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Daniel Veríssimo de Souza Lisboa - 20222220011 Direito empresarial- II Exercício ponto extra - empresarial II 1- Explique o conceito de título de crédito e suas características. O conceito de título mais amplamente difundido pela doutrina e aceito com unanimidade é aquele ditado pelo grande jurista italiano Cesare Vivante. Vivante define título de crédito como: “o documento necessário ao exercício do direito, literal e autônomo nele mencionado”. Inclusive, o próprio código civil de 2002, ao definir título de crédito, encontra estruturação no conceito de Vivante. Escreve o CC em seu art. 887: “o título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”. Contudo, existem outros conceitos extremamente relevantes na doutrina que podem ser mencionados. Fábio Ulhoa define título de crédito como: “o documento necessário ao exercício do direito, privado e autônomo, que dele resulta, sendo que sua eficácia circulatória e executória deriva da observância dos requisitos formais expressos na lei.” Para Rubens Requião: “Títulos de crédito são documentos representativos de obrigações creditícias e de circulação necessária ou facultativa, que se destinam a facilitar a circulação de riqueza.” José Maria Whitaker, entende que o título de crédito é: “o documento capaz de realizar imediatamente o valor que representa.” Nesse sentido, diante das exposições doutrinárias e conceituais expostas, podemos elencar as principais características que formatam os títulos de crédito. Primeiramente, os títulos de crédito possuem uma natureza essencialmente comercial, isto é, a sua função primordial é fazer circular riqueza com segurança. Essa característica, inclusive, está ligada diretamente ao surgimento dos títulos de crédito, que surgem com a finalidade fundamental de fomentar e facilitar as trocas comerciais. Os títulos de crédito são documentos formais, isto é, precisam observar os requisitos essenciais previsto na legislação seja o código civil, seja a legislação cambiária específica, como a lei uniforme de Genebra, lei do cheque, lei das duplicatas, etc. Outra característica importante, no que tange aos títulos de crédito, reside na sua classificação. Os títulos de crédito são considerados bens móveis, portanto, sujeitando-se aos princípios que norteiam a circulação desses bens, bem como devendo obedecer às previsões legais no que prescreve a boa-fé, propriedade, etc. São títulos de apresentação, pois, segundo André Santa Cruz “são documentos necessários ao exercício dos direitos neles contidos”. Ou seja, é necessário portar o documento, apresentar o documento, para que o direito contido no título possa ser exercido. Os títulos de crédito são executivos extrajudiciais, como disposto no art. 784 do CPC, isto é, apesar de preverem uma obrigação positiva, ou seja, disposta lei, não necessitam de um processo judicial para que ocorra a sua formalização. Os títulos de crédito representam obrigações quesíveis, ou seja, é necessário distinguir a obrigação contida no título de crédito e aquela que originou o título. Além disso, o credor deve dirigir-se ao devedor para receber a importância da dívida. Vale ressaltar também que os títulos de crédito são títulos de resgate, ou seja, sua emissão implica no pagamento futuro da obrigação extinguindo, assim, a relação. Por fim, ressaltamos, que o título de crédito é um título de circulação, pois, como exposto, a sua principal finalidade é promover a circulação de riqueza, a circularidade do crédito. 2- Discorra sobre os princípios da cartularidade, literalidade e autonomia. Como todo ramo jurídico, o direito cambiário possui princípios que embasam, norteiam a criação de novas normas, a interpretação normativa, que são responsáveis por preencher eventuais lacunas no ordenamento jurídico, enfim, responsáveis por realizar a estruturação do campo jurídico. Os títulos de crédito possuem três princípios basilares: a cartularidade, a literalidade e a autonomia. O princípio da cartularidade afirma que o crédito é incorporado no próprio documento, ou seja, o crédito se materializa no título. Além disso, a posse do documento é condição para exercer o direito que nele está incorporado, ou seja, o direito contido no título de crédito só poderá ser exercício com a apresentação da cártula, assim aquele que possui a posse do título de crédito é quem possui o direito de exercer o direito nele contido. Essa regra principiológica é importante para evitar que alguém que já tendo negociado e disposto do título de crédito apresente-se, a posteriori, como credor do título de crédito. “Em síntese, o princípio da cartularidade nos permite afirmar que o direito de crédito mencionado na cártula não existe sem ela, não pode ser transmitido sem a sua tradição e não pode ser exigido sem a sua apresentação.” Ensina André Santa Cruz. É necessário ressaltar que com o advento do art. 889, §3º do CC, o princípio da cartularidade foi mitigado. Lê-se no CC: O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo. É importante ressaltar que em função do princípio da cartularidade, a posse do título pelo devedor pressupõe o pagamento do título, só é possível protestar um título quando este for apresentado e só é possível protestar um título apresentando-o ou com cópia autenticada. O princípio da literalidade significa que o título de crédito vale apenas pelo que nele está escrito. Ou seja, apenas produzem efeitos jurídicos àquele que está literalmente escrito no título de crédito. Segundo Carvalho de Mendonça, “o devedor não é obrigado a mais, nem o credor pode ter outros direitos senão aqueles declarados no título”. A literalidade, portanto, assegura às partes a exata correspondência entre o seu desejo e aquilo que está explicitamente escrito no título de crédito, ou seja, zelando pela segurança jurídica da relação jurídica. Assim, assegura-se também o cumprimento integral daquilo que foi acordado na relação jurídica, nada aquém ou além. Apesar da vigência do princípio referido a lei admite exceções, admite que determinadas disposições estão escritas, mesmo não estando escritas no título. Nesse sentido, podemos falar em literalidade indireta. Quando é possível realizar correções pecuniárias, ainda que não previstas no título, como por exemplo juros de mora. Ainda, é possível salientar, que o princípio da literalidade não se aplica totalmente a duplicata que admite quitação em separado, assim como compensação de valores não previstos no referido título. O terceiro e último princípio é o da autonomia. A autonomia é a pedra angular do tripé aqui referenciado, é o princípio mais importante no que tange os títulos de crédito, tendo em vista que garante a sua principal característica, qual seja a circulação. Nesse sentido, assegurando a autonomia do título de crédito, urge o art. 896 do CC: O título de crédito não pode ser reivindicado do portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua circulação. Nesse âmbito, o princípio da autonomia assegura que as relações jurídicas representados por um determinado título de crédito são autônomas e independentes entre si, ou seja, aquele que porta o título de crédito pode exercer o direito nele representado independente das relações que o antecederam, garantindo, como já citado, a circularidade do título. Assim, mesmo que haja qualquer vício nas relações anteriormente desenvolvidas, devido a autonomia e independência, tal vício não atinge as demais obrigações desenvolvidas no título. O princípio da autonomia é responsável por conferir segurança às relações jurídicas desenvolvidas a partir dos títulos de crédito, visto que garante a quem recebe o título numa negociação que esta é válida independentedas relações que foram desenvolvidas antes desta ocorrer, ou seja, aquele que recebe o título de crédito não necessita investigar o passado daquele título de crédito. Em decorrência do princípio da autonomia, surgem outros dois subprincípios: a abstração e a inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé. O subprincípio da abstração implica no entendimento de que ao circular o título de crédito se desvincula da relação que lhe deu origem. Já o subprincípio da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé escreve que o título não é oponível a um terceiro de boa-fé, ou seja, A procura B que não pagou a dívida constante no título de crédito, A poderá demandar B, mas não poderá demandar C, terceiro de boa-fé que participou da relação originária. 3- Quais as principais classificações relativas aos títulos de crédito? Os títulos de crédito são classificados pela doutrina a partir de diversos critérios, tal como: o modelo, estrutura, hipótese de emissão e circulação. No que concerne ao modelo, o título de crédito pode ser um título de modelo livre ou título de modelo vinculado. Os títulos de crédito de modelo livre são aqueles que não possuem uma padronização obrigatória definida em lei, ou seja, sua forma não está preestabelecida em lei, ficando livre aquele que emite a forma do título, desde que constem os requisitos essenciais do título de crédito. Nessa categoria enquadram-se, a exemplo, a letra de câmbio e a nota promissória. No caso dos títulos de crédito de modelo vinculado, a forma deve ser exatamente aquela prescrita em lei, ou seja, devem obedecer a padronização estabelecida pela legislação cambiária, assim, só produzindo efeitos quando preenchidas as formalidades legais exigidas. É o caso do cheque e da duplicata mercantil. No que tange a estrutura, os títulos de crédito podem ser uma ordem de pagamento ou uma promessa de pagamento. As ordens de pagamento são os títulos de crédito em que o emissor emite uma ordem para que alguém emita um título em favor de um terceiro, o beneficiário. Assim, podemos vislumbrar que necessariamente existem três figuras nesse modelo de título de crédito. Aquele que emite a ordem de emissão do título, o sacador; aquele contra quem o título é emitido, isto é, aquele que terá que cumprir a ordem, o sacado e aquele para quem o título foi emitido, isto é, em favor de quem o título foi emitido, o beneficiário. Enquadra-se nessa categoria o cheque Na promessa de pagamento vale a mesma estrutura, contudo não existe a figura do sacado. O sacador emite diretamente a promessa de pagamento para o beneficiário. A exemplo, a nota promissória. Quanto à hipótese de emissão podem ser títulos casuais ou abstratos. Título casual só pode ser emitido nas situações em que a lei permitir a sua emissão. É o caso da duplicata mercantil e duplicata de serviços. Título abstrato podem ser emitidos em qualquer situação, não está condicionada a nenhuma causa estabelecida em lei, podem ser emitidos em qualquer hipótese. Aqui podemos citar o cheque. E, finalmente, quanto à forma de transferência ou circulação, os títulos podem ser classificados em título ao portador, título nominal e títulos normativos. Nos títulos ao portador a pessoa que porta o título é considerado o titular do direito incorporado no título, ou seja, a transferência da titularidade ocorre com a simples entrega do título ao novo portador. Títulos nominais são aqueles que identificam expressamente o seu titular, ou seja, a transferência não pode ser realizada com a mera entrega do título ao novo portador. Aqui os títulos nominais subdividem-se em: à ordem e não à ordem. Nos títulos à ordem o ato formal que deve ser realizado para que possa ocorrer a transferência do título de crédito é o endosso. No caso, de títulos não a ordem o ato formal que deve ser realizado é a cessão de crédito. Por fim, os títulos normativos são aqueles emitidos em favor de uma pessoa determinada e para que possa ocorrer a transferência a assinatura de um termo no referido registro, devendo ser assinado pelo emitente e pelo adquirente do título. 4- Qual a diferença entre os atos cambiários endosso e aval? Explique-os Endosso e aval são atos cambiários que permitem a circulação do título de crédito, a transferência, que permitem a cobrança do título, etc. De acordo com André Santa Cruz: “O endosso é o ato cambiário mediante o qual o credor do título de crédito (endossante) transmite seus direitos a outrem (endossatário)”. Ou seja, é uma declaração escrita no título de crédito que transfere o direito do endossante para o endossatário. É importante ressaltar que o título de crédito, em regra, deve ser necessariamente à ordem, conduto, admitissem exceções, como a exemplo da lei do cheque. O endosso produz dois efeitos, primeiramente, transfere a titularidade do crédito e responsabiliza o endossante, figurando, assim, como codevedor do título. Contudo, admitisse mitigação do segundo efeito se expressamente disposto, assim, liberando o endossante de qualquer responsabilidade pela obrigação decorrente do título de crédito. Quanto à forma, o endosso deve ser feito no verso do título de crédito, bastando apenas a assinatura do endossante para que seja válido. Todavia, é admitido também a realização do endosso no anverso, desde que seja mencionado expressamente que trata-se de um endosso e deve conter a assinatura do endossante. É importante salientar que a legislação não admite endosso parcial ou limitado a certo valor da dívida, assim como não se admite endosso subordinado a alguma condição. Outra característica do endosso é que não há número limite de quantas vezes um título de crédito pode ser endossado. Porém, o endossante pode proibir expressamente um novo endosso. A doutrina realiza algumas distinções quanto ao endosso, isto é, caracteriza algumas espécies de endosso. Endosso em preto é aquele que identifica o endossatário. Endosso em branco é aquele que não há identificação do endossatário. Endosso próprio, como citado o endosso produz dois efeitos, a transferência da titularidade e responsabilização do endossante que passa a figurar como codevedor. Todavia, existe também o chamado endosso impróprio, ou seja, o endosso que não produz esses efeitos. No endosso impróprio não ocorre a transferência da propriedade do título de crédito, mas servem como uma garantia de que a dívida será paga, ou seja, servem como uma garantia de cobrança. Por sua vez, a doutrina distingue duas formas de endosso impróprio: o endosso-mandato e endosso-caução. No endosso-mandato, o endossante confere ao endossatário poderes para agir como seu representante, exercendo em nome deste o poder de exercer os direitos que constam naquele título de crédito. No endosso-caução, o endossante transmite o título como garantia de uma dívida que foi contraída com endossatário. Nessa modalidade de endosso o endossatário não assume a titularidade do título de crédito, assumindo a posse apenas como garantia, quando a dívida for quitada, a posse deverá retornar ao endossante, caso não seja paga o endossatário receberá a titularidade do título de crédito. Passando o aval. No aval, um terceiro, chamado de avalista, assume a responsabilidade pelo pagamento da obrigação constante no título de crédito, respondendo de forma equiparada ao devedor, chamado de avalizado. Quanto à forma, o aval é realizado no anverso do título de crédito, sendo exigida a assinatura do avalista. Havendo aval no verso do título de crédito, deverá ser identificado e é exigida a assinatura do avalista. Como no endosso são identificadas espécies de aval. O aval em branco ocorre quando não há identificação do avalizado; no aval em preto há a identificação do avalizado. O aval também poderá ser total, quando o avalista se compromete com todo o valor da dívida e o aval também pode ser parcial, quando o avalista obriga-se apenas com uma parte do valor da dívida. Ainda há a possibilidadedo aval simultâneo, quando a garantia é realizada por mais de um avalista. Além disso, ocorre, também, a figura do aval sucessivo quando um avalista avaliza outro avalista. No que concerne às diferenças, enquanto no endosso não admitisse o endosso parcial, no aval há essa possibilidade. Enquanto no endosso ocorre a transferência da titularidade do título de crédito, o aval serve como uma garantia, se o devedor originário não realizar a quitação da dívida, este deverá ser feito pelo avalista. É mister diferenciar o endosso-caução do aval, enquanto no aval ocorre a figura de um terceiro que serve como avalista, no endosso-caução o próprio titular do título de crédito oferece o endosso como garantia do pagamento da dívida. Outra diferença que podemos salientar é no que tange à forma dos referidos atos cambiários. Enquanto no endosso, em regra, deve ser feito no verso do título de crédito; o aval deve ser realizado no anverso do título de crédito. 5- Discorra sobre os atos cambiários aceite e protesto e títulos. O aceite ocorre, basicamente, quando há o recebimento de uma ordem de uma ordem de pagamento e a aceita. O aceite é realizado no anverso do título, devendo constar a assinatura daquele que recebe a ordem de pagamento. Contudo, pode ser realizado no verso, desde que identificado e constando a assinatura daquele que recebe a ordem de pagamento, devendo constar a expressão aceite ou equivalente. Segundo o art. 1.º da Lei 9.492/1997, “protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida”. Ou seja, o protesto pode ser definido como o ato formal pelo qual há a contestação de fato relevante para a relação cambial. Pode ser considerado fato relevante a falta de aceite do título, a falta de devolução do título, a falta de pagamento do título, etc. Existem duas modalidades de protesto, o protesto necessário e o facultativo. Basicamente, o protesto necessário ocorre quando realizado contra coobrigados e endossantes; já o protesto facultativo ocorre quando realizado contra o devedor principal e o avalista. O cancelamento do protesto em razão de dívida só poderá ser realizado após o pagamento da dívida, e ficará a cargo do próprio devedor. Referências COELHO, Fabio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 17ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2006. COUTO, Rafael Durand. Introdução ao direito cambiário. Parte I. Campina Grande. 12 fev. 2024. Apresentação em Slide Share. 51 slides colo, Aula no módulo Direito empresarial- II da UEPB. Disponível em: mail/u/0/?pli=1#inbox?projector=1. Acesso em: 30 fev. 2024. CRUZ, André Santa. Direito empresarial, 10ª ed. São Paulo: Editora Método, 2020.
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