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Revista Galileu - Setembro de 2016

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QUALÉA
P. 36
Acidentes e denúncias de maus-tratos a animais mantidos em cativeiro chamam
a atenção para práticas abusivas de circos, zoológicos e parques temáticos
GALILEU.GLOBO.COM
EDIÇÃO
CA
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A
PR
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X
.4
,6
5%
UNIÃO SOVIÉTICA TENTOU
CRIAR A PRÓPRIA INTERNETP. 74
A HISTÓRIA DO DIVÓRCIO DE
ASTRONOMIA E ASTROLOGIAP. 54
P. 07 ACIDENTE ACIRRA DEBATESOBRE CARRO AUTÔNOMO
DOSSIÊ
IMPOSTOS
P. 50ENTREVISTA: PARA SAIR DA CRISE É PRECISO INVESTIR NA CIÊNCIA
302
SET. 16
BRASILEIROS TRABALHAM
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ACERTARCOMGOVERNO• P.27
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edição de ipad
GELATINA P.79
P. 27
IMPOSTOS
DOSSIÊ
C
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T
O
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IR
C
U
IT
O
SETEMBRO2016
ANTIMATÉRIA
DIRETORADEGRUPOCASAECOMIDA,
CASAE JARDIM, CRESCEREGALILEU: Paula Perim
REDAÇÃO
EDITORA-CHEFE:Cristine Kist
EDITORADEARTE: Fernanda Didini
EDITORES:Giuliana de Toledo, Nathan Fernandes e Thiago Tanji
REPÓRTERES:André Jorge de Oliveira e IsabelaMoreira
DESIGNERS: Felipe Eugênio (Feu) e João Pedro Brito
ESTAGIÁRIOS: Bruno Vaiano (texto) eMayraMartins (arte)
ASSISTENTEDEREDAÇÃO:Gabriela Nogueira
COLABORADORESDESTAEDIÇÃO:
Cartola Conteúdo, Humberto Abdo, Leandro Saionetti, Marcela
Duarte eMarília Marasciulo (texto); AnaMatsusaki, Berje, Dulla,
Estúdio Barca, MárcioMoreno, Rodrigo Bastos, Tomás Arthuzi
e Yumi Shimada (arte); MoniqueMurad Velloso (revisão).
E-MAILDAREDAÇÃO: galileu@edglobo.com.br
P. 26
ELE-
MEN-
TAR
P.80
P
A
N
O
R
Â
M
IC
A
P.7
OATAQUEDOSCARROS
AUTÔNOMOS PESQUISA
DO TEMPO
POUCA
MUITA BUROCRACIA
DE GUERRA
BRASILEIRO
P.10
MAMU T E S
OROBÔ
ZUMBIS
P.15
MÁQUINA
P.18
O VELHO LESTE
RUSSO
P.23
FAXINA
ESPACIAL
P.12
BITCOIN
NOS BANCOS
P.17
HOMENS
CONVENCIDOS
P.20
P.10P.22
PRECONCEITO NAS TELAS
COMPOSIÇÃODIRETOR-GERAL: Frederic Zoghaib KacharDIRETORDEAUDIÊNCIA: Luciano Touguinha de CastroDIRETORADEMERCADOANUNCIANTE:Virginia Any
OBureauVeritas Certification, combase nos processos e procedimentos descritos no seu
Relatório deVerificação, adotando umnível de confiança razoável, declara que o Inventário
deGases de Efeito Estufa—Ano 2012 da Editora Globo S.A. é preciso, confiável e livre de
erro ou distorção e é uma representação equitativa dos dados e informações deGEE sobre
o período de referência para o escopo definido; foi elaborado emconformidade coma
NBR ISO 14064-1:2007 e as Especificações doProgramaBrasileiro GHGProtocol.
INOVAÇÃODIGITAL
DIRETORDE INOVAÇÃODIGITAL:AlexandreMaron
GERENTEDEESTRATÉGIADECONTEÚDODIGITAL:Silvia Balieiro
TECNOLOGIA
DIRETORDETECNOLOGIADE INFORMAÇÃO:Rodrigo José Gosling
DESENVOLVEDORES: Everton Ribeiro, Fabio AlessandroMarciano, Jeferson
Mendonça, Leandro Paixão, Leonardo Turbiani, Marcelo Amendola, Marcio Costa,
Murilo Amendola e Victor Hugo Oliveira da Silva;OPECONLINE:Rodrigo Santana
Oliveira, Danilo Panzarini, Higor Daniel Chabes, Rodrigo Pecoschi e Thiago Previero
GERENTEDEEVENTOS:Daniela Valente
COORDENADORDEOPECOFFLINE: José Soares
MERCADOANUNCIANTE
SEGMENTOSFINANCEIRO, IMOBILIÁRIO, TI, COMÉRCIOEVAREJO—Diretor
de negóciosmultiplataforma: EmilianoMorad Hansenn; Gerente de negócios
multiplataforma:Ciro Horta Hashimoto; Executivosmultiplataforma: SelmaMaria
de Pina, Cristiane de Barros Paggi Succi, Christian Lopes Hamburg, Milton Luiz
Abrantes e Taly CzeresniaWakrat.MODA,BELEZAEHIGIENEPESSOAL—
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Adriana Pinesi Martins, Eliana Lima Fagundes, Juliana Vieira, Selma Teixeira da
Costa e SorayaMazerino Sobral. CASA, CONSTRUÇÃO,ALIMENTOSEBEBIDAS,
HIGIENEDOMÉSTICAESAÚDE—Diretora denegóciosmultiplataforma:Marilia
Guiti Hindi; Executivosmultiplataforma:Giovanna Sellan Perez, Keila Ferrini, Lucia
Helena LopesMessias, Rodrigo Girodo Andrade, Valeria Glanzmann.MOBILIDADE,
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Vasconcellos
AUDIÊNCIA
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SUMÁRIO DE REPORTAGENS P.35
302Composicao.indd 3 12/08/2016 13:39:51
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as edições de GALILEU
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o início dos anos 2000, nos-
sa editora Giuliana de Toledo,
então aluna do Ensino Funda-
mental de uma escola de Porto Alegre,
foi a uma conferência qualquer apresen-
tar um trabalho que havia feito com os
colegas durante as aulas de ciências.
Ela já não se lembra sobre o que era
o tal trabalho, mas nunca esqueceu do
discurso entusiasmado feito por uma
das palestrantes: a bióloga e pesquisa-
dora Helena Nader, hoje presidente da
Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência, entidade criada há quase 70
anos para incentivar o desenvolvimento
científico e tecnológico do país.
Giu contou esse caso assim que fi-
cou sabendo que eu entrevistaria Hele-
na para o Papo Cabeça desta edição (o
resultado da conversa você lê na página
64). E eu repassei a história para He-
lena, que, claro, não se lembrava des-
se evento específico, mas contou que
sempre que pode viaja o Brasil inteiro
para conversar com alunos de escolas
públicas. “Eu brinco que vou a esses
eventos para aliciar os estudantes, por-
que a palavra ‘aliciar’ ficou com essa
conotação negativa das drogas, e não é
isso, eu vou aliciar jovens para a ciência
mesmo”, explicou ela aos risos.
Felizmente para a GALILEU, Hele-
na não conseguiu aliciar a Giu, que
se tornou jornalista mesmo e assina a
matéria de capa desta edição, sobre os
animais que são mantidos em circos,
zoológicos e parques, muitas vezes
em condições precárias, apenas para
entreter meia dúzia de seres humanos.
Há algum tempo, eu assisti a uma
palestra do filósofo australiano Peter
Singer, conhecido por estudar os di-
reitos dos animais, em que ele discutia
até que ponto fazia sentido acreditar
que nós éramos mes-
mo superiores aos ou-
tros animais. A pales-
tra foi tema, inclusive,
de uma reportagem
de capa da GALILEU,
em agosto de 2013, quando eu ainda
nem desconfiava que viria a trabalhar
aqui. Já naquela época falava-se de es-
tudos que mostravam que várias espé-
cies, até mesmo moscas e moluscos,
possuíam as faculdades neurológicas
que geram consciência — o que en-
terraria a teoria de que os humanos
se diferenciavam dos outros animais
por serem os únicos seres pensantes.
De lá para cá, foram registrados al-
guns avanços: cada vez mais buscam-se
alternativas para evitar os testes com
ratos e, principalmente, chimpanzés, e
o número de instituições criadas para
acolher animais vítimas de maus-tratos
não para de crescer. Mas uma série de
incidentes recentes envolvendo huma-
nos e bichos mantidos em cativeiro dei-
xa claro que a questão ainda está longe
de ser superada. E é sobre isso que fa-
lamos a partir da página 36. Boa leitura!
AREVOLUÇÃO
DOSBICHOS
N
1
GESTÃODE CRISE
Enquanto fazia a
direção de arte das
fotos damatéria
Meu ganha-pão são
as estrelas, o desig-
nerJoãoPedroBrito
precisou acalmar os
ânimos do astrólogo
Antonio Facciollo
Neto e da astrô-
nomaDiana Gama,
que começaram a
discutir de verdade
(leia o relato do
repórterAndré
Jorge na página 56).
3
AVOLTADO
ESTANTE GALILEU
Onossoblogde
livrosfinalmente
voltou à ativa sob
direçãodo repórter
estagiárioBruno
Vaiano, que entre-
vistouobrasileiro
responsável portra-
duzirdonorueguês
as obras do escritor
KarlOveKnausgård.
Trivia: no início
de julho, tanto o
BrunoquantooJoão
enfrentaramuma
fila enormepara
pegarumautógrafo
deKnausgård emum
evento emSãoPaulo.
2
ASSIMNÃODÁ
PRATRABALHAR
Enquanto esta
edição era prepa-
rada, o famigerado
jogo Pokémon
Go finalmente foi
lançado no Brasil.
E aí, amigo, foi
Copa do Mundo!
Absolutamente
toda a editora
tentou baixar
o aplicativo
ao mesmo tempo
— e quase ninguém
conseguiu porque a
rede ficou conges-
tionada. Foi criada
até uma expressão
para imortalizar
o momento: “mais
lento que a internet
da redação em dia
de lançamento do
Pokémon Go”...
Cristine Kist | Editora-chefe
ckist@edglobo.com.br
ANAMATSUSAKIERÔMOLO
PROFISSÃO— Ilustradores
ONDE NASCERAM E ONDE MORAM— Ana nasceu
em São Paulo e Romolo, em Foz do Iguaçu.
Eles moram juntos “na estrada”,
mas atualmente estão na Tailândia
O QUE FIZERAM NESTA EDIÇÃO— Ana fez as
ilustrações do Antimatéria (p. 7) e Romolo
já colaborou com a revista em outras edições
POR QUE ELES APARECEM NA FOTO COM UM ELEFANTE —
Não, não tem nada a ver com a nossa
capa. Romolo fez o elefante para participar
de uma exibição na Tailândia
COLABORADORES DOMÊSPRIMEI -
RAMENTE
WWW.GALILEU.GLOBO.COM
PORCRISTINEKIST
09.2016#302
FOTO Paulo Eduardo Dulla
ASSISTÊNCIA Tiago Matos
ESCULTURA
Rodrigo Bastos Didier
TRATAMENTO DE IMAGEM
Roberto de Souza Bezerra
QUEM FEZA CAPA
302PRIMEIRAMENTE.indd 5 12/08/2016 18:38:03
Achei bacana citar
as diferenças de
rotulagem entre os
países. Mas fiquei
triste exatamente
por me alimentar
mal como a maioria.
DANIELA MORAIS,
Campinas, SP
O empoderamento
feminino aparece
aqui. Imaginem
como fiquei feliz, já
que vou cursar bio-
logia e terei uma me-
nina em novembro.
SÁVIO MOTA,
Fortaleza, CE
Tenho uma amiga
que abandonou
recentemente o
seu pós-doutorado
pelos mesmos pro-
blemas apresenta-
dos na reportagem.
ANTONIOMARQUEZ,
Matão, SP
Edição • agosto/2016
Papo cabeçaDossiê Ciência...
VOCÊTEMMEDODAPOLÍCIA?
O QUE VOCÊ ACHOU DO ABRE
DA SEÇÃO ANTIMATÉRIA,
SOBRE OS CASOS DE RACISMO
NO AIRBNB E UBER?
O QUE VOCÊ ACHOU DA
REPORTAGEM “MARMORTO”?
O QUE VOCÊ ACHOU DA
SEÇÃO ELEMENTAR,
SOBRE GASOLINA?
O QUE VOCÊ ACHOU
DO PAPO CABEÇA
COM A BIOQUÍMICA
JENNIFER DOUDNA?
O QUE VOCÊ ACHOU DA
MATÉRIA DE CAPA, SOBRE
A VIOLÊNCIA POLICIAL?
O QUE VOCÊ ACHOU DA
MATÉRIA FOTOGRÁFICA
“A BRUXAMORA AO LADO”?
MÉDIAS DASMATÉRIAS
Nossos implacáveis conselheirosnão
tiverammedode fazer suas considerações
sobreapolêmicacapadomêsdeagosto
100%
100%
1. Ótima matéria,
péssima realidade.
1. Gostei, é um assunto que
precisa ser discutido.
83,3%
83,3%
83,3%
75%
8,3%
8,3%
8,3%
16,7%
16,7%
16,7%
1. Gostei, achei lindas
e empoderadas.
1. Gostei, por favor
editemmeu DNA.
1. Gostei, estou em um
relacionamento sério com
os infos e o texto.
1. Gostei, vou bater
um papo com o
frentista.
2. Não gostei, estou em um
relacionamento abusivo
com os infos e o texto.
2. Não gostei, achei tão sem
nexo quanto o preço.
3. Não sou capaz de opinar.
3. Não sou capaz de opinar.
2. Não sou capaz de opinar.
2. Não sou capaz de opinar.
NESTE ANO, quando
fui morar em Diadema,
percebi como os
moradores de lá são
tratados de formas
diferentes. Para se ter
uma ideia, enquanto lá
a polícia procura agir
de forma descrimina-
tória, inclusive comigo,
em São Bernardo do
Campo, para onde me
mudei (e moro ao lado
do bairro considerado
de “sociedade”), o
tratamento é diferente.
Lamentável que nós,
que pagamos os
mesmos impostos
que os ricos, sejamos
obrigados a ter medo
de quem deveria nos
oferecer segurança.
Parabéns pela matéria,
GALILEU. Gostaria
que continuassem
trazendo assuntos
desse tipo.
Lilian Capitanio,
São Bernardo do Campo, SP
9,3
Papo
cabeça
9,9
Ciência
bancada
pelos pais
9
A bruxa
mora
ao lado
9,3
Dossiê:
alimentação
e saúde
9,8
Quem tem
medo da
polícia?
OPINIÃO,
PORRADA
E BOMBA
1
1
1
2
2
1 2 3
1 2 3
1
Mar
morto
9,5
06
CON -
SE-
LHO
PORN
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302ConselhoVA.indd 6 15/08/2016 14:45:17
SOBNOVA
DIREÇÃO?
Procuram-seculpadosparaoprimeiro
acidentefatalcausadoporumcarro
autônomo— PORMARÍLIAMARASCIULO
09 . 20 16 1 BERJE (BJ)2 ANAMATSUSAKI (AM)
3 ESTÚDIOBARCA (EB)
ILUSTRADORES CONVIDADOSDESIGN
FERNANDADIDINI
EJOÃOPEDROBRITO
Fig. 01 - BJ
P.0709.2016
ANTI-
MATÉ-
RIA
EDIÇÃOTHIAGOTANJI
302AMabre.indd 7 12/08/2016 19:48:28
TRÂNSITOHOSTIL
Osveículos
autônomos
prometemmais
segurança aos
motoristas, uma
questão urgente
de acordo com
dados globais
sobre aviolência
no trânsito
A PRIMEIRA MOR
podem acarretar falhas no sis-
tema da máquina? Desde que
a Darpa, agência norte-ameri-
cana de pesquisas avançadas,
lançou em 2007 um desafio
para o desenvolvimento de
carros autonônomos, os de-
senvolvedores da tecnologia
ainda não concederam uma
resposta para essas perguntas.
ANDAR DA
CARRUAGEM
Atualmente, o projeto lidera-
do pelo Google, sob a batuta
do cientista alemão Sebastian
Thrun, um dos vencedores
do desafio da Darpa, é um
dos mais avançados em ter-
mos tecnológicos: o carro já
rodou mais de 800 mil quilô-
metros sem sofrer acidentes
atribuídos à automação.
No Brasil, uma das princi-
pais referências é a pesquisa
desenvolvida pelo Instituto
de Ciências Matemáticas e de
Computação da Universidade
de São Paulo (ICMC–USP São
Carlos), que em 2011 criou o
primeiro veículo autônomo do
país, o CaRINA 2. “Nós modi-
No Brasil, um evento tragi-
cômico também marcou nega-
tivamente o experimento com
um carro autônomo: em 2013,
durante uma demonstração
ao vivo da tecnologia — nes-
se caso, desenvolvida por pes-
quisadores da Universidade
Federal do Espírito Santo e da
Universidade Federal de Minas
Gerais —, o veículo atropelou
a apresentadora Ana Maria
Braga, que teve ferimentos
leves. “Eita nóis”, disse um
espantado Louro José após
testemunhar o acidente.
Episódios como esses são
exemplos de um dilema ético
para montadoras e poder pú-
blico no momento de elaborar
leis para a circulação de veí-
culos autônomos. Afinal, em
casos de acidentes, quem é o
culpado? A montadora, res-
ponsável por programar o car-
ro que dirige sozinho; o moto-
rista, por não estar atento às
situações a sua volta mesmo
em um veículo no modo auto-
mático; ou o Estado, por pro-
blemas de infraestrutura que
DE UMA PESSOA A BORDO DE um car-
ro autônomo aconteceu quan-
do um Model S, fabricado
pela empresa norte-americana
Tesla, bateu em um caminhão
enquanto percorria uma rodo-
via no estado da Flórida. O caso
aconteceu em maio, embora a
divulgação tenha ocorrido ape-
nas no início de julho. A vítima,
Joshua Brown, era simpatizante
da tecnologia e postava vídeos
de suas experiências com o veí-
culo, que apelidou de Tessy. Em
uma ocasião, inclusive, ele che-
gou a registrar o momento em
que Tessy evitara uma colisão.
De acordo com a Tesla, cria-
da pelo bilionário sul-africano
Elon Musk, o acidente foi uma
“anomalia”, já que tanto o pilo-
to automático quanto Brown
não perceberam a chegada do
caminhão, que atingiu o veícu-
lo na perpendicular. A empresa
garantiu, no entanto, que esse
foi o primeiro acidente emmais
de 200milhões de quilômetros
rodados e que realizará pesqui-
sas minuciosas para que casos
como esse não se repitam.
P.08 09.2016
302AMabre.indd 8 12/08/2016 19:48:28
3,4MIL
1 MORTE
40,2MIL
170,8MIL
50
MILHÕES
EM 2013
12MIN.
pessoasmorrem emacidentes
de trânsito todos os dias nomundo
ficam feridas
em acidentes
é registrada no trânsito a cada
NoBrasil
mortes ocorreramnoBrasil
pessoas ficaram feridas
A PRIMEIRA MORTE
ficamos e adaptamos um carro
de linha normal para que an-
dasse sozinho”, explica o pro-
fessor Fernando Osório, que
participa do projeto.
Com os controles básicos de
aceleração, frenagem e giro da
direção automatizados, senso-
res de laser e um GPS de alta
precisão, computadores subs-
tituem o motorista humano na
tomada de decisões. Mas, por
falta de permissão para que cir-
cule nas ruas e por questões de
segurança, o CaRINA 2 só pode
ser testado dentro do campus
da universidade. Isso prejudica
a fase de validação, que precisa
de muitos quilômetros rodados
no ambiente urbano real.
Ironicamente, a segurança é
considerada uma das principais
vantagens da nova tecnologia.
Além de reduzir o risco do fa-
tor humano— já que as pessoas
falam ao celular enquanto diri-
gem, se distraem e, pior, diri-
gem bêbadas —, os sensores e
câmeras ampliam o grau de vi-
são e eliminam pontos cegos. A
comunicação por radiofrequên-
cia entre os automóveis e aler-
tas para pedestres seriam ou-
tros recursos que diminuiriam
o número de acidentes emortes
no trânsito (veja dados ao lado).
Com vias mais seguras, os
carros não precisariam de car-
rocerias robustas para atenuar
impactos, o que proporcionaria
economia de combustível. De
acordo com um estudo publi-
cado pela Rand Corporation,
instituição de pesquisa que
desenvolve análises para o
Departamento de Defesa dos
Estados Unidos, a tecnologia
pode economizar de 4% a 10%
de combustível simplesmente
por acelerar e frear de modo
mais eficiente que um humano.
E há ainda potencial para que
programas de compartilhamen-
to de automóveis se tornem
mais comuns, uma vez que
será possível buscar pessoas
sem um motorista, reduzindo
o número de carros nas ruas.
“Isso vai acontecer, só é difícil
precisar quando e onde”, afirma
o engenheiro Ricardo Takahira,
da Sociedade dos Engenheiros
Automotivos (SAE).
Além de empresas de tecno-
logia, montadoras tradicionais
estão interessadas nesses recur-
sos: a alemã Volkswagen e a ja-
ponesa Toyota afirmaram que o
desenvolvimento de carros au-
tônomos está em seus planos
de investimentos. Embora exis-
ta uma expectativa de que esses
veículos comecem a circular nas
ruas a partir de 2020, Takahira
não é tão otimista. “Cada vez
que um acidente como o da
Tesla acontece, o processo so-
fre atrasos”, explica. Estudos
como o da Rand Corporation
ajudam a orientar a formula-
ção de políticas e leis para li-
dar com a nova realidade, mas
é difícil determinar como essa
adaptação ocorrerá.
Afinal, além da preocupação
com a segurança, questões de
infraestrutura ainda precisam
ser resolvidas: para que câme-
ras e sensores reconheçam um
semáforo, uma calçada, uma
faixa de pedestres ou simples-
mente a linha que divide duas
vias, é necessária a padroniza-
ção e boa manutenção realiza-
da pelos órgãos responsáveis
pela administração viária.
Nos Estados Unidos, alguns
estados já possuem legislação
que permite a circulação dos
veículos em situações e locais
específicos. Em Nebraska, por
exemplo, caminhões autôno-
mos podem andar em comboio
em uma faixa exclusiva em al-
gumas estradas. No Brasil, por
enquanto, fala-se pouco — ou
quase nada — sobre o assun-
to. “Precisamos começar a nos
mexer, nem que seja copian-
do as regras de outros países”,
ressalta Ricardo Takahira. “Se
isso acontecer, poderemos ter
carros autônomos circulando
entre cinco e dez anos depois
que o primeiro país passar a
utilizá-los.” Seria importante
que, nesse período, fossem
tampados os buracos nas ruas
e realizados investimentos pú-
blicos em educação para mo-
toristas. Mas talvez seja mais
fácil esperar pela chegada dos
carros autônomos...Fon
te
s:
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cl
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20
14
P.0909.2016
302AMabre.indd 9 12/08/2016 19:48:29
FIG. 02 - AM
FIG. 03 - EB
trio dengue, zika e chi-
kungunya entrou na mí-
dia para não sair mais;
a “pílula do câncer” deu
uma dor de cabeça inesquecível para a
Anvisa, a agência sanitária brasileira; e
a eficácia da maconha como tratamen-
to é alvo de disputa ideológica. Motivo é o que não
falta para investir em pesquisa clínica em um país de
população, território e problemas tão grandes. Mas
não é isso o que acontece. Apenas 1.535 protocolos
de pesquisa foram abertos no Brasil nos últimos
três anos, o equivalente a 2,17% dos 70.650 estu-
dos clínicos registrados no mundo. Só os Estados
Unidos concentram um terço do total de trabalhos,
com 23.993. Além de falta de verba e experiência,
as pesquisas brasileiras sofrem com uma burocracia
de dar inveja às obras de Franz Kafka.
A investigação dos efeitos de doenças e fármacos
em seres humanos suscita questões éticas, o que tor-
na indispensável a atuação de agências reguladoras
na averiguação e autorização dos estudos. Mas a falta
de critérios claros e de uma legislação específica so-
bre o assunto acaba fazendo com que uma pesquisa
demore até um ano para ser aprovada no Brasil,
con-
tra os dois meses costumeiros nos EUA.
A consequência? Ficamos para trás em trabalhos
que deveríamos liderar. De 35 estudos registrados
sobre a dengue nos últimos três anos, apenas seis
foram sediados aqui. O último esforço contra a len-
tidão é o Projeto de Lei 200/2015, proposto pelo de-
putado federal Fábio Franke e que, atualmente, está
em tramitação no Senado. O Conselho Nacional de
Saúde, porém, emitiu carta aberta criticando a ini-
ciativa — a instituição afirma que alguns pontos do
projeto de lei tirarão dos pacientes o acesso gratuito
a medicamentos após os testes e limitariam a parti-
cipação dessas pessoas nos comitês de ética.
O NOVO NASCEU VELHO
PesquisasclínicasnoBrasil correspondemaapenas
2%dostrabalhosfeitosnomundo— PORBRUNOVAIANO
O
OPROBLEMAÉANTIGO: estudoqueanalisou 1,5
milhãodepesquisaspublicadas entre 1779e2011
em 25 países concluiu que cientistas homens
mencionam os próprios artigos científicos 56%
maisvezes doque asmulheres. Considerando as
duas últimas décadas, os homensfizeram70%a
mais de autocitações — a diferença se mantém
nomesmo patamar há pelomenosmeio século.
Homens citamos próprios trabalhos
commais frequência do quemulheres
OSCIENTISTAS
SEACHAM
“Sehomens sãomaisdispostosa ci-
tarospróprios trabalhos, os artigos
parecerão ter maior qualidade por
conta do esforço individual de au-
topromovê-los”, diz o estudo. Uma
das justificativas para essa prática,
de acordo com a pesquisa, seria o
fatodeoshomensacreditaremque
estãomenossujeitosaacusaçõesda
comunidade científica.
Molly King, líder da pesquisa
e socióloga da Universidade de
Stanford, considera ser impossí-
vel definir a quantidade correta
ou apropriada de autocitações,
que muitas vezes são fundamen-
tais para os leitores entenderem
o histórico de um assunto ou um
programa de pesquisa. “Comitês
de admissão, promoção e garantias
de estabilidade em universidades
precisam se ajustar ao fato de que
mulheres são menos propensas a
citar os próprios trabalhos”, diz.
“Podemos remover as autocita-
ções da contagem geral, isso se-
ria uma mudança estrutural que
ajudaria a diminuir o impacto das
diferenças de gênero na carreira
acadêmica”, completa King.
P. 10 09.2016
302AMpesquisaHOMENSdna.indd 10 12/08/2016 12:38:38
FIG. 04 - BJ
CÉLULA
NOCELULAR
Cientistas da Microsoft fabricam
DNA sintético para armazenar
dados e iniciar uma nova era
para a computação — PORB.V.
ATÉ 2020, a humanidade terá de armazenar 44
trilhões de gigabytes de dados, nas previsões
mais animadoras. E não há espaço físico sufi-
ciente nos servidores das gigantes da tecno-
logia para tantos memes e fotos de cachorros.
Até agora. Pesquisadores da Microsoft e da
Universidade de Washington acabam de usar
uma molécula de DNA sintética como um pen
drive biológico, e guardaram ali, em vez de in-
formações sobre o corpo humano, um clipe da
banda de rock alternativo OK Go. E isso pode
ser uma ótima solução por vários motivos.
Se você assistiu a Jurassic Park, sabe que
o DNA é uma molécula dura na queda. O ma-
terial genético de animais que passaram pela
Terra há milênios pode ser analisado com su-
cesso, por exemplo. Além da resistência, há o
tamanho. O DNA é pequeno. Tão pequeno que
1 bilhão de gigabytes cabem em ummontinho
da molécula menor que um dedão do pé. Não
é fácil modificar a informação depois que ela é
salva ali, mas isso não é prioridade. “O DNAnão
precisa ser regravável. Ele é tão compacto e tão
abundante que é mais prático produzir mais”,
explica Luis Henrique Ceze, cientista brasileiro
responsável pela pesquisa e professor do de-
partamento de ciência e engenharia da compu-
tação da Universidade deWashington.
Para os pesquisadores, a aplicaçãomais plau-
sível doDNAé justamente comobackup.Mas co-
locar informaçõesemumamoléculanãoé fácil: o
DNAécompostodesequênciasdebasesnitroge-
nadas, representadaspelas letrasA,D,CeG—um
sistemadebasequatro.Jáocódigobináriousado
pela computaçãotembasedois etodaa informa-
çãoé construída apartirdas combinaçõesde “0”
e “1”. O primeiro passo, portanto, é transformar
númerosem letras.Depois, criar em laboratório
umamolécula com a sequência correta, ou seja,
que já nasça com o arquivo armazenado. Nas
palavras de Ceze, “esse pode sero início de uma
nova forma de fazer computadores”.
EXISTEM
LEIS PARA
CRIMES
ESPACIAIS?
Pedro Alencar,
via Facebook
Atéhoje,
não foi
registrado
nenhumcasode
incidentes criminais
cometidos porastro-
nautas durante suas
missões espaciais.
Casoumatragédia
acontecesse na
EstaçãoEspacial
Internacional, no
entanto, a briga
R:
SEM
DÚVIDA
diplomática seria
feia: de acordo com
os tratados, as ju-
risdições nacionais
se estendemaos
módulosfinancia-
dosporcadapaís.
Ou seja, se um
astronauta francês
assassinasse um
norte-americano
emum laboratório
depesquisas da
Rússia, o criminoso
seria julgado em
umtribunal russo
quando retornasse
àTerra.Mas as
brechas doacordo
certamente seriam
utilizadas pelas
nações paraprote-
gerseus cidadãos
da extradição. Daí,
haja esforçode
negociaçãopolítica
para o julgamento
dessemalfeitor
astronauta...
de 16 a 24 anos são infectadas pelo vírus
HIV todos os dias em países do sudoeste
africano. De acordo com dados de um
centro de estudos sobre a aids naÁfrica
do Sul, em geral elas são infectadas por
homensmais velhos: as adolescentes têm
oito vezes mais riscos de adquirir a doença
em relação a rapazes damesma idade.
MULHERES
1.000
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302AMpesquisaHOMENSdna.indd 11 12/08/2016 12:38:39
Fig.
MAIS DE 5 MIL LANÇAMENTOS de
objetos ao espaço foram realizados
desde que o Sputnik se tornou o pri-
meiro satélite artificial a sair da Terra,
em 1957. O resultado da aventura es-
pacial? Pedaços de foguetes e satélites
velhos ficaram vagando aos milhares,
sobretudo na órbita baixa, onde se
concentram dois terços dos objetos.
O problema é que, em algumas dé-
cadas, a situação estará insustentável:
será quase impossível que um objeto
seja lançado sem colidir comesses de-
tritos espaciais. Para reverter o qua-
dro, aAgência Espacial Europeia (ESA)
planeja uma missão de vanguarda,
Seis décadas de era espacial
transformaram a órbita terrestre em
um lixão, mas agência europeia quer
começar a limpar a sujeira que fizemos
a e.Deorbit. Com lançamento pre-
visto para 2023 e orçamento esti-
mado de até 400milhões de euros,
o plano de remoção do lixo espacial
consiste em transportar demanei-
ra segura os satélites desativados
até a atmosfera terrestre, onde
serão devidamente
destruídos. Para isso,
a missão combinará
tecnologias de ro-
bótica, navegação e
controle de sistemas.
A missão ainda
precisa de aprovação,
mas técnicas para a limpeza espa-
cial já estão emestudo (veja no box
ao lado). “A ESA poderá desenvol-
ver uma operação sustentável da
frota espacial que servirá demode-
lo para outras agências”, diz Jessica
Delaval, coordenadora do projeto.
As tecnologias inaugurarão o
mercado dos “guinchos espaciais”,
naves que prestarão diversos ti-
pos de serviço em órbita, como
transportar, reabastecer e reparar
satélites. “A exploração espacial se
tornarámais acessível, permitindo
a expansão do alcance humano no
espaço”, afirma Delaval.
SATÉLITE GARI
EFEITO
CASCATA
AESAestimaquea
cada cinco anos acon-
teça uma colisão.
Apiordelas foi em
2009, quandodois
satélites se chocaram
a42mil km/he
liberaram2mil
detritos emórbita
FIMDALINHA
Apoeira do
cometa acelerou
o desgaste
da Rosetta. A
energia solar
disponível dimi-
nui a cada dia,
o combustível
está no fim e a
comunicação se
dificulta. Não há
como prolongar
essa missão.
LIXÃOCÓSMICO
COMO AMISSÃO E.DEORBIT QUER
FAZER UMA FAXINA ESPACIAL
há dois séculos, a Pedra de Ro-
setta permitiu que os hieróglifos
egípcios fossem decifrados. O ar-
tefato inspirou a Agência Espacial
Europeia a criar uma missão de
mesmo
nome e com propósitos
bem parecidos. Só que, em vez de
desvendar enigmas de uma antiga
civilização terrestre, o objetivo da
sonda era revelar segredos ainda
mais inacessíveis, que remetem
a tempos nos quais a Terra nem
OÚLTIMO
ATO DE
ROSETTA
Em nome da ciência,
sonda colidirá contra
o cometa que estudou
ao longo de dois anos
Fonte:UCS – Dez./2015
é o número de
satélites ativos
no espaço
é o número de
satélites que
pertencem aos EUA568
1.381
ECLIPSE ANULAR DO
SOL SOBREAÁFRICA
Por três horas emeia
durante amanhã, o continente
africanoverá o Sol escurecido.
Empartes daÁfrica Central,
deMadagáscar e doOceano
Índico ocorrerá um eclipse
anular— quando a Lua cobre
boa parte do Sol. Omelhor lugar
para observação será no sul da
Tanzânia, aomeio-dia (hora local).
1
MELHOR DIA PARA
OBSERVAR NETUNO
Netuno entrará em
oposição, quando se alinha
com a Terra e o Sol, atingindo
o ponto mais próximo de nós
neste ano. Mas o oitavo planeta
só é visível com binóculos.
Surge no leste logo após o
crepúsculo e se põe no oeste
antes da aurora, sempre na
constelação de Aquário.
2
ECLIPSE PENUMBRAL
DA LUANONORDESTE
Ofimdoevento no leste,
entre 17h30 e 18h, por servisível na
Eurásia,África eOceania, só poderá
serobservado empouquíssimas
cidades brasileiras.ALua ganha
tonalidade avermelhada devido à
interação dos raios solares coma
atmosfera terrestre. JoãoPessoa
eRecife têmmelhores chances de
observação do fenômeno.
16AGENDA
- -
4
11
18
25
-
7 8
14
21
28
5
12
19
26
1
15
22
29
-
6
13
20
27
2
9
16
23
30
3
10
17
24
-
Setembro 2016
ssd s t q q
sequer existia. Se o espaço fosse o
Egito, os cometas seriam as pirâ-
mides: eles preservam o material
primordial que formou os plane-
tas. Lançada em 2004, a Roset-
ta viajou dez anos até chegar ao
cometa 67P/Churyumov-Gerasi-
menko. Agora, é o momento de
dizer adeus. “A Rosetta será colo-
cada em trajetória de colisão”, diz
Matt Taylor, astrofísico da mis-
são. Tudo pelo bem da ciência.
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PORANDRÉJORGEDEOLIVEIRA
LU-
NE-
TA
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LUNETA LIVE
As principais notícias espaciais da semana
são comentadas em transmissão ao vivo.
TODASAS SEXTAS, ÀS 16H, NANOSSA FANPAGE. ASSISTA!
Fig. 05 -EB
Fig. 06 -EB
SUJEIRA SEM FIM
ROSETTAE SUAPEDRA
Com 11 instrumentos e omódulo de pouso Philae
a bordo, a sonda viajou por seis anos e hibernou
por quase três. Em agosto de 2014, entrou na
órbita do cometa. Um ano depois, se aproximou
do Sol e, agora, segue rumo à órbita de Júpiter.
ONDENINGUÉMJAMAIS ESTEVE
O ápice da missão foi o pouso do módulo Philae
no cometa. Ele perfuraria e analisaria a superfí-
cie, mas os arpões de fixação falharam. Quicou
por três quilômetros, parou na sombra, hiber-
nou eternamente e foi abandonado em julho.
MORTE DE KAMIKAZE
No início do ano passado, os controladores
optaram pela colisão para que, a poucos
metros da superfície, a sonda colete dados
valiosos e tire ótimas fotos. As manobras
começam em agosto — e podem falhar.
Fonte: ESA/2013
Livro desvendamistérios dos buracos negros e relata
como amente humana foi capaz de compreendê-los
O QUE VOCÊ CONSIDERA
MAIS FASCINANTE SOBRE
OS BURACOS NEGROS?
Eles foram imaginados pelo pen-
samento científico muito antes de
serem descobertos, e isso é incrível.
Buracos negros são simples como par-
tículas fundamentais gigantes, mas
também são lugares onde a gravidade
e o mundo quântico se interceptam.
São portais para o desconhecido.
COMOOS BURACOS NEGROS
DERAM FORMA AO UNIVERSO E
PERMITIRAMQUE, NESTEMOMENTO,
ESTEJAMOS CONVERSANDO AQUI?
Buracos negros são surpreenden-
temente bons em gerar energia:
ela transborda para fora a partir da
matéria derramada para dentro. Os
supermassivos, localizados no centro
de galáxias, modificam a história
de centenas de bilhões de estrelas
e sistemas planetários, ajudando a
determinar o número de estrelas.
Nossa galáxia tem apenas um buraco
supermassivo modesto no centro,
mas isso pode ser crítico. Pode ser
parte do porquê de estarmos conver-
sando aqui e não em outra galáxia.
COMO AS ONDAS GRAVITACIONAIS
VÃOMUDAR NOSSO ENTENDIMENTO
SOBRE ESSES OBJETOS?
Os dados ajudarão a entender como
buracos negros com bilhões de vezes
a massa do Sol se desenvolvem.
Eventualmente, vamos detectar a
fusão de buracos supermassivos.
Agora, temos um sistema de “aviso
prévio”: saberemos para onde apon-
tar outros telescópios para vê-los
colidindo e desvendar seus segredos.
SE ALGUMDIA DESENVOLVERMOS
UMA TECNOLOGIA INSANA QUE NOS
PERMITA COLETAR A ENERGIA DOS
BURACOS NEGROS, COMO ISSO
IMPACTARIA NOSSA CIVILIZAÇÃO?
Teríamos energia ilimitada, pode-
ríamos construir qualquer coisa,
fazer a reengenharia de mundos
e de estrelas. Mas ainda temos
grandes desigualdades e injustiças
em nosso planeta que, em parte,
se devem justamente à energia e
à tecnologia. Humanos do futuro
cultivando energia de buracos negros
teriam de ser muito cuidadosos para
não destruir a própria civilização
pelo mesmo tipo de negligência.
A FÍSICA DE NEWTON orientou o naturalista
John Michell a conceber, em 1783, a ideia de um bura-
co negro. Foram apenas os estudos de Albert Einstein,
entretanto, que tornaram o fenômeno mais factível.
Caleb Scharf, astrobiólogo que conta essa história no
recém-lançado livro Segredos daGravidade, explica como
buracos negros influenciam galáxias e a vida na Terra.
OBURACONEGRO
ÉMAIS EMBAIXO
BRAÇO ROBÓTICO
Umadasopções em
estudo.Afase de captura
é complexa, pois é preciso
sincronizarperfeitamente
a taxade rotaçãodosdois
satélites. Emcompensação,
o transporte ébemsimples.
CAIU NA REDE É LIXO
Outra opçãopromissora é
arremessaruma rede sobre
o alvo.Assim, as coisas se
invertem: a captura é fácil,
masmantero controle dos
objetos émais complicado.
CARONA PARA BAIXO
O satélite realizará
manobras para que objetos
espaciais bemmaiores que
ele reentrem na atmosfera
sobre o Oceano Pacífico
e sejam destruídos.
29MIL
pedaços
maiores que
10 CM
COLISÃO:
fragmentaria
umsatélite
670MIL
pedaços
maiores que
1 CM
COLISÃO:
penetraria os
escudosda ISS
170MILHÕES
depedaços
maiores que
1 MM
COLISÃO:
destruiria sistemas
de sondas
1 2 3
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302AMluneta.indd 13 12/08/2016 19:49:32
42
METROS
é a envergadura do Aquila, drone desenvol-
vido pelo Facebook para oferecer conexão
de internet sem fio em áreas remotas do
planeta. Revelada em julho, a aeronave fun-
cionará com energia solar e pretende operar
sem interrupções durante 90dias, voando de
modoremotoamaisde 18milmetrosdealtura
Fig. 07 -BJ
20 anos analisa as condições atmosféricas
de grandes cidades brasileiras. Eles cal-
culam que sejam queimadas 48 toneladas
de lenha por cada pizzaria da região me-
tropolitana de São Paulo todo ano — uma
liberação diária de 321 quilos de partículas
nocivas à saúde. O horário em que os for-
nos são acesos também é um agravante.
“No início da noite, as emissões são mais
concentradas e a atmosfera é mais está-
vel, com menor dispersão de poluentes”,
afirma Maria de Fátima Andrade, do IAG.
A pizza, é claro, não é a principal cul-
pada pela devastação ambiental. “Os
veículos são responsáveis por mais de
90% das emissões de gás carbônico e
80% das emissões de óxido nitroso”,
afirma. “Já a queima de lenha em restau-
rantes não deve ultrapassar 3%. É uma
fração pequena.” O problema, no entan-
to, não está no tamanho da contribuição,
mas no tipo de partícula liberada pelos
fornos a lenha. “Nos processos de queima
de combustíveis fósseis e de biomassa há
a emissão de partículas de fuligem”, diz
Andrade. “Elas afetam a saúde e o clima,
pois absorvem radiação solar
e estão associadas ao aqueci-
mento da atmosfera.” Ou seja:
se você deseja ajudar a com-
bater o aquecimento global,
ainda é mais vantagem não
tirar o carro
da garagem. Mas o vício paulistano na
pizza já atingiu a condição de um peque-
no problema ambiental. Haja azeite!
INFELIZMENTE, ATÉ A SAGRADA PIZZA do fim de semana faz mal
para o meio ambiente. A incriminação da redonda resulta das
pesquisas de um grupo do Instituto de Astronomia e Geofísica
da Universidade de São Paulo (IAG-USP), que há mais de
MEIA MUSSARELA, MEIA
AQUECIMENTO GLOBAL
Uma verdade trágica: pesquisa realizada no Brasil afirma que
alenhaqueimadaempizzariascontribuiparaapioradaqualidade
do ar e causa problemas à saúde — PORBRUNOVAIANO
CONCENTRADO em uma
fina camada da atmosfera, o
ozônio é responsável por ab-
sorver a radiação do Sol no-
civa à vida terrestre. Todos
os anos, a quantidade de
ozônio na atmosfera dimi-
nui entre agosto e outubro.
Neste ano, porém, a redução
será a menor em décadas.
Pesquisadores analisaram
o tamanho do buraco da
camada entre 2000 e 2015
e constataram que o rom-
bo encolheu cerca de 4,5
milhões de quilômetros
quadrados desde o início
dos estudos, quando a des-
truição estava no auge. Essa
área é equivalente à metade
do território brasileiro.
“É possível ficarmos
confiantes de que o planeta
está no caminho da cura”,
afirma Susan Solomon,
uma das autoras do estudo
e professora do MIT. Uma
das medidas que ajudaram
a reverter o problema foi
o Protocolo de Montreal,
tratado internacional de
1987 que estabeleceu a
substituição do consumo
de substâncias com alto
potencial de destruição
do ozônio, como os cloro-
fluorcarbonetos (CFCs),
utilizados em sistemas de
refrigeração e aerossóis.
ACURADA
CAMADA
DEOZÔNIO
Estudo indica que o buraco
na camada encolheumais
de 4milhões de quilômetros
quadrados neste século
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302AMpizzaNOTAVEISzumbiOZONIO.indd 14 12/08/2016 12:50:33
Fig. 08 -EB
Fig. 09 -AM
Prestes a completar25anos, após con-
cluirasgraduaçõesemAdministraçãoe
Direito, VitorBelotaprojetavaumavida
confortável para o futuro, trabalhando
emumaempresade importações.Mas,
ao perceberquenãogostavada carrei-
ra corporativa, o jovem decidiu fazer
um intercâmbio que mudaria sua vida.
“Queria algo queme tirasse da zona de
confortoeampliasseoshorizontes”, diz.
Por meio de amigos, ele descobriu
a possibilidade de ir para o Quênia
dar aulas em comunidades pobres.
Ao entrar na sala de aula para minis-
trarcursosde inglês ematemáticapara
crianças, descobriu que as classes não
eram iluminadas. Diante disso, Belota
encontrou uma solução criada pelo
inventor mineiro Alfredo Moser: fazer
buracos no teto das escolas e encaixar
garrafasPETcheiasdeáguaealvejante,
para que a luz solar incidisse commais
intensidade.A iniciativa deu certo e, ao
longo do intercâmbio, Belota ajudou a
realizarmais de 140 instalações.
De volta ao Brasil, ele criou a ONG
Litro de Luz, que instala postes de luz
solar em comunidades — o projeto já
realizou mais de 3 mil instalações até
agora. “O objetivo é capacitaras comu-
nidadesparaquedeemcontinuidadeao
trabalho”, afirma o jovem de 27 anos.
FAÇA-SEA LUZ
Trabalho voluntário
inspirou jovem a ajudar
comunidades que não
dispõem de energia elétrica
POR ISABELAMOREIRA
ODESPERTAR
DOSMAMUTES
CIENTISTAS DESEJAM
REVIVER A ESPÉCIE
EXTINTA PARA IMPEDIR
ALTERAÇÕESCLIMÁTICAS
PORSAMUEL LIMA*
ma medida excêntrica com
fins nobres: pesquisadores
planejam reviver uma espé-
cie extinta, o mamute-lano-
so, para impedir que mudanças ambien-
tais no Ártico prejudiquem o planeta. De
acordo com os estudos, o derretimento do
permafrost, camada de gelo que recobre
boa parte do extremo norte, liberaria ga-
ses de efeito estufa em uma escala nunca
vista — seria como o resultado da queima
de todas as florestas do mundo por duas
Alterações
na Consoli-
dação das
Leis do Trabalho (CLT)
para a retirada de
direitos trabalhistas
não afetariam dire-
tamente aqueles que
ocupam a Presidência
da República: apesar
de exercerem cargos
públicos, titulares do
alto escalão do poder
do Estado são consi-
derados agentes polí-
ticos, com umvínculo
que não é profissional.
No caso do presidente,
por exemplo, não
existemdetermina-
ções específicas que
estipulamuma jornada
de trabalho, já que o
exercício domandato
é estabelecido durante
o período determina-
do pela Constituição.
Ainda assim, o salário
mensal de R$ 27.841
não está imune
aos descontos do
Imposto de Renda e
da Previdência Social.
R:PRESIDENTES
DA REPÚBLICA
TÊM CARTEIRA
DE TRABALHO?
Matheus Salles, via Facebook
SEM
DÚVIDA
vezes e meia. A ideia é reviver o mamu-
te para que eles recriem o ecossistema
existente há 10 mil anos, em que as gra-
míneas protegiam o permafrost do calor,
distribuindo nutrientes no solo.
Não faltam esforços dos cientistas para
tirar o projeto do papel. Depois de se-
quenciar todo o DNA do mamute-lanoso,
os pesquisadores “recortarão” os genes
do animal extinto e realizarão uma inser-
ção no genoma da espécie mais próxima,
a do elefante asiático. As células-tron-
co recém-criadas serão transformadas
em células germinativas, o que tornará
possível a gravidez em uma elefante fê-
mea. “Não será uma réplica exata, mas
algo bastante parecido com o mamute”,
afirma Hendrik Poinar, um dos integran-
tes do grupo e biólogo evolucionista da
Universidade McMaster, no Canadá.
Para sobreviver ao frio intenso do
Ártico, o animal criado precisará de três
alterações principais: liberação de oxigê-
nio na corrente sanguínea em temperatu-
ras muito baixas, gordura subcutânea e
pelos grossos revestindo o corpo. Os tes-
tes de clonagem devem começar em 2018.
U
NOTÁVEIS
P. 1509.2016
*Com reportagem de Cartola Agência de Conteúdo
302AMpizzaNOTAVEISzumbiOZONIO.indd 15 12/08/2016 12:50:34
Fonte:Universidade de Buenos Aires
Fig. 10 -BJ
Fig. 11 -EB
SE ESTIVER PAQUERANDO alguém que
more em uma tribo amazônica, um avi-
so: montar uma playlist com os sucessos
de Marvin Gaye pode não deixar o clima
tão romântico quanto o esperado. Pes-
quisadores do Instituto de Tecnologia do
Massachusetts (MIT) e da PUC do Chile
fizeram experimentos com uma tribo que
vive na região amazônica da Bolívia para
descobrir que a cultura tem um papel de-
terminante na percepção de sons.
De acordo com o estudo, publicado na
revista científica Nature, os participantes
da pesquisa ouviram diferentes sons e ava-
liaram o quanto eles eram agradáveis, em
uma escala de 1 a 4. Nos Estados Unidos, a
resposta foi a esperada: os norte-america-
nosmostraram preferência pelos sons con-
sonantes, considerados mais agradáveis
aos ouvidos ocidentais por apresentarem
intervalos harmônicos. No interior e na
capital da Bolívia, os ritmos consonantes
também foram os preferidos. Já o grupo
de 64 pessoas da tribo Tsimane’, que teve
pouco contato com influências culturais
do Ocidente, mostrou-se indiferente tanto
a sons consonantes quanto dissonantes —
considerados descompassados em relação
à harmonia musical tradicional.
Os pesquisadores, então, pediram aos
Tsimane’ que avaliassem sons mais ou
menos alegres, como risadas e suspiros.
Dessa vez, as referências felizes ganharam
mais adeptos na tribo— o que provaria que,
ao contrário dos estilos musicais, alguns
sons sãomesmo universais. “Os resultados
indicam que a preferência pela consonân-
cia pode não existir em culturas suficien-
temente isoladas da música ocidental”, diz
o estudo. “Por isso, é pouco provável que
essa preferência reflita características inatas
ou exposição a sons harmônicos naturais.”
Argentina é o país que
apresenta um dos maiores
índices de psicólogos
por habitantes do mundo:
NODIVÃ
PORTENHO
CADA TRIBO
COMSEU SOM
Influênciasculturaissão
decisivasparadefinirogosto
musical—PORSAMUELLIMA* 198
46%
100MIL
HABITANTES
psicólogos para cada
dos profissionais trabalham
em Buenos Aires
P. 16 09.2016
*C
om
re
po
rt
ag
em
de
Ca
rt
ol
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ên
ci
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Co
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eú
do
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Fig. 12 -AM
A INTENSIDADE DOMAL-ESTAR causado pelas
mudanças de fuso horário ao desembarcar em
outro país é, em grande parte, uma questão de
destino: quemviaja para locais que estão a leste
de seu fuso horário sofre mais com os efeitos
do desconforto, chamado popularmente de jet
lag. Para chegar a essa constatação, cientistas
da universidade norte-americana de Maryland
Cientistas criammodelomatemático
para calcular jet lag e explicamporque
viajar para o leste é pior—PORS.L.
DESAJUSTE
NORELÓGIO
desenvolveram ummodelo mate-
máticoque simulao comportamen-
to de células do hipotálamo, região
do cérebro que controla o relógio
biológico dos seres humanos.
De acordo com os estudos, uma
pessoaqueviajanove fusoshorários
para leste—deSãoPaulo aBangla-
desh, por exemplo — precisaria de
13diaspara se recuperardosefeitos
do jet lag. Se o destino for as Ilhas
Fiji, nove fusos no sentido oeste, o
tempodeadaptaçãocairiaparaoito
dias. A explicação para isso é que o
ciclobiológicodocorpohumanotem
maisde24horasesofreriaas conse-
quências do “encurtamento” do dia
causado por umaviagem a leste.
Os cientistas afirmam que via-
jar para uma distância longa e sal-
tarmais fusos a leste pode causar
menos confusão no relógio bioló-
gico do que viajar para paísesmais
próximos. Quando se desembarca
no outro lado domundo, saltando
12 fusos horários, o tempo para se
recuperar do jet lag é de dez dias,
período menor de adaptação em
relação ao de quemvisita um local
com distância de nove fusos.
EM 2009, os entusiastas da tec-
nologia declararam que o sistema
monetário tradicional e todos os
bancos enfrentariam seu derradei-
ro fim: amoeda virtual bitcoin ino-
vava ao desenvolver o blockchain,
sistema descentralizado para re-
gistrar as transações financeiras.
Emoutras palavras, não seriamais
necessário um intermediário para realizar as
negociações, tornando os bancos obsoletos.
Acontece que a tecnologia não decolou como
era supostoe, agora, opróprio sistemabancário
adotará o sistema. Em julho, um grupo de sete
empresas, incluindo Santander e UniCredit,
anunciouque realizarãotransferênciasdedinhei-
roentrepaísesutilizandoativosdigitais daplata-
formaRipple, empresa sediada na cidade norte-
-americana de San Francisco. Emvez de fazeros
pagamentospormeiode contasemmoeda local,
eles converterão osvalores para amoedadigital
doRipple, chamadadeXRP, oqueagilizaráopro-
cesso e reduzirá custos e intermediários. Ainda
nesteano, oBradescoeo Itaú se juntaramamais
de40corporaçõesaoaderirao consórcioR3, em-
presa internacional de tecnologia que estuda e
cria padrões para o uso do sistema blockchain.
E atémesmoos governos parecem interessa-
dosnatecnologia: oBancoda Inglaterrapublicou
um estudoemqueavalia aviabilidadedacriação
deuma “moedadigital debanco central”. Quanto
à bitcoin, já estão em circulação 15,8 milhões de
unidades damoeda virtual, que esteve cotada a
cerca de US$ 570 em agosto. “Os dois maiores
usos sãoparaenviodedinheiropara foradopaís
epara investimentode formaespeculativa”, afir-
ma Fernando Ulrich, economista e consultor do
InstitutoMises Brasil. Segundo ele, o volume de
negociação de bitcoins nas bolsas brasileiras foi
de R$ 164milhões no primeiro semestre do ano,
superando as transações em ouro da Bovespa.
MOEDA CARETA
Bancos adotarão tecnologia da
moeda virtual bitcoin, criada
justamente para enfrentar o
sistema financeiro tradicional
“NEM A DINAMARCA OU A SUÉCIA
OFERECEM PROGRAMA TÃO GENEROSO”
MENDONÇA FILHO, MINISTRO DA EDUCAÇÃO, COM UMA JUSTIFICATIVA ESCANDINAVA
PARA O CORTE DE VERBAS SOFRIDO PELO PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS
A concessão de novas
bolsas para estudantes
de graduação, que
correspondem a 79%
dos beneficiados pelo
programa, foi interrompida
pelo governo. Criada em
2011, a iniciativa favoreceu
quase 93 mil estudantes
desde então.
POR SAMUELLIMA
P. 1709.2016
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Fig. 13 - EB
GUERRA SEM FIM
Depois de 15 anos dos atentados
de 11 de setembro, a guerra ao terror
planejada pelos países ocidentais
só fez aumentar a insegurança
internacional — POR THIAGO TANJI
11 SET. 2001
O maior atentado em solo norte-americano aconte-
ce com o sequestro de aviões que se chocam contra
as torres do World Trade Center, em Nova York,
e com o prédio do Pentágono, em Washington —
2.996 pessoas morrem. A Al-Qaeda, organização
liderada por Osama Bin Laden, assume a autoria
dos ataques. Como resposta, os Estados Unidos
invadem o Afeganistão, que abrigava Bin Laden.
26OUT. 2001
O presidente norte-
-americano George
Bush sanciona o
“Ato Patriota”, per-
mitindo intercep-
tações de e-mails e
ligações sem auto-
rização judicial.
20MAR.2003
Com a alegação
de que o Iraque
abrigava armas
de destruição em
massa, os Estados
Unidos invadem o
país e derrubam
o regime de
Saddam Hussein.
ABR. 2004
Reportagens da
imprensa norte-
-americana
revelam fotos de
tortura e abusos
cometidos pelo
exército dos Esta-
dos Unidos contra
prisioneiros ira-
quianos na prisão
de Abu Ghraib. Por
conta da pressão
da opinião pública,
o governo de
George Bush leva
os militares envol-
vidos nos crimes
à Corte Marcial.
11 MAR. 2004
Três dias antes das eleições
gerais na Espanha, terroris-
tas inspirados pela Al-Qaeda
explodem bombas em quatro
estações de metrô de Madri.
O atentado causa 191 mortes
e mais de 2 mil feridos.
7 JUL. 2005
Um dia após
Londres ser
escolhida como
sede da Olim-
píada de 2012,
três explosões no
metrô londrino
e em um ônibus
público causam
a morte de 56
pessoas. Um
grupo ligado
à Al-Qaeda
anunciou a ação.
28JUN. 2006
Israel inicia a pri-
meira grande ofen-
siva contra a Faixa
de Gaza, território
habitado pela po-
pulação palestina.
Sob a alegação de
desarticular grupos
extremistas, as
tropas israelenses
cortam o abasteci-
mento de água, ali-
mentos e serviços
de infraestrutura.
14 SET. 2010
O Senado da França
aprova uma lei que
proíbe o uso de véus
islâmicos em locais
públicos. A medida,
tomada com a justifi-
cativa de respeito aos
“princípios republi-
canos” do país, é
criticada como uma
ação que alimenta a
xenofobia e o precon-
ceito à religião mu-
çulmana na Europa.
18 DEZ. 2011
Os Estados Unidos
retiram suas últimas
tropas do Iraque.
Oito anos após a
invasão, no entanto,
o cenário ainda é de
estabilidade política
e fortalecimento de
grupos extremis-
tas em diferentes
regiões do país.
15MAR. 2011
Os protestos contra o governo do presidente da
Síria, Bashar al-Assad, levam ao início de uma
guerra civil. A instabilidade dá espaço para o sur-
gimento de organizações extremistas, como o Es-
tado Islâmico. Durante o conflito, o grupo domina
territórios na Síria e no Iraque, proclamando a
criação de um “Califado Islâmico” em 2014.
2MAI. 2011
Quase dez anos
depois, o governo
norte-americano
anuncia a morte de
Osama Bin Laden
após uma operação
militar na cidade
de Abbottabad, no
norte do Paquis-
tão. O cadáver do
líder da Al-Qaeda
fica sob custódia
militar e é sepul-
tado no Mar da
Arábia, de acordo
com a versão
oficial do governo
norte-americano.
OUT. 2015
Reportagem pu-
blicada pelo jornal
norte-americano
The Intercept revela
documentos indi-
cando que nove em
cada dez pessoas
mortas em ataques
de drones não eram
os alvos principais
das operações. O
uso de aeronaves
não tripuladas para
assassinar terroris-
tas aumentou a par-
tir do início do go-
verno do presidente
Barack Obama.
13 NOV. 2015
A França, que pre-
senciara o massa-
cre de jornalistas
do periódico
Charlie Hebdo no
início de 2015,
vive outro atenta-
do de larga escala:
explosões com
homens-bomba e
ataques com fuzis
acontecem de
maneira simultâ-
nea em diferentes
regiões
de Paris, a
capital francesa.
14 JUL. 2016
O tunisiano
Mohamed Bouhlel
atropela com um
caminhão a multi-
dão que acompa-
nhava uma queima
de fogos na cidade
francesa de Nice.
O número de
mortos chega a 85.
21 JUL. 2016
A Polícia Federal
brasileira realiza a
prisão de suspeitos
de planejar ataques
durante a Olimpía-
da do Rio de Janei-
ro. Supostamente,
os envolvidos de-
claram lealdade ao
Estado Islâmico.
P. 18 09.2016
MÁQUINA
DOTEMPO
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Fig. 14 -AM
EMUMAAVENIDA, civis correm e tentam
se proteger da rajada de tiros disparada
por uma metralhadora instalada em um
helicóptero. Em outro vídeo, um político
discursa no parlamento da Turquia quando
é interrompido pelo som de uma explosão,
que gera pânico no local. A cobertura em
tempo real feita pelos cidadãos durante a
a tentativa de golpe militar no país, em
15 de julho, também levou o presidente,
Recep Tayyip Erdogan, a se manifestar
pelo Twitter. “Sou ainda o presidente da
Turquia e comandante-chefe: resistam ao
golpe de Estado nas ruas e nos aeroportos.”
Por meio de trocas de mensagens pelo
WhatsApp, Facebook e Twitter, a popula-
ção se organizou e saiu às ruas contra as
tropas que ocupavam pontos estratégicos
das principais cidades do país, Istambul
e Ancara. O fator surpresa para a tomada
EM ESTUDO divulgado pelo
DataSenado, mulheres que con-
correram nas duas últimas elei-
ções apontaram medidas que
contribuiriam para melhorar a re-
presentação feminina na política.
Nos dois anos, apenas 21% dos
candidatos eram mulheres.
violenta do Estado caiu por terra e os gol-
pistas, então, passaram a ser golpeados:
fotos e vídeos divulgados mostravam civis
subindo nos tanques e tomando à força os
fuzis dos soldados amotinados. Erdogan,
que estava de férias em uma cidade no
oeste do país, foi recepcionado por uma
multidão no aeroporto de Istambul — ho-
ras depois, o líder anunciaria que os revol-
tosos tinham sido derrotados.
Curiosamente, Erdogan não é um
dos maiores entusiastas do livre fluxo
de informações, que ajudou
na defesa do golpe: em 2014,
quando era primeiro-ministro
do país, ele anunciou o blo-
queio do Twitter por alguns
dias, sob a alegação de que a
empresa não cumprira ordens judiciais
para a retirada de links considerados
ilegais pelas autoridades. Neste ano, o
líder já havia interferido no trabalho de
jornalistas críticos ao seu governo.
Após a tentativa de rebelião dos mi-
litares, Erdogan fechou 45 jornais e 39
emissoras de rádio e TV, além de decretar
a prisão de mais de 2,7 mil juízes e pro-
motores e a exoneração de milhares de
funcionários públicos. “As perspectivas
para a democracia turca são as piores
possíveis no momento”, afirma Sergio
Luiz Cruz, professor livre docente em
segurança internacional da Universida-
de Estadual de São Paulo (Unesp). “O
sistema de controle e equilíbrio, que é
fundamental na democracia, deixa de
existir e o presidente e seu partido ficam
livres para implantar medidas radicais.”
AREVOLUÇÃONÃO
SERÁ TUITADA?
Mobilização da população turca em redes sociais
impede sucesso da tentativa de golpemilitar,
mas a democracia no país ainda está ameaçada
PORTHIAGOTANJI
Fonte: DataSenado
Pesquisa feita com candidatas
das eleições de 2012 e 2014
sugere ações paramelhorar
representatividade
DIFERENÇA
NAS URNAS
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Fig. 16 - EB
Fig. 15 - BJ
A LUTA PARECE DESIGUAL. Em uma
arena de combate com chão metálico,
uma caixa quadrada é perseguida por
Blacksmith, umamáquina que solta fogo e
conta com ummartelo para destruir os ini-
migos. Então, a reviravolta: com uma arma
frontal que roda a 10mil rotações porminu-
to, a caixinha de 113 quilos comandada por
um controle remoto lança o adversário para
o alto até destruí-lo. Fabricado pela equipe
RioBotz, criada em 2003 por estudantes de
Engenharia da PUC-Rio, oMinotaur é o re-
presentante nacional na BattleBots, compe-
tição de robôs de combate exibida na televi-
são aberta dos Estados Unidos e que já faz
sucesso entre os brasileiros: no YouTube,
a luta entre Minotaur e Blacksmith regis-
tra mais de 2,7 milhões de visualizações.
Coordenador da construção da máquina
de batalha, o professor de robótica Marco
Antonio Meggiolaro aborda os principais
desafios em desenvolver o brigão demetal.
COMO FOI A FABRICAÇÃO DOMINOTAUR?
O mais importante na fabricação são os deta-
lhes: perdem-se muitas lutas por um compo-
nente baratinho que não foi instalado direito,
um fiozinho que soltou. Nossa filosofia foi a de
desenvolver o robô mais compacto possível,
para que ele tivesse muito mais robustez e su-
portasse os ataques dos adversários.
COMOFOIO“TESTDRIVE”ANTESDASBATALHAS?
Esse foi um grande desafio porque não tínhamos
como testar a pilotagem. Fizemos a avaliação da
arma em um campo de golfe. Colocamos um blo-
co de 15 quilos de alumínio e o robô arremessou
essa massa para mais de 100metros de distân-
cia. Uma boa técnica para testar a sobrevivência
do robô é lançá-lo a dois metros de altura: se ele
sobreviver, é um bom começo (risos).
QUAISSÃOCONSIDERADASASMELHORES
CARACTERÍSTICASDEUMROBÔDECOMBATE?
Existem diferentes tipos de armas e é um jogo
de pedra, papel e tesoura: alguns robôs levam
vantagem sobre outros, mas se você construir
uma tesoura bem-feita, ela ganhará da pedra.
Alguns têm armas grandes e são ofensivos, des-
truindo com um único golpe. Então, fizemos um
robô com uma armadura grossa e bastante rápi-
do para conseguir atacar os adversários por trás.
ROBÔ BOM DE BRIGA
Representante brasileiro no campeonatomundial de lutas
robóticas, oMinotaur foi desenvolvido a partir de um
projeto de estudantes de Engenharia—PORTHIAGOT.
POKÉMON
+BRASIL
=AMOR
Após semanas de espera,
PokémonGo é lançado
no país e já reúne histórias
que nema realidade
aumentada explica
PARAONDEVÃO
OSMETRÔS
AOFINALDODIA
DEOPERAÇÕES?
Mônica Alves, via Facebook
SEM
DÚVIDA
Quando
o serviço
diário
é encerrado, os
trens não ficam
parados ao longo
dos trilhos. Os
veículos se diri-
gem para pátios,
onde passam
pormanutenção
e limpeza. Em
São Paulo, por
exemplo, o maior
estacionamento
dosmetrôs está
localizado no
bairro de Itaque-
ra e pode receber
até 60 composi-
ções. Enquanto
isso, trabalha-
dores passam as
madrugadas nos
subterrâneos rea-
lizando inspeções
de infraestrutura,
lavagem da via,
solda de trilhos
e substituição de
equipamentos
danificados.
R:
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302AMroboPOKEMON.indd 20 15/08/2016 15:06:58
A
chegada oficial no Brasil do game
para smartphones Pokémon Go
causou comoção nacional. Instan-
tes após o iOS e o Android libera-
rem o download do aplicativo, em 3 de agosto,
os maiores veículos de comunicação do país
deram a notícia com destaque de plantão jor-
nalístico. Não é para menos. Desenvolvido
pela empresa norte-americana Niantic, o jogo
utiliza recursos de realidade aumentada para a
captura dos monstrinhos e já estimula a cria-
ção de novos negócios com base na tecnologia.
Desde seu lançamento mundial, em 5 de julho,
mais de 100 milhões de downloads foram rea-
lizados. As compras internas do game geram
US$ 10 milhões diariamente. O Brasil, é claro,
não deixaria de reunir casos inusitados que
ilustram esses tempos modernos.
TEORIA DA
CONSPIRAÇAO
Oliver Stone, diretor de
filmes como Platoon e
Nascido em Quatro de
Julho, não se empol-
gou muito em caçar os
monstrinhos pelas ruas:
em conferência durante
o lançamento do filme
Snowden, Stone alertou
para o perigo de um
novo tipo de “totalitaris-
mo” motivado por apli-
cativos que rastreiam
todos os passos de seus
usuários, como o Poké-
mon Go. “Eles coletam
dados de cada pessoa
para obter informações
sobre o que ela está
comprando, do que é
que ela gosta e, acima de
tudo, sobre o seu com-
portamento”, afirmou.
OLHA O TRÂNSITO,
MESTRE POKÉMON!
Depois de episódios
registrados em outros
países de acidentes de
carro e atropelamentos
causados por distrações
ao utilizar o smartphone,
o Detran do Rio de Janei-
ro iniciou uma campanha
de conscientização dos
jogadores. O projeto
alerta para que os joga-
dores percorram as ruas
sem deixar de prestar
atenção na sinalização
— e sem sair correndo
emmeio aos carros para
capturar umPokémon.
NÃO FALE EM
CRISE, JOGUE
Se a situação econômica
brasileira não é das
melhores, por que
não investir em novas
atividades econômicas?
Em Fortaleza, capital do
Ceará, o motoboy Deniz
Paz anunciou um serviço
de transporte de jogado-
res de Pokémon Go para
pontos da cidade onde
há maior concentração
dos monstrinhos.
A caçada motorizada sai
a R$ 25 por hora e inclui
local namoto para carre-
gar a bateria do celular.
MAISMONSTRINHOS,
MENOS CAMISINHAS
Os organizadores da
Olimpíada do Rio de
Janeiro fizeram questão
de estimular o inter-
câmbio entre os povos:
450 mil preservativos
foram disponibilizados
aos atletas na Vila
Olímpica, média de 42
camisinhas por espor-
tista. Ao desembarcar
no Rio de Janeiro no
início de agosto, no
entanto, as delegações
queriam mesmo é
saber se Pokémon Go
já estava disponível no
Brasil. Joe Clarke, atleta
britânico do críquete,
tuitou sua decepção em
não encontrar Poké-
mons na Vila Olímpica.
CAMPEÕES NÃO
TRAPACEIAM?
Espertinhos já
desenvolveram
técnicas para levar
vantagem no jogo: ao
falsificar o sinal de
GPS, esses usuários
conseguem capturar
Pokémons que estão
mais distantes. Assim,
são capazes de reunir
uma equipe forte em
pouco tempo para
realizar as batalhas
nos ginásios. A Niantic
informou que ainda
não sabe como com-
bater esse problema.
EQUIPE ROCKET
DECOLANDO DE NOVO
Horas depois do
lançamento do game no
Brasil, o primeiro impre-
visto: um publicitário
de 32 anos publicou
um texto no Facebook
afirmando que teve o
celular roubado na Ave-
nida Paulista, em São
Paulo, por um homem
em uma bicicleta. A
vítima afirma que estava
prestes a capturar um
Zubat quando foi
surpreendida pelo
aspirante a membro dos
vilões da Equipe Rocket.
DRONEQUE
SALVAVIDAS
Aomenosdezpessoasmorrem
todososdias porpisaremminas
terrestres deixadas emantigos
camposdebatalha. Comprazo
estabelecidopara acabarcomesse
problemanospróximosdez anos, o
droneMineKafon realizarámapea-
mento, detecção edestruiçãodas
minas comumpequenodetonador.
BUSCADOR
DECHAVES
O iKon Tracker é um dispositivo
que exibe sua localização em um
aplicativo para smartphone uti-
lizando a tecnologia Bluetooth
— a conexão vai até 70metros
de distância. Ideal para ser
acoplado ao chaveiro e colocar
um ponto final à eterna busca
pelas chaves ao sair de casa.
HERÓIS DA
AMAZÔNIA
OsquadrinistasAlanYangoe
JoeBennet lançaramcampa-
nhapara umanova ediçãoda
HQEsquadrãoAmazônia,
criadapelo ilustradorbrasileiro
JoeBennet em2000.Nahistória,
super-heróis nacionais enfrentarão
seres quedesembarcamnaAma-
zônia e queremdestruir aTerra.
VA-
QUI-
NHA
Apoio A partir de 5 euros
Meta 70 mil euros
ProdutoUS$ 109
MetaUS$ 10 mil
ProdutoR$ 15
MetaR$ 16 mil
Site KickstarterSite IndiegogoSite Catarse
PORT.T.
Osmelhores projetos
para você contribuir
P.2109.2016
302AMroboPOKEMON.indd 21 15/08/2016 15:07:00
Fig. 17 - BJ
Fig. 18 - EB
Ofensas a atores negros
multiplicam-se na internet
PORLEANDROSAIONETI
ABC DO FEMINISMO
O livroVocê Já É Feminista: Abra este Livro e
Descubra o Porquê aborda o feminismo dema-
neira didática.A jornalista NanaQueiroz, uma das
autoras da obra, explica a importância do projeto
RACISMOEM
DUASTELAS
Como surgiu a ideia do livro?
A internet possibilitou a demo-
cratização do acesso ao feminis-
mo. Só que também é necessário
profundidade. Então, a ideia do
livro é produzir algo fácil, prático
e que, principalmente, promova
uma reflexão: “O que tudo isso
significa para aminha vida?”.
Ainda hoje sãomuitas
asmulheres que não se
veem como feministas?
Sim, inclusive temmuitamulher
que é feminista e não quer admi-
tir porque temmedo da alcunha.
E quando você entende que
existe uma situação de opressão
feminina, a sua vida não será
fácil depois disso. Começará a
perceber que aquela piadinha
machista namesa do bar não
está ok. Sua zona de conforto
chacoalha e você sente um des-
conforto porque começa a notar
como omundo está errado.
E há espaço na literatura para
a divulgação desse assunto?
Omercado literário no Brasil
é bem desafiador, mas sinto
que estamos construindo um
público interessado. Quando
se populariza a discussão
dos direitos damulher, várias
pessoas passam a ficar inte-
ressadas. E essa demanda por
literatura feminista crescerá.
Saio do Twitter com lágri-
mas nos olhos e com muita
tristeza. Tudo isso só porque
fiz um filme. Você pode odiar
o filme, mas tudo por que passei hoje...
está errado.” Foi com essa mensagem que
a atriz Leslie Jones, uma das protagonistas
da nova versão de Caça-Fantasmas, encer-
rou sua conta na rede social após sofrer
ataques racistas e misóginos durante a se-
mana de estreia do filme, em julho.
Os insultos no campo digital são a porta
de entrada para criminosos destilarem seu
ódio contra atores negros. Antes da estreia
de Star Wars — O Despertar da Força, em
2015, alguns usuários pregaram boicote ao
filme emmensagens divulgadas no Twitter,
sob a justificativa de que a produção cinema-
tográfica realizava “ativismo antibrancos” ao
ter como um dos protagonistas um ator ne-
gro, o britânico John Boyega, que interpreta
o ex-stormtrooper Finn. No mesmo ano, o
ator Michael B. Jordan foi hostilizado na in-
ternet por interpretar Johnny Storm (Tocha
Humana), personagem originalmente bran-
co do Quarteto Fantástico.
A própria indústria de Hollywood tam-
bém tem sua parte de contribuição na
questão. Na premiação do Oscar de 2014,
a Academia esnobou Selma, cinebiografia
do ativista dos direitos dos negros Martin
Luther King. O filme ganhou apenas o prê-
mio na categoria deMelhor Canção Original
e a diretora Ava DuVernay, que é negra, nem
mesmo foi lembrada entre as finalistas.
Neste ano, pela segunda vez consecutiva,
nenhum ator negro foi indicado nas prin-
cipais categorias do Oscar. Com a frase
#OscarSoWhite, ou #OscarTãoBranco, ar-
tistas e público cobraram mudanças na for-
ma de votação do prêmio — até então, rea-
lizada por 93% de jurados brancos. Mestre
de cerimônias da premiação, o ator Chris
Rock pediu igualdade entre profissionais
negros e brancos durante sua fala no início
do evento. “Queremos as mesmas oportu-
nidades que os atores brancos. Nada mais”,
afirmou. Em 88 edições do Oscar, apenas
15 atores negros foram premiados.
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ERAUMAVEZNO LESTE
Comamissão de ocupar o leste russo, governo de
Putin reinventa a colonização do Oeste americano
e se conecta a clássicos do faroeste— PORL.S.
“PÔ, REALIDADE VIRTUAL COM DILMA, COM
TEMER, COM ESSA SITUAÇÃO POLÍTICA,
ESSE PAÍS QUEBRADO E VOCÊ ATRÁS
DE BICHINHO NA RUA? AH, VAI TE CATAR!”
José Luiz Datena, apresentador, não muito
contente com o lançamento de Pokémon Go
Fig. 19 -AM
Fig. 20 - EB
UMALIEN aparece na Terra em
busca de salvação para seu povo,
que está prestes a ser extinto em
seu planeta natal. Porém, aos
poucos, ele se depara com a es-
piral dos problemas humanos,
com todos os seus vícios e ques-
tionamentos. Publicado origi-
nalmente em 1963 pelo escritor
Walter Tevis,OHomem que Caiu
na Terra ganhou adaptação para
o cinema, protagonizada por nin-
guém menos que David Bowie.
Após a morte do mito musi-
cal, a obra de Tevis foi reedita-
da pela editora DarkSide, resga-
tando a história que revelou ao
mundo quem foi e sempre será
Bowie: o homem das mil faces
— todas excepcionais.
O GOVERNO RUSSO QUER OCUPAR O LESTE do país, povoado
por apenas 4% da população, ofertando terras aos aventureiros dis-
postos amorar na região. Amedida é semelhante à Lei da Propriedade
Rural promulgada em 1862 nos Estados Unidos e que deu início ao
processo de colonização do oeste — assim como toda a cultura que
seria recriada no século 20 com os filmes de bangue-bangue.
Considerado pelo Kremlin uma prioridade nacional, o desenvolvi-
mento econômico das regiões siberianas poderia ser estimulado pelo
governo do presidente Vladimir Putin com uma pitada de criatividade.
O “Pistoleiro sem Nome”, interpretado pelo ator Clint Eastwood na
série de clássicos de faroeste dirigida pelo italiano Sergio Leone,
poderia ganhar uma versão em cossaco, uma das etnias russas que
aceitou a ideia de vagar rumo ao extremo oriente do país...
CAINDO EM
TENTAÇÃO
Clássico sci-fi, O Homem que
Caiu na Terra relembra como
até o mais puro dos seres
vivos pode se corromper
P.2309.2016
302AMcultura.indd 23 15/08/2016 18:51:09
CIÊNCIA
EMDIA
Com o tema “Ciência alimentando o
Brasil”, a 13ª edição da Semana Na-
cional de Ciência e Tecnologia (SNCT)
vai agitar mais de mil municípios bra-
sileiros entre os dias 17 e 23 de outu-
bro. O objetivo, neste
ano, é mostrar como
o conhecimento cien-
tífico e tecnológico é
um importante aliado
na promoção do aces-
so aos alimentos e à
nutrição saudável.
Para o coordenador
do evento, Douglas
Falcão, a SNCT vem
para mostrar que as
técnicas de agropecu-
ária combinadas corretamente com a
inovação são suficientes para alimen-
tar os mais de 7 bilhões de humanos
que habitam o planeta. “Nesse senti-
do, o Brasil é uma potência mundial.
Nossa agricultura é muito pautada
nas tecnologias e nas pesquisas cien-
tíficas”.
Por meio de um edital inédito, o Minis-
tério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC) destinou R$ 4,3
milhões para realização
da SNCT 2016. O Distrito
Federal e mais 24 estados
foram contemplados, am-
pliando a distribuição dos
recursos e estimulando o
surgimento de novos or-
ganizadores.
Em 2015, cerca de 147 mil
atividades ocorreram em
mais de 2,6mil instituições
espalhadas pelo País. Para
fazer parte da programa-
ção oficial, basta se cadastrar no site
http://semanact.mcti.gov.br/ a partir de
setembro. É nesse canal que você tam-
bém fica por dentro de tudo o que está
acontecendo antes e durante o evento.
A Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia está saindo do forno
O ESPAÇO DA CIÊNCIA BRASILEIRA
SETEMBRO DE 2016
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INFORME PUBLICITÁRIO
Uma alternativa viável para aumentar a
produção de alimentos em zonas secas
é o reúso do esgoto doméstico. Estudo
realizado na Paraíba pelo Instituto Na-
cional do Semiárido (Insa) – unidade de
pesquisa do MCTIC – mostrou que irri-
O MCTIC e a Organização das Nações
Unidas para Alimentação e Agricultura
(FAO) lançaram uma plataforma digital
que vai unir pesquisadores de diversos
países. A iniciativa é fruto da parceria
entre os dois últimos países-sede das
Olimpíadas, Brasil e Reino Unido, firma-
da para enfrentar o problema que mata
Água de reúso vira
adubo líquido no semiárido
Combate à desnutrição:
um legado dos Jogos Rio 2016
gar o solo com água de reúso faz crescer
a fertilidade em até 800%. A técnica
aumentou as quantidades de fósforo,
nitrogênio, cálcio e magnésio no solo,
ao mesmo tempo em que reduziu a
presença do alumínio.
3 milhões de crianças no mundo a cada
ano. A Rede Global de Ensino, Pesqui-
sa e Extensão em Nutrição, Soberania
e Segurança Alimentar (Nutri SSAN) foi
desenvolvida pelo Ministério e estará
em funcionamento pleno até o início de
2017.
O Google escolheu o Brasil para receber o seu
primeiro campus latino-americano para o desen-
volvimento de startups. Localizado em São Paulo,
o espaço vai receber 15 empresas nacionais que
contarão com o apoio da gigante da internet e
seus experts para turbinarem os projetos. A visita
rendeu ainda novas parcerias entre o MCTIC e o
Google, especialmente na área de educação e sis-
temas para equipamentos públicos.
Na mídia
16/08/16 18:20
BOI +AÇÚCAR = ?
Isso mesmo que você pensou: gelatina. Entenda como é feita
a sobremesamais popular do Brasil —PORRENATACARDOSO*
gelatina e o bife que você come
todos os dias no restaurante por
quilo da esquina têm origens sur-
preendentemente parecidas. É que o colá-
geno que dá origem à gelatina, acredite se
quiser, é extraído da raspagem do couro,
dos tendões e dos ossos de vacas, bois e
porcos. Todo esse material passa por um
pré-tratamento em que os ossos são tritu-
rados, desengordurados e secos e o couro é
cortado e raspado. Em seguida, esse “pica-
dinho” é lavado com água quente para de-
pois repousar em ummolho de ácido clorí-
drico (substância que também serve como
base dos alvejantes). Há boatos de que o
odor durante essa etapa não é recomen-
dado para pessoas com estômago fraco.
O próximo passo consiste no tratamento
com um ácido para a extração do colágeno.
Depois, o material é filtrado e submetido
a altas temperaturas. No final, ele seca e é
moído e peneirado. E aí, tcharam: temos a
gelatina incolor e sem sabor utilizada em
diversas receitas culinárias. Para
produzir as gelatinas com sa-
bor, o processo continua
com a adição de sódio,
açúcar e algumas
substâncias geral-
mente artificiais,
como aromati-
zantes, edulco-
rantes e corantes.
Para transfor-
mar esse monte
de pó em alimento,
é preciso colocá-lo
em contato com a água
quente, que faz com que
as forças responsáveis pela
manutenção da estrutura em
tripla hélice (característica do co-
lágeno) sejam rompidas. Quando res-
friadas, as moléculas voltam a interagir,
mas, dessa vez, com água aprisionada en-
tre elas. E assim é formada a sobremesa
que você encontra nos restaurantes por
quilo. O colágeno também poderia ser ex-
traído das cartilagens humanas, mas não
vamos dar essa ideia para a indústria...
A
ELEMENTAR
H
N OC
GELATINA
26 *Com reportagem de Cartola Agência de Conteúdo Foto:Victor Albrow/Getty Images Fontes: Leila Cristina Magalhães, coordenadora do curso de Engenharia Química das Faculdades Oswaldo Cruz,e Érika Cristina Cren, professora do curso de Engenharia Química da Universidade Federal de Minas Gerais
Pode não parecer,
mas isso que você
está vendo é um
picadinho de couro
e ossos de boi
C5H9NO2–Prolina
Asmoléculas
da gelatina são
compostas de
18 aminoácidos
diferentes, mas
esses três têm
concentração
mais elevada.
C2H5NO2–Glicina
C5H9NO3 – Hidroxiprolina
N
7
O
8
C
6
H
1
São substâncias
artificiais
adicionadas à
gelatina comercial
para conferir
aumento do sabor
adocicado.
C14H18N2O5–Aspartame
C6H12NNaO3S – Ciclamato de sódio
C7H5O3NS2H20 – Sacarina
C4H4KNO4S –Acesulfame de potássio
O
8
Na
C S
H
11
6 16
1
N
7
K
19
H
1
Na
O
11
8
C
6
Controlam o pH
do alimento
para garantir o
aroma e a
consistência.
Tambémmantêm
o produto
conservado até
o prazo de validade.
C6H5Na307 – Citrato de sódio
C4H4O4 –Ácido fumárico
N
7
Na O
11 8
H
S
C
1
16
6
CORANTES
Pigmentos sintéticos que dão cor aos alimentos. Afora a gelatina, são usados em sucos
em pó, refrigerantes, gomas demascar e temperos para carne, além de cosméticos.
C16H10N2Na2O7S2 e C16H9N4Na3O9S2 –Amarelo-limão C2H11N2Na3O10S3 –VermelhoC3H34N2Na2O9S3 –Azul brilhante

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