Buscar

Penal 24 Material completo de Direito Penal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 206 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 206 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 206 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Direito Penal 
Prof. Rogério Sanches
Aula 1 (28 de janeiro de 2009)
INTENSIVO 1 (20 aulas)
• Teoria Geral do Direito Penal
• Teoria Geral do Delito
• Consumação/Concurso de Pessoas/Conflito de Normas
INTENSIVO 2
• Teoria Geral da Pena
• Penal Especial (15 aulas)
INTENSIVO 3
• Novidades
Bibliografia
Cesar Roberto Bittencourt
Rogério Greco (fácil)
Coleção Ciências Criminais
• Vol 1: LFG (Princípios)
• Vol 2: LFG (Parte Geral do Direito Penal)
• Vol 3: Rogério (Parte Especial)
• Vol 4: Valério (Pacto de San José)
• Vol 5: LFG (Criminologia)
DIREITO PENAL (conceito e finalidades)
Sob o aspecto formal, o Direito Penal é o conjunto de normas que 
qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, 
define seus agentes e fixa as sanções a ser-lhes aplicadas.
Sob o enfoque sociológico, o Direito Penal é mais um instrumento (ao 
lado dos outros ramos do Direito) do controle social de 
comportamentos desviados, visando assegurar a necessária disciplina 
social (Missão do Direito Penal).
Finalidades do Direito Penal – Conceito Sociológico
• Teoria do Funcionalismo-Teleológico
• Teoria do Funcionalismo-Sistêmico
Funcionalismo: trabalha com o conceito sociológico, ou seja, discute a 
missão do Direito Penal.
1
• Para os Funcionalistas-teleológicos (ROXIN), a missão do Direito 
Penal é assegurar bens jurídicos, valendo-se das medidas de 
política criminal.
• Já para os Funcionalistas-sistêmicos (JAKOBS), a missão do 
Direito Penal é somente resguardar a norma, assegurar o 
sistema, proteger o direito posto, atrelado aos fins da pena.
Direito Penal Objetivo Direito Penal Subjetivo
Conjunto de leis penais vigentes 
no país.
Direito de punir do Estado.
Os Direitos Penais Objetivo e Subjetivo estão umbilicalmente ligados, 
pois o Direito Penal Objetivo é expressão do Poder Punitivo estatal.
O Direito Penal Subjetivo é um monopólio estatal.
• Exceções
o Estatuto do índio (Lei 6.001/73), art. 57: respeitando a 
dignidade da pessoa humana.
Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com 
as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os 
seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, 
proibida em qualquer caso a pena de morte.
o Tribunal Penal Internacional: o Brasil abriu mão de parcela 
de sua soberania.
• A legítima defesa e a ação penal de iniciativa privada não são 
exceções ao monopólio estatal ao direito de punir.
O Direito Penal Subjetivo é condicionado por 3 limitações ou 
condicionantes:
• Temporal: Prescrição.
• Espacial: Princípio da Territorialidade (em regra só se aplica a 
lei penal brasileira no território brasileiro).
• Modal: princípio da dignidade da pessoa humana.
FONTES DO DIREITO PENAL
Conceito: lugar de onde vem e como se revela a norma jurídica penal.
1 – Fonte Material (fonte de produção)
• Ente encarregado de criar norma penal.
• Art. 22, I, CF: o ente é a União, porém os estados podem desde 
que haja interesse e legislando sobre questões específicas (art. 
22, parágrafo único).
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, 
aeronáutico, espacial e do trabalho;
2
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar 
sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
2 – Fontes Formais (fontes de revelação)
• Processo de exteriorização.
• Imediatas: Lei (só a lei cria crime e comina pena)
• Mediatas: Costumes e Princípios Gerais do Direito.
2.1. Costumes
• Comportamentos uniformes e constantes pela convicção de sua 
obrigatoriedade e necessidade jurídica.
• Não existe costume incriminador (não cria crime, contravenção, 
medida de segurança, nem comina pena).
*Costume revoga crime? (3 correntes)
• 1ª Corrente: O costume pode revogar crime e pode revogar 
pena, desde que a norma perca a sua eficácia social (a 
sociedade já não mais encara o comportamento como 
indesejado).
• 2ª Corrente: O costume, apesar de não revogar infração penal, 
impede sua aplicação quando perde a eficácia social.
• 3ª Corrente: enquanto não revogada por outra lei, a lei penal 
permanece vigente, podendo ser aplicada. Baseia-se na Lei de 
Introdução ao Código Civil. É a mais aceita.
*O Costume Interpretativo é bem vindo no Direito Penal (aquele que 
nada cria ou revoga, mas que aclara os preceitos legais.
• “Mulher Honesta”: expressão que não mais está expressa no 
Código Penal, mas no tipo do art. 218 do CP (corrupção de 
menores) é essencial o conceito de honestidade.
o Art. 218 - Corromper ou facilitar a corrupção de pessoa maior de 14 
(catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, com ela praticando ato de 
libidinagem, ou induzindo-a a praticá-lo ou presenciá-lo:
• Art. 155 : “repouso noturno” no furto (o costume local é que 
dirá o que é “repouso noturno”.
o Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante 
o repouso noturno.
É perfeitamente possível no Direito Penal o uso do costume 
secundum legis, atuando dentro dos limites do tipo penal. Cuida-se 
mais de um costume interpretativo, adequando-se o tipo às 
exigências éticas coletivas.
2.2. Princípios gerais do direito
• Direito que vive na consciência comum de um povo.
3
Fontes Formais
Antes da EC 45/2004 Depois da EC 45/2004
1) Imediata
• Lei
2) Mediatas
• Costumes
• Princípios Gerais do 
Direito.
1) Imediatas
• Lei (única capaz de regular 
infração e sanção penal);
• CF/88;
• Tratados Internacionais de 
Direitos Humanos (TIDH);
• Jurisprudência (Súmulas 
Vinculantes)
2) Mediata
• Doutrina
3) Informais
• Costumes
Tratados Internacionais de Direitos Humanos
• Após a EC 45/2004
o Quando ratificados com quorum especial: status 
constitucional.
o Quando ratificados de forma comum: status supra-legal 
(STF).
Lei que afronta a Constituição: sujeita ao “controle de 
constitucionalidade”.
Lei que afronta tratado supra-legal: sujeita ao “controle de 
convencionalidade”.
Controle de Constitucionalidade Controle de Convencionalidade
1) Lei que afronta a CF ou 
Tratado de DH ratificado de 
forma especial.
2) Pode ser feito de forma 
Difusa ou Concentrada 
(STF)
1) Lei que afronta TIDH 
ratificado de forma comum.
2) Feito de forma apenas 
difusa.
Obs: Texto de LFG sobre o tema: 
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12241
3 – INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
• Interpretar: explicar o sentido da palavra, texto ou lei.
3.1. Interpretação quanto ao sujeito (quanto à origem)
• Autêntica ou Legislativa
• A interpretação é dada pela própria lei. Ex: conceito de 
“funcionário público” (CP, art. 327).
4
i. Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos 
penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, 
exerce cargo, emprego ou função pública.
ii. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, 
emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha 
para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada 
para a execução de atividade típica da Administração Pública.
• Doutrinária ou Científica
• Feita pelos estudiosos do Direito.
• Jurisprudencial
• Feita pelos tribunais quando decidem copiosamente de 
determinada maneira.
• Pode ser vinculante (Súmulas Vinculantes: já existe mais 
de uma dezena).
*Exposição de Motivos é que tipo de interpretação?
• Do CP: é doutrinária, pois foi feita pelos doutos que 
participaram do ante-projeto.
• Do CPP: é legislativa, pois é feita por lei.
3.2. Interpretação quanto ao modo
• Literal ouGramatical
o Leva em conta o sentido literal das palavras.
• Teleológica
o Indaga-se da intenção objetivada pela lei.
• Histórica
o Procura-se a origem da lei.
• Sistemática
o A lei é interpretada com o conjunto da legislação.
3.3. Interpretação quanto ao resultado (é a que mais cai em 
concurso)
• Declarativa
o A letra da lei corresponde àquilo que o legislador quis 
dizer (Letra da lei = Intenção do legislador)
• Restritiva
o Reduz-se o alcance da expressão legal para chegar à 
intenção do legislador.
• Extensiva
o Amplia-se o alcance da expressão legal para chegar à 
intenção do legislador.
• Progressiva (Adaptativa ou Evolutiva)
5
o A expressão deve atualizar-se com o avanço da ciência.
o Ex: chave falsa (cartão de hotel, digital, etc)
o Ex: no art. 213 do CP (estupro), a vítima é a mulher, mas, 
e o transexual?
• Numa interpretação progressiva, Rogério Greco diz 
que o transexual pode ser vítima de estupro se 
realizar a cirurgia de ablação do sexo e atualizar o 
seu registro civil.
*É possível no Direito Penal interpretação extensiva? E esta 
interpretação pode ser contra o réu?
• 1ª Corrente: não cabe. Empresa do campo das provas o 
princípio in dúbio pro reo. Na dúvida interpreta-se a favor do 
réu.
• 2ª Corrente: sim, cabe. Por que não existe vedação legal de 
interpretação extensiva contra o réu.
• Art. 157, §2º, I (Roubo): o que deve-se considerar como “arma”?
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, 
mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de 
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de 
resistência:
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de 
arma;
o 1ª Corrente: a arma deve ser levada em seu sentido 
próprio, ou seja, todo instrumento fabricado com 
finalidade bélica (fim exclusivo). Ex: revólver. (é uma 
interpretação restritiva)
o 2ª Corrente: toma a expressão arma em seu sentido 
impróprio, ou seja, todo instrumento com ou sem 
finalidade bélica capaz de servir ao ataque. Ex: faca de 
cozinha. (é uma interpretação extensiva).
 É a que prevalece, ou seja, a interpretação 
extensiva pode ser contra o réu, em casos 
excepcionais (para evitar arbritrariedades.
OBS: o Equador tem uma lei que veda a interpretação extensiva 
contra o réu.
* Interpretação Analógica
• Nesta espécie de interpretação, o significado que se busca é 
extraído do próprio dispositivo (existe norma a ser aplicada ao 
caso concreto). 
• O intérprete leva em conta expressões genéricas e abertas 
precedidas de exemplos (o legislador depois de enumerar 
exemplos encerra de forma genérica).
6
Interpretação Extensiva Interpretação Analógica
O legislador toma uma palavra e 
amplia o seu alcance.
O legislador dá exemplos e 
termina de forma genérica e 
permite ao intérprete encontrar 
outros casos que se assemelham 
aos exemplos.
• art. 121, §2º do CP (I - 
mediante paga ou 
promessa de recompensa, 
ou por outro motivo torpe);
• Art. 306 do Código de 
Trânsito Brasileiro (CTB)
As hipóteses de interpretação acima expostas (extensiva e analógica) 
não se confundem com analogia (regra de integração). Neste caso, ao 
contrário dos anteriores, parte-se do pressuposto de que não existe 
uma lei que possa ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual 
socorre-se daquilo que o legislador previu para outro caso similar.
• Interpretação extensiva e analógica: existe lei.
• Analogia: não existe lei.
o Lacuna (fato A)
o Lei A1 (fato A1)
o Aplicação da Lei A1 à lacuna.
*É possível analogia no Direito Penal?
• Sim, desde que favorável ao réu (in bonam partem ou não-
incriminadora).
o Ex: “cônjuge” abrange “companheiro”?
• Se constante a expressão “cônjuge” em tipo penal 
incriminador desfavorável ao réu: não abrange.
• Se constante a expressão “cônjuge” em caso de 
isenção de pena: abrange.
4 – PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
4.1. Princípios ligados à “Missão Fundamental do Direito Penal”
• Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos
o Impede que o Estado venha a utilizar o Direito Penal para 
a proteção de bens ilegítimos. 
o Ex: não pode o Direito Penal proteger determinada região, 
classe social (DP elitista, discriminatório...)
• Princípio da Intervenção Mínima
o O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente 
necessário, mantendo-se subsidiário e fragmentário.
o O Direito Penal é seletivo e, dos fatos da natureza e 
humanos só tutela os últimos; e, dos fatos humanos 
desejados e indesejados, só tutela os últimos.
7
o Aspectos da Intervenção Mínima
• Subsidiariedade : o Direito Penal só intervém em 
abstrato quando ineficazes os demais ramos do 
Direito (Paulo José da Costa Júnior: o Direito Penal é 
a ultima ratio, ou seja, é a “derradeira trincheira no 
combate dos comportamentos humanos 
indesejados”.
• Fragmentariedade : o Direito Penal para intervir no 
caso concreto exige relevante e intolerável perigo 
de lesão ao bem jurídico tutelado. Ex: princípio da 
insignificância.
*O princípio da insignificância é decorrência de qual característica do 
Princípio da Intervenção Mínima? Fragmentaridade.
Princípio da Intervenção Mínima
STF STJ
Requisitos:
1) Mínima ofensividade da conduta do agente.
2) Nenhuma periculosidade social da ação.
3) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento.
4) Inexpressividade da lesão jurídica provocada.
*STF e STJ só trabalham com requisitos objetivos (eles não observam 
os requisitos subjetivos (ex: primariedade do réu), assim, mesmo o 
reincidente ode aproveitar-se do princípio.
Insignificância
• Consoante a realidade 
econômica do país 
(normalmente leva em 
conta o salário-mínimo).
Insignificância
• Consoante a condição 
pessoal da vítima. 
É admitido nos crimes contra a 
Administração Pública (inclusive 
descaminho).
Não é admitido nos crimes contra 
a Administração Pública (pois o 
bem jurídico tutelado é a 
moralidade administrativa).
Não é admitido nos crimes contra a fé pública (em especial moeda 
falsa)
4.2. Princípios relacionados com o fato do agente
• Princípio da Exteriorização ou Materialização do fato
o O Estado só pode incriminar condutas humanas 
voluntárias, isto é, fatos. 
o Direito Penal do Fato: art. 2º do CP (“Ninguém pode ser 
punido por fato...”
OBS: Direito Penal do Autor incrimina pensamentos, estilo de vida, 
etc. 
8
*Para a doutrina moderna, a contravenção penal da “vadiagem” não 
tem mais aplicação, por punir um estilo de vida e não um fato 
(Doutrina do DP do fato).
• Princípio da Legalidade
o Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem 
prévia cominação legal.
o O art. 1º do CP traz o princípio da legalidade ou da 
reserva legal?
 1ª corrente – princípio da legalidade é sinônimo de 
princípio da reserva legal.
 2ª corrente – legalidade não se confunde com 
princípio da reserva legal. O princípio da legalidade 
toma a expressão “lei” no seu sentido amplo (CF, 
art. 59). Já o princípio da reserva legal toma a 
expressão no seu sentido restrito (lei ordinária e lei 
complementar). Para esta corrente o art. 1 do CP 
traz o princípio da reserva legal.
 3ª corrente – o princípio da legalidade é o princípio 
da reserva legal + anterioridade. Para está corrente 
o CP adotou o princípio da legalidade no seu art. 1º 
(majoritária).
o O princípio da legalidade constitui real limitação ao poder 
estatal de interferir na esfera de liberdades individuais. 
Tem guarida na CF (art. 5º, XXXIXe art. 9 da CIDH).
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena 
sem prévia cominação legal;
ARTIGO 9
Princípio da Legalidade e da Retroatividade
Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no 
memento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de 
acordo com o direito aplicável. Tampouco se pode impor pena 
mais grave que a aplicável no momento da perpetração do 
delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a 
imposição de pena mais leve, o delinqüente será por isso 
beneficiado.
o O princípio da legalidade tem origem onde (qual a fonte)?
 Há doutrina que remonta o PL ao direito romano;
 Há doutrina que remonta à carta de João sem terra 
(1215);
 Porém, prevalece que este Princípio tem origem no 
iluminismo recepcionado pela Revolução Francesa.
o Fundamentos do Princípio da Legalidade
9
 1) Político: exigência de vinculação do executivo e 
do judiciário a leis formuladas de forma abstrata 
(impede o poder punitivo baseado em arbítrio)
 2) Democrático: respeito ao princípio da divisão de 
poderes (o parlamento representante do povo, deve 
ser o único responsável na criação de crimes)
 3) Jurídico: uma lei prévia e clara produz importante 
efeito intimidativo.
o Aplica-se o princípio da legalidade para as contravenções 
penais?
 CP, “Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não 
há pena sem prévia cominação legal”.
 A contravenção penal também deve obedecer à 
legalidade (não há divergência).
o Aplica-se o princípio da legalidade para as medidas de 
segurança?
 1ª corrente – o princípio da legalidade não abrange 
medida de segurança, pois seu fim não é punir, mas 
sim curar e a cura não precisa desta restrição.
 2ª corrente – o princípio da legalidade abrange 
medida de segurança, pois apesar de curativa é 
também uma espécie de sanção penal (hoje é a 
teoria que prevalece).
o A releitura moderna do art. 1º implica a substituição de 
“crime” e “pena”, respectivamente, por “infração penal” 
e “sanção penal”.
o O art. 3º do CPM não foi recepcionado pela CF, pois 
apesar de obedecer à reserva legal não observa a 
anterioridade. Assim, reserva legal sem a anterioridade 
não é legalidade.
Medidas de segurança 
Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente 
ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, 
a lei vigente ao tempo da execução. 
Para que o Principio da legalidade signifique a garantia contra a 
ingerência estatal é necessário:
• 1) não há crime sem lei em sentido estrito;
o Medida provisória, não sendo lei em sentido estrito, não 
pode criar crime e não pode cominar pena. 
o Pode a medida provisória versar sobre direito penal?
10
 1ª corrente – medida provisória não pode versar 
sobre direito penal nem incriminador, nem não-
incriminador (CF art. 62, I, b): corrente majoritária.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente 
da República poderá adotar medidas provisórias, com 
força de lei, devendo submetê-las de imediato ao 
Congresso Nacional. 
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre 
matéria: 
I - relativa a: 
b) direito penal, processual penal e processual civil; 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
 2ª corrente – o princípio da legalidade reserva o 
direito incriminador à lei estrita, mas o direito não-
incriminador pode ser objeto de outras fontes 
normativas (lei em sentido amplo), ou seja, admite 
medida provisória versando sobre direito penal 
desde que seja não-incriminador. 
o O STF, no RE 254.818/PR, discutindo os 
efeitos benéficos trazidos pela MP 1571/97 
(que permitiu o parcelamento de débitos 
tributários e previdenciários com efeito 
extintivo da punibilidade) proclamou sua 
admissibilidade em favor do réu.
EMENTA: I. Medida provisória: sua inadmissibilidade 
em matéria penal - extraída pela doutrina 
consensual - da interpretação sistemática da 
Constituição -, não compreende a de normas penais 
benéficas, assim, as que abolem crimes ou lhes 
restringem o alcance, extingam ou abrandem penas 
ou ampliam os casos de isenção de pena ou de 
extinção de punibilidade. II. Medida provisória: 
conversão em lei após sucessivas reedições, com 
cláusula de "convalidação" dos efeitos produzidos 
anteriormente: alcance por esta de normas não 
reproduzidas a partir de uma das sucessivas 
reedições. III. MPr 1571-6/97, art. 7º, § 7º, reiterado 
na reedição subseqüente (MPr 1571-7, art. 7º, § 6º), 
mas não reproduzido a partir da reedição seguinte 
(MPr 1571-8 /97): sua aplicação aos fatos ocorridos 
na vigência das edições que o continham, por força 
da cláusula de "convalidação" inserida na lei de 
conversão, com eficácia de decreto-legislativo.
 Resolução do TSE pode criar crime?
o Não pode, pois tem força normativa, mas não 
é lei em sentido estrito.
 Resoluções do CNJ e do CNMP podem criar crimes?
o Não podem, pois têm força normativa, mas 
não são leis em sentido estrito.

11
 Lei delegada pode versar sobre direito penal?
o Art. 68, §1º, CF, II: a Lei delegada não pode 
versar sobre Direitos Individuais e o DP afeta, 
direta ou indiretamente, direitos individuais.
o Não pode, pois o direito penal afeta direta ou 
indiretamente direitos individuais.
o Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo 
Presidente da República, que deverá solicitar a 
delegação ao Congresso Nacional.
o § 1º - Não serão objeto de delegação os atos de 
competência exclusiva do Congresso Nacional, 
os de competência privativa da Câmara dos 
Deputados ou do Senado Federal, a matéria 
reservada à lei complementar, nem a legislação 
sobre:
o II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, 
políticos e eleitorais;
• 2) A Lei deve ser anterior aos fatos que busca incriminar 
o Princípio da anterioridade.
o Busca evitar retroatividade maléfica. Retroatividade 
benéfica é legítima.
• 3) Lei escrita : 
o Busca evitar o costume incriminador (o costume 
interpretativo é bem-vindo).
• 4) Lei estrita : 
o Busca-se evitar a analogia incriminadora (não é evitar a 
analogia em geral).
• 5) Lei certa : 
o É a lei de fácil entendimento (princípio da taxatividade ou 
da determinação)
o Art. 20 da lei 7170/83 (Crimes contra segurança nacional) 
– “ou atos de terrorismo” – fere o princípio da legalidade 
por ser incerta (princípio da taxatividade).
 Art. 20 - Devastar, saquear, extorquir, roubar, 
seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar, 
depredar, provocar explosão, praticar atentado 
pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo 
político ou para obtenção de fundos destinados à 
manutenção de organizações políticas clandestinas 
ou subversivas. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
• 6) Lei necessária : 
o É desdobramento lógico do princípio da intervenção 
mínima.
o Art. 273 CP:
12
 Caput – pune o falsificador (10 a 15 anos)
 §1º - pune aquele que disponibiliza o medicamento 
(10 a 15 anos)
 §1-A – traz uma cláusula de equiparação, pois 
equipara produtos terapêuticos e medicinais, dentre 
outros a cosméticos e saneantes (desde que 
tenham finalidade terapêutica ou medicinal).
 §1º-B – pune aquele que disponibiliza produto não 
falsificado, mas irregular.
o Não havia necessidade do direito penal atuar neste caso, 
bastava o direito administrativo. Fere o princípio da 
legalidade em seu aspecto da necessidade.
“Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a 
fins terapêuticos ou medicinais: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos,e multa. 
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, 
tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega 
a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. 
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os 
medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os 
cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. 
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações 
previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes 
condições: 
I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária 
competente; 
II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso 
anterior; 
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a 
sua comercialização; 
IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; 
V - de procedência ignorada; 
VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária 
competente”. 
OBS: A legalidade é o ponto basilar (pilar, viga-mestra) do 
garantismo.
o Garantismo – significa incrementar garantias, diminuindo o 
poder punitivo. Reduzir o poder punitivo e aumentar as 
garantias (direito do estado de punir X garantia do cidadão).
Princípio da legalidade X Norma penal em branco
Lei penal:
o 1) Completa – quando dispensa complemento normativo ou 
valorativo (ex. art. 121 CP)
o 2) Incompleta – depende de complemento normativo ou 
valorativo 
13
o 2.1- Norma Penal em Branco: depende de complemento 
normativo.
 2.1.1 – Norma Penal em Branco Própria ou em 
Sentido Estrito: o complemento normativo não 
emana do legislador (ex: lei de drogas – quem diz o 
que é droga é o Executivo)
 2.1.2 – Norma Penal em Branco Imprópria ou em 
Sentido Amplo: o complemento normativo emana 
do legislador (ex: crimes funcionais – conceito de 
“funcionário público” do art. 327 do CP)
• Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os 
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem 
remuneração, exerce cargo, emprego ou função 
pública.
• § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce 
cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e 
quem trabalha para empresa prestadora de serviço 
contratada ou conveniada para a execução de 
atividade típica da Administração Pública. 
 2.1.2.1 – Homovitelina: a mesma instância 
legislativa (lei penal complementando lei penal)
 2.1.2.2 – Heterovitelina: instância legislativa diversa 
(lei civil complementando lei penal – ex. art. 236 
CP)
• Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro 
essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe 
impedimento que não seja casamento anterior:
 2.1.3 – norma penal em braço ao revés – o 
complemento normativo diz respeito à sanção penal 
(ex. genocídio)
o 2.2 – Tipo Aberto – o complemento é valorativo (será dado 
pelo juiz na análise do caso concreto – ex. crime culposo)
OBS: A norma penal em branco em sentido estrito fere o princípio da 
legalidade?
Norma penal em branco em sentido estrito. Críticas:
 1ª crítica: norma penal em branco fere o princípio da 
taxatividade.
o Ex: vender “drogas” – se não se sabe o que é drogas não 
se sabe ao certo o que quer recriminar.
o Contra-argumento: enquanto não complementada não 
tem eficácia jurídica ou social.
 2ª crítica: norma penal em branco em sentido estrito ofende a 
reserva legal
14
o O complemento é dado por espécie normativa diferente 
da lei (ex: “droga” é definida pelo executivo)
o Contra-argumento: na norma penal em branco própria ou 
em sentido estrito há um tipo penal incriminador que 
traduz os requisitos básicos do delito. A autoridade 
administrativa limita-se a explicitar os requisitos típicos 
dados pelo próprio legislador. O que a autoridade 
administrativa não pode fazer é explicitar requisitos 
básicos (ex: sujeitos do tipo, núcleos do tipo). 
Fontes formais do direito penal:
1) imediata:
 Lei
 CF
 Tratados de direitos humanos
 Jurisprudência
 Princípios 
 Complementos da norma penal em branco própria (ex: portaria 
– drogas)
Obs: a doutrina moderna coloca os princípios e os complementos da 
norma penal em branco própria na categoria das fontes imediatas.
2) mediata:
 Doutrina
Obs: os costumes configuram fontes informais
• Princípio da Ofensividade
o Para que ocorra o delito é imprescindível a efetiva, 
concreta e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem 
jurídico tutelado.
o Com base neste princípio o STF vem entendendo que 
porte de arma desmuniciada não é crime (arma 
desmuniciada = sem munição e sem capacidade de 
pronto municiamento)
______________________________________________________________________
Aula 2 (04 de fevereiro de 2009)
4.3. Princípios relacionados com o agente do fato
15
• Princípio da Responsabilidade Pessoal
o Não é sinônimo de responsabilidade subjetiva.
o Através deste princípio, proíbe-se o castigo penal pelo 
fato de outrem.
o Não existe no direito penal responsabilidade coletiva.
• Desdobramentos deste princípio:
o Individualização da pena
o Proibição de denúncia genérica / vaga / evasiva (O MP 
quando denuncia tem o dever de individualizar 
comportamentos).
OBS: Com base neste princípio há doutrina se insurgindo contra a 
responsabilidade penal da pessoa jurídica.
• Princípio da Responsabilidade Subjetiva
• Não basta que o fato seja materialmente causado pelo 
agente, sendo imprescindível o fato ter sido querido, aceito 
ou previsível.
• Só tem sentido castigar comportamentos desejados ou 
previsíveis.
• O direito penal não admite responsabilidade objetiva.
• É também um argumento contra a responsabilidade penal da 
pessoa jurídica (pois ela não quer, aceita ou prevê nada).
• Princípio da Culpabilidade
• O castigo pressupõe: agente capaz, com potencial 
consciência da ilicitude, sendo dele exigível conduta diversa.
Princípio da Igualdade ou da Isonomia
• Todos são iguais perante a lei.
Obs: a igualdade é material, sendo possível haver distinções 
justificadas.
Ex: lei 9.099/95 (juizados especiais nos estados) catalogou como 
infração penal de menor potencial ofensivo:
- pena máxima em abstrato não superior a 1 ano
- rito comum
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial 
ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais 
e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 
um ano, excetuados os casos em que a lei preveja 
procedimento especial. (Vide Lei nº 10.259, de 2001)
16
Veio a lei 10259/01 (juizados federais)
Catalogou como infração penal de menor potencial ofensivo:
- pena máxima em abstrato não superior a 2 anos
- qualquer rito
Art. 2o Compete ao Juizado Especial Federal Criminal 
processar e julgar os feitos de competência da Justiça 
Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo.
Parágrafo único. Consideram-se infrações de menor potencial 
ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a que a lei 
comine pena máxima não superior a dois anos, ou multa.
O desacato tem pena de 6 meses a 2 anos. Assim o desacato seria 
crime de menor potencial ofensivo na justiça federal e de médio 
potencial ofensivo na justiça estadual. O mesmo fato apenas 
mudando o órgão julgador. Assim, em face do princípio da isonomia a 
jurisprudência determinou que fosse aplicada a lei dos juizados 
federais.
O princípio da isonomia está previsto na convenção interamericana 
de direitos humanos (também isonomia material) no art. 24
ARTIGO 24
IgualdadePerante a Lei
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm 
direito, sem discriminação, a igual proteção da lei.
• Princípio da Presunção de Inocência
o Tem guarida na CF (art. 5, LVII)
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito 
em julgado de sentença penal condenatória;
o Muitos preferem chamar de princípio de presunção de não 
culpa (STF e Mirabete). A CF não presume ninguém 
inocente, apenas não permite que alguém seja 
considerado culpado até o trânsito em julgado.
o O art. 8º, 2 da convenção interamericana dos direitos 
humanos garante a presunção de inocência.
ARTIGO 8
Garantias Judiciais
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua 
inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante 
17
o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às 
seguintes garantias mínimas:
a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tradutor ou 
intérprete, se não compreender ou não falar o idioma do juízo ou 
tribunal;
b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação 
formulada;
c) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a 
preparação de sua defesa;
d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser 
assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, 
livremente e em particular, com seu defensor;
e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor 
proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação 
interna, se o acusado não se defender ele próprio nem nomear 
defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;
f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e 
de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras 
pessoas que possam lançar luz sobre os fatos.
g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a 
declarar-se culpada; e
h) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.
o É princípio utilizado para vários fins.
• Ex: art. 594 CPP está sendo julgado não 
recepcionado pela CF em face de potencial 
desrespeito ao princípio da presunção de inocência 
(tal artigo foi revogado).
• Art. 594. O réu não poderá apelar sem recolher-se à 
prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de 
bons antecedentes, assim reconhecido na sentença 
condenatória, ou condenado por crime de que se livre 
solto. (Redação dada pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973) 
(Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
o A súmula vinculante 11 do STF também está baseada no 
princípio da presunção de inocência.
• “SÓ É LÍCITO O USO DE ALGEMAS EM CASOS DE RESISTÊNCIA 
E DE FUNDADO RECEIO DE FUGA OU DE PERIGO À 
INTEGRIDADE FÍSICA PRÓPRIA OU ALHEIA, POR PARTE DO 
PRESO OU DE TERCEIROS, JUSTIFICADA A EXCEPCIONALIDADE 
POR ESCRITO, SOB PENA DE RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR, 
CIVIL E PENAL DO AGENTE OU DA AUTORIDADE E DE 
NULIDADE DA PRISÃO OU DO ATO PROCESSUAL A QUE SE 
REFERE, SEM PREJUÍZO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO 
ESTADO”.
4.4. Princípios Relacionados com a Pena
• Princípio da Proibição da Pena Indigna
o A ninguém pode ser imposta pena ofensiva a dignidade 
da pessoa humana.
• Art. 5º, 1 da convenção interamericana 
ARTIGO 5
18
Direito à Integridade Pessoal
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua 
integridade física, psíquica e moral.
• Princípio da Humanidade ou Humanização das Penas
o Nenhuma pena pode ser cruel, desumana e degradante.
o A CF prestigia este princípio no art. 5º,
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do 
art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
o Art. 5º, 2 da convenção interamericana
 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou 
tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa 
privada da liberdade deve ser tratada com o respeito devido à 
dignidade inerente ao ser humano.
o Com base nos dois últimos princípios o STF declarou 
inconstitucional a pena integralmente em regime 
fechado. 
o O que ainda existe e tem sua constitucionalidade 
questionada com base nestes princípios?
 Regime RDD (regime disciplinar diferenciado). 
• O TJ/SP já se pronunciou no sentido de 
considerar o RDD inconstitucional, por ser 
penal cruel e degradante.
• Porém, o STJ tem um julgado dizendo que é 
constitucional, pois o RDD seria proporcional a 
falta praticada.
• Princípio da Proporcionalidade
o É desdobramento do princípio da individualização da 
pena.
o É um princípio constitucional implícito.
o Significa que a pena deve ser proporcional à gravidade da 
infração praticada.
o Normalmente apenas é analisado sob o enfoque que 
busca evitar o excesso. Evitar a hipertrofia da punição.
o Porém, ele tem um segundo ângulo que é evitar a 
insuficiência da intervenção estatal. Evitar a punição 
insignificante.
o Ex: pena do art. 319-A
 Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou 
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao 
19
preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou 
similar, que permita a comunicação com outros 
presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela 
Lei nº 11.466, de 2007).
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
o Para o STF, o juiz apenas pode reduzir a pena com base 
neste princípio, não podendo deixar de aplicar uma pena 
e aplicar outra mais severa. Serve apenas como um alerta 
ao legislador.
• Princípio da Pessoalidade
o CF Art.5, XLV: “Nenhuma pena passará da pessoa do 
condenado”.
o Este princípio é absoluto?
 1ª corrente – o princípio da pessoalidade não é 
absoluto, sendo excepcionado pela própria CF que 
permite a transmissão aos sucessores da pena de 
confisco. (Flávio Monteiro de Barros)
 2ª corrente (majoritária)– o princípio da 
pessoalidade é absoluto não admitindo exceções. O 
confisco referido no art.5º, XLV da CF/88 não é 
pena, mas sim efeito da condenação (LFG, 
Mirabete, etc).
o O princípio da pessoalidade está previsto no Art. 5, 3 da 
Convenção Interamericana de direitos humanos (que não 
tolera nenhuma exceção):
 “3. A pena não pode passar da pessoa do 
delinqüente”.
OBS: Há doutrina que utiliza tal princípio que negar a 
responsabilidade penal de pessoa jurídica.
• Princípio da Vedação do Bis in idem (ne bis in idem)
o Possui três significados:
o a) processual: ninguém pode ser processado duas vezes 
pelo mesmo crime.
o b) material: ninguém pode ser condenado pela segunda 
vez em razão do mesmo fato.
o c) execucional: ninguém pode ser executado duas vezes 
por condenações relacionadas com o mesmo fato.
o A agravante da reincidência (art. 61, I, CP) foi 
recepcionada pela CF/88?
20
 1ª corrente – fere o princípio do ne bis in idem, pois 
o juiz está considerando duas vezes o mesmo fato 
em prejuízo do agente.
 2ª corrente (STJ) – o fato de o reincidente ser punido 
mais severamente do que o primário não viola a CF 
nem a garantia da vedação do bis in idem, pois visa 
tão somente reconhecer maior reprovabilidade na 
conduta daquele que é contumaz violador da lei 
penal (princípio da individualização da pena).
______________________________________________________________________
Aula 3 (11 de fevereiro de 2009)
• Princípio da Legalidade
• Não basta uma legalidade formal (obediência aos trâmites 
procedimentais – lei vigente), havendo que existir uma 
legalidade material (obediência as garantias impostas pela 
CF e tratados de direitos humanos – lei válida). 
o Legalidade formal faz da lei vigente.
o Legalidade material fazda lei válida.
• Para o STF, a lei do regime integralmente fechado é vigente, 
porém é inválida. Por ferir o princípio da isonomia, princípio 
da razoabilidade, princípio da humanidade, princípio da 
individualização das penas, etc.
• Quais são as formas de se questionar a validade de uma lei?
Controle 
Concentrado
Controle Difuso Controle Difuso 
Abstrativizado
Controle de 
Convencionalidade
• Por meio de 
ações diretas 
(ADI, ADC, etc).
• A lei é 
questionada 
diretamente no 
STF.
• O STF analisa 
a lei em abstrato.
• A decisão tem 
efeitos erga 
omnes.
• Por meio de 
ações indiretas 
(HC, recursos 
em geral, etc).
• A lei, antes 
de chegar no 
STF, passa 
pelos TJ/TRF, 
STJ.
• O STF 
analisa o caso 
concreto.
• A decisão 
• Por meio de 
ações indiretas 
(HC, recursos em 
geral, etc).
• A lei, antes de 
chegar no STF, 
passa pelos 
TJ/TRF, STJ.
• O STF analisa 
a lei em abstrato.
• A decisão tem 
efeitos erga 
omnes.
• Controla a 
validade da lei 
quando o 
Tratado 
Internacional de 
Direitos 
Humanos é 
apenas 
“supralegal”.
• É sempre 
feito de forma 
difusa.
21
tem efeitos 
inter partes.
• Chega ao STF 
difuso, mas é 
analisado em 
abstrato.
• Ex: regimes 
integralmente 
fechados.
• Freddie Didier
LEI PENAL NO TEMPO
• Quando, no tempo, o crime se considera praticado?
1) Teoria da atividade : considera-se praticado o crime no 
momento da conduta.
2) Teoria do resultado : considera-se praticado o crime no 
momento do resultado.
3) Teoria mista ou da ubiqüidade : considera-se praticado o 
crime no momento da conduta ou do resultado.
• O CP no art. 4º adotou a teoria da atividade:
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou 
omissão, ainda que outro seja o momento do resultado
• Aplicações práticas do art. 4 do CP (teoria da atividade):
o Determinar a imputabilidade ou inimputabilidade do 
agente. 
 Ex: conduta realizada quando o agente tinha 17 
anos e a vítima falece quando o agente já tinha 18 
anos.
o Análise da idade da vítima para efeito de aplicação de 
aumento de pena (Art. 121, § 4º do CP)
 Ex: conduta realizada quando a vítima tinha menos 
de 14 anos (incide o aumento) ou a vítima tinha 
menos de 60 anos (não incide o aumento); o 
resultado morte acontece apenas quando a vítima 
tinha mais de 14 anos ou mais de 60 anos.
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um 
terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica 
de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar 
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as 
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em 
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada 
de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa 
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
o Sucessão de leis penais no tempo:
22
 Em regra, aplica-se a lei vigente no momento em 
que a conduta é praticada. Se a lei posterior (do 
momento da sentença) for mais benéfica será 
retroativa.
SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO
• Quando há uma efetiva sucessão de leis penais, surge o conflito 
de leis penais no tempo. Como decorrência do princípio da 
legalidade, aplica-se, em regra, a lei vigente ao tempo da 
realização do fato criminoso (tempus regit actum).
• Contudo, esta mesma regra (da irretroatividade) cede diante de 
alguns casos, exceções fundamentadas em razões político-
sociais.
• Situações:
o 1) Quando da realização do fato não há lei – em momento 
posterior lei “A” incrimina o fato: a lei “A” é irretroativa 
(art. 1º CP)
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há 
pena sem prévia cominação legal.
• 2) Quando da realização do fato existia a lei “A” com 
condenação de 2 a 4 anos – em momento posterior surge a lei 
“B” aumentando a pena para de 3 a 8 anos: a lei “B” é 
irretroativa (art. 1º CP).
• 3) quando da realização do fato existia a lei “A” com pena de 2 
a 4 anos – em momento posterior a lei “A” é abolida (art. 2º 
CP).
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior 
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a 
execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
• 4) quando da realização do fato existia a lei “A” com pena de 2 
a 4 anos – em momento posterior surge a lei “B” com pena de 1 
a 2 anos: a lei “B” retroage (art. 2º, parágrafo único do CP)
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que 
decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
QUADRO ESQUEMÁTICO
Realização do Fato Momento Posterior
23
Não há lei Lei “A” incriminadora
(art. 1º do CP)
Lei “A”: pena de 2 a 4 anos. Lei “B”: pena de 3 a 8 anos.
Irretroativa
(art. 1º do CP)
Lei “A”: pena de 2 a 4 anos. Lei “A” é abolida.
A lei abolicionista é retroativa.
(art. 2º do CP)
Lei “A”: pena de 2 a 4 anos. Lei “B”: pena de 1 a 2 anos.
A lei “B” é retroativa.
(art. 2º, parágrafo único do CP)
Abolitio criminis (art. 2º do CP)
• Conceito
o É hipótese de supressão da figura criminosa.
• Natureza jurídica:
o 1ª corrente: é causa extintiva da tipicidade e como 
conseqüência da punibilidade.
o 2ª corrente: ela é causa extintiva da punibilidade 
(adotada pelo CP – art. 107, III)
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como 
criminoso;
o Há doutrina que critica esta posição do CP, pois quando 
ocorre a abolitio criminis o crime deixa de existir e não 
apenas a sua punibilidade (Flávio Monteiro de Barros e 
Aníbal Bruno).
• Lei abolicionista não respeita a coisa julgada (art. 2º CP)
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior 
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a 
execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
OBS: A expressão “...cessando em virtude dela a execução e os 
efeitos penais da sentença condenatória” do art. 2º do CP foi 
recepcionada pela CF/88 (art. 5º XXXVI)?
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico 
perfeito e a coisa julgada;
• O art. 2º do CP foi recepcionado pela CF, não infringindo o art. 
5º, XXXVI, pois o mandamento constitucional tutela a garantia 
24
individual do cidadão e não o direito de punir do estado (pode 
ser usado para beneficiar o cidadão, mas não prejudicar o 
cidadão).
• Lei abolicionista pode retroagir na vacatio legis?
o 1ª corrente: não, pois lei na vacatio legis não tem eficácia 
jurídica ou social (prevalece no Brasil).
o 2ª corrente: pode, pois considerando a finalidade da 
vacatio legis, é possível aplicar a lei ainda não vigente 
àqueles que demonstrarem conhecê-la.
OBS: esta discussão foi levantada na ocasião da criação da nova lei 
de drogas.
• E se o crime é praticado em continuidade delitiva?
o Conceito de Continuidade delitiva – é a reiteração de 
crimes no mesmo:
 Contexto temporal
 Contexto espacial
 Modus operandi (maneira de execução)
o Neste caso, para o art. 71 do CP há um único crime 
(ficção jurídica). Ex: 5 furtos, nas mesmas circunstâncias 
de tempo, local e execução.
 Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou 
omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, 
pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e 
outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos 
como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só 
dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, 
aumentada, em qualquer caso,de um sexto a dois terços.
 1ª corrente: aplica-se a lei mais benéfica (in dúbio 
pro réu);
 2ª corrente: se o crime é único, considera-se 
praticado tanto no primeiro quanto no último 
momento. Assim, deve-se aplicar sempre a última 
lei, a lei vigente na cessação da continuidade, ainda 
que mais gravosa (prevalece no Brasil)
• Súmula 711 (STF): A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE 
AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, 
SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA 
CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA.
25
• É possível combinação de leis?
Tempo do crime Tempo da sentença
Lei A Lei B
Pena: 2 a 4 anos Pena: 3 a 8 anos
Multa: 10 a 30 dias-multa Multa: 10 a 20 dias-multa
• 1ª corrente: não pode combinar leis, pois assim agindo o juiz 
estará legislando, criando uma terceira lei (lex tertia) – 
Nelson Hungria. 
o Prevalece na doutrina clássica, no STF e no STJ.
• 2ª corrente: pode. Se o juiz pode o mais (ignorar uma lei no 
todo), ele pode o menos (ignorar uma lei em parte). 
o Prevalece na doutrina moderna.
• 3ª corrente: o juiz não pode combinar devendo o réu 
escolher a lei a ser aplicada. 
o Há um julgado no STJ.
OBS: O STF e o STJ estão abandonando a 1ª corrente e estão 
migrando para a 2ª corrente (combinação de leis).
• Casos em que o STF aceitou a combinação de leis: 
lei 6.368/76 lei 8.072/90
Art. 14: associação para o 
tráfico. Pena: 3 a 10 anos
Art. 288 CP: Quadrilha ou bando 
quando visar tráfico. 
Pena: 3 a 6 anos
• O STF determinou que fosse aplicada a pena da segunda lei 
para casos de associação para o tráfico.
lei 6.368/76 lei 11.343/06
Traficante: pena de 3 a 15 anos. Traficante: pena de 5 a 15 anos. 
Redução de 1/6 a 2/3.
• O STF e STJ, admitindo a combinação de leis, combinaram a 
pena da 6.368 com a redução de pena da 11.343.
• Depois do trânsito em julgado quem aplica a lei mais benéfica?
• Prova objetiva: juiz da execução
• Prova discursiva: depende.
26
• Se for caso de aplicação meramente matemática: juiz da 
execução (súmula 611 STF)
Ex. diminuição de pena em razão da idade do agente.
Súmula 611 (STF): TRANSITADA EM JULGADO A SENTENÇA 
CONDENATÓRIA, COMPETE AO JUÍZO DAS EXECUÇÕES A 
APLICAÇÃO DE LEI MAIS BENIGNA.
• Se a redução conduzir a juízo de valor: revisão criminal
Ex. diminuição pena em razão do pequeno prejuízo 
para a vítima.
• A alteração do complemento de uma norma penal em branco 
retroage ou não retroage?
o Quando o complemento da norma penal em branco 
também for lei, a sua alteração benéfica sempre 
retroagirá.
o Contudo, quando o seu complemento for norma 
infralegal, o decisivo é saber se a alteração da norma 
extrapenal (ex. portaria) implica, ou não, supressão do 
caráter ilícito do fato. 
 Se implicar supressão do caráter ilícito (ex. retirada 
de uma substancia da portaria da DIMED) retroage; 
se implicar mera atualização (ex. tabela de preços 
imposta pelo governo) não retroage. Francisco de 
Assis Toledo
QUADRO ESQUEMÁTICO
Norma Penal em Branco – Complemento Normativo
Complementos
Lei (Homogênea)
• Se o complemento for mais 
benéfico, retroage (sempre).
Diferente de lei (Heterogênea)
• Ex: portaria.
• Se o complemento apenas 
atualizar, não retroage.
• Se o complemento for 
descriminalizante, retroage.
• A sentença condenatória, com a abolitio criminis deixa de ser 
título executivo judicial?
o Desaparecem apenas os efeitos penais da condenação, os 
efeitos extrapenais (civis, administrativos) da condenação 
são mantidos.
 Ex: perda de cargo, responsabilidade civil.
ULTRA-ATIVIDADE DAS LEIS PENAIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS 
(art. 3º CP)
27
• Lei temporária: é aquela que tem prefixado no seu texto o 
tempo de sua vigência.
Lei Temporária
01/01/09---------------------------------------------------------------01/07/09
• Lei excepcional: é a que atende a transitórias necessidades 
estatais (ex. guerra, calamidades, epidemias, etc.) e perduram 
enquanto perdurar o estado de emergência.
Lei Excepcional
01/01/09
_____________________________calamidade_____________________________
OBS: as leis temporárias e excepcionais são ultra-ativas.
• O art. 3º do CP foi recepcionado pela CF/88 (art. 5º, XL)?
CP, Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido 
o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a 
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
CF/88, art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu;
• 1ª corrente: Para Zafaroni e Maurício Antônio Ribeiro Lopes, 
o art. 3º do CP não foi recepcionado pelo art. 5º, XL da CF, 
pois a lei maior não traz qualquer exceção autorizando ultra-
atividade maléfica.
• 2ª corrente: a lei nova não revoga a anterior, pois não trata 
exatamente da mesma matéria, do mesmo fato típico. Não 
há, portanto, conflito de leis penais no tempo. Por isso é que 
o art. 3º do CP foi recepcionado pela CF/88 (corrente 
adotada pela maioria, entre eles LFG).
• Qual a diferença da abolitio criminis e do princípio da 
continuidade normativo típica?
• Abolitio criminis
o Há uma revogação formal e uma revogação do conteúdo 
criminoso (supressão da figura criminosa); 
o A intenção do legislador é não mais considerar o fato 
como criminoso. 
28
 Ex. os art. 217 e 240 (sedução e adultério) foram 
abolidos e seu conteúdo não está em mais nenhum 
tipo penal.
• Princípio da continuidade normativo típica
o Há uma revogação formal, porém mantendo criminoso o 
conteúdo. É hipótese de permanência do conteúdo 
normativo como típico. 
o A intenção do legislador é manter o caráter criminoso do 
fato (só altera a “roupagem”). 
 Ex: o rapto violento que estava no art. 219 foi 
transferido para o art. 148, §1º, V.
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante 
seqüestro ou cárcere privado:
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
V - se o crime é praticado com fins libidinosos. 
LEI PENAL NO ESPAÇO
• Sabendo que um fato punível, pode, eventualmente, atingir os 
interesses de dois ou mais estados igualmente soberanos, o 
estudo da lei penal no espaço visa descobrir qual é o âmbito 
territorial de aplicação da lei penal brasileira, bem como de que 
forma o Brasil se relaciona com outros países em matéria penal.
• Princípios aplicáveis:
• 1) Princípio da territorialidade: aplica-se a lei penal do local 
do crime (não importando a nacionalidade dos sujeitos ou do 
bem jurídico).
• 2) Princípio da nacionalidade ativa: aplica-se a lei da 
nacionalidade do sujeito ativo (não importando 
nacionalidade da vítima ou do bem jurídico ou local do 
crime).
• 3) Princípio da nacionalidade passiva: aplica-se a lei da 
nacionalidade do agente somente quando atingir vítima ou 
bem jurídico da mesma nacionalidade, ou seja, concidadão 
(não importando o local do crime).
• 4) Princípio da defesa ou real: aplica-se a lei da 
nacionalidade da vítima ou do bem jurídico (não importando 
a nacionalidade do agente ou local do crime).
29
• 5) Princípio da justiça penal internacional: o agente fica 
sujeito à lei do país onde for encontrado (não importando a 
nacionalidade dos sujeitos ou local do crime).
• 6) Princípio da representação (da subsidiariedade ou da 
bandeira): a lei penal nacional aplica-se aos crimes 
praticados em aeronaves e embarcações privadas, quando 
no estrangeiro e aí não sejam julgados.
• O Brasil adotou, como regra, o princípio da territorialidade 
temperada pela intraterritorialidade (art. 5 CP).
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no 
território nacional.
• Territorialidade temperada: “...sem prejuízo de convenções, 
tratados e regras de direito internacional...”.
QUADRO ESQUEMÁTICO
TERRITORIALIDADE EXTRATERRITORIALIDADE INTRATERRITORALIDAE
• Fato ocorre no 
Brasil
• Lei aplicável: 
brasileira
• Art. 5º do CP
• Fato ocorre no 
estrangeiro
• Lei aplicável: 
brasileira
• Art. 7º do CP
• Fato ocorre no Brasil
• Lei aplicável: 
estrangeira
• Ex: Imunidade 
Diplomática, TPI
• A lei brasileira aplica-se aos fatos aplicados no território 
nacional. O que vem a ser território nacional? (art. 5º, §1º e 2º 
do CP)
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do 
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de 
natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se 
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a 
bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade 
privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em 
vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar 
territorial do Brasil.
o Território nacional= território físico + território jurídico 
(por extensão ou equiparação ou ficção)
30
 Aeronaves ou embarcação públicas a serviço do 
governo brasileiro são considerados extensão do 
território brasileiro.
 Aeronaves ou embarcação mercantes ou privadas 
só são consideradas extensão do território brasileiro 
se em alto-mar ou espaço aéreo correspondente ao 
alto-mar. 
 Em face do princípio da reciprocidade (art. 5º, §2º, 
CP), o mesmo tratamento é dado às embarcações 
ou aeronaves estrangeiras em território nacional.
OBS: Embaixada não é extensão territorial do país que representa. 
Ela apenas inviolável. 
______________________________________________________________________
Aula 4 (27 de fevereiro de 2009)
Três Problemas criados por Basileu Garcia:
• Embarcação privada brasileira afunda em alto-mar. Sobre os 
destroços da embarcação, um italiano mata um argentino. A lei 
brasileira é a competente, pois sobre os destroços do navio 
ainda vigem a lei brasileira (continua-se a ostentar a sua 
bandeira). 
• Embarcações privadas brasileira e holandesa colidem em alto-
mar. Os sobreviventes construíram uma jangada dos destroços 
dos dois navios. Sobre esta jangada um americano mata um 
argentino. Neste caso de pequena embarcação construída com 
destroços de navios de nacionalidades diferentes a lei não fixa 
solução. A doutrina adota para o caso a lei do sujeito ativo 
(princípio da nacionalidade ativa – neste caso lei dos EUA).
• Um navio público colombiano está atracado no litoral brasileiro. 
Se um marinheiro sai deste navio e mata alguém no território 
brasileiro, duas possibilidades se abrem: 
o Se o tripulante desceu à terra a serviço de seu país: 
aplica-se a lei estrangeira. 
o Se desceu a terra por motivos particulares: aplica-se a lei 
brasileira. (art. 5º, § 2º do CP)
Art. 5º, § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes 
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras 
de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no 
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, 
e estas em porto ou mar territorial do Brasil
31
CONFLITO DA LEI PENAL NO ESPAÇO
Princípio da Territorialidade
• Aplica-se a lei brasileira ao crime praticado no território 
nacional.
• Território nacional = espaço físico + espaço jurídico.
• Lugar do crime?
LUGAR DO CRIME
• Teoria da Atividade
o Lugar do crime é o lugar da conduta.
• Teoria do Resultado
o Lugar do crime é o lugar da consumação.
• Teoria da Ubiqüidade (mista)
o Lugar do crime é tanto o lugar da conduta quanto o lugar 
do resultado (ou consumação).
o Adotada pelo art. 6º do CP brasileiro.
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que 
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como 
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
OBS: Se no Brasil só ocorre mero planejamento ou meros atos 
preparatórios não se configura o lugar do crime. Assim, para 
configurar-se local do crime é necessário que tenha havido o início da 
execução.
OBS: Nelson Hungria fala que basta a execução do crime pincelar no 
território brasileiro que será aplicada a lei brasileira. (esta visão é 
excetuada pela “Passagem Inocente”.
• Hoje é amplamente aplicada a chamada “passagem inocente”: 
quando o navio passa pelo território nacional apenas como 
passagem necessária para chegar ao seu destino (no nosso 
território não atracará) não se aplica a lei brasileira. 
• A passagem inocente está prevista na Convenção de Direito do 
Mar (Montego Bay, 1982), nos arts. 17 a 28, e só se refere a 
navios. Mas a doutrina a estende a aeronaves, pois não vê 
razão para tratar desigualmente situações iguais.
ARTIGO 27
Jurisdição penal a bordo de navio estrangeiro
1. A jurisdição penal do Estado costeiro não será exercida a 
bordo de navio estrangeiro que passe pelo mar territorial com o 
fim de deter qualquer pessoa ou de realizar qualquer 
investigação, com relação à infração criminal cometida a bordo 
32
desse navio durante a sua passagem, salvo nos seguintes 
casos:
a) se a infração criminal tiver conseqüências para o Estado 
costeiro;
b) se a infração criminal for de tal natureza que possa perturbar 
a paz do país ou a ordem no mar territorial;
c) se a assistência das autoridades locais tiver sido solicitada 
pelo capitão do navio ou pelo representante diplomático ou 
funcionário consular do Estado de bandeira; ou
d) se essas medidas forem necessárias para a repressão do 
tráfico ilícito de estupefacientes ou de substâncias 
psicotrópicas.
(...)
5. Salvo em caso de aplicação das disposições da Parte XII ou 
de infração às leis e regulamentos adotados de conformidade 
com a Parte V’ o Estado costeiro não poderá tomar qualquer 
medida a bordo de um navio estrangeiro que passe pelo seu 
mar territorial, para a detenção de uma pessoa ou para 
proceder a investigações relacionadas com qualquer infração de 
caráter penal que tenha sido cometida antes do navio ter 
entrado no seu mar territorial, se esse navio, procedente de um 
porto estrangeiro, se encontrar só de passagem pelo mar 
territorial sem entrar nas águas interiores.
Crimes à distância
(Crimes de espaço máximo)
Crimes Plurilocais:
• O fato percorre territórios de 
países igualmente 
soberanos.
• Gera conflito internacional de 
jurisdição.
• Aplica-se a teoria da 
ubiqüidade (art. 6º CP)
o Art. 6º - Considera-se praticado 
o crime no lugar em que 
ocorreu a ação ou omissão, no 
todo ou em parte, bem como 
onde se produziu ou deveria 
produzir-se o resultado.
• O fato percorre territórios do 
mesmo país soberano.
• Gera conflito interno de 
competência.
• Aplica-se a teoria do resultado 
(art. 70 CPP)
o Art. 70. A competência será, de 
regra, determinada pelo lugar em 
que se consumar a infração, ou, 
no caso de tentativa, pelo lugar 
em que for praticado o último ato 
de execução.
o §1º Se, iniciada a execução no 
território nacional, a infração se 
consumar fora dele, a 
competência será determinada 
pelo lugar em que tiver sido 
praticado, no Brasil, o último ato 
de execução.
o § 2º Quando o último ato de 
execução for praticado fora do 
território nacional,será 
competente o juiz do lugar em 
que o crime, embora 
parcialmente, tenha produzido ou 
devia produzir seu resultado.
o § 3º Quando incerto o limite 
territorial entre duas ou mais 
jurisdições, ou quando incerta a 
jurisdição por ter sido a infração 
consumada ou tentada nas 
divisas de duas ou mais 
jurisdições, a competência 
firmar-se-á pela prevenção.
33
OBS: no caso da lei 9.099/95, aplica-se a teoria é da atividade
EXTRATERITORIALIDADE DA LEI PENAL (art. 7º CP)
1) Princípio da Territorialidade – art. 5º (regra geral)
2) Princípio da Nacionalidade Ativa
3) Princípio da Nacionalidade Passiva (não foi adotado pelo CP 
brasileiro)
4) Princípio da Defesa
5) Princípio da Justiça Penal Universal
6) Princípio da Representação
OBS: 2,3,4,5,6 são princípios que fundamentam a 
extraterritorialidade.
Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de 
Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de 
economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de 
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda 
que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do 
concurso das seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a 
pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não 
estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro 
contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no 
parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no 
estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República 
(Princípio da Defesa); 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito 
Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa 
34
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação 
instituída pelo Poder Público (Princípio da Defesa); 
c) contra a administração pública, por quem está a seu 
serviço (Princípio da Defesa); 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado 
no Brasil; 
• 3 correntes (em ordem de aceitação atual):
o Princípio da Justiça Penal Universal (o Brasil de obrigou 
por tratado);
o Princípio da Defesa (somente quando envolve o Brasil);
o Princípio da Nacionalidade Ativa (está errado, pois esta 
alínea abrange agente brasileiro ou domiciliado no Brasil).
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a 
reprimir; (Princípio da Justiça Penal Universal)
b) praticados por brasileiro; (Princípio da Nacionalidade Ativa)
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, 
mercantes ou de propriedade privada, quando em território 
estrangeiro e aí não sejam julgados. (Princípio da Representação)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei 
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. 
• Casos de “Extraterritorialidade Incondicionada”
o Não importa se o agente já foi condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira 
depende do concurso das seguintes condições: (requisitos 
cumulativos, ou seja, faltando um deles a lei penal não pode “sair” do 
Brasil)
• São os casos de “Extraterritorialidade Condicionada”
o A lei brasileira para ser aplicada no estrangeiro depende 
de condições.
a) entrar o agente no território nacional;
• Não significa permanecer no território nacional, apenas 
bastando para o preenchimento desta condição que o agente 
toque no território nacional, mesmo que no segundo seguinte 
saia do território.
• Para a doutrina é uma condição de procedibilidade, ou seja, 
sem a prova dessa condição o juiz não pode aceitar a denúncia 
ou queixa (tem a mesma natureza da Requisição do Ministro da 
Justiça).
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
• É a chamada dupla tipicidade.
• É condição objetiva de punibilidade (não impede o processo, 
mas se ausente absolvição).
35
• Ex: bigamia em países islâmicos não é punível no Brasil, pois 
nestes países esta conduta não se configura crime.
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei 
brasileira autoriza a extradição;
• É apenas uma referência, não se está falando de extradição.
• É condição objetiva de punibilidade (não impede o processo, 
mas se ausente absolvição).
• Ex: homicídio pode extraditar.
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter 
aí cumprido a pena;
• É condição objetiva de punibilidade (não impede o processo, 
mas se ausente absolvição).
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por 
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei 
mais favorável. 
• É condição objetiva de punibilidade (não impede o processo, 
mas se ausente absolvição).
o Ex: se já prescreveu no outro país, o Brasil não pode punir 
mais o fato.
Resumo do Art. 7, §2º
• a) Condição de Procedibilidade
• b), c), d) e e) – Condições Objetivas de Punibilidade
o não impedem o processo, mas, se ausentes, deve dar-se 
a absolvição.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as 
condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
• São os casos de “Extraterritorialidade Hipercondicionada”
o A lei brasileira para ser aplicada tem de preencher as 
condições dos §§ 2º e 3º.
OBS: o art. 7º, I, a só se aplica nos casos de crime contra a vida ou 
contra a liberdade do presidente. Desta forma, no caso de latrocínio 
(roubo seguido de morte – é crime contra o patrimônio e não contra a 
vida) aplica-se o art. 7º, I, c (crime contra a administração pública, 
por quem está a seu serviço).
Súmula 603 do STF: A COMPETÊNCIA PARA O PROCESSO E JULGAMENTO 
DE LATROCÍNIO É DO JUIZ SINGULAR E NÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI.
36
OBS: Por enquanto o princípio da nacionalidade passiva foi o único 
princípio que o Brasil ainda não adotou.
• Todavia, Flávio Monteiro de Barros e LFG dizem que o art. 7º, § 
3º do CP adotou o princípio da nacionalidade passiva.
• Entretanto, a maioria da doutrina afirma que o princípio 
adotado é o da defesa, pois para configurar-se o princípio da 
nacionalidade passiva é preciso que seja crime cometido por 
brasileiro contra brasileiro e, no caso o art. 7º, § 3º só pune o 
crime se for cometido por estrangeiro contra brasileiro.
*Um brasileiro, nos EUA, mata um argentino. Logo depois entra no 
território brasileiro. Nos EUA ele não foi processado.
• Crime praticado por brasileiro com todas as condiçõespreenchidas:
o Entrou no território brasileiro (art. 7º, II, a)
o Matou uma pessoa: crime punível nos EUA e no Brasil 
(art. 7º, II, b) e permite-se a extradição por este crime 
(art. 7º, II, c)
o Não foi processado : não foi absolvido ou cumpriu pena no 
estrangeiro (art. 7º, II, d), nem foi perdoado no 
estrangeiro ou foi extinta a punibilidade pela lei mais 
favorável, estrangeira ou brasileira (art. 7º, II, e).
• Neste caso, de quem é a competência para o processo e 
julgamento?
o Em regra, justiça estadual (para ser da competência da 
Justiça Federal é preciso estar presentes os requisitos do 
art. 109 da CRFB/88).
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa 
pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, 
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes 
de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do 
Trabalho;
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo 
internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no 
País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com 
Estado estrangeiro ou organismo internacional;
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em 
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas 
entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da 
Justiça Eleitoral;
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, 
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou 
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º 
deste artigo; 
37
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos 
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem 
econômico-financeira;
VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua 
competência ou quando o constrangimento provier de autoridade 
cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato 
de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos 
tribunais federais;
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, 
ressalvada a competência da Justiça Militar;
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de 
estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e 
de sentença estrangeira, após a homologação, as causas 
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à 
naturalização;
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
§ 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na 
seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte.
§ 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas 
na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde 
houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou 
onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
§ 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro 
do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que 
forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre 
que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se 
verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas 
sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.
§ 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será 
sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do 
juiz de primeiro grau.
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o 
Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o 
cumprimento de obrigações decorrentes de tratados 
internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, 
poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em 
qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de 
deslocamento de competência para a Justiça Federal.
• Neste caso, qual é o território (comarca) competente?
o 1º) É a capital do estado onde ele mora ou morou.
o 2º) Se não mora e nunca morou no Brasil é competente a 
capital da república (art. 88 CPP).
Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território 
brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde 
houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver 
residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da 
República.
*Princípio da vedação do bis in idem e Extraterritorialidade:
38
• Processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo 
mesmo fato. Na extraterritorialidade incondicionada o agente 
pode ser processado novamente.
• Material: ninguém pode ser condenado duas vezes pelo mesmo 
fato. Na extraterritorialidade incondicionada o agente pode ser 
condenado novamente.
• Execucional: ninguém pode ser executado duas vezes por 
condenações relacionadas ao mesmo fato. Na 
extraterritorialidade incondicionada o agente pode ser 
executado novamente.
OBS: Por tudo acima, a extraterritorialidade incondicionada é exceção 
ao ne bis in idem.
OBS: Francisco de Assis Toledo afirma que o art. 8º do CP evita o bis 
in idem. Entretanto, Sanches afirma que o art. 8º do CP apenas 
atenua o ne bis in idem, mas não o evita (pois apenas compensa as 
sanções penais).
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil 
pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
• Ex1: No estrangeiro: pena privativa de liberdade de 10 anos. No 
Brasil pena privativa de liberdade de 20 anos. Computam-se os 
10 anos já cumpridos e agora precisa cumprir apenas os 10 
restantes.
• Ex2: Se forem penas de natureza diversa, atenua a privativa de 
liberdade devida (no estrangeiro, pena de multa e no Brasil 
pena privativa de liberdade de 10 anos).
VALIDADE DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS
• A lei penal se aplica a todos, nacionais ou estrangeiros, por 
igual, não existindo privilégios pessoais (art. 5º, CRFB/88). Há, 
no entanto, pessoas que em virtude das suas funções ou em 
razão de regras internacionais gozam de imunidades. Longe de 
uma garantia pessoal, trata-se de necessária prerrogativa 
funcional, proteção ao cargo ou função desempenhada pelo seu 
titular.
PRIVILÉGIO PRERROGATIVA
• Exceção da lei comum 
deduzida da situação de 
superioridade das pessoas 
que a desfrutam.
• Conjunto de precauções que 
rodeiam a função e que 
servem para o exercício desta.
• É subjetivo e anterior à lei. • É objetiva e deriva da lei.
39
• Tem uma essência pessoal. • Anexo à qualidade do órgão.
• É poder frente à lei. • É conduto para que a lei se 
cumpra.
• Aristocracia das ordens 
sociais.
• Aristocracia das instituições 
governamentais.
OBS: É errado falar em foro privilegiado. O certo é foro por 
prerrogativa de função.
IMUNIDADE DIPLOMÁTICA
São imunidades de direito público internacional de que gozam:
a) Os Chefes de Governo ou de Estado estrangeiro, sua família e 
membros de sua comitiva;
b) Embaixador e sua família;
c) Funcionários do corpo diplomático e sua família;
d) Funcionários das organizações internacionais quando em 
serviço.
*Estes personagens desfrutam de imunidade absoluta. Não importa o 
crime. Comum ou não desfrutam de imunidade.
*Agente consular tem imunidade diplomática, mas limitada aos 
crimes propter oficium (em razão da função), pois exerce apenas 
atividades administrativas.
Natureza jurídica:
• 1ª corrente: causa pessoal de isenção de pena 
o Corrente majoritária.
• 2ª corrente: causa impeditiva da punibilidade 
o Corrente minoritária

Continue navegando