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Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 Antibióticos – quinolonas e antifúngicos Fluoroquinolonas O ácido nalidíxico é o precursor de todas as fluoroquinolonas, uma classe de antimicrobianos feitos pelo homem. As fluoroquinolonas usadas hoje oferecem maior eficácia, espectro de atividade antimicrobiana mais amplo e maior segurança do que suas predecessoras. O efeito desfavorável das fluoroquinolonas na indução e propagação de resistência antimicrobiana é denominado algumas vezes “dano colateral”, um termo que também está associado com cefalosporinas de terceira geração (p. ex., ceftazidima). • Mecanismo de ação As fluoroquinolonas entram na bactéria através de canais de porina e exibem efeitos antimicrobianos na DNA-girase (topoisomerase bacteriana II) e topoisomerase bacteriana IV. A inibição da DNA-girase resulta em relaxamento do DNA superespiralado, promovendo quebra da fita de DNA. A inibição da topoisomerase IV impacta a estabilização cromossomal durante a divisão celular, interferindo com a separação do DNA recém-replicado. Em microrganismos gram- negativos (p. ex., Pseudomonas aeruginosa), a inibição da DNA-girase é mais significativa do que a da topoisomerase IV, ao passo que, nos gram- positivos (p. ex., Streptococcus pneumoniae), é o contrário. Fármacos com maior atividade na topoisomerase IV (p. ex., ciprofloxacino) não devem ser usados contra infecções por S. pneumoniae, e aqueles com maior atividade na topoisomerase II (p. ex., moxifloxacino) não devem ser usados contra infecções por P. aeruginosa. • Espectro antimicrobiano As fluoroquinolonas são bactericidas e exibem efeito -cida-dependente de área sob a curva (ASC)/concentração inibitória mínima (CIM). A atividade bactericida é mais acentuada conforme a concentração sérica do fármaco aumenta cerca de 30 vezes a CIM da bactéria. Em geral, as fluoroquinolonas são eficazes contra microrganismos gram-negativos, microrganismos atípicos, microrganismos gram-positivos e algumas micobactérias. Algumas vezes, levofloxacino e moxifloxacino são referidos como fluoroquinolonas respiratórias, porque têm excelente atividade contra S. pneumoniae, que é uma causa comum de pneumonia adquirida comunitariamente (CAP, do inglês community-acquired pneumonia). O moxifloxacino tem atividade contra vários anaeróbios. OBS.: as fluoroquinolonas são comumente consideradas alternativas para pacientes com comprovada alergia grave a β-lactâmicos. As fluoroquinolonas podem ser classificadas em “gerações” com base nos seus alvos microbianos. A quinolona não fluorada, ácido nalidíxico, é considerada de primeira geração, com espectro estreito de microrganismos suscetíveis. Ciprofloxacino e norfloxacino pertencem à segunda geração, devido à sua atividade contra gram- negativos aeróbicos e bactérias atípicas. Além disso, essas fluoroquinolonas têm penetração intracelular significativa, permitindo o tratamento de infecções em que as bactérias passam parte de seu ciclo (ou todo o ciclo) no interior da célula hospedeira (p. ex., clamídia, micoplasma e micobactérias). O levofloxacino é classificado de terceira geração, devido à maior atividade contra bactérias gram-positivas. Por fim, a quarta geração inclui apenas o moxifloxacino, devido à sua atividade contra anaeróbios, bem como microrganismos gram-positivos. • Exemplos de fluoroquinolonas clinicamente úteis 1. Norfloxacino: é pouco prescrito, tem meia-vida curta (não recomendado via oral). É eficaz no tratamento de infecções não sistêmicas, como infecções do trato urinário (ITUs), prostatites e diarreia infecciosa. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 2. Ciprofloxacino: é eficaz no tratamento de várias infecções sistêmicas causadas por bacilos gram-negativos. Das fluoroquinolonas, ele é o que tem melhor atividade contra P. aeruginosa, sendo usado comumente em pacientes com fibrose cística. O ciprofloxacino é usado também como fármaco de segunda escolha no tratamento da tuberculose. 3. Levofloxacino: é o L-isômero do ofloxacino, substituindo-o amplamente na clínica. Devido a seu amplo espectro de ação, o levofloxacino é usado contra uma ampla gama de infecções, incluindo prostatites, infecções na pele, pneumonias adquiridas na comunidade (CAPs) e nosocomiais. 4. Moxifloxacino: o moxifloxacino não só tem maior atividade contra microrganismos gram-positivos, como também tem excelente atividade contra vários anaeróbios, embora tenha sido relatada resistência do Bacteroides fragilis. • Resistência Embora a resistência mediada por plasmídeos ou via degradação enzimática não seja uma grande preocupação, ela tem emergido em níveis elevados em bactérias gram-positivas e gram-negativas, primariamente devido a mutações cromossômicas. Existe resistência cruzada entre as quinolonas. 1. Alteração do local de ligação: mutações cromossômicas em genes bacterianos (p. ex., gyrA ou parC) têm sido associadas com diminuição da afinidade das fluoroquinolonas pelo local de ação. 2. Diminuição no acúmulo: a diminuição da concentração intracelular se deve aos canais porina – envolve diminuição do número de proteínas porinas na membrana externa das células resistentes, impedindo o acesso do fármaco às topoisomerases intracelulares – bombas de efluxo – mecanismo bombeia a fluoroquinolona para fora das células. • Farmacocinética 1. Absorção: estão disponíveis preparações para uso IV e oftálmico de ciprofloxacino, levofloxacino e moxifloxacino. 2. Distribuição: as fluoroquinolonas se distribuem bem em todos os tecidos e líquidos corporais, o que é uma das suas principais vantagens clínicas. As fluoroquinolonas também acumulam nos macrófagos e leucócitos polimorfonucleares, tendo atividade contra microrganismos intracelulares. 3. Eliminação: a maioria das fluoroquinolonas é excretada por via renal. Por isso, é preciso ajustar a dosagem na disfunção renal. • Reações adversas Na maioria das vezes, as fluoroquinolonas são bem toleradas. Como a maioria dos antimicrobianos, os efeitos adversos mais comum desses fármacos são náuseas, êmese e diarreia. Podem ocorrer cefaleia e tonturas ou leve atordoamento. As fluoroquinolonas podem causar fototoxicidade, e pacientes sob medicação com esses fármacos devem ser alertados para usar protetor solar e evitar expor-se excessivamente ao sol. Se ocorrer fototoxicidade, é recomendável suspender o uso; esses fármacos devem ser evitados durante a gestação e a lactação, bem como em crianças até os 18 anos de idade. Aumento do risco de tendinite ou ruptura de tendões também pode ocorrer com o uso sistêmico de fluoroquinolonas. Moxifloxacino e outras fluoroquinolonas podem prolongar o intervalo QTc e, assim, não devem ser usados em pacientes predispostos a arritmias ou naqueles que estão sob tratamento com outros medicamentos que causam prolongamento do intervalo QT. O ciprofloxacino pode aumentar os níveis séricos de teofilina, inibindo sua biotransformação. As quinolonas Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 também podem aumentar a concentração sérica de varfarina, cafeína e ciclosporina. Antifúngicos As doenças infecciosas causadas por fungos são denominadas micoses e, com frequência, são de natureza crônica. Elas podem ser superficiais e envolver apenas a pele (micoses cutâneas que se limitam até a epiderme), e outras podem penetrar a pele, causando infecções subcutâneas ou sistêmicas. Os fungos sãoeucariotos, com paredes celulares rígidas compostas largamente de quitina em vez de peptidoglicano. Além disso, as membranas celulares dos fungos contêm ergosterol, em vez de colesterol, encontrado nas membranas de mamíferos; essas características estruturais são úteis no direcionamento dos fármacos quimioterápicos contra as infecções fúngicas. OBS.: as infecções fúngicas em geral são resistentes aos antimicrobianos, assim como as bactérias são resistentes aos antifúngicos. • Mecanismo de ação A anfotericina B se liga ao ergosterol nas membranas plasmáticas das células dos fungos sensíveis. Ali ela forma poros (canais) que precisam de interações hidrofóbicas entre o segmento lipofílico do antifúngico polieno e o esterol. O poro desorganiza a função da membrana, permitindo o vazamento de eletrólitos (particularmente potássio) e pequenas moléculas, resultando na morte da célula. • Espectro antifúngico A anfotericina B é fungicida ou fungistática, dependendo do microrganismo e da sua concentração. • Resistência A resistência dos fungos, embora infrequente, está associada à diminuição do conteúdo de ergosterol na membrana fúngica. • Farmacocinética: As preparações lipossomais têm a vantagem primária de reduzir a toxicidade de infusão e renal. Entretanto, devido ao custo elevado, as preparações lipossomais são reservadas principalmente para o tratamento de resgate de pacientes que não toleram a anfotericina B convencional. OBS.: não é necessário ajuste de dosagem em pacientes com disfunção hepática, mas, quando a anfotericina B causa disfunção renal, a dose diária deve ser reduzida em 50%. • Efeitos adversos: 1. Febre e calafrios: ocorrem com maior frequência entre 1 e 3 horas após o início da administração IV, mas em geral diminuem com a repetição das administrações. OBS.: a pré-medicação com corticosteroide ou antipirético ajuda na prevenção desse problema. 2. Lesão renal: apesar dos baixos níveis de fármaco excretados na urina, os pacientes podem apresentar diminuição da velocidade de filtração glomerular e da função tubular renal. A creatinina sérica pode aumentar, a depuração de creatinina pode diminuir, e perde-se potássio e magnésio. Em geral, a função renal volta com a suspensão do fármaco, mas com doses maiores permanecem lesões residuais. Para minimizar a nefrotoxicidade, pode-se usar uma carga de sódio com a infusão salina normal e a anfotericina B em base lipídica. Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 3. Hipotensão: pode ocorrer queda da pressão arterial tipo choque acompanhada de hipopotassemia, exigindo suplementação de potássio. 4. Tromboflebites: a adição de heparina à infusão pode aliviar esse problema. • Antifúngicos antimetabólitos A flucitosina (5-FC) é um antimetabólito pirimidina sintético que, com frequência, é usado em associação com a anfotericina B. 1. Mecanismo de ação: a 5-FC entra nas células do fungo por uma permease citosina-específica, que é uma enzima que não ocorre nas células dos mamíferos; é convertida em uma série de compostos, incluindo 5-fluorouracila (5- FU) e 5-fluorodesoxiuridina 5′- monofosfato, que interrompe a síntese de ácido nucleico e de proteínas. 2. Espectro antifúngico: a 5-FC é fungistática. Associada ao itraconazol, é eficaz no tratamento da cromoblastomicose (que causa infecções cutâneas e subcutâneas) e, associada à anfotericina B, é eficaz no tratamento da candidíase e da criptococose. A 5-FC também pode ser usada contra infecções por Candida no trato urinário quando o fluconazol não é apropriado; contudo, pode ocorrer resistência com uso repetido. 3. Resistência: pode ocorrer resistência durante o tratamento por diminuição dos níveis das enzimas que convertem 5-FC em 5-FU e outros ou pelo aumento da síntese de citosina. Essa é a razão primária pela qual a 5-FC não é usada como antifúngico único. A velocidade de emergência das células fúngicas resistentes é menor com a associação de 5-FC mais um outro antifúgico do que com a 5-FC sozinha. 4. Farmacocinética: a 5-FC é bem absorvida pela via oral. Distribui-se por toda a água corporal e penetra bem no LCS. A excreção do fármaco e seus poucos metabólitos é por filtração glomerular, e a dosagem precisa ser ajustada em pacientes com função renal comprometida. 5. Efeitos adversos: a 5-FC causa neutropenia, trombocitopenia reversível e depressão dose-dependente da medula óssea. Pode ocorrer disfunção hepática reversível com elevação das transaminases e fosfatase alcalina sérica. Distúrbios gastrintestinais (GI), como náuseas, êmese e diarreia, são comuns, e pode ocorrer também enterocolite grave. • Antifúngicos azóis Os antifúngicos azóis são feitos de duas classes diferentes de fármacos: imidazóis e triazóis; mesmo com mecanismos de ação e espectros similares, sua farmacocinética e seus usos terapêuticos variam significativamente. Em geral, os imidazóis são administrados topicamente contra infecções cutâneas, ao passo que os triazóis são usados por via sistêmica para o tratamento ou a profilaxia imidazóis são discutidos na seção dos fármacos para infecções micóticas cutâneas. 1. Mecanismo de ação: os azóis são predominantemente fungistáticos. Eles inibem a C-14 α-desmetilase, bloqueando, assim, a desmetilação do lanosterol em ergosterol, o principal esterol das membranas dos fungos. A inibição da biossíntese do ergosterol desorganiza a estrutura e a função da membrana, o que inibe o crescimento da célula fúngica. 2. Resistência: incluem mutações no gene da C-14 α-desmetilase, o que diminui a ligação dos azóis. OBS.: algumas cepas de fungos desenvolveram bombas de efluxo que bombeia o azol para fora da célula. 3. Interações farmacológicas: todos os azóis inibem a isoenzima hepática CYP3A4 em graus variados. 4. Contraindicações: os azóis são considerados teratogênicos e devem ser Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 evitados em gestantes, a menos que o benefício potencial supere os riscos ao feto. • Fluconazol É o menos ativo de todos os triazóis, com a maioria do seu espectro limitado a leveduras e alguns fungos dimórficos. É altamente ativo contra C. neoformans e certas espécies de Candida. O fluconazol é usado na profilaxia contra infecções fúngicas invasivas em receptores de transplantes de medula. O fluconazol é eficaz contra a maioria das formas mucocutâneas de candidíase. Ele é usado comumente como tratamento oral de dose simples contra vulvovaginite por candidíase. O fluconazol está disponível em formulações de uso oral ou IV. É bem absorvido após administração oral e distribui-se amplamente pelos líquidos e tecidos do organismo. A maior parte do fármaco é excretada inalterada por via renal, e as doses precisam ser reduzidas em pacientes com disfunção renal. Os efeitos adversos mais comuns com o fluconazol são náuseas, êmese, cefaleia e urticária. • Itraconazol É um triazol sintético que tem amplo espectro antifúngico comparado com o fluconazol. O itraconazol está disponível em duas formas farmacêuticas de uso oral: cápsula e solução oral. A cápsula oral deve ser ingerida com alimento e idealmente com uma bebida ácida, para aumentar a absorção. Em contraste, a solução deve ser tomada com o estômago vazio, pois a alimentação diminui sua absorção. O fármaco se distribui bem na maioria dos tecidos, incluindo ossos e tecido adiposo. O itraconazol é biotransformado extensamente no fígado, e o fármaco e seus metabólitos são excretados na urina e nas fezes. Osefeitos adversos incluem náuseas, êmese, urticária (especialmente nos pacientes imunocomprometidos), hipopotassemia, hipertensão, edema e cefaleia. Pode ocorrer hepatotoxicidade, especialmente quando é administrado com outros fármacos que afetam a fígado. OBS.: o itraconazol tem efeito inotrópico negativo e deve ser evitado em pacientes com evidência de disfunção ventricular, como insuficiência cardíaca. • Posaconazol É um triazol sintético, é um antifúngico de amplo espectro estruturalmente similar ao itraconazol. Ele está disponível como suspensão e comprimido orais e como formulação IV. O posaconazol é usado comumente para tratamento e profilaxia de infecções invasivas por Candida e Aspergillus em pacientes gravemente imunocomprometidos. O posaconazol tem baixa biodisponibilidade oral e deve ser administrado com alimentos. Embora o posaconazol tenha meia-vida longa, a suspensão é administrada em doses divididas ao longo do dia devido à absorção saturável no intestino; o comprimido é administrado uma vez ao dia. Ele não é biotransformado no fígado pela CYP450, mas é eliminado por glicuronidação. Os efeitos adversos mais comuns incluem distúrgios GI (náuseas, êmese e diarreia) e cefaleia. Como outros azóis, o posaconazol pode causar elevação nas transaminases hepáticas séricas. • Voriconazol É um triazol sintético relacionado com o fluconazol, tem a vantagem de ser de amplo espectro antifúngico disponível em formas de dosagem oral e IV. Ele tem alta biodisponibilidade oral e penetra bem em todos os tecidos. A eliminação é primariamente por biotransformação pelas enzimas CYP450. Os efeitos adversos são similares aos dos outros azóis; contudo, concentrações elevadas e constantes são associadas com alucinações visuais e auditivas e aumento da incidência de hepatotoxicidade. • Equinocandinas Interferem com a síntese da parede fúngica por inibir a síntese de b-(1,3)-D-glicano, levando à Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 lise e à morte celular. Possui três fármacos que são bem tolerados, podendo apresentar, como efeitos adversos, febre, urticária, náuseas e flebite no local da injeção. Eles também causam reação tipo histamina (ruborização) quando infundidos muito rapidamente. 1. Caspofungina: é a primeira opção para pacientes com candidíase invasiva, incluindo candidemia, e a segunda opção para a aspergilose invasiva em pacientes nos quais a anfotericina B ou o azol falharam ou não foram tolerados. A administração concomitante da caspofungina com certos indutores das enzimas CYP450 pode necessitar de aumento da dose diária administrada. A caspofungina não deve ser administrada junto com ciclosporina, devido à alta incidência de aumento das transaminases hepáticas no uso concorrente. 2. Micafungina e anidulafungina: são novos membros antifúngicos da classe das equinocandinas. A micafungina também é indicada para a profilaxia de infecção invasiva por Candida em pacientes que serão submetidos ao transplante de células-tronco. Micafungina e anidulafungina não necessitam ser ajustadas na insuficiência renal nem na disfunção hepática leve ou moderada. Fármacos usados contra micoses cutâneas Os fungos tipo bolor que causam infecções cutâneas superficiais são denominados dermatófitos ou tinhas. As dermatomicoses comuns, como as infecções por tinhas que aparecem como anéis ou manchas arredondadas com centros mais claros, são referidas como ringworm. Os três fungos distintos que causam a maioria das infecções cutâneas são Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton. • Inibidores da esqualeno epoxidase Estes fármacos atuam inibindo a esqualeno epoxidase, bloqueando, assim, a biossíntese do ergosterol, um componente essencial da membrana celular dos fungos. 1. Terbinafina: é o fármaco de escolha para o tratamento da dermatófito-onicomicose (infeção fúngica das unhas). Ela é mais bem tolerada, requer menor duração de tratamento e é mais eficaz do que itraconazol ou griseofulvina. Espectro antifúngico: a terbinafina é ativa contra Trichophyton. Também pode ser eficaz contra Candida, Epidermophyton e Scopulariopsis. Farmacocinética: está disponível para administração oral e tópica, embora sua biodisponibilidade seja de apenas 40%, devido à biotransformação de primeira passagem. A terbinafina é extensamente ligada às proteínas plasmáticas e se deposita na pele, nas unhas e no tecido adiposo. A longa meia-vida terminal, de 200 a 400 horas, pode refletir a lenta liberação desses tecidos. A terbinafina oral é extensamente biotransformada por várias isoenzimas CYP450 e é excretada principalmente via urina. Efeitos adversos: os mais comuns incluem distúrbios GI, cefaleia e urticária. Foram relatados distúrbios de paladar e visão, bem como elevação temporária das transaminases hepáticas no soro. OBS.: a terbinafina é um inibidor da isoenzima CYP2D6, e o uso concomitante com substratos dessa isoenzima pode resultar em aumento do risco de efeitos adversos desses fármacos. 2. Naftifina: é ativa contra Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton. Em geral, a duração do tratamento é de 2 semanas. 3. Butenafina: a butenafina é ativa contra Trichophyton rubrum, Epidermophyton e Malassezia. Como a naftifina, a pomada de butenafina a 1% é usada topicamente para combater infecções por tinea. • Griseofulvina Causa ruptura do fuso mitótico e inibição da mitose do fungo. Ela foi amplamente substituída pela terbinafina oral para o tratamento de Moisés Santos|@eumoisesantos_ Odontologia UFPE – Farmacologia IV – 2020.2 onicomicose, embora continue em uso contra dermatofitoses do escalpo e dos cabelos. A griseofulvina é fungistática e requer longa duração do tratamento. A duração do tratamento depende da velocidade de substituição da pele e das unhas. A griseofulvina induz à atividade da CYP450 hepática, o que aumenta a velocidade de biotransformação de inúmeros fármacos, incluindo anticoagulantes. • Nistatina É um antifúngico poliênico, e sua estrutura, química, mecanismo de ação e perfil de resistência se assemelham aos da anfotericina B. Ela é usada para o tratamento de infecções cutâneas e orais por Candida. A absorção no TGI é desprezível, e não é usada por via parenteral devido à toxicidade sistêmica. Ela é administrada como um fármaco oral; intravaginal, contra candidíase vulvovaginal; e tópico, contra candidíase cutânea. • Imidazóis São derivados azóis e atualmente incluem butoconazol, clotrimazol, econazol, cetoconazol, miconazol, oxiconazol, sertaconazol, sulconazol, terconazol e tioconazol. Como classe de fármacos tópicos, eles têm ampla faixa de atividade contra Epidermophyton, Microsporum, Trichophyton, Candida e Malassezia, dependendo do fármaco. Os imidazóis tópicos têm uma variedade de usos, incluindo tinea corporis, tinea cruris, tinea pedis e candíase orofaríngea e vulvovaginal. O uso tópico está associado à dermatite de contato, à irritação vulvar e ao edema. • Ciclopirox Inibe o transporte de elementos essenciais na célula fúngica, interrompendo a síntese de DNA, RNA e proteínas. Ele é eficaz contra Trichophyton, Epidermophyton, Microsporum, Candida e Malassezia. • Tolnaftato O tolnaftato distorce as hifas e interrompe o crescimento micelial dos fungos suscetíveis. Ele é ativo contra Epidermophyton, Microsporum e Malassezia furfur. O tolnaftato é usado para tratar tinea pedis, tinea cruris e tinea corporis. Referências: EDITORIA DE WANNMACHER, Lenita; FERREIRAS, Maria Beatriz Cardoso (editora). Farmacologia clínicapara dentistas. 3.ed. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 545. p GOODMAN & GILMAN. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 12ª Ed. Rio de Janeiro; Editora Guanabara Koogan. 2012. WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
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