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Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 101 AULA 03: JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA. SUMÁRIO PÁGINA Apresentação da aula e sumário 01 I – Da Jurisdição 02 II - Competência 17 III – Da competência Penal do STF, do STJ, dos TRFS, dos Juízes Federais e dos Juizados Especiais Federais 45 Lista das Questões 67 Questões Comentadas 78 Gabarito 101 Olá, meu povo! Hoje vamos estudar a JURISDIÇÃO E A COMPETÊNCIA. Muito cuidado! Ah, eu espero que vocês estejam com disposição, pois o monstrinho de hoje tem “apenas” 100 PÁGINAS! Divirtam-se! Mãos à obra! Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 101 I – DA JURISDIÇÃO A) Conceito O Estado, enquanto poder soberano, exerce três grandes funções: Administrativa, legislativa e jurisdicional. A primeira é exercida pelo Executivo, a segunda pelo Legislativo e a terceira pelo Judiciário. Nas aulas de Direito Constitucional vocês verão que, na verdade, cada um dos Poderes da República exerce primordialmente uma função, e não exclusivamente. Entretanto, para o nosso estudo, basta que vocês saibam isso. Dentre estas funções, como eu disse acima, ao Judiciário cabe a função jurisdicional. Mas em que consiste a função jurisdicional? Para entendermos, vamos à etimologia da palavra. Jurisdição deriva do latim, iuris dictio, que significa DIZER O DIREITO. Partindo desta premissa, podemos conceituar a Jurisdição como: A atuação do Estado consistente na aplicação do Direito vigente a um caso concreto, resolvendo-o de maneira definitiva, cujo objetivo é sanar uma crise jurídica e trazer a paz social. É importante que vocês não confundam os termos PODER JURISDICIONAL, FUNÇÃO JURISDICIONAL E ATUAÇÃO JURISDICIONAL. O primeiro (PODER JURISDICIONAL) é entendido como o Poder atribuído ao Estado, de dizer quem possui o direito num caso concreto. Na verdade, há muito tempo a ideia de jurisdição passou a ser compreendida não apenas como o Poder de dizer quem tem o direito, mas de fazer valer Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 101 o direito de quem o tem. E esta materialização do direito se dá, no processo penal, através da execução da pena. EXEMPLO: Imaginem que João seja condenado a 10 anos de reclusão por ter praticado o crime de homicídio. Basta que o Judiciário pendure numa moldura a sentença que condena o réu, a fim de se gloriar por ter dito que ele era condenado? Claro que não. O Estado deve ter o poder de fazer valer esta decisão. Isto se dá através da execução penal. Essa breve fugida para o processo de execução serviu para lembrar a vocês que jurisdição não é somente dizer o direito, MAS FAZER VALER O DIREITO! Já a FUNÇÃO JURISDICIONAL é concebida como um encargo que o Estado delega a um de seus Poderes constituídos (via de regra, ao Judiciário). Eu disse, “via de regra”, pois os outros Poderes também exercem, em casos específicos, a função jurisdicional. O Legislativo, por exemplo, é quem exerce a função jurisdicional do Estado no processo de impeachment do Presidente da República, (artigos 49, IX e 52, I da CF). Nesse caso, o Legislativo decide com DEFINITIVIDADE a questão, não cabe revisão pelo Judiciário. Esse é o caso mais exemplar de exercício da função jurisdicional por outro Poder. Noutros casos, como nas sindicâncias e processos administrativos que tramitam perante os diversos órgãos públicos, também há exercício da função jurisdicional, embora nestes casos a matéria possa ser levada à apreciação do Judiciário, ou seja, não há DEFINITIVIDADE. Nesses casos, há o que chamamos de coisa julgada administrativa. Isso quer dizer que na esfera administrativa não é mais possível alteração, o que, como disse, não impede que a questão seja levada ao Judiciário. Por fim, a ATIVIDADE JURISDICIONAL é o conjunto de atos exercidos pelo agente do Estado que, num determinado processo, está Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 101 investido da função jurisdicional, via de regra, o Juiz. Esse agente é chamado de Estado-Juiz. A finalidade da jurisdição, ou seu escopo, é trazer a paz social. Entretanto, essa é sua finalidade social. Ela possui, ainda, pelo menos duas outras finalidades. A jurisdição possui um escopo jurídico, que é resolver o imbróglio jurídico que perdura, dizer quem tem o direito no caso concreto, segundo o sistema jurídico vigente. O fortalecimento do senso de democracia participativa também se insere nesse escopo da jurisdição, quando falamos, por exemplo, da Ação Popular (que também possui previsão para o a seara penal). Possui também, uma finalidade política, que é a de fortalecer a imagem do Estado como entidade soberana, que tem o poder de dizer quem está certo e fazer valer essa decisão. Por fim, a jurisdição possui um escopo educacional ou pedagógico, que, no processo penal, tem por finalidade transmitir à população a aplicação prática do Direito, fazendo com que a população se torne cada vez mais consciente daquelas condutas que são penalmente tuteladas (parte da Doutrina entende como sendo integrante do escopo social). Resumidamente temos o seguinte: PODER JURISDICIONAL poder que o Estado possui de dizer quem possui o direito num caso concreto. FUNÇÃO JURISDICIONAL encargo que o Estado delega a um de seus Poderes constituídos (via de regra, ao Judiciário). ATUAÇÃO JURISDICIONAL conjunto de atos exercidos pelo agente do Estado, via de regra, o juiz. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 101 B) FORMAS ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS O Direito admite outras formas de solução dos conflitos sociais que não seja através do Poder Jurisdicional do Estado. São eles a Autotutela a autocomposição e a arbitragem. A autotutela é a forma mais primitiva de solução de conflitos. Baseia-se no exercício da força, por uma das partes, para fazer valer o seu interesse, o que implica no sacrifício do interesse que a outra parte alega ter. Por se tratar de uma forma de resolução de conflitos um tanto quanto arcaica, somente é permitida em EXCEPCIONALÍSSIMAS HIPÓTESES, onde não é possível esperar a atuação do Estado, sob pena de perecimento do direito da parte lesada. Como exemplo de autotutela legalmente permitida, temos a legítima defesa, no processo civil e criminal (art. 188, I do CC e 23 do CP): Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...) II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) No entanto, por se tratar de um meio de resolução de conflitosmuito arcaico, como disse a vocês, o Estado só permite o exercício da autotutela em hipóteses excepcionalíssimas. Aliás, o ato de “fazer Justiça com as próprias mãos” é considerado crime de “exercício arbitrário das próprias razões”, previsto no art. 345 do CP: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 101 Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Portanto, “fazer Justiça com as próprias mãos”, somente quando permitido expressamente por Lei. Fora desses casos, somente ao poder Judiciário incumbe fazer Justiça. A autocomposição, por sua vez, implica no sacrifício parcial ou integral da pretensão das partes envolvidas. Fundamenta-se no acordo de vontades e não na força, por isso, se coaduna mais com o Estado Democrático de Direito em que vivemos e é uma das formas de solução de litígios que mais cresce no país. A autocomposição se divide em transação, submissão e renúncia. No processo penal, a autocomposição possui um campo de atuação muito reduzido, pois o Direito Penal tutela direitos indisponíveis. No entanto, com o advento da Lei 9.009/95 (Lei dos Juizados Especiais) e seus institutos despenalizadores, dentre eles a transação penal, a utilização da autocomposição no Processo Penal ganhou novos contornos. C) Características da Jurisdição 1) Inércia O Princípio da inércia da jurisdição significa que o Estado-Juiz só se movimenta, só presta a tutela jurisdicional se for provocado, se a parte que alega ter o direito lesado ou ameaçado acioná-lo, requerendo que exerça seu Poder jurisdicional. Entretanto, existem exceções. Vocês não precisam saber todas, até por que isso nunca será cobrado em uma prova objetiva. O que vocês Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 101 precisam saber é que há exceções, e isso basta. Uma delas é a possibilidade que o Juiz tem de, ex officio (sem provocação), conceder a ordem de Habeas Corpus, sempre que a pessoa estiver presa mediante abuso de poder ou ilegalidade. Nos termos do art. 654, § 2° do CPP: § 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. A jurisdição é inerte por alguns motivos, dentre eles: Um conflito jurídico pode não ser um conflito social, e não cabe ao Juiz criar um; Um Juiz que dá início a um processo, mal ou bem, está a indicar para qual lado tende a julgar, e isso violaria o princípio da imparcialidade de Juiz. Assim, não pode um Juiz dar início a um processo (salvo as raríssimas exceções legais), sob pena de violação a este princípio da Jurisdição. Um Juiz não pode dar início a um processo sem que haja provocação, nem julgar um pedido que não foi feito, porque isso seria um burla ao princípio da inércia. Suponhamos que Pedro tenha sido denunciado pela prática de um crime de homicídio. Não pode o Juiz, valendo-se da denúncia oferecida, condená-lo, ainda, por um roubo cometido em outro momento, e que não fora objeto da Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 8 de 101 denúncia, SIMPLESMENTE PORQUE ISSO NÃO FOI OBJETO DA AÇÃO. Isso é o que se chama de princípio da adstrição, ou congruência, que é um dos corolários da inércia da jurisdição. Depois de ajuizada a ação, e consequentemente, provocado o Judiciário, a inércia da jurisdição tem fim, e o processo é conduzido por impulso oficial (sem que haja necessidade de provocação das partes). Entretanto, embora não haja necessidade de provocação das partes para que o processo tramite, em algumas situações, o desenvolvimento dependerá da colaboração das partes. Tanto é que a inércia do querelante, nas ações penais privadas, por determinado lapso temporal, gera o fenômeno da perempção, já estudado. Fato é que, embora a parte deva, em alguns casos, colaborar para o trâmite do processo, após a movimentação do Estado-Juiz, a parte SEMPRE TERÁ UMA SENTENÇA. Entretanto, a simples provocação do Estado-Juiz não garante ao autor uma SENTENÇA DE MÉRITO (Mais à frente estudaremos as diferenças entre ambas). 2)Existência de Lide A lide é um fenômeno fático (NÃO JURÍDICO), necessariamente anterior ao processo. Consiste na existência de uma pretensão por uma das partes, que sofre resistência pela outra parte, gerando um CONFLITO DE INTERESSES. Embora no processo civil a lide seja uma característica indiscutível da Jurisdição, no processo penal ela é dispensável, pois o indivíduo somente poderá ser preso, ou seja, cumprir pena e pagar pelo seu delito perante a sociedade, após o processo penal. Por isso, diz-se que o processo penal é necessário, pois dele depende a aplicação de uma pena. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 101 3) Caráter substitutivo Diz-se que a jurisdição possui caráter substitutivo porque a vontade do Estado (vontade da lei) substitui a vontade das partes. Entretanto, nem sempre isso ocorre, visto que, como já dissemos, existem ações em que a vontade do Estado ao prestar a tutela jurisdicional não substituirá a das partes, por coincidirem. Ex: Imaginem que o MP denuncia A, por homicídio em face de B. A, no entanto, concorda com a punição e a reconhece como merecida e justa, não se importando em ser preso, pois matara o assassino de seu irmão. 4) Definitividade Como o próprio nome indica, meus caros alunos, a jurisdição é dotada de definitividade, ou seja, em um dado momento, a decisão prestada pelo Estado-Juiz será definitiva, imodificável. Claro que essa definitividade só ocorrerá se a demanda for apreciada no mérito. Se estivermos diante de uma sentença meramente terminativa (que não aprecia o mérito da demanda), esta não fará coisa julgada material, logo, a tutela jurisdicional prestada não será definitiva. POR ISSO SE DIZ QUE AS SENTENÇAS DE MÉRITO SÃO DEFINITIVAS. Entretanto, alguns doutrinadores entendem que no caso de não haver sentença de mérito, NÃO HÁ JURISDIÇÃO! CUIDADO! Nos processos em que há sentença condenatória, esta nunca faz coisa julgada material, pois, a qualquer tempo, pode ser promovida a revisão criminal, desde que preenchidos alguns requisitos, nos termos do art. 621 e 622 do CPP: Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 101 I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamentefalsos; III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena. Art. 622. A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após. D) Princípios da Jurisdição D.1) Investidura Para se exercer a Jurisdição, deve-se estar investido do Poder jurisdicional. Como esse Poder pertence ao Estado, ele é quem delega esse Poder aos seus agentes. Essa delegação do Poder jurisdicional se dá através da posse no cargo de magistrado, que, no Brasil, pode ser por concurso público (art. 93, I da CF/88). ou pelo quinto constitucional (art. 94 da CF/88). Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 101 Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação. Por isso, muita ATENÇÃO! Se houver uma questão dizendo que a única forma de investidura da função jurisdicional for através de concurso público, está redondamente ERRADA! D.2) Indelegabilidade Aqueles que foram investidos do Poder jurisdicional não podem delegá-lo a terceiros. Possui duas vertentes: Externa e Interna. Na sua vertente externa, significa que não pode o Poder Judiciário (a quem a CF/88 conferiu a função jurisdicional) delegá-la a outros órgãos ou a outro Poder. Na vertente interna, significa que, após fixadas as regras de competência para julgamento de um processo, não pode um órgão do Judiciário delegar sua função para outro órgão jurisdicional. Embora não concorde com essa última divisão (pois entendo que quando um Juiz delega a competência para julgamento de uma demanda a outro Juiz, não está delegando jurisdição, POIS AMBOS A POSSUEM. Está apenas cometendo uma irregularidade funcional e violando o Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 101 princípio do Juiz natural, mas não se pode dizer que esteja delegando jurisdição), essa é a divisão clássica, e que vocês precisam ter em mente na hora da prova! D.3) Inevitabilidade da jurisdição Esse princípio é aplicado em dois momentos distintos. Um é a vinculação obrigatória ao processo, e o outro é a vinculação obrigatória aos efeitos da jurisdição (ou estado de sujeição). No primeiro caso, obrigatória ou não a utilização do Poder Judiciário (a depender do tipo de ação penal), iniciado o processo, as partes estão vinculadas à relação processual. No caso do réu, em momento algum ele teve opção. No segundo caso, após obrigatoriamente vinculados a participar do processo, estes sujeitos estão obrigados a suportar a decisão (tutela jurisdicional), gostem ou não. Esse estado de sujeição torna os efeitos da jurisdição inevitável para as partes envolvidas. D.4) Inafastabilidade da jurisdição (ou indeclinabilidade) Estabelece a constituição, em seu art. 5°, inciso xxxv, que: Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Esse princípio também possui duas vertentes. A primeira refere-se à possibilidade que todo cidadão tem, de levar à apreciação do Poder Judiciário uma demanda (nos casos de a demanda ser uma Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 101 ação penal, somente os legitimados podem oferecê-la), e de ter a prestação de uma tutela jurisdicional (Isso não garante uma sentença de mérito, lembre-se!). A segunda vertente é a de que o processo deve garantir o acesso do cidadão à ordem jurídica justa, na visão de que o Estado só cumpre efetivamente seu papel quando efetivamente tutele o interesse da parte. Assim, se o Judiciário demora 15 anos para julgar um processo criminal, não está oferecendo à sociedade uma ordem jurídica justa. Quando nos referimos ao acesso à ordem jurídica justa, especificamente no processo penal, estamos falando em acesso à tutela jurisdicional adequada, que se materializa através: Do acesso ao processo – Minimizando-se os obstáculos à propositura da demanda (principalmente quando estivermos tratando de ação penal privada); Defesa Satisfatória dos hipossuficientes no processo – Notadamente com a ampliação e fortalecimento da Defensoria Pública; Eficácia da tutela – Com o desenvolvimento das medidas cautelares assecuratórias, a razoável duração do processo e fortalecimento dos poderes do magistrado para fazer valer a decisão; D.5) Princípio do Juiz natural Esse princípio visa a evitar que a parte escolha o magistrado que irá julgar a sua causa ou, sob a ótica inversa, que o Estado determine quem será o Juiz de uma causa após a propositura desta. Por exemplo: Se no Rio de Janeiro existem 06 Varas Federais Criminais, Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 101 não pode o MP, por exemplo, escolher o Juiz mais rigoroso para julgar sua ação penal, devendo esta ser distribuída aleatoriamente a um dos seis Juízes. Da mesma forma, não pode o Estado criar um Juízo específico para o julgamento de um ou alguns crimes, após a prática destes, pois isso violaria o princípio do Juiz natural. A criação de varas especializadas não viola o princípio do Juiz Natural! POR EXEMPLO: Se em São Paulo o Tribunal decide especializar uma das Varas Federais Criminais, transformando-a, em Vara Federais para Julgamento dos Crimes de Lavagem de Capitais, sendo para lá transferidos TODOS os relativos a estes delitos, NÃO HÁ VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL, pois trata-se regra abstrata e impessoal, e é isso que o princípio visa, proteger a impessoalidade. D.6) Territorialidade (Aderência ou improrrogabilidade) Significa que a Jurisdição possui um limite territorial. Esse limite é o território brasileiro, as fronteiras onde o país exerce seu poder soberano. Isso implica dizer que TODO JUIZ TEM JURISDIÇÃO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL.Entretanto, por questão de organização funcional, a competência de cada (forma pela qual exercerá seu poder jurisdicional) é delimitada de várias formas. Falaremos mais no tópico sobre COMPETÊNCIA. Assim, se uma questão afirmar que quando um Juiz de São Paulo solicita a outro, do Rio de Janeiro, a prática de um ato processual (carta Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 101 precatória) porque não tem jurisdição no Rio de Janeiro, está ERRADA! O Juiz de São Paulo tem jurisdição em todo o território nacional, o que ele não tem é competência fora de sua base territorial. E) Espécies de Jurisdição A doutrina enumera várias espécies de “jurisdições”, baseada nos mais diversos critérios. Entretanto, apenas duas nos serão úteis: Jurisdição superior e inferior – A inferior é exercida pelo órgão que atua no processo desde o início. Já a superior é exercida em grau recursal. Frise-se que os Tribunais podem atuar TANTO COMO JURISDIÇÃO INFERIOR COMO SUPERIOR, a depender da demanda, pois existem demandas cuja competência originária para processo e julgamento é dos Tribunais, como no caso de pessoas com prerrogativa de foro; Jurisdição comum e especial – A jurisdição especial é formada pelas 03 “Justiças especiais” estabelecidas na Constituição, em razão da matéria: Justiça Eleitoral (art. 118 a 121 da CF/88), do Trabalho(art. 111 a 116) e Militar (122 a 125). Já a jurisdição comum é exercida residualmente. Tudo que não for jurisdição especial será jurisdição comum, que se divide em estadual e federal. Assim, temos o seguinte: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 101 JURISDIÇÃO COMUM ESPECIAL FEDERAL ESTADUAL TRABALHO ELEITORAL MILITAR MAS, CUIDADO! Esse esquema representa a jurisdição brasileira quanto à matéria. Há também a divisão da Jurisdição brasileira quanto ao ente federado vinculado (União, estados e DF), também chamada de Jurisdição relacionada ao ente mantenedor. Por essa classificação, a Jurisdição se divide em estadual e federal (englobando a Justiça comum Federal e as Justiças especiais). Analisando as duas classificações, podemos perceber que elas NÃO SÃO CONTRADITÓRIAS. Tratam apenas de critérios de classificação diversos. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 101 II - COMPETÊNCIA Conforme estudamos, a Jurisdição é o Poder conferido ao Estado, para através dos órgãos Jurisdicionais, dizer, no caso concreto, quem tem o Direito. A Competência, por sua vez, é a medida da Jurisdição, ou, para outros, o limite da Jurisdição. Trocando em miúdos, a Competência é o conjunto de regras que estabelecem os limites em que cada Juiz pode exercer, de maneira válida, o seu Poder Jurisdicional. Assim, um Juiz de uma Vara Cível não pode julgar um processo criminal, não porque não tenha Jurisdição (Pois todo Juiz SEMPRE tem Jurisdição), mas sim porque não possui competência para apreciar esta demanda, já que, de acordo com as regras estabelecidas, ele está lotado em uma Vara Cível, não possuindo competência para julgar processos de natureza criminal. A Competência pode ser de três ordens: Competência em razão da matéria (ratione materiae) – É aquela definida com base no fato a ser julgado; Competência em razão da pessoa (ratione personae) – É definida tendo por base determinadas condições relativas às pessoas que se encontram no polo passivo do processo criminal (os acusados); Competência territorial (ratione loci) – Considera o local onde ocorreu a infração (ou outros critérios territoriais) para que seja definida a competência; Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 101 O CPP, no entanto, em seu art. 69, traz sete critérios para a fixação da competência: Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: I - o lugar da infração: II - o domicílio ou residência do réu; III - a natureza da infração; IV - a distribuição; V - a conexão ou continência; VI - a prevenção; VII - a prerrogativa de função. Porém, Doutrinariamente, entende-se que somente os itens I, II, III, e VII são verdadeiros critérios de fixação de competência criminal. Os demais itens são critérios utilizados para consolidação da competência após a ocorrência do fato a ser julgado, em razão da existência de mais de um órgão jurisdicional previamente competente para julgar o caso. Estes critérios de consolidação da competência também são chamados de critérios de modificação da competência. Vamos estudar, desta forma, cada uma das espécies de competência: A) Competência em razão da matéria (ratione materiae) ou competência de Jurisdição ou competência de Justiça. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 101 Embora os termos “competência de jurisdição” e “competência de Justiça” não me agradem, eles são usados por alguns Doutrinadores, portanto, vocês devem conhecer estes termos. Esta espécie de competência é a primeira que deve ser analisada para que possamos, no caso concreto, definir qual o órgão Jurisdicional é competente para julgar o processo. Esta espécie leva em consideração a natureza do fato criminoso para definir qual a “Justiça” competente (Justiça Eleitoral, Comum, Militar, etc). Assim, a competência em razão da matéria se divide da seguinte forma: Assim, existem basicamente duas ordens de competência em razão da matéria: Comum e especial. A Justiça comum se divide em Federal e Estadual. Já a Justiça Especial se divide em Eleitoral, Militar e Trabalhista. Dentre estas “Justiças”, somente a Justiça trabalhista não recebeu competência criminal. COMPETÊNCIA CRIMINAL EM RAZÃO DA MATÉRIA JUSTIÇA COMUM JUSTIÇA ESPECIAL ELEITORAL MILITAR TRABALHISTA (A CF não atribuiu competência criminal à Justiça do Trabalho) FEDERAL ESTADUAL Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 101 Desta maneira, o primeiro passo na fixação da competência é definir à qual “Justiça” cabe julgar o fato. A Justiça Especial (Eleitoral e Militar) julgam somente os crimes que sejam eleitorais e militares. Todos os outros crimes são de competência da Justiça Comum. Dizemos, assim, que a Justiçacomum possui competência residual. Mas como saber quando um crime será julgado pela Justiça Comum Federal e quando será julgado pela Justiça Comum Estadual? Nesses casos, somente será competente a Justiça Comum Federal se estivermos diante de uma das hipóteses previstas no art. 109 da Constituição: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 101 V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; XI - a disputa sobre direitos indígenas. § 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 101 § 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. § 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. § 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Todas as causas que não se enquadrem na competência da Justiça Comum Federal, serão de competência da Justiça Comum Estadual. Assim, a Justiça comum estadual possui competência duplamente residual: 1) Primeiro, é residual porque a Justiça Comum é residual em relação à Justiça Especial; 2) É residual em relação à Justiça Comum Federal. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 101 Analisando mais especificamente o CPP, verificamos que ele “passa batido” pela definição da competência em razão da matéria (que ele chama de “natureza da infração”), limitando-se a dizer que esta será definida conforme as Leis de Organização Judiciária. Por “Leis de Organização Judiciária” entenda-se, atualmente, “Constituição Federal”, pois quando do advento do CPP (1941), a definição destas normas era mera questão de organização judiciária, e não uma questão de índole constitucional como hoje. No entanto, o CPP trata de uma hipótese de competência em razão da natureza da infração: A competência do Tribunal do Júri. Nos termos do art. 74 do CPP: Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri. § 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1o e 2o, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) § 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada. § 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o). Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 101 A competência do Tribunal do Júri está prevista, ainda, na própria Constituição Federal, em seu art. 5°, XXXVIII, d: XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: (...) d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Mas quais seriam os crimes dolosos contra a vida? Estes são os previstos no capítulo I do Título I da parte especial do CP, compreendendo os crimes de homicídio, instigação ou induzimento ao suicídio, infanticídio e aborto. Com relação a estes crimes, entende-se que a Constituição estabeleceu uma cláusula pétrea, ou seja, cláusula que não pode ser modificada pelo constituinte derivado. Assim, a Doutrina entende que as hipóteses de competência do Tribunal do Júri podem ser ampliadas, mas nunca reduzidas! Cuidado com isto! B) Competência em razão da pessoa (ratione personae) Após definida qual “Justiça” irá julgar o processo, devemos definira competência do órgão Jurisdicional verificando as condições pessoais dos acusados. Em regra, os processos criminais são julgados pelos órgãos jurisdicionais mais baixos, inferiores, quais sejam, os Juízes de primeiro Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 101 grau. No entanto, pode ocorrer de, em determinados casos, considerando a presença de determinadas autoridades no polo passivo (acusados), que essa competência pertença originariamente aos Tribunais. Essa é a chamada prerrogativa de função (vulgarmente conhecida como “foro privilegiado”). POR EXEMPLO: O art. 96, III da Constituição Federal estabelece que cabe aos Tribunais de Justiça dos Estados e do DF, julgar os Juízes estaduais de primeiro grau, bem como os membros do MP que atuem na primeira instância, tanto nos crimes comuns quanto nos crimes de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (hipótese na qual serão julgados pelo TRE local): Art. 96. Compete privativamente: (...) III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. Existem inúmeras outras hipóteses previstas na Constituição Federal em que há prerrogativa de foro em razão da função exercida pelo acusado. Para facilitar a compreensão de vocês, reuni estas hipóteses no quadro abaixo: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 101 TRIBUNAL COMPETENTE DESTINATÁRIO DA NORMA CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIA EMBASAMENTO CONSTITUCIONAL Tribunais de Justiça estaduais e do Distrito Federal Infrações penais comuns e de responsabilidade: Juízes estaduais e do Distrito do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. Art. 96, III, da CF Infrações penais comuns e de responsabilidade: Prefeito Municipal. Art. 29, X, da CF TRIBUNAL COMPETENTE DESTINATÁRIO DA NORMA CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIA EMBASAMENTO CONSTITUCIONAL Tribunais Regionais Federais Infrações penais comuns e de responsabilidade: Juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, os membros do Ministério Público da União (ressalva a competência da Justiça Eleitoral) e Prefeitos Municipais, se praticarem crimes na órbita federal. Art. 108, I, “a”, da CF Supremo Tribunal Federal Infrações penais comuns: Presidente da República, o Vice- Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República. Art. 102, I, “b”, da CF Infrações penais comuns e de responsabilidade: os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I (estabelecendo a competência do Senado Federal para julgar os comandantes das forças armadas em crimes de responsabilidade conexos Art. 102, I, “c”, da CF Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 101 com os do Presidente da República e Vice), os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente. Superior Tribunal de Justiça Infrações penais comuns: Governadores dos Estados e do Distrito Federal. Art. 105, I, “a”, da CF Infrações penais comuns e de responsabilidade: Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Regionais Eleitorais e do Trabalho, dos membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais. Art. 105, I, “a”, da CF O CPP, no entanto, estabelece algumas regras de fixação da competência em razão da função exercida pelo acusado. Embora estes artigos tenham perdido grande parte de sua utilidade com o advento da Constituição de 1988, que traçou inúmeras hipóteses de competência por prerrogativa de função, em provas objetivas vocês devem tê-lo em mente: Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002) Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 101 Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade. Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, processar e julgar: I - os seus ministros, nos crimes comuns; II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do Presidente da República; III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos Tribunais de Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de responsabilidade. Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o julgamento dos governadores ou interventores nos Estados ou Territórios, e prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários e chefes de Polícia, juízes de instância inferior e órgãos do Ministério Público. C) Competência Territorial (ratione loci), em razão do local da infração ou do domicílio do réu. A terceira e última fase para a definição da competência para julgamento de um processo criminal, compreende a análise do local de ocorrência da infração (ou, em alguns casos, o local do domicílio do réu), que irá determinar em que base territorial será o processo julgado (comarca, na Justiça Estadual, e Seção Judiciária, quando for da competência da Justiça Federal). Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 101 Para definirmos a competência territorial devemos, primeiramente, saber onde o crime foi praticado. Mas, para isso, precisamos saber qual o critério para definição do “lugar do crime”. Para tanto, existem algumas teorias: 1) Teoria da atividade– Considera-se local do crime aquele em que a conduta é praticada; 2) Teoria do resultado – Para esta teoria, não importa onde é praticada a conduta, pois se considera como lugar do crime o local onde ocorre a consumação; 3) Teoria mista ou da ubiqüidade – Esta teoria prevê que tanto o lugar onde se pratica a conduta quanto o lugar do resultado são considerados como local do crime. Esta teoria é a adotada pelo Código Penal, em seu art. 6°: Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado Entretanto, esta regra da ubiquidade só se aplica quando estivermos diante de pluralidade de países, ou seja, a conduta é praticada num país e o resultado se consuma em outro. Quando o que há é pluralidade de comarcas (conduta praticada em São Paulo e resultado consumado em Campinas), o que há é o chamado crime plurilocal. Nos crimes plurilocais, aplica-se, em regra, a teoria do resultado, considerando-se como local do crime o lugar onde o resultado se consuma. A exceção são os crimes plurilocais dolosos contra a vida, onde se aplica a teoria da atividade. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 101 Existem ainda alguns regramentos específicos, como nos crimes de competência dos Juizados Especiais e nos atos infracionais, em que se aplica a teoria da atividade, e nos crimes falimentares, em que se considera lugar do crime o local em que foi decretada a falência. Assim: Pluralidade de países Teoria da Ubiquidade Crimes plurilocais comuns Teoria do resultado Crimes plurilocais dolosos contra a vida Teoria da atividade Juizados Especiais Teoria da atividade Crimes falimentares Local onde foi decretada a falência Atos infracionais Teoria da atividade Essa teoria (teoria do resultado), por ter sido a adotada pelo CP no tange aos crimes locais, foi adotada pelo CPP, em seu art. 70: Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. § 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. § 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 101 crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. § 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. E se o crime for praticado no exterior e se consumar no exterior? Ou, ainda, se o crime for praticado a bordo de aeronaves ou embarcações, mas, por determinação da Lei Penal, estejam sujeitos à Lei Brasileira? Qual o órgão jurisdicional competente para julgar estas causas? Existem casos em que, mesmo ocorrendo fora do território nacional, determinados crimes estão sujeitos à Lei Penal brasileira, conforme estudamos no curso de Direito Penal. Nesses casos, a fixação da competência se dá na capital do estado em que o réu (acusado), no Brasil, tenha fixado seu último domicílio, ou, caso nunca tenha sido domiciliado no Brasil, na capital federal. Nos casos de crimes cometidos a bordo de aeronaves e embarcações, a competência será fixada no local em que primeiro aportar ou pousar a embarcação ou aeronave, ou, ainda, no último local em que tenha aportado ou pousado. Todas estas regras estão previstas nos arts. 88 e seguintes do CPP: Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 101 houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado. Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competência se firmará pela prevenção. (Redação dada pela Lei nº 4.893, de 9.12.1965) Existem outros casos em que a competência territorial poderá ser fixada levando-se em conta o domicílio do réu. Estas hipóteses estão previstas nos arts. 72 e 73 do CP: Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. § 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 101 § 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. Gostaria de chamar a atenção de vocês para um fato: O art. 73 fala em “casos de exclusiva ação privada”. Assim, no caso de ação penal privada subsidiária da pública, não pode o querelante optar pela comarca do domicílio do réu em detrimento da comarca do local da infração, caso este local seja conhecido, pois esta ação não é exclusivamente privada, mas, na verdade, é pública. Muito cuidado com isso!! Mas e no caso de o crime não se consumar, sendo, portanto, um crime tentado (art. 14, II do CP)? Nessa hipótese, aplica-se o disposto art. 70, segunda parte, do CPP, considerando-se como lugar do crime o local onde ocorreu o último ato de execução. Vejam que o § 3° e o art. 71 tratam do fenômeno da prevenção. O que isso significa? Quando dois ou mais órgãos jurisdicionais são competentes para apreciar determinada demanda, a competênciaserá fixada naquele que primeiro atuar no caso. Assim, a competência será fixada naquele Juízo que primeiro praticar algum ato no processo ou algum ato pré-processual (prisão pré-processual, por exemplo), relativo ao processo. Essa é a definição de competência fixada por prevenção. Nos termos do art. 83 do CPP: Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 101 Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c). Se dois ou mais Juízes, na mesma comarca, forem competentes para julgar a demanda, a competência será fixada pelo critério da distribuição, ou seja, a competência será fixada naquele órgão jurisdicional ao qual fora distribuída a ação penal. Nos termos do art. 75 do CPP: Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente. Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal. Entretanto, conforme disse a vocês, tanto o critério da prevenção quanto o critério da distribuição não passam de critérios de consolidação da competência territorial, pois a competência daquele Juiz já existia antes da prevenção ou distribuição, tendo apenas se consolidado quando da ocorrência de um destes fenômenos. D) Da Conexão e da Continência Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 101 A conexão e a continência são fenômenos que importam na modificação de uma competência fixada e já consolidada. A conexão está prevista no art. 76 do CPP: Art. 76. A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. A Doutrina, em sua maioria, classifica a conexão em: Intersubjetiva por simultaneidade ocasional (art. 76, I do CPP) – Ocorre quando pessoas diversas cometem infrações diversas no mesmo local, na mesma época, ainda que não estejam ligadas por nenhum vínculo subjetivo; Intersubjetiva por concurso (art. 76, I do CPP) – Nesta hipótese não importa o local e o momento da infração, desde que os agentes tenham atuado em concurso de pessoas. Assim, exige-se para esta hipótese de conexão que os agentes tenham agido unidos por um vínculo subjetivo, uma comunhão de esforços para a prática das infrações penais; Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 36 de 101 Intersubjetiva por reciprocidade (art. 76, I do CPP) – Traduz a hipótese de conexão de infrações praticadas no mesmo tempo e no mesmo lugar, mas os agentes praticaram as infrações uns contra os outros. Exemplo: Dois crimes de lesões corporais praticados reciprocamente entre fulano e beltrano; Conexão objetiva teleológica (art. 76, II do CPP) – Uma infração deve ter sido praticada para “facilitar” a outra. Assim, imaginem que um assassino tenha espancado um vigia para entrar na casa e assassinar o dono da residência; Conexão objetiva consequencial (art. 76, II do CPP) – Nesta hipótese uma infração é cometida para ocultar a outra, ou, ainda para garantir a impunidade do infrator ou garantir a vantagem da outra infração. Imaginem o caso de alguém que comete homicídio e, logo após, mata também a única testemunha, para garantir que ninguém poderá provar sua culpa, garantindo, assim, a impunidade do fato. Conexão instrumental (art. 76, III do CPP) – Exige-se, nesse caso, que a prova da ocorrência de uma infração e de sua autoria influencie na caracterização da outra infração. Exemplo clássico é a conexão entre o crime de furto e de receptação, no qual a prova da existência do furto, e de sua autoria, influencia na caracterização do crime de receptação. A continência, por sua vez, está prevista no art. 77 do CP; Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 37 de 101 II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal. Os mencionados arts. 51, § 1°, 53 e 54 do CP, referiam-se ao texto original da parte geral do Código penal, que foi totalmente alterado pela Lei 7.209/84. Assim, atualmente, estes dispositivos se referem às hipóteses de concurso formal e suas aplicações no caso de erro na execução (aberratio ictus e aberratio delicti), atualmente previstos nos arts. 70, 73 e 74 do CP. Assim, por questões didáticas, a Doutrina divide a continência em: Continência por cumulação subjetiva (art. 77, I do CPP) – É o caso no qual duas ou mais pessoas são acusadas pela mesma infração (concurso de pessoas). Diferentemente da hipótese de conexão, aqui há apenas um fato criminoso, e não vários; Continência por concurso formal (art. 77, II do CP, c/c art. 70 do CP) – Aqui, mediante uma só conduta, o agente pratica dois ou mais crimes, sem que tenha tido a intenção de praticá- los. Vimos mais sobre isto no curso de Direito Penal. Esta regra pode ser aplicada tanto no caso de aberratio ictus (o infrator atinge, além da pessoa visada, uma outra pessoa) e aberratio delicti (o agente alcança o resultado pretendido mas acaba cometendo outro crime de natureza diversa, com a mesma conduta. Ex.: Atira um pedra num carro, para danificá-lo, e acaba atingindo, também, o dono do carro, que dormia dentro dele); Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 38 de 101 As hipóteses de continência e conexão podem ser melhor explicadas através do gráfico abaixo: E) Regras aplicáveis nos casos de determinação da competência pela conexão ou continência O CPP prevê algumas regras que devem ser observadas quando da consolidação da competência pela conexão ou continência. Nos termos do seu art. 78: Art. 78. Na determinaçãoda competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) HIPÓTESES DE MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA CONEXÃO CONTINÊNCIA CUMULAÇÃO SUBJETIVA EM RAZÃO DE CONCURSO FORMAL DE CRIMES INTERSUBJETIVA OBJETIVA INSTRUMENTAL OU PROBATÓRIA SIMULTANEIDADE OCASIONAL CONCURSO DE PESSOAS RECIPROCIDADE TELEOLÓGICA CONSEQUENCIAL Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 39 de 101 Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) Assim, em resumo: 1) Havendo conexão ou continência entre um crime de competência do Tribunal do Júri e outro crime, de competência do Juiz singular, a competência deverá ser fixada naquele; 2) No caso de Jurisdições da mesma categoria, primeiro se utiliza o critério de fixação da competência territorial com base na local em que ocorreu o crime que possuir pena mais grave. Se as penas forem idênticas, utiliza-se o critério do lugar onde ocorreu o maior número de infrações penais. Caso as penas sejam idênticas e tenha sido cometido o mesmo número de infrações penais, ou, ainda, em qualquer outro caso, Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 40 de 101 aplica-se a fixação da competência pela prevenção (Lembram-se da prevenção, não é?) 3) Se as Jurisdições forrem de graus diferentes (Um Tribunal Superior e um Juiz singular, por exemplo), a competência será fixada no órgão de Jurisdição superior; 4) Se houver conexão entre uma causa de competência da Justiça Comum e outra da Justiça Especial, será fixada a competência nesta. Ex.: Imaginem um crime eleitoral conexo com um crime comum. Será da competência da Justiça Eleitoral o julgamento de ambos os processos. Inclusive, o STF editou o verbete n° 704 da súmula de sua Jurisprudência, afirmando que a atração de um processo por conexão ou continência, no caso de correu, por prerrogativa de função do outro réu, não viola a Constituição: SÚMULA Nº 704 NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO POR CONTINÊNCIA OU CONEXÃO DO PROCESSO DO CO-RÉU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE UM DOS DENUNCIADOS. E) Separação de processos em hipóteses de conexão e continência Embora a regra seja a de que, havendo conexão ou continência, todos os processos conexos ou continentes sejam julgados pelo mesmo órgão jurisdicional, existem algumas exceções, ou seja, existem casos em que mesmo ocorrendo conexão ou continência, não haverá reunião de processos. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 41 de 101 Estas hipóteses estão previstas no art. 79 do CPP: Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. § 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152. § 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. Vamos analisar as hipóteses isoladamente: Concurso entre a Jurisdição comum e militar – A única ressalva que deve ser feita é a de que, no caso de militar que comete crime doloso contra a vida de um civil, responde perante o Tribunal do Júri, e não perante a Justiça Militar, nos termos do art. 82, § 2° do Código de Processo Penal Militar – CPPM; Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 42 de 101 Concurso entre crime e infração de competência do Juizado da Infância e da Juventude – Nestas hipóteses (por exemplo, um crime cometido em concurso de pessoas por um menor, que responde perante o ECA, e um adulto), não pode haver reunião de processos; Insanidade mental de um dos corréus (art. 152 do CPP) – Nesse caso, havendo a insanidade mental do correu sido regularmente apurada em incidente de insanidade mental, os processos devem ser separados, pois o processo, em relação ao correu declarado mentalmente insano, será suspenso, nos termos do art. 152 do CPP. Frise-se que essa insanidade mental do réu deve ser posterior ao fato criminoso (art. 151 do CPP); Impossibilidade de formação do conselho de sentença no Tribunal do Júri – Embora o § 2° do art. 79 mencione o “art. 461”, com as alterações promovidas pela Lei 11.689/08, vocês devem entender como “art. 469, § 1° do CPP”. Este artigo trata da impossibilidade de, no julgamento pelo Tribunal do Júri, formar-se o conselho de sentença (mínimo de sete jurados), em razão das recusas legalmente permitidas realizadas pelos advogados dos acusados. Assim, se houver, no Tribunal do Júri, dois ou mais réus, e sendo diferentes os advogados, as recusas aos Jurados (Direito de recusar algum jurado) impossibilitarem a formação do conselho de sentença, o processo deverá ser desmembrado; Separação facultativa quando os fatos criminosos tenham sido praticados em circunstâncias de tempo e lugar diferentes, ou o Juiz entender que a reunião de processos pode ser prejudicial ao Julgamento da causa ou puder implicar em retardamento do processo (art. 80 do CPP) – O importante é saber que, nestas hipóteses, a Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 43 de 101 separação dos processos é discricionária, ou seja, o Juiz pode, ounão, a seu critério, decidir pela separação dos processos; O art. 81 trata da hipótese de perpetuação da competência. Vejamos: Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos. Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente. O art. 81 diz, em resumo, o seguinte: Se um Juiz recebe dois processos (reunidos por conexão ou continência), e no processo de sua competência originária (e não aquele que lhe foi remetido em razão da conexão ou continência) ele profere sentença absolutória ou desclassifica o fato para outro crime, que não seja de sua competência, mesmo assim ele continua competente para julgar o processo recebido pela conexão. EXPLICO MELHOR: Imaginem que 10 furtos foram praticados na comarca de São Paulo, tendo ocorrido, na comarca de Campinas, 04 receptações de bens furtados naqueles crimes. Há, portanto, conexão instrumental. Assim, como a pena do furto e da recepção é a mesma, o Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 44 de 101 critério para a fixação da competência é o da localidade onde ocorreu o maior número de infrações (São Paulo). Assim, imaginem que o Juiz da Comarca de São Paulo profira sentença absolvendo os réus pelos furtos. Nesse caso, ele deverá julgar também os crimes de receptação, e não devolvê-los à Comarca de Campinas. O § 1°, por sua vez, estabelece uma exceção à regra. Se houver reunião de processos para julgamento pelo Tribunal do Júri, havendo desclassificação, absolvição sumária ou impronúncia, deverá o Juiz remeter o processo conexo ao Juízo competente (que não era o Tribunal do Júri). O art. 82, por fim, estabelece que, no caso de haver conexão ou continência, mas terem sido instaurados processos em Juízos diversos, o Juiz cuja competência é prevalente (Por exemplo, no caso anterior, o da Comarca de São Paulo) poderá avocar (trazer para si) o julgamento dos demais processos, a qualquer tempo, salvo se já houver sentença definitiva naqueles (já tiverem transitado em julgado). Se já tiver ocorrido o trânsito em julgado, os processos serão reunidos posteriormente para fins de execução de pena: Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas. Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 45 de 101 III – DA COMPETÊNCIA PENAL DO STF, DO STJ, DOS TRFS, DOS JUÍZES FEDERAIS E DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS Conforme estudamos, a competência nada mais é que uma divisão funcional para o exercício legítimo da Jurisdição. As normas que definem a competência estão previstas em diversos diplomas legislativos, dentre eles, a própria Constituição. Vamos estudar, mais detalhadamente agora, a competência criminal de cada um dos órgãos do Judiciário citados: A) Da competência criminal do STF Nos termos da Constituição Federal, compete ao STF julgar: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 46 de 101 c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999) j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; Direito Processual Penal – TRE/MG ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 03 Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Página 47 de 101 l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra
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