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EA D 4 Mercado Internacional: Câmbio e Modalidades de Pagamento 1. OBJETIVOS • Apresentar um breve histórico da evolução do dólar como moeda utilizada no comércio exterior. • Conhecer e analisar as formas de transação financeira e os aspectos cambiais das operações internacionais. 2. CONTEÚDOS • Moeda e câmbio. • Operações de câmbio. • Modalidades de pagamento no comércio internacional. 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de dar início ao estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: © Comércio Exterior132 1) Como estamos no início de mais uma unidade, é muito importante que você já se organize para o estudo des- te próximo tema. Assim, recomendamos que selecione um ambiente propício para sua concentração e que nele mantenha uma rotina diária de estudos, pois isso muito poderá lhe auxiliar no alcance de seus objetivos quanto ao curso. 2) Sua participação e sua dedicação são fundamentais não apenas para garantir a compreensão dos conceitos que iremos abordar, mas também para ampliar e aprofundar as discussões sobre os temas propostos. Uma boa forma de isso ocorrer com êxito é fazer o uso da biblioteca, len- do as bibliografias indicadas. 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Na Unidade 3, você viu quais são as responsabilidades dos exportadores e dos importadores nas transações internacionais e também a metodologia do cálculo para a formação do preço de exportação. Nesta unidade, traçaremos um breve histórico da evolução do dólar como a moeda utilizada no comércio exterior, bem como uma abordagem sobre os aspectos cambiais das operações inter- nacionais e as formas de transação financeira. 5. MOEDA E CÂMBIO A evolução do comércio internacional está ligada, direta- mente, ao crescimento da moeda como instrumento de troca en- tre as nações. Vamos entender como isso ocorre. Moeda As compras e as vendas de bens e de serviços no mercado internacional geram pagamentos e recebimentos em moedas es- trangeiras, ou seja, em divisas. Claretiano - Centro Universitário 133© U4 - Mercado Internacional: Câmbio e Modalidades de Pagamento Assim, a moeda é um bem instrumental que serve como: • Intermediária de trocas: pois facilita as trocas, reduzindo o tempo empregado na comercialização. • Unidade de valor: uma vez que expressa o valor dos bens e serviços utilizando, para isso, o valor monetário do país. • Reserva de valor: porque garante a conversão ao longo do tempo, possibilitando sua utilização posterior, e asse- gura a conversão imediata em outros ativos. Por características, a moeda tem: • Aceitabilidade: esta é a característica-base da moeda. Aqui, o recebedor tem a certeza de que a moeda será aceita por terceiros. • Conversibilidade: esta ocorre quando a moeda tem acei- tabilidade no âmbito internacional. A moeda conversível é também chamada moeda forte, e ocorre quando é livremente aceita por outros países, em qualquer mercado e sem restrições. Está diretamente ligada ao grau de con- fiança que os países têm na saúde financeira de um país. Como exemplos de moedas fortes, podemos mencionar o euro, que, conforme vimos na Unidade 2, é a moeda única dos países da União Europeia, e o dólar dos Estados Unidos da Améri- ca, cuja história é apresentada no texto a seguir. Histórico do Dólar como Moeda Conversível ––––––––––––– Inicialmente, é importante ressaltar que o dólar americano é a moeda oficial dos Estados Unidos, mas também é muito usado como moeda reserva de alguns governos nacionais e circula em outros países livremente. Toda emissão da moeda norte-americana é controlada pela Reserva Federal dos Estados Unidos. A evolução da importância do dólar no mundo pode ser mensu- rada pelos números: Em 1995, mais de 380 bilhões de dólares americanos estavam em circulação, dois terços disso fora dos EUA. Em abril de 2004, apro- ximadamente 700 bilhões estavam em circulação, com uma estima- tiva de metade de dois terços dele fora dos EUA (COBOLK, 2012). O Federal Reserve, que é o banco central dos Estados Unidos, calcula que atual- mente há 933 bilhões de dólares em circulação pelo mundo. © Comércio Exterior134 A importância do dólar no mundo inicia-se, propriamente, com a definição do sis- tema monetário internacional, o qual foi definido em julho de 1944, na Conferência realizada na cidade americana de Bretton Woods. O sistema criou o Banco Mundial para a reconstrução das economias destruídas pela guerra e antigas colônias, a fim de fornecer empréstimos de longo prazo, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para monitorar as políticas econômicas dos países-membros e ajudar na tarefa de manter os balanços de pagamentos equilibrados, ou seja, sem déficits persistentes. Entre 1870 e a I Guerra Mundial, o padrão-ouro havia sido o arranjo monetário internacional dominante. As moedas das nações mais importantes estavam atre- ladas à quantidade de ouro existente nas economias. A lógica do sistema tinha como base mecanismos de correção automático dos desequilíbrios no balanço de pagamentos e tornava obrigatória a disciplina à política monetária, de modo a assegurar as baixas taxas de inflação. Foi uma fase de intensa estabilidade e abertura com crescimento do comércio internacional. Com a I Guerra, os países romperam com o padrão-ouro, a fim de financiar o es- forço de guerra. Não obstante as tentativas de restabelecê-lo nos anos 1920, ao final da década, o sistema entrava novamente em colapso. Não funcionava mais o mecanismo que garantia o ajuste do balanço de pagamentos. A guerra findou com o compromisso existente entre os governos no período anterior. Na fase do padrão-ouro, os governos asseveravam a conversão da moeda do- méstica em ouro e existia liberdade para a exportação e importação de ouro entre os países. As proibições às exportações de ouro levaram à criação de barreiras ao comércio e deflação nas economias industrializadas. A grande insta- bilidade do período entreguerras inspirou a construção de um sistema acordado entre os países: o sistema de Bretton Woods. Foi estabelecido um sistema de taxas de câmbio fixo, porém ajustável de até 10%, em que todas as moedas conservavam uma paridade fixa ao dólar americano. A esta altura os Estados Unidos eram a maior potência mundial e o dólar ame- ricano tinha um valor invariável no que diz respeito ao ouro. Todavia, o arranjo demorou a entrar em pleno funcionamento, tendo em vista que vários países retardaram a introdução da conversibilidade da moeda. Os controles de capital eram permitidos, entretanto, as restrições cambiais e as transações correntes deveriam ser eliminadas o mais breve possível. Os Esta- dos Unidos e o Canadá determinaram a conversibilidade em 1945, e os países europeus, em 1958. Desde esta data, os mercados de moeda começam a operar com conversibilidade para fins de transações em contas correntes, e tornou-se mais difícil impor controles sobre os movimentos de dólares. Desse modo, os mercados financeiros aumentaram seu grau de integração e os movimentos de reservas internacionais se tornaram mais inconstantes. As pres- sões inflacionárias e o aumento nos fluxos de capital pressionavam para que o dólar fosse desvalorizado no início da década de 1970. Em 1971, o dólar americano deixou de ser conversível em ouro, e o fim do ar- ranjo monetário internacional estabelecido em Bretton Woods ocorreu em 1973. Em virtude dos avanços tecnológicos que possibilitam negociações rápidas e em grandes volumes, passou a existir o câmbio flutuante, englobando várias moe- das, mas, ainda assim: [...] de lá para cá o dólar manteve-se como moeda de referência in- ternacional, em razão de dois principais fatores: o uso em reservas internacionais e o volume de comércio dos EUA [...]. Claretiano - CentroUniversitário 135© U4 - Mercado Internacional: Câmbio e Modalidades de Pagamento O dólar ainda impera como reserva internacional. Em 1975 – por- tanto, após o fim da conversibilidade – estimava-se que 80% das reservas dos diversos países se encontravam em dólar. Em 2005, este valor passou para 66% e atualmente, para 64% [...]. Vale res- saltar que boa parte dessa queda se deve mais à desvalorização do dólar (16% sobre uma cesta de moedas no período) do que a uma efetiva troca nas reservas internacionais (KISTLER, 2012). O destaque é que "mesmo no comércio em que os EUA não estão diretamente envolvidos, ainda impera o uso do dólar, em grande parte porque este constitui moeda de referência para reservas in- ternacionais e pela liquidez dos títulos estadunidenses" (KISTLER, 2012). Muitos começam a acreditar que o yuan – a moeda chinesa – deverá, no futuro, compor a cesta de moedas do Fundo Monetário Internacional (FMI). Entretanto: A moeda chinesa não é livremente conversível: sua cotação é ad- ministrada pelo governo chinês, o que impede sua livre flutuação, condição primordial para que o yuan seja futuramente classificado como livremente utilizável pelo FMI e faça parte da cesta que com- põe o SDR [Direito Especial de Saque] (KISTLER, 2012). Para diversos analistas, o papel do dólar como moeda de reserva está longe de ser substituído. Vários países emergentes têm estudado a troca do dólar nas transações comerciais diante do enfraquecimento da moeda americana. Toda- via, falta confiabilidade no mercado internacional, que dê garantias às empresas. Enquanto isso, o dólar ainda é a moeda de intervenção no mercado de câmbio, e responde por 80% das transações internacionais. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Câmbio Câmbio é a operação de compra e venda de moedas estran- geiras ou de papéis que a represente. Numa operação de câmbio em uma exportação, o exportador pode utilizar qualquer uma das moedas conversíveis, como o dólar, o euro, o iene e a libra esterli- na. Porém, recebe, o pagamento, em reais. Divisas As divisas são as disponibilidades que um país possui em moedas estrangeiras, que são obtidas por meio de exportações, empréstimos de capitais, vendas de tecnologias, direitos de paten- tes etc. As reservas cambiais, como também são chamadas, repre- sentam a quantidade de moeda estrangeira acumulada pelo país. © Comércio Exterior136 Para compreender a variação dessas reservas, torna-se relevante mencionar sobre o balanço de pagamentos, o qual reflete o resul- tado monetário das transações de bens e serviços realizados com o exterior. O resultado do balanço de pagamentos demonstrará a variação de reservas cambiais quanto ao acúmulo ou à perda de moeda estrangeira em um determinado período. Assim, podemos dizer que, em maio de 2010, o Brasil con- tava com um estoque de U$ 250 bilhões em moeda estrangeira (reservas cambiais). O valor é cerca de 25% superior ao registrado no ano anterior. Praticamente, a maior parte desse dinheiro está investida em títulos do governo dos Estados Unidos, e as outras aplicações relevantes são recursos depositados em bancos no ex- terior e no Fundo Monetário Internacional (FMI). As reservas internacionais funcionam como se fossem um se- guro contra possíveis crises. No Brasil, elas são muito mais do que suficientes para pagar compromissos externos do país. Por esse mo- tivo, a economia brasileira de hoje é credora ao invés de devedora. 6. OPERAÇÕES DE CÂMBIO As operações de câmbio são resultados da coexistência en- tre o internacionalismo do comércio e o nacionalismo das moedas. Podem ser feitas por meio de instituições autorizadas ou creden- ciadas pelo Banco Central do Brasil. As autorizadas são aquelas que tratam de câmbio livre, e as credenciadas são aquelas que tra- tam de câmbio flutuante. São constituídas principalmente pelas operações de finan- ciamento ao exportador, e podem também consistir na interme- diação cambial, como uma operação acessória. Mercados de câmbio Mercado de câmbio é o ambiente físico ou virtual (as trocas de moeda são feitas por meio eletrônico, sem a presença física dos Claretiano - Centro Universitário 137© U4 - Mercado Internacional: Câmbio e Modalidades de Pagamento participantes) onde se realizam as operações de câmbio entre os agentes autorizados pelo Banco Central (bancos, corretoras e dis- tribuidoras) e entre esses e seus clientes. Dependendo do grau de interferência do governo nas tran- sações efetuadas com moedas estrangeiras, teremos o mercado de câmbio livre ou o controlado. • Mercado de câmbio livre: ocorre quando não existem restrições à entrada e à saída de divisas no país. As autori- dades somente irão interferir para impedir especulações que possam prejudicar o mercado interno. • Mercado de câmbio controlado: ocorre quando o gover- no impõe restrições ao mercado ou assume o controle to- tal dos pagamentos ao exterior. Esse controle é uma arma de política econômica, geralmente utilizada por países com problemas no Balanço de Pagamentos. No Brasil, o regime de câmbio adotado é o controlado. O controle é exercido pelo Banco Central (Bacen), que publica o Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI), instituído pela Circular nº 3.280/2005, substituindo a an- tiga Consolidação das Normas Cambiais (CNC) e visando regular a entrada e a saída de moeda estrangeira no país. Segundo Gustavo Loyola (apud FREITAS, 2012), ex-presidente do Banco Central, ao retomar a história cambial brasileira: Até o final da década dos anos 1980, conviviam no País dois mer- cados cambiais: 1) o mercado "oficial", com operações sujeitas a normas rígidas de controle por parte das autoridades; e 2) o mer- cado negro ("black"), totalmente à margem da legalidade, com a impossibilidade de identificar os titulares das operações. A partir da liberalização gradual do câmbio, iniciada com a criação do cha- mado "mercado de taxas flutuantes" por meio da Resolução nº 1.552, de 22 dez. 1988, do CMN, surgiu a oportunidade de pessoas físicas e pessoas jurídicas transacionarem, à luz do dia, com moeda estrangeira de forma lícita, com identificação, sem se submeterem ao constrangimento de operar com os "blequistas". O "mercado de taxas flutuantes" possibilitou aos brasileiros, a partir de 1991, a ti- tularidade de cartões de crédito com validade internacional. © Comércio Exterior138 Atualmente, podem ser autorizados a operar no mercado de câmbio os bancos comerciais, os bancos múltiplos, os bancos de investimento, os bancos de desenvolvimento, as caixas econômi- cas, as sociedades de crédito, de financiamento e de investimento, as sociedades corretoras de câmbio ou de títulos e valores mo- biliários, as sociedades distribuidoras de títulos e de valores mo- biliários, as agências de turismo e os meios de hospedagem de turismo. Política cambial Política cambial consiste no conjunto de regras e de meca- nismos utilizados pelo governo para controlar a entrada e a saída de moedas estrangeiras no país, visando à manutenção do equilí- brio das contas externas. Está fortemente ligada à política mone- tária, e a movimentação de divisas implica, obrigatoriamente, a movimentação da moeda nacional, interferindo, diretamente, no controle da inflação e da dívida pública. A política cambial brasileira encontra-se em evolução; vem de um total controle governamental para um sistema de taxas de câmbio livres, no qual a intervenção governamental é motivada, apenas, por distorções especulativas. Desse modo: [...] A taxa de câmbio deixou de ser defendida pelo Banco Central e passou a ser definida pelas forças de mercado. Essas forças de mercado agem dentro da racionalidade da livre ofertae demanda das moedas (FREITAS, 2012). Todavia, alguns economistas, como Roberto Giannetti da Fon- seca, presidente da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exte- rior (Funcex), entendem que há, ainda, algumas regras inadequa- das ao regime de câmbio flutuante, como "a obrigação de venda do câmbio de exportação ao Banco Central em prazo determinado" (FREITAS, 2012). Esse prazo, desde 14 de março de 2005, de apenas 20 dias, foi estendido para 210 dias. Gianetti entende que o ingresso das divisas deve continuar sendo garantido, porém sem a obrigató- ria conversibilidade em reais no prazo determinado, pois: Claretiano - Centro Universitário 139© U4 - Mercado Internacional: Câmbio e Modalidades de Pagamento O momento da conversibilidade em reais seria ditado pelo fluxo de caixa e pelo custo de oportunidade dos exportadores brasilei- ros. As divisas, até o momento da conversibilidade em reais, deve- riam permanecer em contas correntes denominadas em dólares, abertas em instituições financeiras e tituladas por pessoas jurídi- cas registradas como exportador ou importador no SISCOMEX, [...] (FREITAS, 2012). A legislação cambial brasileira proíbe a livre circulação de moedas estrangeiras de quaisquer espécies no país e também pre- vê penalidades e outras sanções às pessoas que contratam opera- ções a taxas que se situam em patamares distantes das praticadas pelo mercado. Quanto à sua natureza, as operações de câmbio podem ser: • Financeiras: são as operações resultantes da entrada e da saída de capitais, que podem acontecer sob a forma de empréstimos ou de investimentos diretos, do pagamento de assistência técnica, de direitos autorais, de royalties, de juros, de dividendos e de lucros. Royalties é o termo utilizado para designar a importância paga ao detentor ou proprietário ou um território, recurso natural, produto, marca, patente de produto, processo de produção, ou obra origi- nal, pelos direitos de exploração, uso, distribuição ou comercializa- ção do referido produto ou tecnologia (CNM, 2012). • Comerciais: são as operações relacionadas com o comér- cio exterior, como a importação e a exportação, o frete, o seguro e a comissão de agente. Quanto à movimentação das moedas, o câmbio pode ser: • Sacado: é a operação cambial que ocorre mediante mo- vimentação (débitos e créditos) de uma conta bancária em moeda estrangeira. Ela pode ser entendida como a operação que se processa por meio de saques – letras de câmbio ou letras cambiais, cartas de crédito, ordens de pagamento, cheques, valores imobiliários etc. © Comércio Exterior140 • Manual: é a operação realizada com o manuseio da moe- da estrangeira ou traveller’s checks, trocando-a por moe- da nacional ou vice-versa. Ela ocorre nas compras e ven- das para os turistas que se encaminham ao exterior, bem como àqueles que chegam ao país. Taxa de câmbio A taxa de câmbio é o preço da moeda estrangeira expresso em moeda nacional. Nesse sentido, a taxa de compra é utilizada nas exportações e a taxa de venda é utilizada nas importações. Tais denominações são dependentes da operação efetuada pelo banco: na exportação, o banco compra a moeda e o exportador vende (taxa de compra); e, na importação, o banco vende a moeda e o importador compra (taxa de venda). Quanto à classificação da operação de câmbio, temos: • Taxas livres (dólar comercial): instituída em 1990, tal taxa não é arbitrada pelo Bacen, mas este costuma interferir no mercado sob a forma de pressões de oferta e procura, vendendo e comprando moedas estrangeiras, buscando, assim, o equilíbrio. • Taxas flutuantes (dólar turismo): instituída em 1989, essa taxa é utilizada nas operações financeiras. Seu valor é de- finido pelo mercado; não é arbitrada pelo Bacen e foi ex- tinta em 2002. Contrato de câmbio O contrato de câmbio é o instrumento específico firmado entre o vendedor e o comprador de moeda estrangeira, no qual são estabelecidas as características e as condições sob as quais se realiza a operação de câmbio. Nesse sentido, consta no manual Exportação passo a passo do Ministério das Relações Exteriores: Claretiano - Centro Universitário 141© U4 - Mercado Internacional: Câmbio e Modalidades de Pagamento [...] Assim, juridicamente, o contrato de câmbio apresenta um comprador e um vendedor que têm obrigações recíprocas. Cabe ao vendedor disponibilizar a moeda estrangeira vendida e ao com- prador, pagar o contravalor em moeda nacional. O contrato possui ainda as seguintes características: é consensual, pois depende da vontade das partes; é oneroso, tendo em vista que dele resultam obrigações patrimoniais para as duas partes; e é cumulativo, pois considera que cada uma das partes recebe uma contraprestação mais ou menos equivalente [...] (BRASIL GLOBAL NET, 2012, grifos nossos). Tipos de contratos de câmbio Elencamos, na sequência, uma breve seleção dos dez tipos de contratos de câmbio existentes: a) tipo 1: destinado à contratação de câmbio de exportação de mercadorias ou de serviços; b) tipo 2: destinado à contratação de câmbio de importação de mercadorias [...]; c) tipos 3 e 4: transferências financeiras, sendo as compras tipo 3 e as vendas tipo 4, destinados à contratação de câmbio referen- te a operações de natureza financeira, importações financiadas sujeitas a registro no Banco Central do Brasil e as de câmbio manual; d) tipos 5 e 6: destinados a contratação de câmbio entre institui- ções integrantes do sistema financeiro nacional autorizadas a operar no mercado de câmbio, inclusive arbitragens e entre es- tas e banqueiros no exterior a título de arbitragem, sendo as compras tipo 5 e as vendas tipo 6; e) tipos 7 e 8: alteração de contrato de câmbio, sendo as compras são tipo 7 e as vendas tipo 8; f) tipos 9 e 10: cancelamento de contrato de câmbio, sendo as compras tipo 9 e as vendas tipo 10, usados, também, por adap- tação, para a realização das baixas da posição cambial; [...] (BRASIL, 2012). Sob o aspecto cambial, as operações de exportação podem ser efetuadas com ou sem cobertura de câmbio. E não é só isso: há, ainda, a possibilidade da operação com o contrato de câmbio simplificado. © Comércio Exterior142 Com cobertura cambial Na operação de exportação com cobertura de câmbio, ocorre o pagamento oriundo do exterior em razão da remessa da merca- doria. Aqui, as exportações devem estar vinculadas a um contrato de câmbio no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex). A contratação ou o fechamento do câmbio é um momento fundamental no processo de exportação, uma vez que nele irá se suceder a venda ao banco pelo exportador da moeda estrangeira resultante da operação (APRENDENDO A EXPORTAR, 2012a). De acordo com o manual Exportação passo a passo, a opera- ção cambial envolve os seguintes agentes: • o exportador, que vende a moeda estrangeira [ou o importador que compra]; • o banco autorizado pelo Banco Central a realizar operações de câmbio; e • a corretora de câmbio, caso seja requerida pelo vendedor [ou pelo comprador] da moeda estrangeira. A intermediação de uma corretora de câmbio é facultativa e sua participação pode implicar custos adicionais para o exportador [ou o importador] (BRASIL GLOBAL NET, 2012). No mesmo manual, consta que o contrato de câmbio deve conter estes dados: • nome do banco autorizado a contratar o câmbio; • nome do exportador [importador]; • valor da operação; • taxa de câmbio negociada; • prazo para liquidação; • nome do corretor de câmbio, se houver; • comissão do corretor de câmbio; • nome do importador [exportador]; • dados bancários do exportador [importador]; • condições de financiamento etc. (BRASIL GLOBAL NET, 2012).Claretiano - Centro Universitário 143© U4 - Mercado Internacional: Câmbio e Modalidades de Pagamento Sem cobertura cambial Nesse tipo de operação de exportação, não há remessas de divisas do exterior para o pagamento da mercadoria, como: • remessas de mercadorias para participação em feiras e exposi- ções no exterior, até o limite de U$ 5.000. É necessária a com- provação da participação no certame; • remessas de mercadorias para complementação ou correção de embarque, tais como: quebra, avaria, indenização por defei- to de fábricas etc.; • animais reprodutores; • material destinado a testes, exames ou pesquisas, com finalidade industrial ou científica etc. (APRENDENDO A EXPORTAR, 2012a). Enfim, as operações de câmbio são formalizadas por meio de um contrato de câmbio, mediante os dados informados pelo Sistema de Informações Banco Central (Sisbacen), que monitora as operações cambiais. Contrato de câmbio simplificado Na próxima unidade, trataremos do Registro de Exportação Simplificado (RES). Todavia, como aqui também se encaixa esse tema, uma vez que estamos abordamos as operações de câmbio e, consequentemente, entre elas, o contrato de câmbio simplificado, oferecemos a você uma prévia do assunto, para que já se integre da matéria que será mais bem explorada adiante. Acompanhe. O Contrato de Câmbio Simplificado e o Registro de Exportação Simplificado (RES) ou Simplex ––––– O Simplex é uma iniciativa do governo brasileiro no sentido de desburocratizar as operações de exportação de pequenos valores. Consta no site desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Co- mércio, o Brasil Global Net, que "essa modalidade de exportação é uma ferramen- ta de grande utilidade para as PME – Pequenas e Médias Empresas com vocação exportadora e que têm interesse em explorar o comércio eletrônico – e-commerce". Na sistemática dessa modalidade, de acordo com o nosso já conhecido manual Exportação Passo a Passo: © Comércio Exterior144 [...] a comprovação de ingresso no país das receitas de exportação pode se dar pela liquidação de contrato simplificado de câmbio de ex- portação, pela liquidação simultânea de contrato simplificado de trans- ferência financeira para constituição de disponibilidade no exterior, ou por operações de câmbio simplificado não simultâneas decorrentes de vendas de mercadorias e de serviços ao exterior, por pessoa física ou jurídica, observando-se o seguinte: - as operações de valor igual ou inferior a US$ 50.000,00 (cinquenta mil dólares dos Estados Unidos) ou seu equivalente em outras moe- das podem ser realizadas pelas sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades corretoras de câmbio ou de títulos e valores mobiliários e sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários autorizadas a operar no mercado de câmbio; - não há limite de valor para as operações conduzidas por bancos auto- rizados a operar no mercado de câmbio. De acordo com a Portaria SECEX nº 8/2008 que altera a Portaria SECEX nº 36 de 22 de novembro de 2007, qualquer produto pode ser exportado por intermédio do Simplex, tanto por empresas como por pessoas físicas (de acordo com o previsto nas respectivas portarias), exceto: − exportação para consumo a bordo; − exportação de material usado; − exportação em consignação; − exportação sujeita ao Registro de Venda (RV); − exportação com financiamento do PROEX; − exportação de produtos sujeitos a pagamento do Imposto de Expor- tação; − exportação sujeita ao regime aduaneiro de drawback; − exportação sujeita a procedimentos especiais, em virtude da legisla- ção ou de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil; − exportação contingenciada; − exportação sujeita a controles por órgãos governamentais. [...] Algumas características do Registro de Exportação Simplificado: − os ingressos de valores decorrentes das vendas de mercadorias e de serviços ao exterior previstas no Simplex podem também ser conduzidos mediante utilização de cartão de crédito internacional emitido no exterior ou por meio de Vale Postal Internacional (Dinhei- ro Certo – Correios); − a negociação da moeda estrangeira deve ser formalizada mediante assinatura do boleto de compra e venda pelo exportador, nos mol- des do Anexo 11 do RMCCI, com instituição integrante do Sistema Financeiro Nacional, autorizada a operar no mercado de câmbio, no país, e pode ocorrer até 360 dias antes ou até 360 dias após o embarque da mercadoria ou da prestação dos serviços. − na utilização do câmbio simplificado, o exportador deverá guardar os respectivos documentos por cinco anos, para eventual verificação pelo Banco Central; Claretiano - Centro Universitário 145© U4 - Mercado Internacional: Câmbio e Modalidades de Pagamento − aplica-se à exportação efetuada no quadro do Simplex o mesmo tra- tamento tributário referente à exportação pelo sistema convencional (BRASIL GLOBAL NET, 2012). Ressalta-se que não se pode utilizar o Simplex e o contrato de câmbio concomi- tantemente, e que o contrato de câmbio simplificado é normalizado pelo Regula- mento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 7. MODALIDADES DE PAGAMENTO Não basta somente negociar em moeda estrangeira o valor do produto ou serviço comprado ou vendido. É necessário que seja negociada a melhor maneira de pagamento. As modalidades de pagamento, também conhecidas como modalidades de transação, constituem o meio pelo qual o paga- mento ou a cobertura cambial da operação se efetiva. Pela trans- ferência da moeda estrangeira é que se dá o pagamento ou o rece- bimento do contravalor em moeda nacional. As modalidades de pagamento são as seguintes: 1) Pagamento antecipado. 2) Cobrança documentária. 3) Remessa direta de documentos. 4) Carta de crédito. Esses tipos de pagamentos são influenciados pelo grau de confiança estabelecido entre as partes envolvidas, como empre- sas, bancos e países; e pela garantia desejada para a operação. Pagamento antecipado O pagamento antecipado ocorre quando o importador efe- tua o pagamento ao exportador antes mesmo do embarque de uma mercadoria, ou antes da prestação de um serviço. Essa modalidade é utilizada, especialmente, quando o expor- tador necessita de recursos financeiros para a produção da merca- doria desejada e o importador lhe fornece esses recursos neces- © Comércio Exterior146 sários. Aqui, é necessário que o importador tenha plena confiança no exportador, pois, no caso de o contrato não ser cumprido, ele poderá encontrar dificuldades para reaver o valor desembolsado antecipadamente. O pagamento antecipado é a modalidade de maior risco para o comprador; por isso, ela é pouco utilizada. Entretanto, nas situações em que a antecipação de uma parte do pagamento pode contribuir para uma redução no preço negociado com o importador, há a pos- sibilidade de acontecer essa modalidade. Tal possibilidade também ocorre em períodos nos quais a taxa de câmbio não é favorável ao exportador, e o importador antecipa o pagamento (ou parte dele) para ajudar na compra dos insumos a serem usados na produção. Os países carentes de divisas dificultam a utilização dessa modalidade, pois tal forma de pagamento representa um desem- bolso de moeda estrangeira por antecipação. São as seguintes as etapas do pagamento antecipado: 1. Pagamento: após os contatos preliminares, o importador com- pra a mercadoria do exportador e efetua o pagamento por meio de um banco. 2. Embarque: o exportador providencia o despacho e o embarque da mercadoria para o importador. 3. Documentos: o exportador remete a documentação para o im- portador. 4. Desembarque: o importador, de posse dos documentos, solici- ta o desembaraço da mercadoria(APRENDENDO A EXPORTAR, 2012d). Cobrança documentária A cobrança documentária é uma modalidade de transação na qual o exportador, após o embarque da mercadoria, entrega a um banco (o remetente) os documentos representativos da expor- tação e a letra de câmbio – que também é conhecida por "cambial" ou "saque" –, a fim de que estes sejam encaminhados, por meio de uma carta de cobrança, a um banco no país do importador (o Claretiano - Centro Universitário 147© U4 - Mercado Internacional: Câmbio e Modalidades de Pagamento cobrador), que se incumbirá de obter do importador o pagamento. Vale ressaltar que o banco cobrador entregará os documentos ao importador mediante o pagamento ou o aceite do saque; então, o importador poderá desembaraçar a mercadoria importada. Os documentos a serem encaminhados juntamente com a carta de cobrança são: 1) Fatura comercial; 2) Conhecimento de embarque; 3) Certificado de origem (se for necessário); 4) Packing list (romaneio); 5) Apólice de seguro internacional; 6) Outros certificados (quando exigidos pelo importador). Nas cobranças à vista, o risco para o exportador é limitado, pois a documentação necessária ao desembaraço da mercadoria somente será liberada contra o pagamento. Já nas cobranças a prazo, ocorre um risco maior, pois a docu- mentação será liberada mediante aceite cambial, cujo pagamento deverá ser efetuado no vencimento. Se o pagamento não for efe- tuado, o importador estará sujeito a sanções legais. Veja as etapas dessa modalidade: 1. Embarque: após os contatos preliminares, o exportador efetua a venda da mercadoria e providencia o despacho e o embarque. 2. Documentos: assim que a mercadoria é embarcada, o expor- tador dirige-se a um banco em seu país, com os documentos da exportação e um saque contra o importador, e contrata os serviços desse banco. 3. Documento em cobrança: o banco do exportador envia os do- cumentos e o saque a um seu correspondente no país do im- portador (banco cobrador). 4. Documentos: o banco cobrador entrega os documentos ao impor- tador, que paga à vista ou aceita o saque para pagamento futuro. 5. Ordem de pagamento: assim que o importador efetua o paga- mento ou aceita a cambial, o banco cobrador expede a ordem de pagamento (no caso do pagamento à vista) ao banco do ex- portador. © Comércio Exterior148 6. Pagamento: o banco do exportador efetua o pagamento a ele. 7. Desembarque: finalmente, de posse dos documentos, o impor- tador solicita o desembarque da mercadoria (APRENDENDO A EXPORTAR, 2012c). Para os casos de cobrança a prazo, ainda acrescentamos a etapa "pagamento da cambial a prazo", na qual o importador efe- tua o pagamento dessa cambial na data combinada. Remessa direta de documentos ou remessa sem saque Essa modalidade ocorre quando o exportador embarca a mercadoria e remete toda a documentação necessária ao de- sembaraço das mercadorias diretamente ao importador. Com es- ses documentos, ele providenciará o desembaraço aduaneiro das mercadorias e posteriormente efetuará o pagamento por meio de um banco cobrador, que apresentará a letra de câmbio para o de- vido recebimento. Tal modalidade de pagamento exige total confiança do ven- dedor no comprador, pois não há um título representativo de cré- dito (cambial, letra de câmbio ou saque). A remessa direta de documentos é comumente utilizada na condução de operações entre empresas coligadas. Ela tem a vantagem de se constituir na maneira mais rápida de os documentos chegarem ao importador, uma vez que o trânsi- to bancário é eliminado, evitando, inclusive, o pagamento de des- pesas com armazenagem no local de desembarque. São as seguintes as etapas dessa modalidade: 1. Embarque: após os contatos preliminares, o importador com- pra a mercadoria do exportador; este providencia o despacho e embarque. 2. Documentos: o exportador remete a documentação direta- mente para o importador. 3. Desembarque: de posse dos documentos, o importador solicita o desembaraço da mercadoria. Claretiano - Centro Universitário 149© U4 - Mercado Internacional: Câmbio e Modalidades de Pagamento 4. Pagamento: o importador, por meio de um banco localizado no seu país, providencia o pagamento. 5. Ordem de pagamento: o banco do importador remete uma or- dem de pagamento ao banco do exportador. 6. Pagamento: finalmente, o banco do exportador efetua paga- mento (APRENDENDO A EXPORTAR, 2012e). Carta de crédito Como as cobranças não oferecem uma garantia total do pa- gamento das exportações, a fim de suprir essa limitação, foi criada a carta de crédito. Também conhecida como crédito documentário, a carta de crédito é uma modalidade bastante usual, porque oferece maior garantia tanto ao exportador quanto ao importador. Ela nada mais é do que uma promessa de pagamento condicional cuja efetivação está sujeita ao cumprimento de uma série de exigências feitas pelo tomador (o importador), que deverão ser cumpridas pelo benefi- ciário (o exportador), como: 1) Prazo de embarque. 2) Quantidade, valor e características da mercadoria. 3) Local de embarque e de desembarque. 4) Apresentação dos documentos representativos da ex- portação de acordo com o especificado. É a modalidade de transação que oferece maior respaldo ao exportador, pois a operação envolvida é garantida por um ou mais bancos que se responsabilizam pelo pagamento. Conforme orienta o Sebrae, em seu trabalho Formas de pa- gamento utilizadas no comércio exterior: É importante notar que as instituições financeiras trabalham com documentos e não com mercadorias. Por exemplo, o banco con- fere os dados do Conhecimento de Embarque para verificar se as mercadorias estão de acordo com a descrição contida no crédito documentário. Se o conhecimento de Embarque for fraudado, não haverá responsabilidade do banco (SEBRAE, 2012). © Comércio Exterior150 Além disso, esse documento cita que a carta de crédito tam- bém deve trazer qual é a forma de pagamento negociada, ou seja, como é que o pagamento será efetuado. Estas são as opções exis- tentes para o pagamento: • à vista: se a documentação estiver em ordem, o exportador re- cebe o pagamento de imediato; • por aceite de letra de câmbio: o banco sacado dará o aceite e devolverá a letra de câmbio ao exportador, que poderá nego- ciar o seu desconto na rede bancária; • por diferimento: pagamento efetuado na data designada na carta de crédito; • por negociação: negociação da carta de crédito com um banco) (SEBRAE, 2012). Em casos de pagamento por negociação, a carta de crédito pode ser restrita ou irrestrita. Ela será restritiva quando o importador, por meio do seu banco emissor do crédito documentário, designar, na carta de cré- dito, o banco avisador, e ela será irrestrita quando o banco avisa- dor for de livre escolha do exportador. Essa segunda alternativa é a mais conveniente para o exportador, porque ela aumenta a sua capacidade de negociação com os bancos. Em geral, a carta de crédito é irrevogável, isto é, o impor- tador, que é o emissor da carta de crédito, só pode cancelá-la ou modificá-la com a aprovação do exportador. Ela pode, também, ser transferível, ou seja, o exportador pode transferir o valor ou uma parte do crédito para outros beneficiários. Essa modalidade é muito utilizada nas exportações de com- modities. Assim, o crédito documentário é uma alternativa para o ex- portador que não quer assumir os riscos comerciais de uma opera- ção, pois a responsabilidade de pagamento é conferida ao banco, mediante o cumprimento dos termos e das condições do crédito, podendo, também, ter eliminados ou reduzidos os riscos políticos quando se utiliza de uma carta de crédito confirmada. Claretiano - Centro Universitário 151© U4- Mercado Internacional: Câmbio e Modalidades de Pagamento Entretanto, é muito importante que o exportador verifique atentamente todas as exigências que constam nesse documento, pois qualquer discrepância no atendimento das exigências impos- tas pelo importador poderá comprometer a exportação. Nos casos em que ocorrerem discrepâncias, o exportador deverá contatar o importador antes do embarque da mercadoria para pedir emendas na carta de crédito e evitar maiores transtor- nos e possíveis atrasos na liquidação desta. As cartas de crédito são regulamentadas desde o dia 1º de janeiro de 1994, pela Publicação 500 da Câmara de Comércio In- ternacional (CCI), que estabelece as "Regras e Usos Uniformes so- bre Créditos Documentários". Veja, a seguir, as etapas dessa modalidade: 1. Abre o crédito: após os contatos preliminares, o importador so- licita a um banco de seu país a abertura de um crédito em favor do exportador. 2. Emite carta de crédito: o banco importador emite carta de cré- dito e comunica ao banco do país do exportador a existência desse crédito. 3. Comunica o crédito: o banco do exportador comunica a ele a chegada da carta de crédito e suas condições. 4. Embarque: o exportador providencia o embarque da mercadoria. 5. Documentos e pagamentos: o exportador entrega os docu- mentos exigidos pelo crédito ao banco [banco avisador] de seu país e este recebe os documentos, examina-os e, se estiverem em ordem, efetua o pagamento ao exportador. 6. Documentos: o banco do exportador remete os documentos ao banco do importador. 7. Documentos e reembolso: o banco do importador entrega os documentos a ele e cobra deste o reembolso do pagamento efetuado. 8. Desembarque: o importador, de posse dos documentos, paga os direitos aduaneiros e retira a mercadoria (APRENDENDO A EXPORTAR, 2012b). No Quadro 1, veja algumas das vantagens e desvantagens das quatro modalidades de pagamento apresentadas. © Comércio Exterior152 Quadro 1 Vantagens e desvantagens das quatro modalidades de pagamento. MODALIDADE AGENTES VANTAGENS DESVANTAGENS PAGAMENTO ANTECIPADO Exportador − Isenção dos custos de cobrança, do risco de insolvência do importador; − Recursos a custo mais baixo; − Isenção de despesas com garantia para captação de ACC. − Assume o risco de variação cambial; − Variação do custo de matérias-primas importadas; − Risco de gravames tributários. Importador − Transferência do risco de variação do preço do bem ao exportador; − Garantia de um fornecedor cativo. − Desencaixe de capital de giro antecipadamente ao embarque do bem; − Assume os riscos políticos/comerciais; − Atrasos por contingenciamento da exportação do produto. REMESSA SEM SAQUE Exportador − Isenção/redução de despesas bancárias; − Maior agilidade na tramitação de documentos. − Assume o risco de inadimplência do importador. Importador − Isenção de despesas bancárias; − Recebimento de mercadoria sem aceite/ pagamento da cambial; − Maior agilidade na tramitação de documentos. − Risco de extravio de documentação. COBRANÇA DOCUMENTÁRIA Exportador − Garantia de que a mercadoria só será entregue ao importador, após este aceitar ou pagar o saque. − Assume o custo bancário da operação; − Assume o risco de inadimplência do importador. Importador − Intermediação da operação/tramitação de documentos via banco, reduzindo-se o risco de extravio. − Liberação da mercadoria somente após o pagamento/ aceite do saque. Claretiano - Centro Universitário 153© U4 - Mercado Internacional: Câmbio e Modalidades de Pagamento MODALIDADE AGENTES VANTAGENS DESVANTAGENS CARTA DE CRÉDITO Exportador − Garantia do recebimento do valor da exportação, ao cumprir os termos e condições da carta de crédito. Importador − Pagamento da operação somente quando cumpridos os termos e condições da carta de crédito. Fonte: APRENDENDO A EXPORTAR (2012f). 8. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS Confira, a seguir, as questões propostas para verificar seu de- sempenho no estudo desta unidade: 1) Qual é a importância do dólar como moeda conversível e adotada nas rela- ções comerciais internacionais? 2) Na política interna do Brasil, é importante o controle governamental do mer- cado de câmbio? 3) Qual é a importância do Simplex para as empresas que exportam pequenos valores? 9. CONSIDERAÇÕES Terminamos mais uma unidade deste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você pôde aprender a respeito da moeda e das operações cambiais, bem como da forma em que ocorrem as tran- sações financeiras. Agora, recapitule o que foi estudado para consolidar seus conhecimentos, preparando-se, dessa maneira, para as próximas unidades. Até mais! © Comércio Exterior154 10. E-REFERÊNCIAS APRENDENDO A EXPORTAR. Faturamento da exportação. Disponível em: <http://www. aprendendoaexportar.gov.br/sitio/paginas/comExportar/fatExportacao.html>. Acesso em: 23 jul. 2012a. ______. Modalidades de pagamento. Carta de crédito. Disponível em: <http://www. aprendendoaexportar.gov.br/informacoes/modalidadesdepagamento_cc.htm>. Acesso em: 23 jul. 2012b. ______. ______. Cobrança documentária. Disponível em: <http://www. aprendendoaexportar.gov.br/informacoes/modalidadesdepagamento_cd.htm>. Acesso em: 23 jul. 2012c. ______. ______. Pagamento antecipado. Disponível em: <http://www. aprendendoaexportar.gov.br/informacoes/modalidadesdepagamento_pa.htm>. Acesso em: 23 jul. 2012d. ______. ______. Remessa sem saque. Disponível em: <http://www.aprendendoaexportar. gov.br/informacoes/modalidadesdepagamento_rs.htm>. Acesso em: 23 jul. 2012e. ______. ______. Vantagens e desvantagens. Disponível em: <http://www. aprendendoaexportar.gov.br/informacoes/modalidadesdepgto_quadro.htm>. Acesso em: 23 jul. 2012f. BRASIL. Circular nº 003319, de 03 de abril de 2006. Ajusta o Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI) ao disposto na Resolução 3.356, de 2006. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 5 abr. 2006. Disponível em: <https://www3.bcb.gov.br/normativo/detalharNormativo.do?method=detalharNormat ivo&N=106096230>. Acesso em: 24 jul. 2012. BRASIL GLOBAL NET. Manuais. Exportação passo a passo. Disponível em: <http://www. brasilglobalnet.gov.br/ARQUIVOS/Publicacoes/Manuais/PUBExportPassoPasso2009. pdf>. Acesso em: 19 jul. 2012. CMN. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS. Royalties. 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São Paulo: Atlas, 2006. VAZQUEZ, J. L. Comércio exterior brasileiro. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007. Claretiano - Centro Universitário
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