que essa forma de associação humana, a Família, é 
muito valiosa, tendo garantido a sobrevivência da espécie humana. Por tal motivo, o legislador, 
refletindo essa importância, a trata de maneira muito especial. 
 
Vitória, 1º de agosto de 2016. 
 
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Árvore Genealógica 
 
Luis Fernando Veríssimo 
 
- Mãe, vou casar! 
- Jura, meu filho?! Estou tão feliz! Quem é a moça? 
- Não é moça. Vou casar com um moço. O nome dele é Murilo. 
- Você falou Murilo... Ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto psicótico? 
- Eu falei Murilo. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa? 
- Nada, não... Só minha visão que está um pouco turva. E meu coração, que talvez dê uma parada. No 
mais, tá tudo ótimo. 
- Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo... 
- Problema? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora... Ou isso. 
- Você vai ter uma nora. Só que uma nora... Meio macho. Ou um genro meio fêmea. Resumindo: uma 
nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea..... 
- Equando eu vou conhecer o meu. A minha... O Murilo? 
- Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido. 
- Tá! Biscoito... Já gostei dele... Alguém com esse apelido só pode ser uma pessoa bacana. Quando o 
Biscoito vem aqui? 
- Por quê? 
- Por nada.. Só pra eu poder desacordar seu pai com antecedência. 
- Você acha que o Papai não vai aceitar? 
- Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver... Mas isso também é uma 
bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua cara-metade. E olha que espetáculo: as duas metade 
com bigode. 
- Mãe, que besteira... Hoje em dia... Praticamente todos os meus amigos são gays. 
- Só espero que tenha sobrado algum que não seja... Pra poder apresentar pra tua irmã. 
 
5 Evidentemente, não podemos nos esquecer que o casamento e a união estável entre pessoas do mesmo sexo são atualmente 
admitidos pelo Direito brasileiro, em razão de construção jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. 
7 
 
- A Bel já tá namorando. 
- A Bel? Namorando?! Ela não me falou nada... Quem é? 
- Uma tal de Veruska. 
- Como? 
- Veruska... 
- Ah!, bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska. 
- Mãe!!!.... 
- Tá..., tá..., tudo bem... Se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou ter um neto... 
- Por que não? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou doar os espermatozóides.. E a ex-namorada 
do Biscoito vai doar os óvulos. 
- Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada? 
- Quando ele era hétero... A Veruska. 
- Que Veruska? 
- Namorada da Bel... 
- "Peraí". A ex-namorada do teu atual namorado... E a atual namorada da tua irmã. Que é minha filha 
também... Que se chama Bel. É isso? Porque eu me perdi um pouco... 
- É isso. Pois é... A Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero. 
- De quem? 
- Da Bel. 
- Mas. Logo da Bel?! Quer dizer então... Que a Bel vai gerar um filho teu e do Biscoito. Com o teu 
espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é a Veruska. 
- Isso. 
- Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha do Biscoito, filha da Veruska e filha da Bel. 
- Em termos... 
- A criança vai ter duas mães: você e o Biscoito. E dois pais: a Veruska e a Bel. 
- Por aí... 
- Por outro lado, a Bel..., além de mãe, é tia... Ou tio... Porque é tua irmã. 
- Exato. E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra com o espermatozóide. 
Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska... Com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar. 
- Só trocar, né? Agora o óvulo vai ser da Bel. E o ventre da Veruska.. 
- Exato! 
- Agora eu entendi! Agora eu realmente entendi... 
- Entendeu o quê? 
- Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos! 
- Que swing, mãe?!!.... 
- É swing, sim! Uma troca de casais... Com os óvulos e os espermatozóides, uma hora no útero de uma, 
outra hora no útero de outra... 
- Mas... 
- Mas uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E pior... Com incesto no meio... 
- A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso... 
- Sei!!!... E quando elas quiserem ter filhos... 
- Nós ajudamos. 
- Quer saber? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem vai ser mãe de quem, 
quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero, o espermatozóide... A única coisa que eu entendi é 
que..... 
- Que...? 
- Fazer árvore genealógica daqui pra frente... vai ser foda. 
 
.......................................................................................................... 
	Árvore Genealógica
	Luis Fernando Veríssimo

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