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20715 Resumo Aula 04 DireitoCivil Obrigaes e contratos

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Direito Civil 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Sumário 
1. Classificação das obrigações (continuação) ................................................................ 2 
1.2 Obrigações complexas quanto ao objeto ............................................................. 2 
1.2.1 Obrigação facultativa ..................................................................................... 2 
1.2 Obrigações complexas quanto ao sujeito ............................................................. 4 
1.2.1 Divisíveis (Art. 257, CC) ................................................................................... 4 
1.2.2 Indivisíveis (Arts. 258 a 263, CC) .................................................................... 5 
1.2.3 Solidárias (Arts. 264 a 285) ............................................................................. 7 
2. Obrigação pecuniária ................................................................................................ 16 
2.1 Dívida em dinheiro .............................................................................................. 16 
 
 
 
Direito Civil 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Inicialmente, é necessário fazer uma observação acerca do recente julgamento do 
STF acerca das biografias não autorizadas, que afeta a disposição dos artigos 20 e 21 do 
Código Civil. 
CC, Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à 
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a 
publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, 
a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, 
a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para 
requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. 
 
CC, Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do 
interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato 
contrário a esta norma. 
Estes dois dispositivos, especialmente o artigo 20, já recebiam críticas, pois sua 
redação não é suficientemente eficaz para proteger a publicação, nem suficientemente boa 
capaz de proibir. 
Em alguns casos, vinha sendo entendido que a divulgação de fatos sobre uma pessoa, 
mesmo depois de sua morte, dependeria de uma autorização prévia. Essa interpretação 
entendia que os fatos poderiam ser contados não se colocando em foco a pessoa, mas sim 
em uma perspectiva histórica. 
Há uma necessidade de limitação de excessos, daquilo que invade 
desnecessariamente a intimidade. Estes excessos, de acordo com o STF, devem ser 
controlados repressivamente, e não preventivamente. Não haveria, portanto, uma censura 
prévia para a publicação. O controle ocorreria através de indenização ou da retirada de 
circulação. 
Por unanimidade, o STF estabeleceu interpretação conforme a Constituição, 
estabelecendo estes dispositivos do Código Civil não impedem a publicação de obras que 
buscam contar histórias de interesse da sociedade, ainda que não haja interpretação prévia. 
Este tema certamente será cobrado em concursos. 
 
1. Classificação das obrigações (continuação) 
1.2 Obrigações complexas quanto ao objeto 
1.2.1 Obrigação facultativa 
É tratada junto com as obrigações complexas, pois com estas se confunde. 
Direito Civil 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
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Na obrigação facultativa há um credor e um devedor unidos em torno de uma 
prestação única, chamada de prestação principal. Esta prestação diz respeito ao direito de 
crédito do credor. Sobre esta prestação se estabelece o débito do devedor. 
Por uma questão de autonomia privada, admite-se que as partes convencionem que 
o devedor poderá se desobrigar do seu débito, desde que ele satisfaça, facultativamente, 
outra prestação, com caráter acessório. 
Há, portanto, uma faculdade de substituição. 
Há, assim, uma obrigação facultativa de caráter acessório. Diferente da obrigação 
alternativa, esta faculdade será sempre do devedor. Não se trata de conferir ao devedor a 
escolha entre várias prestações diferentes. Trata-se de dar ao devedor uma saída, para a 
hipótese de não querer ou não poder cumprir a obrigação principal. 
Como esta obrigação facultativa tem caráter acessório, ela segue o destino da 
principal. Na obrigação alternativa, por sua vez, todas as obrigações são principais. 
Assim, nas obrigações alternativas, a impossibilidade ou a nulidade de uma das 
prestações não impossibilita nem torna nula a obrigação como um todo, pois a outra 
prestação subsiste. 
CC, Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se 
tornada inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. 
No entanto, quando a obrigação é facultativa, há o princípio da gravitação, de modo 
que se a obrigação facultativa for nula, não há impacto na obrigação principal. Mas se a 
obrigação principal for nula ou se tornar impossível, o acessório seguirá o seu destino, nada 
mais sendo exigível. 
Quando a CESPE trata deste tema, costuma trazer a mistura de características, 
buscando confundir o candidato. 
Se o examinar diz, na prova, que é devida a obrigação A ou a obrigação B, na mesma 
oração, fala-se em uma obrigação alternativa. 
Se a questão dispõe que o devedor se obrigou a uma obrigação A, e posteriormente 
diz que foi estabelecido que ele poderia se desobrigar cumprindo uma obrigação B, há uma 
obrigação facultativa. 
Não é pacífico, mas alguns autores entendem que as arras penitenciais teriam a 
característica de obrigação facultativa. O devedor se obriga pelo negócio principal, mas tem 
a faculdade de não cumpri-lo, desde aceite devolver as arras em dobro ou perder as arras 
definitivamente. 
Exemplo: um fazendeiro havia se obrigado a entregar as 10 melhores vacas do seu 
rebanho. Neste primeiro contrato, estabeleceu-se que ele poderia se desobrigar da entrega 
Direito Civil 
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das vacas se ele entregasse 5 cavalos. Antes da tradição, o rebanho inteiro foi dizimado por 
uma doença e ele não tinha como escolher 10 vacas. Ele comunicou à outra parte que, 
diante da impossibilidade superveniente de cumprimento da obrigação, o negócio estaria 
desfeito. A outra parte alegava, no entanto, que diante da impossibilidade de entrega das 
vacas, ele deveria entregar os 5 cavalos. Neste caso, os cavalos eram uma faculdade de se 
desobrigar. Os cavalos, portanto, não eram exigíveis, já que a própria obrigação principal não 
era mais exigível. 
 
1.2 Obrigações complexas quanto ao sujeito 
Há pluralidade de credores e/ou devedores. 
 
1.2.1 Divisíveis (Art. 257, CC) 
Inicialmente, é necessário analisaro disposto no artigo 314 do Código Civil: 
CC, Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o 
credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se 
ajustou. 
A divisibilidade é irrelevante se só há um credor ou devedor, pois não se pode obrigar 
o devedor a pagar parceladamente ou o credor a receber parceladamente, se isto não foi 
convencionado. 
CC, Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, 
esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores 
ou devedores. 
Neste artigo 257 do Código Civil, a obrigação é dividida entre mais de um credor ou 
devedor. É como se houvesse várias relações obrigacionais diferentes. A relevância da 
divisibilidade, portanto, está na pluralidade de sujeitos. 
O que discute é se a prestação é divisível. 
Exemplo: foi celebrado um contrato de mútuo, que tem por objeto R$ 90.000,00 
(noventa mil reais). O credor é Tio Patinhas e os devedores são Huguinho, Zezinho e 
Luizinho. Aqui não se está discutindo a prática de algum ilícito. O prazo estabelecido para o 
pagamento foi de 180 dias, que é o prazo de vencimento. Como esta obrigação é fruto da 
autonomia privada, que estabelece um dever pessoal de prestação, é necessário analisar o 
artigo 265 do Código Civil: 
CC, Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. 
Direito Civil 
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 Na locação de imóveis, no silêncio das partes, a lei estabelece que há solidariedade 
entre as partes. na fiança, havendo mais de um fiador, a lei estabelece que entre os fiadores, 
salvo convenção em contrário, haverá responsabilidade pelo pagamento da dívida. 
No entanto, no caso do mútuo, a lei não estabelece solidariedade. Assim, a pergunta 
a ser feita é se o objeto é divisível. No exemplo acima, a prestação é em dinheiro, sendo 
divisível. Assim, o credor manterá várias relações jurídicas iguais distintas com os vários 
devedores. A quota parte de cada devedor será igual, salvo disposição em contrário. 
Huguinho, portanto, estará obrigado por R$ 30.000,00 (trinta mil reais), mesmo que o 
contrário assinado seja de R$ 90.000,00 (noventa mil reais). Pagando esses trinta mil, 
Huguinho terá extinguido o seu vínculo como credor. Se após o vencimento, Huguinho se 
tornar inadimplente, os efeitos da mora apenas sobre ele recairão. 
É normal que se estabeleça, no contrato, uma solidariedade como forma de trazer 
uma vantagem para o credor. O credor pode renunciar esta vantagem da solidariedade, 
cobrando a prestação como se fosse divisível, já que este benefício é apenas a seu favor. 
 
1.2.2 Indivisíveis (Arts. 258 a 263, CC) 
Imaginando outra situação, em um contrato de depósito, em que o cavalo, no valor 
de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) pertença a Sérgio e a Wagner, que o confiaram a Maria e 
a Sabrina, depositárias. Há, portanto, dois devedores e dois credores. Não havendo 
solidariedade nesta relação, a indivisibilidade da obrigação leva à necessidade de um 
cumprimento único da prestação. 
CC, Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou 
um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, 
ou dada a razão determinante do negócio jurídico. 
 
CC, Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um 
será obrigado pela dívida toda. 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em 
relação aos outros coobrigados. 
Se o sacrifício econômico para o pagamento da dívida recair apenas sobre um dos 
devedores, ele se sub-roga no direito de cobrar do outro devedor o rateio deste valor. 
CC, Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida 
inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: 
I - a todos conjuntamente; 
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. 
No exemplo acima dado, Sérgio não tem poder para dar quitação em nome de 
Wagner, e vice-versa. A situação é de indivisibilidade que faz com que os devedores, para se 
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desobrigarem, entregue o cavalo aos dois credores ao mesmo tempo, exceto se um deles 
der garantia (caução) para cobrir a quota parte do outro. Esta caução é dada até a quitação. 
CC, Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos 
outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. 
 
CC, Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para 
com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. 
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, 
compensação ou confusão. 
Se houvesse solidariedade e um dos credores solidários perdoasse a dívida, o outro 
credor não poderia exigir nada, pois na solidariedade o que um diz, vale para todos. 
Ocorreria uma sub-rogação do credor remitente na posição de devedor. Ele passaria a 
responder perante os outros credores pelo perdão concedido. 
Na indivisibilidade isto não ocorre. O perdão concedido por um dos credores não 
atinge a quota- parte do outro. O perdão de um dos credores tem o efeito jurídico de uma 
doação ao devedor. O outro credor ainda poderá exigir o cavalo, mas vai ter que comprar a 
quota-parte do outro credor, ou conviver em um condomínio com as devedoras. 
Se um dos credores tiver dívida compensada com os devedores ou realizar transação 
ou confusão, a sua quota-parte da dívida se extingue. 
Na solidariedade é diferente. A extinção, salvo exceções pessoais, se estende aos 
demais credores solidários. 
CC, Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e 
danos. 
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, 
responderão todos por partes iguais. 
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas 
perdas e danos. 
 No exemplo dado, se o cavalo perecer, os R$ 80.000,00 são pagos a título de 
equivalente, além de demais perdas e danos decorrentes da frustração do contrato. 
Cada devedor responde de forma divisível pela sua quota da dívida. Desaparecendo a 
indivisibilidade do objeto, cada devedor passa a ter uma relação jurídica individual com o 
credor. Se as duas devedoras foram responsáveis pela perda, a divisão se dá tanto no 
equivalente quanto nas perdas e danos. 
Se a culpa é de apenas uma das devedoras, a outra fica exonerada da obrigação. A 
devedora culpada fica com a responsabilidade de pagar o equivalente e as perdas e danos. 
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Observação1: o artigo 263 do Código Civil tem uma interpretação literal que gera 
muita controvérsia. Há uma crítica doutrinária ao disposto no §1º deste artigo. Alguns 
autores entendem que se todos deram causa ao dano, todos deveriam ser responsáveis pelo 
danopor inteiro, havendo uma solidariedade. Essa é a solução para a responsabilidade 
extracontratual, conforme dispõe o artigo 942 do Código Civil. Na responsabilidade 
contratual, no entanto, o legislador não estabeleceu isto. O entendimento majoritário é que 
o credor poderia ter se prevenido, negociando de forma diferente. Se ele não o fez, a 
solução se dará na forma disposta na lei. Assim, salvo disposição em contrário, cada um 
responderia apenas pela sua quota parte. 
CC, Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam 
sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos 
responderão solidariamente pela reparação. 
O §2º do artigo 263 do Código Civil, por sua vez, é criticado por possuir uma redação 
insuficiente. O legislador separa o equivalente das perdas e danos, embora tudo faça parte 
da indenização. Neste §2º não há referência ao equivalente. Uma corrente entende que 
como o equivalente integra a indenização lato senso, os outros devedores não culpados são 
exonerados até do equivalente. Mas isso geraria um enriquecimento sem causa, 
dependendo do tipo de contrato. 
Exemplo: em uma compra e venda em que os vendedores se obrigaram a entregar 
uma coisa da qual eles são condôminos, caso esta coisa venha a perecer antes da entrega 
por culpa de um deles, o outro poderá embolsar o valor mesmo sem entregar nada. Isto 
seria um contrassenso pela própria regra geral de que a coisa perece para o dono. Se ele 
ainda não entregou a coisa, ele não pode embolsar o dinheiro. 
Como as perdas e danos acrescidas derivam da culpa, apenas o culpado é 
responsável pelo seu pagamento. 
O Enunciado 540 da VI Jornada de Direito Civil propõe que, com relação ao 
equivalente, cada devedor, culpado ou não, responda pela sua parte, na medida em que a 
resolução leva ao estado anterior. E o culpado responderia pelas perdas e danos. 
ENUNCIADO 540 – Havendo perecimento do objeto da prestação indivisível por culpa de 
apenas um dos devedores, todos respondem, de maneira divisível, pelo equivalente e só 
o culpado, pelas perdas e danos. 
 
1.2.3 Solidárias (Arts. 264 a 285) 
A solidariedade obrigacional pode ser ativa, passiva ou mista. 
a) Ativa: quando há solidariedade entre credores. 
Direito Civil 
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b) Passiva: quando há solidariedade entre devedores. 
c) Mista: quando, na mesma relação obrigacional, há solidariedade ativa e passiva. 
A mais frequente é a solidariedade passiva, pois é um instrumento de garantia do 
credor frente ao inadimplemento. 
CC, Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. 
Esta lei não é em sentido estrito. É norma jurídica, que pode ser um princípio 
normativo. Exemplo: função social do contrato e boa-fé objetiva, previstos nos artigos 421 e 
422 do Código Civil. 
CC, Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função 
social do contrato. 
 
CC, Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, 
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 
A função social do contrato significa que valores estabelecidos na Constituição 
Federal como de maior relevância social não podem ser ignorados pelas partes nas suas 
relações privadas. Assim, isto pode levar alguém a ser responsável solidariamente sem ter 
participado expressamente da relação. 
A função social possui uma eficácia externa e uma interna. A eficácia externa significa 
que o contrato passa a ter também interesse externo, e não apenas interesse para as 
próprias partes. Há três situações: tutela de interesses metaindividuais, terceiro ofendido e 
terceiro ofensor/cúmplice. 
Na hipótese de existência de terceiro ofendido, estranho ao contrato, essa pessoa 
que está fora da relação contratual será indenizada. O melhor exemplo é o disposto na 
Súmula 529 do STJ: 
Súmula 529, STJ. No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o 
ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da 
seguradora do apontado causador do dano. 
Esta súmula traz a possibilidade de incluir a seguradora no polo passivo de uma ação 
de responsabilidade, quando o segurado deu causa ao acidente. O terceiro ofendido, 
embora não tenha nenhuma relação jurídica com a seguradora, vale-se da função social do 
contrato para incluir a seguradora na demanda, desde que em litisconsórcio com o 
segurado. 
A figura do terceiro cúmplice, por sua vez, envolve o Enunciado 21 do CJF. 
Enunciado 21 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código 
Civil, constitui cláusula geral a impor a revisão do princípio da relatividade dos efeitos do 
contrato em relação a terceiros, implicando a tutela externa do crédito. 
Direito Civil 
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 A hipótese prevista nesse enunciado é a de que o devedor do contrato pratica um 
inadimplemento voluntário. Como consequência, ele é chamado à responsabilidade 
contratual. Se este devedor se torna inadimplente com o auxílio ou por incitação ou 
aliciamento de uma conduta intencional de um terceiro, embora este terceiro não seja parte 
contratante, a responsabilidade contratual pode ser a ele estendida, de forma solidária. 
Passam a responder pelo inadimplemento o devedor inadimplente e o terceiro cúmplice. 
A fonte normativa desta previsão é a função social do contrato. 
O exemplo mais conhecido é o da campanha publicitária do Zeca Pagodinho para a 
Schincariol, que resultou numa quebra de contrato por aliciamento da Ambev, que levou o 
Zeca Pagodinho a fazer a campanha da Bhrama de forma jocosa com relação à Schincariol. 
Houve corresponsabilidade da Ambev com o Zeca Pagodinho pela quebra do contrato. 
Voltando à análise das regras gerais da solidariedade, importante a leitura do artigo 
264 do Código Civil: 
CC, Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um 
credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda. 
Na solidariedade, a relação jurídica funciona de forma diferente. Ao invés de serem 
estabelecidos vários vínculos entre cada devedor e o credor, há um único débito integral que 
pode ser oponível a qualquer dos devedores, ou exigido por qualquer dos credores. 
Note-se que o artigo citado faz referência à dívida. Refere-se, portanto, ao débito, à 
prestação. Não é feita referência a um dever sucessivo de indenizar. O artigo está levando 
em consideração a prestação, não o inadimplemento. 
A dívida solidária é, assim, sobre a prestação. A corresponsabilidade solidária é que 
será sobre a indenização. 
É possível que a pessoa seja corresponsável solidário sem ser o devedor, como ocorre 
com o fiador, que não tem débito. É possível ser devedor solidário e não ser corresponsável 
pelas perdas e danos. 
CC, Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos co-credores ou 
co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferente, para o outro. 
Mesmo quando a obrigação é solidária, não significa que ela precisa ser exatamente 
igual para os co-devedores. Um exemplo disto é o disposto no parágrafo único do artigo 333 
do Código Civil: 
CC, Art. 333. Ao credor assistirá o direitode cobrar a dívida antes de vencido o prazo 
estipulado no contrato ou marcado neste Código: 
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; 
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro 
credor; 
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III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, 
ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. 
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, 
não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes. 
 Assim, vence antecipadamente para cobrar do devedor insolvente, mas continua 
aguardando o vencimento para cobrar dos outros devedores. O vencimento antecipado para 
um não prejudica os outros. Ou seja, é possível cobrar a dívida integral do insolvente, ou 
aguardar o vencimento regular para cobrar a dívida integral dos outros. 
 
a) Solidariedade ativa 
O artigo 267 do Código Civil dispõe acerca da solidariedade ativa: 
CC, Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o 
cumprimento da prestação por inteiro. 
Exemplo: Tio Patinhas é credor solidário ao lado do Pato Donald, em um contrato de 
depósito em conta corrente. O Banco X é o devedor. Os credores depositaram em conta R$ 
20.000,00. Este dinheiro depositado vira um mútuo, em que o Banco se apropria deste valor 
como se fosse seu, e fica obrigado a devolvê-lo quando exigido. Como a conta corrente foi 
feita de forma solidária, eles podem dar as ordem ou saques de forma conjunta ou 
separadamente. 
Neste contexto, Pato Donald celebrou um contrato de compra e venda pertencente a 
Gastão, e emitiu um cheque no valor de R$ 50.000,00. Gastão, vendedor do carro, apresente 
o cheque, que é devolvido por falta de fundos. Gastão propõe ação de execução do cheque 
em face de Tio Patinhas e Pato Donald. Tio Patinhas é parte legítima desta execução? Não. 
Ele era credor solidário na relação com o Banco, mas não na relação de compra e venda do 
veículo. Ele não emitiu o título de crédito. Não caberia sequer a negativação de seu nome no 
cadastro de inadimplentes, já que ele não é inadimplente de nada. 
O que pode gerar algum tipo de solidariedade passiva são as tarifas bancárias, por 
exemplo. A solidariedade é com relação às despesas bancárias. 
Neste ponto é tranquila a jurisprudência do STJ. A divergência surge, entre as Turmas 
de Direito Privado e as Turmas de Direito Público. 
No exemplo dado, se Gastão entra com a ação apenas em face de Pato Donald, 
requerendo o pagamento do valor, sob pena de penhora. O juiz determina a penhor online, 
bloqueando o valor de R$ 20.000,00 constante do Banco. Tio Patinhas aparece na ação, 
dizendo que é credor solidário perante o Banco, mas que cada um possui apenas parte do 
valor. A 3ª e a 4ª Turmas do STJ entendem que, de fato, é indevida essa penhora, já que 
Direito Civil 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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internamente cada um tem seu próprio crédito e Tio Patinhas não pode ter sua parte 
bloqueada. 
Nas execuções fiscais, as Turmas de Direito Público entendem que nesse caso de 
penhora integral, se foi convencionado esse crédito solidário, é como se este crédito 
pertencesse a qualquer uma das partes indistintamente. Se Pato Donald podia sacar o valor 
todo no Banco como se fosse apenas dele, é possível penhorar o valor todo na execução. 
Essa divergência ainda existe. Para fins de Direito Civil, tem sido preferida a primeira 
posição. 
CC, Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor 
comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. 
 Depois que um dos credores propuser a ação de cobrança ou de execução, o 
devedor citado não poderá pagar extrajudicialmente aos demais credores. Ele deverá pagar 
àquele que o acionou. 
CC, Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o 
montante do que foi pago. 
Extingue para o devedor, mas se conserva internamente para os credores. O credor 
que recebeu o valor sozinho deve dividir com os demais credores. 
CC, Art. 270. Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes 
só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão 
hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. 
A solidariedade tem caráter personalíssimo. No caso de morte, esta solidariedade, 
com relação ao morto, desaparece. Seus sucessores não são, obrigatoriamente, sucessores 
na solidariedade. Entre os sucessores a obrigação é divisível, tendo cada um direito apenas a 
sua quota parte. Se a obrigação for indivisível, o tratamento se dará pela indivisibilidade, não 
pela solidariedade. 
 CC, Art. 271. Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os 
efeitos, a solidariedade. 
Observe-se que este artigo dispõe acerca da solidariedade ativa. A solidariedade 
subsistirá mesmo quando a prestação se converte em perdas e danos. Isto não acontece em 
caso de solidariedade passiva, em que deve ser analisado quem tem culpa. 
CC, Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá 
aos outros pela parte que lhes caiba. 
Este artigo 272 trata da sub-rogação na dívida. O credor que perdoar a dívida comum 
ou que receber o pagamento, sub-roga-se na posição de devedor em relação aos demais 
credores. 
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CC, Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções 
pessoais oponíveis aos outros. 
Se a questão se pauta em exceção pessoal, este devedor apena pode utiliza-la inter 
partes. 
CC, Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais; 
o julgamento favorável aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao 
credor que o obteve. 
Observação2: a redação que o novo Código de Processo Civil está dando ao artigo 
274 do Código Civil é: 
CPC, Art. 1.068. O art. 274 e o caput do art. 2.027 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 
2002 (Código Civil), passam a vigorar com a seguinte redação: (Vigência) 
“Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, 
mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o 
devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles.” (NR) 
Imagine-se que um devedor tem direito de invocar, em relação a um dos credores, 
uma exceção pessoal que obstaria que este devedor exigisse a prestação. Um dos outros 
credores ajuíza ação de execução e obtém resultado favorável. Este resultado, embora em 
regra aproveite aos demais credores, não impede o credor que ajuizou a ação de opor ao 
outro credor a exceção que o devedor não pôde opor. 
Exemplo: o mesmo devedor deve a três credores solidários. Ele é casado com um dos 
credores e, por isto, entre eles não corre a prescrição. Os outros dois credores não 
demandaram. A partir do vencimento o prazo prescricional começou a correr e houve a 
consumação da prescrição. O devedor se divorciae o credor com quem ele era casado passa 
a poder exercer a pretensão. Ele propõe a ação, já que para ele não houve prescrição. Na 
redação original do Código Civil, entendia-se que este julgamento favorável aproveitaria aos 
demais credores solidários. 
A redação atual leva em consideração a possibilidade de o devedor invocar exceção 
pessoal neste caso, trazendo maior coerência. 
Esta não é a única alteração que o Novo Código de Processo Civil trouxe no Código 
Civil. A principal delas é com relação ao artigo 456 do Código Civil, sobre a denunciação da 
lide aos alienantes anteriores ao último, em relação ao evicto. É, também, uma questão de 
solidariedade. É uma solidariedade estabelecida pela função social do contrato. O artigo 456 
do Código Civil estabelecia esta solidariedade para todos os alienantes anteriores, que 
respondiam ao último pela evicção. O Novo Código de Processo Civil revogou este 
dispositivo, tirando esta disposição de solidariedade, interpretando-o como mera questão 
processual. 
 
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b) Solidariedade Passiva 
Ocorre quando todos os devedores têm dever com relação a toda a dívida. 
CC, Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, 
parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os 
demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. 
Na medida em que os pagamentos são feitos, os valores vão sendo abatidos da dívida 
comum, mas todos continuam obrigados pelo restante. 
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo 
credor contra um ou alguns dos devedores. 
Havia uma tese que defendia que se o credor propusesse a ação contra todos, ele 
teria renunciado à solidariedade, em uma interpretação a contrario senso. Esta tese não tem 
cabimento. 
CC, Art. 276. Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes 
será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo 
se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor 
solidário em relação aos demais devedores. 
Assim, falecendo o devedor solidário, os seus herdeiros não se tornam internamente 
solidários. Eles deverão, pessoalmente, apenas a sua quota parte. O STJ se manifestou neste 
sentido, recentemente, com relação a este dispositivo. A demanda individual a um herdeiro, 
portanto, exige-lhe apenas sua quota parte. 
Quando a obrigação for indivisível, será exigida a dívida toda do herdeiro, mas em 
função da indivisibilidade, e não em razão da solidariedade. 
Assim, distingue-se a solidariedade da indivisibilidade, dentre outros as aspectos, 
porque a solidariedade desaparece com a morte, e a indivisibilidade não. 
CC, Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele 
obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga 
ou relevada. 
 Exemplo: voltando àquele primeiro exemplo dado, de contrato de mútuo, imagine-
se que o Tio Patinhas é credor e exigiu solidariedade dos devedores. A dívida era de R$ 
90.000,00 (noventa mil reais). Huguinho, Zezinho e Luizinho são devedores solidários. A 
solidariedade estabelece que o débito integral pode ser exigido de qualquer dos devedores. 
Pelo princípio do enriquecimento sem causa, qualquer pagamento realizado é abatido do 
todo, assim como qualquer perdão obtido. Isto porque internamente eles conservam 
posições autônomas. Neste exemplo, os devedores têm o débito. 
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Situação diversa seria se alguns dos devedores tivessem apenas a responsabilidade, 
fosse garantidor. Neste caso, não haveria internamente rateio a ser feito, já que a dívida 
seria de apenas algum dos devedores. 
CC, Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, 
responderá este por toda ela para com aquele que pagar. 
Nesta situação, os outros devedores seriam apenas corresponsáveis. Assim, o fiador 
não precisa fazer rateio com o afiançado. Internamente, o que ele pagar será integralmente 
ressarcido pelo devedor principal. 
Há dois efeitos importantes da solidariedade passiva: o credor tem como garantia a 
possibilidade de exigir de qualquer um dos devedores a dívida integral. Além disso, há uma 
importante observação sobre a questão interna dos devedores. Internamente, é “cada um 
por si”, exceto se houver insolvente entre eles. Se um deles for insolvente, existe entre eles 
um dever de rateio. 
CC, Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um 
dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o 
houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores. 
Todos, portanto, farão o rateio da quota do insolvente. 
No exemplo dado, se Tio Patinhas cobrou e recebeu de Huguinho a quantia de R$ 
90.000,00 (noventa mil reais). Huguinho, assim, se sub-roga em R$ 60.000,00 (sessenta mil 
reais) com relação aos outros. Mas ele não pode cobrar os R$ 60.000,00 integrais de 
Zezinho. Ele tem que cobrar R$30.000,00 de Zezinho e R$ 30.000,00 de Luizinho. Se Luizinho 
for insolvente, a sua quota, que já foi paga ao credor por Huguinho, será rateada entre 
Huguinho e Zezinho. Huguinho poderá cobrar de Zezinho, portanto, mais R$15.000,00. A 
quota do insolvente é dividida em partes iguais, mesmo que a quota do débito, entre os 
devedores, não seja igual. 
CC, Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de 
todos os devedores. 
Se o credor abre mão de sua garantia, não é afetada a relação interna entre os 
devedores. Muda-se apenas a possibilidade do credor de exigir a dívida inteira de qualquer 
dos devedores. 
Ele não precisa exonerar toda a solidariedade, nem exonera-la com relação a todos 
os devedores. 
Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, 
subsistirá a dos demais. 
 Exemplo: o Tio Patinhas exonera Zezinho da solidariedade. Zezinho paga apenas os 
R$30.000,00. A dívida é diminuída para R$60.000,00, que continuam sendo devidos 
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solidariamente. Tio Patinhas cobra esses R$ 60.000,00 de Huguinho, que paga e se sub-roga 
no direito de cobrar a quem ainda deve (Luizinho). Se Luizinho está insolvente, ainda é 
possível o rateio da parte insolvente com Zezinho, que não é mais solidário? Sim. A Lei 
estabelece que a solidariedade não existe mais “para fora”, mas subsiste “para dentro”. A 
exoneração da solidariedade não tem efeitos entre os codevedores. 
CC, Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele 
obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga 
ou relevada. 
Neste ponto há uma questão doutrinária controvertida: e se Tio Patinhas perdoa a 
dívida de Zezinho, dizendo-lhe que não precisa pagar mais nada? Os outros continuariam 
devendo. Huguinho pagaos R$ 60.000,00 após ser demandado por Tio Patinhas. Ao exercer 
seu direito de regresso contra Luizinho, descobre que este está insolvente. Como fica a 
questão do rateio? Há duas correntes para responder esta questão: 
A primeira corrente é prevista no Enunciado 350 do CJF e foi questão da VUNESP em 
uma prova objetiva em 2014. 
Enunciado 350 — Art. 284. A renúncia à solidariedade diferencia-se da remissão 
(PERDÃO DA DÍVIDA), em que o devedor fica inteiramente liberado do vínculo 
obrigacional, inclusive no que tange ao rateio da quota do eventual co-devedor 
insolvente, nos termos do art. 284. 
 Assim, de acordo com esta primeira corrente, como o artigo 284 do Código Civil não 
fez menção ao devedor perdoado, o seu perdão alcança inclusive o rateio. 
Outra parcela da doutrina entende que o perdão concedido pelo credor nada 
alteraria na relação interna dos devedores. Ele continuaria participando do rateio. 
Se for adotada a corrente do CJF, quem paga o prejuízo de Huguinho, que perdeu a 
possibilidade de rateio? 
CC, Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá 
aos outros pela parte que lhes caiba. 
Pegando esta lógica da solidariedade ativa, quem perdoa mais do que tem, se sub-
roga na dívida. Assim, por analogia, Tio Patinhas teria que fazer o rateio com Huguinho, no 
exemplo dado. 
CC, Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, 
subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só 
responde o culpado. 
Este artigo 279 se aplica quando a solidariedade é apenas na dívida. Se a 
solidariedade for também na responsabilidade, as perdas e danos estendem-se a todos. 
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 Se houver no contrato cláusula penal, em que as partes assumam solidariamente a 
obrigação de pagar a penalidade, mesmo que a culpa seja de apenas uma delas, esta 
cláusula será exigida de todos, pois é substitutiva do valor da indenização. 
CC, Art. 414. Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um 
deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado, 
respondendo cada um dos outros somente pela sua quota. 
Parágrafo único. Aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra aquele que 
deu causa à aplicação da pena. 
 
Art. 415. Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor ou o herdeiro 
do devedor que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na obrigação. 
 Este artigo 414 do Código Civil deve ser apontado como remissão no rodapé do 
artigo 263 do mesmo diploma legal, pois funciona como uma exceção ao §2º deste último. 
 
2. Obrigação pecuniária 
Está prevista nos artigos 315 a 318 do Código Civil. 
 
2.1 Dívida em dinheiro 
 CC, Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda 
corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes. 
Há aplicação do princípio do curso forçado da moeda nacional. 
CC, Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, 
bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, 
excetuados os casos previstos na legislação especial. 
Salvo os casos em que a lei expressamente autorize, são nulas as convenções para 
pagamento em ouro, em moeda estrangeira, bem como a cláusula de variação cambial. A lei 
permite, por exemplo, em cartão de crédito internacional, em contratos de 
importação/exportação, contratos celebrados com contratantes domiciliados no exterior 
(exceto sobre imóveis situados no Brasil), etc. 
De todas as normas que dispõem acerca deste tema, a mais importante é o Decreto-
Lei 857, que estabelece algumas operações onde é possível o uso de moeda estrangeira ou a 
variação cambial. 
Exemplo: é celebrado um contrato de locação usando como parâmetro o dólar 
americano. Contrato de locação não pode utilizar moeda estrangeira. Até 1993 isto era 
permitido, pois era proibido apenas o uso do dólar como forma física de pagamento. Não 
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era proibido o uso do dólar como fator de variação cambial. Era possível, assim, se proteger 
da inflação ou da desvalorização da moeda. Em 1993, com o Plano Real, isto passou a ser 
proibido, sendo possível apenas o reajuste com base em índice nacional, exceto quando 
expressamente autorizado por lei. 
Se a parte estabeleceu o pagamento do contrato de aluguel em $1.000,00 (mil 
dólares), este valor vai ter que ser convertido para reais. Mas em que data? A nulidade é 
originária, então o dólar deve ser afastado na data da celebração do contrato. Esse valor é 
convertido para reais pelo valor do dia da celebração. A partir de então, a atualização do 
valor se dará por um índice oficial adotado pelo Tribunal onde a discussão estiver ocorrendo. 
O segundo princípio adotado é o do nominalismo. De acordo com o artigo 315 do CC, 
as prestações em dinheiro são devidas pelo seu valor nominal. 
Exemplo: a parte pegou um empréstimo no valor de R$100.000,00 (cem mil reais) no 
dia 05/06/2015, com vencimento no dia 05/06/2017. Considerando que esta dívida deve ser 
paga em dinheiro e pelo valor nominal, quando deverá ser pago no vencimento? R$ 
100.000,00 (cem mil reais). Este valor não será corrigido, pois não foi contratada a cláusula 
de reajuste, que não é presumida. 
CC, Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas. 
 É lícito, portanto, convencionar reajuste. Mas se não for convencionado, a prestação 
é fixa, devida pelo seu valor nominal. 
CC, Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, 
atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente 
estabelecidos, e honorários de advogado. 
 Esta atualização não precisa constar de cláusula expressa, mas é devida a partir da 
mora, ou seja, a partir do vencimento. Se no vencimento não houver pagamento, começa a 
incidir atualização monetária. Essa atualização é ope legis. 
 É possível prever no contrato que haverá reajuste a cada 6 meses, até a data 
do vencimento? Pelo Código Civil poderia, já que ele não estabelece periodicidade. Mas o 
Plano Real não permite, exceto nos casos em que houver lei específica autorizadora. Essa 
atualização deve ser anual. 
A atualização prevista no artigo 395, por sua vez, é feita enquanto durar a mora. 
Quando o Plano Real estabeleceu isto, alguns contratos já estavam em curso e 
previam a atualização a cada 6 meses, como as locações comerciais. O Plano Real 
estabeleceu que os contratos em curso deveriam se adaptar às novas regras. O STF, em ADI, 
decidiu, por maioria, que a norma é de ordem pública e tem incidência imediata, não 
havendo violação ao ato jurídico perfeito. Os novos reajustes, portanto, devem obedecer a 
nova previsão legal.

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