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aula 10 Didática da geografia

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Didática da geografia
Delimitar as referências teóricas que definem a seleção de conteúdos para
ensinar Geografia.
A discussão de lugar que fizemos em nossa última aula preparou nossa reflexão sobre como
abordar os conceitos na organização didática da aula de Geografia. Vimos que conceito de lugar é
bastante relevante para a criança. Agora que você já discutiu como ele fundamenta o trabalho
pedagógico no Ensino Fundamental I, poderemos pensar a organização didática a partir dessa
referência.
A didática na sala de aula deve ter como objetivo central assegurar que o aluno aprenda
conhecimentos que ainda não domina. Os procedimentos didáticos serão fundamentais para que o
professor se certifique que o processo de aprendizagem é resultado de uma boa escolha de
conceitos/ conteúdos. Nas aulas anteriores, construímos um conjunto de referências que
fundamentam a abordagem didática.
Vimos a importância da organização dos espaços escolares, na Educação Infantil, justamente
para favorecer a formação das noções e relações espaciais. Uma vivência rica nas relações espaciais
avança a compreensão da dinâmica espacial. Conforme Castellar (2005), o trabalho didático deve
resultar no alcance de objetivos de aprendizagem assim sintetizados:
1. Capacitar para a aplicação dos saberes geográficos nos trabalhos relativos a outras
competências e, em particular, capacitar para a utilização de mapas e métodos de trabalho de
campo.
2. Aumentar o conhecimento e a compreensão dos espaços nos contextos locais, regionais,
nacionais, internacionais e mundiais e, em particular:
- conhecimento do espaço territorial.
- compreensão dos traços característicos que dão a um lugar a sua identidade.
- compreensão das semelhanças e diferenças entre os lugares.
- compreensão das relações entre diferentes temas e problemas de localizações particulares.
- compreensão dos domínios que caracterizam o meio físico e a maneira como os lugares foram
sendo organizados socialmente.
-compreensão da utilização e do mau uso dos recursos naturais.
Uma primeira conquista do aluno, ao final do Ensino Fundamental I, será a construção de
referências para estabelecer relações entre os lugares; a reconhecer algumas escalas de análise em
fenômenos espaciais o que vai educar o olhar para a leitura do espaço vivido.
Quando se indica a formação de um olhar geográfico como expectativa de aprendizagem e
como capacidade construída pela criança, estamos refazendo o modo de conceber e ensinar a
Geografia. O papel do professor é organizar as condições didáticas para a sala de aula, além de cria-
las para as experiências de aprendizagem dos alunos. Podemos pensar em situações didáticas nas
seguintes condições:
Organizar um acervo de materiais que garanta a observação, a descrição, a explicação e al
interação com as territorialidades e os espaços, como imagens, papéis, argila, pedras, papelão,
placas diversas, tinta, pincéis que ajudem a representar os lugares, os trajetos, as edificações por
meio de croquis, de mapas mentais, de maquetes.
Organizar o acervo de filmes, documentários, livros e mídias diversas.l
Organizar a mapoteca da escola.l
Pensar os arranjos espaciais que favoreçam a realização das atividades de estudo de campo, eml
sua etapa de sistematização de dados coletados, bem como pensar na adaptação de espaços para
o laboratório de Geografia; esse espaço pode ser usado por todas as disciplinas que trabalham com
o ensino de conceitos científicos.
Manter e revisar constantemente os roteiros e trajetos dos Estudos de Meio, levando tais estudosl
até o momento da confecção/ publicação de pequenos livros, resultantes do trabalho realizado em
campo.
Atualizar a biblioteca da escola com os livros de referencia para a formação do professor.l
Estudos geográficos e a literatura
É crescente o uso de textos literários para desafiar a capacidade das crianças em pensar o
espaço. Compreender o conceito de lugar pela exploração da obra Sítio do Pica Pau Amarelo de
Monteiro Lobato, traz a vantagem de introduzir o conceito de paisagem em suas diferentes
manifestações. É um excelente recurso para discutir o rural e o urbano.
Considerando o tempo histórico de produção da obra permite explorar as diferenças de
paisagem, inclusive na dimensão do tempo, facilitando o estudo das transformações nas duas
paisagens.
Os contos e as histórias infantis tradicionais também favorecem os procedimentos de
representação do espaço. Temos visto com sucesso a construção de maquetes das casas dos três
porquinhos, a representação do trajeto de Chapeuzinho Vermelho entre sua casa e a casa de vovó.
Há uma diversidade de livros infantis, destinados ao trabalho escolar que exploram os
conceitos de vizinhança, de limites, de fronteira, de convívio cultural no bairro, de respeito à
diversidade nos modos de vida.
Clássicos como Marcelo, Marmelo, Martelo permitem a compreensão da vida no Bairro, na rua
e, portanto, o trabalho com o conceito de lugar que já apresentamos.
O Município como tema de pesquisa e estudo
Desde os primeiros estudos do Município realizado por Pontchuska (2009) o tema tem se
revelado adequado para a introdução de conceitos, procedimentos e atitudes que as crianças devem
aprender ao realizar suas atividades.
Uma das razões para estudar o município é que sua organização está presente em todos os
estados brasileiros. Estuda-se o conceito de governo para ser possível compreender o lugar na
cidade, a cidade no município (que organiza as zonas rurais e urbanas) e as outras ligações que se
estabelecem a partir daí, como regional, nacional, internacional, global. Callai (2012) propõe o
seguinte roteiro para o estudo do Município:
A localização do município.l
A sua organização interna:l
O rural e o urbano.1.
Distribuição das atividades econômicas.2.
Organização das atividades culturais.3.
Formas de lazer.4.
Condições Naturais.l
Distribuição da população.l
Evolução político administrativa.l
A história do município.l
Para concluir, é importante que o professor compreenda que os saberes geográficos se referem
a rigor e afinal a construção de um importante aspecto conceitual que já mencionamos
anteriormente: a identidade. É verdade que falamos da formação da identidade do aluno quando
estudamos o lugar e suas paisagens. Mas também é fato que falamos da identidade docente
também. Os conflitos, as indisciplinas dos alunos, as relações tensas entre escola e família são dados
da realidade, constituindo a identidade dos lugares, inclusive o lugar a que a escola pertence.
Compreender as forças internas dos lugares é uma oportunidade para compreender como os
problemas que ali se apresentam possam ser superados. A participação da comunidade nos estudos
propostos a partir da escola cria a oportunidade de se afirmar a identidade dos alunos e a dos
docentes também. Os fenômenos globais que influenciam os lugares podem ser questionados a
partir dessa força do local. A Escola pode ser uma opção estratégica de compreensão de mundo, se
as relações entre global e local puderem ser estudadas sistematicamente a partir das propostas
curriculares da escola, o que será tema de nossas próximas aulas.
Chegamos ao fim desta aula. Agora, acesse o Fórum para dividir a opinião com seus colegas.
Se as dúvidas persistirem, não deixe de esclarecê-las com o seu professor.
Referências
CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos (Org.). Geografia em Sala de Aula: Práticas textualizações no
cotidiano. 7. ed. Porto Alegre: Mediação, 2012.

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