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Prof. José Araújo (DIP) - Resumo Prova 2
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e é reconhecido no Brasil desde o Império, se existir reciprocidade. Esse tipo de casamento, baseado em leis estrangeiras, é permitido devido à ficção da extraterritorialidade, que é a validade da lei estrangeira dentro dos consulados e embaixadas. A Introdução ao Código Civil, de 1917 não abordava expressamente o casamento consular, que era aceito pelo artigo 204 do Código Civil desse mesmo ano. Já em 2002, o Código Civil passa a se preocupar com a obrigatoriedade do registro posterior para os casamentos de brasileiros. No entanto, apesar de estipular um prazo de 180 dias para retorno de um dos cônjuges para o efetuar tal registro, a falta de sanções para a ausência do ato faz com que a ausência de registro não invalide o ato. A lei do local de celebração, primeiramente unilateral torna-se bilateral pelo costume e cortesia internacional, impondo o reconhecimento do ato celebrado no exterior, caso sua validade não tenha sido contestada no país de celebração. A LICC passa a admitir o casamento consular quando só um dos nubentes domiciliado no país da autoridade consular, ainda que estrangeiro. No entanto, isso FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 13 impossibilitou a manutenção da unidade do princípio domiciliar, e em 1957 a Lei de número 3.238 retomou o princípio de nacionalidade, substituindo-a pela que exige serem ambos os nubentes na nacionalidade do país da autoridade celebrante. O segundo parágrafo do artigo 7º da LICC diz o seguinte: “O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes.” Caso um dos nubentes seja estrangeiro, mas não brasileiro, o casamento no Brasil perante o consulado não será válido. No que diz respeito ao registro do casamento consular no Brasil, esse não é determinado pela Lei de Registros Públicos, mas caso este tenha seguido a lei do país do consulado, é permitido somente a estrangeiros. Para que esse casamento tenha efeitos no Brasil, por ser um documento de autoridade estrangeira, deverá ser sujeito à regra para validade dos documentos estrangeiros em geral, o registro em Títulos e Documentos. E caso um dos cônjuges se naturalize brasileiro, há necessidade de registro do casamento realizado em consulado estrangeiro no Registro de Pessoas Naturais. 15.1.4. – Casamentos celebrados no exterior Regra geral: lex loci celebrationis. No caso de casamentos de nacionais no exterior: Necessidade de registro: reminiscência do critério da nacionalidade. O registro deve ser feito no consulado brasileiro responsável. Acesso aos direitos garantidos para o contrato conjugal. No caso de casamentos de estrangeiros no exterior (validade no Brasil): Registro de sua certidão de casamento em um cartório (Art. 129, parágrafo 6º da LRP). Nota: a não existência desse registro não invalida o casamento. Casamento é relativo ao estado da pessoa. História: casos de guerra; perda de documentos. A questão do divórcio antes da Lei do Divórcio: Caso ocorrido no RJ, em 1977. Duas modalidades de extinção da sociedade conjugal: 1. Divórcio. 2. Separação Judicial. 15.1.5 – Casamento celebrado no exterior, perante a autoridade consular brasileira LICC (Artigo 18): Prevê a legalidade de casamento entre brasileiros realizado diante das autoridades consulares brasileiras. 15.1.6 – Os efeitos pessoais do casamento e as regras de DIPr. FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 14 Os efeitos do casamento que interessam ao DIPr: Constituição do domicilio conjugal; Possibilidade de modificação do nome; Qualidade de herdeiro do cônjuge; Não expulsão do estrangeiro casado com brasileira; Estabelecimento de regime de bens aplicável ao casal; Proteção especial do patrimônio familiar; Restrição à aquisição de bens caso um dos cônjuges seja estrangeiro; Necessidade de Outorga Uxória pra modificações do patrimônio comum. Domicilio Conjugal: Lei Anterior; Estatuto da Mulher Casada – 1962; Constituição de 1988; Código Civil de 2002; A importância do domicilio conjugal para DIPr. Domicilio Pessoal; Declaração do domicilio conjugal na hora do casamento como prova da vontade das partes. Alguns conceitos importantes: Outorga uxória: O estado de casado impõe aos indivíduos algumas restrições. À exemplo, temos a questão da disposição do patrimônio. Com o Código Civil de 2002, a outorga uxória torna-se dispensável a respeito do casamento; ou seja, o artigo 1.647, onde nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, comprometer ou onerar o patrimônio comum do casal, é dispensado e surge, assim, o regime de separação absoluta de bens. É importante ressaltar, contudo, que o efeito pessoal do casamento (o regime que ele adota) não se impõe à função do estado civil de casado – por exemplo, na questão de imóveis. Nesse ponto, a lex rei sitae (outorga uxória) prevalece, independente do regime domiciliar, portanto, toda e qualquer ação que versar sobre imóvel situado no Brasil terá que ser proposta perante um juiz brasileiro, independentemente o domicílio do réu. Esse exemplo ressalta a importância da outorga uxória. Tratando-se de um ato praticado no Brasil, a lei estipula a necessidade de se cumprirem as formalidades da lex fori (lei do foro) para a sua realização, ainda que aplicável uma lei estrangeira – o que mostra, ainda, que os tribunais brasileiros privilegiam mais o elemento territorial. Por exemplo, no Uruguai, a doação entre cônjuges é vedada, enquanto que no Brasil, é um ato obrigacional. Direito ao nome de família: FACAMP – Faculdades de Campinas 3ºB 2012 15 A regra da adoção, pela mulher, do nome de família do marido é a matéria que mais sofreu mudanças expressivas. Podemos destacar três principais: 1. Antes, a adoção era compulsória, e agora, é facultativa. 2. Com o Novo Código Civil (art. 1.565) aplica-se o critério de igualdade entre os cônjuges para estender essa faculdade ao cônjuge varão (homem). Ou seja, o homem pode adotar o nome de família da mulher. 3. E ainda com o Novo Código, surge a escolha de se manter o sobrenome de casado em caso de separação judicial. Embora haja uma tendência natural dos países a aplicarem a lex fori para tratar de questões relacionadas à esse tema, podem surgir conflitos de leis entre a lei do local de celebração e a lei aplicável ao direito da família, justamente porque esse tema possui uma regulamentação variada em outros países. O direito ao nome, por exemplo, para o DIPr, é regido pela lei pessoal, enquanto que no Brasil, é regido pela lei domiciliar. Não expulsão de estrangeiro: O Estatuto dos Estrangeiros, que regula a situação no território nacional, garante o direito à permanência aqui do estrangeiro casado com brasileiro (art. 75) sempre que comprovado o efetivo vínculo matrimonial no casamento de mais de cinco anos. Ao fim desse vínculo, chega ao fim, também, a garantia, podendo o estrangeiro ser expulso. 15.1.7 – Efeitos patrimoniais do casamento A lei aplicável ao regime de bens do casamento: O regime matrimonial de bens é a regulamentação das relações derivadas do casamento, pois os parceiros muitas vezes já possuem bens e durante a vida conjugal poderão adquirir outros, por aquisição própria, doação ou sucessão. Faz-se necessário determinar: como os bens serão administrados, se são patrimônio comum ou particular, se podem ser alienados, e seu destino em caso de fim do casamento (divórcio ou falecimento de um dos cônjuges). No Brasil, o regime de bens vem da lei ou do pacto antenupcial. O regime