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Arch. Zootec. 56 (Sup. 1): 623-626. 2007.
GESTÃO GENÉTICA DE RAÇAS CAPRINAS NATIVAS NO ESTADO
DA PARAÍBA
GENETIC GESTION OF NATIVE GOATS IN PARAÍBA STATE, BRAZIL
 Lima, P.J.S.1, D.L. Souza2, G.F. Pereira2, J.N.C. Torreão2, J.F.P. Moura2, J.T. Gomes2,
J.M.Lopez Acosta3, S. Rey Sanz3, M.N. Ribeiro4 e E.C. Pimenta Filho5
1Zootecnista formado pela UFPB.
2Alunos do Programa de Pos Graduação em Zootecnia da UFPB.
3Alunos do Programa de Cooperação Brasil-Espanha.
4Universidade Federal Rural de Pernambuco. Departamento de Zootecnia. Av. D. Manoel de Medeiros, s/
n, Dois Irmãos. Recife. Pernambuco. Brasil. E-mail: mn.ribeiro@uol.com.br.
5Departamento de Zootecnia. Universidade Federal da Paraíba. Brasil. E-mail: edgard@cca.ufpb.br
PALAVRAS CHAVE ADICIONAIS
Conservação. Número efetivo. Intervalo de
gerações.
ADDITIONAL KEYWORDS
Conservation. Efective number. Generation
interval.
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivos
avaliar o estado de conservação das raças e
grupos de caprinos nativos remanescentes no
Estado da Paraíba e propor um plano de gestão
para esses grupos. Para tanto foi feito
levantamento do número de rebanhos existen-
tes, número e estudo demográfico completo com
base em questionários estruturados e estimou-
se o número efetivo (Ne), taxa de consaguinidade
(DF) e intervalo de gerações (IEG). Todas as
raças estudadas apresentaram Ne abaixo do
valor mínimo recomendado pela FAO (50), exceto
a raça Moxotó (66,11). Isto indica a necessidade
implantar um plano de gestão genética, tomando-
se como base aumento do número efetivo,
organização dos acasalamentos para controle
da consaguinidade e aumento do IEG.
SUMMARY
The present work had as objective to
evaluate the conservation state of native breeds
remaining in Paraíba State and propose a gestion
plan to these breeds. There was investigate the
number of herds, number of male and female
animals in distint age class, complete demographic
informations based on structured questionaries
and was estimated efective size of the populations
(Ne), inbreeding rate (DF) and generation interval
(IEG) to each herd. There was observed that all
studied breeds showed Ne below to the minimum
value recomended by FAO, that is 50, except
Moxotó breed que showed mean value of 66.11.
This indicate a necessity to stablish a plan of
genetic gestion to increase Ne, minimize
inbreeding and maximize GI values.
INTRODUÇÃO
A conservação de qualquer recur-
so se dá por sua adequada gestão e,
conservação genética de uma raça ou
Archivos de zootecnia vol. 56, Sup. 1, p. 624.
LIMA ET AL.
espécie se garante com a gestão gené-
tica correta, que basicamente deve
considerar o acasalamento de animais
menos aparentados para controle da
consangüinidade (Ribeiro, 2004).
O Brasil possui diversas raças de
animais domésticos desenvolvidas a
partir de raças trazidas pelos coloniza-
dores portugueses logo após o
descobrimento. Estas raças foram
submetidas à seleção natural em dife-
rentes ambientes, para os quais
desenvolveram características espe-
cíficas de adaptação a tais condições.
A importação de raças exóticas,
selecionadas em regiões de clima
temperado, no início do século XX,
levou a uma drástica substituição das
raças nativas (Egito, 2002).
O Nordeste possui 90% do efetivo
populacional da espécie, sendo muitas
vezes a escolhida para garantir a
subsistência familiar no semi-árido
nordestino. Pimenta-Filho (1993) comen-
ta a contribuição das raças Charnequeira,
Murciana e Maltesa na formação dos
tipos nativos brasileiros.
Egito (2002), cita a Moxotó, Canindé,
Repartida e Marota como os principais
tipos caprinos nativos, sendo a primeira
muito semelhante fenotipicamente à raça
portuguesa Serpentina, além de outros
grupos raciais como a Gurguéia, Azul,
Graúna e Nambi.
Estudos realizados por Lima (2005),
demonstram que os caprinos nativos
existentes no estado encontram-se
ameaçados, pondo em risco a ma-
nutenção do patrimônio genético local.
A taxa de consangüinidade, bem como o
número efetivo encontrados reafirma a
necessidade de estudos voltados para a
preservação e conservação dos recur-
sos genéticos locais.
Diante do exposto, o objetivo do
presente trabalho foi propor um plano
de gestão para essas populações.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi desenvolvido
com base nos estudos realizados por
Lima (2005). Foram avaliados 18
rebanhos, divididos em nove da raça
Moxotó, cinco do grupo Azul, três da
raça Canindé e um do grupo Graúna. Foi
feito levantamento de raças e/ou grupos
existentes, número de animais machos e
fêmeas, idade, manejo alimentar,
sanitário e reprodutivo, instalações e
origem dos animais. Esses dados foram
utilizados para calcular número efetivo
(Ne), taxa de consangüinidade (DF) e
intervalo de gerações (IEG), principais
parâmetros utilizados para avaliar esta-
do de conservação de populações
pequenas e não genealógicas, conforme
Alderson e Bodó (1992).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O estudo mostrou que todos os gru-
pos/raças estudados apresentaram Ne
abaixo do valor mínimo recomendado
pela FAO, que é de 50, exceto a raça
Moxotó, que apresentou valor médio para
a raça de 66,11 (tabela I). Isto indica a
necessidade implantar um plano de
gestão genética, tomando-se como base
aumento do número efetivo, organização
dos acasalamentos para controle da
consaguinidade e aumento do IEG, au-
mentando assim a contribuição dos genes
de indivíduos fundadores, medida que
contribui para aumento do índice de
conservação genética a exemplo do
que indicam León et al. (2005). Essas
medidas devem ser também adotadas
Archivos de zootecnia vol. 56, Sup. 1, p. 625.
GESTÃO GENÉTICA DE RAÇAS CAPRINAS NATIVAS NO ESTADO DA PARAÍBA
para a raça Moxóto, que mesmo tendo
apresentado Ne médio acima de 50,
apenas dois rebanhos apresentaram
Ne>50, indicando a necessidade de
monitoramento rigoroso de todos esses
parâmetros pois, como os demais gru-
pos, está sob fortes fatores de risco
dentre eles acasalamentos desordena-
dos com raças exóticas.
A atual situação é reflexo de um
manejo reprodutivo inadequado, dentre
eles, inadequada relação macho:fêmea
e acasalamentos desordenados, que
contribui para diminuição do Ne e au-
mento da consaguinidade. Em rebanhos
alvo de programas de conservação a
relação macho:fêmea deve ser de 10:1,
com intuito de aumentar o Ne e minimi-
zar a consangüinidade intra-rebanho.
Os valores de panmixia estimados
refletem a alta hetero-zigosidade,
refletindo em ausência de endogamia
nas populações. Entretanto, estudos
com marcadores moleculares devem
ser utilizados para detectar se a
heterozigose existente é intra-racial ou
devido a cruzamentos com outras raças,
já que o uso de reprodutores de raças
exóticas é prática comum na região.
De modo geral, o intervalo de gerações
(IEG) está próximo de três anos, em
todos os grupos e, a consangüinidade
Tabela I. Número de animais (N), Intervalo de gerações (IEG), Número efetivo (Ne), Índice
de panmixia (PAM) e Taxa de consaguinidade (∆F), de acordo com a raça/rebanho (Number
of animals (N), Generation interval (IEG), Efective number (Ne), Panmitic index (PAM) and Inbreeeding
rate (∆F), acording to breed/herd).
Raça/Grupo N IEG Ne PAM ∆F
Azul 193 2,72 48,50 0,9897 0,010
Azul 368 3,43 19,73 0,9747 0,025
Azul 7 3,93 3,43 0,8542 0,146
Azul 63 2,31 11,43 0,9563 0,044
Azul 24 2,98 3,83 0,8696 0,130
Média 131,00 3,07 17,38 0,93 0,070
Canindé 39 4,13 31,59 0,9842 0,016
Canindé 184 1,03 7,91 0,9368 0,063
Canindé 53 1,14 11,32 0,9558 0,044
Média 118,00 2,75 17,24 0,94 0,06
Graúna 101 2,87 7,84 0,9362 0,064
Moxotó 405 2,33 19,75 0,9747 0,025
Moxotó 125 2,92 80,00 0,9938 0,006
Moxotó 322 3,50 11,89 0,9579 0,042
Moxotó 130 2,38 36,92 0,9865 0,013
Moxotó 650 2,67 383,76 0,9987 0,001
Moxotó 30 2,92 10,80 0,9537 0,046
Moxotó 11 3,77 3,64 0,8625 0,137
Moxotó 48 3,08 45,00 0,98890,011
Moxotó 5 3,50 3,20 0,8438 0,156
Média 191,78 3,01 66,11 0,95 0,05
Archivos de zootecnia vol. 56, Sup. 1, p. 626.
LIMA ET AL.
acumulada ainda é baixa, de forma que
é possível aumentar o IEG sem risco de
perda de diversidade por endogamia e
melhorar o índice de conservação
genética de todos os grupos.
CONCLUSÕES
Há necessidade de implantar contro-
le zootécnico nos rebanhos e com estes
se fazer avaliação do status de cada raça
para adoção de um plano de gestão
genética adequado para cada raça.
Um plano de gestão criterioso deve
ter como alvo o aumento do número total
de animais, aumento do número efetivo,
aumento do intervalo de gerações e
diminuição da consaguinidade, pelo con-
trole rigoroso dos acasalamentos.
BIBLIOGRAFIA
Ribeiro, M.N., M.A. Gomes-Filho, J.V. Delgado
Bermejo, E.C Pimenta Filho e F.F. Carvalho.
2004. Conservação de raças caprinas nati-
vas do Brasil: histórico, situação atual e
perspectivas. Imprensa Universitária. Reci-
fe: UFPE. 62 p.
Egito, A. A., A.S. Mariante e M.S.M. Albuquerque.
2002. Programa brasileiro de conservação
de recursos genéticos animais. Arch. Zootec.,
51: 39-52.
Pimenta-Filho, E.C. 1993. Importância da
conservação de germoplasma de caprinos
naturalizados no Brasil. In: 30ª Reunião Anual
da sociedade Brasileira de Zootecnia. Anais...
Rio de Janeiro. p: 201-215.
León, J.M., J.M. Lozano, E. Martínez, A. Martínez,
A. Cabello, M.E. Camacho, J.V. Delgado and
J. Quiroz. 2005. Demographic analysis of the
Granadina goat as a base for the development
of its scheme of selection. Arch. Zootec., 54:
311-315.
Lima, P.J. de S. 2005. Caracterização demo-
gráfica e estado de conservação dos
rebanhos caprinos nativos no Estado da
Paraíba. Dissertação (Mestrado). CCA/
UFPB. 62 p.

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