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1- Acadêmica da Disciplina de Direito Cambiário do Curso de Bacharelado em Direito da UNIJUÍ. karinearnemann@hotmail.com 2- Acadêmica da Disciplina de Direito Cambiário do Curso de Bacharelado em Direito da UNIJUÍ. Kelly.follmer@hotmail.com OS TÍTULOS DE CRÉDITO RURAL E INDUSTRIAL Karine Anemann¹ Kelly Luana Follmer² TÍTULOS DE CRÉDITO RURAL O crédito rural é o suprimento de recursos financeiros, por instituições do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNRC), para aplicação exclusiva nas finalidades e condições estabelecidas no Manual de Credito Rural (MCR). Os principais objetivos do crédito rural são: estimular os investimentos rurais efetuados pelos produtores ou por suas cooperativas; favorecer o oportuno e adequado custeio da produção e a comercialização de produtos agropecuários; e fortalecer o setor rural. CÉDULA DE CRÉDITO RURAL A cédula de crédito rural é a promessa de pagamento em dinheiro, com garantia real, cedularmente constituída através do penhor, hipoteca ou dos dois. Cédula de crédito é um instrumento contratual largamente empregado nas relações bancárias, tanto pela prat icidade quanto, e principalmente, pela intensiva carga de garantia que dá à instituição financeira. Pode ser encontrada na Lei 4.829/65, que Institucionaliza o Crédito Rural, em seu Decreto regulamentador, que tem o número 58.380/66; no Decreto – Lei 167/67, que cuidou da Cédula Rural; no Decreto 62.141/68, que aditou referido Decreto – Lei 167/67. Notas de créditos NOTAS DE CRÉDITO Junto com as cédulas de créditos vieram as notas de créditos, cuja diferença fica na qualidade da garantia: estas não contam como garantia real. Por isso não serão analisadas, sem prejuízo de a elas serem aplicáveis os preceitos das cédulas, no que couber. DUPLICATA RURAL Apesar de a duplicata rural também ser um título de crédito causal, destaca-se que a causalidade que autoriza o seu saque é bem mais restrita que a causalidade da duplicata mercantil e de serviços. Com efeito, a duplicata rural somente pode ser sacada em virtude de venda à prazo de bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril. Trata-se a duplicata rural de título de crédito bem mais simples do que a duplicata mercantil ou de serviços. Essa simplicidade se revela nas exigências legais para documentar o saque da duplicata rural. Para o saque da duplicata rural, por exemplo, não se exige a extração de fatura discriminando o contrato subjacente, mas é necessário que conste no corpo da duplicata rural a indicação dos produtos de objeto da compra e venda. CÉDULA DE PRODUTOS RURAIS LEGISLAÇÃO A Cédula de Produtor Rural foi criada pela Lei nº 8.929/1994, sendo alterada pela lei nº 10.200/2001. O seu surgimento se deve á necessidade que o governo tinha de implementar o desenvolvimento do setor rural. Pois era preciso novos investimentos nesse setor para modernizar a produção agrícola e pecuária no País. CONCEITO A Cédula de Produtor Rural é um título cambial pelo qual o emitente (produtor rural) ou a cooperativa de produção, vende antecipadamente certa quantidade de mercadoria, recebendo o valor negociado no ato da venda e comprometendo-se a entrega-la na qualidade e no local acordado em data futura. Ou seja, é um título que permite ao produtor rural, ou às cooperativas, a comercialização antecipada da produção. REQUISITOS Os requisitos necessários para a CPR estão no artigo 3º da Lei 8.929/94. Deve se ter a denominação Cédula de Produto Rural, a data da entrega, o nome do credor e cláusula à ordem, promessa pura e simples de entregar o produto, sua indicação e as especificações de qualidade e quantidade, local e condição da entrega, descrição dos bens cedularmente vinculados em garantia, data e lugar da emissão, e assinatura do emitente. CAUSAS DE EMISSÃO A emissão gera duas situações distintas: a primeira daquele que promete entregar uma quantia determinada de produto rural e a segunda daquele que se beneficia de tal promessa. Ao ser emitida a CPR, observa os requisitos do artigo 3º da Lei 8.929/94. O Produtor Rural ou a Cooperativa de Produção deve procurar um banco ou uma seguradora que de garantia á CPR. Após análise do cadastro e das garantias do emissor, o banco ou a seguradora acrescenta seu aval ou agrega um seguro. Com a posse da CPR avalizada ou segurada, o emissor pode negocia-la no mercado. O emitente de uma CPR vende a termo a sua produção, recebendo o valor da venda à vista, comprometendo-se a pagar um valor ou a entregar o produto na quantidade, qualidade, tempo e local estipulados. GARANTIAS A lei prevê possibilidades de estabelecer algumas garantias como aval, hipoteca, penhor, alienação fiduciária, registro e negociabilidade. A escolha da garantia é de livre convenção entre o financiado e o financiador, que devem ajustá-las de acordo com a natureza e o prazo do crédito, observada a legislação própria de cada tipo. AÇÃO CAMBIAL Se após o seu vencimento, a CPR não for paga, o credor poderá promover a execução judicial de seu crédito, contra qualquer devedor cambial, desde que observadas as condições de exigibilidade já mencionadas, por meio da chamada ação cambial. Na falta de algum dos requisitos essenciais, a CPR não conferirá ao credor o direito ao uso da ação cambial, não significando, porém, que a obrigação não exista, ou seja ineficaz juridicamente. O que muda é que o documento valerá como prova de uma obrigação comum, fora do direito cambiário. PRESCRIÇÃO A lei 8.929/94 não diz nada a respeito da prescrição, mas CPR é prescritível, segundo o artigo 10 da lei citada, são aplicadas as normas do direito cambial á CPR. Portanto, a prescrição é de 5 anos. TÍTULOS DE CRÉDITO INDUSTRIAL CÉDULAS E NOTAS DE CRÉDITO LEGISLAÇÃO E CONCEITO Segundo o artigo 10 do Decreto Lei n° 413/69, a cédula de crédito industrial é promessa de pagamento em dinheiro, com garantia real, cedularmente constituída, concebida como título líquido e certo, exigível pela soma dela constante ou do endosso, além dos juros, da comissão de fiscalização, se houver, e demais despesas que o credor fizer para segurança, regularidade e realização de seu direito creditório. NOTA DE CRÉDITO INDUSTRIAL A nota de crédito industrial é promessa de pagamento em dinheiro, sem garantia real, devendo conter alguns requisitos: I - Denominação "Nota de Crédito Industrial". II - Data do pagamento; se a nota for emitida para pagamento parcelado, acrescentar-se-á cláusula discriminando valor e data de pagamento das prestações. III - Nome do credor e cláusula à ordem. IV - Valor do crédito deferido, lançado em algarismos e por extenso, e a forma de sua utilização. V - Taxa de juros a pagar e comissão de fiscalização, se houver, e épocas em que serão exigíveis, podendo ser capitalizadas. VI - Praça de pagamento. VII - Data e lugar da emissão. VIII - Assinatura do próprio punho do emitente ou de representante com poderes especiais. Exceto no que se refere à garantias e a inscrição, aplicam-se à nota do crédito industrial as disposições sobre cédula de crédito industrial. REQUISITOS Existem dez requisitos que devem estar presentes em uma Cédula de Crédito Industrial, que se encontram dispostos no artigo 14 do Decreto-lei 413/69, sendo eles: a. A denominação “Cédula de Crédito Industrial”; b. A data de pagamento, no caso de parcelamento a cláusula deverá conter descriminado a data e o valor de cada prestação; c. O nome do credor e cláusula à ordem; d. O valor do crédito aprovado, devendo este ser lançado por extenso eem algarismos, e sua forma de utilização; e. A descrição dos bens no caso de penhor ou alienação fiduciária, que serão indicados pela espécie, quantidade, qualidade e marca, também deve constar local ou depósito de sua situação, dimensões, confrontações, benfeitorias, títulos e datas de aquisição do imóvel e anotações do registro imobiliário; f. A taxa de juros a pagar e comissão de fiscalização, caso haja, e épocas que serão exigíveis podendo ser capitalizadas; g. A obrigatoriedade de seguro dos bens objetos da garantia; h. O local do pagamento; i. A data e lugar da emissão; e j. A assinatura do próprio punho do emitente ou de representante com poderes especiais. CAUSAS DE EMISSÃO A cédula de crédito industrial poderá ser aditada, ratificada e retificada, por meio de menções adicionais e de aditivos, datados e assinados pelo emitente e pelo credor, lavrados em folha à parte do mesmo formato e que passarão a fazer parte integrante do documento cedular. GARANTIA Quanto às garantias, a sua descrição poderá ser feita em documento à parte, em duas vias, assinado pelo emitente e pelo credor, fazendo-se, na cédula, menção a essa circunstância, logo após a indicação do grau do penhor ou da hipoteca cedular, da alienação fiduciária e de seu valor global. “Art 19. A cédula de crédito industrial pode ser garantida por: I - Penhor cedular. II - Alienação fiduciária. III - Hipoteca cedular.” O instrumento deverá ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis do local onde se situam os bens de garantia a dívida, caso se queira que a Cédula de Crédito Industrial produza efeitos contra terceiros; caso contrário, o efeito produzido é inter partes. AÇÃO PARA COBRANÇAS A ação para cobranças encontra-se elencado no artigo 41 do Decreto, com seu devido procedimento. “Art. 41. Independentemente da inscrição de que trata o art. 30 deste Decreto-lei, o processo judicial para cobrança da cédula de crédito industrial seguirá o procedimento seguinte: 1º) despachada a petição, serão os réus, sem que haja preparo ou expedição de mandado, citados pela simples entrega de outra via do requerimento, para, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, pagar a dívida; 2º) não depositado, naquele prazo, o montante do débito, proceder-se-á a penhora ou ao sequestro dos bens constitutivos da garantia ou, em se tratando de nota de crédito industrial, à daqueles enumerados no Art. 1.563 do Código Civil (artigo 17 deste Decreto-lei); 3º) no que não colidirem com este Decreto-lei, observar-se-ão, quanto à penhora, as disposições do Capítulo III, Título III, do Livro VIII, do Código de Processo Civil; 4º) feita a penhora, terão réus, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, prazo para impugnar o pedido; 5º) findo o termo referido no item anterior, o Juiz, impugnado ou não o pedido, procederá a uma instrução sumária, facultando às partes a produção de provas, decidindo em seguida; 6º) a decisão será proferida dentro de 30 (trinta) dias, a contar da efetivação da penhora; 7º) não terão efeito suspensivo os recursos interpostos das decisões proferidas na ação de cobrança a que se refere este artigo; 8º) o foro competente será o da praça do pagamento da cédula de crédito industrial. ”
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