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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL DISCIPLINA DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE Gabriela Grotti Silveira Mustafa Ribeiro de Almeida Neto O IMPACTO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MEIO AMBIENTE Rio Branco – AC Fevereiro 2016 1. INTRODUÇÃO A participação da indústria da construção civil na economia mundial chega a aproximadamente 40%, gerando cerca de 2.3 milhões de empregos direta e indiretamente. Entretanto, esta participação não é de todo benéfica, sendo responsável por um grande impacto negativo no meio ambiente. Somente no Brasil, num parâmetro inicial, aproximadamente 66% do que é extraído da natureza é utilizado na construção civil. Na execução, uso e manutenção da obra são usados 50% da energia elétrica e 20% da energia total. Além disso, 8% a 9% de toda a emissão de CO2 no país vem da produção do cimento (numa escala mundial a emissão de CO2 proveniente da produção do cimento chega a 6%). Portanto, fica evidente a dimensão do impacto da indústria da construção civil no meio ambiente. A partir desta constatação, faz-se necessária primeiramente a identificação dos aspectos que causam tais impactos. Posteriormente é preciso buscar alternativas que permitam o desenvolvimento com uma consciência ambiental preservacionista embasada nos princípios do equilíbrio cósmico e harmonia com a natureza. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Conceitos Fundamentais A indústria da construção civil tem influência direta na economia, no meio ambiente e na sociedade (não necessariamente nesta ordem), e tal influência passou a ser discutida com mais frequência a partir do Relatório Brundtland, que é o documento intitulado “Nosso Futuro Comum”, publicado em 1987, onde foi discutido o conceito de Desenvolvimento Sustentável, sendo definido como: "o desenvolvimento que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das futuras gerações em atender suas próprias necessidades". Com o Desenvolvimento Sustentável surge também o conceito de Construção Sustentável. Construção Sustentável é o processo que repensa toda a cadeia reprodutiva, iniciando pela extração da matéria prima. Leva em consideração os processos produtivos, com preocupações extensivas à saúde dos trabalhadores envolvidos no processo e considera os consumidores finais das edificações. Fundamenta-se na redução da poluição, na economia de energia e água, na minimização da liberação de materiais perigosos no meio ambiente, na diminuição da pressão de consumos sobre matérias primas naturais, no aprimoramento das condições de segurança e saúde dos trabalhadores, e na qualidade e custo das construções para os usuários finais. 2.2 Impactos causados pela construção civil 2.2.1. Definição de impacto ambiental Visto que a construção civil envolve os meios físicos (água, solo e ar), biótico (fauna e flora) e antrópico (trabalhadores, vizinhança e sociedade em geral), é inegável que ela tenha impacto sobre todos estes elementos, impacto que tem grande dimensão, principalmente, no quesito ambiente. Impacto ambiental pode ser definido como qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização. Portanto, qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais. 2.2.2. Áreas de abrangência do impacto ambiental A construção civil pode impactar o ambiente negativamente em alguns aspectos específicos, sendo eles: 1. Recursos: se refere ao consumo de recursos naturais e manufaturados e no seu desperdício. Tal aspecto envolve o consumo e desperdício de água e energia que gera o esgotamento de jazidas e geração de resíduos, emissão de gases poluentes, uso de fontes não renováveis, riscos ao meio ambiente, entre outros fatores. 2. Incômodos e poluições: refere-se à geração de resíduos perigosos e de resíduos sólidos; emissão de vibrações e ruídos; lançamento de fragmentos; emissão de materiais particulados; geração de faíscas onde há gases dispersos; desprendimento de gases e fibras; renovação do ar e no manejo de materiais perigosos. 3. Resíduos: envolve a geração de entulho, no manejo de resíduos, destinação dos resíduos perigosos e queima de resíduos no canteiro de obras. 4. Infraestrutura do canteiro de obras: trata da remoção de edificações; supressão da vegetação original; risco de desmoronamento; existência de ligações provisórias (de água e energia); esgotamento de águas servidas, risco de perfuração de redes (de água, esgoto, etc); geração de energia no canteiro, existência de construções provisórias; impermeabilização de superfícies, ocupação de vias públicas; armazenamento de materiais; e circulação, manutenção e limpeza de equipamentos, máquinas e veículos. Portanto, podemos observar que os impactos ambientais causados pela construção civil afetam tanto o meio físico (envolve o solo, o ar e a água), o meio biótico (envolve a fauna, flora e alterações no ecossistema local e global) e o meio antrópico (trabalhadores, vizinhança e sociedade). Assim, tendo identificado os aspectos que geram os diversos impactos no meio ambiente, devemos identificar agora os desafios que a indústria da construção civil enfrenta para que possa minimizar e controlar tal impacto. 2.3 Desafios na implementação da sustentabilidade ambiental na construção civil Atualmente, a sustentabilidade ambiental da construção civil enfrenta vários desafios, sendo os principais: redução e otimização do uso de energia, redução do consumo de água, aumento da absorção da água da chuva, redução do volume de lixo ou possibilidade de reciclagem, facilidade de limpeza e manutenção, utilização de materiais reciclados e aumento da durabilidade do edifício e a possibilidade de modernização e seu reuso após o término de sua vida útil. 2.4 Recomendações para a implementação da sustentabilidade ambiental na construção civil Para que tais desafios possam ser superados faz-se necessária a mudança dos conceitos da arquitetura convencional na direção de projetos flexíveis com possibilidade de readequação para futuras mudanças de uso (reformas). Para isso, deve-se observar a construção de pilares e o espaço entre eles, o tamanho do pé direito (deve ter uma altura satisfatória e flexível) e o uso de shafts. Além disso, deve-se buscar soluções que potencializem o uso racional de energia ou de energias renováveis, como por exemplo o aproveitamento da luz solar, da ventilação natural (reduzindo o uso de aparelhos condicionadores de ar), uso de lâmpadas e luminárias eficientes, entre outras medidas. Também deve haver uma melhoria na gestão ecológica da água, por meio do reaproveitamento de águas cinzas, uso de dispositivos de redução de vazão em torneiras e reutilização da água da chuva. Também é de suma importância a redução dos resíduos da construção com modulação de componentes para diminuir perdas e especificações que permitam utilizações de materiais. Para isso, deve ser reservada uma área para o correto armazenamento temporário do lixo reciclado separado para posterior descarte. Atentar para o uso de materiais de acabamento de fácil manutenção e limpeza. Pode-setambém fazer uso de materiais alternativos como tubos de esgotos feitos de PET e madeira de florestas plantadas. 2.5 Ciclo de vida ideal das edificações Tais alternativas e medidas mostram que tudo deve contribuir para um ciclo de vida sustentável de uma edificação. O empreendimento deve ser projetado para ter longo tempo de uso (mais de 50 anos) e que ao término da vida útil de seu propósito original, permita que boa parte de seu material seja reciclado ou reutilizado. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em suma, os conceitos de minimização de impactos ambientais, por meio da redução do consumo de energia, de água, aumento da absorção da água pluvial, redução do volume de lixo e possibilidade de reciclagem, facilidade de limpeza e manutenção e aumento da durabilidade do edifício apresentados anteriormente mostram que tais mudanças são facilmente aplicáveis sem grande esforço, são soluções simples que geram bons resultados para investidores e usuários. Para isso primeiramente deve-se conhecer a intensidade e frequência de cada impacto gerado, e suas consequências para os meios físico, biótico e antrópico do local onde a obra está inserida, para então priorizá-los. Também é importante saber em que medida todos aqueles que sofrem impactos (as “partes interessadas”) consideram-se prejudicados, como as pessoas que trabalham na obra, os fornecedores, o empreendedor, os projetistas, a vizinhança, e até mesmo a sociedade como um todo. Sobretudo, a priorização deve considerar o contexto específico do canteiro de obras. Além disto, os órgãos governamentais devem ter uma maior participação na redução do impacto da construção civil no meio ambiente por meio da criação uma legislação urbanística e código de edificações, incentivos tributários e convênios com as concessionárias dos serviços públicos de água, esgoto e energia. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Relatório Brundtland. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Relat%C3%B3rio_Brundtland> Acesso em: 27/02/16 às 19:13 Construção sustentável. Disponível em <http://www.mma.gov.br/cidades- sustentaveis/urbanismo-sustentavel/constru%C3%A7%C3%A3o- sustent%C3%A1vel> Acesso em: 27/02/16 às 19:14 Desenvolvimento sustentável. Disponível em: <http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/desenvolvimento_s ustentavel/> Acesso em: 27/02/16 às 19:23 Os verdadeiros impactos da construção civil. Disponível em <http://www.obralimpa.com.br/index.php/os-verdadeiros-impactos-da-construcao- civil/> Acesso em: 27/02/16 às 19:44 RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 23 de janeiro de 1986 – Artigo 1°: Definição de Impacto Ambiental. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html> Acesso em: 02/03/16 às 20:34 Meio Ambiente na Construção Civil. BELTRAME, Eduardo BT/PCC/543 – Análise dos aspectos e impactos ambientais dos canteiros de obras e suas correlações. MIRANDA, Viviane Araújo; CARDOSO, Francisco Ferreira.
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