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FÁRMACOS ANTIFÚNGICOS UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FARMACOLOGIA IV NEUZA RAMOS SARAH IANÊ CARVALHO BAHIANA 2016 FUNGOS Eucariotos com vários cromossomos diferentes e membrana nuclear bem definida; Parede celular de quitina e glicogênio como reserva energética; Membrana contendo esterol (ergosterol); Ribossomos 80s. * Características que propiciam o desenvolvimento de fármacos. TORTORA, 2012 FUNGOS AUMENTO NA INCIDÊNCIA DE INFECÇÕES FÚNGICAS NAS ÚLTIMAS DÉCADAS SILVA, 2010. RANG & DALE, 2004. HISTÓRICO HISTÓRICO RANG & DALE, 2004 Inicialmente o tratamento das micoses era empírico. Em 1888, fez a primeira observação da coccidioidomicose. tratamento de micoses superficiais o ácido carbólico (nome antigo do fenol), o violeta de metila, o bromo, o permanganato de potássio e o óleo de oliva, além de outras substâncias prejudiciais, sem nenhum valor terapêutico. O uso de solução saturada de iodeto de potássio, em forma de gotas, por via oral, foi a primeira tentativa de tratamento de alguma eficácia na esporotricose. Infelizmente, o iodeto de potássio não possui um espectro antifúngico amplo, e até 1950 não havia drogas antifúngicas de aplicação geral. Brown e Hazen descobriram, em 1951, os polienos que modificaram de maneira radical a terapia antifúngica. Desses polienos, que eram demasiadamente tóxicos, permaneceram a nistatina e a hamicina, para uso tópico, e a anfotericina B, para uso parenteral. Um dos primeiros usos anfotericina B foi realizado em 1961, por Smith e cols., no tratame1 da coccidioidomicose, Logo em seguida, a anfotericina B foi usada no tratamento da criptococose, aspergilose, candidíase e outras micoses. As múltiplas reações tóxicas provocadas pela anfotericina B foram logo observadas. a flucitosina, um antifúngico de cinét simples de rápida absorção por via oral. Possuía, entretanto, nefrotoxicidade e toxicidade intestinal significativas. O espectro antifúngico da flucitosina se limitava a espécies de Candida e ao Cryptococcus neoformaf!S. Entretanto, a nefrotoxicidade da anfotericina B reduzia o clearance da flucitosina e aumentava a sua toxicidade secundária. Durante o ano de 1970, foi desenvolvida uma série de imidazóis antfúngicos. Essas drogas possuíam amplo espectro de ação contra dematófitos, Candida e outras micoses. Esses derivados eram usados co1 fármacos de uso tópico, aplicação que atualmente ainda continua. Bayer administrou clotrimazol e itraconazol pela via intraven em animais e depois em seres humanos que apresentavam infecções fúngicas sistêmicas. O clotrimazol não teve sucesso porque induzia rapidamente a atividade das enzimas hepáticas P450, as quais degradavam a droga, o que transformava em "droga suicida". O clotrimazol, entretanto, era relati·mente bem tolerado, e foi seguido pela descoberta do miconazol. O miconazol foi usado como "droga suicida", mas era fracamente solúvel em água, o que era resolvido com a administração de cremaphor, substân• que solubilizava anestésicos. Embora essa providência auxiliasse c tratamentos de curta duração, a infusão rápida ou o tratamento de Ior. duração provocavam manifestações de liberação de histamina (prurido hipotensão ), o que restringiu o seu uso. Janssen e cols. desenvolveram o cetoconazol, a primeira droga antifúngica atóxica, administrada por via oral, e que possuía amplo espectro de atividade antifúngica. Durante a década de 1980, o cetoconazol revolucionou a terapia antifúngica. Seu espectro de atividade incluía os dennatófitos e a maioria das espécies do gênero Candida. O cetoconazollogo se tornou o fármaco antifúngico de primeira escolha para diversas infecções fúngicas, embora Aspergillus, zigomicetos, Fusarium e mais alguns outros permanecessem resistentes. A via hepática do metabolismo limitou o valor do cetoconazol (e, mais tarde, do itraconazol) no tratamento de infecções fúngicas do trato urinário. Na década de 1980, também ocorreu a disseminação da epidemia de AIDS/SIDA, o que provocou importantes alterações na epidemiologia das infecções micóticas, incluindo mais de 90% dos aidéticos que apresentavam afta e candidíase esofágica, 6% a 9% com criptococose, em algumas áreas até 30% com histoplasmose, aparecimento regional de coccidioidomicose em mais de 20% de pacientes aidéticos. As infecções por dermatófitos foram também frequentes nesses pacientes. A aspergilose também começou a aparecer nos aidéticos em estágio final da doença, especialmente naqueles que utilizavam terapia corticosteroide. Observou-se expansão de regimes quimioterápicos, o uso de citocinas para estimular contagens de granulócitos que estavam associados a aumento elevado nos transplantes alogênicos de medula óssea e de tecidos sólidos, além de crescente terapia citotóxica intensiva. Todos esses quadros clínicos eram complicados por micoses. A candidíase aumentou dramaticamente nas unidades hematológicas e de tratamento intensivo. Apesar de menos comum, a aspergilose provocava efeitos graves nos transplantes de medula óssea e de órgãos sólidos. Inicialmente, as únicas drogas disponíveis eram a anfotericina B, o cetoconazol e a 5-flucitosina. O aumento na morbidade e mortalidade causadas pelas micoses impeliu à pesquisa de novos fármacos antifúngicos, o que proporcionou melhora dos azóis antifúngicos, representada pelos triazólicos. A anfotericina B foi administrada em veículo lipídico, o lipossomo, que reduzia a sua toxicidade. Novas classes de antifúngicos, com atividade potente em modelos animais, estão agora em estudo em ensaios clínicos. A caspofungina foi aprovada pelo FDA para tratamento de aspergilose invasiva. O uso de imunomoduladores associados às drogas antifúngicas está se tornando frequente. Também se observa o interesse na associação de antifúngicos, especialmente em pacientes com infecções refratárias, como a aspergilose aguda invasiva. 5 CLASSIFICAÇÃO DE ANTIFÚNGICOS CLASSIFICAÇÃO DE ANTIFÚNGICOS Pode ser feita de acordo com dois critérios: - Químico; - Clínico. SILVA, 2010 CLASSIFICAÇÃO DE ANTIFÚNGICOS CRITÉRIO QUÍMICO: 1. Antibióticos A. Polienos - Anfotericina B; - Nistatina; - Hamacina (Primaricina). B. Benzofurano heterocíclico - Griseofulvina. 2. Antimetabólito - Flucitosina. 3. Azóis A. Imidazóis (tópicos) - Clotrimazol; Econazol; - Miconazol; - Cetoconazol (sistêmico). B. Triazóis (sistêmicos) - Fluconazol; Itraconazol. 4. Alilamina - Terbinafina. 5. Outros fármacos tópicos - Tolnaftato; - Ácido benzoico; - Quimiodoclor; - Ciclopiroxolamina; - Tiossulfato de sódio. SILVA, 2010 CLASSIFICAÇÃO DE ANTIFÚNGICOS CRITÉRIO CLÍNICO: Segundo Sheppard e Lampiris, as drogas antifúngicas se classificam do seguinte modo: 1. Antifúngicos sistêmicos para infecções sistêmicas: - Anfotericina B; - Flucitosina; - Azóis; - Imidazólicos; - Triazólicos. 2. Antifúngicos sistêmicos para infecções mucocutâneas: - Griseofulvina; - Terbinafina. 3. Antifúngicos para uso tópico: - Nistatina; - Azóis tópicos; - Clotrimazol; - Miconazol; - Cetoconazol; - Alilaminas tópicas; - Terbinafina; - Naftifina. SILVA, 2010 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS ANFOTERICINA B As Anfotericinas A e B são produzidas pelo Streptomyces nodosus; Farmacocinética: A anfotericina não é bem absorvida pelo trato intestinal. Por esse motivo, o fármaco por via oral só é ativo em fungos existentes na luz do TGI, e essa via não pode ser usada para tratamento de micoses sistêmicas; - O fármaco se liga em até mais de 90% às proteínas plasmáticas; - Metabolizada principalmente pelo fígado, alguma anfotericina é lentamente excretada na urina durante vários dias. A meia-vida plasmática é de aproximadamente 15 dias; ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS ANFOTERICINA B O uso da Anfotericina B é limitado pela sua toxicidade, especialmente nefrotoxicidade; Esse fato provocou o desenvolvimento de formulações lipídicas da anfotericina, devido à suposição de que o fármaco administrado num invólucro lipídico (lipossomo) se ligaria menos facilmente às membranas celulares dos mamíferos, permitindo o uso de doses eficazes do fármaco com menos toxicidade (alguns fungos possuem lipases que podem liberar anfotericina B diretamente no local de injeção); SILVA, 2010 Nas formulações de anfotericina lipossômica, a droga ativa é colocada em veículos lipídicos de administração, diferentemente das suspensões coloidais ainda atualmente em uso. A anfotericina se liga aos lipídios desses veículos com uma afinidade situada entre a afinidade pelo ergosterol fúngico e a afinidade pelo colesterol humano. O veículo lipídico serve como um reservatório de anfotericina, reduzindo a ligação não específica às membranas celulares dos seres humanos. Essa preferência de ligação reduz a toxitidade da anfotericina, sem sacrifício da sua eficácia, e permite o uso de doses mais elevadas. Além disso, alguns fungos possuem lipases que podem liberar anfotericina B diretamente no local de injeção. 13 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS ANFOTERICINA B Foram produzidas três formulações lipídicas da anfotericina: 1. Complexo lipídico da anfotericina B, que encerra 35% de anfotericina incorporada em partículas em forma de fita de dimiristoil fosfolipídica; · 2. Dispersão coloidal de anfotericina B. As partículas em forma de disco encerram, cada uma, 50% de anfotericina e sulfato de colesteril e são preparadas como dispersões aquosas; 3. Anfotericina B lipossômica (pequenas vesículas unilamelares). Encerra 10% de anfotericina incorporada em lipossomos unilamelares (60-80 nM) formados por lecitina e outros fosfolipídios biodegradáveis. SILVA, 2010 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS ANFOTERICINA B Vantagens dessas formulações são: 1- Reações agudas reduzidas, especialmente por infusão intravenosa; 2- Uso em pacientes que não toleram infusão das formulações convencionais; 3- provocam menos nefrotoxicidade; 4- provocam muito pouca anemia; 5- as preparações lipossômicas transportam a anfotericina especialmente para as células do fígado e do baço, o que é especialmente vantajoso nos pacientes com Leishmaniose e sistema imunitário comprometido. SILVA, 2010 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS ANFOTERICINA B Posologia e Administração 50- 100 mg V.O. 4 vezes ao dia nos casos de candidíase intestinal e em vaginite micótica e otomicose; Nos casos de micoses sistêmicas, usa-se em forma de pó associada ao desoxicolato (DOC). O fármaco é suspenso em 10 mL de água e depois diluída em 500 mL de solução de glicose. Inicialmente, injeta-se uma dose-teste de 1 mg por via I.V. Se não surgir reação séria, infunde-se 0,3 mg/kg durante 4-8 horas. A dose diária pode ser gradualmente aumentada até atingir 0,7 mg/kg; Na meningite fúngica, tem-se aplicado a injeção intratecal de 0,5 mg 2x por semana. SILVA, 2010 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS ANFOTERICINA B Mecanismo de Ação Liga-se ao ergosterol e altera a permeabilidade da célula, formando poros; A anfotericina se liga fortemente com o ergosterol através do seu lado rico em duplas ligações e se associa a moléculas de água através do lado rico em grupos hidroxílicos; Essa propriedade anfipática facilita a formação de poros. O poro facilita o extravasamento de íons e macromoléculas intracelulares; O fármaco se liga aos esteróis das membranas das células dos pacientes humanos, o que provavelmente explica a sua grande toxicidade. SILVA, 2010 Ocorre resistência à anfotericina B se a ligação ao ergosterol é pr judicada, seja por decréscimo da concentração membranosa do ergo terol, seja por modificação da molécula-alvo de esterol, o que reduz SI afinidade pela droga. 17 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS ANFOTERICINA B Efeitos Adversos A toxicidade da anfotericina pode ser dividida e duas grandes classes: (1) reações imediatas relacionadas com a infusão intravenosa; (2) reações que ocorrem mais lentamente. IMEDIATOS: Relacionados à infusão, ocorrem em quase todos os pacientes -> Febre, calafrios, cefaleia e hipotensão. LENTOS: Mais comumente nefrotoxicidade reversível (redução da perfusão renal) ou irreversível (lesão tubular e disfunção causados por dose acumulativa maior que 4 g. Após a terapia intratecal com anfotericina, podem surgir convulsões e uma aracnoidite química, frequentemente acompanhada por sequelas neurológicas graves. SILVA, 2010 Esses efeitos podem ser reduzidos com a infusão intravenosa m< lenta da droga ou a diminuição df:l dose diária: Pode-se usar, també1 pré-medicação com antipiréticos, anti-histamínicos, meperidina ou cc ticosteroides. A forma irreversível da nefrotoxicidade da anfotericina ocorre usw mente durante administração prolongada (dose cumulativa de> 4 g) A toxicidade renal comumente apresenta acidose tubular renal grave perda de potássio e magnésio. O componente reversível pode ser melhorado com a administraç de sódio, sob a forma de infusões salinas normais, com as doses diári de anfotericina B. Às vezes, observam-se anormalidades nos testes de função hepátü Também podem ocorrer graus variáveis de anemia, devido à redução produção da eritropoetina pelas células tubulares renais lesadas. 18 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS ANFOTERICINA B Espectro Antifúngico O mais amplo espectro de ação; É ativa contra as leveduras clinicamente significantes, inclusive Candida albicans e Cryptococcus neoformans; Age também contra fungos que causam micoses endêmicas, como, exemplo, Histoplasma capsulatum, Blastomyces dermatitidis e Coccidioides immitis; É ativa também contra os mofos, tais como Aspergill fumigatus e mucor. * Candida lusitaniae e Pseudallesche boydii, são ex. de resistência intrínseca à anfotericina B. SILVA, 2010 19 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS ANFOTERICINA B Uso Clínico Devido ao seu largo espectro de atividade, a anfotericina B continua a ser a droga de escolha para quase todas infecções micóticas que ameaçam a vida; É frequentemente utilizada como regime de indução inicial nas infecções fúngicas graves e depois é substituída por um dos novos antifúngicos azólicos, para a terapia crônica e para evitar recidivas; Quando se obtém resposta clínica, esses pacientes continuam o tratamento de manutenção com um azol (algumas vezes por toda a vida). SILVA, 2010 20 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS FLUCITOSINA Descoberta em 1957 em uma pesquisa por antineoplásicos; Análogo hidrossolúvel da pirimidina, relacionado com o fármaco quimioterápico fluorouracil; O espectro antifúngico da flucitosina é muito mais estreito do que o da anfotericina B. SILVA, 2010 21 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS FLUCITOSINA Farmacocinética Disponível em uma forma farmacêutica de uso oral; Posologia é de 100-150 mg/kg/dia em pacientes com função renal normal; É bem absorvida, em mais de 90%, alcançando níveis plasmáticos máximos 1-2 horas após a dose oral. Difunde-se bem nos fluidos corporais, inclusive o liquor. É eliminada por filtração glomerular e tem a meia-vida de 3 a 4 horas; é removida pela hemodiálise. SILVA, 2010 Na presença de insuficiência renal, as concentrações plasmáticas do fármaco se elevam tapidamente, provocando toxicidade. Essa toxicidade ocorre mais facilmente em pacientes com AIDS/SIDA e na presença de insuficiência renal. As concentrações plasmáticas máximas devem ser medidas periodicamente em pacientes com insuficiência renal e mantidas entre 50 e 100 j.Lg/mL. 22 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS FLUCITOSINA Mecanismo de Ação Tem como alvo o DNA dos fungos; A flucitosina é captada pelas células fúngicas através da enzima citosina permease; O fármaco é transformado intracelularmente em fluorouracil e depois em monofosfato de 5-fluoruridina, que, respectivamente, inibem a síntese do DNA e do RNA dos fungos. SILVA, 2010 As células humanas não são capazes de converter a flucitosina em seus metabólitos ativos. A sinergi& entre a flucitosina e a anfotericinaJoi demonstrada in vitro e in vivo. Essa sinergia é explicada pela maior penetração da flucitosina através da membrana fúngica lesada pela anfotericina. Também se verificou in vitro a sinergia entre drogas azólicas e a flucitosina, embora seu mecanismo não seja claro. A resistência de fungos à flucitosina parece resultar do metabolismo alterado da flucitosina. Apesar de não ser comum nos isolados primários, a resistência se desenvolve rapidamente no curso de monoterapia com flucitosina. 23 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS FLUCITOSINA Efeitos Adversos São provocados pelo seu metabolismo no composto antineoplásico fluorouracil. Os efeitos adversos mais comuns são toxicidade da medula óssea com anemia, leucopenia e trombocitopenia; Observam-se, menos frequentemente, anormalidades das enzimas hepáticas. Pode-se observar também enterocolite tóxica. Parece existir uma janela terapêutica estreita, com risco acentuado de toxicidade nas concentrações do fármaco, e rápido aparecimento de resistência em concentrações subterapêuticas. SILVA, 2010 As medidas das concentrações plasmáticas da flucitosina podem auxiliar na redução de reações tóxicas, especialmente quando a flucitosina é associada a fármacos nefrotóxicos como a anfotericina. 24 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS FLUCITOSINA Uso Clínico Espectro restrito a Cryptococcus neoformans, algumas espécies de Candida e aos mofos dermáticos que provocam Cromoblastomicose; Não é usada isoladamente – Sinergia e evita resistência secundária. Seu uso se limita à terapia de associação: - Com a Anfotericina B no tratamento da meningite criptocócica; - Com Itraconazol no tratamento da cromoblastomicose. SILVA, 2010 25 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS DERIVADOS AZÓLICOS Os derivados azólicos são compostos sintéticos que podem ser classificados em imidazóis ou triazóis; Os imidazóis são representados pelo cetoconazol, miconazol e clotrimazol; Os derivados triazólicos são representados pelo itraconazol, fluconazol e voriconazol. SILVA, 2010 e acordo com o número de átomos de nitrogênio no anel azólico. * topico 26 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS DERIVADOS AZÓLICOS Mecanismo de Ação A atividade antifúngica das drogas azólicas se deve à redução da síntese do ergosterol, através da inibição das enzimas fúngicas do citocromo P450. Os imidazóis apresentam menor grau de especificidade do que os triazólicos, o que explica sua maior incidência de interação medicamentosa e de efeitos adversos. Apesar de rara antigamente, a resistência de diferentes cepas está aumentando devido ao uso crescente desses fármacos, o que pode condicionar a seleção da resistência clínica a essas drogas. SILVA, 2010 Apenas p450 fungicos. Sem especificidade para a humana. 27 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS DERIVADOS AZÓLICOS Uso Clínico O espectro antifúngico dos azóis é muito amplo, atingindo muitas espécies de Candida, Cryptococcus neoformans, micoses endêmicas (blastomicose, coccidioidomicose, histoplasmose), dermatófitos e, no caso de itraconazol e voriconazol, até as infecções por Aspergillus. São também úteis no tratamento de organismos intrinsecamente resistentes à anfotericina, como Pseudallescheria boydii. SILVA, 2010 28 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS DERIVADOS AZÓLICOS Efeitos Adversos Os derivados azólicos são fármacos relativamente atóxicos; A reação adversa mais comum é um pequeno distúrbio gastrointestinal; Todos os azóis podem provocar anormalidades nas enzimas hepáticas e, muito raramente, hepatite. SILVA, 2010 29 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS DERIVADOS AZÓLICOS Cetoconazol O cetoconazol foi o primeiro derivado azólico oral usado em clínica. Se distingue dos triazóis por sua maior influência em inibir as enzimas do citocromo P450 dos mamíferos -> Apenas indicação dermatológica. SILVA, 2010 30 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS DERIVADOS AZÓLICOS Itraconazol O itraconazol pode ser administrado por VO e IV. Sua posologia varia de 100 a 400 mg/dia; A absorção gastrointestinal é aumentada pelos alimentos e pelo baixo pH gástrico. Efetividade reduzida por Rifamicinas; Interage com as enzimas microssômicas, em menor grau do que o cetoconazol; O itraconazol não afeta a síntese dos esteroides nos mamíferos. Tratamento de micoses produzidas pelos fungos dimórficos Histoplasma, Blastomyces e Sporothrix. E dermatofitoses e onicomicoses. SILVA, 2010 *Biodisponibilidade. 31 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS DERIVADOS AZÓLICOS Fluconazol Muito hidrossolúvel e penetra no liquor facilmente; Biodisponibilidade oral é elevada; De todos os derivados azólicos, o que menos age sobre as enzimas microssômicas hepáticas -> IM raras; Melhor tolerância gastrointestinal. Melhor IT entre azólicos. Disponível em formulações oral e IV, e a posologia varia de 100 a 800 mg/dia; Indicações: Meningite criptocócica; Candidemia UTI; Candidíase mucocutânea; Coccidioidomicose; profilaxia em receptores de transplantes de medula óssea e na AIDS * SILVA, 2010 Contraindicado atualmente para profilaxias por relatos de resistência em algumas cepas. 32 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS DERIVADOS AZÓLICOS Voriconazol É disponível nas formas farmacêuticas oral e intravenosa; A posologia diária é de 400 mg; O fármaco é bem absorvido por via oral, com biodisponibilidade que excede 90%, menor ligação às PP do que o itraconazol; Metabolismo é predominantemente hepático, mas a propensão à inibição do P450 dos mamíferos é baixa; Espectro semelhante ao do Itraconazol Candida, C. kruzei, Aspergillus. EFEITOS ADVERSOS: exantema, enzimas hepáticas elevadas e distúrbios visuais passageiros. SILVA, 2010 33 ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS CASPAFUNGINA Único antifúngico licenciado que pertence a um novo grupo de drogas antifúngicas, chamadas echinocandinas. Aplicada somente pela via IV, em dose de ataque de 70 mg, seguida de uma dose diária de 50 mg; Hidrossolúvel e se liga, em alta proporção, às proteínas plasmáticas; Meia-vida é de 9 a 11 horas, e os metabólitos são excretados pela urina e pelas fezes.; Mecanismo de ação da caspofungina ocorre ao nível da parede celular fúngica, com a inibição da síntese do β-(1-3)-glicano. Usada apenas em pacientes com aspergilose invasiva que não responderam ao tratamento com anfotericina B. SILVA, 2010 Não causa muitos efeitos adversos, apenas TGI e ruborização. Também é eficaz contra cândida, em especial candidemia após candidiase mucocutânea. 34 ANTIFÚNGICOS MUCOCUTÂNEOS ANTIFÚNGICOS MUCOCUTÂNEOS Neste grupo se incluem a griseofulvina e a terbinafina SILVA, 2010 36 ANTIFÚNGICOS MUCOCUTÂNEOS GRISEOFULVINA Fungistático produzido por uma espécie de Penicillium; Só é usada em dermatofitoses; A griseofulvina é administrada sob uma forma microcristalina, na dose de 1 g por dia (2-4 semanas ou meses para unhas); A absorção é melhorada quando o fármaco é dado com alimentos. O mecanismo de ação da griseofulvina, no nível celular, ainda não é conhecido, mas ela se deposita na pele recentemente formada, onde se liga à queratina, protegendo a pele de nova infecção. Efeitos adversos: síndrome alérgica que similar à doença do soro, hepatite e interações medicamentosas com varfarina e fenobarbital. A griseofulvina tem sido substituída pelos novos antifúngicos como itraconazol e terbinafina. 37 ANTIFÚNGICOS MUCOCUTÂNEOS TERBINAFINA Alilamina sintética apresentada numa formulação oral; Usada na dose de 250 mg por dia; Tratamento de dermatofitoses, especialmente onicomicoses; Medicação ceratofílica e fungicida; Interfere na biossíntese do ergosterol inibindo a enzima fúngica esqualeno epoxidase: Efeitos adversos raros: Desconforto gastrointestinal e cefaleia. Não exibe IM e não atua sobre a P450. ACÚMULO DE ESQUALENO TÓXICO PARA O FUNGO SILVA, 2010 38 TERAPIA ANTIFÚNGICA TÓPICA TERAPIA ANTIFÚNGICA TÓPICA Nesse grupo se incluem a nistatina, derivados azólicos tópicos, alilaminas tópicas e outros SILVA, 2010 40 TERAPIA ANTIFÚNGICA TÓPICA NISTATINA Macrolídio poliênico, semelhante à anfotericina B; Tóxica para uso parenteral e só é usada topicamente; Apresenta-se sob a forma de cremes, unguentos, supositórios...; Praticamente não é absorvida a partir da pele, das membranas mucosas e do TGI -> pouca toxicidade; Usada contra a maioria das espécies de Candida infecções locais, candídíase orofaríngea (afta), candidíase vaginal e candidíase intertriginosa. SILVA, 2010 41 TERAPIA ANTIFÚNGICA TÓPICA DERIVADOS AZÓLICOS Mais comumente usados topicamente são o clotrimazol e o miconazol. São frequentemente usados em candidíase vulvovaginal. Em pastilhas podem substituir a Nistatina para tratamento de aftas; Em forma de cremes, esses dois derivados azólicos são úteis para infecções dermatofíticas, inclusive tinea corporis, tinea pedis e tinea cruris. A absorção é praticamente nula, e os efeitos adversos são raros. Formas tópicas e xampu de cetoconazol: tratamento de dermatite seborreica e da pitiríase versicolor. SILVA, 2010 42 TERAPIA ANTIFÚNGICA TÓPICA TERBINAFINA E NAFITIFINA Alilaminas disponíveis sob a forma de cremes; Tratamento de Tinea cruris e Tinea corporis. SILVA, 2010 43 TERAPIA ANTIFÚNGICA TÓPICA TOLFNAFTATO Empregado em infecções dermatofíticas brandas; Profilático em pé de atleta. Não é eficaz em candidíase e em infecções fúngicas do couro cabeludo, mãos e solas dos pés. Bem tolerado, sendo rara a ocorrência de sensibilização e irritação. É comercializado com os nomes Quadriderm® (em associação) e Tinaderm®. SILVA, 2010 44 TERAPIA ANTIFÚNGICA TÓPICA HALOPROGINA Antifúngico de aplicação tópica para dermatofitoses e tinea versicolor; Eficaz nas infecções cutâneas por Candida; As reações adversas incluem irritação local, ardor e formação de vesículas. Deve-se evitar contato com os olhos; A haloprogina é aplicada na área afetada 2 vezes ao dia, em até semanas de tratamento. Comercializada sob a forma de creme e solução a 1% com o nome de Halotex®. SILVA, 2010 45 TERAPIA ANTIFÚNGICA TÓPICA TERCONAZOL Aplicação intravaginal, absorvido na taxa de 5% a 16%. A droga é amplamente metabolizada, e a meia-vida de eliminação é de 6 horas; Inibe a P450 lanosterol 14-desmetilase em fungos sensíveis, provocando redução na quantidade de ergosterol. É indicado no tratamento de candidíase vulvovaginal, com excelente eficácia com alguma taxa de recidiva principalmente em portadoras de candidíase vulvovaginal grave e crônica. - A droga não deve ser aplicada no 1° trimestre da gravidez. SILVA, 2010 46 TERAPIA ANTIFÚNGICA TÓPICA CLIOQUINOL Também chamado de viofórmio. É uma 8-hidroxiquinolona relacionada com o iodoquinol, que é um amebicida. Quando aplicado topicamente tem ação antibacteriana e antifúngica limitada. (não é utilizado em mucosas) A forma oral foi retirada do mercado norte-americano devido ao seu potencial para provocar neuropatia mielo-óptica. Irritação e hipersensibilidade ocorrem raramente. Os pacientes sensíveis ao iodo e crianças <2a não devem usar o clioquinol. É comercializado com os nomes de Drenofórmio®, Lecorten-Viofórmio® e Viofórmio-Hidrocortisona®. SILVA, 2010 A droga pode ser absorvida, a partir da aplicação cutânea, de manein rápida e extensa, o que constitui um perigo potencial. 47 TERAPIA ANTIFÚNGICA TÓPICA MICONAZOL Interfere na biossíntese do ergosterol, provocando desorganização da membrana plasmática dos fungos. Eficaz, topicamente, em dermatofitoses e em Tinea versicolor. É também útil na candidíase cutânea e vaginal. Os efeitos colaterais, após aplicação tópica, consistem em irritação ardor e maceração. O fármaco não deve ser usada no 1° trimestre da gravidez. O Miconazol é comercializado com os nomes de Gino-Daktarin® Ginosulin M® e outros. SILVA, 2010 48 TERAPIA ANTIFÚNGICA TÓPICA ÁCIDO UNDECELÊNICO+UNDECILINATO DE Zn Eficaz por via tópica, em infecções dermatofíticas brandas, mas não é eficaz em Tinea versicolor ou candidíase. A principal indicação do ácido undecilênico é na Tinea pedis (pé de atleta), com excelentes resultados. A droga é bem tolerada e raramente provoca irritação. O antifúngico é comercializado em forma de pomada, creme, pó aerossol, solução, espuma e sabão, com o nome de Desenex®. SILVA, 2010 49 REFERÊNCIAS SILVA, Penildon. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Kogan, 2010. 1227 p. RANG, H. P.; DALE, M. M.. Farmacologia: Tradução da 5a edição americana. 5. ed. Londres: Elsevier, 2004. 865 p. 50
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