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Direito Penal Prof. Rogério Sanches Aula 1 (28 de janeiro de 2009) INTENSIVO 1 (20 aulas) • Teoria Geral do Direito Penal • Teoria Geral do Delito • Consumação/Concurso de Pessoas/Conflito de Normas INTENSIVO 2 • Teoria Geral da Pena • Penal Especial (15 aulas) INTENSIVO 3 • Novidades Bibliografia Cesar Roberto Bittencourt Rogério Greco (fácil) Coleção Ciências Criminais • Vol 1: LFG (Princípios) • Vol 2: LFG (Parte Geral do Direito Penal) • Vol 3: Rogério (Parte Especial) • Vol 4: Valério (Pacto de San José) • Vol 5: LFG (Criminologia) DIREITO PENAL (conceito e finalidades) Sob o aspecto formal, o Direito Penal é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, define seus agentes e fixa as sanções a ser-lhes aplicadas. Sob o enfoque sociológico, o Direito Penal é mais um instrumento (ao lado dos outros ramos do Direito) do controle social de comportamentos desviados, visando assegurar a necessária disciplina social (Missão do Direito Penal). Finalidades do Direito Penal – Conceito Sociológico • Teoria do Funcionalismo-Teleológico • Teoria do Funcionalismo-Sistêmico Funcionalismo: trabalha com o conceito sociológico, ou seja, discute a missão do Direito Penal. 1 • Para os Funcionalistas-teleológicos (ROXIN), a missão do Direito Penal é assegurar bens jurídicos, valendo-se das medidas de política criminal. • Já para os Funcionalistas-sistêmicos (JAKOBS), a missão do Direito Penal é somente resguardar a norma, assegurar o sistema, proteger o direito posto, atrelado aos fins da pena. Direito Penal Objetivo Direito Penal Subjetivo Conjunto de leis penais vigentes no país. Direito de punir do Estado. Os Direitos Penais Objetivo e Subjetivo estão umbilicalmente ligados, pois o Direito Penal Objetivo é expressão do Poder Punitivo estatal. O Direito Penal Subjetivo é um monopólio estatal. • Exceções o Estatuto do índio (Lei 6.001/73), art. 57: respeitando a dignidade da pessoa humana. Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte. o Tribunal Penal Internacional: o Brasil abriu mão de parcela de sua soberania. • A legítima defesa e a ação penal de iniciativa privada não são exceções ao monopólio estatal ao direito de punir. O Direito Penal Subjetivo é condicionado por 3 limitações ou condicionantes: • Temporal: Prescrição. • Espacial: Princípio da Territorialidade (em regra só se aplica a lei penal brasileira no território brasileiro). • Modal: princípio da dignidade da pessoa humana. FONTES DO DIREITO PENAL Conceito: lugar de onde vem e como se revela a norma jurídica penal. 1 – Fonte Material (fonte de produção) • Ente encarregado de criar norma penal. • Art. 22, I, CF: o ente é a União, porém os estados podem desde que haja interesse e legislando sobre questões específicas (art. 22, parágrafo único). Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 2 Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. 2 – Fontes Formais (fontes de revelação) • Processo de exteriorização. • Imediatas: Lei (só a lei cria crime e comina pena) • Mediatas: Costumes e Princípios Gerais do Direito. 2.1. Costumes • Comportamentos uniformes e constantes pela convicção de sua obrigatoriedade e necessidade jurídica. • Não existe costume incriminador (não cria crime, contravenção, medida de segurança, nem comina pena). *Costume revoga crime? (3 correntes) • 1ª Corrente: O costume pode revogar crime e pode revogar pena, desde que a norma perca a sua eficácia social (a sociedade já não mais encara o comportamento como indesejado). • 2ª Corrente: O costume, apesar de não revogar infração penal, impede sua aplicação quando perde a eficácia social. • 3ª Corrente: enquanto não revogada por outra lei, a lei penal permanece vigente, podendo ser aplicada. Baseia-se na Lei de Introdução ao Código Civil. É a mais aceita. *O Costume Interpretativo é bem vindo no Direito Penal (aquele que nada cria ou revoga, mas que aclara os preceitos legais. • “Mulher Honesta”: expressão que não mais está expressa no Código Penal, mas no tipo do art. 218 do CP (corrupção de menores) é essencial o conceito de honestidade. o Art. 218 - Corromper ou facilitar a corrupção de pessoa maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, com ela praticando ato de libidinagem, ou induzindo-a a praticá-lo ou presenciá-lo: • Art. 155 : “repouso noturno” no furto (o costume local é que dirá o que é “repouso noturno”. o Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. É perfeitamente possível no Direito Penal o uso do costume secundum legis, atuando dentro dos limites do tipo penal. Cuida-se mais de um costume interpretativo, adequando-se o tipo às exigências éticas coletivas. 2.2. Princípios gerais do direito • Direito que vive na consciência comum de um povo. 3 Fontes Formais Antes da EC 45/2004 Depois da EC 45/2004 1) Imediata • Lei 2) Mediatas • Costumes • Princípios Gerais do Direito. 1) Imediatas • Lei (única capaz de regular infração e sanção penal); • CF/88; • Tratados Internacionais de Direitos Humanos (TIDH); • Jurisprudência (Súmulas Vinculantes) 2) Mediata • Doutrina 3) Informais • Costumes Tratados Internacionais de Direitos Humanos • Após a EC 45/2004 o Quando ratificados com quorum especial: status constitucional. o Quando ratificados de forma comum: status supra-legal (STF). Lei que afronta a Constituição: sujeita ao “controle de constitucionalidade”. Lei que afronta tratado supra-legal: sujeita ao “controle de convencionalidade”. Controle de Constitucionalidade Controle de Convencionalidade 1) Lei que afronta a CF ou Tratado de DH ratificado de forma especial. 2) Pode ser feito de forma Difusa ou Concentrada (STF) 1) Lei que afronta TIDH ratificado de forma comum. 2) Feito de forma apenas difusa. Obs: Texto de LFG sobre o tema: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12241 3 – INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL • Interpretar: explicar o sentido da palavra, texto ou lei. 3.1. Interpretação quanto ao sujeito (quanto à origem) • Autêntica ou Legislativa • A interpretação é dada pela própria lei. Ex: conceito de “funcionário público” (CP, art. 327). 4 i. Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. ii. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. • Doutrinária ou Científica • Feita pelos estudiosos do Direito. • Jurisprudencial • Feita pelos tribunais quando decidem copiosamente de determinada maneira. • Pode ser vinculante (Súmulas Vinculantes: já existe mais de uma dezena). *Exposição de Motivos é que tipo de interpretação? • Do CP: é doutrinária, pois foi feita pelos doutos que participaram do ante-projeto. • Do CPP: é legislativa, pois é feita por lei. 3.2. Interpretação quanto ao modo • Literal ouGramatical o Leva em conta o sentido literal das palavras. • Teleológica o Indaga-se da intenção objetivada pela lei. • Histórica o Procura-se a origem da lei. • Sistemática o A lei é interpretada com o conjunto da legislação. 3.3. Interpretação quanto ao resultado (é a que mais cai em concurso) • Declarativa o A letra da lei corresponde àquilo que o legislador quis dizer (Letra da lei = Intenção do legislador) • Restritiva o Reduz-se o alcance da expressão legal para chegar à intenção do legislador. • Extensiva o Amplia-se o alcance da expressão legal para chegar à intenção do legislador. • Progressiva (Adaptativa ou Evolutiva) 5 o A expressão deve atualizar-se com o avanço da ciência. o Ex: chave falsa (cartão de hotel, digital, etc) o Ex: no art. 213 do CP (estupro), a vítima é a mulher, mas, e o transexual? • Numa interpretação progressiva, Rogério Greco diz que o transexual pode ser vítima de estupro se realizar a cirurgia de ablação do sexo e atualizar o seu registro civil. *É possível no Direito Penal interpretação extensiva? E esta interpretação pode ser contra o réu? • 1ª Corrente: não cabe. Empresa do campo das provas o princípio in dúbio pro reo. Na dúvida interpreta-se a favor do réu. • 2ª Corrente: sim, cabe. Por que não existe vedação legal de interpretação extensiva contra o réu. • Art. 157, §2º, I (Roubo): o que deve-se considerar como “arma”? Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma; o 1ª Corrente: a arma deve ser levada em seu sentido próprio, ou seja, todo instrumento fabricado com finalidade bélica (fim exclusivo). Ex: revólver. (é uma interpretação restritiva) o 2ª Corrente: toma a expressão arma em seu sentido impróprio, ou seja, todo instrumento com ou sem finalidade bélica capaz de servir ao ataque. Ex: faca de cozinha. (é uma interpretação extensiva). É a que prevalece, ou seja, a interpretação extensiva pode ser contra o réu, em casos excepcionais (para evitar arbritrariedades. OBS: o Equador tem uma lei que veda a interpretação extensiva contra o réu. * Interpretação Analógica • Nesta espécie de interpretação, o significado que se busca é extraído do próprio dispositivo (existe norma a ser aplicada ao caso concreto). • O intérprete leva em conta expressões genéricas e abertas precedidas de exemplos (o legislador depois de enumerar exemplos encerra de forma genérica). 6 Interpretação Extensiva Interpretação Analógica O legislador toma uma palavra e amplia o seu alcance. O legislador dá exemplos e termina de forma genérica e permite ao intérprete encontrar outros casos que se assemelham aos exemplos. • art. 121, §2º do CP (I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe); • Art. 306 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) As hipóteses de interpretação acima expostas (extensiva e analógica) não se confundem com analogia (regra de integração). Neste caso, ao contrário dos anteriores, parte-se do pressuposto de que não existe uma lei que possa ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual socorre-se daquilo que o legislador previu para outro caso similar. • Interpretação extensiva e analógica: existe lei. • Analogia: não existe lei. o Lacuna (fato A) o Lei A1 (fato A1) o Aplicação da Lei A1 à lacuna. *É possível analogia no Direito Penal? • Sim, desde que favorável ao réu (in bonam partem ou não- incriminadora). o Ex: “cônjuge” abrange “companheiro”? • Se constante a expressão “cônjuge” em tipo penal incriminador desfavorável ao réu: não abrange. • Se constante a expressão “cônjuge” em caso de isenção de pena: abrange. 4 – PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 4.1. Princípios ligados à “Missão Fundamental do Direito Penal” • Princípio da Exclusiva Proteção de Bens Jurídicos o Impede que o Estado venha a utilizar o Direito Penal para a proteção de bens ilegítimos. o Ex: não pode o Direito Penal proteger determinada região, classe social (DP elitista, discriminatório...) • Princípio da Intervenção Mínima o O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, mantendo-se subsidiário e fragmentário. o O Direito Penal é seletivo e, dos fatos da natureza e humanos só tutela os últimos; e, dos fatos humanos desejados e indesejados, só tutela os últimos. 7 o Aspectos da Intervenção Mínima • Subsidiariedade : o Direito Penal só intervém em abstrato quando ineficazes os demais ramos do Direito (Paulo José da Costa Júnior: o Direito Penal é a ultima ratio, ou seja, é a “derradeira trincheira no combate dos comportamentos humanos indesejados”. • Fragmentariedade : o Direito Penal para intervir no caso concreto exige relevante e intolerável perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Ex: princípio da insignificância. *O princípio da insignificância é decorrência de qual característica do Princípio da Intervenção Mínima? Fragmentaridade. Princípio da Intervenção Mínima STF STJ Requisitos: 1) Mínima ofensividade da conduta do agente. 2) Nenhuma periculosidade social da ação. 3) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. 4) Inexpressividade da lesão jurídica provocada. *STF e STJ só trabalham com requisitos objetivos (eles não observam os requisitos subjetivos (ex: primariedade do réu), assim, mesmo o reincidente ode aproveitar-se do princípio. Insignificância • Consoante a realidade econômica do país (normalmente leva em conta o salário-mínimo). Insignificância • Consoante a condição pessoal da vítima. É admitido nos crimes contra a Administração Pública (inclusive descaminho). Não é admitido nos crimes contra a Administração Pública (pois o bem jurídico tutelado é a moralidade administrativa). Não é admitido nos crimes contra a fé pública (em especial moeda falsa) 4.2. Princípios relacionados com o fato do agente • Princípio da Exteriorização ou Materialização do fato o O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, isto é, fatos. o Direito Penal do Fato: art. 2º do CP (“Ninguém pode ser punido por fato...” OBS: Direito Penal do Autor incrimina pensamentos, estilo de vida, etc. 8 *Para a doutrina moderna, a contravenção penal da “vadiagem” não tem mais aplicação, por punir um estilo de vida e não um fato (Doutrina do DP do fato). • Princípio da Legalidade o Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. o O art. 1º do CP traz o princípio da legalidade ou da reserva legal? 1ª corrente – princípio da legalidade é sinônimo de princípio da reserva legal. 2ª corrente – legalidade não se confunde com princípio da reserva legal. O princípio da legalidade toma a expressão “lei” no seu sentido amplo (CF, art. 59). Já o princípio da reserva legal toma a expressão no seu sentido restrito (lei ordinária e lei complementar). Para esta corrente o art. 1 do CP traz o princípio da reserva legal. 3ª corrente – o princípio da legalidade é o princípio da reserva legal + anterioridade. Para está corrente o CP adotou o princípio da legalidade no seu art. 1º (majoritária). o O princípio da legalidade constitui real limitação ao poder estatal de interferir na esfera de liberdades individuais. Tem guarida na CF (art. 5º, XXXIXe art. 9 da CIDH). XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; ARTIGO 9 Princípio da Legalidade e da Retroatividade Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no memento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco se pode impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delinqüente será por isso beneficiado. o O princípio da legalidade tem origem onde (qual a fonte)? Há doutrina que remonta o PL ao direito romano; Há doutrina que remonta à carta de João sem terra (1215); Porém, prevalece que este Princípio tem origem no iluminismo recepcionado pela Revolução Francesa. o Fundamentos do Princípio da Legalidade 9 1) Político: exigência de vinculação do executivo e do judiciário a leis formuladas de forma abstrata (impede o poder punitivo baseado em arbítrio) 2) Democrático: respeito ao princípio da divisão de poderes (o parlamento representante do povo, deve ser o único responsável na criação de crimes) 3) Jurídico: uma lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo. o Aplica-se o princípio da legalidade para as contravenções penais? CP, “Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. A contravenção penal também deve obedecer à legalidade (não há divergência). o Aplica-se o princípio da legalidade para as medidas de segurança? 1ª corrente – o princípio da legalidade não abrange medida de segurança, pois seu fim não é punir, mas sim curar e a cura não precisa desta restrição. 2ª corrente – o princípio da legalidade abrange medida de segurança, pois apesar de curativa é também uma espécie de sanção penal (hoje é a teoria que prevalece). o A releitura moderna do art. 1º implica a substituição de “crime” e “pena”, respectivamente, por “infração penal” e “sanção penal”. o O art. 3º do CPM não foi recepcionado pela CF, pois apesar de obedecer à reserva legal não observa a anterioridade. Assim, reserva legal sem a anterioridade não é legalidade. Medidas de segurança Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução. Para que o Principio da legalidade signifique a garantia contra a ingerência estatal é necessário: • 1) não há crime sem lei em sentido estrito; o Medida provisória, não sendo lei em sentido estrito, não pode criar crime e não pode cominar pena. o Pode a medida provisória versar sobre direito penal? 10 1ª corrente – medida provisória não pode versar sobre direito penal nem incriminador, nem não- incriminador (CF art. 62, I, b): corrente majoritária. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: I - relativa a: b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 2ª corrente – o princípio da legalidade reserva o direito incriminador à lei estrita, mas o direito não- incriminador pode ser objeto de outras fontes normativas (lei em sentido amplo), ou seja, admite medida provisória versando sobre direito penal desde que seja não-incriminador. o O STF, no RE 254.818/PR, discutindo os efeitos benéficos trazidos pela MP 1571/97 (que permitiu o parcelamento de débitos tributários e previdenciários com efeito extintivo da punibilidade) proclamou sua admissibilidade em favor do réu. EMENTA: I. Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída pela doutrina consensual - da interpretação sistemática da Constituição -, não compreende a de normas penais benéficas, assim, as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de isenção de pena ou de extinção de punibilidade. II. Medida provisória: conversão em lei após sucessivas reedições, com cláusula de "convalidação" dos efeitos produzidos anteriormente: alcance por esta de normas não reproduzidas a partir de uma das sucessivas reedições. III. MPr 1571-6/97, art. 7º, § 7º, reiterado na reedição subseqüente (MPr 1571-7, art. 7º, § 6º), mas não reproduzido a partir da reedição seguinte (MPr 1571-8 /97): sua aplicação aos fatos ocorridos na vigência das edições que o continham, por força da cláusula de "convalidação" inserida na lei de conversão, com eficácia de decreto-legislativo. Resolução do TSE pode criar crime? o Não pode, pois tem força normativa, mas não é lei em sentido estrito. Resoluções do CNJ e do CNMP podem criar crimes? o Não podem, pois têm força normativa, mas não são leis em sentido estrito. 11 Lei delegada pode versar sobre direito penal? o Art. 68, §1º, CF, II: a Lei delegada não pode versar sobre Direitos Individuais e o DP afeta, direta ou indiretamente, direitos individuais. o Não pode, pois o direito penal afeta direta ou indiretamente direitos individuais. o Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. o § 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: o II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; • 2) A Lei deve ser anterior aos fatos que busca incriminar o Princípio da anterioridade. o Busca evitar retroatividade maléfica. Retroatividade benéfica é legítima. • 3) Lei escrita : o Busca evitar o costume incriminador (o costume interpretativo é bem-vindo). • 4) Lei estrita : o Busca-se evitar a analogia incriminadora (não é evitar a analogia em geral). • 5) Lei certa : o É a lei de fácil entendimento (princípio da taxatividade ou da determinação) o Art. 20 da lei 7170/83 (Crimes contra segurança nacional) – “ou atos de terrorismo” – fere o princípio da legalidade por ser incerta (princípio da taxatividade). Art. 20 - Devastar, saquear, extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. • 6) Lei necessária : o É desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima. o Art. 273 CP: 12 Caput – pune o falsificador (10 a 15 anos) §1º - pune aquele que disponibiliza o medicamento (10 a 15 anos) §1-A – traz uma cláusula de equiparação, pois equipara produtos terapêuticos e medicinais, dentre outros a cosméticos e saneantes (desde que tenham finalidade terapêutica ou medicinal). §1º-B – pune aquele que disponibiliza produto não falsificado, mas irregular. o Não havia necessidade do direito penal atuar neste caso, bastava o direito administrativo. Fere o princípio da legalidade em seu aspecto da necessidade. “Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos,e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. § 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. § 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; V - de procedência ignorada; VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente”. OBS: A legalidade é o ponto basilar (pilar, viga-mestra) do garantismo. o Garantismo – significa incrementar garantias, diminuindo o poder punitivo. Reduzir o poder punitivo e aumentar as garantias (direito do estado de punir X garantia do cidadão). Princípio da legalidade X Norma penal em branco Lei penal: o 1) Completa – quando dispensa complemento normativo ou valorativo (ex. art. 121 CP) o 2) Incompleta – depende de complemento normativo ou valorativo 13 o 2.1- Norma Penal em Branco: depende de complemento normativo. 2.1.1 – Norma Penal em Branco Própria ou em Sentido Estrito: o complemento normativo não emana do legislador (ex: lei de drogas – quem diz o que é droga é o Executivo) 2.1.2 – Norma Penal em Branco Imprópria ou em Sentido Amplo: o complemento normativo emana do legislador (ex: crimes funcionais – conceito de “funcionário público” do art. 327 do CP) • Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. • § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. 2.1.2.1 – Homovitelina: a mesma instância legislativa (lei penal complementando lei penal) 2.1.2.2 – Heterovitelina: instância legislativa diversa (lei civil complementando lei penal – ex. art. 236 CP) • Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: 2.1.3 – norma penal em braço ao revés – o complemento normativo diz respeito à sanção penal (ex. genocídio) o 2.2 – Tipo Aberto – o complemento é valorativo (será dado pelo juiz na análise do caso concreto – ex. crime culposo) OBS: A norma penal em branco em sentido estrito fere o princípio da legalidade? Norma penal em branco em sentido estrito. Críticas: 1ª crítica: norma penal em branco fere o princípio da taxatividade. o Ex: vender “drogas” – se não se sabe o que é drogas não se sabe ao certo o que quer recriminar. o Contra-argumento: enquanto não complementada não tem eficácia jurídica ou social. 2ª crítica: norma penal em branco em sentido estrito ofende a reserva legal 14 o O complemento é dado por espécie normativa diferente da lei (ex: “droga” é definida pelo executivo) o Contra-argumento: na norma penal em branco própria ou em sentido estrito há um tipo penal incriminador que traduz os requisitos básicos do delito. A autoridade administrativa limita-se a explicitar os requisitos típicos dados pelo próprio legislador. O que a autoridade administrativa não pode fazer é explicitar requisitos básicos (ex: sujeitos do tipo, núcleos do tipo). Fontes formais do direito penal: 1) imediata: Lei CF Tratados de direitos humanos Jurisprudência Princípios Complementos da norma penal em branco própria (ex: portaria – drogas) Obs: a doutrina moderna coloca os princípios e os complementos da norma penal em branco própria na categoria das fontes imediatas. 2) mediata: Doutrina Obs: os costumes configuram fontes informais • Princípio da Ofensividade o Para que ocorra o delito é imprescindível a efetiva, concreta e intolerável lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. o Com base neste princípio o STF vem entendendo que porte de arma desmuniciada não é crime (arma desmuniciada = sem munição e sem capacidade de pronto municiamento) ______________________________________________________________________ Aula 2 (04 de fevereiro de 2009) 4.3. Princípios relacionados com o agente do fato 15 • Princípio da Responsabilidade Pessoal o Não é sinônimo de responsabilidade subjetiva. o Através deste princípio, proíbe-se o castigo penal pelo fato de outrem. o Não existe no direito penal responsabilidade coletiva. • Desdobramentos deste princípio: o Individualização da pena o Proibição de denúncia genérica / vaga / evasiva (O MP quando denuncia tem o dever de individualizar comportamentos). OBS: Com base neste princípio há doutrina se insurgindo contra a responsabilidade penal da pessoa jurídica. • Princípio da Responsabilidade Subjetiva • Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, sendo imprescindível o fato ter sido querido, aceito ou previsível. • Só tem sentido castigar comportamentos desejados ou previsíveis. • O direito penal não admite responsabilidade objetiva. • É também um argumento contra a responsabilidade penal da pessoa jurídica (pois ela não quer, aceita ou prevê nada). • Princípio da Culpabilidade • O castigo pressupõe: agente capaz, com potencial consciência da ilicitude, sendo dele exigível conduta diversa. Princípio da Igualdade ou da Isonomia • Todos são iguais perante a lei. Obs: a igualdade é material, sendo possível haver distinções justificadas. Ex: lei 9.099/95 (juizados especiais nos estados) catalogou como infração penal de menor potencial ofensivo: - pena máxima em abstrato não superior a 1 ano - rito comum Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a um ano, excetuados os casos em que a lei preveja procedimento especial. (Vide Lei nº 10.259, de 2001) 16 Veio a lei 10259/01 (juizados federais) Catalogou como infração penal de menor potencial ofensivo: - pena máxima em abstrato não superior a 2 anos - qualquer rito Art. 2o Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo. Parágrafo único. Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a dois anos, ou multa. O desacato tem pena de 6 meses a 2 anos. Assim o desacato seria crime de menor potencial ofensivo na justiça federal e de médio potencial ofensivo na justiça estadual. O mesmo fato apenas mudando o órgão julgador. Assim, em face do princípio da isonomia a jurisprudência determinou que fosse aplicada a lei dos juizados federais. O princípio da isonomia está previsto na convenção interamericana de direitos humanos (também isonomia material) no art. 24 ARTIGO 24 IgualdadePerante a Lei Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, têm direito, sem discriminação, a igual proteção da lei. • Princípio da Presunção de Inocência o Tem guarida na CF (art. 5, LVII) LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória; o Muitos preferem chamar de princípio de presunção de não culpa (STF e Mirabete). A CF não presume ninguém inocente, apenas não permite que alguém seja considerado culpado até o trânsito em julgado. o O art. 8º, 2 da convenção interamericana dos direitos humanos garante a presunção de inocência. ARTIGO 8 Garantias Judiciais 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante 17 o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se não compreender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal; b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada; c) concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua defesa; d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor; e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei; f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os fatos. g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada; e h) direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior. o É princípio utilizado para vários fins. • Ex: art. 594 CPP está sendo julgado não recepcionado pela CF em face de potencial desrespeito ao princípio da presunção de inocência (tal artigo foi revogado). • Art. 594. O réu não poderá apelar sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória, ou condenado por crime de que se livre solto. (Redação dada pela Lei nº 5.941, de 22.11.1973) (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008). o A súmula vinculante 11 do STF também está baseada no princípio da presunção de inocência. • “SÓ É LÍCITO O USO DE ALGEMAS EM CASOS DE RESISTÊNCIA E DE FUNDADO RECEIO DE FUGA OU DE PERIGO À INTEGRIDADE FÍSICA PRÓPRIA OU ALHEIA, POR PARTE DO PRESO OU DE TERCEIROS, JUSTIFICADA A EXCEPCIONALIDADE POR ESCRITO, SOB PENA DE RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR, CIVIL E PENAL DO AGENTE OU DA AUTORIDADE E DE NULIDADE DA PRISÃO OU DO ATO PROCESSUAL A QUE SE REFERE, SEM PREJUÍZO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO”. 4.4. Princípios Relacionados com a Pena • Princípio da Proibição da Pena Indigna o A ninguém pode ser imposta pena ofensiva a dignidade da pessoa humana. • Art. 5º, 1 da convenção interamericana ARTIGO 5 18 Direito à Integridade Pessoal 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua integridade física, psíquica e moral. • Princípio da Humanidade ou Humanização das Penas o Nenhuma pena pode ser cruel, desumana e degradante. o A CF prestigia este princípio no art. 5º, XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; o Art. 5º, 2 da convenção interamericana 2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito devido à dignidade inerente ao ser humano. o Com base nos dois últimos princípios o STF declarou inconstitucional a pena integralmente em regime fechado. o O que ainda existe e tem sua constitucionalidade questionada com base nestes princípios? Regime RDD (regime disciplinar diferenciado). • O TJ/SP já se pronunciou no sentido de considerar o RDD inconstitucional, por ser penal cruel e degradante. • Porém, o STJ tem um julgado dizendo que é constitucional, pois o RDD seria proporcional a falta praticada. • Princípio da Proporcionalidade o É desdobramento do princípio da individualização da pena. o É um princípio constitucional implícito. o Significa que a pena deve ser proporcional à gravidade da infração praticada. o Normalmente apenas é analisado sob o enfoque que busca evitar o excesso. Evitar a hipertrofia da punição. o Porém, ele tem um segundo ângulo que é evitar a insuficiência da intervenção estatal. Evitar a punição insignificante. o Ex: pena do art. 319-A Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao 19 preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela Lei nº 11.466, de 2007). Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. o Para o STF, o juiz apenas pode reduzir a pena com base neste princípio, não podendo deixar de aplicar uma pena e aplicar outra mais severa. Serve apenas como um alerta ao legislador. • Princípio da Pessoalidade o CF Art.5, XLV: “Nenhuma pena passará da pessoa do condenado”. o Este princípio é absoluto? 1ª corrente – o princípio da pessoalidade não é absoluto, sendo excepcionado pela própria CF que permite a transmissão aos sucessores da pena de confisco. (Flávio Monteiro de Barros) 2ª corrente (majoritária)– o princípio da pessoalidade é absoluto não admitindo exceções. O confisco referido no art.5º, XLV da CF/88 não é pena, mas sim efeito da condenação (LFG, Mirabete, etc). o O princípio da pessoalidade está previsto no Art. 5, 3 da Convenção Interamericana de direitos humanos (que não tolera nenhuma exceção): “3. A pena não pode passar da pessoa do delinqüente”. OBS: Há doutrina que utiliza tal princípio que negar a responsabilidade penal de pessoa jurídica. • Princípio da Vedação do Bis in idem (ne bis in idem) o Possui três significados: o a) processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime. o b) material: ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato. o c) execucional: ninguém pode ser executado duas vezes por condenações relacionadas com o mesmo fato. o A agravante da reincidência (art. 61, I, CP) foi recepcionada pela CF/88? 20 1ª corrente – fere o princípio do ne bis in idem, pois o juiz está considerando duas vezes o mesmo fato em prejuízo do agente. 2ª corrente (STJ) – o fato de o reincidente ser punido mais severamente do que o primário não viola a CF nem a garantia da vedação do bis in idem, pois visa tão somente reconhecer maior reprovabilidade na conduta daquele que é contumaz violador da lei penal (princípio da individualização da pena). ______________________________________________________________________ Aula 3 (11 de fevereiro de 2009) • Princípio da Legalidade • Não basta uma legalidade formal (obediência aos trâmites procedimentais – lei vigente), havendo que existir uma legalidade material (obediência as garantias impostas pela CF e tratados de direitos humanos – lei válida). o Legalidade formal faz da lei vigente. o Legalidade material fazda lei válida. • Para o STF, a lei do regime integralmente fechado é vigente, porém é inválida. Por ferir o princípio da isonomia, princípio da razoabilidade, princípio da humanidade, princípio da individualização das penas, etc. • Quais são as formas de se questionar a validade de uma lei? Controle Concentrado Controle Difuso Controle Difuso Abstrativizado Controle de Convencionalidade • Por meio de ações diretas (ADI, ADC, etc). • A lei é questionada diretamente no STF. • O STF analisa a lei em abstrato. • A decisão tem efeitos erga omnes. • Por meio de ações indiretas (HC, recursos em geral, etc). • A lei, antes de chegar no STF, passa pelos TJ/TRF, STJ. • O STF analisa o caso concreto. • A decisão • Por meio de ações indiretas (HC, recursos em geral, etc). • A lei, antes de chegar no STF, passa pelos TJ/TRF, STJ. • O STF analisa a lei em abstrato. • A decisão tem efeitos erga omnes. • Controla a validade da lei quando o Tratado Internacional de Direitos Humanos é apenas “supralegal”. • É sempre feito de forma difusa. 21 tem efeitos inter partes. • Chega ao STF difuso, mas é analisado em abstrato. • Ex: regimes integralmente fechados. • Freddie Didier LEI PENAL NO TEMPO • Quando, no tempo, o crime se considera praticado? 1) Teoria da atividade : considera-se praticado o crime no momento da conduta. 2) Teoria do resultado : considera-se praticado o crime no momento do resultado. 3) Teoria mista ou da ubiqüidade : considera-se praticado o crime no momento da conduta ou do resultado. • O CP no art. 4º adotou a teoria da atividade: Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado • Aplicações práticas do art. 4 do CP (teoria da atividade): o Determinar a imputabilidade ou inimputabilidade do agente. Ex: conduta realizada quando o agente tinha 17 anos e a vítima falece quando o agente já tinha 18 anos. o Análise da idade da vítima para efeito de aplicação de aumento de pena (Art. 121, § 4º do CP) Ex: conduta realizada quando a vítima tinha menos de 14 anos (incide o aumento) ou a vítima tinha menos de 60 anos (não incide o aumento); o resultado morte acontece apenas quando a vítima tinha mais de 14 anos ou mais de 60 anos. § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. o Sucessão de leis penais no tempo: 22 Em regra, aplica-se a lei vigente no momento em que a conduta é praticada. Se a lei posterior (do momento da sentença) for mais benéfica será retroativa. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO • Quando há uma efetiva sucessão de leis penais, surge o conflito de leis penais no tempo. Como decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, em regra, a lei vigente ao tempo da realização do fato criminoso (tempus regit actum). • Contudo, esta mesma regra (da irretroatividade) cede diante de alguns casos, exceções fundamentadas em razões político- sociais. • Situações: o 1) Quando da realização do fato não há lei – em momento posterior lei “A” incrimina o fato: a lei “A” é irretroativa (art. 1º CP) Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. • 2) Quando da realização do fato existia a lei “A” com condenação de 2 a 4 anos – em momento posterior surge a lei “B” aumentando a pena para de 3 a 8 anos: a lei “B” é irretroativa (art. 1º CP). • 3) quando da realização do fato existia a lei “A” com pena de 2 a 4 anos – em momento posterior a lei “A” é abolida (art. 2º CP). Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. • 4) quando da realização do fato existia a lei “A” com pena de 2 a 4 anos – em momento posterior surge a lei “B” com pena de 1 a 2 anos: a lei “B” retroage (art. 2º, parágrafo único do CP) Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. QUADRO ESQUEMÁTICO Realização do Fato Momento Posterior 23 Não há lei Lei “A” incriminadora (art. 1º do CP) Lei “A”: pena de 2 a 4 anos. Lei “B”: pena de 3 a 8 anos. Irretroativa (art. 1º do CP) Lei “A”: pena de 2 a 4 anos. Lei “A” é abolida. A lei abolicionista é retroativa. (art. 2º do CP) Lei “A”: pena de 2 a 4 anos. Lei “B”: pena de 1 a 2 anos. A lei “B” é retroativa. (art. 2º, parágrafo único do CP) Abolitio criminis (art. 2º do CP) • Conceito o É hipótese de supressão da figura criminosa. • Natureza jurídica: o 1ª corrente: é causa extintiva da tipicidade e como conseqüência da punibilidade. o 2ª corrente: ela é causa extintiva da punibilidade (adotada pelo CP – art. 107, III) Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; o Há doutrina que critica esta posição do CP, pois quando ocorre a abolitio criminis o crime deixa de existir e não apenas a sua punibilidade (Flávio Monteiro de Barros e Aníbal Bruno). • Lei abolicionista não respeita a coisa julgada (art. 2º CP) Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. OBS: A expressão “...cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória” do art. 2º do CP foi recepcionada pela CF/88 (art. 5º XXXVI)? XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; • O art. 2º do CP foi recepcionado pela CF, não infringindo o art. 5º, XXXVI, pois o mandamento constitucional tutela a garantia 24 individual do cidadão e não o direito de punir do estado (pode ser usado para beneficiar o cidadão, mas não prejudicar o cidadão). • Lei abolicionista pode retroagir na vacatio legis? o 1ª corrente: não, pois lei na vacatio legis não tem eficácia jurídica ou social (prevalece no Brasil). o 2ª corrente: pode, pois considerando a finalidade da vacatio legis, é possível aplicar a lei ainda não vigente àqueles que demonstrarem conhecê-la. OBS: esta discussão foi levantada na ocasião da criação da nova lei de drogas. • E se o crime é praticado em continuidade delitiva? o Conceito de Continuidade delitiva – é a reiteração de crimes no mesmo: Contexto temporal Contexto espacial Modus operandi (maneira de execução) o Neste caso, para o art. 71 do CP há um único crime (ficção jurídica). Ex: 5 furtos, nas mesmas circunstâncias de tempo, local e execução. Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso,de um sexto a dois terços. 1ª corrente: aplica-se a lei mais benéfica (in dúbio pro réu); 2ª corrente: se o crime é único, considera-se praticado tanto no primeiro quanto no último momento. Assim, deve-se aplicar sempre a última lei, a lei vigente na cessação da continuidade, ainda que mais gravosa (prevalece no Brasil) • Súmula 711 (STF): A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA. 25 • É possível combinação de leis? Tempo do crime Tempo da sentença Lei A Lei B Pena: 2 a 4 anos Pena: 3 a 8 anos Multa: 10 a 30 dias-multa Multa: 10 a 20 dias-multa • 1ª corrente: não pode combinar leis, pois assim agindo o juiz estará legislando, criando uma terceira lei (lex tertia) – Nelson Hungria. o Prevalece na doutrina clássica, no STF e no STJ. • 2ª corrente: pode. Se o juiz pode o mais (ignorar uma lei no todo), ele pode o menos (ignorar uma lei em parte). o Prevalece na doutrina moderna. • 3ª corrente: o juiz não pode combinar devendo o réu escolher a lei a ser aplicada. o Há um julgado no STJ. OBS: O STF e o STJ estão abandonando a 1ª corrente e estão migrando para a 2ª corrente (combinação de leis). • Casos em que o STF aceitou a combinação de leis: lei 6.368/76 lei 8.072/90 Art. 14: associação para o tráfico. Pena: 3 a 10 anos Art. 288 CP: Quadrilha ou bando quando visar tráfico. Pena: 3 a 6 anos • O STF determinou que fosse aplicada a pena da segunda lei para casos de associação para o tráfico. lei 6.368/76 lei 11.343/06 Traficante: pena de 3 a 15 anos. Traficante: pena de 5 a 15 anos. Redução de 1/6 a 2/3. • O STF e STJ, admitindo a combinação de leis, combinaram a pena da 6.368 com a redução de pena da 11.343. • Depois do trânsito em julgado quem aplica a lei mais benéfica? • Prova objetiva: juiz da execução • Prova discursiva: depende. 26 • Se for caso de aplicação meramente matemática: juiz da execução (súmula 611 STF) Ex. diminuição de pena em razão da idade do agente. Súmula 611 (STF): TRANSITADA EM JULGADO A SENTENÇA CONDENATÓRIA, COMPETE AO JUÍZO DAS EXECUÇÕES A APLICAÇÃO DE LEI MAIS BENIGNA. • Se a redução conduzir a juízo de valor: revisão criminal Ex. diminuição pena em razão do pequeno prejuízo para a vítima. • A alteração do complemento de uma norma penal em branco retroage ou não retroage? o Quando o complemento da norma penal em branco também for lei, a sua alteração benéfica sempre retroagirá. o Contudo, quando o seu complemento for norma infralegal, o decisivo é saber se a alteração da norma extrapenal (ex. portaria) implica, ou não, supressão do caráter ilícito do fato. Se implicar supressão do caráter ilícito (ex. retirada de uma substancia da portaria da DIMED) retroage; se implicar mera atualização (ex. tabela de preços imposta pelo governo) não retroage. Francisco de Assis Toledo QUADRO ESQUEMÁTICO Norma Penal em Branco – Complemento Normativo Complementos Lei (Homogênea) • Se o complemento for mais benéfico, retroage (sempre). Diferente de lei (Heterogênea) • Ex: portaria. • Se o complemento apenas atualizar, não retroage. • Se o complemento for descriminalizante, retroage. • A sentença condenatória, com a abolitio criminis deixa de ser título executivo judicial? o Desaparecem apenas os efeitos penais da condenação, os efeitos extrapenais (civis, administrativos) da condenação são mantidos. Ex: perda de cargo, responsabilidade civil. ULTRA-ATIVIDADE DAS LEIS PENAIS TEMPORÁRIAS E EXCEPCIONAIS (art. 3º CP) 27 • Lei temporária: é aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de sua vigência. Lei Temporária 01/01/09---------------------------------------------------------------01/07/09 • Lei excepcional: é a que atende a transitórias necessidades estatais (ex. guerra, calamidades, epidemias, etc.) e perduram enquanto perdurar o estado de emergência. Lei Excepcional 01/01/09 _____________________________calamidade_____________________________ OBS: as leis temporárias e excepcionais são ultra-ativas. • O art. 3º do CP foi recepcionado pela CF/88 (art. 5º, XL)? CP, Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. CF/88, art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; • 1ª corrente: Para Zafaroni e Maurício Antônio Ribeiro Lopes, o art. 3º do CP não foi recepcionado pelo art. 5º, XL da CF, pois a lei maior não traz qualquer exceção autorizando ultra- atividade maléfica. • 2ª corrente: a lei nova não revoga a anterior, pois não trata exatamente da mesma matéria, do mesmo fato típico. Não há, portanto, conflito de leis penais no tempo. Por isso é que o art. 3º do CP foi recepcionado pela CF/88 (corrente adotada pela maioria, entre eles LFG). • Qual a diferença da abolitio criminis e do princípio da continuidade normativo típica? • Abolitio criminis o Há uma revogação formal e uma revogação do conteúdo criminoso (supressão da figura criminosa); o A intenção do legislador é não mais considerar o fato como criminoso. 28 Ex. os art. 217 e 240 (sedução e adultério) foram abolidos e seu conteúdo não está em mais nenhum tipo penal. • Princípio da continuidade normativo típica o Há uma revogação formal, porém mantendo criminoso o conteúdo. É hipótese de permanência do conteúdo normativo como típico. o A intenção do legislador é manter o caráter criminoso do fato (só altera a “roupagem”). Ex: o rapto violento que estava no art. 219 foi transferido para o art. 148, §1º, V. Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos. § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: V - se o crime é praticado com fins libidinosos. LEI PENAL NO ESPAÇO • Sabendo que um fato punível, pode, eventualmente, atingir os interesses de dois ou mais estados igualmente soberanos, o estudo da lei penal no espaço visa descobrir qual é o âmbito territorial de aplicação da lei penal brasileira, bem como de que forma o Brasil se relaciona com outros países em matéria penal. • Princípios aplicáveis: • 1) Princípio da territorialidade: aplica-se a lei penal do local do crime (não importando a nacionalidade dos sujeitos ou do bem jurídico). • 2) Princípio da nacionalidade ativa: aplica-se a lei da nacionalidade do sujeito ativo (não importando nacionalidade da vítima ou do bem jurídico ou local do crime). • 3) Princípio da nacionalidade passiva: aplica-se a lei da nacionalidade do agente somente quando atingir vítima ou bem jurídico da mesma nacionalidade, ou seja, concidadão (não importando o local do crime). • 4) Princípio da defesa ou real: aplica-se a lei da nacionalidade da vítima ou do bem jurídico (não importando a nacionalidade do agente ou local do crime). 29 • 5) Princípio da justiça penal internacional: o agente fica sujeito à lei do país onde for encontrado (não importando a nacionalidade dos sujeitos ou local do crime). • 6) Princípio da representação (da subsidiariedade ou da bandeira): a lei penal nacional aplica-se aos crimes praticados em aeronaves e embarcações privadas, quando no estrangeiro e aí não sejam julgados. • O Brasil adotou, como regra, o princípio da territorialidade temperada pela intraterritorialidade (art. 5 CP). Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. • Territorialidade temperada: “...sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional...”. QUADRO ESQUEMÁTICO TERRITORIALIDADE EXTRATERRITORIALIDADE INTRATERRITORALIDAE • Fato ocorre no Brasil • Lei aplicável: brasileira • Art. 5º do CP • Fato ocorre no estrangeiro • Lei aplicável: brasileira • Art. 7º do CP • Fato ocorre no Brasil • Lei aplicável: estrangeira • Ex: Imunidade Diplomática, TPI • A lei brasileira aplica-se aos fatos aplicados no território nacional. O que vem a ser território nacional? (art. 5º, §1º e 2º do CP) § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. o Território nacional= território físico + território jurídico (por extensão ou equiparação ou ficção) 30 Aeronaves ou embarcação públicas a serviço do governo brasileiro são considerados extensão do território brasileiro. Aeronaves ou embarcação mercantes ou privadas só são consideradas extensão do território brasileiro se em alto-mar ou espaço aéreo correspondente ao alto-mar. Em face do princípio da reciprocidade (art. 5º, §2º, CP), o mesmo tratamento é dado às embarcações ou aeronaves estrangeiras em território nacional. OBS: Embaixada não é extensão territorial do país que representa. Ela apenas inviolável. ______________________________________________________________________ Aula 4 (27 de fevereiro de 2009) Três Problemas criados por Basileu Garcia: • Embarcação privada brasileira afunda em alto-mar. Sobre os destroços da embarcação, um italiano mata um argentino. A lei brasileira é a competente, pois sobre os destroços do navio ainda vigem a lei brasileira (continua-se a ostentar a sua bandeira). • Embarcações privadas brasileira e holandesa colidem em alto- mar. Os sobreviventes construíram uma jangada dos destroços dos dois navios. Sobre esta jangada um americano mata um argentino. Neste caso de pequena embarcação construída com destroços de navios de nacionalidades diferentes a lei não fixa solução. A doutrina adota para o caso a lei do sujeito ativo (princípio da nacionalidade ativa – neste caso lei dos EUA). • Um navio público colombiano está atracado no litoral brasileiro. Se um marinheiro sai deste navio e mata alguém no território brasileiro, duas possibilidades se abrem: o Se o tripulante desceu à terra a serviço de seu país: aplica-se a lei estrangeira. o Se desceu a terra por motivos particulares: aplica-se a lei brasileira. (art. 5º, § 2º do CP) Art. 5º, § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil 31 CONFLITO DA LEI PENAL NO ESPAÇO Princípio da Territorialidade • Aplica-se a lei brasileira ao crime praticado no território nacional. • Território nacional = espaço físico + espaço jurídico. • Lugar do crime? LUGAR DO CRIME • Teoria da Atividade o Lugar do crime é o lugar da conduta. • Teoria do Resultado o Lugar do crime é o lugar da consumação. • Teoria da Ubiqüidade (mista) o Lugar do crime é tanto o lugar da conduta quanto o lugar do resultado (ou consumação). o Adotada pelo art. 6º do CP brasileiro. Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. OBS: Se no Brasil só ocorre mero planejamento ou meros atos preparatórios não se configura o lugar do crime. Assim, para configurar-se local do crime é necessário que tenha havido o início da execução. OBS: Nelson Hungria fala que basta a execução do crime pincelar no território brasileiro que será aplicada a lei brasileira. (esta visão é excetuada pela “Passagem Inocente”. • Hoje é amplamente aplicada a chamada “passagem inocente”: quando o navio passa pelo território nacional apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino (no nosso território não atracará) não se aplica a lei brasileira. • A passagem inocente está prevista na Convenção de Direito do Mar (Montego Bay, 1982), nos arts. 17 a 28, e só se refere a navios. Mas a doutrina a estende a aeronaves, pois não vê razão para tratar desigualmente situações iguais. ARTIGO 27 Jurisdição penal a bordo de navio estrangeiro 1. A jurisdição penal do Estado costeiro não será exercida a bordo de navio estrangeiro que passe pelo mar territorial com o fim de deter qualquer pessoa ou de realizar qualquer investigação, com relação à infração criminal cometida a bordo 32 desse navio durante a sua passagem, salvo nos seguintes casos: a) se a infração criminal tiver conseqüências para o Estado costeiro; b) se a infração criminal for de tal natureza que possa perturbar a paz do país ou a ordem no mar territorial; c) se a assistência das autoridades locais tiver sido solicitada pelo capitão do navio ou pelo representante diplomático ou funcionário consular do Estado de bandeira; ou d) se essas medidas forem necessárias para a repressão do tráfico ilícito de estupefacientes ou de substâncias psicotrópicas. (...) 5. Salvo em caso de aplicação das disposições da Parte XII ou de infração às leis e regulamentos adotados de conformidade com a Parte V’ o Estado costeiro não poderá tomar qualquer medida a bordo de um navio estrangeiro que passe pelo seu mar territorial, para a detenção de uma pessoa ou para proceder a investigações relacionadas com qualquer infração de caráter penal que tenha sido cometida antes do navio ter entrado no seu mar territorial, se esse navio, procedente de um porto estrangeiro, se encontrar só de passagem pelo mar territorial sem entrar nas águas interiores. Crimes à distância (Crimes de espaço máximo) Crimes Plurilocais: • O fato percorre territórios de países igualmente soberanos. • Gera conflito internacional de jurisdição. • Aplica-se a teoria da ubiqüidade (art. 6º CP) o Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. • O fato percorre territórios do mesmo país soberano. • Gera conflito interno de competência. • Aplica-se a teoria do resultado (art. 70 CPP) o Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. o §1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. o § 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional,será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. o § 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 33 OBS: no caso da lei 9.099/95, aplica-se a teoria é da atividade EXTRATERITORIALIDADE DA LEI PENAL (art. 7º CP) 1) Princípio da Territorialidade – art. 5º (regra geral) 2) Princípio da Nacionalidade Ativa 3) Princípio da Nacionalidade Passiva (não foi adotado pelo CP brasileiro) 4) Princípio da Defesa 5) Princípio da Justiça Penal Universal 6) Princípio da Representação OBS: 2,3,4,5,6 são princípios que fundamentam a extraterritorialidade. Extraterritorialidade Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República (Princípio da Defesa); b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa 34 pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público (Princípio da Defesa); c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço (Princípio da Defesa); d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; • 3 correntes (em ordem de aceitação atual): o Princípio da Justiça Penal Universal (o Brasil de obrigou por tratado); o Princípio da Defesa (somente quando envolve o Brasil); o Princípio da Nacionalidade Ativa (está errado, pois esta alínea abrange agente brasileiro ou domiciliado no Brasil). II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Princípio da Justiça Penal Universal) b) praticados por brasileiro; (Princípio da Nacionalidade Ativa) c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Princípio da Representação) § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. • Casos de “Extraterritorialidade Incondicionada” o Não importa se o agente já foi condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (requisitos cumulativos, ou seja, faltando um deles a lei penal não pode “sair” do Brasil) • São os casos de “Extraterritorialidade Condicionada” o A lei brasileira para ser aplicada no estrangeiro depende de condições. a) entrar o agente no território nacional; • Não significa permanecer no território nacional, apenas bastando para o preenchimento desta condição que o agente toque no território nacional, mesmo que no segundo seguinte saia do território. • Para a doutrina é uma condição de procedibilidade, ou seja, sem a prova dessa condição o juiz não pode aceitar a denúncia ou queixa (tem a mesma natureza da Requisição do Ministro da Justiça). b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; • É a chamada dupla tipicidade. • É condição objetiva de punibilidade (não impede o processo, mas se ausente absolvição). 35 • Ex: bigamia em países islâmicos não é punível no Brasil, pois nestes países esta conduta não se configura crime. c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; • É apenas uma referência, não se está falando de extradição. • É condição objetiva de punibilidade (não impede o processo, mas se ausente absolvição). • Ex: homicídio pode extraditar. d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; • É condição objetiva de punibilidade (não impede o processo, mas se ausente absolvição). e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. • É condição objetiva de punibilidade (não impede o processo, mas se ausente absolvição). o Ex: se já prescreveu no outro país, o Brasil não pode punir mais o fato. Resumo do Art. 7, §2º • a) Condição de Procedibilidade • b), c), d) e e) – Condições Objetivas de Punibilidade o não impedem o processo, mas, se ausentes, deve dar-se a absolvição. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. • São os casos de “Extraterritorialidade Hipercondicionada” o A lei brasileira para ser aplicada tem de preencher as condições dos §§ 2º e 3º. OBS: o art. 7º, I, a só se aplica nos casos de crime contra a vida ou contra a liberdade do presidente. Desta forma, no caso de latrocínio (roubo seguido de morte – é crime contra o patrimônio e não contra a vida) aplica-se o art. 7º, I, c (crime contra a administração pública, por quem está a seu serviço). Súmula 603 do STF: A COMPETÊNCIA PARA O PROCESSO E JULGAMENTO DE LATROCÍNIO É DO JUIZ SINGULAR E NÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI. 36 OBS: Por enquanto o princípio da nacionalidade passiva foi o único princípio que o Brasil ainda não adotou. • Todavia, Flávio Monteiro de Barros e LFG dizem que o art. 7º, § 3º do CP adotou o princípio da nacionalidade passiva. • Entretanto, a maioria da doutrina afirma que o princípio adotado é o da defesa, pois para configurar-se o princípio da nacionalidade passiva é preciso que seja crime cometido por brasileiro contra brasileiro e, no caso o art. 7º, § 3º só pune o crime se for cometido por estrangeiro contra brasileiro. *Um brasileiro, nos EUA, mata um argentino. Logo depois entra no território brasileiro. Nos EUA ele não foi processado. • Crime praticado por brasileiro com todas as condiçõespreenchidas: o Entrou no território brasileiro (art. 7º, II, a) o Matou uma pessoa: crime punível nos EUA e no Brasil (art. 7º, II, b) e permite-se a extradição por este crime (art. 7º, II, c) o Não foi processado : não foi absolvido ou cumpriu pena no estrangeiro (art. 7º, II, d), nem foi perdoado no estrangeiro ou foi extinta a punibilidade pela lei mais favorável, estrangeira ou brasileira (art. 7º, II, e). • Neste caso, de quem é a competência para o processo e julgamento? o Em regra, justiça estadual (para ser da competência da Justiça Federal é preciso estar presentes os requisitos do art. 109 da CRFB/88). Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; 37 VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; XI - a disputa sobre direitos indígenas. § 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. § 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. § 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. § 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. • Neste caso, qual é o território (comarca) competente? o 1º) É a capital do estado onde ele mora ou morou. o 2º) Se não mora e nunca morou no Brasil é competente a capital da república (art. 88 CPP). Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. *Princípio da vedação do bis in idem e Extraterritorialidade: 38 • Processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo fato. Na extraterritorialidade incondicionada o agente pode ser processado novamente. • Material: ninguém pode ser condenado duas vezes pelo mesmo fato. Na extraterritorialidade incondicionada o agente pode ser condenado novamente. • Execucional: ninguém pode ser executado duas vezes por condenações relacionadas ao mesmo fato. Na extraterritorialidade incondicionada o agente pode ser executado novamente. OBS: Por tudo acima, a extraterritorialidade incondicionada é exceção ao ne bis in idem. OBS: Francisco de Assis Toledo afirma que o art. 8º do CP evita o bis in idem. Entretanto, Sanches afirma que o art. 8º do CP apenas atenua o ne bis in idem, mas não o evita (pois apenas compensa as sanções penais). Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. • Ex1: No estrangeiro: pena privativa de liberdade de 10 anos. No Brasil pena privativa de liberdade de 20 anos. Computam-se os 10 anos já cumpridos e agora precisa cumprir apenas os 10 restantes. • Ex2: Se forem penas de natureza diversa, atenua a privativa de liberdade devida (no estrangeiro, pena de multa e no Brasil pena privativa de liberdade de 10 anos). VALIDADE DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS • A lei penal se aplica a todos, nacionais ou estrangeiros, por igual, não existindo privilégios pessoais (art. 5º, CRFB/88). Há, no entanto, pessoas que em virtude das suas funções ou em razão de regras internacionais gozam de imunidades. Longe de uma garantia pessoal, trata-se de necessária prerrogativa funcional, proteção ao cargo ou função desempenhada pelo seu titular. PRIVILÉGIO PRERROGATIVA • Exceção da lei comum deduzida da situação de superioridade das pessoas que a desfrutam. • Conjunto de precauções que rodeiam a função e que servem para o exercício desta. • É subjetivo e anterior à lei. • É objetiva e deriva da lei. 39 • Tem uma essência pessoal. • Anexo à qualidade do órgão. • É poder frente à lei. • É conduto para que a lei se cumpra. • Aristocracia das ordens sociais. • Aristocracia das instituições governamentais. OBS: É errado falar em foro privilegiado. O certo é foro por prerrogativa de função. IMUNIDADE DIPLOMÁTICA São imunidades de direito público internacional de que gozam: a) Os Chefes de Governo ou de Estado estrangeiro, sua família e membros de sua comitiva; b) Embaixador e sua família; c) Funcionários do corpo diplomático e sua família; d) Funcionários das organizações internacionais quando em serviço. *Estes personagens desfrutam de imunidade absoluta. Não importa o crime. Comum ou não desfrutam de imunidade. *Agente consular tem imunidade diplomática, mas limitada aos crimes propter oficium (em razão da função), pois exerce apenas atividades administrativas. Natureza jurídica: • 1ª corrente: causa pessoal de isenção de pena o Corrente majoritária. • 2ª corrente: causa impeditiva da punibilidade o Corrente minoritária
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