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aula 08 A organização espacial a vida na cidade como referência para o conceito de organização espacial

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A organização espacial —
a vida na cidade como
referência para o conceito
de organização espacial
Conhecer a forma, a função e as estruturas que envolvem o espaço, bem
como seu processo de formação e que em sua perspectiva histórica resultou
na formação das cidades.
Vivendo na cidade
Até aqui, estudamos as relações espaciais, a maneira como a criança constrói as noções
espaciais e introduzimos a linguagem cartográfica como recurso para compreender o espaço em que
vivemos, sempre preocupados com esta dimensão na formação da criança, sobretudo em sua
educação escolar. Nesta aula, vamos pensar no espaço, compreendendo como o homem o organizou
para viver nele. A cidade é essencial para essa compreensão.
A cidade é uma organização espacial que vem dando sentido à vida do homem que se
estabelece para poder viver e sobreviver. Surgiram conforme os homens foram se aglomerando em
espaços que se tornaram o território que lhes garantia água, alimento, caça, abrigo e se edificaram a
partir do momento em que os homens puderam fazer a divisão social do trabalho, o que deu
regularidade à vida nas cidades antigas.
As cidades antigas, do período que chamamos de Antiguidade, na história, surgiram há mais de
10.000 anos. Há muitas explicações sobre esse surgimento. De modo geral se admite que as cidades
nasceram de assentamentos e aglomerados que os homens estabeleceram para facilitar sua
sobrevivência. A capacidade de trabalhar marca o surgimento da cidade. O comércio surge como
atividade que também marca essa capacidade de organizar tarefas (trabalho). Ao produzir alimentos
pela atividade agrícola os homens puderam realizar trocas considerando o que tinham e o que não
tinham, o que precedeu o comércio organizado.
A permanência das atividades organizadas fez surgir as sociedades nas cidades. Na tradição do
ocidente, temos as cidades de Atenas e Roma como exemplos de cidades que deram origem a nossa
civilização.
Em qualquer arranjo espacial que possamos denominar de cidade, será sempre fundamental
poder compreender a Vida que ali circula. Basicamente a cidade conta com a concentração de
pessoas que se estabelecem em suas edificações e circulam em suas ruas e avenidas, praças e
parques. A forma como as pessoas se organizam com relação aos objetos do espaço dá origem as
paisagens da cidade.
Temos a ideia de que a paisagem é uma manifestação da natureza, dos elementos naturais,
harmonizados e belos. A paisagem, na verdade, do ponto de vista da Geografia, é o resultado das
ações do homem transformando a natureza e, sobretudo, a partir de lugares no espaço em que foi
construindo o sentido de sua vida individual ou coletivamente.
Para Milton Santos (2006, p. 39) espaço geográfico pode ser definido como segue:
Levando em conta as afirmações de Santos (2006) podemos observar que os sistemas de ação
e objetos estão presentes na vida urbana. Lembra que mesmo os trabalhadores agrícolas passam a
residir na zona urbana. Por outro lado e próximo a zonas urbanas, observa-se a existência de
atividades agrícolas produtivas.
Estudar a cidade para compreender o espaço geográfico é uma das tarefas da escola. Aí é
possível fazer à síntese dos conceitos geográficos, que dará a oportunidade de a criança pensar do
ponto de vista espacial e geográfico, o lugar, a paisagem, a cidade. As diversas propostas
curriculares destinadas a Educação Básica indicam essa necessidade. Considerar a cidade como uma
categoria (palavra que ajuda a entender as ideias em estudo) ajuda a organizar unidades de ensino
que vão levar em conta o que a criança já sabe para favorecer a aprendizagem do que é importante
vir a saber.
Viver a cidade
Todos nós temos como origem natural a cidade. O primeiro documento que devemos obter é o
registro que é feito na cidade de onde somos naturais, ou seja, a cidade em que nascemos, a qual
pertence o lugar do nascimento. Mesmo que tenhamos nascido no sítio, alguém vai à cidade
registrar esse nascimento.
Crescemos e construímos nossas referencias no espaço da cidade. A cidade está organizada
em diferentes lugares. Há o centro, os bairros, as vilas, a periferia. A ideia é que quem mora na
cidade é o cidadão. Na realidade, nem sempre é assim. A cidade é organizada por critérios que
envolvem regras para o uso do solo, por exemplo. É comum verificar que nas cidades os espaços são
usados de forma diferente no centro e nas chamadas periferias.
Um critério para usar o solo é o econômico. A lei que regula o uso do solo resulta na cobrança
do IPTU, por exemplo. A cidade, por meio de sua administração combina modos entre o tipo de
atividade (morar, vender e comprar, produzir na indústria, prestar serviços de educação, saúde, etc.,
atividades culturais, dentre outras) e como solo deve ser ocupado. O que se observa é que a cidade
constrói suas experiências de organização espacial de um modo que acaba levando em conta as
áreas que contam com uma capacidade econômica melhor definida.
A região de comércio, as moradias de alto padrão, os espaços para produção recebem uma
infraestrutura mais adequada a seus propósitos que casas e serviços destinados a regiões
periféricas. Assim surgem os lugares mais ricos e os lugares onde vivem os trabalhadores, os
desempregados, em que não há uma rede de serviços, de comércio, de produção. São lugares
destinados a moradia precária. Esses espaços são conhecidos como favelas e já os estudamos
quando vimos os dados do IBGE que os caracterizaram como espaços subnormais.
Em cada um desses lugares, mergulhados em diferentes paisagens, formam-se os vínculos
da população que ali está construindo sua história de vida. Questionar as condições de vida na
cidade partindo da ideia de direito a ela, que é de todo morador que esteja em seu território, é uma
das expectativas do processo de ensino da geografia.
Ocorre que mesmo segregando a população em territórios mais ou menos organizados a partir
de determinada infraestrutura, os coletivos, as pessoas que convivem acabam por construir sentidos
aos lugares onde moram, trabalham se divertem. As pessoas inventam a cidade todos os dias. Esse
convívio estabelece vínculos com os lugares geográficos e surge a cultura na cidade, com a
produção de paisagens significativas para os que dela usufruem.
Já falamos que a ideia de paisagem que fazemos tem a ver com o de natureza em equilíbrio e
harmonia. Aqui devemos lembrar que dar sentido a própria vida e a vida de sua comunidade não
tem a ver com harmonia, mas com a possibilidade da sobrevivência. E a rigor isso é bom quando as
ações da vizinhança levam a conquistas que transformam os espaços e lugares da cidade.
A cidade e o cidadão
Pedro Jacobi (1986) afirma que "[...] as cidades são construídas como um produto de consumo
[...] para consumir a cidade é preciso ter poder aquisitivo, o que exclui dos benefícios urbanos e de
muita coisa boa da vida a maioria da população".
A rigor a discussão sobre ter direito a cidade é a discussão sobre ter direito a vida em seu
modo urbano. Isso significa, na modernidade e na contemporaneidade, o direito de encontrar as
condições para realizar projetos de vida pessoal e coletiva.
Como as cidades se organizam a partir da definição de governos que assumem o poder de
realizar a gestão, pelo voto, parece que boas propostas de governos que se formam podem resolver
os problemas da cidade. Historicamente não tem sido assim. A cidade de certa forma materializa as
desigualdades que derivam do modo de agir do poder econômico que toma a cidade para si. O lugar
e a paisagem revelam como a cidade pensa sobre os cidadãos. Entretanto, para além das
desigualdades, os homens reconstroem lugares para viver que afrontam todas as formas de
segregação. O ensino da cidade pode colaborar para o avanço de outros pontos de vista de como a
vida pode se organizar no urbano, sob os projetos dos que estão vivendo nos lugares geográficos.
Ensinando a cidade
Ao ensinar
o tema cidade no Ensino Fundamental I, persiste no material didático certa
formalidade quanto aos conteúdos que são propostos nas referências curriculares. A cidade ainda é
descrita a partir de sua função, de sua paisagem, de suas manifestações naturais, etc.
Para pensarmos além dessas formalidades, é importante levar em conta o que diz Santos
(2003) sobre como os lugares poderão, inclusive, mudar a cidade e sua paisagem:
Ensinar o lugar às crianças é tarefa das mais instigantes. Didaticamente, tendo sido feito o
trabalho que já discutimos em aulas anteriores e que envolveram as relações espaciais e a
linguagem cartográfica, será importante tomar os lugares da cidade para desencadear os processos
de observação, registro e análise do cotidiano vivido pelas crianças. As imagens abaixo, que
tomamos como a fala mais importante para o ensino da Geografia convidam a pensar a realidade da
cidade e seus lugares de direito, aqueles que envolvem todos os cidadãos.
As imagens da cidade
Para conhecer um pouco mais sobre essas atividades, veja o slideshow abaixo. Este slideshow faz parte da sequência desta aula e,
portanto, é essencial para a aprendizagem.
São Paulo em todos os lugares.
Outros lugares e outros homens.
A partir destas imagens, por exemplo, podemos começar a pensar nas condições que se pode
mobilizar para dar sentido ao viver na cidade.
Leia na íntegra o artigo As grandes cidades e a vida do espírito. Disponível em:1.
http://www.scielo.br/pdf/mana/v11n2/27459.pdf. Acesso em: 06 dez. 2013.
Acesse o site a seguir para ler o artigo A cidade e os cidadãos. Disponível em2.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-64451986000100004&script=sci_arttext. Acesso em: 06 dez.
2013.
Referências
SANTOS, Milton. A Urbanização Brasileira. São Paulo: Edusp, 2005
______. A natureza do espaço: técnica e ação/razão e emoção. São Paulo: Editora da Universidade
de São Paulo, 2006.
______. Por uma outra globalização — do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro:
Record, 2003.

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