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Didática da geografia Delimitar as referências teóricas que definem a seleção de conteúdos para ensinar Geografia. A discussão de lugar que fizemos em nossa última aula preparou nossa reflexão sobre como abordar os conceitos na organização didática da aula de Geografia. Vimos que conceito de lugar é bastante relevante para a criança. Agora que você já discutiu como ele fundamenta o trabalho pedagógico no Ensino Fundamental I, poderemos pensar a organização didática a partir dessa referência. A didática na sala de aula deve ter como objetivo central assegurar que o aluno aprenda conhecimentos que ainda não domina. Os procedimentos didáticos serão fundamentais para que o professor se certifique que o processo de aprendizagem é resultado de uma boa escolha de conceitos/ conteúdos. Nas aulas anteriores, construímos um conjunto de referências que fundamentam a abordagem didática. Vimos a importância da organização dos espaços escolares, na Educação Infantil, justamente para favorecer a formação das noções e relações espaciais. Uma vivência rica nas relações espaciais avança a compreensão da dinâmica espacial. Conforme Castellar (2005), o trabalho didático deve resultar no alcance de objetivos de aprendizagem assim sintetizados: 1. Capacitar para a aplicação dos saberes geográficos nos trabalhos relativos a outras competências e, em particular, capacitar para a utilização de mapas e métodos de trabalho de campo. 2. Aumentar o conhecimento e a compreensão dos espaços nos contextos locais, regionais, nacionais, internacionais e mundiais e, em particular: - conhecimento do espaço territorial. - compreensão dos traços característicos que dão a um lugar a sua identidade. - compreensão das semelhanças e diferenças entre os lugares. - compreensão das relações entre diferentes temas e problemas de localizações particulares. - compreensão dos domínios que caracterizam o meio físico e a maneira como os lugares foram sendo organizados socialmente. -compreensão da utilização e do mau uso dos recursos naturais. Uma primeira conquista do aluno, ao final do Ensino Fundamental I, será a construção de referências para estabelecer relações entre os lugares; a reconhecer algumas escalas de análise em fenômenos espaciais o que vai educar o olhar para a leitura do espaço vivido. Quando se indica a formação de um olhar geográfico como expectativa de aprendizagem e como capacidade construída pela criança, estamos refazendo o modo de conceber e ensinar a Geografia. O papel do professor é organizar as condições didáticas para a sala de aula, além de cria- las para as experiências de aprendizagem dos alunos. Podemos pensar em situações didáticas nas seguintes condições: Organizar um acervo de materiais que garanta a observação, a descrição, a explicação e al interação com as territorialidades e os espaços, como imagens, papéis, argila, pedras, papelão, placas diversas, tinta, pincéis que ajudem a representar os lugares, os trajetos, as edificações por meio de croquis, de mapas mentais, de maquetes. Organizar o acervo de filmes, documentários, livros e mídias diversas.l Organizar a mapoteca da escola.l Pensar os arranjos espaciais que favoreçam a realização das atividades de estudo de campo, eml sua etapa de sistematização de dados coletados, bem como pensar na adaptação de espaços para o laboratório de Geografia; esse espaço pode ser usado por todas as disciplinas que trabalham com o ensino de conceitos científicos. Manter e revisar constantemente os roteiros e trajetos dos Estudos de Meio, levando tais estudosl até o momento da confecção/ publicação de pequenos livros, resultantes do trabalho realizado em campo. Atualizar a biblioteca da escola com os livros de referencia para a formação do professor.l Estudos geográficos e a literatura É crescente o uso de textos literários para desafiar a capacidade das crianças em pensar o espaço. Compreender o conceito de lugar pela exploração da obra Sítio do Pica Pau Amarelo de Monteiro Lobato, traz a vantagem de introduzir o conceito de paisagem em suas diferentes manifestações. É um excelente recurso para discutir o rural e o urbano. Considerando o tempo histórico de produção da obra permite explorar as diferenças de paisagem, inclusive na dimensão do tempo, facilitando o estudo das transformações nas duas paisagens. Os contos e as histórias infantis tradicionais também favorecem os procedimentos de representação do espaço. Temos visto com sucesso a construção de maquetes das casas dos três porquinhos, a representação do trajeto de Chapeuzinho Vermelho entre sua casa e a casa de vovó. Há uma diversidade de livros infantis, destinados ao trabalho escolar que exploram os conceitos de vizinhança, de limites, de fronteira, de convívio cultural no bairro, de respeito à diversidade nos modos de vida. Clássicos como Marcelo, Marmelo, Martelo permitem a compreensão da vida no Bairro, na rua e, portanto, o trabalho com o conceito de lugar que já apresentamos. O Município como tema de pesquisa e estudo Desde os primeiros estudos do Município realizado por Pontchuska (2009) o tema tem se revelado adequado para a introdução de conceitos, procedimentos e atitudes que as crianças devem aprender ao realizar suas atividades. Uma das razões para estudar o município é que sua organização está presente em todos os estados brasileiros. Estuda-se o conceito de governo para ser possível compreender o lugar na cidade, a cidade no município (que organiza as zonas rurais e urbanas) e as outras ligações que se estabelecem a partir daí, como regional, nacional, internacional, global. Callai (2012) propõe o seguinte roteiro para o estudo do Município: A localização do município.l A sua organização interna:l O rural e o urbano.1. Distribuição das atividades econômicas.2. Organização das atividades culturais.3. Formas de lazer.4. Condições Naturais.l Distribuição da população.l Evolução político administrativa.l A história do município.l Para concluir, é importante que o professor compreenda que os saberes geográficos se referem a rigor e afinal a construção de um importante aspecto conceitual que já mencionamos anteriormente: a identidade. É verdade que falamos da formação da identidade do aluno quando estudamos o lugar e suas paisagens. Mas também é fato que falamos da identidade docente também. Os conflitos, as indisciplinas dos alunos, as relações tensas entre escola e família são dados da realidade, constituindo a identidade dos lugares, inclusive o lugar a que a escola pertence. Compreender as forças internas dos lugares é uma oportunidade para compreender como os problemas que ali se apresentam possam ser superados. A participação da comunidade nos estudos propostos a partir da escola cria a oportunidade de se afirmar a identidade dos alunos e a dos docentes também. Os fenômenos globais que influenciam os lugares podem ser questionados a partir dessa força do local. A Escola pode ser uma opção estratégica de compreensão de mundo, se as relações entre global e local puderem ser estudadas sistematicamente a partir das propostas curriculares da escola, o que será tema de nossas próximas aulas. Chegamos ao fim desta aula. Agora, acesse o Fórum para dividir a opinião com seus colegas. Se as dúvidas persistirem, não deixe de esclarecê-las com o seu professor. Referências CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos (Org.). Geografia em Sala de Aula: Práticas textualizações no cotidiano. 7. ed. Porto Alegre: Mediação, 2012.
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