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145.Não cancelamento de restos a pagar

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145 
NÃO-CANCELAMENTO DE RESTOS A 
PAGAR 
_____________________________ 
 
145.1 CONCEITO, OBJETIVIDADE JURÍDICA E SUJEITOS 
DO CRIME 
O art. 359-F contém o seguinte tipo penal: “deixar de ordenar, de autorizar ou de 
promover o cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao 
permitido em lei”. A pena é detenção, de seis meses a dois anos. 
O bem jurídico protegido é a Administração Pública, o interesse estatal na lisura e na 
probidade na gestão fiscal. 
Sujeito ativo é o funcionário público que tem competência ou atribuição para ordenar, 
autorizar ou promover o cancelamento de despesa inscrita em restos a pagar. O Presidente 
da República, Governador de Estado, Prefeito Municipal, Ministro de Estado, Secretário de 
Estado ou de Município, Chefe de Poder, Judiciário e Legislativo, do Ministério Público, da 
União e dos Estados, Presidente de Tribunal de Contas, de empresa pública, de autarquia, 
enfim, todo aquele agente público que tenha o poder de ordenar, autorizar ou promover o 
referido cancelamento. 
Sujeito passivo é o Estado, o ente público. 
 
145.2 TIPICIDADE 
145.2.1 Conduta e elementos do tipo 
As condutas típicas são todas omissivas: deixar de ordenar, deixar de autorizar e 
deixar de promover. Deixar de ordenar é abster-se de determinar, de impor, de mandar 
fazer alguma coisa a que o agente estava obrigado. Deixar de autorizar é não dar a 
2 – Direito Penal III – Ney Moura Teles 
 
permissão quando deveria fazê-lo. Deixar de promover é não realizar o devido. 
A realização do tipo pressupõe, portanto, o dever de ordenar, autorizar ou promover o 
cancelamento do montante de restos a pagar inscrito em valor acima do legalmente 
permitido. 
Restos a pagar é a despesa empenhada que não pode, por qualquer razão, ser paga no 
mesmo exercício e que por isso terá seu pagamento diferido para o exercício seguinte ou 
outro. Seu montante não pode ultrapassar os limites estabelecidos em lei. 
O fato será típico quando o agente, verificando que o montante inscrito ultrapassa o 
limite legal, deixa de ordenar, de autorizar ou de promover o cancelamento do valor 
inscrito. 
Se o agente que deixa de emitir a ordem de cancelamento é o mesmo que deixa de 
autorizá-lo e de promovê-lo, haverá crime único. Emitida a ordem, incorrerá na 
incriminação o agente que deixar de autorizá-la e bem assim o funcionário que deixar de 
promover o cancelamento, quando este já estiver ordenado e autorizado. 
O crime é doloso. O agente deve estar consciente de que o montante inscrito em restos 
a pagar ultrapassa o limite legal e omitir-se com vontade livre, sem qualquer outro fim. 
Parecer favorável do órgão de contas ou a aprovação destas não interfere no 
reconhecimento da tipicidade. 
 
145.2.2 Consumação e tentativa 
O crime é omissivo puro. Consuma-se no instante em que o agente deixa de 
ordenar, autorizar ou promover o cancelamento, após, é óbvio, ter ciência de que o 
montante ultrapassa o limite legal e o transcurso de um tempo juridicamente relevante. 
Não é admitida a tentativa. 
 
145.3 AÇÃO PENAL 
A ação penal é de iniciativa pública incondicionada, competente o juizado especial 
criminal, possível a suspensão condicional do processo penal.

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