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Direito Tributário 1

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Semana 1
Atividade financeira do Estado
 
Estado       – funcionamento / manutenção
                   – cumprimento de seus fins – necessidades públicas
                                                           |
                                                           $
                                  
                                               Obtenção                                                - Patrimoniais                                                                                            Receitas  - Tributárias                                                                                                              - Creditícias
                                                                                                               - Punitivas
Atividade Financeira           Gestão de recursos                               - outras                                                 
               
                                                                 
                                                                   
                                                                                                
                                               Aplicação                                Despesas Públicas         
 
 
 
O Estado desenvolve atividade financeira porque precisa de dinheiro para:
a – funcionamento e manutenção
b – cumprimento de seus fins
 
As atividades financeiras desenvolvidas pelo Estado consistem na:
a – obtenção de recursos
b – gestão (administração) dos recursos obtidos
c – aplicação dos recursos
 
Todas as Receitas e Despesas devem ser previstas no Orçamento.
 
Despesas
As prioridades são decisões políticas e mudam de governo para governo, de ano para ano.
 
Receitas
a – Patrimoniais: provenientes da exploração e da disposição do patrimônio do Estado
b – Tributárias: provenientes da cobrança dos tributos
c – Creditícias: decorrem da entrada do Estado no mercado financeiro
d – Punitivas: decorrentes das multas. Multas não deveriam ser classificadas como receitas, mas acabam servindo para arrecadar dinheiro
 
Direito tributário:
Conjunto de normas jurídicas que disciplinam a tributação (atuação estatal de exigir tributos) – Roque Carrazza
 
Ramo didaticamente autônomo do Direito, integrado pelo conjunto das proposições jurídicas normativas, que correspondam, direta ou indiretamente, à instituição, arrecadação e fiscalização de tributos – Paulo de Barros Carvalho
 
Direito Fiscal:
Disciplina jurídica da atuação do Fisco (Sujeito Ativo) na arrecadação, fiscalização de tributos – âmbito menor
 
Direito Financeiro:
Regula juridicamente toda a atividade financeira do Estado – âmbito maior
 
 
Questões:
Defina a chamada atividade financeira do Estado.
A tributação é a única forma que o Estado dispõe para arrecadar dinheiro? Explique.
O que são receitas públicas?
O que são despesas públicas?
Diferencie Direito Tributário e Direito Financeiro.
Semana 2
 
 
 Tributo
 
CTN – art. 3º - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
 
Conforme Roque Carrazza – Tributo é a obrigação “ex lege”, em moeda, que não se constitui em sanção por ato ilícito e que tem por Sujeito Ativo (credor) normalmente uma pessoa política e por Sujeito Passivo (devedor) qualquer pessoa apontada na lei.
 
Obrigação (=relação jurídica) - Vínculo abstrato, segundo o qual, por força da lei, uma pessoa (Sujeito Ativo) tem o direito subjetivo de exigir de outra (Sujeito Passivo) o cumprimento de umaprestação:
 
                     Passível de Avaliação Pecuniária – relação jurídica obrigacional ou obrigação (obrigação principal)
                     Não Passível de Avaliação Pecuniária – relação jurídica não obrigacional ou veiculadora de meros deveres (obrigação acessória)
 
“Ex lege” – A obrigação tributária é legal porque decorre da lei e, portanto, a vontade das partes é irrelevante. É obrigação compulsória.
 
Em moeda – O credor, Sujeito Ativo só é obrigado a aceitar dinheiro. No entanto nada impede que ele, querendo, aceite outra forma de pagamento.
 
Tributo não constitui sanção por ato ilícito – tributo é obrigação que decorre da prática de ato lícito, não se  confundindo com as multas
 
Tributo                                                                      Multa
- Obrigação em moeda                                    - Obrigação em moeda
- Obrigação legal                                           - Obrigação legal
- Decorre da prática de ato lícito                      - Decorre da prática de ato ilícito
                    Finalidade: arrecadatória (fiscal)/                      - Finalidade: punitiva/preventiva
extrafiscal
 
Sujeito ativo – quem tem o direito subjetivo de exigir de quem ocupa o pólo passivo o cumprimento da obrigação.
 
Sujeito passivo – quem tem o dever jurídico de cumprir a obrigação.
 
CTN – art. 4º - denominação e destino do produto da arrecadação são irrelevantes. A destinação do dinheiro arrecadado é objeto do direito financeiro e não do direito tributário.
 
 
F            SA     crédito      $      débito     SP       (obrigação tributária)
                                               
                      Direito subj.          Dever jurídico
 
Questões:
1.                 O que é tributo? (definição doutrinária)
2.                 Defina “obrigação principal”.
3.                 Defina “obrigação acessória”.
4.                 Aponte duas diferenças entre os tributos e as multas.
5.                 Quando nasce o tributo?
 
Semana 3
Classificação dos tributos quando a vinculação a uma atividade estatal
 
Espécies de Tributos:
1 – Impostos – CF, art.145, I e 153 a 156
2 – Taxas – CF, art. 145, II
3 – Contribuições de melhorias – CF, art. 145, III
4 – Empréstimos compulsórios – CF, art. 148
5 – Contribuições – CF, art. 149 e 195
6 – COSIP (custeio do sistema de iluminação pública) – CF, art. 149 A
 
                    Tributo Vinculado: quem pratica a conduta descrita na Hipótese de Incidência é o Estado. Fatos na esfera jurídica do Poder Público. Ex.: taxas e contribuição de melhoria.
 
                    Tributo Não Vinculado: quem pratica a conduta descrita na Hipótese de Incidência é uma pessoa privada. Fatos na esfera jurídica das pessoas privadas - particular. Ex.: impostos.
 
IMPOSTOS
 
Imposto é modalidade de tributo cuja HI descreve um fato não consistente em uma atuação estatal.
 
Não há contraprestação do Estado.
 
A base de cálculo mede o comportamento do contribuinte.
 
Classificação jurídica dos Impostos:
 
Federais (art. 153 e 154, CF):
- Imposto de Renda (IR)
- Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
- Imposto Territorial Rural (ITR)
- Imposto sobre Importações (II)
- Imposto sobre Exportações (IE)
- Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)
- Imposto sobre Grandes Fortunas
- Impostos de Competência Residual da União (art. 154, CF)
- Impostos Extraordinários (art. 154, CF)
 
Estaduais (art. 155, CF)
- Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)
- Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
- Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD)
 
Municipais (art. 156, CF)
- Imposto sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU)
- Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI)
- Imposto sobre Serviços (ISS)
 
Distritais (art. 155 e 147, CF) – os mesmos dos Estados e dos Municípios
 
Obs.: Territórios (art. 147, CF) - Pertencem à União. Podem ou não ser divididos em Municípios. Se forem divididos em Municípios, a União arrecada os impostos estaduais e os Municípios os municipais. No caso de não serem divididos em Municípios, os impostos estaduais e municipais são arrecadados pela União.
 
Classificação Econômica dos Impostos- Pessoais - alcançam as pessoas – Ex: IR
 
- Reais - alcançam as coisas (bens) – Ex: IPTU
 
Classificação dos Impostos quanto à repercussão tributária (transferência da carga econômica do tributo para uma terceira pessoa)
 
- Diretos – que não repercutem, ou seja, a carga econômica do tributo não é transferida. Quem suporta a carga econômica do tributo é o sujeito passivo, ou seja, quem tem o dever de pagar.
Ex: IPVA
 
- Indiretos – que repercutem, ou seja, a carga econômica do tributo pode ser transferida pelo sujeito passivo (contribuinte de direito) para uma terceira pessoa (contribuinte de fato).
Ex: ICMS
 
TAXAS
 
Taxa é a modalidade de tributo cuja HI descreve um comportamento consistente em uma atuação Estatal diretamente voltado ao contribuinte.
 
Art. 145, II, CF e art. 77 a 80, CTN.
 
A finalidade das taxas não é arrecadatória. Há uma contraprestação – retributividade. Só paga quem usa o serviço ou o tem à sua disposição. Todos os entes políticos podem instituir taxas na medida das suas atuações (União, Estados, Municípios e Distrito Federal).
 
A base de cálculo mede o comportamento do Estado, ou seja, mede o custo da prestação de serviço ou do ato de polícia.
 
As taxas não poderão ter a base de cálculo própria de imposto – art. 145, § 2º, CF e art. 77, parágrafo único, CTN.
 
Existem duas possíveis atuações estatais que permitem a instituição de taxa:
 
1 – Prestação de serviço público – Taxa de serviço
2 – Práticas de atos de polícia – Taxa de polícia
 
Taxa ≠ Tarifa
Taxa é uma modalidade de tributo. Submete-se ao regime jurídico tributário, obedecendo aos princípios da legalidade e anterioridade.
Tarifa é preço público, não é tributo. Submete-se ao regime jurídico de Direito Privado.
 
Os serviços públicos ou ato de polícia podem ser praticados de forma gratuita ou onerosa. É uma decisão política do Estado.
 
1 - Taxa de serviço
 
É a modalidade de tributo cuja HI descreve a prestação de um serviço público diretamente voltado ao contribuinte.
Não é todo e qualquer serviço público que pode ser cobrado.
O art. 145, II da CF exige que esse serviço seja específico e divisível.
 
Os serviços públicos podem ser:
 
- Universas e indivisíveis: são aqueles que alcançam a coletividade como um todo considerada. Alcançam um número indeterminado ou indeterminável de pessoas. Não são mensuráveis, não dá pra medir o quanto cada pessoa utiliza daquele serviço. Não permitem cobrança de taxa. Devem ser custeados pelas receitas gerais do Estado, mais especificamente por aquelas provenientes da arrecadação dos impostos. Ex: conservação e limpeza das vias públicas, iluminação pública, segurança pública.
 
- Específicos e divisíveis: são aqueles que alcançam as pessoas individualmente consideradas. Alcançam um número determinado ou determinável de pessoas. São mensuráveis, conseguimos medir quanto cada pessoa utilizou do serviço. Permitem a cobrança de taxas. Ex: fornecimento de água potável e esgoto, fornecimento de luz, fornecimento de gás, telefone.
 
Os serviços públicos ainda podem ser:
 
- fruídos: o serviço foi prestado e foi utilizado pelo contribuinte. Permitem a cobrança de taxa, desde que específicos e divisíveis.
 
- fruíveis: o serviço está disponível e é utilizável. Para permitir a cobrança de taxa ele deve ser específico e divisível e de utilização compulsória. Para tanto, é necessário que ele exista para proteger algum valor constitucional. Ex: água potável e esgoto - proteção da saúde pública. Se esses serviços estiverem disponíveis, mesmo o contribuinte não usando, deve pagar a respectiva taxa.
 
Portanto, conforme CF, para a cobrança de taxa é necessário que o serviço público seja específico e divisível e fruído ou fruível de utilização compulsória.
 
Taxa de conservação e limpeza tendo como base de cálculo o valor venal do imóvel
Para conservação e limpeza das vias públicas – é inconstitucional porque:
- Fere artigo 145, § 2º, CF – pois tem base de cálculo própria de imposto (IPTU);
- Fere artigo 145, II, CF – pois para cobrança de taxa o serviço deve ser específico e divisível e esse serviço é universal e indivisível.
 
Taxa de segurança pública
Seria cobrado R$2,50 na conta telefônica e serviria para aparelhar a polícia. Inconstitucional porque fere o artigo 145, II, CF, uma vez que segurança pública é serviço público universal e indivisível.
 
Taxa de iluminação pública
Inconstitucional porque iluminação pública é serviço público universal e indivisível – fere artigo 145, II, CF.
 
 
COSIP
A Emenda Constitucional 39/02 alterou a CF, incluindo o artigo 149, A, que permitiu a cobrança da COSIP pelos Municípios e Distrito Federal.
 
Taxa de pavimentação
Inconstitucional por que pavimentação não é serviço, é obra pública. A pavimentação permite a cobrança de contribuição de melhoria.
 
2 – Taxa de Polícia
 
É a modalidade de tributo cuja HI descreve um ato de polícia diretamente referido a alguém.
 
Poder de polícia é o conjunto de princípios e normas que disciplinam o exercício dos direitos à liberdade e à propriedade das pessoas, compatibilizando-os com o bem comum.
 
O ato de polícia também deve ser específico e divisível e deve ser efetivamente prestado para permitir a cobrança de uma taxa.
 
A utilização potencial não permite a cobrança dessa taxa.
 
Esta taxa, normalmente, é paga antes da prestação do serviço. O resultado não interessa. Se a licença não for autorizada, se o passaporte for negado, o valor pago não pode ser ressarcido. O que importa é que o ato foi realizado.
 
A Base de Cálculo deve ser o custo, importância necessária para remunerar o ente político pelas diligências efetuadas.
 
 
Questões:
1.                 Explique a classificação dos tributos em vinculados e não vinculados. Exemplifique.
2.                 O que são impostos diretos e indiretos? Dê um exemplo de cada.
3.                 Analise a constitucionalidade da taxa de conservação e limpeza das vias públicas calculada com base no valor venal do imóvel.
4.                 Os Territórios Federais têm competências tributárias próprias? Em caso afirmativo, qual (ais)?
5.                 De quem é a competência para tributar a prestação de serviços em nosso país? Por meio de qual(ais) imposto(s)?
Semana 4
 
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA 
 
Está previsto na CF, artigo 145, III e CTN, artigos 81 e 82.
 
A competência é federal, estadual, municipal ou distrital.
 
Só pode ser cobrada por obras públicas (toda construção, ampliação, reforma ou, manutenção de bem público ou incorporado ao patrimônio público). Obras privadas não autorizam o Poder Público a cobrar esse tributo.
 
É a modalidade de tributo cuja HI descreve uma atuação estatal indiretamente referida ao contribuinte. É um tributo indiretamente vinculado a uma atuação estatal.
 
A cobrança desse tributo só pode ocorrer se a obra pública realizada valorizar o imóvel do contribuinte. A valorização é fator intermediário entre a obra e a cobrança do tributo.
 
Deve haver causalidade entre a obra e a valorização, ou seja, a valorização deve ocorrer em função da obra para que seja autorizada a cobrança da contribuição de melhoria.
 
No caso de desvalorização causada pela obra realizada, cabe indenização ao proprietário.
 
A contribuição de melhoria deve ser paga depois da realização da obra pública.
 
O motivo dessa cobrança é para que se evite o enriquecimento sem causa.
 
Ela só pode ser exigida dos proprietários que tiverem seus imóveis valorizados pela obra pública.
 
O limite total é o quantum da valorização do imóvel e não existe limite individual.
 
No entanto, de acordo com o CTN, art. 81 e 82, a contribuição de melhoria pode ser cobrada antes da obra. Ela deve custear a obra, tendo como limite individual o valor total da obra pública.
 
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
 
Encontra-se previsto no artigo 148, CF e artigo 15, CTN.
 
É um tributo de competência somente da União.
 
Só pode ser instituído através de Lei Complementar e érestituível.
 
O artigo 148, CF, traz os dois pressupostos que permitem a instituição de empréstimo compulsório. São eles:
a – despesas extraordinárias decorrentes de guerra, ameaça de guerra e calamidade pública
b – investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
 
No caso dos empréstimos compulsórios, a destinação específica é relevante.
 
CONTRIBUIÇÕES
 
Estão previstos nos artigo 149 e 195, CF.
 
A destinação dos recursos é relevante.
 
É de competência exclusiva da União.
 
Os Estados, DF e Municípios também poderão cobrar contribuições para manutenção do sistema previdenciário dos seus servidores.
 
Tributos qualificados pela finalidade que deverão atingir.
 
As modalidades de contribuições estão no artigo 149, CF:
 
a - Intervenção no domínio econômico (CIDE) – INTERVENTIVAS – Ex.: combustíveis, telefonia
 
b – Interesse de categorias profissionais / econômicas – CORPORATIVAS – Ex.:contribuição sindical, anuidade da OAB
 
c – manutenção da seguridade social - SOCIAIS
Devidas pelo:
1. Empregador, empresa ou entidade a ela equiparada, incidente sobre:
- folha de salários e demais rendimentos – contribuição previdenciária do empregador
- receita ou faturamento – COFINS
- lucro – CSLL
2. Trabalhador – contribuição previdenciária do empregado
3. Receita de concursos de prognósticos
4. Importador de bens e serviços do exterior
 
 
Questões:
1.                 A “taxa de pavimentação” é constitucional? Explique.
2.                 Explique brevemente a contribuição de melhoria, indicando as principais divergências existentes acerca do tema.
3.                 O governo estadual, por meio da aprovação de lei ordinária, institui empréstimo compulsório com o objetivo de diminuir o poder aquisitivo da população. É constitucional a exigência? Explique.
4.                 O que são as contribuições previstas na Constituição Federal de 1988?
5.                 Quais as modalidades de contribuição existentes em nosso país? De um exemplo de cada.
 
Semana 5
Fontes do Direito Tributário
 
Fontes Materiais:
São os órgãos ou pessoas que criam o direito. Ex: Congresso Nacional
 
Fontes Formais:
São os instrumentos, meios utilizados pelos órgãos ou pessoas que criam o direito. Ex: a lei 5172 de 1966 - CTN
 
As fontes formais se dividem em:
 
- fontes formais primárias – inovam a ordem jurídica, é a lei em sentido amplo. São elas: CF e Emendas Constitucionais, Lei Complementar, Lei Ordinária, Lei Delegada, Medida Provisória, Decretos Legislativos e Resoluções.
 
- fontes formais secundárias – não inovam a ordem jurídica, são atos da administração interna. São elas: Instruções, Portarias, Circulares etc.
 
CF
princípios, espécies tributárias, competências tributárias, imunidades tributárias, conceito implícito de tributo, regra-matriz de incidência tributária genérica
 
Tudo isso limita muito o legislador infraconstitucional, que caso não observe as limitações, comete inconstitucionalidade.
 
Lei Complementar
Os tributos são criados, em regra, por Lei Ordinária, da pessoa política competente. Excepcionalmente são criados por Lei Complementar, cuja aprovação é mais difícil, pois necessita da maioria absoluta.
 
Lei Complementar pode criar:
- imposto de competência residual da União
- empréstimo compulsório
- outras contribuições sociais além daquelas previstas no art. 195 da CF (CF, art. 195, § 4º)
 
Outro papel importante é criar normas gerias de direito tributário – art. 146, III, CF.  O grande veículo introdutor de normas gerais no nosso sistema é o CTN. O CTN é uma lei ordinária editada em 1966. Em 1988 a CF exigiu que normas gerais de direito tributário fossem criadas por Lei Complementar, então, o CTN foi recepcionado pela CF de 1988, sem a natureza, mas com a força de Lei Complementar. Qualquer alteração no CTN, hoje, deve ser feita através de LC.
 
Lei Ordinária
Pode criar a maioria dos tributos, exceto aqueles que dependem de Lei Complementar.
 
Lei Delegada
Não pode criar tributo. Pode criar obrigação acessória
 
Medida Provisória
CF, art. 62, §2º - Medida Provisória que implique em instituição ou majoração de impostos, exceto o imposto de importação, imposto de exportação, IPI e IOF, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se for convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
 
Decreto Legistativo
Serve para ratificar o conteúdo de tratados ou convenções internacionais e convênios interestaduais.
 
Resolução
Ex.: CF, art. 155, §1º, IV.
 
 
Questões:
1.                 O que são fontes materiais e formais primárias e secundárias do direito tributário? Explique brevemente e exemplifique.
2.                 Qual o papel da Constituição Federal no direito tributário? Explique brevemente.
3.                 Os empréstimos compulsórios podem ser instituídos por meio de medida provisória? Explique e fundamente sua resposta.
4.                 Os tratados internacionais e os convênios celebrados entre os Estados são fontes do direito tributário? Explique sua resposta.
5.                 O imposto sobre a importação de produtos pode ter suas alíquotas alteradas mediante decreto do Presidente da República? Fundamente sua resposta.
 
Semana 6
Existência
É a entrada da norma no mundo jurídico – após a publicação.
 
Vigência - CTN, Art. 101 a 104
É o período de vida. Período em que a norma é obrigatória. Desde o início da sua obrigatoriedade e observância até a sua revogação, quando a lei deixa de existir no mundo jurídico.
 
Mesmas regras aplicáveis às leis em geral – LICC (CTN, art. 101)
 
No Espaço
 
Regra: Territorialidade – vigência no território da pessoa política (leis federais, estaduais, municipais, distritais)
 
Exceção: Extraterritorialidade – vigência fora do território da pessoa política (CTN, art. 102) – nos termos dos convênios / tratados ou convenções internacionais.
CTN, art. 103
 
No Tempo
 
LICC, art. 1º – 45 dias após a publicação
                     Na data estabelecida
                  No exterior – 3 meses depois
 
LICC, art. 2º – até que outra lei a modifique ou revogue
                     Temporária (Ex.: CPMF)
                                                       
“vacatio legis” – intervalo eventualmente existente entre a publicação da lei e sua entrada em vigor.
 
LICC, art. 2º, § 3º - não há repristinação
 
Respeito ao princípio da anterioridade tributária – CF, art. 150, III, b e c (CTN, art. 104)
 
Eficácia
 
JURÍDICA – aptidão para, em maior ou menor grau, produzir efeitos (estado latente)
 
SOCIAL (efetividade) – efetiva aplicação e observância da norma pelo meio social que ela pretende regular. Momento posterior à eficácia jurídica
 
Uma norma pode ter eficácia jurídica, mas não eficácia social
 
Não existe norma sem eficácia. Ela sempre tem um mínimo de eficácia.
 
Aplicação - CTN, Art. 105 e 106
 
Regra: uma lei só se aplica aos fatos ocorridos após a sua entrada em vigor – princípio da irretroatividade (CF, art. 150, III, a e CTN, art. 105 e 144)
 
Exceção: Retroatividade (CTN, art. 106)
Há fatos que se iniciam quando está em vigor uma lei e se concluem quando está em vigor outra (FATOS GERADORES PENDENTES) – aplica-se a lei nova x Ives Gandra – aplica-se a lei anterior por força do princípio da irretroatividade
 
Da eficácia decorre a aplicabilidade
Uma norma eficaz é imediatamente aplicável nos limites da sua eficácia
 
Existem normas AUTO-APLICÁVEIS e outras que NÃO AUTO-APLICÁVEIS (que dependem de regulamentação).
 
Todas as normas, independentemente de serem ou não auto-aplicáveis, são dotadas de aplicabilidade (são aplicáveis).
 
Se forem aplicáveis é porque são dotadas de eficácia jurídica e/ ou social.
 
Toda norma, ainda que nunca tenha sido aplicada, é dotada de eficácia.
 
Validade
 
Norma elaborada conforme o procedimento estabelecido para ela e elaborada pelo órgão competente
 
Com relação à CF – compatibilidade FORMAL e MATERIAL (conteúdo)É diferente de Legitimidade – com relação aos atos administrativos exige-se uma conformidade com o interesse público.
 
 
Questões:
1.                 Quando entra em vigor uma norma jurídica tributária?
2.                 Quando uma torna jurídica tributária que institui ou aumenta um tributo começa a ser eficaz?
3.                 Uma norma jurídica tributária pode alcançar fatos já ocorridos? Explique sua resposta.
4.                 O que são os chamados “fatos geradores pendentes”?
5.                 Uma norma jurídica tributária pode ter vigência fora do território da pessoa política tributante? Explique.
Semana 7
Princípios constitucionais tributários
 
Princípio: regra básica, implícita ou explícita, que, por sua generalidade, ocupa uma posição de destaque no mundo do direito e, por isso mesmo, vincula o entendimento e a aplicação das normas jurídicas.
 
- Explícitos – enunciados claramente
- Implícitos – sua percepção e isolamento dependem de um esforço indutivo
- Gerais – valem para todo o ordenamento
- Específicos – valem para determinado ramo do direito
 
1 - Princípio da Igualdade
 
Art. 5º, caput, CF e art. 150, II, CF
 
Todos são iguais perante a lei. A lei tributária deve tratar de maneira igual os contribuintes que se encontram na mesma situação e de maneira desigual aqueles que se encontram em situação diferente.
 
O princípio da igualdade comporta os seguintes desdobramentos:
 
a – Progressividade: Alíquotas diferentes para situações diferentes (valor – progressividade fiscal – ou outro critério – progressividade extrafiscal). Ex: alíquotas maiores para imóveis mais valiosos e alíquotas menores para imóveis menos valiosos.
 
É diferente de proporcionalidade: uma única alíquota para todos. Ex: todos os proprietários de imóveis pagarão 1% de IPTU sobre o valor do imóvel
 
Em que pese a existência de divergências doutrinárias e jurisprudenciais sobre o tema, sustentamos que a justiça fiscal só se alcança com a utilização da progressividade.
 
STF – a progressividade só é permitida quando previstos expressamente no texto constitucional.
 
Casos em que a CF prevê progressividade:
- IPTU – art. 156, § 1º
- IR – art. 153, § 2º, I
- ITR – art. 153, § 4º, I
- IPVA – art. 155, § 6º, II
- CIDE sobre combustíveis – art. 177, § 4º, I, a
 
OBS.: Não há previsão expressa de progressividade na CF para o ITBI – (Súmula 656, STF) nem para o  ITCMD.
 
b – Seletividade: Está ligada à essencialidade da mercadoria, do produto e dos serviços, ou seja, quanto mais essencial, menor o valor a ser exigido a título de imposto.  Aplica-se para o IPI – art. 153, § 3º, I, CF e ICMS – art. 155, § 2º, III, CF.
 
 
2 – Princípio da Legalidade
 
Art. 5º, II, CF e art. 150, I, CF.
Ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer senão em virtude de lei. Nenhum contribuinte é obrigado a pagar um tributo sem que haja lei prevendo a sua cobrança.
 
Aplica-se também para seu aumento, diminuição, isenção, parcelamento, criação de obrigações acessórias, previsão de infrações e as respectivas sanções etc.
 
Exceções:
- art. 153, § 1º, CF – as alíquotas do II, IE, IPI, IOF podem ser alteradas por decreto presidencial
 
- art. 155, § 1º, IV, CF – para o ITCMD o Senado fixará a sua alíquota máxima
 
- art. 155, § 2º, IV, V, CF – resolução do senado pode tratar da alíquota do ICMS
 
- art. 177, § 4º, I, b, CF – decreto presidencial pode reduzir e restabelecer alíquota da CIDE sobre combustível
 
3 – Princípio da Anterioridade
 
Art. 150, III, b e c, CF
 
“b” – proíbe a cobrança do tributo no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou
 
“c” – é necessário respeitar um intervalo “mínimo’ de 90 dias entre a publicação da lei e o início de sua cobrança.
 
Em matéria tributária, toda lei que criar ou aumentar tributo fica com sua eficácia paralisada até o próximo exercício financeiro. O motivo é a não surpresa do contribuinte, ou seja, permitir que o contribuinte se organize, preparando-se para pagar o tributo ou evitando a ocorrência do fato imponível.
 
Exceções: art. 150, § 1º, CF
 
As exceções da alínea “b” não são as mesmas da alínea “c”, rigorosamente.
 
Se a exceção for à alínea “B”, será possível a cobrança do tributo no mesmo exercício financeiro.
 
Se a exceção for à alínea “c”, não será necessário respeitar o intervalo de 90 dias.
 
Anterioridade especial ( mitigada ou nonagesimal)
Art. 195, § 6º.
As contribuições sociais só poderão ser exigidas após decorridos 90 dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado.
 
 
Não se confunde com o Princípio da Anualidade – os tributos só podem ser exigidos se houver previsão na lei orçamentária anual. Existem divergências acerta da sua atuação aplicação.
 
 
4 – Princípio da Capacidade Contributiva
 
Art. 145, § 1º, CF
Está relacionado à capacidade econômica do contribuinte.
 
É uma capacidade objetiva – pouco importa a situação do contribuinte, basta que ele pratique o fato imponível para ter que pagar o tributo.
 
Condições individuais não são levadas em conta.
 
A demonstração de riqueza implica em uma presunção de disponibilidade econômica.
 
5 – Princípio da Proibição de Confisco
 
Art. 150, IV, CF
 
Confisco: privação coativa dos bens de alguém.
 
A tributação não pode ser confiscatória.
 
Podemos ter tributações confiscatórias na cobrança de alíquotas excessivamente altas, na violação dos princípios constitucionais etc.
 
 
6 – Princípio da Irretroatividade
 
Art. 150, III, a, CF e art. 144, CTN.
 
A irretroatividade impede que a lei alcance fatos imponíveis ocorridos antes de sua entrada em vigor.
 
Exceções: art. 106, CTN – a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, por exemplo:
I – quando seja expressamente interpretativa.
 
II – quando lhe comine penalidade (multa) menos severa.
 
7 – Princípio da Uniformidade Geográfica
 
Art. 151, I, CF
 
Os tributos federais devem ser uniformes em todo território nacional, ou seja, as alíquotas devem ser iguais, pouco importando o local onde o fato imponível ocorreu.
 
Exceção: O tributo pode ter alíquotas diferentes quando for para promover equilíbrio entre as diferentes regiões do país.
 
8 – Princípio da Não Discriminação Tributária em Razão da Procedência ou Destino dos Bens
 
Art. 152, CF
 
Proíbe gradação dos tributos com base nesses fatores.
 
 
9 – Princípio da Não Cumulatividade Tributária
 
Permite que o valor devido na operação anterior seja abatido do valor a ser pago na operação seguinte.
Se aplica apenas a alguns tributos. Ex.: IPI, ICMS, impostos de competência residual da União etc.
 
Princípios Implícitos
 
1 – Princípio da Vinculabilidade da Tributação
A tributação consiste em uma atividade administrativa plenamente vinculada.
 
2 – Princípio da Territorialidade da Tributação
 
Determina que os agentes políticos podem apenas tributar os fatos ocorridos nos seus respectivos territórios.
 
 
3 – Princípio da Indelegabilidade das Competências Tributárias
 
As competências tributárias são intransferíveis. O ente político que recebeu a competência não pode delegar à outro ente.
 
A capacidade tributária ativa (cobrança e recebimento) pode ser delegada.
 
 
Questões:
1.                 Explique o princípio da seletividade tributária. Dê um exemplo de tributo ao qual ele se aplica.
2.                 Explique a progressividade no Direito Tributário. De acordo com o STF, ela é aplicável para quais tributos? Fundamente sua resposta.
3.                 Indique a partir de quando poderão ser exigidos os seguintes tributos: (2 PONTOS)
a.                 Imposto sobre a renda (IR) com alíquota majorada por lei publicada e em vigor em 31/12/2008
b.                 Imposto sobre produtos industrializados (IPI) com alíquota majorada por lei publicada e em vigor em 02/06/2008
c.                 Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) com base de cálculo majorada por lei publicadae em vigor em 12/11/2008
d.                 Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) com alíquota majorada por lei publicada e em vigor em 12/11/2008
4.                 A lei tributária é aplicável a fatos pretéritos? Explique sua resposta.
5.                 O imposto sobre operações financeiras – IOF pode ter suas alíquotas alteradas mediante decreto do Presidente da República? Fundamente sua resposta.
 
Semana 8
Competência Tributária
 
Competência Tributária – aptidão para criar, “in abstracto”, tributos, descrevendo, legislativamente, todos os critérios da Regra-Matriz de Incidência Tributária.
 
Competência tributária é a aptidão não apenas para criar, mas também para aumentar, diminuir, suprimir, parcelar, anistiar tributos etc.
 
Encontram-se na CF.
 
Quem a detem são as pessoas políticas - União, Estados, Municípios, Distrito Federal
 
São rígidas e exaustivas.
 
Características:
1                     Privatividade (X CF, art. 154, II)
2                     Incaducabilidade (X IPMF – EC n3/93 – LC 77/93)
3                     Facultatividade de exercício – CTN, art. 8
4                     Irrenunciabilidade
5                     Inalterabilidade
6                     Indelegabilidade – CTN, art. 7
 
Privatividade
Toda competência tributária é privativa – cada ente político tem suas próprias competências tributárias (exclusiva). Exceção: art. 154, II, CF: em caso de guerra ou ameaça de guerra a União pode interferir nos tributos dos Estados, Municípios e Distrito Federal. Portanto, em última análise, os únicos tributos totalmente privativos seriam os da União.
 
Incaducabilidade
Não há prazo para a instituição dos tributos. O não exercício da competência tributária, ainda que prolongado no tempo, não impede que o ente político competente, a qualquer tempo, institua o tributo. Exceção: IPMF e CPMF.
 
Facultatividade de Exercício
O ente político que recebeu a competência pode ou não exercitá-la, instituindo o tributo por meio de lei. Exceção: ICMS.
 
Irrenunciabilidade
O ente político competente não pode abrir mão, definitivamente, da competência haurida no texto constitucional.
 
Inalterabilidade
As competências tributárias não podem ser alteradas pelos entes políticos que as receberam.
 
Indelegabilidade
As competências tributárias são intransferíveis, um ente político não pode delegá-la a outro. Somente a capacidade tributária ativa (arrecadação) é que pode ser delegada a outro ente político.
 
 
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA X CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA
 
	COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
	CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA
	Direito de criar tributos
	Possibilidade de arrecadar tributos (ser sujeito ativo da obrigação tributária)
	Plano constitucional
	Plano legal
	Indelegável
	Delegável
	Pessoas políticas
	Pessoas políticas ou 3ª pessoa
 
 
Parafiscalidade: é a delegação da capacidade tributária ativa que um ente político competente, por meio de lei, faz à uma terceira pessoa, de direito público ou de direito privado perseguidora de finalidades públicas, que fica com o produto da arrecadação para a consecução dos seus objetivos.
 
Contribuições parafiscais é o nome dos tributos que sofrem o fenômeno da parafiscalidade.
 
 
Questões:
1.                 Aponte duas diferenças entre a competência tributária e a capacidade tributária ativa.
2.                 Indique duas características das competências tributárias, explicando brevemente.
3.                 Qual o nome dado à delegação da capacidade tributária ativa que a pessoa política pode fazer por meio de lei? Dê um exemplo.
4.                 A privatividade das competências tributárias admite alguma exceção? Explique.
5.                 A incaducabilidade das competências tributárias admite alguma exceção? Explique.
Semana 9
 Imunidades tributárias
 
Previstas na CF, auxiliam a demarcar as competências tributárias no seu sentido negativo, fixando a incompetência das pessoas políticas para criar tributos para certas pessoas, seja em função de sua natureza jurídica, seja porque relacionadas com determinados fatos, bens ou situações.
 
Dirigem-se ao legislador ordinário, que deve respeitá-la quando for editar a regra-matriz de incidência tributária, não podendo colocar certas pessoas como sujeitos passivos de obrigações tributárias.
 
É toda hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada.
 
Imunidades são amplas e indivisíveis, não podendo ser restringidas pelo legislador infraconstitucional (complementar ou ordinário), pelo juiz ou pelo agente fiscal, sob pena de inconstitucionalidade.
 
Isenção, ao contrário, atua no campo do exercício da competência tributária, portanto, em momento posterior. É hipótese de não incidência legalmente qualificada.
São, em princípio, revogáveis. Deve-se respeitar apenas o princípio da anterioridade.
 
O legislador infraconstitucional pode, quando muito, explicitar o que está implícito na CF, como ocorre com o CTN nos seus artigos que tratam das imunidades (9°, §§ 1° e 2°, 12, 13 e 14), já que a matéria foi esgotada pela CF. Não podem, em hipótese nenhuma, reduzir o conjunto de normas imunizantes.
 
Emenda Constitucional não pode anular ou restringi-las, nem mesmo para evitar a sonegação. Trata-se de direito constitucional dos contribuintes, cláusula pétrea.
 
A imunidade ocorre antes da incidência.
 
As imunidades são decorrência natural dos grandes princípios constitucionais tributários, tais como a igualdade, capacidade contributiva, livre difusão da cultura e do pensamento, proteção à educação etc. Ex: imunidades aos livros.
 
Alcançam, em princípio, quaisquer tributos: Impostos, Taxas e Contribuição de Melhoria.
 
Não dispensam o cumprimento dos deveres instrumentais ou obrigações acessórias.
 
IMUNIDADE E ISENÇÃO
 
Pontos em comum:
 
1 – são regras de estrutura – que estabelecem a incompetência para tributar;
2 – só fazem sentido combinadas com outra regra – a que atribui competência tributária no caso da imunidade e a regra-matriz no caso da isenção;
3 – podem ter por objeto quaisquer espécies de tributo;
4 – são justificadas pela perseguição de fins constitucionais.
 
Diferenças:
 
	 
IMUNIDADE
	 
ISENÇÃO
	Norma constitucional impeditiva da existência de competência tributária em relação a certas pessoas, situações ou bens
	Norma infraconstitucional impeditiva da atuação da HI por ir de encontro a um ou mais critérios desta
	Norma constitucional
	Norma infraconstitucional
	Plano da definição da competência tributária
	Plano do exercício da competência tributária
	Eliminação somente pelo Poder Constituinte Originário
	Eliminação pelo legislador infraconstitucional, restabelecendo-se a eficácia da lei instituidora do tributo, observados os princípios pertinentes
	Não ocorre o fato imponível por não existir possibilidade de formulação da HI
	Não ocorre o fato imponível porque o legislador competente para formular a HI impediu a sua atuação em relação a certo sujeito ou objeto
 
 
São casos de imunidade tributária:
 
                   TAXAS DE SERVIÇO:
 
1)                 art. 5°, XXXIV, “a” e “b” (direito de petição e obtenção de certidões);
2)                 art. 5°, LXXIII (ação popular);
3)                 art. 5°, LXXIV (assistência jurídica);
4)                 art. 5°, LXXVI, “a” e “b” (registro civil e certidão de óbito);
5)                 art. 5°, LXXVII (“ábeas corpus” e “ábeas data”);
6)                 art. 203, “caput” (assistência social);
7)                 art. 208, I (ensino fundamental obrigatório);
8)                 art. 226, §1° (celebração do casamento civil);
9)                 art. 230, §2° (transporte coletivo urbano para os maiores de 65 anos).
 
                   IMPOSTOS:
10)             art. 150, VI, “a” – imunidade recíproca das pessoas políticas;
11)             art. 150, VI, “b” – templos de qualquer culto;
12)             art. 150, VI, “c” – partidos políticos e suas fundações, entidadessindicais dos trabalhadores e instituições de educação e assistência social;
13)             art. 150, VI, “d” – livro, jornal, periódico e papel destinado à sua impressão;
14)             art. 150, §2° – autarquias e fundações públicas;
15)             art. 153, §3°, III – são imunes à tributação por meio de IPI as exportações de produtos industrializados;
16)             art. 153, §4° – são imunes à tributação por meio de ITR os proprietários de pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore os proprietários que não possuam outro imóvel;
17)             art. 155, §2°, X, “a” – são imunes à tributação por meio de ICMS a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior;
18)             art. 155, §2°, X, “b” – são imunes à tributação por meio de ICMS as operações envolvendo petróleo e energia elétrica que circulem de um Estado para outro;
19)             art. 155, §2°, X, “c” – são imunes à tributação por meio de ICMS as operações com ouro, desde que utilizado como ativo financeiro (moeda);
20)             art. 155, §2°, X, “d” – são imunes à tributação por meio de ICMS as prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita;
21)             art. 155, §3° – são imunes ao pagamento de outros impostos além do ICMS, II e IE as operações relativas à energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais;
22)              art. 156, II – são imunes à tributação por meio de ITBI as pessoas que realizam hipotecas e anticreses;
23)             art. 156, §2°, I – imunidade ao pagamento de ITBI;
24)             art. 184, §5° – são IMUNES ao pagamento de impostos as operações de transferência de imóveis desapropriados para reforma agrária.
 
                   CONTRIBUIÇÕES:
24)              art. 195, §7º - são IMUNES ao pagamento de contribuições sociais as entidades assistenciais;
25)             art. 149, §2° – são imunes ao pagamento das CIDES as                  receitas decorrentes de exportação;
26)             ADCT, art. 85 – imunidade ao pagamento de CPMF.
 
 
Questões:
1.                 Qual a diferença existente entre as isenções e as imunidades tributárias?
2.                 A hipótese de não incidência prevista no art. 198, §7º da Constituição é caso de imunidade ou isenção? Explique.
3.                 Explique a chamada “imunidade recíproca”.
4.                 As imunidades se aplicam todas as espécies tributárias? Explique brevemente sua resposta.
5.                 As imunidades tributárias dispensam o cumprimento das obrigações acessórias?
 
Semana 10
 
Estrutura da norma jurídica tributária / Aspectos da regra-matriz de incidência tributária
 
Plano Normativo e Plano fenomênico
 
Plano normativo: normas jurídicas - contêm as hipóteses de incidência (HI) e o conseqüente tributário (CT).
 
Plano fenomênico: encontramos fatos e relações jurídicas tributárias.
 
Quando ocorre um fato (fato imponível) que se encaixa na Hipótese de Incidência descrita na lei, temos o surgimento de um tributo (relação jurídica tributária).
 
Regra Matriz de Incidência Tributária - é a norma jurídica que cria um tributo.
 
Estrutura da Regra Matriz de Incidência Tributária:
 
HI (hipótese de Incidência) + CT (conseqüente tributário).
 
Critérios da Regra Matriz de Incidência Tributária:
 
HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA:
 
a)                 Descrição legal do comportamento tributável de alguém – critério material.
b)                 Descrição legal do instante em que a lei considera ocorrido o fato – critério temporal.
c)                 Descrição legal do local onde deve acontecer o comportamento tributável – critério espacial.
 
CONSEQUENTE TRIBUTÁRIO:
 
d)                 Indicação legal dos sujeitos (ativo e passivo) da relação – critério pessoal.
e)                 Descrição legal do objeto da relação (base de calculo, alíquota) – critério quantitativo.
 
O legislador deve sempre, ao instituir um tributo, informar de forma expressa ou implícita, os 5 critérios da Regra Matriz de Incidência Tributária, sob pena de não ter instituído o tributo validamente.
 
 
Questões:
1.                 O que é a regra-matriz de incidência tributária?
2.                 O que é hipótese de incidência?
3.                 O que é fato imponível?
4.                 O que é obrigação tributária?
5.                 Escolha um imposto e construa a sua regra-matriz de incidência tributária.
 
Semana 11
 Responsabilidade Tributária
 
Capacidade tributária passiva
 
É a capacidade para ser sujeito passivo, devedor do tributo, ter o dever jurídico de entregar certa importância em dinheiro para o sujeito ativo.
 
A lei indica quem vai ocupar o pólo passivo, normalmente, de forma explicita.
 
Em princípio, a lei pode indicar qualquer pessoa para ser sujeito passivo, mas a Constituição Federal traz os limites para a indicação do sujeito passivo. Na CF o sujeito passivo está indicado de forma implícita (destinatário constitucional tributário).
 
Art. 126, CTN – a capacidade tributária passiva não depende:
I – da capacidade civil das pessoas naturais
II – da pessoa natural encontrar-se sujeita a medidas que importem privação/ limitação do exercício de atividades civis, comerciais ou profissionais, ou da administração direta de seus bens ou negócios
III – da regularidade da constituição da pessoa jurídica
 
 
Classificação do Sujeito Passivo
 
Art. 121, parágrafo único, CTN:
 
I-                  Direto (contribuinte) – paga o tributo a título próprio, em seu nome e com seu dinheiro. É quem tem o patrimônio diminuído.
 
II-               Indireto (responsável) – é uma terceira pessoa quem paga tributo alheio, em nome e por conta do sujeito passivo direto (de quem praticou o Fato Imponível). É necessário haver pronto ressarcimento.
 
O Sujeito Passivo Indireto pode ser por:
 
a- Substituição: a lei, desde logo, elege outra pessoa, diversa daquela que realizou o fato imponível, como responsável pelo pagamento do tributo. Ex: IR na fonte.
 
b- Transferência: o dever de pagar o tributo nasce na pessoa do contribuinte e desloca-se pra a pessoa do responsável. Ex: IPTU não recolhido pelo proprietário anterior.
 
A transferência pode ser por:
 
– Solidariedade: art. 124 e 125, CTN – duas ou mais pessoas são responsáveis pelo recolhimento do mesmo tributo.
 
– Sucessão: art. 129 a 133, CTN – o primitivo devedor tributário desaparece, deixando quem lhe faça juridicamente as vezes (ou é desprezado).
 
- Responsabilidade Legal: art. 134, CTN – a pessoa que tinha o dever jurídico de zelar para que o contribuinte recolhesse o tributo não o faz e, em virtude dessa omissão, o pagamento não se perfez, acarretando a essa pessoa o dever de, em um primeiro momento, suportar o pagamento do tributo.
Questões:
1.                 Explique a diferença existente entre a sujeição passiva direta e a indireta. Dê um exemplo de cada.
2.                 Diferencie o contribuinte de fato e o contribuinte de direito. Dê um exemplo de cada.
3.                 Uma criança de seis anos que herdou um imóvel pode ocupar o pólo passivo da relação jurídica tributária do IPTU? Fundamente sua resposta.
4.                 Pessoa natural adquire de outra um estabelecimento comercial e continua a explorá-lo, cessando toda atividade empresarial do vendedor. Quem responde pelos tributos relativos ao estabelecimento, devidos até a data da aquisição? Como ficaria a resposta se o estabelecimento tivesse sido adquirido na hipótese de alienação judicial em processo de falência? Qual a modalidade de sujeição passiva em questão? Explique e fundamente sua resposta.
5.                 Aponte dois efeitos da solidariedade no Direito Tributário.
 
Semana 12
Lançamento Tributário
 
Crédito Tributário: direito subjetivo de que está investido o sujeito ativo de exigir o objeto da obrigação tributária do sujeito passivo.
 
Débito tributário: dever jurídicoque o sujeito passivo tem de entregar certa importância em dinheiro ao sujeito ativo.
 
O crédito tributário constitui-se (nasce) com o fato imponível.
 
No entanto, de acordo com o artigo 142 do CTN, ele constitui-se com o lançamento tributário.
 
Entendemos que, por ocasião do fato imponível, surge um débito e um crédito ilíquido, incerto e inexigível. O Lançamento daria liquidez, certeza e exigibilidade ao crédito e ao débito tributários.
 
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO:
 
É o ato jurídico administrativo, da categoria dos simples, modificativos ou assecuratórios e vinculados mediante o qual se declara o acontecimento do fato jurídico tributário, se identifica o Sujeito Passivo da obrigação correspondente, se determina a base de cálculo e a alíquota aplicável, formalizando o crédito e estipulando os termos de sua exigibilidade.
 
Modalidades de lançamentos:
 
1)                 Direto ou de ofício: art. 149, CTN - feito exclusivamente pelo Fisco.
2)                 Misto ou por declaração: art. 147, CTN - realizado pelo Fisco e pelo contribuinte.
3)                Por homologação ou autolançamento: art. 150, CTN – feito exclusivamente pelo contribuinte. Nessa modalidade, o sujeito passivo antecipa o pagamento do tributo e aguarda a homologação (expressa/ tácita) da Fazenda Pública.
 
Alteração do lançamento tributário
 
O artigo 145 do CTN trata das hipóteses em que o lançamento, devidamente notificado ao sujeito passivo poderá ser modificado:
 
a) impugnação do sujeito passivo
b) recurso de ofício
c) iniciativa da própria autoridade administrativa – trata-se aqui da revisão de ofício, cujas hipóteses são previstas no art. 149 do CTN. Nestes casos independentemente de qualquer impugnação do sujeito passivo, a Administração pode rever o lançamento efetivado.
 
 
Finalizando, conforme o art. 149, parágrafo único do CTN, a revisão do lançamento só pode ser feita enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública, ou seja, desde que não tenha ocorrido a decadência do direito de lançar.
 
 
Questões:
1.                 Quando nasce o crédito tributário? Indique eventuais divergências existentes entre a doutrina e o Código Tributário Nacional.
2.                 A qual(ais) modalidade(s) de lançamento pode ser sujeitar o Imposto sobre a Renda? Explique sua resposta.
3.                 A qual(ais) modalidade(s) de lançamento pode ser sujeitar o ICMS? Explique sua resposta.
4.                 .Qual a lei aplicável para a efetivação do lançamento?
5.                 É possível a alteração ou a revisão do lançamento? Ela pode ser feita a qualquer momento?

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