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XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 1 Avaliação da função manutenção em organizações produtivas com base num instrumento derivado do CMM José Carlos Vaz (POLI-USP) formavaz@uol.com.br Dario Ikuo Miyake (POLI-USP) dariomiy@usp.br Resumo Este artigo está inserido no âmbito do desenvolvimento de uma pesquisa de mestrado sobre planejamento e gestão da disponibilidade operacional de equipamentos, em que esta é considerada como um produto da função manutenção para suportar a busca dos objetivos maiores da função produção. Esta pesquisa apoiar-se-á na metodologia de estudo de casos múltiplos. No planejamento do trabalho de campo, foi constatada a necessidade de se definir uma metodologia estruturada que possibilite avaliar objetivamente as organizações a serem investigadas para a verificação das proposições da pesquisa que são de natureza essencialmente qualitativa. O Capability Maturity Model (CMM) fornece um modelo conceitual que considera a capacidade de uma dada organização em planejar e realizar determinados processos como uma decorrência de uma trajetória evolutiva. O artigo propõe a elaboração de um instrumento de avaliação baseado no CMM e discute o potencial de sua aplicação na análise de processos de manutenção. Palavras chave: Disponibilidade, Manutenção, Maturidade. 1. Introdução O objetivo deste trabalho é apresentar a aplicação de um modelo de classificação que permita, além de avaliar o estágio em que se encontra uma organização produtiva em relação aos quesitos pertinentes à função manutenção de equipamentos, conduzir tomadas de decisão gerenciais que resultem em ações efetivas na busca de objetivos de excelência. Essa aplicação insere-se no contexto do desenvolvimento de um projeto de pesquisa que será baseada no método de estudo de casos múltiplos (YIN, 2001), e que requer o planejamento da coleta de dados e seu tratamento, por ocasião da busca de elementos para a avaliação das proposições que direcionarão o estudo, junto a uma amostra de organizações produtivas. Para isso, conceitos requeridos, associados a uma classificação em níveis derivados dos princípios básicos do Capability Maturity Model (CMM), são adaptados ao contexto e objetos em foco. Este modelo é aproveitado na forma de um quadro referencial para a elaboração de um instrumento de pesquisa que restrinja interpretações subjetivas ad hoc, fornecendo avaliações balizadas de modo mais consistente. 2. O modelo CMM (Modelo de Maturidade da Capacidade) Segundo Pessoa et al (1997), o modelo CMM em sua forma original teria sido desenvolvido pelo Software Engineering Institute (SEI), ligado à Universidade Carnegie Mellon e o desenvolvimento desse modelo foi financiado pelo Departamento de Defesa do governo norte-americano (DoD), com o objetivo de se estabelecer um padrão de qualidade para os softwares desenvolvidos para as forças armadas. Para estes autores, o foco do CMM seria o desenvolvimento de grandes projetos militares e, para sua aplicação em projetos menores e em outras áreas, seria necessário um trabalho cuidadoso de interpretação e adequação à realidade da organização. Tal adequação foi prevista na própria concepção deste modelo. XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 2 Segundo o SEI (2002), o objetivo de um CMM integrado é proporcionar orientação para aprimorar os processos da organização e sua capacidade para administrar o desenvolvimento, aquisição e manutenção de produtos e serviços. Ainda, o SEI (2002) credita a autores como Crosby (1979), Deming (1986), Juran (1988), e Humphrey (1989), os fundamentos básicos e conceituais que inspiraram o desenvolvimento do CMM. Humphrey e seus parceiros da IBM desenvolveram os conceitos básicos do CMM, ao verificar que a qualidade de sistemas aplicativos estava relacionada diretamente com a qualidade do processo adotado para desenvolvê-los. Para aprimorar o processo, Humphrey idealizou implantar o ciclo PDCA de desenvolvimento contínuo, conforme enfatizado por Deming. Entretanto, os ganhos não se mostraram satisfatórios. Humphrey verificou então que para obter sucesso era preciso remover impedimentos que prejudicavam o aprimoramento contínuo. Para isso desenvolveu um referencial de maturidade caracterizando o processo evolutivo, em cinco níveis, para as organizações incrementarem suas capacidades de processo (GARTNER, 2001). Pessôa et al (1997) observam que “o modelo CMM foi baseado nos conceitos de qualidade total estabelecidos por Crosby” e salientam que este autor, “em Quality is Free, estabelece que a implantação de sistemas de qualidade em empresas segue um amadurecimento gradativo, em patamares que o autor denominou incerteza, despertar, esclarecimento, sabedoria, e certeza”. Já, “no modelo CMM foram criados níveis de maturidade referentes à maturidade que a organização possui para desenvolver software: inicial, repetitivo, definido, gerenciado e otimizado” (PESSÔA et al, 1997). A Figura 1 mostra o relacionamento entre esses níveis sugerindo que uma organização vai galgando-os em direção ao topo desta escala de maturidade, na medida em que acumula, através de um processo de aprendizagem, um conjunto de competências que habilitam-na a assegurar as capacidades de planejamento e gerenciamento de processos referentes aos níveis anteriores de capacidade. Figura 1 - Os níveis de maturidade do CMM Uma variação desse modelo foi adotada por Pennypacker e Grant (2003) num “estudo empírico desenvolvido para avaliar necessidades de benchmarks de indústrias que podem ser usadas para uma empresa moderna determinar em que posição ela se situa relativamente a organizações que praticam a gestão de projetos em contexto industrial restrito ou abrangente”. Fonte: (Adaptado de Pessoa et al, 1997) 2 - Repetitivo Melhoria contínua do processo Processo consistente, padrão Processo disciplinado 5 - Otimizado 3 - Definido 1 - Inicial Processo previsível 4 - Gerenciado XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 3 Estes autores, num estudo em que procuram caracterizar o benchmarking em gestão por projetos, afirmam que “a implementação e institucionalização da gestão por projetos em uma organização é um processo evolutivo”. Com base em tal premissa, balizam seu estudo de benchmarking adotando um modelo ajustado denominado de PM Solutions Project Management Maturity Model. O PM Solutions Project Management Maturity Model é baseado em uma estrutura bidimensional. A primeira dimensão reflete o nível de maturidade. A segunda dimensão compreende quesitos chaves para a avaliação em foco. Este modelo é baseado no Capability Maturity Model do SEI e tem encontrado ampla aceitação como um padrão para o processo de modelagem e avaliação da maturidade organizacional no gerenciamento de processo em diversas áreas (PENNYPACKER e GRANT, 2003). Encontra-se, também na literatura, uma proposta de modelo semelhante apresentada por Kerzner (2001), denominado de Project Management Maturity Model (PMMM) e que este autor propõe como instrumento de análise básico para se atingir resultados de excelência na área de gestão de projetos. Na concepção deste autor, são também sugeridos cinco níveis evolutivos para representar o estágio de maturidade em que uma dada organização pode ser enquadrada, quais sejam: linguagem compartilhada, processos compartilhados, unicidade metodológica, benchmarking e aprimoramento contínuo. “Atualmente, organizações em diversas áreas industriais utilizam alguma forma de modelo de maturidade para avaliar o progresso na implementaçãode best practices” (GRAY e LARSON, 2002). Um exemplo dessa utilização pode ser encontrado no estudo de Rosenthal e Vigeland (1996), onde um modelo de maturidade é aplicado para avaliação de processos de projeto de produtos em organizações da indústria eletrônica, com o objetivo de aprimorar a qualidade e a produtividade e otimizar custos. Existem, portanto, evidências da difusão de modelos inspirados no CMM, da diversificação de sua aplicação e de seu potencial de contribuição para o aprimoramento de processos. A caracterização de uma escala de patamares, ou níveis, que permita o enquadramento do estágio de evolução em que se encontram os processos de uma organização sob avaliação, parece firmar-se como um referencial metodológico. 3. O contexto da função manutenção Na luta pela sobrevivência no mercado, as empresas procuram constantemente realizar intervenções para aprimorar o desempenho de suas operações (HIPKIN e DE COCK, 1999). Neste contexto, autores como Tsang (1999), observam que os dispêndios com manutenção têm respondido por parte significativa dos orçamentos operacionais das empresas, envolvendo elevados investimentos nas instalações, máquinas e equipamentos. O monitoramento do desempenho das operações de manutenção representa, portanto, uma preocupação central na gestão dessas organizações. Ainda, “antes que alguma coisa possa ser medida é preciso defini-la” (TSANG, 1999). A percepção tradicional da manutenção associa-a ao reparo de itens que deixaram de exercer suas funções de atendimento ao processo produtivo. Essa abordagem corresponde a uma manutenção de postura reativa: é a manutenção após a falha ou corretiva. Conforme Tsang (1999), uma abordagem mais recente é a que define a manutenção como “todas as atividades desenvolvidas para preservar um item ou restaurar suas condições para o estado físico requerido visando o atendimento de sua função produtiva”. Assim, a função manutenção passa a incluir atividades de caráter pró-ativo, como inspeções de rotina ou periódicas, substituições preventivas de componentes, e monitoramento da condição das máquinas. Segundo este autor, “quando a dimensão estratégica é considerada, as tomadas de XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 4 decisões que determinarão os requisitos futuros de manutenção devem também atingir o domínio das operações de manutenção. Decisões sobre substituição de equipamentos e alterações de projeto para aprimorar a confiabilidade e a manutenibilidade” seriam exemplos pertinentes. Além disso, é preciso ponderar que os equipamentos de produção possuem um ciclo de vida próprio. As proposições objeto do estudo de caso levam em conta também este aspecto. Ainda, as tomadas de decisão requerem conhecer o estágio atual das operações associadas ao processo de manutenção. O conhecimento da situação vigente, a partir da aplicação de um modelo de maturidade, além de permitir a avaliação de quesitos associados às proposições em estudo, se devidamente tratada, sustentará o delineamento e encaminhamento das decisões mais eficazes para o aprimoramento almejado das operações de manutenção. Há suficientes indicações na literatura de que os modelos de tomadas de decisão administrativa representam condição necessária para se alcançar otimizações numa organização (SHIMIZU, 2001). Há tomadas de decisão que interferem nas atividades da função manutenção e no produto desta, ou seja, máquinas disponíveis para a realização da função produção. A qualidade das decisões tomadas no processo de planejamento e gestão da função manutenção pode ser avaliada por meio de um indicador de disponibilidade, muitas vezes chamado apenas de disponibilidade. 4. Estruturação da pesquisa e das proposições A motivação da pesquisa, em que se insere o presente trabalho, é verificar como a disponibilidade dos equipamentos produtivos é abordada e tratada no âmbito do planejamento e gestão da manutenção nas empresas. A literatura sobre os processos de tomadas de decisão gerenciais é muito rica. Esses processos fazem parte do cotidiano das organizações. Assim, as tomadas de decisão pelos gerentes, particularmente as referentes às atividades de manutenção, fazem parte do cenário em que se desenvolve a pesquisa. O mecanismo de controle e aprimoramento do processo de manutenção, para o qual não se pode prescindir de indicadores de resultado ou de comportamento do processo, é baseado nos modelos clássicos de representação de processos de transformação ou sistemas de produção apontados por autores tais como Wild (1984) e Slack (1996). No estudo de casos que será desenvolvido, a função manutenção é modelada como um processo em que se usa o indicador de disponibilidade como feedback para a otimização do próprio processo de operação da função manutenção bem como da especificação dos recursos de entrada deste processo. Sendo um indicador, ele só tem sentido se for efetivamente analisado, seja num único ponto ou por meio da análise de sua tendência. Assim, admitir-se-á que ao evoluírem a estágios de maior maturidade, padrões que expressam a disponibilidade requerida são implantados nas organizações. Tais padrões são fundamentais para fins de avaliação e controle, pois a simples disposição de um indicador seria ineficaz. Fundamentada numa ampla revisão da literatura sobre a gestão da disponibilidade operacional dos equipamentos de produção em sistemas de operação, foi elaborada a estrutura conceitual, representada na Figura 2, que embasa a pesquisa e orienta a verificação de suas principais proposições. Com base em conceitos fundamentados em ações e elementos associados ao mecanismo de controle e aprimoramento do processo de manutenção, três proposições de pesquisa (P1, P2 e P3), contempladas no Quadro 1, são formuladas: XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 5 Ambiente . Determinações legais . Normas técnicas . Custo Projeto do Sistema Produtivo Recursos Humanos Materiais Energia Operações do Processo Manutenção Gestão das Operações de Manutenção .Tomadas de decisão Engenharia (operações de projeto) Informações Recursos Humanos Processo de Engenharia Processo de Manutenção Processo de Produção Segurança Disponibilidade Operações de Produção Bens Serviço e/ou Sistema de Informação Integrado Padrões de Disponibilidade Indicadores de Disponibilidade Abrangência das proposições da pesquisa Figura 2 – Estrutura conceitual da pesquisa P1 – O desdobramento do indicador de disponibilidade em indicadores parciais, obtidos através de um sistema integrado de informação (manutenção, produção e suprimentos), facilita a gestão das operações de manutenção. P2 – A adequada definição das políticas e práticas de manutenção requer considerar compromissos com pressões do ambiente (determinações legais / normas técnicas, custos), de segurança e do processo de produção. P3 – As empresas consideram relevante, para a obtenção da disponibilidade, levar em conta, por ocasião do projeto de novos sistemas produtivos (renovação, ampliação ou substituição), o estudo perspectivo do ciclo de vida do equipamento. Essas proposições visam subsidiar o estudo empírico para avaliar o efetivo tratamento que as organizações focadas dão ao processo de manutenção, em função de tomadas de decisão pertinentes, verificando como elas levam em conta a disponibilidade dos equipamentos produtivos, a pressão de estabelecer compromissos ao encaminhar decisões no âmbito da manutenção, e o delineamento do ciclo de vida do equipamento. A literatura sobre planejamento e gestão da manutenção, de um modo geral, aborda a disponibilidade desdobrando-a emdois componentes diretos: o Tempo Médio Entre Falhas (TMEF) e o Tempo Médio de Reparo (TMDR). Este desdobramento é adotado tanto quando a disponibilidade é tratada do ponto de vista da gestão (KARDEC e NASCIF, 2001), como quando é considerada sob o enfoque estatístico (LAFRAIA, 2001). Assim, na estrutura conceitual adotada, tanto as ações que se manifestam ao nível operacional da manutenção como as ações que constituem o projeto e a gestão das operações de XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 6 manutenção são contempladas. Considera-se também que a disponibilidade, um dos resultados relevantes do processo de manutenção, é influenciada por essas ações. INCIPIENTE REGULAR MÉDIO ELEVADO PLENO 1 2 3 4 5 1.1. SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÃO (MANUTENÇÃO, PRODUÇÃO E SUPRIMENTOS) NÃO HÁ SISTEMA DE INFORMAÇÃO EXPLÍCITO HÁ SISTEMA NÃO INTEGRADO ATENDENDO À MANUTENÇÃO O SISTEMA INTEGRA INFORMAÇÕES DA MANUTENÇÃO E DA PRODUÇÃO O SISTEMA INTEGRA INFORMAÇÕES DA MANUTENÇÃO, DA PRODUÇÃO E DE SUPRIMENTOS O SISTEMA É PARTE DE SISTEMA EMPRESARIAL 1.2. APLICAÇÃO DE INDICADORES DE DISPONIBILIDADE NÃO HÁ MONITORAMENTO DE DISPONIBILIDADE HÁ INDICADORES DE DISPONIBILIDADE OBTIDOS A PARTIR DE DADOS DE PRODUÇÃO HÁ INDICADORES DE DISPONIBILIDADE ASSOCIADOS A HISTÓRICOS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS HÁ INDICADORES DE DISPONIBILIDADE, OBTIDOS ATRAVÉS DE SISTEMA DE INFORMAÇÃO, COM EMISSÃO SISTEMÁTICA DE RELATÓRIOS HÁ CONFRONTO DE INDICADORES DE DISPONIBILIDADE COM PADRÕES ATUALIZADOS 1.3. DESDOBRAMENTO DO INDICADOR DE DISPONIBILIDADE NÃO HÁ INDICADORES DE DISPONIBILIDADE HÁ INDICADORES DE DISPONIBILIDADE HÁ INDICADORES DE DISPONIBILIDADE E DE CONFIABILIDADE HÁ INDICADORES DE DISPONIBILIDADE, DE CONFIABILIDADE E DOS TEMPOS DE REPARO HÁ INDICADORES DE DISPONIBILIDADE, COM DESDOBRAMENTO DA CONFIABILIDADE E DOS TEMPOS DE REPARO 1.4. GESTÃO DAS OPERAÇÕES DE MANUTENÇÃO NÃO HÁ POLÍTICAS, PRÁTICAS OU PADRÕES ESTABELECIDOS, GESTÃO COM AÇÕES AD HOC HÁ ALGUMAS POLÍTICAS E PRÁTICAS ESTABELECIDAS. TOMADAS DE DECISÃO EM FUNÇÃO DE PRESSÕES PONTUAIS. HÁ TOMADAS DE DECISÃO EM FUNÇÃO DE INDICADORES DE DISPONIBILIDADE (ATITUDE REATIVA) HÁ TOMADAS DE DECISÃO USANDO INDICADORES DE DISPONIBILIDADE E ANÁLISES DE TENDÊNCIA HÁ TOMADAS DE DECISÃO USANDO INDICADORES DE DISPONIBILIDADE E ANÁLISES DE TENDÊNCIA E CONFRONTAÇÃO COM PADRÕES PRÉ- ESTABELECIDOS (ATITUDE PRÓ-ATIVA) 2.1. EVIDÊNCIAS DE COMPROMISSOS AUSÊNCIA DE CRITÉROS PARA DESENVOLVIMENTO DE PLANOS QUE CONSIDEREM COMPROMISSOS DE MANUTENÇÃO HÁ CRITÉRIOS IMPLÍCITOS QUE CONSIDERAM PARCIALMENTE COMPROMISSOS HÁ CRITÉRIOS EXPLÍCITOS QUE CONSIDERAM OS COMPROMISSOS HÁ CRITÉRIOS QUE EFETIVAMENTE INTEGRAM OS COMPROMISSOS HÁ APRIMORAMENTO CONSTANTE ATRAVÉS DE REGISTROS E LIÇÕES APRENDIDAS REFERENTES AOS COMPROMISSOS 2.2. DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS E PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO EM FUNÇÃO DE COMPROMISSOS NÃO HÁ POLÍTICAS, PRÁTICAS OU PADRÕES ESTABELECIDOS. GESTÃO COM AÇÕES AD HOC HÁ ALGUMAS POLÍTICAS E PRÁTICAS ESTABELECIDAS EM FUNÇÃO DE PRESSÕES MOMENTÂNEAS AS POLÍTICAS E PRÁTICAS ESTÃO CLARAMENTE ESTRUTURADAS E DEFINIDAS HÁ UM PLANO DE APRIMORAMENTO DAS POLÍTICAS E PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO HÁ POLÍTICAS E PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO CONSOLIDADAS, COM MONITORAMENTO DE RESULTADOS E CONTÍNUO APERFEIÇOAMENTO COM BASE NOS COMPROMISSOS 3.1. EVIDÊNCIAS DO ESTUDO PERSPECTIVO DO CICLO DE VIDA NO ESTÁGIO DE PROJETO NÃO HÁ CRITÉRIOS DEFINIDOS PARA PROJETO HÁ PREOCUPAÇÃO IMEDIATA COM O VALOR DO INVESTIMENTO HÁ PREOCUPAÇÃO COM INVESTIMENTO, CUSTOS E DESEMPENHO DE PRODUÇÃO HÁ PREOCUPAÇÃO COM INVESTIMENTO, CUSTOS, DESEMPENHOS DE PRODUÇÃO E DE MANUTENÇÃO ANÁLISE DE CUSTOS CONSIDERANDO DE MODO INTEGRAL AS ETAPAS DO CICLO DE VIDA. ESPECIFICAÇÃO ANTECIPADA DE PADRÕES DE DISPONIBILIDADE POR OCASIÃO DO PROJETO P3: AS EMPRESAS CONSIDERAM RELEVANTE, PARA A OBTENÇÃO DA DISPONIBILIDADES, LEVAR EM CONTA, POR OCASIÃO DO PROJETO DE NOVOS SISTEMAS PRODUTIVOS (RENOVAÇÃO, AMPLIAÇÃO OU SUBSTITUIÇÃO), O ESTUDO PERSPECTIVO DO CICLO DE VIDA DO EQUIPAMENTO. P1: O DESDOBRAMENTO DO INDICADOR DE DISPONIBILIDADE EM INDICADORES PARCIAIS, OBTIDOS ATRAVÉS DE UM SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÃO (MANUTENÇÃO, PRODUÇÃO E SUPRIMENTOS) FACILITA A GESTÃO DAS OPERAÇÕES DE MANUTENÇÃO NÍVEIS P2: A ADEQUADA DEFINIÇÃO DAS POLÍTICAS E PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO REQUER CONSIDERAR COMPROMISSOS COM O AMBIENTE (DETERMINAÇÕES LEGAIS/NORMAS TÉCNICAS, CUSTOS), SEGURANÇA E PROCESSO DE PRODUÇÃO. 3.2. EVIDÊNCIAS DO ESTUDO PERSPECTIVO DO CICLO DE VIDA NOS ESTÁGIOS DE IMPLANTAÇÃO E PRODUÇÃO A EMPRESA ESTÁ ESTAGNADA HÁ PREVISÃO DE PROJETOS NOVOS PROJETOS DE NOVOS SISTEMAS PRODUTIVOS TÊM SIDO EFETIVAMENTE IMPLANTADOS A EMPRESA TEM REGISTROS DE COMPORTAMENTO DE PROJETOS IMPLANTADOS HÁ ATUALIZAÇÃO (AS BUILT) DE PROJETOS. HÁ CONFRONTO DE DESEMPENHO OPERACIONAL COM PADRÕES DE PROJETO Quadro 1 – Referencial de níveis de maturidade XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 7 Espera-se coletar numerosos depoimentos na forma qualitativa que servirão como elementos para a verificação de cada proposição. Contudo, cada depoimento exige um julgamento, no seu contexto, da extensão na qual pode ser considerado como evidência para a proposição em questão. Nesta tarefa, escalas constituídas de estágios evolutivos de maturidade subsidiarão o enquadramento da capacidade das organizações investigadas em relação aos quesitos que dizem respeito às proposições de pesquisa. 5. O modelo de avaliação ajustado Assim, em precedência à realização da pesquisa de campo foi desenvolvida uma ferramenta de pesquisa lastreada no caráter evolutivo do CMM. No modelo CMM, as organizações são classificadas em cinco níveis distintos, cada um com suas características próprias. Começa pelo nível das organizações mais imaturas (nível 1), onde não há nenhuma metodologia implementada e tudo ocorre de forma incipiente. O topo é o nível das organizações mais maduras, onde cada detalhe de desenvolvimento do processo está definido, quantificado e monitorado (nível 5). Entre estes extremos, encontram-se os níveis 2, 3 e 4, que representam estágios de maturidade intermediários. Para a verificação das três proposições de pesquisa, são considerados níveis representativos da evolução da organização em relação aos quesitos de planejamento e gestão da função manutenção. O referencial apresentado no Quadro 1 indica para as proposições P1, P2 e P3, respectivamente 4, 2 e 2 quesitos específicos, formando um conjunto de 10 aspectos que direcionarão a investigação das organizações objeto de estudo. Segundo Gray e Larson (2002), há várias versões do modelo de maturidade. Embora a aplicação do CMM tenha sido concebida e desenvolvida a partir das necessidades da área de sistemas de informação, as diretrizes e a abordagem características do CMM têm sido difundidas e apropriadas em outras esferas organizacionais. Tendo em vista tal flexibilidade, é feita a presente incursão, adotando-se os fundamentos do CMM no âmbito da avaliação das capacidades das organizações no processo de planejamento e gestão da manutenção. Na revisão bibliográfica realizada, não foi identificado nenhum trabalho propondo estabelecer tal ponte entre o modelo CMM e a avaliação da função manutenção. No Quadro 1, são então estabelecidos os cinco níveis ou patamares, que representam o estágio de evolução em que uma organizaçãose encontra em relação aos 10 quesitos específicos de capacidade. Para o desenvolvimento do estudo de casos em vista, foram definidos os seguintes níveis maturidade: incipiente, regular, médio, elevado e pleno. O nível de enquadramento em relação a cada quesito constitui uma métrica, que possibilitará à gerência identificar eventuais lacunas, carências, inconsistências e assim estabelecer prioridades em termos de desenvolvimento e delinear ações de melhoria ou reforço para gerenciar a condução da organização rumo a estágios superiores de maturidade. 6. Conclusão A aplicação de um modelo indicando patamares representativos do estágio de um processo, além da clara compreensão do modelo, requer um conhecimento profundo do processo e dos quesitos analisados para garantir o sucesso da aplicação desse instrumento. Esse aspecto representa o maior desafio para a descrição de níveis de uma escala evolutiva associada a cada quesito objeto de avaliação. Certamente, o exercício de análises periódicas para a avaliação do progresso em relação a cada quesito ou processo, no âmbito do planejamento e gestão da manutenção, propiciará um maior domínio de seu conhecimento e maior eficácia nas tomadas de decisão subseqüentes. XXIII Encontro Nac. de Eng. de Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 de out de 2003 ENEGEP 2003 ABEPRO 8 A experiência da aplicação desse modelo, por ocasião da execução da pesquisa de campo, certamente contribuirá para a crítica e a construção futura de um roteiro mais abrangente para o trabalho de diagnóstico da situação do planejamento e gestão da função manutenção nas empresas. A indicação do nível de maturidade do processo global de manutenção, de uma forma consistente, possibilitará orientar tomadas de decisão mais eficazes para o desenvolvimento das capacitações de manutenção. Embora essa abordagem abra oportunidades de aperfeiçoamento pertinentes à manutenção, a evolução para níveis superiores, dentro das escalas propostas de amadurecimento, representa um progresso que vai depender da transposição de obstáculos como resistência à mudança por parte de recursos humanos da organização, bem como de restrições de natureza tecnológica, financeira e temporal. Referências GARTNER (2001) – Describing the Capability Maturity Model. Measure, Special Edition.2001, p.1-3. GRAY, C.; LARSON, E. (2002) – Project Management .McGraw-Hill. New York. HIPKIN, I.B. & DE COCK, C. (2000) – TQM and BPR: lessons for maintenance management. The International Journal of Management Science. Omega 28 (2000), p. 277-292. KARDEC, A. & NASCIF, J. (2001) – Manutenção Função Estratégica. Qualitymark. Rio de Janeiro. KERZNER, H. (2001) – Project Management.John Wiley & Sons. New York. LAFRAIA, J. R. B. (2001) – Manual de Confiabilidade, Mantenabilidade e Disponibilidade. Qualitymark. 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