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QUALÉA P. 36 Acidentes e denúncias de maus-tratos a animais mantidos em cativeiro chamam a atenção para práticas abusivas de circos, zoológicos e parques temáticos GALILEU.GLOBO.COM EDIÇÃO CA R G A TR IB U TÁ R IA FE D ER A L A PR O X .4 ,6 5% UNIÃO SOVIÉTICA TENTOU CRIAR A PRÓPRIA INTERNETP. 74 A HISTÓRIA DO DIVÓRCIO DE ASTRONOMIA E ASTROLOGIAP. 54 P. 07 ACIDENTE ACIRRA DEBATESOBRE CARRO AUTÔNOMO DOSSIÊ IMPOSTOS P. 50ENTREVISTA: PARA SAIR DA CRISE É PRECISO INVESTIR NA CIÊNCIA 302 SET. 16 BRASILEIROS TRABALHAM 153 DIAS POR ANO PARA SE ACERTARCOMGOVERNO• P.27 R$ 14,00 Brasil UruguaiFrança 153 dias 171 dias 96 dias 302CAPA.indd 1 12/08/2016 19:07:46 edição de ipad GELATINA P.79 P. 27 IMPOSTOS DOSSIÊ C U R T O -C IR C U IT O SETEMBRO2016 ANTIMATÉRIA DIRETORADEGRUPOCASAECOMIDA, CASAE JARDIM, CRESCEREGALILEU: Paula Perim REDAÇÃO EDITORA-CHEFE:Cristine Kist EDITORADEARTE: Fernanda Didini EDITORES:Giuliana de Toledo, Nathan Fernandes e Thiago Tanji REPÓRTERES:André Jorge de Oliveira e IsabelaMoreira DESIGNERS: Felipe Eugênio (Feu) e João Pedro Brito ESTAGIÁRIOS: Bruno Vaiano (texto) eMayraMartins (arte) ASSISTENTEDEREDAÇÃO:Gabriela Nogueira COLABORADORESDESTAEDIÇÃO: Cartola Conteúdo, Humberto Abdo, Leandro Saionetti, Marcela Duarte eMarília Marasciulo (texto); AnaMatsusaki, Berje, Dulla, Estúdio Barca, MárcioMoreno, Rodrigo Bastos, Tomás Arthuzi e Yumi Shimada (arte); MoniqueMurad Velloso (revisão). E-MAILDAREDAÇÃO: galileu@edglobo.com.br P. 26 ELE- MEN- TAR P.80 P A N O R Â M IC A P.7 OATAQUEDOSCARROS AUTÔNOMOS PESQUISA DO TEMPO POUCA MUITA BUROCRACIA DE GUERRA BRASILEIRO P.10 MAMU T E S OROBÔ ZUMBIS P.15 MÁQUINA P.18 O VELHO LESTE RUSSO P.23 FAXINA ESPACIAL P.12 BITCOIN NOS BANCOS P.17 HOMENS CONVENCIDOS P.20 P.10P.22 PRECONCEITO NAS TELAS COMPOSIÇÃODIRETOR-GERAL: Frederic Zoghaib KacharDIRETORDEAUDIÊNCIA: Luciano Touguinha de CastroDIRETORADEMERCADOANUNCIANTE:Virginia Any OBureauVeritas Certification, combase nos processos e procedimentos descritos no seu Relatório deVerificação, adotando umnível de confiança razoável, declara que o Inventário deGases de Efeito Estufa—Ano 2012 da Editora Globo S.A. é preciso, confiável e livre de erro ou distorção e é uma representação equitativa dos dados e informações deGEE sobre o período de referência para o escopo definido; foi elaborado emconformidade coma NBR ISO 14064-1:2007 e as Especificações doProgramaBrasileiro GHGProtocol. INOVAÇÃODIGITAL DIRETORDE INOVAÇÃODIGITAL:AlexandreMaron GERENTEDEESTRATÉGIADECONTEÚDODIGITAL:Silvia Balieiro TECNOLOGIA DIRETORDETECNOLOGIADE INFORMAÇÃO:Rodrigo José Gosling DESENVOLVEDORES: Everton Ribeiro, Fabio AlessandroMarciano, Jeferson Mendonça, Leandro Paixão, Leonardo Turbiani, Marcelo Amendola, Marcio Costa, Murilo Amendola e Victor Hugo Oliveira da Silva;OPECONLINE:Rodrigo Santana Oliveira, Danilo Panzarini, Higor Daniel Chabes, Rodrigo Pecoschi e Thiago Previero GERENTEDEEVENTOS:Daniela Valente COORDENADORDEOPECOFFLINE: José Soares MERCADOANUNCIANTE SEGMENTOSFINANCEIRO, IMOBILIÁRIO, TI, COMÉRCIOEVAREJO—Diretor de negóciosmultiplataforma: EmilianoMorad Hansenn; Gerente de negócios multiplataforma:Ciro Horta Hashimoto; Executivosmultiplataforma: SelmaMaria de Pina, Cristiane de Barros Paggi Succi, Christian Lopes Hamburg, Milton Luiz Abrantes e Taly CzeresniaWakrat.MODA,BELEZAEHIGIENEPESSOAL— Diretor de negóciosmultiplataforma: Cesar Bergamo; Executivosmultiplataforma: Adriana Pinesi Martins, Eliana Lima Fagundes, Juliana Vieira, Selma Teixeira da Costa e SorayaMazerino Sobral. CASA, CONSTRUÇÃO,ALIMENTOSEBEBIDAS, HIGIENEDOMÉSTICAESAÚDE—Diretora denegóciosmultiplataforma:Marilia Guiti Hindi; Executivosmultiplataforma:Giovanna Sellan Perez, Keila Ferrini, Lucia Helena LopesMessias, Rodrigo Girodo Andrade, Valeria Glanzmann.MOBILIDADE, SERVIÇOSPÚBLICOSESOCIAIS, AGROE INDÚSTRIA—Diretor denegócios multiplataforma: Renato Augusto Cassis Siniscalco; Executivosmultiplataforma: Andressa Aguiar, Diego Fabiano, Cristiane Soares Nogueira, João CarlosMeyer e Priscila Ferreira da Silva. EDUCAÇÃO, CULTURA, LAZER, ESPORTE, TURISMO,MÍDIA, TELECOMEOUTROS—Diretora denegóciosmultiplataforma: Sandra Regina deMelo Pepe; Executivosmultiplataforma:Ana Silvia Costa, Guilherme Iegawa Sugio, Lilian deMarche Noffs e Dominique Petroni de Freitas. DIGITAL—Diretora denegócios digitais:Renata Simões Alves de Oliveira. ESCRITÓRIOSREGIONAIS—Gerente multiplataforma: Larissa Ortiz; Executivamultiplataforma:Babila Garcia Chagas Arantes. UNIDADEDENEGÓCIOS/RIODE JANEIRO—Gerentemultiplataforma: Rogerio Pereira Ponce de Leon; Executivosmultiplataforma:AndréaManhães Muniz, Daniela Nunes, Lopes Chahim, Juliane Ribeiro Silva, Maria CristinaMachado e Pedro Paulo Rios Vieira dos Santos.UNIDADEDENEGÓCIOS/BRASÍLIA— Gerentemultiplataforma:Barbara Costa Freitas Silva; Executivosmultiplataforma: Camila Amaral da Silva e Jorge Bicalho Felix Junior. ESTÚDIOGLOBO—Diretora: Roberta Ristow; Coordenador deprojetos especiais: Renan Abdalla; Estratégia comercial:Renata Dias Gomes; Criação:Vera Ligia Rangel Cavalieri;Arte:Rodolpho Vasconcellos AUDIÊNCIA Diretor demarketing: Cristiano Augusto Soares Santos Diretor de clientes e planejamento:Ednei Zampese Gerente de vendasde assinaturas:ReginaldoMoreira da Silva Gerente de criação:Valter Bicudo Silva Neto Gerente de inteligência demercado:Wilma ConceiçãoMontilha Coordenadores demarketing: Eduardo Roccato Almeida e Patricia Aparecida Fachetti GALILEU é umapublicação da EDITORAGLOBOS.A.—Av. Nove de Julho, 5.229, 8º andar, CEP01406-200, São Paulo/SP. Tel. (11) 3767-7000. Distribuidor exclusivo para todo oBrasil: Dinap—DistribuidoraNacional de Publicações. Impressão: Plural Indústria Gráfica Ltda.—Av.Marcos Penteado deUlhoaRodrigues, 700, Tamboré, Santana deParnaíba/SP, CEP06543-001 ATENDIMENTOAOASSINANTE Disponível de segunda a sexta-feira, das 8às 21 horas; sábados, das 8às 15horas. INTERNET:www.sacglobo.com.br SÃOPAULO: (11) 3362-2000 DEMAIS LOCALIDADES:4003-9393* FAX: (11) 3766-3755 *Custo de ligação local. Serviço nãodisponível em todooBrasil. Para saber dadisponibilidadedo serviço emsua cidade, consulte sua operadora local. PARAANUNCIARLIGUE: SP: (11) 3767-7700/3767-7500 RJ: (21) 3380-5924 E-MAIL:publigalileu@edglobo.com.br PARASECORRESPONDERCOMAREDAÇÃO: endereçar cartas ao Diretor de redação, GALILEU. Caixa postal 66011, CEP 05315-999, São Paulo/SP. FAX: (11) 3767-7707 E-MAIL:galileu@edglobo.com.br As cartas devemser encaminhadas comassinatura, endereço e telefonedo remetente. GALILEU reserva-se odireito de selecioná-las e resumi-las para publicação. EDIÇÕESANTERIORES: o pedido será atendido pormeio do jornaleiro pelo preço da edição atual, desde que haja disponibilidade de estoque. Faça seu pedido na bancamais próxima. Contatos para Justiça Eleitoral: E-mail: justicaeleitoral@edglobo.com.br Fax: (11) 3767-7091 SUMÁRIO DE REPORTAGENS P.35 302Composicao.indd 3 12/08/2016 13:39:51 NovoappGalileu OmundOestámudandO cOnstantemente. tenhatudOOque precisasabersObre Ostemasatuaisna palmadasuamãO. Todo o conteúdo e todas as edições de GALILEU disponíveis em seu celular ou tablet, totalmente adaptados à tela. disponível paraenvie um sms GrÁTis com a palavra GALILEU para 30133 e baixe o aplicaTivo. o início dos anos 2000, nos- sa editora Giuliana de Toledo, então aluna do Ensino Funda- mental de uma escola de Porto Alegre, foi a uma conferência qualquer apresen- tar um trabalho que havia feito com os colegas durante as aulas de ciências. Ela já não se lembra sobre o que era o tal trabalho, mas nunca esqueceu do discurso entusiasmado feito por uma das palestrantes: a bióloga e pesquisa- dora Helena Nader, hoje presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, entidade criada há quase 70 anos para incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico do país. Giu contou esse caso assim que fi- cou sabendo que eu entrevistaria Hele- na para o Papo Cabeça desta edição (o resultado da conversa você lê na página 64). E eu repassei a história para He- lena, que, claro, não se lembrava des- se evento específico, mas contou que sempre que pode viaja o Brasil inteiro para conversar com alunos de escolas públicas. “Eu brinco que vou a esses eventos para aliciar os estudantes, por- que a palavra ‘aliciar’ ficou com essa conotação negativa das drogas, e não é isso, eu vou aliciar jovens para a ciência mesmo”, explicou ela aos risos. Felizmente para a GALILEU, Hele- na não conseguiu aliciar a Giu, que se tornou jornalista mesmo e assina a matéria de capa desta edição, sobre os animais que são mantidos em circos, zoológicos e parques, muitas vezes em condições precárias, apenas para entreter meia dúzia de seres humanos. Há algum tempo, eu assisti a uma palestra do filósofo australiano Peter Singer, conhecido por estudar os di- reitos dos animais, em que ele discutia até que ponto fazia sentido acreditar que nós éramos mes- mo superiores aos ou- tros animais. A pales- tra foi tema, inclusive, de uma reportagem de capa da GALILEU, em agosto de 2013, quando eu ainda nem desconfiava que viria a trabalhar aqui. Já naquela época falava-se de es- tudos que mostravam que várias espé- cies, até mesmo moscas e moluscos, possuíam as faculdades neurológicas que geram consciência — o que en- terraria a teoria de que os humanos se diferenciavam dos outros animais por serem os únicos seres pensantes. De lá para cá, foram registrados al- guns avanços: cada vez mais buscam-se alternativas para evitar os testes com ratos e, principalmente, chimpanzés, e o número de instituições criadas para acolher animais vítimas de maus-tratos não para de crescer. Mas uma série de incidentes recentes envolvendo huma- nos e bichos mantidos em cativeiro dei- xa claro que a questão ainda está longe de ser superada. E é sobre isso que fa- lamos a partir da página 36. Boa leitura! AREVOLUÇÃO DOSBICHOS N 1 GESTÃODE CRISE Enquanto fazia a direção de arte das fotos damatéria Meu ganha-pão são as estrelas, o desig- nerJoãoPedroBrito precisou acalmar os ânimos do astrólogo Antonio Facciollo Neto e da astrô- nomaDiana Gama, que começaram a discutir de verdade (leia o relato do repórterAndré Jorge na página 56). 3 AVOLTADO ESTANTE GALILEU Onossoblogde livrosfinalmente voltou à ativa sob direçãodo repórter estagiárioBruno Vaiano, que entre- vistouobrasileiro responsável portra- duzirdonorueguês as obras do escritor KarlOveKnausgård. Trivia: no início de julho, tanto o BrunoquantooJoão enfrentaramuma fila enormepara pegarumautógrafo deKnausgård emum evento emSãoPaulo. 2 ASSIMNÃODÁ PRATRABALHAR Enquanto esta edição era prepa- rada, o famigerado jogo Pokémon Go finalmente foi lançado no Brasil. E aí, amigo, foi Copa do Mundo! Absolutamente toda a editora tentou baixar o aplicativo ao mesmo tempo — e quase ninguém conseguiu porque a rede ficou conges- tionada. Foi criada até uma expressão para imortalizar o momento: “mais lento que a internet da redação em dia de lançamento do Pokémon Go”... Cristine Kist | Editora-chefe ckist@edglobo.com.br ANAMATSUSAKIERÔMOLO PROFISSÃO— Ilustradores ONDE NASCERAM E ONDE MORAM— Ana nasceu em São Paulo e Romolo, em Foz do Iguaçu. Eles moram juntos “na estrada”, mas atualmente estão na Tailândia O QUE FIZERAM NESTA EDIÇÃO— Ana fez as ilustrações do Antimatéria (p. 7) e Romolo já colaborou com a revista em outras edições POR QUE ELES APARECEM NA FOTO COM UM ELEFANTE — Não, não tem nada a ver com a nossa capa. Romolo fez o elefante para participar de uma exibição na Tailândia COLABORADORES DOMÊSPRIMEI - RAMENTE WWW.GALILEU.GLOBO.COM PORCRISTINEKIST 09.2016#302 FOTO Paulo Eduardo Dulla ASSISTÊNCIA Tiago Matos ESCULTURA Rodrigo Bastos Didier TRATAMENTO DE IMAGEM Roberto de Souza Bezerra QUEM FEZA CAPA 302PRIMEIRAMENTE.indd 5 12/08/2016 18:38:03 Achei bacana citar as diferenças de rotulagem entre os países. Mas fiquei triste exatamente por me alimentar mal como a maioria. DANIELA MORAIS, Campinas, SP O empoderamento feminino aparece aqui. Imaginem como fiquei feliz, já que vou cursar bio- logia e terei uma me- nina em novembro. SÁVIO MOTA, Fortaleza, CE Tenho uma amiga que abandonou recentemente o seu pós-doutorado pelos mesmos pro- blemas apresenta- dos na reportagem. ANTONIOMARQUEZ, Matão, SP Edição • agosto/2016 Papo cabeçaDossiê Ciência... VOCÊTEMMEDODAPOLÍCIA? O QUE VOCÊ ACHOU DO ABRE DA SEÇÃO ANTIMATÉRIA, SOBRE OS CASOS DE RACISMO NO AIRBNB E UBER? O QUE VOCÊ ACHOU DA REPORTAGEM “MARMORTO”? O QUE VOCÊ ACHOU DA SEÇÃO ELEMENTAR, SOBRE GASOLINA? O QUE VOCÊ ACHOU DO PAPO CABEÇA COM A BIOQUÍMICA JENNIFER DOUDNA? O QUE VOCÊ ACHOU DA MATÉRIA DE CAPA, SOBRE A VIOLÊNCIA POLICIAL? O QUE VOCÊ ACHOU DA MATÉRIA FOTOGRÁFICA “A BRUXAMORA AO LADO”? MÉDIAS DASMATÉRIAS Nossos implacáveis conselheirosnão tiverammedode fazer suas considerações sobreapolêmicacapadomêsdeagosto 100% 100% 1. Ótima matéria, péssima realidade. 1. Gostei, é um assunto que precisa ser discutido. 83,3% 83,3% 83,3% 75% 8,3% 8,3% 8,3% 16,7% 16,7% 16,7% 1. Gostei, achei lindas e empoderadas. 1. Gostei, por favor editemmeu DNA. 1. Gostei, estou em um relacionamento sério com os infos e o texto. 1. Gostei, vou bater um papo com o frentista. 2. Não gostei, estou em um relacionamento abusivo com os infos e o texto. 2. Não gostei, achei tão sem nexo quanto o preço. 3. Não sou capaz de opinar. 3. Não sou capaz de opinar. 2. Não sou capaz de opinar. 2. Não sou capaz de opinar. NESTE ANO, quando fui morar em Diadema, percebi como os moradores de lá são tratados de formas diferentes. Para se ter uma ideia, enquanto lá a polícia procura agir de forma descrimina- tória, inclusive comigo, em São Bernardo do Campo, para onde me mudei (e moro ao lado do bairro considerado de “sociedade”), o tratamento é diferente. Lamentável que nós, que pagamos os mesmos impostos que os ricos, sejamos obrigados a ter medo de quem deveria nos oferecer segurança. Parabéns pela matéria, GALILEU. Gostaria que continuassem trazendo assuntos desse tipo. Lilian Capitanio, São Bernardo do Campo, SP 9,3 Papo cabeça 9,9 Ciência bancada pelos pais 9 A bruxa mora ao lado 9,3 Dossiê: alimentação e saúde 9,8 Quem tem medo da polícia? OPINIÃO, PORRADA E BOMBA 1 1 1 2 2 1 2 3 1 2 3 1 Mar morto 9,5 06 CON - SE- LHO PORN A T H A N F E R N A N D E S CON - SE- LHO PORNAT H A N F E R N A N D E S 302ConselhoVA.indd 6 15/08/2016 14:45:17 SOBNOVA DIREÇÃO? Procuram-seculpadosparaoprimeiro acidentefatalcausadoporumcarro autônomo— PORMARÍLIAMARASCIULO 09 . 20 16 1 BERJE (BJ)2 ANAMATSUSAKI (AM) 3 ESTÚDIOBARCA (EB) ILUSTRADORES CONVIDADOSDESIGN FERNANDADIDINI EJOÃOPEDROBRITO Fig. 01 - BJ P.0709.2016 ANTI- MATÉ- RIA EDIÇÃOTHIAGOTANJI 302AMabre.indd 7 12/08/2016 19:48:28 TRÂNSITOHOSTIL Osveículos autônomos prometemmais segurança aos motoristas, uma questão urgente de acordo com dados globais sobre aviolência no trânsito A PRIMEIRA MOR podem acarretar falhas no sis- tema da máquina? Desde que a Darpa, agência norte-ameri- cana de pesquisas avançadas, lançou em 2007 um desafio para o desenvolvimento de carros autonônomos, os de- senvolvedores da tecnologia ainda não concederam uma resposta para essas perguntas. ANDAR DA CARRUAGEM Atualmente, o projeto lidera- do pelo Google, sob a batuta do cientista alemão Sebastian Thrun, um dos vencedores do desafio da Darpa, é um dos mais avançados em ter- mos tecnológicos: o carro já rodou mais de 800 mil quilô- metros sem sofrer acidentes atribuídos à automação. No Brasil, uma das princi- pais referências é a pesquisa desenvolvida pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC–USP São Carlos), que em 2011 criou o primeiro veículo autônomo do país, o CaRINA 2. “Nós modi- No Brasil, um evento tragi- cômico também marcou nega- tivamente o experimento com um carro autônomo: em 2013, durante uma demonstração ao vivo da tecnologia — nes- se caso, desenvolvida por pes- quisadores da Universidade Federal do Espírito Santo e da Universidade Federal de Minas Gerais —, o veículo atropelou a apresentadora Ana Maria Braga, que teve ferimentos leves. “Eita nóis”, disse um espantado Louro José após testemunhar o acidente. Episódios como esses são exemplos de um dilema ético para montadoras e poder pú- blico no momento de elaborar leis para a circulação de veí- culos autônomos. Afinal, em casos de acidentes, quem é o culpado? A montadora, res- ponsável por programar o car- ro que dirige sozinho; o moto- rista, por não estar atento às situações a sua volta mesmo em um veículo no modo auto- mático; ou o Estado, por pro- blemas de infraestrutura que DE UMA PESSOA A BORDO DE um car- ro autônomo aconteceu quan- do um Model S, fabricado pela empresa norte-americana Tesla, bateu em um caminhão enquanto percorria uma rodo- via no estado da Flórida. O caso aconteceu em maio, embora a divulgação tenha ocorrido ape- nas no início de julho. A vítima, Joshua Brown, era simpatizante da tecnologia e postava vídeos de suas experiências com o veí- culo, que apelidou de Tessy. Em uma ocasião, inclusive, ele che- gou a registrar o momento em que Tessy evitara uma colisão. De acordo com a Tesla, cria- da pelo bilionário sul-africano Elon Musk, o acidente foi uma “anomalia”, já que tanto o pilo- to automático quanto Brown não perceberam a chegada do caminhão, que atingiu o veícu- lo na perpendicular. A empresa garantiu, no entanto, que esse foi o primeiro acidente emmais de 200milhões de quilômetros rodados e que realizará pesqui- sas minuciosas para que casos como esse não se repitam. P.08 09.2016 302AMabre.indd 8 12/08/2016 19:48:28 3,4MIL 1 MORTE 40,2MIL 170,8MIL 50 MILHÕES EM 2013 12MIN. pessoasmorrem emacidentes de trânsito todos os dias nomundo ficam feridas em acidentes é registrada no trânsito a cada NoBrasil mortes ocorreramnoBrasil pessoas ficaram feridas A PRIMEIRA MORTE ficamos e adaptamos um carro de linha normal para que an- dasse sozinho”, explica o pro- fessor Fernando Osório, que participa do projeto. Com os controles básicos de aceleração, frenagem e giro da direção automatizados, senso- res de laser e um GPS de alta precisão, computadores subs- tituem o motorista humano na tomada de decisões. Mas, por falta de permissão para que cir- cule nas ruas e por questões de segurança, o CaRINA 2 só pode ser testado dentro do campus da universidade. Isso prejudica a fase de validação, que precisa de muitos quilômetros rodados no ambiente urbano real. Ironicamente, a segurança é considerada uma das principais vantagens da nova tecnologia. Além de reduzir o risco do fa- tor humano— já que as pessoas falam ao celular enquanto diri- gem, se distraem e, pior, diri- gem bêbadas —, os sensores e câmeras ampliam o grau de vi- são e eliminam pontos cegos. A comunicação por radiofrequên- cia entre os automóveis e aler- tas para pedestres seriam ou- tros recursos que diminuiriam o número de acidentes emortes no trânsito (veja dados ao lado). Com vias mais seguras, os carros não precisariam de car- rocerias robustas para atenuar impactos, o que proporcionaria economia de combustível. De acordo com um estudo publi- cado pela Rand Corporation, instituição de pesquisa que desenvolve análises para o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, a tecnologia pode economizar de 4% a 10% de combustível simplesmente por acelerar e frear de modo mais eficiente que um humano. E há ainda potencial para que programas de compartilhamen- to de automóveis se tornem mais comuns, uma vez que será possível buscar pessoas sem um motorista, reduzindo o número de carros nas ruas. “Isso vai acontecer, só é difícil precisar quando e onde”, afirma o engenheiro Ricardo Takahira, da Sociedade dos Engenheiros Automotivos (SAE). Além de empresas de tecno- logia, montadoras tradicionais estão interessadas nesses recur- sos: a alemã Volkswagen e a ja- ponesa Toyota afirmaram que o desenvolvimento de carros au- tônomos está em seus planos de investimentos. Embora exis- ta uma expectativa de que esses veículos comecem a circular nas ruas a partir de 2020, Takahira não é tão otimista. “Cada vez que um acidente como o da Tesla acontece, o processo so- fre atrasos”, explica. Estudos como o da Rand Corporation ajudam a orientar a formula- ção de políticas e leis para li- dar com a nova realidade, mas é difícil determinar como essa adaptação ocorrerá. Afinal, além da preocupação com a segurança, questões de infraestrutura ainda precisam ser resolvidas: para que câme- ras e sensores reconheçam um semáforo, uma calçada, uma faixa de pedestres ou simples- mente a linha que divide duas vias, é necessária a padroniza- ção e boa manutenção realiza- da pelos órgãos responsáveis pela administração viária. Nos Estados Unidos, alguns estados já possuem legislação que permite a circulação dos veículos em situações e locais específicos. Em Nebraska, por exemplo, caminhões autôno- mos podem andar em comboio em uma faixa exclusiva em al- gumas estradas. No Brasil, por enquanto, fala-se pouco — ou quase nada — sobre o assun- to. “Precisamos começar a nos mexer, nem que seja copian- do as regras de outros países”, ressalta Ricardo Takahira. “Se isso acontecer, poderemos ter carros autônomos circulando entre cinco e dez anos depois que o primeiro país passar a utilizá-los.” Seria importante que, nesse período, fossem tampados os buracos nas ruas e realizados investimentos pú- blicos em educação para mo- toristas. Mas talvez seja mais fácil esperar pela chegada dos carros autônomos...Fon te s: Au to no m us Ve hi cl e Te ch no lo gy — A Gu id e fo rP ol ic ym ak er s; Re la tó rio Re tr at o da Se gu ra nç a Vi ár ia no Br as il 20 14 P.0909.2016 302AMabre.indd 9 12/08/2016 19:48:29 FIG. 02 - AM FIG. 03 - EB trio dengue, zika e chi- kungunya entrou na mí- dia para não sair mais; a “pílula do câncer” deu uma dor de cabeça inesquecível para a Anvisa, a agência sanitária brasileira; e a eficácia da maconha como tratamen- to é alvo de disputa ideológica. Motivo é o que não falta para investir em pesquisa clínica em um país de população, território e problemas tão grandes. Mas não é isso o que acontece. Apenas 1.535 protocolos de pesquisa foram abertos no Brasil nos últimos três anos, o equivalente a 2,17% dos 70.650 estu- dos clínicos registrados no mundo. Só os Estados Unidos concentram um terço do total de trabalhos, com 23.993. Além de falta de verba e experiência, as pesquisas brasileiras sofrem com uma burocracia de dar inveja às obras de Franz Kafka. A investigação dos efeitos de doenças e fármacos em seres humanos suscita questões éticas, o que tor- na indispensável a atuação de agências reguladoras na averiguação e autorização dos estudos. Mas a falta de critérios claros e de uma legislação específica so- bre o assunto acaba fazendo com que uma pesquisa demore até um ano para ser aprovada no Brasil, con- tra os dois meses costumeiros nos EUA. A consequência? Ficamos para trás em trabalhos que deveríamos liderar. De 35 estudos registrados sobre a dengue nos últimos três anos, apenas seis foram sediados aqui. O último esforço contra a len- tidão é o Projeto de Lei 200/2015, proposto pelo de- putado federal Fábio Franke e que, atualmente, está em tramitação no Senado. O Conselho Nacional de Saúde, porém, emitiu carta aberta criticando a ini- ciativa — a instituição afirma que alguns pontos do projeto de lei tirarão dos pacientes o acesso gratuito a medicamentos após os testes e limitariam a parti- cipação dessas pessoas nos comitês de ética. O NOVO NASCEU VELHO PesquisasclínicasnoBrasil correspondemaapenas 2%dostrabalhosfeitosnomundo— PORBRUNOVAIANO O OPROBLEMAÉANTIGO: estudoqueanalisou 1,5 milhãodepesquisaspublicadas entre 1779e2011 em 25 países concluiu que cientistas homens mencionam os próprios artigos científicos 56% maisvezes doque asmulheres. Considerando as duas últimas décadas, os homensfizeram70%a mais de autocitações — a diferença se mantém nomesmo patamar há pelomenosmeio século. Homens citamos próprios trabalhos commais frequência do quemulheres OSCIENTISTAS SEACHAM “Sehomens sãomaisdispostosa ci- tarospróprios trabalhos, os artigos parecerão ter maior qualidade por conta do esforço individual de au- topromovê-los”, diz o estudo. Uma das justificativas para essa prática, de acordo com a pesquisa, seria o fatodeoshomensacreditaremque estãomenossujeitosaacusaçõesda comunidade científica. Molly King, líder da pesquisa e socióloga da Universidade de Stanford, considera ser impossí- vel definir a quantidade correta ou apropriada de autocitações, que muitas vezes são fundamen- tais para os leitores entenderem o histórico de um assunto ou um programa de pesquisa. “Comitês de admissão, promoção e garantias de estabilidade em universidades precisam se ajustar ao fato de que mulheres são menos propensas a citar os próprios trabalhos”, diz. “Podemos remover as autocita- ções da contagem geral, isso se- ria uma mudança estrutural que ajudaria a diminuir o impacto das diferenças de gênero na carreira acadêmica”, completa King. P. 10 09.2016 302AMpesquisaHOMENSdna.indd 10 12/08/2016 12:38:38 FIG. 04 - BJ CÉLULA NOCELULAR Cientistas da Microsoft fabricam DNA sintético para armazenar dados e iniciar uma nova era para a computação — PORB.V. ATÉ 2020, a humanidade terá de armazenar 44 trilhões de gigabytes de dados, nas previsões mais animadoras. E não há espaço físico sufi- ciente nos servidores das gigantes da tecno- logia para tantos memes e fotos de cachorros. Até agora. Pesquisadores da Microsoft e da Universidade de Washington acabam de usar uma molécula de DNA sintética como um pen drive biológico, e guardaram ali, em vez de in- formações sobre o corpo humano, um clipe da banda de rock alternativo OK Go. E isso pode ser uma ótima solução por vários motivos. Se você assistiu a Jurassic Park, sabe que o DNA é uma molécula dura na queda. O ma- terial genético de animais que passaram pela Terra há milênios pode ser analisado com su- cesso, por exemplo. Além da resistência, há o tamanho. O DNA é pequeno. Tão pequeno que 1 bilhão de gigabytes cabem em ummontinho da molécula menor que um dedão do pé. Não é fácil modificar a informação depois que ela é salva ali, mas isso não é prioridade. “O DNAnão precisa ser regravável. Ele é tão compacto e tão abundante que é mais prático produzir mais”, explica Luis Henrique Ceze, cientista brasileiro responsável pela pesquisa e professor do de- partamento de ciência e engenharia da compu- tação da Universidade deWashington. Para os pesquisadores, a aplicaçãomais plau- sível doDNAé justamente comobackup.Mas co- locar informaçõesemumamoléculanãoé fácil: o DNAécompostodesequênciasdebasesnitroge- nadas, representadaspelas letrasA,D,CeG—um sistemadebasequatro.Jáocódigobináriousado pela computaçãotembasedois etodaa informa- çãoé construída apartirdas combinaçõesde “0” e “1”. O primeiro passo, portanto, é transformar númerosem letras.Depois, criar em laboratório umamolécula com a sequência correta, ou seja, que já nasça com o arquivo armazenado. Nas palavras de Ceze, “esse pode sero início de uma nova forma de fazer computadores”. EXISTEM LEIS PARA CRIMES ESPACIAIS? Pedro Alencar, via Facebook Atéhoje, não foi registrado nenhumcasode incidentes criminais cometidos porastro- nautas durante suas missões espaciais. Casoumatragédia acontecesse na EstaçãoEspacial Internacional, no entanto, a briga R: SEM DÚVIDA diplomática seria feia: de acordo com os tratados, as ju- risdições nacionais se estendemaos módulosfinancia- dosporcadapaís. Ou seja, se um astronauta francês assassinasse um norte-americano emum laboratório depesquisas da Rússia, o criminoso seria julgado em umtribunal russo quando retornasse àTerra.Mas as brechas doacordo certamente seriam utilizadas pelas nações paraprote- gerseus cidadãos da extradição. Daí, haja esforçode negociaçãopolítica para o julgamento dessemalfeitor astronauta... de 16 a 24 anos são infectadas pelo vírus HIV todos os dias em países do sudoeste africano. De acordo com dados de um centro de estudos sobre a aids naÁfrica do Sul, em geral elas são infectadas por homensmais velhos: as adolescentes têm oito vezes mais riscos de adquirir a doença em relação a rapazes damesma idade. MULHERES 1.000 P. 1109.2016 302AMpesquisaHOMENSdna.indd 11 12/08/2016 12:38:39 Fig. MAIS DE 5 MIL LANÇAMENTOS de objetos ao espaço foram realizados desde que o Sputnik se tornou o pri- meiro satélite artificial a sair da Terra, em 1957. O resultado da aventura es- pacial? Pedaços de foguetes e satélites velhos ficaram vagando aos milhares, sobretudo na órbita baixa, onde se concentram dois terços dos objetos. O problema é que, em algumas dé- cadas, a situação estará insustentável: será quase impossível que um objeto seja lançado sem colidir comesses de- tritos espaciais. Para reverter o qua- dro, aAgência Espacial Europeia (ESA) planeja uma missão de vanguarda, Seis décadas de era espacial transformaram a órbita terrestre em um lixão, mas agência europeia quer começar a limpar a sujeira que fizemos a e.Deorbit. Com lançamento pre- visto para 2023 e orçamento esti- mado de até 400milhões de euros, o plano de remoção do lixo espacial consiste em transportar demanei- ra segura os satélites desativados até a atmosfera terrestre, onde serão devidamente destruídos. Para isso, a missão combinará tecnologias de ro- bótica, navegação e controle de sistemas. A missão ainda precisa de aprovação, mas técnicas para a limpeza espa- cial já estão emestudo (veja no box ao lado). “A ESA poderá desenvol- ver uma operação sustentável da frota espacial que servirá demode- lo para outras agências”, diz Jessica Delaval, coordenadora do projeto. As tecnologias inaugurarão o mercado dos “guinchos espaciais”, naves que prestarão diversos ti- pos de serviço em órbita, como transportar, reabastecer e reparar satélites. “A exploração espacial se tornarámais acessível, permitindo a expansão do alcance humano no espaço”, afirma Delaval. SATÉLITE GARI EFEITO CASCATA AESAestimaquea cada cinco anos acon- teça uma colisão. Apiordelas foi em 2009, quandodois satélites se chocaram a42mil km/he liberaram2mil detritos emórbita FIMDALINHA Apoeira do cometa acelerou o desgaste da Rosetta. A energia solar disponível dimi- nui a cada dia, o combustível está no fim e a comunicação se dificulta. Não há como prolongar essa missão. LIXÃOCÓSMICO COMO AMISSÃO E.DEORBIT QUER FAZER UMA FAXINA ESPACIAL há dois séculos, a Pedra de Ro- setta permitiu que os hieróglifos egípcios fossem decifrados. O ar- tefato inspirou a Agência Espacial Europeia a criar uma missão de mesmo nome e com propósitos bem parecidos. Só que, em vez de desvendar enigmas de uma antiga civilização terrestre, o objetivo da sonda era revelar segredos ainda mais inacessíveis, que remetem a tempos nos quais a Terra nem OÚLTIMO ATO DE ROSETTA Em nome da ciência, sonda colidirá contra o cometa que estudou ao longo de dois anos Fonte:UCS – Dez./2015 é o número de satélites ativos no espaço é o número de satélites que pertencem aos EUA568 1.381 ECLIPSE ANULAR DO SOL SOBREAÁFRICA Por três horas emeia durante amanhã, o continente africanoverá o Sol escurecido. Empartes daÁfrica Central, deMadagáscar e doOceano Índico ocorrerá um eclipse anular— quando a Lua cobre boa parte do Sol. Omelhor lugar para observação será no sul da Tanzânia, aomeio-dia (hora local). 1 MELHOR DIA PARA OBSERVAR NETUNO Netuno entrará em oposição, quando se alinha com a Terra e o Sol, atingindo o ponto mais próximo de nós neste ano. Mas o oitavo planeta só é visível com binóculos. Surge no leste logo após o crepúsculo e se põe no oeste antes da aurora, sempre na constelação de Aquário. 2 ECLIPSE PENUMBRAL DA LUANONORDESTE Ofimdoevento no leste, entre 17h30 e 18h, por servisível na Eurásia,África eOceania, só poderá serobservado empouquíssimas cidades brasileiras.ALua ganha tonalidade avermelhada devido à interação dos raios solares coma atmosfera terrestre. JoãoPessoa eRecife têmmelhores chances de observação do fenômeno. 16AGENDA - - 4 11 18 25 - 7 8 14 21 28 5 12 19 26 1 15 22 29 - 6 13 20 27 2 9 16 23 30 3 10 17 24 - Setembro 2016 ssd s t q q sequer existia. Se o espaço fosse o Egito, os cometas seriam as pirâ- mides: eles preservam o material primordial que formou os plane- tas. Lançada em 2004, a Roset- ta viajou dez anos até chegar ao cometa 67P/Churyumov-Gerasi- menko. Agora, é o momento de dizer adeus. “A Rosetta será colo- cada em trajetória de colisão”, diz Matt Taylor, astrofísico da mis- são. Tudo pelo bem da ciência. P. 12 09.2016 PORANDRÉJORGEDEOLIVEIRA LU- NE- TA 302AMluneta.indd 12 12/08/2016 19:49:29 LUNETA LIVE As principais notícias espaciais da semana são comentadas em transmissão ao vivo. TODASAS SEXTAS, ÀS 16H, NANOSSA FANPAGE. ASSISTA! Fig. 05 -EB Fig. 06 -EB SUJEIRA SEM FIM ROSETTAE SUAPEDRA Com 11 instrumentos e omódulo de pouso Philae a bordo, a sonda viajou por seis anos e hibernou por quase três. Em agosto de 2014, entrou na órbita do cometa. Um ano depois, se aproximou do Sol e, agora, segue rumo à órbita de Júpiter. ONDENINGUÉMJAMAIS ESTEVE O ápice da missão foi o pouso do módulo Philae no cometa. Ele perfuraria e analisaria a superfí- cie, mas os arpões de fixação falharam. Quicou por três quilômetros, parou na sombra, hiber- nou eternamente e foi abandonado em julho. MORTE DE KAMIKAZE No início do ano passado, os controladores optaram pela colisão para que, a poucos metros da superfície, a sonda colete dados valiosos e tire ótimas fotos. As manobras começam em agosto — e podem falhar. Fonte: ESA/2013 Livro desvendamistérios dos buracos negros e relata como amente humana foi capaz de compreendê-los O QUE VOCÊ CONSIDERA MAIS FASCINANTE SOBRE OS BURACOS NEGROS? Eles foram imaginados pelo pen- samento científico muito antes de serem descobertos, e isso é incrível. Buracos negros são simples como par- tículas fundamentais gigantes, mas também são lugares onde a gravidade e o mundo quântico se interceptam. São portais para o desconhecido. COMOOS BURACOS NEGROS DERAM FORMA AO UNIVERSO E PERMITIRAMQUE, NESTEMOMENTO, ESTEJAMOS CONVERSANDO AQUI? Buracos negros são surpreenden- temente bons em gerar energia: ela transborda para fora a partir da matéria derramada para dentro. Os supermassivos, localizados no centro de galáxias, modificam a história de centenas de bilhões de estrelas e sistemas planetários, ajudando a determinar o número de estrelas. Nossa galáxia tem apenas um buraco supermassivo modesto no centro, mas isso pode ser crítico. Pode ser parte do porquê de estarmos conver- sando aqui e não em outra galáxia. COMO AS ONDAS GRAVITACIONAIS VÃOMUDAR NOSSO ENTENDIMENTO SOBRE ESSES OBJETOS? Os dados ajudarão a entender como buracos negros com bilhões de vezes a massa do Sol se desenvolvem. Eventualmente, vamos detectar a fusão de buracos supermassivos. Agora, temos um sistema de “aviso prévio”: saberemos para onde apon- tar outros telescópios para vê-los colidindo e desvendar seus segredos. SE ALGUMDIA DESENVOLVERMOS UMA TECNOLOGIA INSANA QUE NOS PERMITA COLETAR A ENERGIA DOS BURACOS NEGROS, COMO ISSO IMPACTARIA NOSSA CIVILIZAÇÃO? Teríamos energia ilimitada, pode- ríamos construir qualquer coisa, fazer a reengenharia de mundos e de estrelas. Mas ainda temos grandes desigualdades e injustiças em nosso planeta que, em parte, se devem justamente à energia e à tecnologia. Humanos do futuro cultivando energia de buracos negros teriam de ser muito cuidadosos para não destruir a própria civilização pelo mesmo tipo de negligência. A FÍSICA DE NEWTON orientou o naturalista John Michell a conceber, em 1783, a ideia de um bura- co negro. Foram apenas os estudos de Albert Einstein, entretanto, que tornaram o fenômeno mais factível. Caleb Scharf, astrobiólogo que conta essa história no recém-lançado livro Segredos daGravidade, explica como buracos negros influenciam galáxias e a vida na Terra. OBURACONEGRO ÉMAIS EMBAIXO BRAÇO ROBÓTICO Umadasopções em estudo.Afase de captura é complexa, pois é preciso sincronizarperfeitamente a taxade rotaçãodosdois satélites. Emcompensação, o transporte ébemsimples. CAIU NA REDE É LIXO Outra opçãopromissora é arremessaruma rede sobre o alvo.Assim, as coisas se invertem: a captura é fácil, masmantero controle dos objetos émais complicado. CARONA PARA BAIXO O satélite realizará manobras para que objetos espaciais bemmaiores que ele reentrem na atmosfera sobre o Oceano Pacífico e sejam destruídos. 29MIL pedaços maiores que 10 CM COLISÃO: fragmentaria umsatélite 670MIL pedaços maiores que 1 CM COLISÃO: penetraria os escudosda ISS 170MILHÕES depedaços maiores que 1 MM COLISÃO: destruiria sistemas de sondas 1 2 3 P. 1309.2016 302AMluneta.indd 13 12/08/2016 19:49:32 42 METROS é a envergadura do Aquila, drone desenvol- vido pelo Facebook para oferecer conexão de internet sem fio em áreas remotas do planeta. Revelada em julho, a aeronave fun- cionará com energia solar e pretende operar sem interrupções durante 90dias, voando de modoremotoamaisde 18milmetrosdealtura Fig. 07 -BJ 20 anos analisa as condições atmosféricas de grandes cidades brasileiras. Eles cal- culam que sejam queimadas 48 toneladas de lenha por cada pizzaria da região me- tropolitana de São Paulo todo ano — uma liberação diária de 321 quilos de partículas nocivas à saúde. O horário em que os for- nos são acesos também é um agravante. “No início da noite, as emissões são mais concentradas e a atmosfera é mais está- vel, com menor dispersão de poluentes”, afirma Maria de Fátima Andrade, do IAG. A pizza, é claro, não é a principal cul- pada pela devastação ambiental. “Os veículos são responsáveis por mais de 90% das emissões de gás carbônico e 80% das emissões de óxido nitroso”, afirma. “Já a queima de lenha em restau- rantes não deve ultrapassar 3%. É uma fração pequena.” O problema, no entan- to, não está no tamanho da contribuição, mas no tipo de partícula liberada pelos fornos a lenha. “Nos processos de queima de combustíveis fósseis e de biomassa há a emissão de partículas de fuligem”, diz Andrade. “Elas afetam a saúde e o clima, pois absorvem radiação solar e estão associadas ao aqueci- mento da atmosfera.” Ou seja: se você deseja ajudar a com- bater o aquecimento global, ainda é mais vantagem não tirar o carro da garagem. Mas o vício paulistano na pizza já atingiu a condição de um peque- no problema ambiental. Haja azeite! INFELIZMENTE, ATÉ A SAGRADA PIZZA do fim de semana faz mal para o meio ambiente. A incriminação da redonda resulta das pesquisas de um grupo do Instituto de Astronomia e Geofísica da Universidade de São Paulo (IAG-USP), que há mais de MEIA MUSSARELA, MEIA AQUECIMENTO GLOBAL Uma verdade trágica: pesquisa realizada no Brasil afirma que alenhaqueimadaempizzariascontribuiparaapioradaqualidade do ar e causa problemas à saúde — PORBRUNOVAIANO CONCENTRADO em uma fina camada da atmosfera, o ozônio é responsável por ab- sorver a radiação do Sol no- civa à vida terrestre. Todos os anos, a quantidade de ozônio na atmosfera dimi- nui entre agosto e outubro. Neste ano, porém, a redução será a menor em décadas. Pesquisadores analisaram o tamanho do buraco da camada entre 2000 e 2015 e constataram que o rom- bo encolheu cerca de 4,5 milhões de quilômetros quadrados desde o início dos estudos, quando a des- truição estava no auge. Essa área é equivalente à metade do território brasileiro. “É possível ficarmos confiantes de que o planeta está no caminho da cura”, afirma Susan Solomon, uma das autoras do estudo e professora do MIT. Uma das medidas que ajudaram a reverter o problema foi o Protocolo de Montreal, tratado internacional de 1987 que estabeleceu a substituição do consumo de substâncias com alto potencial de destruição do ozônio, como os cloro- fluorcarbonetos (CFCs), utilizados em sistemas de refrigeração e aerossóis. ACURADA CAMADA DEOZÔNIO Estudo indica que o buraco na camada encolheumais de 4milhões de quilômetros quadrados neste século P. 14 09.2016 302AMpizzaNOTAVEISzumbiOZONIO.indd 14 12/08/2016 12:50:33 Fig. 08 -EB Fig. 09 -AM Prestes a completar25anos, após con- cluirasgraduaçõesemAdministraçãoe Direito, VitorBelotaprojetavaumavida confortável para o futuro, trabalhando emumaempresade importações.Mas, ao perceberquenãogostavada carrei- ra corporativa, o jovem decidiu fazer um intercâmbio que mudaria sua vida. “Queria algo queme tirasse da zona de confortoeampliasseoshorizontes”, diz. Por meio de amigos, ele descobriu a possibilidade de ir para o Quênia dar aulas em comunidades pobres. Ao entrar na sala de aula para minis- trarcursosde inglês ematemáticapara crianças, descobriu que as classes não eram iluminadas. Diante disso, Belota encontrou uma solução criada pelo inventor mineiro Alfredo Moser: fazer buracos no teto das escolas e encaixar garrafasPETcheiasdeáguaealvejante, para que a luz solar incidisse commais intensidade.A iniciativa deu certo e, ao longo do intercâmbio, Belota ajudou a realizarmais de 140 instalações. De volta ao Brasil, ele criou a ONG Litro de Luz, que instala postes de luz solar em comunidades — o projeto já realizou mais de 3 mil instalações até agora. “O objetivo é capacitaras comu- nidadesparaquedeemcontinuidadeao trabalho”, afirma o jovem de 27 anos. FAÇA-SEA LUZ Trabalho voluntário inspirou jovem a ajudar comunidades que não dispõem de energia elétrica POR ISABELAMOREIRA ODESPERTAR DOSMAMUTES CIENTISTAS DESEJAM REVIVER A ESPÉCIE EXTINTA PARA IMPEDIR ALTERAÇÕESCLIMÁTICAS PORSAMUEL LIMA* ma medida excêntrica com fins nobres: pesquisadores planejam reviver uma espé- cie extinta, o mamute-lano- so, para impedir que mudanças ambien- tais no Ártico prejudiquem o planeta. De acordo com os estudos, o derretimento do permafrost, camada de gelo que recobre boa parte do extremo norte, liberaria ga- ses de efeito estufa em uma escala nunca vista — seria como o resultado da queima de todas as florestas do mundo por duas Alterações na Consoli- dação das Leis do Trabalho (CLT) para a retirada de direitos trabalhistas não afetariam dire- tamente aqueles que ocupam a Presidência da República: apesar de exercerem cargos públicos, titulares do alto escalão do poder do Estado são consi- derados agentes polí- ticos, com umvínculo que não é profissional. No caso do presidente, por exemplo, não existemdetermina- ções específicas que estipulamuma jornada de trabalho, já que o exercício domandato é estabelecido durante o período determina- do pela Constituição. Ainda assim, o salário mensal de R$ 27.841 não está imune aos descontos do Imposto de Renda e da Previdência Social. R:PRESIDENTES DA REPÚBLICA TÊM CARTEIRA DE TRABALHO? Matheus Salles, via Facebook SEM DÚVIDA vezes e meia. A ideia é reviver o mamu- te para que eles recriem o ecossistema existente há 10 mil anos, em que as gra- míneas protegiam o permafrost do calor, distribuindo nutrientes no solo. Não faltam esforços dos cientistas para tirar o projeto do papel. Depois de se- quenciar todo o DNA do mamute-lanoso, os pesquisadores “recortarão” os genes do animal extinto e realizarão uma inser- ção no genoma da espécie mais próxima, a do elefante asiático. As células-tron- co recém-criadas serão transformadas em células germinativas, o que tornará possível a gravidez em uma elefante fê- mea. “Não será uma réplica exata, mas algo bastante parecido com o mamute”, afirma Hendrik Poinar, um dos integran- tes do grupo e biólogo evolucionista da Universidade McMaster, no Canadá. Para sobreviver ao frio intenso do Ártico, o animal criado precisará de três alterações principais: liberação de oxigê- nio na corrente sanguínea em temperatu- ras muito baixas, gordura subcutânea e pelos grossos revestindo o corpo. Os tes- tes de clonagem devem começar em 2018. U NOTÁVEIS P. 1509.2016 *Com reportagem de Cartola Agência de Conteúdo 302AMpizzaNOTAVEISzumbiOZONIO.indd 15 12/08/2016 12:50:34 Fonte:Universidade de Buenos Aires Fig. 10 -BJ Fig. 11 -EB SE ESTIVER PAQUERANDO alguém que more em uma tribo amazônica, um avi- so: montar uma playlist com os sucessos de Marvin Gaye pode não deixar o clima tão romântico quanto o esperado. Pes- quisadores do Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT) e da PUC do Chile fizeram experimentos com uma tribo que vive na região amazônica da Bolívia para descobrir que a cultura tem um papel de- terminante na percepção de sons. De acordo com o estudo, publicado na revista científica Nature, os participantes da pesquisa ouviram diferentes sons e ava- liaram o quanto eles eram agradáveis, em uma escala de 1 a 4. Nos Estados Unidos, a resposta foi a esperada: os norte-america- nosmostraram preferência pelos sons con- sonantes, considerados mais agradáveis aos ouvidos ocidentais por apresentarem intervalos harmônicos. No interior e na capital da Bolívia, os ritmos consonantes também foram os preferidos. Já o grupo de 64 pessoas da tribo Tsimane’, que teve pouco contato com influências culturais do Ocidente, mostrou-se indiferente tanto a sons consonantes quanto dissonantes — considerados descompassados em relação à harmonia musical tradicional. Os pesquisadores, então, pediram aos Tsimane’ que avaliassem sons mais ou menos alegres, como risadas e suspiros. Dessa vez, as referências felizes ganharam mais adeptos na tribo— o que provaria que, ao contrário dos estilos musicais, alguns sons sãomesmo universais. “Os resultados indicam que a preferência pela consonân- cia pode não existir em culturas suficien- temente isoladas da música ocidental”, diz o estudo. “Por isso, é pouco provável que essa preferência reflita características inatas ou exposição a sons harmônicos naturais.” Argentina é o país que apresenta um dos maiores índices de psicólogos por habitantes do mundo: NODIVÃ PORTENHO CADA TRIBO COMSEU SOM Influênciasculturaissão decisivasparadefinirogosto musical—PORSAMUELLIMA* 198 46% 100MIL HABITANTES psicólogos para cada dos profissionais trabalham em Buenos Aires P. 16 09.2016 *C om re po rt ag em de Ca rt ol a Ag ên ci a de Co nt eú do 302AMjetlagMUSICAbitcoin.indd 16 12/08/2016 13:08:22 Fig. 12 -AM A INTENSIDADE DOMAL-ESTAR causado pelas mudanças de fuso horário ao desembarcar em outro país é, em grande parte, uma questão de destino: quemviaja para locais que estão a leste de seu fuso horário sofre mais com os efeitos do desconforto, chamado popularmente de jet lag. Para chegar a essa constatação, cientistas da universidade norte-americana de Maryland Cientistas criammodelomatemático para calcular jet lag e explicamporque viajar para o leste é pior—PORS.L. DESAJUSTE NORELÓGIO desenvolveram ummodelo mate- máticoque simulao comportamen- to de células do hipotálamo, região do cérebro que controla o relógio biológico dos seres humanos. De acordo com os estudos, uma pessoaqueviajanove fusoshorários para leste—deSãoPaulo aBangla- desh, por exemplo — precisaria de 13diaspara se recuperardosefeitos do jet lag. Se o destino for as Ilhas Fiji, nove fusos no sentido oeste, o tempodeadaptaçãocairiaparaoito dias. A explicação para isso é que o ciclobiológicodocorpohumanotem maisde24horasesofreriaas conse- quências do “encurtamento” do dia causado por umaviagem a leste. Os cientistas afirmam que via- jar para uma distância longa e sal- tarmais fusos a leste pode causar menos confusão no relógio bioló- gico do que viajar para paísesmais próximos. Quando se desembarca no outro lado domundo, saltando 12 fusos horários, o tempo para se recuperar do jet lag é de dez dias, período menor de adaptação em relação ao de quemvisita um local com distância de nove fusos. EM 2009, os entusiastas da tec- nologia declararam que o sistema monetário tradicional e todos os bancos enfrentariam seu derradei- ro fim: amoeda virtual bitcoin ino- vava ao desenvolver o blockchain, sistema descentralizado para re- gistrar as transações financeiras. Emoutras palavras, não seriamais necessário um intermediário para realizar as negociações, tornando os bancos obsoletos. Acontece que a tecnologia não decolou como era supostoe, agora, opróprio sistemabancário adotará o sistema. Em julho, um grupo de sete empresas, incluindo Santander e UniCredit, anunciouque realizarãotransferênciasdedinhei- roentrepaísesutilizandoativosdigitais daplata- formaRipple, empresa sediada na cidade norte- -americana de San Francisco. Emvez de fazeros pagamentospormeiode contasemmoeda local, eles converterão osvalores para amoedadigital doRipple, chamadadeXRP, oqueagilizaráopro- cesso e reduzirá custos e intermediários. Ainda nesteano, oBradescoeo Itaú se juntaramamais de40corporaçõesaoaderirao consórcioR3, em- presa internacional de tecnologia que estuda e cria padrões para o uso do sistema blockchain. E atémesmoos governos parecem interessa- dosnatecnologia: oBancoda Inglaterrapublicou um estudoemqueavalia aviabilidadedacriação deuma “moedadigital debanco central”. Quanto à bitcoin, já estão em circulação 15,8 milhões de unidades damoeda virtual, que esteve cotada a cerca de US$ 570 em agosto. “Os dois maiores usos sãoparaenviodedinheiropara foradopaís epara investimentode formaespeculativa”, afir- ma Fernando Ulrich, economista e consultor do InstitutoMises Brasil. Segundo ele, o volume de negociação de bitcoins nas bolsas brasileiras foi de R$ 164milhões no primeiro semestre do ano, superando as transações em ouro da Bovespa. MOEDA CARETA Bancos adotarão tecnologia da moeda virtual bitcoin, criada justamente para enfrentar o sistema financeiro tradicional “NEM A DINAMARCA OU A SUÉCIA OFERECEM PROGRAMA TÃO GENEROSO” MENDONÇA FILHO, MINISTRO DA EDUCAÇÃO, COM UMA JUSTIFICATIVA ESCANDINAVA PARA O CORTE DE VERBAS SOFRIDO PELO PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS A concessão de novas bolsas para estudantes de graduação, que correspondem a 79% dos beneficiados pelo programa, foi interrompida pelo governo. Criada em 2011, a iniciativa favoreceu quase 93 mil estudantes desde então. POR SAMUELLIMA P. 1709.2016 302AMjetlagMUSICAbitcoin.indd 17 12/08/2016 13:08:23 Fig. 13 - EB GUERRA SEM FIM Depois de 15 anos dos atentados de 11 de setembro, a guerra ao terror planejada pelos países ocidentais só fez aumentar a insegurança internacional — POR THIAGO TANJI 11 SET. 2001 O maior atentado em solo norte-americano aconte- ce com o sequestro de aviões que se chocam contra as torres do World Trade Center, em Nova York, e com o prédio do Pentágono, em Washington — 2.996 pessoas morrem. A Al-Qaeda, organização liderada por Osama Bin Laden, assume a autoria dos ataques. Como resposta, os Estados Unidos invadem o Afeganistão, que abrigava Bin Laden. 26OUT. 2001 O presidente norte- -americano George Bush sanciona o “Ato Patriota”, per- mitindo intercep- tações de e-mails e ligações sem auto- rização judicial. 20MAR.2003 Com a alegação de que o Iraque abrigava armas de destruição em massa, os Estados Unidos invadem o país e derrubam o regime de Saddam Hussein. ABR. 2004 Reportagens da imprensa norte- -americana revelam fotos de tortura e abusos cometidos pelo exército dos Esta- dos Unidos contra prisioneiros ira- quianos na prisão de Abu Ghraib. Por conta da pressão da opinião pública, o governo de George Bush leva os militares envol- vidos nos crimes à Corte Marcial. 11 MAR. 2004 Três dias antes das eleições gerais na Espanha, terroris- tas inspirados pela Al-Qaeda explodem bombas em quatro estações de metrô de Madri. O atentado causa 191 mortes e mais de 2 mil feridos. 7 JUL. 2005 Um dia após Londres ser escolhida como sede da Olim- píada de 2012, três explosões no metrô londrino e em um ônibus público causam a morte de 56 pessoas. Um grupo ligado à Al-Qaeda anunciou a ação. 28JUN. 2006 Israel inicia a pri- meira grande ofen- siva contra a Faixa de Gaza, território habitado pela po- pulação palestina. Sob a alegação de desarticular grupos extremistas, as tropas israelenses cortam o abasteci- mento de água, ali- mentos e serviços de infraestrutura. 14 SET. 2010 O Senado da França aprova uma lei que proíbe o uso de véus islâmicos em locais públicos. A medida, tomada com a justifi- cativa de respeito aos “princípios republi- canos” do país, é criticada como uma ação que alimenta a xenofobia e o precon- ceito à religião mu- çulmana na Europa. 18 DEZ. 2011 Os Estados Unidos retiram suas últimas tropas do Iraque. Oito anos após a invasão, no entanto, o cenário ainda é de estabilidade política e fortalecimento de grupos extremis- tas em diferentes regiões do país. 15MAR. 2011 Os protestos contra o governo do presidente da Síria, Bashar al-Assad, levam ao início de uma guerra civil. A instabilidade dá espaço para o sur- gimento de organizações extremistas, como o Es- tado Islâmico. Durante o conflito, o grupo domina territórios na Síria e no Iraque, proclamando a criação de um “Califado Islâmico” em 2014. 2MAI. 2011 Quase dez anos depois, o governo norte-americano anuncia a morte de Osama Bin Laden após uma operação militar na cidade de Abbottabad, no norte do Paquis- tão. O cadáver do líder da Al-Qaeda fica sob custódia militar e é sepul- tado no Mar da Arábia, de acordo com a versão oficial do governo norte-americano. OUT. 2015 Reportagem pu- blicada pelo jornal norte-americano The Intercept revela documentos indi- cando que nove em cada dez pessoas mortas em ataques de drones não eram os alvos principais das operações. O uso de aeronaves não tripuladas para assassinar terroris- tas aumentou a par- tir do início do go- verno do presidente Barack Obama. 13 NOV. 2015 A França, que pre- senciara o massa- cre de jornalistas do periódico Charlie Hebdo no início de 2015, vive outro atenta- do de larga escala: explosões com homens-bomba e ataques com fuzis acontecem de maneira simultâ- nea em diferentes regiões de Paris, a capital francesa. 14 JUL. 2016 O tunisiano Mohamed Bouhlel atropela com um caminhão a multi- dão que acompa- nhava uma queima de fogos na cidade francesa de Nice. O número de mortos chega a 85. 21 JUL. 2016 A Polícia Federal brasileira realiza a prisão de suspeitos de planejar ataques durante a Olimpía- da do Rio de Janei- ro. Supostamente, os envolvidos de- claram lealdade ao Estado Islâmico. P. 18 09.2016 MÁQUINA DOTEMPO 302AMmaquinaDoTempoTWEETSVA.indd 18 12/08/2016 13:21:32 Fig. 14 -AM EMUMAAVENIDA, civis correm e tentam se proteger da rajada de tiros disparada por uma metralhadora instalada em um helicóptero. Em outro vídeo, um político discursa no parlamento da Turquia quando é interrompido pelo som de uma explosão, que gera pânico no local. A cobertura em tempo real feita pelos cidadãos durante a a tentativa de golpe militar no país, em 15 de julho, também levou o presidente, Recep Tayyip Erdogan, a se manifestar pelo Twitter. “Sou ainda o presidente da Turquia e comandante-chefe: resistam ao golpe de Estado nas ruas e nos aeroportos.” Por meio de trocas de mensagens pelo WhatsApp, Facebook e Twitter, a popula- ção se organizou e saiu às ruas contra as tropas que ocupavam pontos estratégicos das principais cidades do país, Istambul e Ancara. O fator surpresa para a tomada EM ESTUDO divulgado pelo DataSenado, mulheres que con- correram nas duas últimas elei- ções apontaram medidas que contribuiriam para melhorar a re- presentação feminina na política. Nos dois anos, apenas 21% dos candidatos eram mulheres. violenta do Estado caiu por terra e os gol- pistas, então, passaram a ser golpeados: fotos e vídeos divulgados mostravam civis subindo nos tanques e tomando à força os fuzis dos soldados amotinados. Erdogan, que estava de férias em uma cidade no oeste do país, foi recepcionado por uma multidão no aeroporto de Istambul — ho- ras depois, o líder anunciaria que os revol- tosos tinham sido derrotados. Curiosamente, Erdogan não é um dos maiores entusiastas do livre fluxo de informações, que ajudou na defesa do golpe: em 2014, quando era primeiro-ministro do país, ele anunciou o blo- queio do Twitter por alguns dias, sob a alegação de que a empresa não cumprira ordens judiciais para a retirada de links considerados ilegais pelas autoridades. Neste ano, o líder já havia interferido no trabalho de jornalistas críticos ao seu governo. Após a tentativa de rebelião dos mi- litares, Erdogan fechou 45 jornais e 39 emissoras de rádio e TV, além de decretar a prisão de mais de 2,7 mil juízes e pro- motores e a exoneração de milhares de funcionários públicos. “As perspectivas para a democracia turca são as piores possíveis no momento”, afirma Sergio Luiz Cruz, professor livre docente em segurança internacional da Universida- de Estadual de São Paulo (Unesp). “O sistema de controle e equilíbrio, que é fundamental na democracia, deixa de existir e o presidente e seu partido ficam livres para implantar medidas radicais.” AREVOLUÇÃONÃO SERÁ TUITADA? Mobilização da população turca em redes sociais impede sucesso da tentativa de golpemilitar, mas a democracia no país ainda está ameaçada PORTHIAGOTANJI Fonte: DataSenado Pesquisa feita com candidatas das eleições de 2012 e 2014 sugere ações paramelhorar representatividade DIFERENÇA NAS URNAS IN VE ST IM EN TO NA FO RM AÇ ÃO DE NO VA SL ID ER AN ÇA SF EM IN IN AS 91 % 81 % 84 % PR ES EN ÇA DE MA IS MU LH ER ES EM CA RG OS DI RE TI VO SN OS PA RT ID OS MA IS ES PA ÇO NA MÍ DI AP AR AM UL HE RE S Aprovam a medida P. 1909.2016 302AMmaquinaDoTempoTWEETSVA.indd 19 12/08/2016 13:21:33 Fig. 16 - EB Fig. 15 - BJ A LUTA PARECE DESIGUAL. Em uma arena de combate com chão metálico, uma caixa quadrada é perseguida por Blacksmith, umamáquina que solta fogo e conta com ummartelo para destruir os ini- migos. Então, a reviravolta: com uma arma frontal que roda a 10mil rotações porminu- to, a caixinha de 113 quilos comandada por um controle remoto lança o adversário para o alto até destruí-lo. Fabricado pela equipe RioBotz, criada em 2003 por estudantes de Engenharia da PUC-Rio, oMinotaur é o re- presentante nacional na BattleBots, compe- tição de robôs de combate exibida na televi- são aberta dos Estados Unidos e que já faz sucesso entre os brasileiros: no YouTube, a luta entre Minotaur e Blacksmith regis- tra mais de 2,7 milhões de visualizações. Coordenador da construção da máquina de batalha, o professor de robótica Marco Antonio Meggiolaro aborda os principais desafios em desenvolver o brigão demetal. COMO FOI A FABRICAÇÃO DOMINOTAUR? O mais importante na fabricação são os deta- lhes: perdem-se muitas lutas por um compo- nente baratinho que não foi instalado direito, um fiozinho que soltou. Nossa filosofia foi a de desenvolver o robô mais compacto possível, para que ele tivesse muito mais robustez e su- portasse os ataques dos adversários. COMOFOIO“TESTDRIVE”ANTESDASBATALHAS? Esse foi um grande desafio porque não tínhamos como testar a pilotagem. Fizemos a avaliação da arma em um campo de golfe. Colocamos um blo- co de 15 quilos de alumínio e o robô arremessou essa massa para mais de 100metros de distân- cia. Uma boa técnica para testar a sobrevivência do robô é lançá-lo a dois metros de altura: se ele sobreviver, é um bom começo (risos). QUAISSÃOCONSIDERADASASMELHORES CARACTERÍSTICASDEUMROBÔDECOMBATE? Existem diferentes tipos de armas e é um jogo de pedra, papel e tesoura: alguns robôs levam vantagem sobre outros, mas se você construir uma tesoura bem-feita, ela ganhará da pedra. Alguns têm armas grandes e são ofensivos, des- truindo com um único golpe. Então, fizemos um robô com uma armadura grossa e bastante rápi- do para conseguir atacar os adversários por trás. ROBÔ BOM DE BRIGA Representante brasileiro no campeonatomundial de lutas robóticas, oMinotaur foi desenvolvido a partir de um projeto de estudantes de Engenharia—PORTHIAGOT. POKÉMON +BRASIL =AMOR Após semanas de espera, PokémonGo é lançado no país e já reúne histórias que nema realidade aumentada explica PARAONDEVÃO OSMETRÔS AOFINALDODIA DEOPERAÇÕES? Mônica Alves, via Facebook SEM DÚVIDA Quando o serviço diário é encerrado, os trens não ficam parados ao longo dos trilhos. Os veículos se diri- gem para pátios, onde passam pormanutenção e limpeza. Em São Paulo, por exemplo, o maior estacionamento dosmetrôs está localizado no bairro de Itaque- ra e pode receber até 60 composi- ções. Enquanto isso, trabalha- dores passam as madrugadas nos subterrâneos rea- lizando inspeções de infraestrutura, lavagem da via, solda de trilhos e substituição de equipamentos danificados. R: P.20 09.2016 302AMroboPOKEMON.indd 20 15/08/2016 15:06:58 A chegada oficial no Brasil do game para smartphones Pokémon Go causou comoção nacional. Instan- tes após o iOS e o Android libera- rem o download do aplicativo, em 3 de agosto, os maiores veículos de comunicação do país deram a notícia com destaque de plantão jor- nalístico. Não é para menos. Desenvolvido pela empresa norte-americana Niantic, o jogo utiliza recursos de realidade aumentada para a captura dos monstrinhos e já estimula a cria- ção de novos negócios com base na tecnologia. Desde seu lançamento mundial, em 5 de julho, mais de 100 milhões de downloads foram rea- lizados. As compras internas do game geram US$ 10 milhões diariamente. O Brasil, é claro, não deixaria de reunir casos inusitados que ilustram esses tempos modernos. TEORIA DA CONSPIRAÇAO Oliver Stone, diretor de filmes como Platoon e Nascido em Quatro de Julho, não se empol- gou muito em caçar os monstrinhos pelas ruas: em conferência durante o lançamento do filme Snowden, Stone alertou para o perigo de um novo tipo de “totalitaris- mo” motivado por apli- cativos que rastreiam todos os passos de seus usuários, como o Poké- mon Go. “Eles coletam dados de cada pessoa para obter informações sobre o que ela está comprando, do que é que ela gosta e, acima de tudo, sobre o seu com- portamento”, afirmou. OLHA O TRÂNSITO, MESTRE POKÉMON! Depois de episódios registrados em outros países de acidentes de carro e atropelamentos causados por distrações ao utilizar o smartphone, o Detran do Rio de Janei- ro iniciou uma campanha de conscientização dos jogadores. O projeto alerta para que os joga- dores percorram as ruas sem deixar de prestar atenção na sinalização — e sem sair correndo emmeio aos carros para capturar umPokémon. NÃO FALE EM CRISE, JOGUE Se a situação econômica brasileira não é das melhores, por que não investir em novas atividades econômicas? Em Fortaleza, capital do Ceará, o motoboy Deniz Paz anunciou um serviço de transporte de jogado- res de Pokémon Go para pontos da cidade onde há maior concentração dos monstrinhos. A caçada motorizada sai a R$ 25 por hora e inclui local namoto para carre- gar a bateria do celular. MAISMONSTRINHOS, MENOS CAMISINHAS Os organizadores da Olimpíada do Rio de Janeiro fizeram questão de estimular o inter- câmbio entre os povos: 450 mil preservativos foram disponibilizados aos atletas na Vila Olímpica, média de 42 camisinhas por espor- tista. Ao desembarcar no Rio de Janeiro no início de agosto, no entanto, as delegações queriam mesmo é saber se Pokémon Go já estava disponível no Brasil. Joe Clarke, atleta britânico do críquete, tuitou sua decepção em não encontrar Poké- mons na Vila Olímpica. CAMPEÕES NÃO TRAPACEIAM? Espertinhos já desenvolveram técnicas para levar vantagem no jogo: ao falsificar o sinal de GPS, esses usuários conseguem capturar Pokémons que estão mais distantes. Assim, são capazes de reunir uma equipe forte em pouco tempo para realizar as batalhas nos ginásios. A Niantic informou que ainda não sabe como com- bater esse problema. EQUIPE ROCKET DECOLANDO DE NOVO Horas depois do lançamento do game no Brasil, o primeiro impre- visto: um publicitário de 32 anos publicou um texto no Facebook afirmando que teve o celular roubado na Ave- nida Paulista, em São Paulo, por um homem em uma bicicleta. A vítima afirma que estava prestes a capturar um Zubat quando foi surpreendida pelo aspirante a membro dos vilões da Equipe Rocket. DRONEQUE SALVAVIDAS Aomenosdezpessoasmorrem todososdias porpisaremminas terrestres deixadas emantigos camposdebatalha. Comprazo estabelecidopara acabarcomesse problemanospróximosdez anos, o droneMineKafon realizarámapea- mento, detecção edestruiçãodas minas comumpequenodetonador. BUSCADOR DECHAVES O iKon Tracker é um dispositivo que exibe sua localização em um aplicativo para smartphone uti- lizando a tecnologia Bluetooth — a conexão vai até 70metros de distância. Ideal para ser acoplado ao chaveiro e colocar um ponto final à eterna busca pelas chaves ao sair de casa. HERÓIS DA AMAZÔNIA OsquadrinistasAlanYangoe JoeBennet lançaramcampa- nhapara umanova ediçãoda HQEsquadrãoAmazônia, criadapelo ilustradorbrasileiro JoeBennet em2000.Nahistória, super-heróis nacionais enfrentarão seres quedesembarcamnaAma- zônia e queremdestruir aTerra. VA- QUI- NHA Apoio A partir de 5 euros Meta 70 mil euros ProdutoUS$ 109 MetaUS$ 10 mil ProdutoR$ 15 MetaR$ 16 mil Site KickstarterSite IndiegogoSite Catarse PORT.T. Osmelhores projetos para você contribuir P.2109.2016 302AMroboPOKEMON.indd 21 15/08/2016 15:07:00 Fig. 17 - BJ Fig. 18 - EB Ofensas a atores negros multiplicam-se na internet PORLEANDROSAIONETI ABC DO FEMINISMO O livroVocê Já É Feminista: Abra este Livro e Descubra o Porquê aborda o feminismo dema- neira didática.A jornalista NanaQueiroz, uma das autoras da obra, explica a importância do projeto RACISMOEM DUASTELAS Como surgiu a ideia do livro? A internet possibilitou a demo- cratização do acesso ao feminis- mo. Só que também é necessário profundidade. Então, a ideia do livro é produzir algo fácil, prático e que, principalmente, promova uma reflexão: “O que tudo isso significa para aminha vida?”. Ainda hoje sãomuitas asmulheres que não se veem como feministas? Sim, inclusive temmuitamulher que é feminista e não quer admi- tir porque temmedo da alcunha. E quando você entende que existe uma situação de opressão feminina, a sua vida não será fácil depois disso. Começará a perceber que aquela piadinha machista namesa do bar não está ok. Sua zona de conforto chacoalha e você sente um des- conforto porque começa a notar como omundo está errado. E há espaço na literatura para a divulgação desse assunto? Omercado literário no Brasil é bem desafiador, mas sinto que estamos construindo um público interessado. Quando se populariza a discussão dos direitos damulher, várias pessoas passam a ficar inte- ressadas. E essa demanda por literatura feminista crescerá. Saio do Twitter com lágri- mas nos olhos e com muita tristeza. Tudo isso só porque fiz um filme. Você pode odiar o filme, mas tudo por que passei hoje... está errado.” Foi com essa mensagem que a atriz Leslie Jones, uma das protagonistas da nova versão de Caça-Fantasmas, encer- rou sua conta na rede social após sofrer ataques racistas e misóginos durante a se- mana de estreia do filme, em julho. Os insultos no campo digital são a porta de entrada para criminosos destilarem seu ódio contra atores negros. Antes da estreia de Star Wars — O Despertar da Força, em 2015, alguns usuários pregaram boicote ao filme emmensagens divulgadas no Twitter, sob a justificativa de que a produção cinema- tográfica realizava “ativismo antibrancos” ao ter como um dos protagonistas um ator ne- gro, o britânico John Boyega, que interpreta o ex-stormtrooper Finn. No mesmo ano, o ator Michael B. Jordan foi hostilizado na in- ternet por interpretar Johnny Storm (Tocha Humana), personagem originalmente bran- co do Quarteto Fantástico. A própria indústria de Hollywood tam- bém tem sua parte de contribuição na questão. Na premiação do Oscar de 2014, a Academia esnobou Selma, cinebiografia do ativista dos direitos dos negros Martin Luther King. O filme ganhou apenas o prê- mio na categoria deMelhor Canção Original e a diretora Ava DuVernay, que é negra, nem mesmo foi lembrada entre as finalistas. Neste ano, pela segunda vez consecutiva, nenhum ator negro foi indicado nas prin- cipais categorias do Oscar. Com a frase #OscarSoWhite, ou #OscarTãoBranco, ar- tistas e público cobraram mudanças na for- ma de votação do prêmio — até então, rea- lizada por 93% de jurados brancos. Mestre de cerimônias da premiação, o ator Chris Rock pediu igualdade entre profissionais negros e brancos durante sua fala no início do evento. “Queremos as mesmas oportu- nidades que os atores brancos. Nada mais”, afirmou. Em 88 edições do Oscar, apenas 15 atores negros foram premiados. P.22 09.2016 302AMcultura.indd 22 15/08/2016 18:51:06 ERAUMAVEZNO LESTE Comamissão de ocupar o leste russo, governo de Putin reinventa a colonização do Oeste americano e se conecta a clássicos do faroeste— PORL.S. “PÔ, REALIDADE VIRTUAL COM DILMA, COM TEMER, COM ESSA SITUAÇÃO POLÍTICA, ESSE PAÍS QUEBRADO E VOCÊ ATRÁS DE BICHINHO NA RUA? AH, VAI TE CATAR!” José Luiz Datena, apresentador, não muito contente com o lançamento de Pokémon Go Fig. 19 -AM Fig. 20 - EB UMALIEN aparece na Terra em busca de salvação para seu povo, que está prestes a ser extinto em seu planeta natal. Porém, aos poucos, ele se depara com a es- piral dos problemas humanos, com todos os seus vícios e ques- tionamentos. Publicado origi- nalmente em 1963 pelo escritor Walter Tevis,OHomem que Caiu na Terra ganhou adaptação para o cinema, protagonizada por nin- guém menos que David Bowie. Após a morte do mito musi- cal, a obra de Tevis foi reedita- da pela editora DarkSide, resga- tando a história que revelou ao mundo quem foi e sempre será Bowie: o homem das mil faces — todas excepcionais. O GOVERNO RUSSO QUER OCUPAR O LESTE do país, povoado por apenas 4% da população, ofertando terras aos aventureiros dis- postos amorar na região. Amedida é semelhante à Lei da Propriedade Rural promulgada em 1862 nos Estados Unidos e que deu início ao processo de colonização do oeste — assim como toda a cultura que seria recriada no século 20 com os filmes de bangue-bangue. Considerado pelo Kremlin uma prioridade nacional, o desenvolvi- mento econômico das regiões siberianas poderia ser estimulado pelo governo do presidente Vladimir Putin com uma pitada de criatividade. O “Pistoleiro sem Nome”, interpretado pelo ator Clint Eastwood na série de clássicos de faroeste dirigida pelo italiano Sergio Leone, poderia ganhar uma versão em cossaco, uma das etnias russas que aceitou a ideia de vagar rumo ao extremo oriente do país... CAINDO EM TENTAÇÃO Clássico sci-fi, O Homem que Caiu na Terra relembra como até o mais puro dos seres vivos pode se corromper P.2309.2016 302AMcultura.indd 23 15/08/2016 18:51:09 CIÊNCIA EMDIA Com o tema “Ciência alimentando o Brasil”, a 13ª edição da Semana Na- cional de Ciência e Tecnologia (SNCT) vai agitar mais de mil municípios bra- sileiros entre os dias 17 e 23 de outu- bro. O objetivo, neste ano, é mostrar como o conhecimento cien- tífico e tecnológico é um importante aliado na promoção do aces- so aos alimentos e à nutrição saudável. Para o coordenador do evento, Douglas Falcão, a SNCT vem para mostrar que as técnicas de agropecu- ária combinadas corretamente com a inovação são suficientes para alimen- tar os mais de 7 bilhões de humanos que habitam o planeta. “Nesse senti- do, o Brasil é uma potência mundial. Nossa agricultura é muito pautada nas tecnologias e nas pesquisas cien- tíficas”. Por meio de um edital inédito, o Minis- tério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) destinou R$ 4,3 milhões para realização da SNCT 2016. O Distrito Federal e mais 24 estados foram contemplados, am- pliando a distribuição dos recursos e estimulando o surgimento de novos or- ganizadores. Em 2015, cerca de 147 mil atividades ocorreram em mais de 2,6mil instituições espalhadas pelo País. Para fazer parte da programa- ção oficial, basta se cadastrar no site http://semanact.mcti.gov.br/ a partir de setembro. É nesse canal que você tam- bém fica por dentro de tudo o que está acontecendo antes e durante o evento. A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia está saindo do forno O ESPAÇO DA CIÊNCIA BRASILEIRA SETEMBRO DE 2016 MCTI InformePublicitário Revista Galileu AnúncioPáginaDupla 404x266mm indd 1 www.mcti.gov.brmctic@mctic @mctic.gov.br INFORME PUBLICITÁRIO Uma alternativa viável para aumentar a produção de alimentos em zonas secas é o reúso do esgoto doméstico. Estudo realizado na Paraíba pelo Instituto Na- cional do Semiárido (Insa) – unidade de pesquisa do MCTIC – mostrou que irri- O MCTIC e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) lançaram uma plataforma digital que vai unir pesquisadores de diversos países. A iniciativa é fruto da parceria entre os dois últimos países-sede das Olimpíadas, Brasil e Reino Unido, firma- da para enfrentar o problema que mata Água de reúso vira adubo líquido no semiárido Combate à desnutrição: um legado dos Jogos Rio 2016 gar o solo com água de reúso faz crescer a fertilidade em até 800%. A técnica aumentou as quantidades de fósforo, nitrogênio, cálcio e magnésio no solo, ao mesmo tempo em que reduziu a presença do alumínio. 3 milhões de crianças no mundo a cada ano. A Rede Global de Ensino, Pesqui- sa e Extensão em Nutrição, Soberania e Segurança Alimentar (Nutri SSAN) foi desenvolvida pelo Ministério e estará em funcionamento pleno até o início de 2017. O Google escolheu o Brasil para receber o seu primeiro campus latino-americano para o desen- volvimento de startups. Localizado em São Paulo, o espaço vai receber 15 empresas nacionais que contarão com o apoio da gigante da internet e seus experts para turbinarem os projetos. A visita rendeu ainda novas parcerias entre o MCTIC e o Google, especialmente na área de educação e sis- temas para equipamentos públicos. Na mídia 16/08/16 18:20 BOI +AÇÚCAR = ? Isso mesmo que você pensou: gelatina. Entenda como é feita a sobremesamais popular do Brasil —PORRENATACARDOSO* gelatina e o bife que você come todos os dias no restaurante por quilo da esquina têm origens sur- preendentemente parecidas. É que o colá- geno que dá origem à gelatina, acredite se quiser, é extraído da raspagem do couro, dos tendões e dos ossos de vacas, bois e porcos. Todo esse material passa por um pré-tratamento em que os ossos são tritu- rados, desengordurados e secos e o couro é cortado e raspado. Em seguida, esse “pica- dinho” é lavado com água quente para de- pois repousar em ummolho de ácido clorí- drico (substância que também serve como base dos alvejantes). Há boatos de que o odor durante essa etapa não é recomen- dado para pessoas com estômago fraco. O próximo passo consiste no tratamento com um ácido para a extração do colágeno. Depois, o material é filtrado e submetido a altas temperaturas. No final, ele seca e é moído e peneirado. E aí, tcharam: temos a gelatina incolor e sem sabor utilizada em diversas receitas culinárias. Para produzir as gelatinas com sa- bor, o processo continua com a adição de sódio, açúcar e algumas substâncias geral- mente artificiais, como aromati- zantes, edulco- rantes e corantes. Para transfor- mar esse monte de pó em alimento, é preciso colocá-lo em contato com a água quente, que faz com que as forças responsáveis pela manutenção da estrutura em tripla hélice (característica do co- lágeno) sejam rompidas. Quando res- friadas, as moléculas voltam a interagir, mas, dessa vez, com água aprisionada en- tre elas. E assim é formada a sobremesa que você encontra nos restaurantes por quilo. O colágeno também poderia ser ex- traído das cartilagens humanas, mas não vamos dar essa ideia para a indústria... A ELEMENTAR H N OC GELATINA 26 *Com reportagem de Cartola Agência de Conteúdo Foto:Victor Albrow/Getty Images Fontes: Leila Cristina Magalhães, coordenadora do curso de Engenharia Química das Faculdades Oswaldo Cruz,e Érika Cristina Cren, professora do curso de Engenharia Química da Universidade Federal de Minas Gerais Pode não parecer, mas isso que você está vendo é um picadinho de couro e ossos de boi C5H9NO2–Prolina Asmoléculas da gelatina são compostas de 18 aminoácidos diferentes, mas esses três têm concentração mais elevada. C2H5NO2–Glicina C5H9NO3 – Hidroxiprolina N 7 O 8 C 6 H 1 São substâncias artificiais adicionadas à gelatina comercial para conferir aumento do sabor adocicado. C14H18N2O5–Aspartame C6H12NNaO3S – Ciclamato de sódio C7H5O3NS2H20 – Sacarina C4H4KNO4S –Acesulfame de potássio O 8 Na C S H 11 6 16 1 N 7 K 19 H 1 Na O 11 8 C 6 Controlam o pH do alimento para garantir o aroma e a consistência. Tambémmantêm o produto conservado até o prazo de validade. C6H5Na307 – Citrato de sódio C4H4O4 –Ácido fumárico N 7 Na O 11 8 H S C 1 16 6 CORANTES Pigmentos sintéticos que dão cor aos alimentos. Afora a gelatina, são usados em sucos em pó, refrigerantes, gomas demascar e temperos para carne, além de cosméticos. C16H10N2Na2O7S2 e C16H9N4Na3O9S2 –Amarelo-limão C2H11N2Na3O10S3 –VermelhoC3H34N2Na2O9S3 –Azul brilhante
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